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O LEGADO EDUCACIONAL DO SÉCULO XX

A presente resenha tem como objeto a obra “O Legado Educacional do século


XX no Brasil” do autor Dermerval Samiani, Jane Soares de Almeida, Rosa Fatima de
Souza e Vera Teresa Valdemarin com sua terceira edição publicada no ano de 2017.
De forma mais específica, será abordado o capítulo “O Legado Educacional do
‘Longo Século XX’ Brasileiro do autor Dermerval Samiani.
O autor inicia o texto tratando sobre o que ele denomina categoria século,
referindo-se a uma forma de periodizar  os acontecimentos e as fases históricas,
aplicada principalmente nas épocas moderna e contemporânea. No campo da
educação pode ser realizada a seguinte divisão no que se refere aos séculos:
educação pública religiosa no século XVI e XVII; educação pública estatal no século
XVIII; educação pública nacional no século XIX e educação pública democrática no
século XX.
O século XX mesmo antes de seu fim passo a ser objeto de análises, haja
vista a necessidade de se conhecer sua trajetória e significação histórica, sendo
considerado por Arrighi como o último de quatro séculos longos, sendo que cada um
deles constituiu uma etapa no desenvolvimento do moderno sistema capitalista
mundial, indo desde a origem até o momento atual.
No que se refere ao Brasil, observa-se que as maiores e mais decisivas
modificações do plano econômico, político, social, cultural e educacional ocorreram
no final do século XIX e inicio do século XX, a esse período o autor utilizada a
denominação “longo século XX”.
O final do século XIX é marcado pela industrialização com a substituição das
importações oportunizada pela produção do café; no aspecto social se tem a
abolição da escravatura; no aspecto político a queda da monarquia e a instalação do
regime republicano; além da emancipação da mulher, democracia, distribuição da
riqueza. No que se refere ao âmbito educacional tem-se o grande marco no de 1890.
O estudo do marco da escola pública no Brasil passa por discussões, indo
desde a forma que considerava a determinação econômica em que se tem uma
educação para o desenvolvimento; a periodização centrada em aspectos internos ao
processo educativo, considerando como marco inicial a chegada dos Jesuitas em
1549, entretanto neste período o ensino era com recursos oriundos dos Jesuitas
portanto privados e não públicos.
Com a reforma Pombaliana em 1759 tem-se os primeiros traços de ensino
público, fechando os colégios jesuítas, introduzindo as aulas mantidas pela coroa.
Neste período a responsabilidade estatal limitava-se no pagamento de salários dos
professores, sendo que eles precisavam buscar por recursos próprios para a
aquisição de materiais e local.
Em 1834 o Ato adicional colocou as escolas primárias e secundárias sob a
responsabilidade das províncias. Ao longo do século XIX o poder publico organizou
o funcionamento das escolas, adquirindo assim o caráter de instrução pública,
entretanto as escolas continuavam funcionando em espaços privados.
Com o advento da República que a escola pública surgiu na história brasileira,
assumindo o poder público o papel de organizar e manter de forma integral as
escolas, buscando difundir a educação para todos. Em 1890 no estado de São
Paulo surgiu a instituição da escola graduada, depois disso expandindo pelo Brasil.
Naquele período buscou-se pela educação pública preencher os requisitos de
organização administrativa e pedagógica do sistema educacional, controle e
coordenação das atividades educacionais, construção de prédios para
funcionamento das escolas, manutenção da infraestrutura necessária, professores
com formação e critérios de admissão, definição de diretrizes pedagógicas,
organização das escolas, entre outros fatores.
Em 1930 após a vitória da Revolução foi criado o Ministério da Educação e
Saúde Pública, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública. Neste momento
a educação passou a ganhar reconhecimento, sendo seguido por uma série de
medidas relacionadas a educação, em 1931 as reformas do ministro Francisco
Campos, em 1932 o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova- voltado a
construção de um sistema nacional de educação; a Constituição de 1934 com as
diretrizes da educação nacional e plano nacional da educação, leis orgânicas; 1942
reformas por iniciativa de Gustavo Capanema. Em 1946 a nova Constituição fixou as
diretrizes e bases da educação nacional; em 1961 foi promulgada a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, que foi substituída em 1996 pela LBD atual.
O autor propôs uma periodização da história da escola pública, dividindo em
“os antecedentes” e “história da escola pública propriamente dita”. Na primeira etapa
os “os antecedentes” se tem 3 períodos: pedagogia jesuítica com a escola pública
religiosa; reforma pombiana com escola pública estatal baseada nas ideias iluminista
e por fim o período de tentativa de organização da educação com responsabilidade
do poder público representado pelo governo imperial e das províncias.
Já na segunda etapa ou “história da escola pública propriamente dita” com
inicio em 1890 com os grupos escolares, e os seguintes períodos: implantação das
escolas graduadas primárias; seguido da regulamentação das escolas superiores,
secundarias e primárias, leis orgânicas de ensino e promulgação das leis e diretrizes
e bases da educação nacional; seguido pela unificação da regulamentação da
educação nacional com as redes públicas privadas de ensino.
A escola pública brasileira do “longo século XX” se tem 3 períodos distintos:
entre 1890- 1931 as escolas graduas e o idearia do iluminismo republicano; 1931-
1961 a regulamentação nacional do ensino e o ideário pedagógico renovador; 1961-
1996 a unificação normativa da educação nacional e a concepção produtivista de
escola.
Observa-se que a política educacional que vem sendo adotada no Brasil, é
caracterizada pela flexibilização e descentralização das responsabilidade sob as
manutenções das escolas, sendo os municípios os responsáveis pelo ensino
fundamental.
Frente ao exposto pelo autor, ele define como sendo o grande objetivo da
Educação brasileira, organizar e instalar sistemas capazes de universalizar o ensino
fundamental e com isso erradicar analfabetismo no Brasil. Destaca ainda o autor a
necessidade de se por em prática ações e medidas apropriadas para as soluções
das deficiências existentes na educação pública brasileira.

Referência:

SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do “longo século XX” brasileiro. (p.9-58).


In: SAVIANI, Dermeval et al. O legado educacional do Século XX. Campinas,SP:
Autores Associados, 2017.

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