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Autor (a): Amanda Martins Hutflesz

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Maria Regina Cândido

1-TÍTULO
A maneira de usar dos praticantes da magia dos katadesmoi ao trazer as divindades
egípcias em interação com os deuses ctônicos gregos em Atenas do século V – IV a.C

2-TEMA

O tema sobre religiosidade mantém-se atual1 e detém amplo espaço nos congressos2,
simpósios3 e publicações4. Na atualidade, a sociedade do espetáculo 5nos traz através das
mídias as notícias de conflitos de base religiosa 6. O tema remete a teoria da secularização
no qual Peter Berger7 na obra O Dossel Sagrado (1970) ao argumentar que a chegada da
modernidade entraria em processo de gradual desaparecimento do interesse pelas crenças
mágico-religiosas e o contato com o divino. (BERGER, 2001: 10) Os defensores como Karl
Marx, Max Weber e Émile Durkheim defendiam que o mundo estava diante da emergência
do racionalismo ocidental generalizado e heterogêneo.

1De 19 a 23/06/2017, divulgado o curso La Magia em El Egypto Gregoromano Y Tardoantiguo, ministrado pelas professoras Raquel
Martin Hernández (Universidad Complutense) e Sofia Torallas Tovar (Universidad de Chicago). Local: Centro de Estudios Del Proximo
Oriente, Museo Arqueológico Nacional, Madrid.
2I Congresso Internacional de Religião, Mito e Magia no Mundo Antigo: IX Fórum de debates em História Antiga da UERJ, 2010 –
NEA – UERJ; XVII Congresso Nacional de Estudos Clássicos, 2009 – UFRN; V Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos
Clássicos, 2005.
3XI Simpósio nacional da Associação Brasileira de História das Religiões – UFG, 2009; I Simpósio do GT Rio de Janeiro de História
das Religiões e das Religiosidades, 2012; XXVIII Simpósio Nacional de História da ANPUH, 2015; XV Jornada de Estudos do Oriente
Antigo, 2011.
4Magia na Atenas Clássica: Um conceito e uma prática por meio dos katádesmói de Yasmin da Silva Pacheco, UFRN, 2015; Uma
perspectiva comparada entre os espaços sagrados de depósito dos defixiones de Uley e Sagunto, nos séculos I e II d.C. de Prof. Carlos
Eduardo da Costa Campos, NEA- UERJ, 2006; As práticas da magia dos katádesmoi na Atenas Clássica e Helenística de Dra. Maria
Regina Cândido, NEA – UERJ, 2006; As Práticas da Magia na Atenas Clássica e ao longo do Mar Mediterrâneo – pesquisa finaciada
pelo Programa Pró ciência da UERJ/FAPERJ: 2004-2008-2011.
5DUBOIS, Guy. A Sociedade do Espetáculo. eBookLibris. 2003.
6O Jornal do Brasil publicou recentemente a reportagem do jornalista David Kirkpatrick, (Kirkpatrick escreve para o The New York
Times Journal) o qual mencionou na entrevista os fatos ocorridos no mundo em 2011, e publicou uma matéria dizendo que as minorias
estavam sendo desfavorecidas por leis tendenciosas no Egito. Houve na época, o seqüestro de Raghada Fattah, uma jovem muçulmana de
19 anos que teria sido capturada por católicos Coptas – grupo Oriental – os quais teriam feito uma tatuagem em formato de cruz em
Raghada, raspado seu cabelo e obrigando a moça a ler os Salmos Cristãos.
7Peter Ludwig Berger foi Sociólogo e Teólogo Luterano responsável pela teoria da secularização. Berger retoma a tese na década de 70,
porém reconhece que foi um equívoco afirmar argumento dizendo ser falsa a suposição de que vivemos em um mundo secularizado . O
mundo na atualidade é tão ferozmente religioso quanto no tempo passado. [...] isso quer dizer que toda uma literatura escrita pelos
historiadores e cientistas sociais, vagamente chamada de teoria da secularização, está essencialmente equivocada (P. Berger, 2001: 10).
vivemos em um mundo secularizado. que toda uma literatura escrita pelos historiadores e cientistas sociais, vagamente chamada de
teoria da secularização, está essencialmente equivocada diz Berger. (P. Berger, 2001: 10)

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Entretanto, nos deparamos com um mundo muito mais plural diante da diversidade
de seitas, cultos e movimentos religiosos que não atestam o desencadeamento do mundo, a
saber: New Religions Moviments nos USA, New Age na Europa e a Evangelização na
América Latina. O termo desencadeamento do mundo, pertence a Max Weber, assim como
a teoria da secularização (PEIRUCCI, 2003: 27) na sua temática da sociologia comparada
visando explicar a emergência do racionalismo ocidental. De acordo com Antônio Flávio
Peirucci, a frase desencadeamento do mundo tornou-se poética em francês –
désénsorcelement du monde e em alemão nos remete a sentença de Entzauberung der welt
(PEIRUCCI, 2003: 33). Ou seja, algo próximo ao desenfeitiçamento do mundo no qual a
crença nos elementos mágicos na maneira de pensar e de agir junto ao divino são
deslocados do cotidiano ocidental adquirindo um outro sentido.
O fato nos traz a memória, o embate entre religião e magia que ocorreu na Atenas
Clássica. Em nossa análise, consideramos que, em Atenas a magia se tornou uma ação
complementar a religião políade, pois as divindades gregas estão presentes e transitam
junto à evocação dos praticantes da mágica dos gregos. Entretanto, o que nos chama a
atenção nesta relação entre religião e magia é a prática mágica dos katadesmoi no qual os
seus usuários solicitam fazer mal ao inimigo através da imprecação/maldição. O solicitante
da magia dos katadesmoi no Período Clássico desejava mal aos inimigos colocando o seu
nome e a maldição em pequenas laminas de chumbo e as enterravam no cemitério do
Kerameikos em Atenas. Como pesquisadora da sociedade egípcia, o que mais chama a
atenção está na constatação da evocação de Deuses Gregos junto com Divindades Egípcias
inscritas na lamina de chumbo, junto com pedaços de unha, tecido e fios de cabelo do
inimigo.
Do conjunto de laminas privadas de catálogos de katádesmoi, selecionamos os
tabletes de nº IL 372, IL 72 e IL 493, além de uma estatueta de número PMG IV, que se
refere a um feitiço de ligação, como exemplo de um conjunto de imprecações que nos leva
a afirmar a permanência da especificidade dessa prática-religiosa que deixa transparecer
uma estreita ligação com a morte promovida pela Guerra do Peloponeso e a Peste no V
século a.C,. A pratica da magia dos katadesmoi segue tendo continuidade junto aos
atenienses de recursos que se estende do V -IV século no Período Helenístico transitando
pelo Império Romano até o VI d.C.

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Nos questionamos a razão pela qual a sociedade ateniense que produziu a filosofia e
a democracia interagiram com as práticas religiosas ocultas, realizadas no cemitério, no
período noturno, removendo sepulturas para colocar no seu interior as laminas com
maldição contra o inimigo na mão direita de um defunto. Logo, nos chama a atenção que a
sociedade grega criadora do teatro e da reflexão filosófica tenha se aproximado das práticas
da magia de fazer mal ao inimigo no espaço de interdito traga como evocação os deuses
egípcios interagindo com os gregos no final do período clássico.
Para dar conta do objeto de pesquisa e estabelecer uma relação entre religião e
magia, teremos que dialogar com a historiografia que nos aponta para um amplo universo
de especialistas junto à historiografia francesa, inglesa e latina8. No entanto, percebemos
certo preconceito diante da escassez de pesquisa junto aos historiadores em analisar as
praticas da magia de fazer mal ao inimigo presente nos katadesmoi na historiografia Latino
Americana. A magia e sua prática não deixam de ser uma atividade religiosa que nos
permite estabelecer uma análise e por manter algumas similaridades com o tempo
presente9.
Sobre os katadesmoi, sabemos que detém um conjunto de laminas de chumbo que
foram encontradas nas sepulturas no Cemitério do Kerameikos no Período Clássico que foi
analisado pelos arqueólogos10, filólogos e antropólogos11 que as classificaram como

8MONTERO, Paula. Magia e Pensamento Mágico. São Paulo: Ática. 1986; GARLAND, Robert. Introductioning New Gods. London: G.
DuckWorth&Co., 1992; Athenes: EHESS. Le secret public et les MystèresditsPrivés. Ktema.Strasboug: Université March Bloch de
Strassbourg, 1998, nº 23;PINCH, Geraldine Harris. The Egyptian Magic. London: British Museum Press. 1994; KITNER, Robert Kriech.
A Mecânica Prática Mágica do Egito Antigo. Chicago: 1993; DAVID, Rosalie. Religião e Magia no Antigo Egito. Tradução: Ângela
Machado, São Paulo: Difel. 2011; GORDON, Richard Lindsay. GreekReligion. Vol. 49, Edição nº 2. Max Weber Kolleg, Alemanha:
Outubro, 2002, PP. 262-269.
9Em texto do jornalista Álvaro Oppermann para a Revista SuperInteressante atualizado em 31/10/2016, ele escreve sobre a relaçã o entre
as religiões Afro – Brasileiras e a magia, explicando que sua prática pode ser utilizada tanto para o bem quanto para o mal daqueles que
estão envolvidos. De acordo com o antropólogo Antônio Flávio Pierucci (2016) ao relacionar as religiões Afro-Brasileiras , a crença das
pessoas em orixás e sua ligação com práticas mágicas, o professor afirma que a intervenção mágica desses orixás pode ser malévola ou
benévola, e esta relação está condicionada a uma certa troca de favores, ou até mesmo das relações de amizade ou inimizade en tre
humanos e entidades (PIERUCCI, 2016). Antônio fala da tradição em ofertar presentes, comida, bebida, preces e sacrifícios às
divindades, bem como os despachos ou feitiços depositados em encruzilhadas (PIERUCCI, 2016: 04-05).
10Lâmina 04 Defixios nº5. Atenas, Museu Nacional, procedente da Ática de local incerto. Data: IV a.C. Bibliografia: E. Ziebarth, 1899,
nº01: Fröehner, 1936, p.14. Característica: Imprecação contra ofícios – Lâmina de chumbo muito danificada; Lâmina 05, Defixiosn.º 04.
Atenas: Pertence à coleção particular, procedência desconhecida. Data: Meados do IV século: 350 – 342 a.C. Bibliografia: SGD, 1985,
nº44; Jimeno, 1999, nº26; Peek, 1941: 09. Característica: Imprecação contra ofícios.
11SGD nº 14 = CT nº 57; cf. Jordan, 1980a: Especially 232 nº 24. Esta informação refere-se aos tabletes encontrados próximos do
Portão Dipylon, no Cemitério do Cerâmico os quais podem ter sido despejados de uma sepultura próxima. Similarmente, 17 tabletes
Gregos foram encontrados enterrados na região da Ágora e podem ter sido despejados do santuário adjacente de Demeter ; SGD p. 162;
cf. Jordan, 1985b: 207-10; Faraone, 1991b: 3 and 23 nº7; Jameson et AL., 1993: 125.Verem: FLINT, Valerie; GORDON, Richard;
LUCK, Georg; OGDEN, Daniel. Withcraft and Magic in Europe: Ancient Greece and Rome. London: The Athlone Press. 1999.

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imprecações contra ofícios12, contra comerciantes, contra juízes, contra atletas assim como
as imprecações amorosas13. As especificidades de laminas nos leva a dialogar com Robert
Parker, (PARKER, 1996: 152) que afirma que, foi no V século que ocorreu o fenômeno que
ele descreve como fenômeno da inovação religiosa em Atenas como a entrada de novos
deuses e novas práticas religiosas e de culto aos deuses estrangeiros14. As novas divindades
estrangeiras e seus cultos detém a sua materialidade através da epigrafia IG II² 337
referente a Afrodite Kitias, a inscrição IG II²1283 da deusa Bentis da Tracia e a deusa Isis15
do Egito.
A natureza específica do desejo de realização do solicitante tem seus indícios na
diversidade de modelos de fórmulas mágicas inscritas nas superfícies dos katadesmoi, o
que nos levou a elaborar um corpus documental de lâminas de chumbo, principalmente do
V século a.C. resultado de escavações realizadas pelo The German Archaeological
Institute in Athens, responsável pelo The Athenian Kerameikos – cemitério onde foram
localizadas a maioria dos katadesmoi e pela The Ameriacan School of Classical Studies
encarregada pelos artefatos de chumbo escavados na área do porto do Pireu; os materiais
estão disponíveis em catálogos arquivados na EFA: Escola Francesa de Atenas/Grécia.
Os katadesmoi que mantém interface com a religião egípcia tornou-se o nosso corpus
documental, ou seja, as laminas de chumbo no qual o solicitante e usuário da magia evoca
as divindade gregas ctônicas como Hermes, Cérbero, Persefone e Hecate junto com os
deuses egípcios como Seth, Typhon entre outros.

12SGD, 1985, nº11; Jimeno, 1999, nº11. Lâmina 01 que faz referência ao Defixios nº02, que é proveniente de uma sepultura no
Cerâmico e data do final do V e início de IV século; Young, 1951, p.222; SGD, 1985, nº20; Jimeno, 1999, nº20. Lâmina 03 que faz
referência ao Defíxios nº03, que é proveniente de entulhos que formavam a base do muro de uma residência denominada pelos
arqueólogos de casa D do Distrito Industrial de Atenas situado próximo à Ágora ver em: CÂNDIDO, Maria Regina. A Feitiçaria na
Atenas Clássica. Rio de janeiro: Letra Capital. 2004.
13Em sua obra, Gager (1992) descreve a figura como uma elegante estatueta feminina perfurada por treze agulhas e encontrada envolta
em um papiro egípcio e com um defixio em uma panela de barro do Egito. A estatueta é feita de acordo com as direções numa receita
conservada em PGM IV, linhas 296-329, que se refere a um feitiço de ligação, também classificada pelos especialistas de imprecação
amorosa(permissão do Museu do Louvre (Paris). GAGER, John G. Curse Tablets and Binding Spells from the Ancient World: New
York. Oxford University Press, Inc. 198 Madison Avenue. 1992 .
14A área do Porto do Pireu foi palco de várias associações para cultos a divindades estrangeiras como a deusa Bentis/Tracia narrada por
Platão na obra Republica (I, 327a). A emergência de cultos estrangeiros no final do V século não era novidade entre os atenienses, pois,
temos a com a solicitação ao arconte Nikocrates para a construção de um templo em honra a deusa Afrodite Kithias no Pireu. A
concessão de terra/enktesis com o propósito de construção de santuários no Pireu já havia sido concedida aos egípcios em honra a deusa
Isis e para o culto da deusa trácia Bentis(IG II²1283) mencionado por Platão no início de sua obra Republica e ao deus Asclépio que foi
recebido na residência de Sófocles em 426 a.C, ver R. Garland. Introducting new Gods: the politics of Athenian religion. Cornell
University Press, 1992 e The Pireu from the fifth to the first century.B.C. London: Duckworth, 1987.
15Decreto IG II² 337, talhado em estela presente no porto do Pireu, datado de 332/AEC, caracterizado como solicitação em assembléia
de permissão para a fundação de um santuário a Afrodite pelos Kitians, o povo da cidade-reino localizada na costa Sul do Chipre. Em:
ALMEIDA, Marina Rockenback. Por um comparativismo construtivo do culto à Ísis entre atenienses e egípcios no final do V século a.C.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2016. P.42.

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Entretanto, o corpus documental dos katádesmoi deixa transparecer a existência de
uma interseção criando um espaço ambíguo de práticas ritualizadas privadas, ocultas e com
o envolvimento de, no mínimo, duas pessoas: o mago e o usuário da magia. A ação mágica
dos katádesmoi estabelece um estreito contato com o mundo dos mortos de forma
imperativa visando à realização do desejo dos vivos, ou seja, os usuários da magia.
Heródoto afirma que a Helade/Grécia assimilou do Egito quase todos os nomes das
divindades, bem como as práticas mágicas (Heródoto, II:50).Para André Bernand 16,
(BERNAND, 1991: 132) segundo cita Regina Cândido, a prática mágica dos gregos que
tinha por objetivo prejudicar o inimigo havia sido resultado da interação cultural entre
Gregos e os Egípcios (BERNAND, 1991 Apud CÂNDIDO, 2004). Geraldine Harris
Pinch17 (PINCH, 1994: 08),diz que a palavra egípcia frequentemente traduzida como
mágica é heka18, e que durante um longo período de tempo, o Egito foi considerado não
somente a Terra do mistério e da magia, mas também, uma fonte de conhecimento oculto,
onde a magia era usada pela divindade criativa com a finalidade de criar o
mundo19.(PINCH, 1994: 08). Além disso, Geraldine Harris Pinch ressalta as três
modalidades para o uso da utilizada no dia-dia, e que no imaginário desta civilização, o uso
da magia representava muito mais do que um simples interesse. O deus da magia, heka, era
descrito como a energia a qual tornava possível o advento da criação, e os Egípcios
acreditavam que todo o ato de mágica era tido como uma continuação do processo criativo.
(PINCH, 1994: 10) O Egiptólogo Robert kriech Ritner 20corrobora nesta pesquisa dizendo
que dez medidas de mágica vieram para o mundo, e o Egito recebeu nove delas; porém, o
resto do mundo recebeu apenas uma medida. (RITNER, 1993: 01) A Dra. Rosalie David21

16André Bernad é um Historiador e Egiptólogo Francês, especialista em inscrições Gregas e Egípcias. Foi professor na Universidade
Francesa de Lille III, em Villeneuve d’Ascq, na França.
17Geraldine Harris Pinch é Egiptóloga, escritora e membro da Faculdade de Estudos Orientais na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
18O deus Heka era definido em uma forma humana, como o Ba (alma ou manifestação) do deus sol. Algumas vezes com o sinal que
descreve seu nome acima de sua cabeça. Heka pode ser identificado como o criador de si mesmo, particularmente quando sua aparência
surge em forma de criança, simbolizando a emergência de uma nova vida.
19Geraldine Pinch em sua obra The Egyptian Magic (1994: 08) fala-nos sobre o mito Egípcio, onde o estado inicial do universo foi o
caos, e que, antes da criação havia apenas a escuridão, um oceano conhecido como Nun. E dentro do Nun, havia uma grande serpente ou
dragão Apepi (Apopis) que incorporava as forças destrutivas do caos. Quando o primeiro país, a primeira colina surgiu do Nun, o espírito
do criador teve um lugar a partir do qual tomar forma. O criador colocou ordem no caos, e, esta ordem divina era personificada por uma
deusa chamada Maat. Segundo Pinch, a palavra Maat trazia o significado de justiça, verdade e harmonia, e assim, finalmente o criador
tinha criado os deuses e os humanos.
20Robert Kriech Kitner escreveu o livro A Mecânica Prática Mágica do Egito Antigo. Chicago: 1993. Kitner é um Egiptólogo
Americano e atua no Instituto Oriental da Universidade de Chicago. (E.U.A)
21Rosalie David é Egiptóloga e atualmente atua como diretora do Centro de Estudos em Egiptologia da Universidade de Manchester, na
Inglaterra.Religião e Magia no Antigo Egito. Tradução: Ângela Machado, São Paulo: Difel. 2011.

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(DAVID, 2011: 46) menciona em sua obra que, os egípcios acreditavam no poder mágico
da palavra escrita e de imagens, pois no Egito Antigo a escrita hieroglífica era considerada
sagrada (DAVID, 2011). Para Rosalie David, os primeiros exemplos da escrita (hieróglifos)
foram encontrados em contextos religiosos. Pois, além de fornecerem uma versão escrita da
língua egípcia, acreditava-se que os hieróglifos pudessem ser utilizados para tornar reais
conceitos ou eventos, por meio da magia. Mas não apenas isto, pois para a especialista em
Egiptologia Rosalie David, os textos compreendidos como “textos mágicos” eram
freqüentemente inscritos em locais dentro das tumbas e em objetos funerários nos quais não
seriam visíveis, uma vez selado o sepulcro. (DAVID, 2011: 51-52).
Heródoto ao traçar o itinerário da magia grega a partir da religião egípcia, deixa
transparecer que a magia que visa fazer mal aos inimigos/ os katádesmoi formava um
conjunto especifico de saber cuja pratica situava-se fora da paideia grega. A materialidade
da presença dos nomes de divindades egípcias nas laminas dos katádesmoi, nos permite
concluir que os profissionais que atuavam no campo das práticas mágicas eram feiticeiros e
magos, que de forma itinerante circulavam pelas regiões do Mediterrâneo, ofertavam o seu
ofício às comunidades por onde passavam, cobrando assim um alto preço pelo trabalho, e
que costumavam fazer a invocação dos deuses locais, nas regiões por onde andavam,
produzindo com isso um repertório próprio e especifico o qual nos cabe analisar. Tanto
Heráclitos de Éfesos22 quanto Platão ratificam a presença desses magoi errantes em Atenas.
Ao falar da presença dos profissionais que atuavam no campo das práticas mágicas, aqueles
os quais viviam como feiticeiros e magos diz Heráclitos (...) os errantesnoturnos, os
magos, os bacantes, as mênades, os mistas. (...) É sem piedade que se iniciam nos mistérios
em voga entre os homens. (HERÁCLITO)23
Platão (Platão, República, II, 364b) considerava má reputação aquelas pessoas que
vagavam pela polis anunciando a posse de um saber capaz de coagir os deuses a prejudicar
os indivíduos considerados inimigos trazendo-lhes a infelicidade e o prejuízo. Os errantes
assumem o epíteto de mendigos e adivinhos itinerantes que iam as portas das pessoas de
recursos tentando persuadi-los da capacidade de saber-fazer feitiços e encantamentos,
inclusive para prejudicar o inimigo. (Platão, República, 364c). O filósofo acrescenta que,

22Heráclito de Éfeso foi um filósofo pré-socrático considerado o “Pai da dialética”. 535-475 a.C, Éfeso, Turquia.
23Fragmentos 14, 16, 18, 26, 32, 35, 49a, 50, 51, 54, 56, 61, 62, 92,102, 110; Tradução de Emanuel Carneiro Leão, p. 02.

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por uma pequena quantia pecuniária, estes magoi faziam a magia negativa de fazer mal ao
inimigo, divulgavam ter a capacidade de persuadir os deuses gregos e egípcios a serem seus
servidores. (Platão, República, II: 364c Apud Cândido, 2004: 68) e Heródoto considerava
que ter sido o resultado da interação cultural entre gregos e egípcios.
A presença do culto a Isis foi analisada pela pesquisadora Marina
Rockenback. 24Percebemos ao longo da leitura sobre essa temática, que as práticas
mencionadas acima transitaram para além dos territórios banhados pelo Mar Mediterrâneo.
Partimos do principio que a Guerra do Peloponeso e a Peste que assolou Atenas
tenham contribuído para a entrada de novos deuses e novas praticas religiosas, como
menciona Robert Parker25 (PARKER, 1996: 153) que antigos ritos convivem agora com
novos deuses, e no espaço da Pólis ateniense, os novos ritos passam a representar uma
religião híbrida na área social e cultural da região do Pireu. A inclusão de deuses
estrangeiros nesse contexto irá contribuir com as novas práticas religiosas dos Gregos,
principalmente na região do Pireu ao qual nos cabe pesquisar.
De acordo com Robert Garland 26 (GARLAND, 1987: 101) a partir de 430 a.C,
houve um amplo crescimento populacional de estrangeiros em Atenas, resultando na
formação de uma cultura hibrida que afeta também o campo dos cultos e rituais religiosos.
Segundo Garland (1987) a origem desses estrangeiros que chegaram ao Porto do Pireu
eram provenientes de locais como Caria, Chipre, Egito, Fenícia, Flígia e Trácia. Garland
afirma que alguns deuses egípcios nesse período e local, acabaram por tornarem-se
incrivelmente populares, tais como a deusa Isis e o deus Serápis. (GARLAND, 1987: 101).
Para Robert Garland (GARLAND, 1987:102), é perfeitamente viável conceber a
demarcação de áreas específicas no Pireu utilizadas pela sociedade da época, tanto com o
propósito naval e comercial, tanto como para fins religiosos. Para o autor, a mais abundante
evidência é fornecida por um conjunto de testemunhos epigráficos reunidos em sua obra, no
apêndice III. São cerca de 150 inscrições registrando dedicatórias, decretos honoríficos,
leis sacras, e ocasionalmente, uma lista de membros de associações religiosas como

24ALMEIDA, Marina Rockenback. Por um comparativismo construtivo do culto à Ísis entre atenienses e egípcios no final do V
século a.C. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2016.
25Robert Parker é Historiador com especialização em História Antiga (religião Grega). Lecionou na Universidade de Oxford, Inglaterra.
26Robert Garland atua como professor da Universidade de Colgate (Nova Iorque, E.U.A) e é escritor, especialista em Estudos sobre
Antiguidade Clássica (Religião Grega).

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Thiasos, Orgeons e Eranos relacionados a divindades estrangeiras. Essas inscrições
normalmente estavam dispostas em cerca de três palavras: O nome da divindade no caso
dativo, seguida ou precedida por uma dedicatória no nominativo, com o verbo “ele/ela
dedicou” (anethêke) (GARLAND, 1987: 102).
Ao conjunto epigráfico de Robert Garland incluímos os katadesmoi que nos permite
analisar a interação cultural entre grego e egípcios no campo da religiosidade, praticas
mágicas e as relações econômicas e sociais estabelecidas no Porto do Pireu. Tal fato nos
leva a questionar. Até que ponto, o uso das práticas mágicas do Egito e o culto aos deuses
egípcios em Atenas interagiram com as divindades gregas? Através da documentação
analisada percebemos que os egípcios costumavam cultuar seus deuses através de oferendas
diárias de comida, bebida, incensos, óleos, roupas, e até mesmo de sacrifício de animais:
será que as práticas mágicas realizadas no Cemitério do Kerameikos também seguiam o
mesmo ritual? Que outros deuses egípcios podemos identificar nas laminas de chumbo dos
katádesmoi?
Tanto no Egito quanto na Grécia, a comunidade em geral cultivava o temor aos
mortos, principalmente daqueles que deixavam esse mundo de forma prematura, antes de se
findar seu tempo na terra como os suicidas, vitimas de assassinatos e crianças. Acreditava-
se que devido a morte prematura detinham a capacidade de gerar a desarmonia entre os
vivos trazendo peste, guerra, doenças, má colheita e morte ao gado.
Nos cabe pesquisar o imaginário social27 dos atenienses em creditar aos magos e
feiticeiros a expertise da prática da magia de fazer mal ao inimigo usando deuses gregos e
egípcios assim como o saber-usar estas almas atormentadas dos mortos para atender à
solicitação dos usuários da magia que deseja remover algum obstáculo, prejudicar algum
adversário ou mesmo levar a morte a um inimigo.
A pesquisadora Maria Regina Cândido afirma em sua obra que “em relação às
palavras indecifráveis para o encantamento presentes na superfície das laminas visavam
criar uma atmosfera ritualística de encantamento junto ao imaginário do usuário da magia

27Segundo Baczko, “Os imaginários sociais constituem outros tantos pontos de referencia no vasto sistema simbólico que qualquer
colectividade produz e através da qual, como disse Mauss, ela se percepciona, divide e elabora os seus próprios objectivos. É assim que,
através dos seus imaginários sociais, uma colectividade designa a sua identidade; elabora uma certa representação de si; estabelece
a distribuição dos papéis e das posições sociais; exprime e impõe crenças comuns; constrói uma espécie de código de ‘bom
comportamento’, designadamente através da instalação de modelos formadores tais como o do ‘chefe’, o “bom súbdito”, o ‘guerreiro
corajoso’, etc.”. (p. 309)

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na qual a noção do secreto deixa transparecer que o acesso era restrito ao magos e/ou
feiticeiras que dominavam a maneira de fazer a magia dos katádesmoi.” (CÂNDIDO,
2004). Logo, a eficácia na realização do processo de imprecação depende da vontade do
solicitante e da autoridade, conhecimento, experiência e perfomance do profissional da
magia ao evocar as divindades gregas e egípcias inscritas nas laminas de chumbo, fato que
conferia credibilidade e valoração aos procedimentos mágicos ao qual nos leva a pesquisar.

3- OBJETIVOS DO PROJETO

1. Identificar a presença de deuses egípcios nas práticas mágicas dos katádesmoi;


2. Analisar as finas lâminas de chumbo, para repensar os embates entre religião e
magia através da historiografia;
3. Demonstrar que havia proximidades entre as culturas do Egito na região de
Atenas através da localização de templos egípcios no Pireu
4. Catalogar e analisar 10 (dez) katadesmoi do final do V século encontrados no
Cemiterio do Kerameikos

4. TEORIA

A abordagem teórica para a pesquisa mobiliza conceitos da História Cultural


presentes na obra A invenção do Cotidiano28 de Michel de Certeau (1998) ao qual
buscaremos analisar questões como o desvio da prática comum de comportamento dos
gregos no âmbito religioso, os quais tinham como estratégia seguir as regras29poliades de
conduta, onde esse desvio parece ter sido promovido pelo evento da guerra do Peloponeso e
da peste que rapidamente se alastrou em Atenas. Antes desses eventos, os gregos

28CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano, Artes de fazer. Tradução: Ephraim Ferreira Alves. Nova Edição estabelecida e
apresentada por Luce Giard. 3ª Edição, Petrópolis: Editora Vozes. 1998. Aplicaremos os conceitos de táticas, estratégias, maneira de
fazer, maneira de usar, subverter por dentro, entre outros.
29Certeau afirma que se pode supor que essas operações que o autor denomina de multiformes e fragmentárias, relativas a ocasiões e a
detalhes, insinuadas e escondidas nos aparelhos das quais elas são os modos de usar, e, portanto desprovidas de ideologias ou de
instituições próprias, obedecem a regras. (1998, p.21)

9
costumavam cultivar os hábitos tradicionais 30 da antiga religião políade, utilizando-se de
espaços públicos, em geral, destinados ao culto dos deuses locais, visando constantemente
o bem comum, o bem da polis, e agindo de acordo com os preceitos já estabelecidos sobre a
ética, a moral, a lógica, a razão e religião oficial, que até acerto ponto, representavam a
ideologia ateniense, seu modo de pensar e agir, e como define Certeau (1998) essas são as
operações culturais dos usuários supostamente entregues à passividade e à disciplina.
(CERTEAU, 1998: 37)
Contudo, a atmosfera na qual vivia a população no início do V século, nos parece
despertar nas pessoas certo sentimento de incerteza, medo, ansiedade e insegurança, já que
ficará perceptível notar a mudança no comportamento da sociedade no que se refere as suas
práticas religiosas. Para Certeau (CERTEAU, 1998: 21) essas práticas colocam em jogo as
táticas do usuário da magia dos katadesmoi, uma maneira especifica de pensar as
investidas do solicitante da magia numa maneira de usar, uma arte de fazer combinada
indissociávelmente de uma arte de utilizar. Essa transformação tornar-se-á visível através
das laminas de chumbo pois nos apontam para um desvio existente na forma que alguns
atenienses passaram a pensar e agir em relação ao culto dos antigos deuses.
A inovação na esfera religiosa passa a ser percebida quando deuses estrangeiros
oriundo do Egito passam a ser cultuados nos antigos santuários erguidos no Pireu, os quais
por séculos haviam servido dado espaço às utilizações das ritualizações cotidianas
(CERTEAU, 1998: 42) com a finalidade de culto a deuses tradicionais como Dionísius,
Elêusis e Cibele, passam a servir para evocar divindades gregas ctônicas como Hermes,
Cérbero, Persefone e Hecate junto com os deuses egípcios como Isis, Seth, Typhon, entre
outros.
Em Atenas, a peste e a Guerra do Peloponeso 31 tornaram-se motivo de desespero e
insegurança para a população, a qual passou a viver cercada por uma atmosfera de
ansiedade e medo. Diante da insegurança, os atenienses buscam nos deuses estrangeiros a

30Operações culturais que são movimentos e cujas trajetórias não são indeterminadas e insuspeitáveis. Op., Cit., p. 44.

31Discurso de Tucídides e de Péricles em Assembléia. Ambos os discursos presentes na obra História da Guerra do Peloponeso: “Os
atenienses cujo território havia sido devastado pela segunda vez e eram vítimas ao mesmo tempo da peste e da guerra, mudaram de
sentimentos.” (TUCÍDIDES, Hist. Guer, Pel. 59 Apud ROCKENBACK, 2016: 23); “[...] Se a cidade pode suportar o infortúnio de seus
habitantes na vida privada, mas o indivíduo não pode resistir aos dela, todos certamente devem defendê-la, em vez de agir como fazeis
agora propondo o sacrifício da segurança da comunidade por estar desesperados com as dificuldades que enfrentais internamente [...]
Sei que vosso descontentamento em relação a mim foi agravado pela peste [...] (TUCÍDIDES, Hist. Guer. Pel. 60/64 Apud
ROCKENBACK, 2016: 23)

10
proteção contra as adversidades e o atendimento as suas solicitações individuais e privadas.
Os atenienses seguem suas existências na polis perdendo sua fé nos antigos deuses poliades
da religião tradicional de Atenas. Além disso, a interação cultural surge no momento a
partir do qual a sociedade passa a aderir a certas práticas religiosas estrangeiras as quais
podemos compreender como práticas de desvio, já que se afasta da tradição dos ateniense,
configurando-se como práticas de teor mágico no qual os usuários da magia não mais
estavam visando o bem comum, o bem coletivo, o bem da polis ateniense, mas sim,
visavam obter uma vantagem pessoal, que poderia ser adquirida através do uso da magia
dos katadesmoi com o intuito de fazer mal ao inimigo e/ou remover um obstáculo. A magia
dos katádesmoi tinha por preceito básico, destruir um inimigo, um oponente que viesse a se
colocar no caminho daquele que havia escolhido como inimigo, utilizando-se com isso dos
serviços freqüentemente ofertados por magos ou feiticeiros, muitas vezes conhecidos como
andarilhos noturnos.
Para Certeau (CERTEAU, 1998: 47) essa trajetória pode ser compreendida dentro
de um sistema onde os magoi evocam os deuses ctônicos gregos e egípcios através das
finas lâminas de chumbo dos katadesmoi visando altas possibilidades de ganho, já que a
situação indica que o fraco deve tirar partido de forças que lhe são estranhas, encontrando
maneiras de se aproveitar da ocasião. Certeau (1998) define este comportamento cultural e
social sobre o uso da magia nas práticas cotidianas, como astúcias de solicitante da magia
que compõe a rede de uma antidisciplina e tipos de operações específicas percebidas
através das maneiras de se fazer esse uso (CERTEAU, 1998: 42).
Os magoi ou feiticeiros eram contratados pelo solicitante da magia de fazer mal ao
inimigo32, e costumavam realizar seu ofício de forma obscura, a noite e oculta, utilizando-se
de espaços dos cemitérios, agindo sorrateiramente, ocultando a identidade do contratante do
serviço,cobrando das pessoas altos valores pela execução da magia, produzindo os objetos
em chumbo através de sua inventividade artesanal e discursividade que combinam todos os
elementos mágicos (CERTEAU, 1998: 47). A fórmula mágica de maldição, também
denominada pelos gregos de imprecação, seria inscrita pelo mago nas lâminas de chumbo

32Práticas ou maneiras de fazer cotidianas como um fundo noturno da atividade social. Op., Cit., p. 37.

11
dos katadesmoi, no intuito de conseguir prejudicar aquele indivíduo o qual o solicitante do
trabalho mágico estava pretendendo retirar definitivamente de seu caminho.
Podemos ressaltar que, foi no início do V século a.C, que o porto do Pireu se tornou
um local habitado por diversos povos, provenientes de diversas regiões distantes da Grécia.
O Pireu era um porto destinado às inúmeras atividades mercantis. Foi também nesse
período que comerciantes de metal e de múltiplos outros tipos de produtos começaram a vir
para Atenas. Esses comerciantes vinham do Egito, Trácia, Flígia, Cária e do Chipre,
visando com isso expandir suas atividades comerciais, seus lucros, e aos poucos,
conseguiram estabelecer no local algumas profícuas relações econômicas e sociais trazendo
junto os especialistas na pratica da magia dos katadesmoi. Contudo, o acelerado
crescimento populacional na região do Pireu, trouxe consigo algumas interações étnicas,
econômicas e inovações no âmbito das práticas religiosas, e também a formação de uma
cultura hibrida, no caso atenienses e egípcios aos quais acabaram por percorrer os campos
dos cultos e rituais religiosos estrangeiros (CÂNDIDO, 2010: 199), e que seriam percebidas
pelos atenienses, ao longo dos séculos seguintes e estendendo-se pelo período clássico e
helenístico.

5. DOCUMENTO E MÉTODO

Neste trabalho, nos propomos a analisar o conjunto de laminas privadas de


catálogos de katádesmoi, e para isso, selecionamos os tabletes de nº IL 372, IL 72 e IL 493,
além de uma estatueta de número PMG IV, que se refere a um feitiço de ligação, também
classificada pelos especialistas de imprecação amorosa.
Os objetos analisados neste projeto em sua maioria, foram encontrados na região da
Ágora Ateniense, no cemitério do Kerameikos (Atenas) e também no Antigo Egito.
A coleção de tabletes analisada bem como as estátuas estão catalogadas, todas as
informações referentes às peças estão dispostas no tópico de número 8 (Anexo) foram
analisadas por meio de metodologia aplicada aos objetos de acordo com o procedimento
dos pesquisadores do NEA (Núcleo de Estudos da Antiguidade) - UERJ

12
Na obra de Gager33 (GAGER, 1992: 115) encontramos 99 Instruções para produzir
figurinhas na mesma receita de PGM, linhas 296-329, exceto que não há sinais de escrever
em nossa estatueta. Enquanto a receita instrui, a estatueta 34 da página 115 (imagem nº 13)
tem os braços atrás das costas e repousa sobre seus joelhos (linhas 301-2); Ela também é
perfurada com treze pregos, conforme prescrito (Linhas 320ff.). Considerando que o
modelo da PGM prevê os nomes a serem introduzidos (deina, "assim e assim"), o nosso
tablete nomeia o cliente como Sarapammon, filho de Área, e a mulher desejada como
Ptolemais, Filha de Aias e Origenes. A magia invoca um número de divindades (ou uma
divindade sob uma longa série de nomes?), Mas o agente imediato é o espírito de um
homem morto, cujo nome é Antinous (amigo de Adriano?) e cuja tarefa é realizar a carga.
Em troca do sucesso do seu encargo, o cliente promete libertar o espírito de Antinous de
sua inquietação. A ocasião é amor-anseio; se o casamento é o objetivo final não é certo,
embora Sarapammon não prevê uma relação de longa data com Ptolemais. As partes em
itálico do texto representam desvios da receita PGM. A tradução aqui em grande parte
segue aquele de GMP, pp. 44-4c. Bibl: Sophie Kambitsis, "Uma nova mesa magica
d'Egypte", Boletim de I'institute Français d'Archeologie Orientale 76 (Cairo, 1976): 213-23
(pratos); SEG 26.1717; G. H. R. Horsley, New Documents Illustrating. O cristianismo
primitivo, vol. 1 (North Ryde, Nova Gales do Sul, 1981), n. 8; SGD 152; Suporte 47
(texto).

6. DOCUMENTAÇÃO TEXTUAL DO PERÍODO

HERÓDOTO. História 1,Clássicos Jackson. Volume XXIII; Prefácio de Vítor


de Azevedo. Tradução: J. Brito Broca. Porto Alegre: W. M. Jackson Inc.
Editores, 1952.

7. DOCUMENTAÇÃO EPIGRÁFICA DO PERÍODO

33GAGER, John G. Curse Tablets and Binding Spells from the Ancient World: New York. Oxford University Press, Inc. 198 Madison Avenue. 1992.
34Gager descreve a figura como uma elegante estatueta feminina perfurada por treze agulhas e encontrada com defixio em uma panela de barro do Egito. A estatueta é
feita de acordo com as direções numa receita conservada em PGM IV, linhas 296-329. (permissão do Museu do Louvre (Paris).

13
G.W. Elderkin. 1936:44 (Tablete I; Figura 1); Hesperia. Journal of the
American School of Classical Studies at Athens; Vol. V: Athens, Greece. 1936.

_____________. 1937:382 (Figura 1; tablet II); Hesperia. Journal of the


American School of Classical Studies at Athens; Vol. V: Athens, Greece. 1937

_____________. 1937:393 (Figura 2; Tablete III); Hesperia. Journal of the


American School of Classical Studies at Athens; Vol. V: Athens, Greece. 1937

Sophie Kambitsis; GAGER, John G. 1992: 115; G.H.R. Horsley. SGD 152,
SuppMag 47 (text)

8. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Marina Rockenback. Por um comparativismo construtivo do culto


à Ísis entre atenienses e egípcios no final do V século a.C. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2016. P.42.
________________________. Mitos, Rituais Funerários e Valores Sociais no
Egito Antigo: 91550-1070 a.C. Revista Mundo Antigo – Ano II; V. 02, Nº 01 –
Junho – 2013 ISSN: 2238-8788. Artigo encontrado em:
http://www.nehmaat.uff.br; http://www.pucg.uff.br
BACZKO, Bronislaw. A imaginação social.In: Leach, Edmund et
Alii.Anthropos-Homem.Lisboa,Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985.
BERGER, Peter. O Dossel Sagrado. Elementos para uma teoria sociológica da
religião. Org. Luiz Roberto Benedetti; Tradução José Carlos Barcellos. – São
Paulo: Ed: Paulinas, 1985.
CÂNDIDO, Maria Regina. As práticas da magia dos katádesmoi na Atenas
Clássica e Helenística. NEA – UERJ, 2006;
___________________. As Práticas da Magia na Atenas Clássica e ao longo
do Mar Mediterrâneo – pesquisa financiada pelo Programa Próciência da
UERJ/FAPERJ: 2004-2008-2011.

14
CAMPOS, Carlos Eduardo da Costa. Uma perspectiva comparada entre os
espaços sagrados de depósito dos defixiones de Uley e Sagunto, nos séculos I e
II d.C. NEA- UERJ, 2006
CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano, Artes de fazer. Tradução:
Ephraim Ferreira Alves. Nova Edição estabelecida e apresentada por Luce
Giard. 3ª Edição, Petrópolis: Editora Vozes. 1998.
DAVID, Rosalie. Religião e Magia no Antigo Egito. Tradução: Ângela
Machado, São Paulo: Difel. 2011.
DEAN-JONES, Lesley A. PATTERSON, James. The Transformation of
Hecate: Evolution of the Goddess from 800 BCE to 400 BCE. Imogen Sealy.
HMN 370. Special Honors in the Department of Humanities. The University of
Texas at Austin. 2016.
DUBOIS, Guy. A Sociedade do Espetáculo. eBookLibris. 2003.

EHESS: Athenes. Le secret public et les Mystèresdits Privés. Ktema.Strasboug:


Université March Bloch de Strassbourg, 1998, nº
FLINT, Valerie; GORDON, Richard; LUCK Georg; OGDEN, Daniel.
Witchcraft and Magic in Europe. Ancient Greece and Rome. The Athlone
Press: London. 1999.
GAGER, John G. Curse Tablets and Binding Spells from the Ancient World: New
York. Oxford University Press, Inc. 198 Madison Avenue. 1992.
GARLAND, Robert. The Greek Way of Death. Cornel University Press: New
York, 1995.
_______________. Introductioning New Gods. Gerald DuckWorth&Co. Ltd:
London. 1992.
_______________. Religion and the Greeks. Classical World Series. Bristol
Classical Press General Editor: John H. Betts. Series Editor; Michael
Gunningham: Gerald DuckWorth&Co. Ltd: London.1994.
_______________. The Piraeus. Gerald DuckWorth&Co. Ltd: London. 1987.
GORDON, Richard Lindsay. Greek Religion. Vol. 49, Edição nº 2. Max Weber
Kolleg, Alemanha: Outubro, 2002, PP. 262-269.

15
KITNER, Robert Kriech. A Mecânica Prática Mágica do Egito Antigo.
Chicago: 1993.
MONTERO, Paula. Magia e Pensamento Mágico. São Paulo: Ática. 1986.

PACHECO, Yasmin da Siva. Magia na Atenas Clássica: Um conceito e uma


prática por meio dos katádesmói.UFRN, 2015.
PARKER, Robert. Athenian Religion. Claderdon Press. Oxford: New York.
1996.
______________. Polytheism and Society at Athens. Oxford University Press.
Oxford: New York. 2005.
PINCH, Geraldine Harris. The Egyptian Magic. London: British Museum Press.
1994.
VILLANEUVA, Mario Agudo. Hécate: Entre La vida y La Muerte. Hacia
uma lectura global de La evolución de SUS atributos. Universidad
Complutense de Madrid. Mediterráneo Antiguo: Enero. 2016.
Maldición contra Ptolemaide : https://www.youtube.com/watch?v=R0zjdPbMZA8

9. ANEXO:
Identificação do objeto de Nº 1

Estatueta: PMG IV
Qualificação: Imprecação Amorosa, Feitiço de Ligação
Data: Século IV d.C
Localização:Museu do Louvre (Paris)
Inventário: SEG 26.1717
Procedência: Cairo, Egito
Tamanho: 11 X 11 cm
Acessórios: Estatueta Feminina perfurada por treze pregos
Bibliografia: GMP, pp. 44-4c. Bibl: Sophie Kambitsis; GAGER, John G. 1992:
115; G.H.R. Horsley. SGD 152, SuppMag 47 (text)

16
Tradução da receita encontrada juntamente com a boneca PGM, linhas 296-329, página
115, imagem nº 13 (linhas 301-2 e Linhas 320ff.).

“Eu confio este feitiço de ligação a você, deuses do submundo, Pluton, Kore, Persephone, Ereschigal ,
Adonis, BARBARITH e Hermes do submundo e Thoth PHGKENSEPSEU EREKTATHOU MISONKTAIK e
para o Poderoso Anubis, PSERIPHTHA que detém as chaves para (as portas de) Hades, para deuses
infernais, a homens e mulheres que morreram mortes prematuras, a jovens e donzelas, de ano para ano, mês
a mês, dia a dia, hora a hora, noite à noite. Eu conjuro todos os espíritos neste lugar para ficar como
assistentes a este espírito, Antinoos. E desperte-se para mim e vá a cada lugar e em cada quarto e para cada
casa para ligar Ptolemais, a quem Aias deu nascimento, a filha de Origenes, a fim de que ela não possa ser
promíscua. Não deixe-a ser analizada, nem deixe-a fazer nada por prazer com outro homem, só comigo
sozinho. Sarapammon, a quem a Área deu à luz, não deixe que ela beba ou coma, que não demonstre afeição,
nem saia, nem encontrealguémpara dormir sem mim, Sarapammon, a quem Área deu à luz. Eu te
conjuro, espírito do homem morto, Antinoos, pelo nome que causa medo e tremor, o nome em cujo som a
terra se abre, o nome em cujo som aterrador os espíritos estão aterrorizados, o nome em cujo som os rios e
as pedras explodem. Eu conjuro você, espírito do homem morto, Antinoos, por
BARBARATHAMCHELOUMBRA, BAROUCH, por ABRASAX e por IAC PAKEPTOTH PAKEBRAOTH,
SABARBAPHAEI e por MARMARAOUOTH e por MARMARACHTHA, MAMAZAGAR. Não falhe, espírito
do morto, Antinoos, mas desperte para mim e vá a cada lugar, a cada quarteirão, em cada casa e chamar a
mim Ptolemais, a quem Área deu à luz, a filha de Orígenes e com um feitiço mantê-la sem comer e beber, até
que ela vem a mim, Sarapammon, a quem Área deu à luz, e não lhe permite aceitar por prazer a tentativa de
qualquer homem, só isso de mim, Sarapammon. Arraste-a pelo cabelo e seu coração até que ela não mais se
distancie de mim, Sarapammon, a quem a Área deu à luz, e eu Ptolemais, a quem Areas deu à luz, filha de
Origenes, obediente por todo o tempo da minha vida, cheia de amor por mim, desejando-me, falando-me as
coisas que ela tem em sua mente. Se você conseguir isso para mim, eu Irei libertá-lo.”

Identificação do objeto de Nº 2

Tablete I; Figura 1
Defíxios: IL Nº 72
Qualificação: Imprecação Amorosa
Data: III aC +/- 350 - 342 a.C
Localização:Atenas, coleção privada
Inventário: Inscribed Lead Tablet; Tablet I; 1440 – IL 72
Procedência:Ágora Ateniense

17
Tamanho: 0.16 X 0.116 m
Acessórios: Estava enrolado; não estava transpassado com uma unha
Bibliografia: G.W. Elderkin, 1936:44 (Tablete I; Figura 1); Hesperia. Journal
of the American School of Classical Studies at Athens; Vol. V: Athens, Greece. 1936.

Tradução referente à Imprecação Amorosa inscrita no Tablete I, Figura 1 – Defíxios Nº IL Nº 72

1 ...................Barbarphorbobaborb....................borphabai.
2.......................Eu entrego para Eros a qual Isigenia nua.
3.....[ você pode ligar com mágica] sua digestão(?) e seu julgamento.
4...............abaixo(?) tua névoa e aqueles com ele você pode [receber?] dentro
5...............para sempre, e você pode gelar para nada
6 Qualquer ato ele está prestes a realizar, refrear e não
7 [permitir a ele] fazer [nada]. Mas se ele até mesmo desejar fazer alguma coisa
8........................(linha inteligível)........................................................................
9 Eu entrego a você Eros a qual Isigenia nua, poderoso Typhon
10.....................Seth sabaoth eaanan........Apomps Phriourigz
11 Que Le pode desaparecer e tornar-se frio o chaoi eheilops.
12 Deixo Eros tornar-se frio e seus romances com ele sim poderoso
13 Typhon Iao Iakonbia io Erbeth Bolehoseth Patathnax
14 Apompso....erro....Deixo Eros tornar-se frio e seus romances com ele
15 Como estes nomes se tornam frios então também de Eros
16 Deixe gelar o nome, a alma, a ira, a memória, o zelo, a
17 razão. Deixe-o ficar sem alma, sem discurso, sem memória, sem coração, como
18 aquele que não escuta nada curioso.

Identificação do objeto de Nº 3

Tablete II

Defíxios: IL Nº 372
Qualificação: Imprecação Amorosa
Data: III aC +/- 350 - 342 a.C
Localização:Atenas, coleção privada
Inventário: A Maledictory Diptych; Tablet II; IL 372; Coluna 1 e Coluna 2
Procedência: Região da Ágora Ateniense
Tamanho: 0.225 X 0.15
Acessórios: Estava enrolado; estava transpassado com uma unha
Bibliografia: G.W.Elderkin, 1937:382 (Figura 1; tablet II); Hesperia. Journal of the
American School of Classical Studies at Athens; Vol. V: Athens, Greece. 1937

18
Tradução da Coluna 1 referente ao Tablete II – Defíxios IL Nº 372
1 Barbaphorphorbarphorbor Bora Borbor Barbar
2 phorbabaie, poderoso Typhos, Eu entrego a você
3 Philostrata a qual Gorgippia nua de acordo que você possa gelar ela toda (tudo dela),
4 Seu espírito, vida, poder,
5 força, corpo, membros, tendões, ossos, veias,
6 artérias, coração, unhas, fígado,
7 pulmões, tudo dentro dela, sim Senhor Typhos
8 Vingue..........................aquela.......................................nua
9 ..............................e ajude-o pois Philostrata aquela Gorgippia
10 nua desonrada (?) o sacerdote dela
11 de Afrodite (?)
12 .................................................................................................
13................................................ ...........................destes (?) bebendo
14 ...........................................................................peteiere aroia
15 aiai gele tudo com Philostrata a qual
16 Gorgippia nua, espírito, vida, poder
17 força, corpo, membros, tendões, ossos,
18 veias, artérias, coração, unhas,
19 pulmões, fígado, tudo dentro dela
20 Poderoso Typhos....................................a ......... te..............basou
21 ea aaaaaa (paralise e ) gele,
22 de acordo que ela possa desaparecer, ....................Philostrata
23 Aquela Gorgippia nua. Iao Iakoubia Io Erbeth Io
24 Bolchoseth Tebapagaphoeamach Apopsoe
25 pho Setnepheeoenonesuriphreuknon
26 leueeririke Phoraiken, como estes nomes
27 estão gelados assim também de Philostrata aquela Gorgippia
28 nua deixe ser gelado o espírito, vida, poder

Tradução da Coluna 2 referente ao Tablete II – Defíxios IL Nº 372


29 força, corpo, membros, tendões, veias, ossos,
30 artérias, coração, unhas, fígado, pulmões
31 tudo de acordo que ela possa ser paralisada. Aicaoe
32 lerthexaiozethre luoodaiemarebaieba
33 ppiataoaoeaicoedeedepachpach,
34 Senhor Typhos, paralise Philostrata aquela Gorgippia
35 nua e gele seus membros, corpo
36 poder, força, espírito, coração,
37 fígado, tendões, artérias, unhas
38 mãos, pés porque....................................................

19
39.................................................................................
40 ................................................................................
41 males (?)
42 deus Typhon
43 ................................................................................
44 ................................................................................
45.................................................................................
46 .................................(eu devolvo a você) Philostrata nua
47 aquela Gorgippia nua............aaaaaa, para parankennel
48 rígido e gelado
49 Tytphos (gele e) paralise Philostrata
50 aquela Gorgippia nua mas gele
51 Gele de novo

Identificação do objeto de Nº 4

Tablete III

Defíxios: IL Nº 493
Qualificação: Imprecação contra Roubo
Data: I Século d.C
Localização:Atenas, coleção privada
Inventário: Nº IL 493; Figura 2; Tablete III
Procedência: Região da Ágora Ateniense
Tamanho: 0.23 X 0.177m
Acessórios: Estava enrolado
Bibliografia: G.W.Elderkin, 1937:393 (Figura 2; Tablete III); Hesperia. Journal of the
American School of Classical Studies at Athens; Vol. V: Athens, Greece. 1937

Tradução referente à Imprecação contra Roubo inscrita no Tablete III – Defíxios Nº IL 493

1 .............es, tenha consideração por o inscritor


2 e o perdedor pois não de boa vontade
3 mas obrigado pelos ladrões
4 ele fez isso, eu inscrevo e consigno
5 para Pluto, o destino e Perséphone
6 e para Fúria e todo mal, eu consigno
7 comedor de animais, eu consigno para as deusas do submundo (as duas deusas) e deuses
8 e para Hermes mensageiro, eu consigno os ladrões que levaram seus
9 nomes da casinha de um determinado bairro de favelas
10 Lanço o ladrão a Hécate, restaure (?) três colchas
11 um novo manto branco até mesmo uma medida de milho (?)
12 .................................................................................................
13.............três choupas brancas, uma árvore de mastigar, uma árvore de pimenta. Mais
14 Eu consigno também aqueles que tem conhecimento do furto e
15 negam que eles sabem sobre isso. E eu consigno tudo (deles). E recebo.
16 Escute esta mensagem, Hécate. Eu inscrevo

20
17 Óh senhora Hécate Urania. Hécate Katachonia,
18 Hécate das encruzilhadas, Hécate Trimorphous
19 Hécate de uma pessoa apenas, fantasia sobre os corações
20 Ligue os ladrões or
21 O ladrão que roubou as coisas mencionadas.
22 Ligue (?) aqueles que tem conhecimento do furto
23 Eu inscrevo, Hécate……………………………………..
24 ...........................................................................................
25 ............................................ou eles ou ele
26 ............................................para eles
27 ...........................................................................................
28 ...........................................................eles
29 ...................................tenha consideração por mim, o inscritor e o perdedor

21
22

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