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Ler e aprender matemática

Um dos diversos desafios a serem enfrentados pela escola é o de fazer com


que os alunos sejam leitores fluentes, pois grande parte das informações de
que necessitamos para viver em sociedade e construir conhecimento são
encontradas na forma escrita.

Nossos estudos tem mostrado que é cada vez mais importante que a leitura
seja objeto de preocupação também nas aulas de matemática, assunto que
abordaremos neste capitulo.

A leitura constrói-se na interação entre leitor e o texto por meio de um processo


no qual o pensamento e a linguagem estão envolvidos em troca continuas. Ler
é uma atividade dinâmica, que abre ao leitor amplas possibilidades de relação
ao mundo e compreensão da realidade que cerca que lhe permite inserir-se no
mundo cultural da sociedade em que vive.

A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização


que o leitor faz, no ato de ler, do conhecimento que ele adquiriu ao longo de
sua vida: o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento
de mundo.

Compreender um texto é uma tarefa difícil, que envolve interpretação,


decodificação, análise, síntese, seleção, antecipação e autocorreção. Quanto
maior a compreensão do texto, mais o leitor poderá aprender a partir do que lê.

Alem dos termos e sinais específicos, existe na linguagem matemática uma


organização de escrita nem sempre similar àquela que encontramos nos textos
de língua materna, o que exige um processo particular de leitura, onde
podemos ver isso no exemplo abaixo que os alunos devem aprender a ler
matemática e ler matemática durante as aulas dessa disciplina, pois para
interpretar um texto matemático, o leitor precisa familiarizar-se com a
linguagem e símbolos próprios desse componente curricular, encontrando
sentido no que lê, compreendendo o significado das formas escritas que são
inerentes ao texto matemático, percebendo como ele se articula e expressa
conhecimentos.

No entanto, formar um leitor não é uma tarefa simples e envolve uma série de
processos cognitivos, e por que não dizer afetivos e sociais, que permitirão
uma aprendizagem mais ou menos significativa, dependendo de quando o
professor valoriza as leituras nas aulas de matemática. Do mesmo modo ocorre
nas aulas de língua materna, é muito difícil que alguém que não valorize a
leitura, que não sinta prazer em ler, consiga transmiti-lo aos demais.

Também consideramos necessário criar uma rotina de leitura que articule


momentos de leitura individual, oral, silenciosa ou compartilhada de modo que,
nas aulas de matemática, os alunos defrontem-se com situações efetivas e
diversificadas de leitura.

As atividades de leitura sempre tem uma finalidade. Em nossa vida como


leitores, lemos por algum motivo, e isso nos auxilia a selecionar o que iremos
ler e determina nosso modo de ler. Assim segundo o tipo de informação que
precisamos, buscamos um livro, um dicionário, um jornal, um jibi, ou qualquer
outro portador de texto.

Para que as crianças sejam leitoras fluentes, é preciso que as propostas de


leitura em qualquer disciplina considerem as práticas habituais de um leitor
autônomo nas situações escolares e ajudem os alunos a descobrirem como ler
e com quais objetivos em cada caso.

A dificuldade que os alunos encontram em ler e compreender textos de


problemas estão, entre outros fatores, ligados a ausência de um trabalho
especifica com o texto do problema.

Para que tais dificuldades sejam superadas, e para que surjam dificuldades, é
preciso alguns cuidados desde o inicio da escolarização, ou seja, desde o
período de alfabetização.

Quando aos alunos ainda não são leitores, o professor pode ler todo o
problema para eles e, posteriormente, quando passam a ler o texto, pode
auxilia-los nessa leitura, garantindo que todos compreendessem o problema,
cuidando para não enfatizar palavras-chave nem usar qualquer recurso que
impeça de buscar a solução por si mesma.

Ao mesmo tempo em que percebe que seus alunos ganham fluência na leitura
de textos diversos, o professor pode propor outras atividades que envolvam
textos de problemas.

A leitura individual ou em dupla auxilia os alunos a buscarem um sentido para o


texto. Nessa leitura, o professor pode indicar a cada leitor que tente descobrir
sobre o que o problema fala, qual é a pergunta, se há palavras desconhecidas,
ou ainda explicar o problema para um colega.

Assim, se houver um dado do problema ou um termo que seja indispensável e


que os alunos não conheçam ou não saibam ler, principalmente no inicio do
ano, o professor deve revelar seu significado e proceder à leitura correta.

Ao realizar essa atividade com classe, são necessários alguns cuidados, como
garantir que haja entre as operações algumas que sejam inadequadas,
diferentes operações que conduzam a resposta do problema ou um conjunto
de operações que não se encaixem no problema proposto. Ao final da
atividade, é fundamental que todos apresentem suas justificativas para
escolhas realizadas, as quais podem ser registradas no caderno.

É comum que o livro didático de matemática seja utilizado como manual de


exercícios, ou seja, lido exclusivamente pelo professor.

A finalidade básica de proporcionarmos momentos em que os alunos leiam o


livro didático é que eles ampliem os conhecimentos de que dispõem sobre
noções e conceitos matemáticos e que ganhem autonomia para buscar e
selecionar informações matemáticas nos mais variados contextos, ou seja,
desejamos que eles leiam para estudar e aprender.

Para introduzir aos alunos a leitura do livro didático, sugerimos que primeiro o
professor selecione previamente alguns trechos do livro, os quais estejam de
acordo com os conceitos que estiver explorando no momento. Os alunos
podem reunir-se em duplas ou em grupos, e o professor lê o texto com eles,
ajudando-os a prestarem atenção a determinados aspectos característicos do
texto matemático: títulos, exemplos, palavras especiais, uso de letras diferentes
ilustrações, etc. isto os auxilia a perceberem do que o texto trata, de que
recursos o autor dispôs para chamar atenção, destacar ideias, ilustrar uma
explicação.

Outra estratégia que auxilia na introdução da leitura do livro didático é expor


aos alunos o tema que será lido e pedir-lhes que falem o que sabem sobre o
assunto.

Fazer leitura compartilhada é um outro modo que temos utilizado nessa


proposta de fazer do aluno um leitor também em matemática.

Para finalizar esse assunto , gostaríamos de dizer que estas não são
sequencias rígidas, nem as únicas possíveis. Uma das formas de variar a
proposta é que os alunos formulem questões a serem respondidas por todos
durante ou após a leitura. O importante é que, como professores, possamos
perceber que para o aluno ter autonomia no uso do livro como fonte de
informações é necessário que seja auxiliado no processo de tornar-se leitor.

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