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Vamos falar de empatia

A empatia é a “supercola” que liga as pessoas e que sustenta a cooperação e a


amabilidade, motivando comportamentos pró-sociais e reduzindo comportamentos
negativos como a agressão e o bullying. Não é um traço inato e estável, o que por si só
pode ser positivo, pois permite-nos esforçar para melhorar esta competência em nós,
adotando uma mentalidade de crescimento, isto é, de melhoria/excelência contínua. E
se queremos desenvolver a nossa capacidade de empatia, mais vale garantirmos que
estamos a desenvolver o tipo certo. (Equipa PsiCarreiras OPP, 2022)
A empatia é um conceito abrangente que descreve formas diferentes de reagirmos e
respondermos às emoções e aos sentimentos dos outros. A empatia é vermos o
mundo com os olhos do outro. Por oposição, a ver o nosso mundo refletido nos olhos
do outro.
É colocarmo-nos no lugar do outro, mas não com as nossas competências, experiências
e recursos, com a nossa perspetiva. É fazer o exercício de imaginar como seria se
observássemos a realidade a partir da perspetiva de outra pessoa, com as suas
circunstâncias, experiências e recursos. Implica ouvirmos aquilo que o outro nos diz
sobre a sua experiência, ou tentarmos compreender o que a situação significa para ele,
considerando tudo o que sabemos acerca da pessoa. Ser empático não significa fazer
aos outros o que gostaríamos que nos fizessem a nós, pois estaríamos a assumir que os
sentimentos, desejos e necessidades dos outros coincidem com os nossos. Ser
empático é descobrir que sentimentos, desejos e necessidades são os do outro. A
empatia é a ponte emocional que promove os comportamentos pró sociais, que pode
impulsionar-nos a agir e ajudar os outros, mesmo quando não os conhecemos. A
sermos generosos, a colaborar, a perdoar ou a realizar voluntariado. (Ordem dos
Psicólogos Portugueses, 2022)
A empatia assume um caráter importante, porque a empatia permite-nos relacionar
com família e amigos, colegas de trabalho e desconhecidos. Não há duas pessoas
iguais. Numa relação, cada pessoa traz as suas ideias, experiências e dificuldades. Se
não tentarmos compreender os sentimentos e a perspetiva da outra pessoa, seja ela
quem for, o nosso filho ou a nossa chefe, o mais provável é que se sinta
desconsiderado, que existam mais conflitos e que a relação não corra bem. Sermos
empáticos também pode ter um grande impacto na comunidade em que vivemos,
assim como benefícios para nós próprios: Maior bem-estar, mais conexão com os
outros e melhor saúde física e psicológica. (Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2022)
A empatia não traz só coisas boas. Aquilo que sentimos quando somos empáticos, nem
sempre é agradável. Perante alguém que sofreu violência, podemos sentir compaixão,
mas também raiva. Quando partilhamos a alegria de um amigo que foi promovido no
trabalho, experimentamos um pouco da sua felicidade, mas também podemos sentir
inveja. Para além disso, a empatia não promove só a cooperação e o altruísmo.
Também pode agravar as divisões entre grupos e inspirar discriminação. Isto porque
temos tendência a ser mais empáticos com pessoas que partilham circunstâncias
sociais, culturais e políticas semelhantes às nossas. Damos preferência e ajudamos
mais as pessoas que são como nós, do nosso grupo. (Ordem dos Psicólogos
Portugueses, 2022)
De seguida, importa salientar as formas como podemos cultivar a empatia, tais como:
 Reconhecer que a empatia se pode desenvolver e controlar;
 Ser curiosa/o. Para se ser empático é preciso termos curiosidade sobre outra
pessoa, sobre a sua perspetiva, sentimentos e motivações.
 Ouvir com atenção. Não só em silêncio, mas também fazendo perguntas,
criando um ambiente seguro para conversar abertamente. Ser empático não é
saber fazer a leitura da mente, é perguntar e mostrar interesse pelos
pensamentos e sentimentos do outro.
 Ler ficção. Ler histórias sobre diferentes personagens e ambientes, pode
ajudar-nos a compreender melhor os outros, as suas reações e motivações;
 Identificar pontos em comum. Quando interagimos com alguém, podemos
procurar semelhanças, em vez de nos focarmos nas diferenças.
 Questionarmo-nos e pormo-nos em causa. Antes de julgarmos o outro,
colocarmos a hipótese que podemos ser nós a estar errados e procurarmos
explicações alternativas. Todos nós somos influenciados por preconceitos,
consciente ou inconscientemente.
 Preocuparmo-nos genuinamente com o bem-estar dos outros. “O que posso
fazer para ajudar aquela pessoa a sentir-se melhor?”; “Como posso contribuir
para uma causa?”;
 Expormo-nos à diferença. Para conseguirmos imaginar a perspetiva de outra
pessoa, quanto mais informação, melhor. Podemos conhecer pessoas com
experiências e circunstâncias diferentes da nossa. Estar mais atento aos outros
permite-nos sentir mais cuidado e preocupação para com os seus sentimentos
e experiências, mesmo quando sentimos esses outros como “diferentes” de
nós. Para motivar a empatia, devemos procurar as semelhanças em vez de nos
focarmos nas diferenças;
 Compreenda os seus próprios bloqueios e questione-se: as pesquisas mostram
que todos temos as nossas linhas vermelhas em termos de empatia, áreas em
que temos mais dificuldade em ser empáticos, assumindo que podemos estar
errados nas nossas assunções, mantendo a abertura para procurar e aprender
explicações alternativas.
Após clarificar o conceito de empatia, importa diferenciá-lo de simpatia. Simpatia é um
sentimento de afinidade com determinada pessoa, que leva o indivíduo a estabelecer
uma harmonia no encontro com ela. Simpatizamos com amigos e com as pessoas com
quem partilhamos afinidades, interesses e valores e nas quais reconhecemos alguma
compatibilidade e complementariedade com o nosso funcionamento. Demonstrar
simpatia por alguém, isto é, gentiliza e amabilidade, sendo-se amistoso, agradável e
educado, não implica necessariamente que também se seja empático. Muitas vezes, a
simpatia pode até esconder uma empatia diminuta, nos casos em que a simpatia é
utilizada para agradar e estimular no outro sentimentos positivos em relação a nós,
com o intuito de se obter algum tipo de aprovação e valorização narcísica. (Valério,
2018)

Proposta de filmes: Intouchables (2011) e A Beautiful Day in the Neighborhood (2019)


Proposta de livros: O Fator Empatia de Marie R. Miyashiro (2022) e Eu e os Outros de
Anna Vivarelli (2017)
Bibliografia
Equipa PsiCarreiras OPP. (24 de fevereiro de 2022). A Arte da Empatia para Psicólogos
e Psicólogas(e restantes Seres-Humanos). Obtido de PsiCarreiras OPP:
https://psicarreiras.ordemdospsicologos.pt/a-arte-da-empatia-para-psicologos-e-
psicologase-restantes-seres-humanos/
MESQUITA, R., & DUARTE, F. (1996). Dicionário de Psicologia - 1ª edição. PLÁTANO
EDITORA, S.A.
Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2022). Empatia. Programa Eusinto.me. Obtido de
https://www.youtube.com/watch?v=7p9sMSSA93E&ab_channel=OrdemdosPsic
%C3%B3logosPortugueses
Valério, J. S. (2018). Empatia e Simpatia: qual a diferença? Obtido de Psicologia.pt:
https://www.psicologia.pt/artigos/ver_carreira.php?empatia-e-simpatia-qual-a-
diferenca&id=359

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