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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 5ª

VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE OSASCO/SP

Autos nº. 1001230-24.2022.5.02.0385

ENIO COMERCIO E MANUTENCAO DE MAQUINAS


INJETORAS LTDA., já qualificada nos autos da Reclamação
Trabalhista em epígrafe, por sua advogada que esta subscreve,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar
sua

CONTESTAÇÃO,

Com fundamento no artigo 847 da Consolidação das Leis do


Trabalho, combinado com os artigos 335 e seguintes do Novo
Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos.

DAS INTIMAÇÕES

Requer sejam as intimações pertinentes ao presente feito


publicadas exclusivamente em nome do procurador VALERIA
LOUREIRO KOBAYASHI, inscrito na OAB/SP sob o n. 251.387, sob
pena de configurar-se nulidade processual, nos exatos termos do
art. 272, § 5º do CPC e entendimento cristalizado na Súmula 427 do
c. TST.
PRELIMINARMENTE

DO SIGILO DA DEFESA

A Reclamada requer o sigilo da defesa e documentos colacionados


à peça de resistência até abertura da audiência, nos termos do
quanto disposto nas Resoluções CSJT (136, de 25.04.2014 e 154,
28.08.2015).

Não se pode olvidar que a preservação do sigilo até a efetiva


prestação jurisdicional, ou seja, a realização da audiência
designada, é fundamental para garantir o contraditório e ampla
defesa da reclamada.

Sendo assim, requer seja mantido o sigilo da contestação e


documentos em qualquer hipótese, inclusive de redesignação da
audiência, incluindo, ainda, mas sem limitar-se, a ausência de
testemunhas, aditamento ou emenda à inicial, indisponibilidade de
sistema, força maior e caso fortuito.

Por fim, pleiteia ainda a Reclamada o direito de não ter sua peça
revelada em caso de acordo e arquivamento dos autos, seja pelo
não
comparecimento do reclamante à audiência, seja pela desistência
ou renúncia da ação.

DA DEDUÇÃO E/OU COMPENSAÇÃO

Em vista ao princípio da eventualidade, requer, a Reclamada, sejam


compensadas e/ou deduzidas, no momento de eventual e incrível
condenação, as verbas pagas ao reclamante sobre os mesmos
títulos pleiteados na exordial, nos termos do art. 767, da CLT c/c
Súmulas 18 e 48, do C. TST.

Qualquer valor porventura deferido a reclamante deverá ser


apurado em regular fase de liquidação e execução de sentença,
sendo certo que OS VALORES, FRAÇÕES E PERCENTUAIS
APONTADOS NA INICIAL SERÃO O LIMITE MÁXIMO DE TODA E
QUALQUER APURAÇÃO, como decorrência do disposto nos
artigos 2º, 141, 322 e 492, do NCPC, ressalvada tão somente a
incidência de juros de mora e correção monetária.
DA IMPUGNAÇÃO DOS VALORES

Impugnam-se todos os números e cifras lançados na inicial, porque


não foram observados os descontos legais, a compensação dos
valores pagos sob os mesmos títulos.

Assim, eventual e improvável verba deferida, deverá ser objeto de


regular liquidação de sentença.

DA JUNTADA E IMPUGNAÇÃO DE DOCUMENTOS

A reclamada acostou aos autos todos os documentos necessários


para o esclarecimento dos pedidos apresentados na demanda ora
contestada, deixando de juntar aqueles que entendeu
desnecessários para o deslinde do feito.

Nos termos do artigo 830 da CLT, a reclamada declara que, os


documentos juntados aos autos são autênticos.

Apenas por extrema cautela, impugna a ora contestante toda a


documentação carreada ao processo pela reclamante que não
contenham autenticidade que os vincule a Reclamada e tampouco
apresentam identificação de autoria.

Assim, os documentos carreados aos autos pelo reclamante e todos


os fatos articulados restam expressamente impugnados, de modo a
torná-los controvertidos e, por conseguinte, ônus de prova da parte
Reclamante, a teor do disposto no artigo 818 da Consolidação das
Leis do Trabalho c/c o disposto no artigo 373, inciso I, do Novo
Código de Processo Civil.

Desta forma, não há falar na incidência dos artigos 396 e 400, do


diploma processual civil.

DA LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS

Em eventual condenação da reclamada, o que se admite somente


por amor ao argumento, devem ser observados os limites da
pretensão, sob pena de afronta aos artigos 141 e 492 do Código de
Processo Civil.

APLICAÇÃO DA SÚMULA 330 DO C. TST

Requer, desde já, a Reclamada, a aplicação do teor da Súmula 330


do C. TST, para que seja declarada a quitação plena das verbas
especificadas no TRCT, por constituir ato jurídico perfeito e
acabado, até porque a eficácia liberatória do termo de rescisão
contratual circunscreve-se às parcelas e aos valores
expressamente consignados no recibo.

Diante do exposto, requer que seja declarado, por este MM. Juízo,
a quitação plena das parcelas ali consignadas, sob pena de
contrariar entendimento consagrado na sobredita súmula da mais
alta Corte Trabalhista.

INTERRUPÇÃO E DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE


TRABALHO

Requer a Reclamada, nesta oportunidade, sejam excluídos de


eventual condenação os períodos de suspensão e/ou interrupção
contratuais porventura ocorridos durante o pacto laboral em
comento, conforme depreende-se da ficha de registro em anexo no
que concerne a “gozo de férias”, “gozo de benefício previdenciário”
e dos cartões de ponto em anexo referindo-se aos dias abonados
mediante a apresentação de “atestados médicos”, “faltas
injustificadas”, ausência para “compensação de horas”,
cumprimento de “suspensão” e “folgas”.

Logo, não há que se falar em apontamento genérico, posto que


especificado.

ÔNUS DA PROVA

O ônus da prova nas reclamações trabalhistas e em ações de


responsabilidade civil segue a regra geral, cabendo ao reclamante,
e somente a este, o ônus de comprovar os fatos constitutivos de
seu direito, segundo dispõe o inciso I, do artigo 373, do CPC e o
artigo 818, inciso I, da CLT.

DA OPOSIÇÃO DE SIGILO NA PETIÇÃO DE DEFESA E


DOCUMENTOS
Preliminarmente, a Reclamada apresenta fundamentação para a
oposição de “sigilo” no protocolo da defesa e documentos que a
instruem.
Na Justiça do Trabalho, o momento oportuno para a apresentação
da defesa é durante a audiência inaugural, após a tentativa de
conciliação, conforme artigo 847 da CLT:
“Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte
minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação,
quando esta não for dispensada por ambas as partes.”
Assim, a defesa deve ser apresentada pela Reclamada durante a
audiência. Ocorre que, com a evolução do processo para o sistema
eletrônico, a parte Ré tem a obrigação de inserir a defesa e
documentos no sistema PJE antes do ato processual designado
como audiência, nos termos do artigo 29 da Resolução 136 do
CSJT:

“Resolução 136/2014, CSJT Art. 29. Os advogados


credenciados deverão encaminhar eletronicamente
contestação, reconvenção ou exceção, e respectivos
documentos, antes da realização da audiência designada
para recebimento da defesa.”

Assim, com o objetivo de cumprir o que determina o artigo 847 da


CLT, e o artigo 29 da Resolução 136 do CSJT, esta Reclamada
apresenta sua contestação e documentos com a opção de “sigilo”,
que deverá ser retirado durante a audiência inaugural,
possibilitando o acesso aos termos da petição ora apresentada. A
oposição de “sigilo” no presente caso fundamenta-se no artigo 37
da Resolução 136/2014, que foi alterado por meio da Resolução
154/2015, ambas do CSJT:
“Resolução 136/2014, CSJT Art. 37. Na propositura da
ação, o Autor poderá requerer segredo de justiça para os
autos processuais ou sigilo para um ou mais documentos ou
arquivos do processo, através de indicação em campo
próprio.
§ 1º Em toda e qualquer petição poderá ser requerido
sigilo para esta ou para documento ou arquivo a ela
vinculado.
§ 2º Requerido o segredo de justiça ou sigilo de
documento ou arquivo, este permanecerá sigiloso até que o
magistrado da causa decida em sentido contrário, de ofício ou
a requerimento da parte contrária.
§ 3º Nos casos em que o rito processual autorize a
apresentação de resposta em audiência, faculta-se a sua
juntada antecipada aos autos eletrônicos, juntamente com os
documentos, hipótese em que permanecerão ocultos para a
parte contrária, a critério do advogado peticionante, até a
audiência. (NR dada Resolução CSJT n.º 154, de 28 de
agosto de 2015).”

Ante o exposto, resta demonstrada a licitude na apresentação de


defesa e documentos protegidos com “sigilo” no sistema PJE, sigilo
que deverá ser retirado pelo Excelentíssimo Magistrado durante a
audiência inaugural, depois de frustrada a tentativa de conciliação.

DA INEXISTÊNCIA DA JUSTIÇA GRATUITA PARA


RECLAMANTE

O Reclamante não pode beneficiar-se da justiça gratuita, eis


que não comprovou que os gastos oriundos do litígio podem
ameaçar o seu sustento ou de sua família.
Afora isso, o Reclamante deixou de reunir outras
circunstâncias que, embora compatíveis com o pedido de justiça
gratuita, não se fizeram presentes no caso em tela, a saber:

§ A Reclamante não se encontra assistida por


Sindicato da Categoria;
§ A Reclamante não demonstrou oportuna e
adequadamente encontrar-se em situação econômica
que não lhe permita demandar.

Assim, não estando preenchidos os requisitos da Lei 1.060/50,


alterados pela Lei 7.115/83, não há como conceder ao Reclamante
aassistência judiciária gratuita, fato que se impugna neste ato.
Improcede o pedido de JUSTIÇA GRATUITA.

SÍNTESE DA INICIAL

Alega o Reclamante que foi contratado pela Reclamada sem


registro em 01/12/2020, para exercer a função de eletricista, informa
que recebeu como último salário o valor de R$ 1.300,00 (hum mil e
trezentos reais).

Informa que não recebia vale transporte.

Informa que foi dispensado em 31/08/2022, sem receber seus


haveres rescisórios.

Informa que desempenhava atividades periculosas.

Requer o reconhecimento do vínculo empregatício.

Requer a condenação da reclamada ao pagamento das verbas


rescisórias, vale transporte, FGTS, multa de 40%, seguro
desemprego, adicional de periculosidade e seus reflexos, multas
dos artigos 467 e 477 da CLT.

Estes são os argumentos do Reclamante que caracterizam o objeto


e a causa de pedir da ação proposta.

Com a Contestação ora deduzida fixar-se-á o ponto litigioso da


demanda, vedando-se, assim, a alteração do pedido inicial.
No entanto, conforme restará amplamente demonstrado a seguir,
todos os títulos pretendidos são indevidos, pois a versão do
Reclamante não condiz com a realidade dos fatos.

DO MÉRITO

DA REALIDADE DOS FATOS

Em uma verdadeira “aventura jurídica”, o reclamante, através de


uma versão fictícia, fruto de sua imaginação fértil, distorce
completamente a realidade dos fatos, tentando induzir esse R.
Juízo a erro e, com isso, obter para si vantagem indevida.

Ocorre que, ao contrário do que consta na inicial, a reclamada trata-


se de pessoa física idônea, razão pela qual a presente ação deverá
ser julgada totalmente improcedente.

O Reclamante prestou serviços para a Reclamada de 01/12/2020,


para exercer a função de ajudante geral, função esta que exerceu
até a ruptura contratual.
Em 02/08/2022 solicitou voluntáriamente sua dispensa, através de
pedido de demissão verbal feito diretamente ao proprietário da
empresa, cumprindo aviso prévio na forma trabalhada até
31/08/2021.
As verbas rescisórias no valor de R$ 4188,88 (quatro mil cento e
oitenta e oito reais e oitenta e oito centavs), foram devidamente
adimplidas em 15/09/2021, em espécie.
Importante se informar que os pagamento dos salários mensais a
reclamada, sempre pagou em espécie diretamente ao reclamante.
O Reclamante tinha carga semanal de 44 horas e 220 horas
mensais, sempre com no mínimo uma hora de intervalo para
refeição e descanso.
Essas são as reais informações atinentes ao contrato de trabalho
do Reclamante, devidamente comprovadas pelos documentos
anexos, restando impugnadas todas as demais.
DO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Não corresponde a verdade alegação da reclamante que da


demissão não recebeu as verbas rescisórias, tendo em vista, que
assinou o Termo de quitação, e a pedido do reclamante fora
requerido que os valores fossem pagos em espécie.

Imperioso salientar que o reclamante recebeu todas as verbas


rescisórias.

O fato de a reclamada lhe pagar em espécie não tira a legitimidade


do pagamento. A nossa legislação no tocante pagamento de verbas
resilitórias, segundo o artigo 477 da CLT, dispõe que:

"Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o


empregador deverá proceder à anotação na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa
aos
órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas
rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste
artigo.

§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de


2017)
§ 2º - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação,
qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do
contrato, deve ter especificada a natureza de cada
parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor,
sendo válida a quitação, apenas, relativamente às
mesmas parcelas. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de
26.6.1970)
§ 3º - (...)
§ 4º - O pagamento a que fizer jus o empregado será
efetuado no ato da homologação da rescisão do
contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado,
conforme acordem as partes, salvo se o empregado fôr
analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser
feito em dinheiro. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de
26.6.1970)

§ 4o O pagamento a que fizer jus o empregado será


efetuado: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado,


conforme acordem as partes; ou (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
II - em dinheiro ou depósito bancário quando o
empregado for analfabeto. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de
2017)
(...)"
Diante da norma, verifica-se que a reclamada cumpriu o que
determinada a legislação própria, pertinente ao caso.

Importante destacar também que, o reclamante em nenhum


momento durante a sua rescisão se opôs ao recebimento em
espécie, dando seu aceite e concordância no Termo de Quitação e
Rescisão do contrato de Trabalho .

Não subsiste o argumento de ser da reclamada o ônus de


comprovar a ausência de vício de consentimento, pois não se faz
prova de fato negativo.

Nesse sentindo, segunda a nossa jurisprudência:

PRETENSÃO DE NULIDADE DO TRCT. OUTORGA DE


QUITAÇÃO DAS VERBAS RESCISÓRIAS. AUSÊNCIA
DE PROVA. Não restando demonstrada a
alegada invalidade da outorga de quitação das parcelas
discriminadas no TRCT, não há falar em condenação da
reclamada ao pagamento de verbas rescisórias. Negado
provimento ao apelo do autor. (TRT-4 - RO:
00204192520175040611, Data de Julgamento:
19/04/2019, 6ª Turma)
Portanto, todas as verbas rescisórias foram devidamente quitadas,
como aviso prévio indenizado, férias proporcionais 8/12 +1/3,
13º salário proporcional. IMPROCEDEM OS PEDIDOS.

Do saldo Salarial
O reclamante pediu demissão em 02/08/2021, de forma que em sua
rescisão foram corretamente adimplidos 30 dias de saldo salarial.
Desta forma, não há o que se falar em saldo salarial.

Do Aviso Prévio
Requer o reclamante o pagamento de aviso prévio, porém sem
razão ao obreiro.
Conforme se verifica nos autos, o obreiro pediu demissão de forma
voluntária e desobrigada 02/08/2021, cumprindo o aviso em sua
integralidade na forma trabalhada até 31/08/2021, assim não há
que se falar em pagamento de aviso prévio.
Improcede o pleito.

Férias +1/3
Pleiteia o obreiro o recebimento de férias e um terço durante todo o
contrato de trabalho,
As férias proporcionais (8/12 avos) referente ao período de
2020/2021 foram devidamente computadas no TRCT obreiro e
portanto quitadas.
Desta forma, pela improcedência.

Do 13ª salário
Pleiteia o obreiro o recebimento do 13º salário de todo o contrato de
trabalho, todavia, razão não lhe assiste.

A reclamada pagou corretamente 8/12 avos de 13º salário ao


reclamante.
Desta forma, pela improcedência.

DO PEDIDO DE PERICULOSIDADE

O Reclamante, ao contrário do alegado na inicial, nunca ficou


exposto e nem em contato com equipamentos energizados. Não se
ativava em instalações elétricas.

O exercício da função de ajudante de serviços gerais, são


trabalhos, – Sem Tensão, e com circuito desenergizados, se
limitando a montar circuitos desligados, pequenas peças.

O Reclamante não executou nenhum trabalho, em local com alta


tensão, aliás, risco que não ocorre, nem mesmo com os eletricistas,
pois a Reclamada não executa nenhuma atividade, em sistema
energizado, todos os trabalhos são executados, em ambiente
desenergizados.

Diante disso, o pedido do adicional de periculosidade é incabível, e


aguarda a Reclamada a rejeição, bem como seus reflexos, da forma
requerida: DSR’s; 13º.; férias + 1/3; FGTS + 40% e horas extras.

DA MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT

Não há que se falar na aplicação da penalidade prevista no


artigo 467, da Norma Consolidada, vez que todas as verbas
postuladas são controversas, tendo sido devidamente contestadas.

Igualmente, resta afastada a hipótese de pagamento de


qualquer valor em primeira Audiência, eis que a Reclamada logrou
demonstrar que nenhum dos pleitos trazidos pelo reclamante
merece deferimento.

Por oportuno, cumpre salientar que, por força da presente peça


contestatória, estabeleceu-se robusta controvérsia acerca de
todas as pretensões obreiras, o que torna absolutamente indevida
a multa ora pleiteada, sendo de rigor a improcedência do pedido.

DAS DIFERENÇAS DE FGTS + MULTA DE 40%


Requer o Reclamante a condenação da Reclamada em diferenças
de FGTS + 40%, o que resta impugnado.

Outrossim no termo de quitação a reclamada realizou o pagamento


no valor de R$ 866,66, referente ao FGTS de forma indenizada.

A multa de 40% resta insubisistente diante do pedido de demissão


por parte do reclamante.

Destaca-se, ainda, que a inversão do ônus da prova que consta no


enunciado da Súmula 461 da CLT é inaplicável ao presente caso,
pois, trata-se de presunção relativa.

Isso porque, a um, o Reclamante NÃO acostou aos autos o extrato


do FGTS e dois, deveria, portanto, apresentar exatamente em quais
os meses em que os depósitos não foram recolhidos, ou se foram
de forma incorreta, os seus respectivos valores, não podendo ser
acolhida a alegação genérica de irregularidade.

Sabe-se que os requisitos de apontamento de diferenças são


essenciais para a inversão do ônus da prova e sua atribuição à
parte Reclamada quando aduz a correção dos depósitos.

Assim sendo, o pedido ser julgado improcedente. Contudo, caso


não seja o entendimento, todos os valores a título de FGTS foram
devidamente recolhidos, vejamos, extrato de FGTS anexo.

Ad cautelam, quanto ao FGTS, a Lei nº 8.036/90 determina que os


depósitos sejam realizados na conta vinculada, motivo pelo qual o
pagamento direto à Reclamante não tem amparo jurídico.

Requer, a Reclamada aplicação do teor do inciso II da OJ nº 42 do


C.TST, in verbis:

“42. FGTS. MULTA DE 40% (nova redação em


decorrência da incorporação das Orientações Jurisprudenciais nºs
107 e 254 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. II -
O cálculo da multa de 40% do FGTS deverá ser feito com base no
saldo da conta vinculada na data do efetivo pagamento das verbas
rescisórias, desconsiderada a projeção do aviso prévio indenizado,
por ausência de previsão legal. (ex-OJ nº 254 da SDI-1 - inserida
em 13.03.2002).”
Requer, por fim, que sejam deduzidos/abatidos/compensados todos
os valores já soerguidos pelo Reclamante a título de FGTS,
conforme comprova o extrato acostado aos autos.
Pela improcedência do pedido de diferenças a título de FGTS +
40% ou indenização substitutiva.

DO SEGURO DESEMPREGO – INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA –


OMISSÃO DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA
SOCIAL
Requer o Autor, a liberação das guias para saque do seguro
desemprego, e/ou indenização substitutiva.
Em primeiro, conforme já demonstrado o Autor pediu demissão não
fazendo jus ao benefício.
Não bastasse isso, não anexou aos autos a íntegra da Carteira de
Trabalho e Previdência Social para comprovar eventual situação de
desemprego, requisito essencial para percepção do benefício.
De plano, improcede o pleito de liberação de guias ou indenização
substitutiva. Em eventual condenação, o que não se espera, a
resolução do CODEFAT n.º 252, de 04 de outubro de 2000 (DOU
06.10.2000) em seu Art. 4.º, inciso IV, prevê que os requisitos
necessários à concessão do benefício poderão ser feita pela
apresentação da sentença judicial transitada em julgado, acórdão
ou certidão judicial, onde constem os dados do trabalhador, da
empresa e se o motivo da demissão foi sem justa causa.
Por derradeiro, por extrema cautela, a jurisprudência já pacificou
entendimento no sentido de não ser cabível a indenização
compensatória advinda da não entrega das guias do seguro-
desemprego, consoante arestos abaixo transcritos:
“INDENIZAÇÃO - SUBSTITUTIVA PELO NÃO
PERCEBIMENTO DO SEGURO DESEMPREGO - Incabível a
indenização substitutiva, por não ser o juízo trabalhista sede
para conversão dessa obrigação de fazer em perdas e danos,
uma vez que se trata de encargo social do Estado.” (TRT 15ª
R. - Proc. 27657/98 - Ac. 8979/00 - 5.ª T. - Rel. Olga Ainda
Joaquim Gomieri - DOESP 13.03.2000, pág. 82).

“SEGURO DESEMPREGO - INDENIZAÇÃO PELO


NÃOFORNECIMENTO DAS RESPECTIVAS GUIAS - A falta
de entrega das guias do seguro-desemprego não pode ser
suprida pela conversão em pecúnia ou indenização, sob pena
de infringirem-se os termos do art. 5.º, II, da Constituição
Federal, ante a total ausência de previsão legal obrigando o
empregador a pagar tal indenização. E não se diga que o
prejuízo do empregado, pelo atraso na entrega das guias de
segurodesemprego, é do Empregador, por força do disposto
no art. 159 do Código Civil, de aplicação subsidiária ao
Processo do Trabalho, vez que, em nenhum momento,
dispões a Lei n.º 7.998/90, do seguro-desemprego, que a
obrigação do empregador é contábil, devendo este arcar com
a perdas e danos. Revista conhecida e provida.” (TST - RR
329706/1996 - 5.ª T. - Rel. P/o Ac. Min. Levi Ceregato - DJU
03.09.1999 - p.00502).

Fica, portanto, impugnados todos os pleitos contidos neste tópico,


restando a improcedência desde já requerida.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – BASE DE CÁLCULO


O Reclamante requer a condenação da Reclamada ao pagamento
de honorários advocatícios no percentual de 15% ou em percentual
a ser arbitrado por Vossa Excelência, o que resta impugnado.
Melhor sorte não encontra o Reclamante quanto a este pleito, pois
todos os pedidos formulados pelo AUTOR são totalmente
improcedentes, não havendo que se falar em condenação da
Reclamada em pagamento de honorários advocatícios.
De toda sorte, tem-se que a verba, postulada com base na Lei
13.467/2017 é inconstitucional, pois viola garantias constitucionais
de amplo acesso à jurisdição, razão pela qual está sendo
questionada através da ADI 5766, perante o Supremo Tribunal
Federal.
Caso se entenda de forma diversa, a condenação deve ocorrer para
os pedidos em que a Reclamada foi sucumbente, aplicando-se a
mesma regra aos pedidos em que o Reclamante não obtiver êxito,
em favor do patrono da Ré.
Por fim, em eventual condenação, requer seja observado a dedução
da base de cálculo a título de descontos fiscais e previdenciários da
cota-parte da Reclamada.
Isto porque, a contribuição previdenciária e fiscal não consiste em
crédito direto a ser revertido ao empregado, e sim verba destinada
ao INSS (terceiro). Dessa forma, por falta de amparo legal, em
virtude de não compor crédito do obreiro, não integra a base de
cálculo dos honorários advocatícios.
Neste sentido, a jurisprudência do Colendo TST.

"AGRAVO EM RECURSO DE EMBARGOS


INTERPOSTO PELA RECLAMANTE - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS - BASE DE CÁLCULO - EXCLUSÃO DA
COTA PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. O entendimento
quanto à base de cálculo dos honorários advocatícios
encontra-se sedimentado, no âmbito desta Corte, nos termos
da Orientação Jurisprudencial nº 348 da Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, no sentido de que,
arbitrados nos termos do art. 11, § 1º, da Lei nº 1.060/50, os
honorários advocatícios devem incidir sobre o valor líquido da
condenação, apurado na fase de liquidação de sentença, sem
a dedução dos descontos fiscais e previdenciários. Pontue-se
que a expressão "líquido apurado", prevista no art. 11, § 1º,
da Lei nº 1.060/50, refere-se à liquidação das parcelas
devidas à reclamante, entre as quais não se insere a quota do
empregador relativa à contribuição previdenciária, visto que
não consiste efetivamente em crédito do empregado, e sim
em verba destinada ao INSS. Por consectário, em virtude de
não compor o crédito do trabalhador, não integra a base de
cálculo dos honorários advocatícios. Precedentes da SBDI-1.
Recurso de embargos não conhecido" (Ag-E-RR-1102-
53.2011.5.03.0005, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho, DEJT 23/11/2018).
Requer assim, a improcedência do pedido.

DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

A Lei 13.467/2017 introduziu o artigo 791-A na Consolidação das


Leis do Trabalho, prevendo o pagamento de honorários de
sucumbência aos advogados nas ações trabalhistas.
Desta forma, havendo sucumbência total ou parcial das pretensões
do Reclamante, requer a sua condenação ao pagamento de
honorários de sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT.
Ante o acima exposto, requer a condenação do Reclamante ao
pagamento de honorários de sucumbência.

DOS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA –


OMISSÃO DA ÍNTEGRA DA CARTEIRA
Impugna a Reclamada a pretensão do Reclamante de usufruir dos
benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, posto que não foram
preenchidos os requisitos previstos nas Leis n.ºs 1.060/50 e
5.584/70, como já asseverado no tópico anterior. Tal prova, poderá
ser feita, como exemplo, com a apresentação, da Declaração de
Imposto de Renda apresentada no último exercício. Somado ao fato
de que a não juntada pelo Autor da íntegra da CTPS, impossibilita a
verificação de situação de desemprego, não fazendo jus aos
benefícios de gratuidade de justiça, vez que não comprovada sua
hipossuficiência.
Requer, assim, a improcedência do pleito.

DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS
O Autor requer a expedição de ofícios a Caixa Econômica Federal,
Secretaria da Receita Federal e ao Instituto Nacional do Seguro
Social, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público
Estadual ou Federal e Ministério Público do Trabalho, para as
devidas providências legais cabíveis, o que resta impugnado.
Isso porque, verifica-se que nenhuma irregularidade foi praticada
pela Reclamada, além de não fazer parte essa providência das
atribuições desta Justiça Especializada. Ademais, o Reclamante
diligenciar pessoalmente aqueles órgãos realizando as denúncias
que entender cabíveis. Sendo que esta é a orientação do Egrégio
Tribunal Superior do Trabalho, consoante se depreende da análise
da decisão abaixo transcrita.
Confira-se:

“Princípio dispositivo. Ciência da sentença a entidades


estranhas a lide - Contraria o princípio dispositivo
determinação do órgão julgador, lançada de ofício, no sentido
de serem remetidas cópias da sentença proferida ao Instituto
de Administração Financeira da Previdência e Assistência
Social (IAPAS), ao Banco Nacional da Habitação (BNH), a
Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e a Caixa Econômica
Federal (CEF). Ao fazê-lo, olvidou o disposto nos arts. 128 e
460 do CPC, valendo notar que não se encontra nos arts. 652
e 653, da CLT, qualquer alínea que diga da competência das
Juntas de Conciliação e Julgamento para, de ofício, atuar em
tal sentido. Somente na hipótese de crime contra a
organização do trabalho cabe a providência, a ser tomada em
relação ao Ministério Público. Provimento para excluir do título
executivo a remessa dos ofícios citados.” (TST, 1ª T., Proc.
RR 4907/87, j. 17.05.88, Rel. Min. Marco Aurélio, in
Repertório in Repertório de Jurisprudência Trabalhista, vol. 6,
pág. 937, v. 3.914, Teixeira Filho)

Dessa forma, improcede também o requerimento de expedição de


ofícios como obrigação de fazer.

DAS CONTRIBUIÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS


Cumpre esclarecer que o Reclamante não é parte legítima para
requerer a condenação desta Reclamada ao pagamento de tais
tributos, pois se trata de crédito da União Federal e, por
conseguinte, apenas por esta última pode e deve ser exigido em
juízo, na forma do que estabelece o art. 18º do Código de Processo
Civil.
De outro lado, a Justiça do Trabalho é totalmente incompetente
para apreciar o pedido do Autor, nos termos da Súmula 368 do
TST, que tem a seguinte redação:

DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS.


COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO
PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (redação do item II
alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em
16.04.2012) - Res. 181/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e
23.04.2012 I - A Justiça do Trabalho é competente para
determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A
competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das
contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto
de acordo homologado, que integrem o salário de
contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em
27.11.1998 )

Por fim, havendo condenação em quaisquer das verbas de natureza


salarial pleiteadas nesta demanda, esse I. Juízo deverá, data
máxima vênia, deverá autorizar a retenção dos valores relativos à
contribuição previdenciária e do imposto de renda do crédito do
Reclamante.

DOS JUROS E DA CORREÇÃO MONETÁRIA


No que se refere à correção monetária e juros, os valores
pleiteados, na remota hipótese de sua procedência, deverão ser
atualizados de acordo com a legislação vigente e recente decisão
do Supremo Tribunal Federal – STF - no julgamento conjunto em
18.12.2020 das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs)
58 e 59 e das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 5867 e
6021.
É o que se requer.

DO CRITÉRIO DE CÁLCULO
A Reclamada impugna os cálculos apresentados pelo Reclamante,
seja porque baseados em direto inexistente, seja porque não
demonstrados os critérios para se chegar ao valor apurado.
Caso sejam deferidas eventuais verbas ao Reclamante, o que se
admite apenas para argumentar, o cálculo deverá ser apresentado
em liquidação de sentença, com indicação dos métodos, base de
cálculo, índice de atualização e percentual de juros utilizados,
respeitando os seguintes critérios:
1. Compensação das verbas pagas sob o mesmo título pela
Reclamada (art. 767, da CLT) e dedução de verbas já quitadas,
inclusive a maior;
2. Juros de mora e correção monetária nos moldes da Lei e da
recente decisão do STF, conforme fundamentado;
3. Evolução salarial mensal;
4. Exclusão das parcelas não integrativas do salário;
5. Desconto dos dias efetivamente não trabalhados;
6. Base de cálculo conforme evolução salarial, sem integração de
horas extraordinárias não habituais;
7. Divisor 220 horas;
8. Cálculo das horas extras excedentes somente da 44ª semanal;
9. Caso desconsiderado o regime compensatório, seja determinado
o pagamento apenas do adicional, na forma da Súmula nº 85 do E.
TST; 10.Aplicação analógica do artigo 58, § 1º da CLT, com a
inteligência da Súmula 366 do C.TST;
11. Compensação de horas extras de forma integral e aferida pelo
total das horas extraordinárias quitadas durante o período
imprescrito, conforme entendimento contido na OJ 415 do C.TST;
12.Aplicação do entendimento contido na OJ 233 do C.TST;
13.Aplicação de adicionais legais normativos e convencionais, não
retroativamente, com respeito à vigência e à abrangência territorial
e subjetiva de cada norma coletiva;
14.Observância para evitar duplicidade de pagamentos;
15.Retenção na fonte dos valores devidos pelo Reclamante ao
Imposto de Renda e ao Instituto Nacional do Seguro Social, a teor
da disposição das Leis 8.620/93 e 8.541/92, combinadas com os
Provimentos nº 1/93 e 1/96, da Corregedoria Geral da Justiça do
Trabalho;
16.Declaração da obrigatoriedade de se observar na execução o
art. 62, § 1.º e 2.º da Consolidação de Provimentos da CGJT do
TST, publicada no DJU de 17 de agosto de 2012 e,
17.Observância dos prazos prescricionais.

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo o exposto, a Reclamada espera que sejam acolhidas as


preliminares arguidas e no mérito sejam julgados improcedentes os
pedidos formulados pelo Reclamante. E, a luz do quanto alegado,
não se verifica nenhuma irregularidade cometida pela ora
Contestante ao longo do pacto laboral, não sendo devidos, pois, a
expedição de ofícios.
Protesta pela produção de todas as provas em Direito admitidas,
requerendo juntada de documentos e a intimação do Reclamante
para depoimento pessoal, sob pena de confissão, nos termos do
Enunciado nº 74 do TST, impugnando a Reclamante, repise-se à
exaustão, todo e qualquer requerimento de documentos pleiteados
pelo AUTOR, vez que é ônus da parte provar suas alegações, ônus
do qual não se desincumbiu.

Por fim, requer que todas as publicações sejam endereçadas


exclusivamente a Patrona da Reclamada, Dra. Valéria Loureiro
Kobayashi, inscrita na OAB/SP 251.387.
Nestes termos, Pede deferimento.

Itapevi, 26/10/2022

VALÉRIA LOUREIRO KOBAYASHI


OAB/SP 251.387

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