Curso de Odontologia Artigo de revisão

ENDODONTIA: SESSÃO ÚNICA X MÚLTIPLAS SESSÕES

ENDODONTICS: SINGLE SESSION X MULTIPLE SESSIONS

,
1 2

1 Aluna do Curso de Odontologia

2 Professora do Curso de Odontologia

Resumo
Introdução: existem controvérsias clínicas quanto ao número de sessões endodônticas. A duração do
tratamento relaciona-se a fatores atinentes ao conhecimento e habilidade do profissional, tempo disponível
do profissional e do paciente e ainda dificuldades do procedimento que podem surgir ao longo do
tratamento. Estes fatores podem ser determinantes para a identificação do número de sessões necessárias.
Objetivo: realizar uma revisão bibliográfica comparando o uso de sessões únicas e sessões múltiplas em
tratamentos endodônticos. Materiais e Métodos: a metodologia do presente estudo cera a pesquisa
bibliográfica baseada na literatura sobre o tema. Conclusão: Independente do número de sessões clínicas
o tratamento endodôntico é uma terapia eficaz. Observa-se que o sucesso da terapia não esta atrelado ao
número de sessões mas sim com o desempenho clínico do profissional. O período de tempo de
atendimento deve ser o suficiente para que o profissional possa tratar a doença pulpar ou perirradicular em
cumprimento aos princípios biológicos clássicos da literatura endodôntica.

Palavras-Chave: endodontia; sessão única; sessões múltiplas. .

Abstract

Introduction: there are clinical controversies regarding the number of endodontic sessions. The duration of
the treatment is related to factors related to the professional's knowledge and skill, the professional's and the
patient's available time, as well as procedural difficulties that may arise during the treatment. These factors
can be decisive in identifying the number of sessions needed. Objective: to carry out a literature review
comparing the use of single sessions and multiple sessions in endodontic treatments. Materials and
Methods: the methodology of the present study is based on bibliographic research based on the literature on
the subject. Conclusion: Regardless of the number of clinical sessions, endodontic treatment is an effective
therapy. It is observed that the success of the therapy is not linked to the number of sessions, but to the
clinical performance of the professional. The period of time of care must be sufficient for the professional to
treat pulpal or periradicular disease in compliance with the classic biological principles of the endodontic
literature.

Keywords: endodontics; single session; multiple sessions.

Contato: nip@unicesp.edu.br
Introdução
Para que se possa ter sucesso
na endodontia é importante que sejam
seguidas algumas etapas clínicas
essenciais, são elas: acesso, limpeza,
modelagem, obturação e selamento
coronário (MOURA et al., 2013).
O tratamento endodôntico possui
o objetivo de manter ou de
reestabelecer a normalidade dos
tecidos periapicais, a saúde periodontal
do dente acometido endodonticamente,
além de auxiliar o paciente no
tratamento da dor (MOURA et al.,
2013).
Existem controvérsias clínicas
quanto ao número de sessões
endodônticas. A duração do tratamento
relaciona-se a fatores atinentes ao
conhecimento e habilidade do
profissional, tempo disponível do
profissional e do paciente e ainda
dificuldades do procedimento que
podem surgir ao longo do tratamento.
Estes fatores podem ser determinantes
para a identificação do número de
sessões necessárias (SILVA et al.,
2013).
A opção por sessão única ou em
múltiplas sessões baseia-se com cada
paciente e evidências científica,
mostrando-se semelhantes em questão
do sucesso clínico. Com as novas
tecnologias como o uso de instrumentos
rotatórios, a microscopia endodôntica e
os localizadores eletrônicos foraminais
a sessão única vem ganhando bastante
força nos tratamentos (ENDO et al.,
2015).
O uso da sessão única é
indicada em casos de polpas vivas,
havendo autores que entendem ser
possível em caso de polpas necrosadas
e traz como benefícios como a
comodidade ao paciente, evita-se o uso
de várias anestesias, diminuição dos
gastos com materiais e tempo de
atendimento, conforme Lucena et. al.
(2021).
O uso da terapia de múltiplas
sessões é indicado no casos de polpas
necrosadas ou que apresentem maior
complexidade anatômica, acreditando
que dessa forma se possa ter sucesso
clínico (SOUZA et al., 2021).
Frente a isso, o presente artigo
possui como objetivo geral realizar uma
revisão bibliográfica comparando o uso
de sessões únicas e sessões multiplas
em tratamentos endodônticos.
Materiais e Métodos
Trata-se de uma Revisão Integrativa
da Literatura, esse método tem o intuito
de reunir e resumir resultados de
pesquisa sobre um determinado assunto
ou questão, de modo sistemático e
estruturado, colaborando para o
aprofundamento do conhecimento do
tema pesquisado. A Revisão Integrativa
da Literatura baseia-se na elaboração de
uma análise abrangente da literatura, com
o objetivo de alcançar um vasto
entendimento de um determinado
fenômeno baseando-se em estudos
precedentes. (MENDES, SILVEIRA,
GALVÃO, 2008).
O referido estudo de revisão
integrativa irá ser desenvolvido segundo
semestre do ano de 2022 e primeiro
semestre do ano de 2023.
Para esta parte da pesquisa, fez-se uso
dos autores Mendes, Silveira e Galvão
(2008) os quais trazem seis etapas para a
revisão integrativa:
1ª Etapa – Definição da questão de
pesquisa
2ª Etapa – Estabelecimento de critérios de
inclusão e exclusão. Critérios de inclusão:
artigos completos; em português, inglês e
espanhol; dos anos de 2015 a 2022; das
bases de dados Scielo e Lilacs. Critérios
de Exclusão: artigos repetidos e que não
respondam ao problema de pesquisa.
3ª Etapa – Definição das informações a
serem extraídas dos artigos.
4ª Etapa – Avaliação dos estudos
incluídos.
5ª Etapa – Interpretação dos resultados.
6ª Etapa – Síntese dos resultados.
 O seguinte trabalho respeitará os
aspectos éticos autorais, conforme o
Decreto n° 9.574, de 22 de novembro de
2018, que determina sobre os direitos
autorais. Desta forma para a realização
do presente trabalho os autores serão
citados e referenciados ao decorrer da
revisão. (BRASIL, 2018)
Resultados e Discussão
Pela terapia endodôntica se tem
como objetivo a criação de um ambiente
no sistema de canais radiculares
visando a cicatrização ou a manutenção
da saúde do tecido perirradicular. A
presença de bactérias e de
microrganismos são causadores de
periapicopatias inflamatórias e do
fracasso da terapia (DIOGUARDI et al.,
2019).
Os microrganismos possuem
diferentes formas de penetração e
invasão no sistema de canais
radiculares, e tornam-se aos meios
endodônticos de limpeza ao se alojarem
em regiões de complexidade
anatômica. Nesses casos, impede que
os instrumentos endodônticos
mecânicos possam realizar uma
desinfecção satisfatória (PRADA et al.,
2019).
Para que se tenha sucesso no
tratamento endodôntico deve se ter
conhecimento das variações
anatômicas do sistema de canais
radiculares e ainda as alterações da
cavidade pulpar, pois estas variações
podem levar a presença de falhas
durante as etapas operatórias e com
isso gera-se a possibilidade de
ocorrência de retratamento
endodôntico, além de desconforto ao
paciente em virtude da persistência das
periapicopatias inflamatórias ou ainda
perda do elemento dentário pelo fato de
tornar impossível que se tenha o
reestabelecimento funcional do
elemento dentário, conforme Moura et
al. (2013).
O insucesso do tratamento
endodôntico esta atrelado à reinfecção
bacteriana causada por baixa qualidade
das restaurações definitivas, erros nos
preparos dos canais e ainda
perfurações e obturação insatisfatória.
Ainda, podem ser causadores de
insucessos a complexidade anatômica e
a possibilidade de erros operatórios
(LUCENA et al., 2021).
Para a escolha do protocolo
clínico adequado deve ser observada a
presença de coleção purulenta e de
edema e ainda o alto índice de infecção
da polpa necrótica, pois nesses casos o
uso da terapia em sessão única pode
ser insatisfatório (ENDO et al., 2015).
Canais radiculares com polpa
necrosada associada a periapicopatias
precisam ser tratados de forma
diferentes dos com polpas vivas. Dentre
as periapicopatias podem ser citados os
abscessos dentoalveolares em que a
terapia em múltiplas sessões traz
benefícios no tratamento, visando a
redução dos microrganismos e de
bactérias (ENDO et al. 2015).
Sousa et al. (2021) cita que para
a avaliação do sucesso ou do insucesso
de uma terapia endodôntica se pode ter
como critério a dor pós-operatória. A
dor pós-operatória pode ser encontrada
em cerca de 50% de tratamentos
radicais de polpas vivas e que a
ampliação foraminal contribui para que
se tenha uma maior incidência de dor
independentemente do número de
sessões clínicas.
Quando aplicado o tratamento
em sessão única há uma maior
frequência de dor pós-operatória. Os
pacientes tendem a apresentar maior
conforto com o uso de hidróxido de
cálcio entre sessões,
independentemento do número de
sessões de tratamento (SOUSA et al.,
2021).
Para Endo et al. (2015) para
realizar o tratamento em sessão única o
profissional deve considerar a condição
pulpar, a presença de sintoma prévio,
condição do paciente, tempo clínico,
condições microbiológicas e biológicas
do dente. Todos estes aspectos
precisam ser levados em consideração
para definir o número de sessões
terapêuticas visando sempre a cadeia asséptica no SCR em casos de
segurança e a eficácia do tratamento.
No que se refere ao tempo de
trabalho, um atendimento mais longo
visando concluir o tratamento em uma
única sessão pode ser prejudicial ao
estado geral do paciente, podendo levar
a desconfortos de ordem inflamatória e
com isso a necessidade de
administração de analgésicos (SOUSA
et al., 2021).
Alomaym et al. (2019) em seu
estudo com 390 pacientes utilizando
uma escala visual analógica para
avaliar a dor pós-operatória após o
tratamento, identificaram que a tratamento executado de forma mais
presença de sintomas pré-tratamento
endodôntico e dor pós-operatória em
situações de polpa viva tratadas em
sessão única ou de polpas
necropulpectomias em múltiplas
sessões não sofreram variação a
depender do tratamento utilizado.
Com o desenvolvimento de
novas tecnologias de alto padrão que
vieram para facilitar e alterar o
procedimento endodôntico, vem
tornando-se cada vez mais comum o
tratamento em sessão única. O
profissional deve estar familiarizado
com as novas tecnologias, como para a
utilização de motores endodônticos,
microscópio, localizadores e limas
rotatórias de níquel-titânio,
localizadores eletrônicos foraminais,
instrumentação mecanizada, para que
se possa ter uma maior taxa de
sucesso endodôntico,
independentemente do número de
sessões (LUCENA et al., 2021).
O domínio da tecnologia e melhor
preparo técnico do endodontista são fatores
essenciais para que se possa ter sucesso no
tratamento em sessão única a longo prazo,
independentemente das condições de
diagnóstico pré-operatório (MOREIRA et
al., 2017).
A terapia endodôntica em sessão
única possui vantagens como a comodidade
ao paciente, redução no custo de materiais e
de tempo do endodontista. Em termos
biológicos se pode ter a manutenção da
biopulpectomias com a diminuição dos
riscos de contaminação ou recontaminação,
conforme Lucena et al. (2021).
No mesmo sentido trata Endo et al.
(2015) ao afirmar que a sessão única traz
ccomo vantagens a diminuição do tempo do
tratamento, redução dos riscos de
reinfecções entre sessões e ainda custo-
benefício favorável.
A sessão única oferece vantagens
ao paciente ao profissional, podendo
prevenir ou diminuir os riscos de
contaminação ou recontaminação dos
sistemas de canais radiculares. Sendo o
rápida, desde que o profissional tenha
todas as habilidades necessárias e
conhecimento das técnicas.
A terapia endodôntica busca a
resolução de problemas de infecção e de
contaminação em virtude de questões
microbiológicas. No caso de dentes vitais
com o diagnóstico de pulpite que origina-
se na maioria das vezes por cáries que
estão na porção coronal e terço cervical
tendem a ter uma resolução terapêutica
mais rápida e por isso pode se dar em
sessões únicas (BERGENHOLTZ, 2016).
Com a terapia de sessão única se
tem a redução no número de consultas,
redução do tempo e do extravasamento
de conteúdo infeccioso e redução da
morbidade tecidual que pode se dar em
virtude de muitas tomadas anestésicas no
mesmo local.
Por outro lado, se tem maior
frequência de edema e dor, necessitando
do uso de analgésicos. Durante o
tratamento em sessão única se tem um
tempo de trabalho mais longo gerando
uma resposta inflamatória mais grave. No
caso de pacientes que sejam portadores
de disfunções temporomandibulares
ocorre uma exacerbação da resposta
sintomatológica.
O tratamento em múltiplas sessões
são vantajosos nos casos em que se tem
problemas de anatomia dos canais, falta
de habilidade operacional e de
dificuldades da técnica endodôntica.
Tratamentos em sessões únicas são
realizados com base na opinião clínica do
profissional que deve avaliar caso a caso,
sendo aplicada principalmente em casos
que mais sessões não melhorariam a
qualidade e benefícios do atendimento
Conclusão:
Independente do número de sessões
clínicas o tratamento endodôntico é uma
terapia eficaz. Observa-se que o sucesso da
terapia não esta atrelado ao número de
sessões mas sim com o desempenho clínico
do profissional. O período de tempo de
atendimento deve ser o suficiente para que o
profissional possa tratar a doença pulpar ou
perirradicular em cumprimento aos
princípios biológicos clássicos da literatura
endodôntica.
A experiência operatória e meios de
trabalho mais tecnológicos auxiliam o
profissional a obter uma descontaminação
satisfatória em menor tempo clínico. A dor
pós-operatória e a taxa de reparação em
tratamentos endodônticos realizados em
sessão única e sessões múltiplas não
apresentou diferença. Entretanto, há
diferença quando se trata do estado pulpar
pré-tratamento.
O tratamento em uma única sessão é
capaz de trazer benefícios ao paciente e ao
profissional com a diminuição de gastos,
tempo e do risco de reinfecções entre
sessões, por outro lado, com um
atendimento mais longo pode trazer
desconforto ao paciente.
A eficiência do tratamento
endodôntico em sessão única e em múltiplas
sessões não apresenta diferenças. As
complicações tendem a ser semelhantes,
sendo que os pacientes em sessão única
tendem a ter um número de edema e estejam
mais propensos a necessitar de medicação
analgésica.

Referências:

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