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Edição 2006
ISSN 1519-2415
PERSÉFONE (A MULHER ENTRE OS ESPAÇOS)
NOELIZA LIMA (ngroupsy@yahoo.com)
Este artigo fala da mulher atual, suas buscas e caminhos. Pretende-se apresentar o
mito de Perséfone como a deusa criativa, sensível, intuitiva, cuidadora ,
características associadas a busca da mulher pós feminista, em seus espaços. Na
introdução conta-se o mito de Perséfone, para logo mais revê-la na leitura de
psicologia do gênero.
Perséfone e Deméter são uma representação só. São a imersão no psíquico e no real.
Representam a vida criativa, a expressão do ser perante si mesmo e o mundo, a
abertura e o fechamento, a permissão e a interdição. No momento em que Perséfone
está com a mãe, a natureza se renova. Quando ela está com Hades, a natureza
adormece.
Entretanto a coisa não é tão bonita quanto parece. A mulher ao sair do privado
para o público contesta toda uma cultura preconceituosa. Segundo Skinner (1970)
qualquer comportamento para se manter necessita ser reforçado. Uma vez que a
mulher é punida ao se expor, em violência aberta ou sutil, poderá aumentar seus
danos psicológicos e/ou físicos. Toda mulher sente isto, e pode se recusar a ir em
frente. Ela estagna. Deméter também parou em um primeiro momento, ao verificar que
não achava a filha. Deprimiu-se, ficou velha e feia.
A mulher quando desiste, mesmo por pouco tempo, sente esta morte de alma. A
depressão na meia idade assemelha-se bastante a este estado de inanição afetiva.
Um paralelo pode ser traçado em relação a mulheres em casamentos infelizes, que
não satisfazem a sua fome de espírito. Também se sentem feias, sem saída. A mulher
em sendo programada para o casamento de fantasia, romântico, muitas vezes prende-
se nesta armadilha. Casos clínicos também fornecem tais dados, independente de
gênero e sexualidade.
Há que se considerar estes fatos quando se organizam grupos de mulheres, seja de
instituições ou privados, hetero ou homoafetivos. A autonomia pode não ser o
melhor. Leva-se em consideração o desejo da mulher, que parece atávico, ao querer
desprender-se - e o fato de que a estagnação da mulher parece levar a somatizações
e doenças.