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Ródão: A Mais Fantástica Viagem de Um Grão de Areia. Associação de Estudos Do Alto Tejo, 21p. (Com Versão em Braille)
Ródão: A Mais Fantástica Viagem de Um Grão de Areia. Associação de Estudos Do Alto Tejo, 21p. (Com Versão em Braille)
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All content following this page was uploaded by Carlos Neto De Carvalho on 18 October 2014.
Autor
Carlos Neto de Carvalho
Ilustrações
Alunos do 2º Ciclo, do
Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão
Edição
Associação de Estudos do Alto Tejo
www.altotejo.org
altotejo@gmail.com
Impressão e acabamento
Gráfica do Tortosendo…
ISBN
978-989-95004-3-3
Depósito Legal
…(coloca a gráfica)
1 À minha mãe
Carlos Neto de Carvalho
Ah! Ainda não nos apresentámos: sou o Ródão, o
grão de areia. Mas não sou um qualquer entre os
milhões que se podem encontrar nesta praia. Sou o
maior, o mais transparente e roladinho grão de
quartzo das redondezas. Não pensem que eu tenho
a mania: são poucos os minerais que conseguem
fazer uma viagem tão longa até ao mar. Sou um
campeão da resistência! E muito rápido, por ser
mais redondinho do que a maioria dos meus
2
irmãos. Daí o nome que me deram. E não gosto de
ficar quieto como uma pedra…
Agora que cheguei ao mar é que vi como é gira esta
coisa das marés: aquele astro que brilha na noite,
chamado Lua, está sempre a tentar atrair as águas
do Oceano. Quando a maré sobe, gosto de surfar
nas ondas. Mas quando a maré baixa, sabe bem
ficar de papo para o ar a sentir a luz do Sol a
aquecer-me a estrutura cristalina.
3
Eh pá, está a ficar escuro! À velocidade com que
aquelas nuvens negras se estão a juntar e o vento a
aumentar, é certinho que vamos ter tempestade. E
se ela é forte por estas paragens! As ondas estão a
aumentar assustadoramente de tamanho
empurradas pelo vento que não pára de assobiar.
Não quero apanhar com tanta água em cima…
4
Bolas! Mas o que é isto? Um tremor-de-terra: bela
altura para o Oceano decidir crescer! Oh, não! O
movimento do fundo marinho está a criar uma
onda enorme que vai entrar pela praia dentro,
arrastando-nos a todos. Ahhh! Em segundos, estou
no meio do mar, entre ondas e remoinhos. Tanta
agitação está a deixar-me agoniado: ainda vomito
as inclusões fluidas!
5
O que vale é que, depois da tempestade, vem o
bom tempo. Após alguns dias, vim parar no fundo
do mar. O mais chato é que não vejo nada pois,
sendo o maior e mais pesado grão de areia,
também fui o primeiro a chegar. Agora tenho
milhares de grãos de quartzo e micas por cima de
mim, eu que gosto tanto de olhar a paisagem e
aprender com o que vejo!
6
Quanto tempo mais terei que ficar na escuridão do
fundo marinho? Hei! Algo está a fazer mexer os
meus vizinhos…é uma Trilobite! Chamam-lhe
animal porque tem olhos para ver o mundo e patas
para viajar em busca de alimento. Pfff, grande
coisa! De certeza que uma Trilobite não consegue
viver fora do Oceano. Além disso, para ver e se
proteger ou andar precisa de uma armadura, um
esqueleto feito de um mineral chamado calcite.
7
Eu tenho orgulho em ser quartzo, um mineral: não
sou um ser vivo e, por isso, não posso ter filhos
parecidos comigo, mas ficarei na Terra por muito,
muito mais tempo!
Hei, que fazes? Não me leves à tua boca que não
sou comida. Arghhh, que nojo! Tens olhos, mas não
sabes separar a areia dos minúsculos restos de
animais com que te alimentas. Acabei de ganhar
uma viagem pelo intestino deste artrópode cheio de
patas e pêlos…os teus filhos hão-de sofrer de gases
fedorentos!
8
Ora, tudo o que entra nestas fábricas de produção
genética acaba por sair…sob a forma de cocó! Cá
estou eu, de novo no fundo marinho, unido a outros
companheiros de azar por muco pegajoso, num
comboio de fezes que só sairá do sítio se outro
animal decompositor as comer. Isto é que é vida?
Milhões e milhões de dias se passaram. Eu e os
meus colegas de digestão por aqui ficámos a ver
chegar companheiros com o mesmo destino ou
9
livres…como os grãos de areia devem ser!
Estávamos cada vez mais próximos uns dos outros
pelo peso de biliões de grãos que se acumulavam
em camadas depositadas, progressivamente, umas
sobre as outras. Mas, ultimamente, a convivência
com os meus irmãos tornou-se insuportável. A
pressão é tanta que quase me esmaga. Estamos tão
apertados que o calor nos derrete as extremidades,
tão juntinhos que ficamos colados uns nos outros! Já
não sou o Ródão, um livre grão de quartzo. Agora
sou um dos minerais que formam a rocha a quem
10
chamam Quartzito, dobrada pelos movimentos e
pelo calor vindo do interior da Terra. Quando serei
livre de novo e verei o Sol?
Muitos mais milhões de dias terão passado
certamente pois que, no interior desta camada de
rocha sólida chamada Litosfera, continuamos às
escuras e sem ver o tempo passar. O que passou foi
a pressão que nos obrigou ao destino de ser rocha.
Há quem diga que o vento e a chuva estão a ajudar-
nos faz muito tempo tirando, pouco a pouco,
pedacinhos de rocha.
11
Até que um dia, de novo os raios de Sol me
encheram de um brilho mais forte que o do cristal.
Altamente! Para onde foi o Oceano? Eh, pá!
Estamos no cimo de uma Montanha! O Oceano
deixara de crescer. Os movimentos da Litosfera
apertaram e elevaram o fundo marinho na direcção
do céu.
12
Do alto daquela Montanha, as paisagens eram
infinitas, tanto para ver e aprender! Eu e os meus
colegas de rocha nem queríamos acreditar: um
manto verde cobria a Terra, quase sem deixar ver
outras rochas. Nunca tinha visto uma árvore e, no
entanto, simpatizava com aquele ser vivo quieto,
que nos acarinhava com as suas raízes e nos
transformava com o seu oxigénio. Mas a minha
grande descoberta estava para acontecer.
13
Uma noite, a água que se acumulou numa fractura
congelou e separou o quartzito onde me encontrava
da Montanha. Rolámos felizes, em liberdade, pela
sua encosta abaixo até mergulharmos nas águas
agitadas do Rio Tejo. Preparem-se pessoal, que
vamos ser sacudidos até a nossa rocha se
transformar num seixo rolado. Temos que nos
manter unidos, sacrifiquem-se as arestas!
14
Chegámos sãos e salvos (mas com um novo
polimento) à margem. Ainda não estávamos
recuperados do susto quando alguém nos levantou
no ar. Sem ter tempo para dizer ”Ai!”, outro
quartzito fora atirado contra nós, numa pancada
forte e bem colocada. Aquele Humano partia-nos
em gume afiado, de uma forma estudada e nada
podíamos fazer. Num instante estávamos unidos a
um cabo de madeira.
15
Bem! Nunca tinha voado e, num segundo,
cortávamos o ar com um som agudo. Quem disse
que um grão de areia não se pode dedicar a provas
de velocidade? No mesmo instante, caía por terra o
maior mamífero terrestre que já aqui viveu: um
magnífico elefante! Que cruel! Foi a única vez que
participei numa caçada e, desde logo, decidi
retirar-me da alta competição…
16
Naquela margem ficámos esquecidos, como um
qualquer objecto. Não nos importámos: estes
humanos são loucos! O importante é que nós,
grãos de quartzo, estávamos mais unidos do que
nunca naquela simples ponta de lança. Ao pôr-do-
sol, olhávamos maravilhados para aquela
montanha, monumentais Portas por onde se escapa
o Rio Tejo, que nos uniu. Aquele era agora o nosso
santuário, para onde, todas as noites estreladas,
dirigíamos as lembranças de um passado tão
antigo e os sonhos de um futuro sem final à vista. O
Ródão já não era um grão de quartzo rolado e
polidinho, era uma rocha, uma montanha: somos
todos nós e a nossa natureza…voltarei a ver o meu
Oceano!
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Uma dessas
noites duas
estrelas
negras, mas
18
Só para quem quer saber tudo…
6º A
Adriana Filipa Ferreira Correia
Ana Catarina Marques Santos Aparício
Ana Rita Cardoso Nunes
Ana Rita Correia Belo
Bruno Filipe Campino Antunes
Carolina Filipa Rouas Gonçalves
Daniel Jorge Bento Calheiros Andrade
Gonçalo Alexandre Garcia Prates
João Miguel Isaías da Silva
José Manuel Dias Romão
Ophélie Rose de Sá Filipe
Patrícia Torres da Conceição Pereira
Pedro Miguel Fernandes Belo
Ricardo André Dias Farinha
Vasco Pequito Veríssimo
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