Você está na página 1de 23
au RE ae IB ~ 3 CRIMINOLOGIA DO CONSENSO. EDO CONFLITO ‘As teorias criminolégicas, sobre as quais se discorrerd, éncartam: dda perspectiva macrocriminologica, © que se pretende fazer ¢ examinar as ic ferentes visoes justificadoras do del ‘escopo examinar a interagiio entre individuos e pequenos grupos, mas sim fazer ‘uma abordagem da sociedade como um todo, do seu complexo sistema de fun- cionamento, de seus conflitos e crises, de modo a obter, mediante o estudo do fendmeno delituoso, as diferentes respostas explicativas da criminalidade, Uma advertencia, desde logo, faz-se necessaria. Qualquer classificagao nao escapa determinadas simplificagdes. Nao raro, autores identificados com uma teoria icbes blidas que asfaltam ocaminho de teorias quelhesuce- dem. De outrap icacio, por mais rigor cientifico que nfo deixa de ter alguma discricionariedade, Autores de diferent convivem ese influenciam mutuamente, Uma ideia nunca € resultado de um ge- nio criador, mas sempre é um produto do seu tempo. As condigdes de existéncia de um pensamento decorrem das miltiplas relagbes humanas condi daquele momento, Nao ¢ por outra razfo que, como ondas sucessivas, alguns temas sero tocados por alguns autores e posteriormente serio revisitados ‘outros que Thes sucedem. Muitas vezesas teorias tem uma concepefo provisér para s6 adquirirem seu quadcante definitivo depois da critica que receb porque esta adverténcia prévia faz-se necessiria a classificacaoa seguir exposta obedeceadoiscritérios:ao cientificoeao pedagogico. Emnosso entender, nfo ha ciéncia humana sem clareza conceitual. Também nfo ha clareza conceitu: objetividade cientiica. Ademais, a clareza conceitual ea objetividade cientfica neste caso, visam a assegurar 0 acesso a este pensamento por parte do opera do direito, razao pela qual se tera, sempre, como pano de fundo, a ideia de este trabalho nio ser escrito para o profissional da soctologia, mas para aquele que, “partir da visto sociolgica, possa compreender suas consequéncias uridicas. Podemos agrupar duas visées principais da macrossociologid.que influ ciaram 0 pensamento criminolégico. A primeira visto, de corte funcior [CRIMINOLOGIA DO CONSENSOEDOCONFLITO. | 129 ‘Adrian Bonger (1876-1940) a primazia de traze-la para oam- iminologia, Desde o inicio do século XX, com sua obra Criminalit et i 1905, jhavia rechacadoa teoria de matriz posi estimava, 08 fatores socials do delito, retrucando ypensamento de Garofalo, Holandes| Dito da lepremissas:“toda rence ¢ estével; tegrada;todoclementoem Para perspectiva das teorigs consensus. fine sida quando ha um perfeito funcionsmenta das sus intiicies de forma que Spindividvoscomparilhamoscbjetivoscomunsatodososcidadios.accitando | umasociedade tem uma fungo, ft €, contribu para su manuteng#o como is dominantes. Para. teoria sist ‘em funcfonamento é baseada em um consenso ‘ofundadasnaforgae | _ entre seus membros sobre valores. Sob varias formas, os mesmo el jorasseaexistencia ,coordenacio funcional e consenso reaparecem emt todosenfoques funcionalista-estruturalisiasdoestudoda estrutura social Jementossio,naturalmenteem geral,acompanhaces deafirmagéesnosentido tegracto, coordenagao funcional econsenso sioapenas izados” ? Namesmalinka deargumentacto, Dabrendorf forga. A visto do consenso, nar mea ordem ébaseadaem um consenso geral em torno de valores, mas si idaem termosde um tal onsenso,eque, seelaforconcebidaneste possiveis certas prop. de observagoes especifieas. De maneira clenca as premissas das chamadas teorias do con! asociedade esta, analoga, para os defensores da visto confltiva da sociedade, pressuposto da a processos de a mudanca social 6 ubiqua; ma coercitiva da ordem s im prinefpio heurfstico, e nfo um jutzo issensdo € conflito eo contlito so Do ponto de vista da teoria consensual, as unidades de analise social ana sociedade eontribui de certa forma p (os chamados associagoes voluntatias de toda sociedade ¢ baseada na coergto de alge sseus membros por out Lewis Coseidestaca os aspectos positives do conflito, mencionando que fo dissenso assegura a mudanca, contri a integracdo e a conservagio do ‘grupo: *O contflito dentro de um grupo frequentemente ajuda a revit ‘ou contribu pari.a emergéncia de novas normas. Nesse sen jsmo de ajustamento de norma e adequagio 7 anovas condigbes, Uma sociedade flextvel se beneficia dos conflites porque set icar normas,assegurasua continuidade ara cla, nto ¢ cooperaci ‘mas a coor imposta que faz com que as organizagbes sock sprincipais autores na defesa da ideia, se sda no conflito, foi Marx. Em suas famosas palavras detodasassocledades que existramaténossosdias de classes. Homem livte es ioe plebeu, barao e servo, mestre de corporagao-e companhitro, nt essores¢oprimids em constan- pontvel em: te oposigdo, tem vivido m franca, ora disfargada; ddeuma rupturacatat 40 revolucionaria ‘Também é interessante notar que, dentro das teorias do conflito, Marx no siribuiu grande importancia ao estudo do i mos ainda, a0 exame do 1s civis—e a obrignedo de obedecera lei ~ pode ser presumi ‘Assim, seja na visto da teoria do consenso, em que as fungdes 50 te existir dentro da proy 6 se mantém pela coergio, mio se tem di desse processo. A partir de seu modem um ensaio sabre politica da berdade, p Ja, Manual de sociologia furdca-inteducao a uma letra externa do crnmmoroctanoconseornoconmuTo | 131 somente o aparato do poder punitivo;radicalsse permitem criticara propriedade ddos bens de producio; pos-modernos fazem a critica a partir da perspectiva da Tinguagem; as feministas desconstioem o androcentrismo. Enfim, a visto eriica tambem nao escapa a crit (0 fauo € queas teorias do consenso esto quase sempre associadas a um conservadorismo, enquanto as teorias do conti inde ‘nao € absoluto, O movimento nazista, assim como outras ‘em uma postura conflitiva de luta de ragas e, nesse ico acabaram por exercer uma postura Gefensista de valores humanos consagrados. No contextoem quevivernos, dest pressio de garantiase deiria punitiva,ogarantismo penal de Ferrajoli,adespelto {de sera mais bem acabada forma de positivism juridico, no dizer de Norberto , € oportuno destacar aassertiva de ‘Vera Malagut sentido que o positivismo, no ppresentou uina vvanguarda laicizante de um liberalismo radical, na contramao das oligarquias associadas ao poder da Igreja Catolica.” {Qualquer que sejaa visto adotada para andlise criminolégica, a sociedade ‘écomo a cabega de Janus, e suas duas faces sto aspectos equivalentes da mesma realidade E, pois, necessirto explora ia criminlogia brasil, p.1- 4 ESCOLA DECHICAGO. 4.1 Antecedentes histéricos Dentre os diferentes perfisc decorrentede pensamento biopsicologico citcundante era motivo desencadeador de un em referencia, aquele ‘oposigao a0 isposigao inata, propria do le nao negava os fatores exogenos, apenas afirmava que dlesencadeadores dos: polemiea segundo momento, a ser io do século XX, nos quais| ainda esto marcados pela Fr EscoLapeaaticass | 133 ivisto entre clasicos e positivistas. Mesmo aqueles que tentam escapar da di- ‘cotdmicae infecunda polemica o fazem para assumir uma terceia via, em tudo ‘epor tudo relacionada com a indelével querela. Diferesitemente de nos, influenciados que fomos pela idcias europeis, os norte-americanostiveram uma preocupagio diferenciada eaté original, marcada por um certo pragmatismo haurido do pensamento de Spencer ¢ Comte Nio criaram elesa sociologia, mas deram-he feigdes e abordagens peculiares. Nase sgundametade doséculo XIX ocorzem mmudancassociaisimportantes nos Estados Unidos, com a consolidacao da burguesia industrial, financeira e comercial. A cexpansio da classe média e trabalhadora, com a vinda de grandes I _grantes e migrantes paras cidades, que se transformam em cents ‘mics, cria um diversificado ambiente intelectual dentro do qual evolutram fs citcias sociais. “Certos aspectos da formagio da sociologia assumiram nos Estados Unidos formas originas: ma motivagdo inicialfilantrdpicae favordvel o progresssta, esua disput contra osargumentosconscr cionismo edodarwinismo social; 0 uso pi ia do evolueionismo deSpencer edo darwinismo social no desdobramento da discussao Int ‘um conjunto deideias da época (entre 1850 e 1900) eosinteios do ens sitario da sociologia em diversas insituigbes de ensino e pesquisa univ ‘que foram criadas nas ltimas décadas no século XIX."* A sociologia americana, {niealmente, ¢ marcada por um aspecto religioso. Anos maistarde, porém, passa por um processo de secularizagio que é coroado por uma aproximacao da elite instruida com as pessoas comuns, por meio de conferéncias ao publico ecursos por correspondéncia, que acabam por envolvera comunidad coma universida- dA forma mais abrangente desse processo € osurginiento de um pensamento, ‘centrado na Universidade de Chicago, que se convencionou designar teoria da ecologia criminal ou, ainda, teoria da desorganizacio social gudo constante lo olen do IBCCren, n. 8, jn, 2000, p. 418, do T- undamento para indeferimentodo repimescmiabertoem vmroub Cm.) 26.08.19 a tpericulosidade presumida doagente” (Ap. 1.1585 TriesonMaranho),oquenoslewaac o da pesquisa seguida, convidow Albion Woodbury Smal 7. Bernaso, Mario A. Op. ct p. 29 igositco a Universidade que lade, ‘© crescimento da cidade pode gies do censo realizadas décadaadécada,*Em 1840 apopulagaoerade 4.470 pessoas. populagiocresceu ‘quase séis vezes em dez anos, Duas vezes « meia entre 1850 ¢ 1860 e quase trés ‘vezes na década subsequent. Aleangou 500,000 pessoas em 1880 e miais de um 1900, Dez anos depois a populacao havia dobrado. A aa de crescimento entre 1910 e 1920 foi 23,6%; entre 1920 e 1950, 248%. A ‘cidade, as margensdo Lago Michigan, eraumentroncamento delinhasferrovlarias ata Oeste, o que fez com que se transformasse em grande 1 do Meio-Oeste. O creseimento populacional nao foi feito 56 com o imentodemografico, mas também coma chegada de migrates estrangeiros wolandeses, escand Em 1900, metade da populaciode Chicago Acrescente.se aisso 0 grande numero de naves, hava nascido forados Estados negro provenientes de correntes ppopulagioem 1930 quecomegarama chegaracidadea parirdo inicio doséeulo XX, em grandes Ievas,procurando trabalho nas indstras eum lugar onde n30 houvesse tanta discriminacdo racial, A explosdo de crescimento da cidade, que ‘se expande em cfrculos do centro paraa perifera, ria graves problemas sociais, is que se traduzem em um fermento ie. jnexistencia de mecanismos de ccosurgimento deum meiosocialdesonganizado ferencladamente pela cidade, [Embora 0 pensimento ecoldgico estivesse centrado na Universidade de Chicago, seusestudosinfluenciaram indimeros outes pesquisadoresamericanos aque passaram a examinar problemas relacionados ao crescimento das cidades. Merecem destaque, dentre muitos, os seguintes estudos reunidos em um nice volume: Five cies of hepacficNorthwestde NormanS. Hayner; Three Midwestern tities de Paul G. Cressey, Clarence W. Schroeder e T. Ear Sullenger; Baltimore, iinoisde Earl R. Moses; Minneapolisana St.Paul, Minnesotade Calvin FSchimid. Segundo ile delinquency and urban areas: study of rates imamerican 136. | crmunorocu ietura eda sociologia, si0 1 varias razbes: pri penal”, reforcando o estuclo puramente: perspectivadte ensino absolutamente isolada areal sscouapecnicaco "| 137 19 juridico e que faz questo de ignorar a analise is manuais, quando muito, cingem-se a consideragoes 5 ito penal, a chamada| rmencionando quaisquer teorias ji (anomia, ecolog teracionismo, funcionalismo, teo 1 topicos, pois, langaremos as bases do pensamento ecologico cri- ‘minal tentando demonstrar sua relevancia metodologica e a importancia dessa insergao madi da criminalidade bri 42. Importiincia metodolégica da escola de Chicago Em 1995, 0 Centro de Estudo de Cultura Contemporanes (Cedec)foicon- dda Justiga ~ em face da elaboracao do Programa Nacional “objetivo ¢ apresentar propostas coneretas de card {que biisqutem solucionar problemas relacionados a area de —a elaborar um mapa da violencia apresentando Jacionassem a violencia urbana com as condicdes ‘paulista. A cidade foi entao dividida em bairrs e © objetivo era constatar qual o risco que corria uma pessoa em viver em cada um daqueles bairros. Risco, segundo o documento, significa a chance que wm indi- ‘yiduo ou uma poptilaglo tem de sofrer um dano futuro no seu equilfbrio Para exprimir em dados coneretos esse visco, resolveu-se fazer tal constaiago ‘mediante o nimero de homicfdios por 100 mil habitantes. Veri que os riscos eram varidveis, segundo as regiées, de tal forma que o risco coletivo nao é ‘um somatério dos individuals, as quais estavam submetidas as pessoas que ali vivem, em face de cireunstineias particulares de cada bairro, Assim, necessétio ‘se fez conhecer as condigdes a que estavam submetidos os espacos teritorai 1 €as pessoas que lé viviam, Para isso criou-se um indice, chamado not izados diversos indicadores como: porcents mento; porcentagem de chefes de familia co de estuclo; numero de pessoas por domict facesso precirio a rede de esgoto; acesso precirio arede de agua; acesso precério ‘a coleta de lixo, taxa de emprego etc. As notas socioecondmicas podiam variar ‘dea 10, representando um indicador composto produzidoa partir dos valores tid. 138 | cmanotocn escouapecmicaco | 139 indo ao Hanud, a0 comentar pesquisas dessa oje, estamos cientes de que um indicador jamais representa medi; um Tulio Kaba, natureza, afirma: {indice de crim portanto, estaré longe de rel ddimensoes ¢ nuaneas. Pode, sociedadle e para os responsiiveis pela implementagto das polt dread seguranca publ mais do que ele pode smecer”."* Na reatidade, o cidadao nao $6 tem o direito de ter acesso i .agto sobre sua seguranca publica, como também pode o governo esta lade, Uma andlise percuciente mais aprofundada dos dados obtidos perm _ca repnessiva estatal.xepzesentada pelo tr pristo, quando poderia estabelecer uma pos ‘blicas minimizadoras da miséria para resgate da cidadania, Maisadiante vamos verificar que mesmo a escola de Chicago, tida como conservadora, propugn posturas preventivase nd repressivas, como envolvimentoda comunidade para solugio dos problemas criminal de que ha a necessidade de utilizs-las para que sirvam de guia para ato das po- liticas putlicas, especialmente de contengio da criminalidade, Mas quando isso ‘passa a seralgo pactfico? Quem consagrou essa pritica metodolégica ‘Uma das primeitas grandes polémicas criminol6gicas foi quanto a0 méto- 1, Clssicos afirmavam que o método deveria ser 0 logico-dedutivo tris disso esta aideia de qual deve ser 0 objeto logia deveseapro- procurando obter ‘quesequeranalisarcom: ximar do fendmeno d ‘uma informagao direta da pensar em faz¢losem que'se tenha um per ‘mediante uma andlise ttalizadora, tem por objetivo disce do fato real, sua estrutura interna e sua dinamiea, Nao ha p Pautonoprimeirotimeste '9455562¢=560]- [WW vlewSid-13826Htem ‘evusp or/portugues/index phproption=com_con! {de7A], Acesso em: 30.05.2008), 14, Metodologia.. ct, p10. 40 | emnanococa cago. Fssesantores, fem areas urbanas, mencionam ‘em 1839 (An les), Da mesima maneira, Joh r rscotanecicaco | 141 liacao do método comoalgo de A ‘dade. © proprio autor justifica porque da particular importincia no diagndsticoe tratamento de casos de delingut relevincia se deve, também, para servir de base ao conhecimento das eresss e personalidad de uma erianga.® Assim, a escola de Chicago no s6 how com pesquisas em larga escala, por meio dos inquésitos sciais, como fez uso dos estudos biogrificos de casos individuals. werdade que para oestu- do da macrocriminalidade a maior contribuicto advem clos inquérites socinis 95, hoje largamente empregadas para identificagio de "Mapa de Riseo da Vielencia” nea ~Cedec. Se hoje elaborado pelo Ce \derespeitada e conceituada como o Cedec \dos por bairras de uma cidade, € porque aesc a postura eriminoldgico-metodologica de fazer qualqu profunda superpondo os resultados ao mapa da cidade. Ea cidade que produz as diferengas nela constatadas e nto se pode, naturalmente, ignorar o ponto de partida que é a sua estrutura ecolégica 43 Elementos conceituais adotados pela escola de Chicago (Coma jf foi mencionado anteriormé pectiva transdisciplinar que discute multiptos aspectos da vida humana, todos cleselacionados coma vida dacidade. Assim, antes de fazermos umaabordager especificamente criminolégica, estabeleceremos alguns conceitos bisicos do pensamento ecologico. Boa parte do nosso conceito atual de cidade advem das cidades medievais, que, como podemos observar ainda hoje em muitas localidades europeias,eram {quase sempre cercadas por muralhas, “A cidadeda Idade Média ¢ uma sociedade ‘abundante,concentrada em um pequeno espaco, umnlugarde producioedetrocas ‘monetéria” 2! Exatamente por teressaabundancia,, que permanente. A preocupacao em aumentar progressivamente a altura, a e3- pessuraeainclinagio das muralhas demonstraasua importancia como protecio fem tempos de guerra, Viver na cidade medieval ¢ viver protegido, em, comum, linquent boy$ own story. Jaci-soller € uma gs esigna lardobaratoquesubtraiospertencesdaguelesquecsttodormindo nuesthobebados pelas uss. 20, 21. Le Gort, Jacques. Por amor as cdades, p. 2. 142 | crmmotocta idade. Estar na cidade e estar na aquilo que the confere dad SS rscouapscucaco | 143 cidade, independentemente de seu ntimero de habitantes”.* Acidadeserd consi- yequena se tiver até 100,000 habitantes. De 100.001 a 500.000 € conside- \de media. Acima de 500,000 sera designada grande cidade, enquantoa tera mais de 1.000.000 de pessoas. Mais de 10,000,000 ¢ considerada eristicas comuns s metropoles se acentuam nas megaci- dades. Porisso, alguns problemas comuns a todas—como a criminalidade= rem. ia em aglomeragdes de maior porte, Além da capacidade de tragar uma politica do poder, de difundir e criar mensagens abrangentes, a pobreza urbana acaba por eriar guetos ¢ fazer com que a criminalidade fique mais pronuneiada, ssa necessidade dese falar em cidades, no plural, alinha-se &ideia central do pensamento ecologico, segundo a qual a cidade nfo é somente um amontoa- dode homens individuais ede convengdes sociais decorrentes do agrupamento imano. Nao sio s6 as ruas, parques, linhas de onibus, metro, rede de esgotos iade € wim estado de espirito, um corpo de costumes © ‘wim mecanismo fisieo e uma constructo artifi envolvida nos processos, vitais das pessoas que a compoem”.** Cada cidade tem sua cultura propria, seus cestarutos, seus ditames, uma organizagdo formal e outra informal, seus usos e ‘costumes, seus “canntos”e sua propria identidade. Nada representa mais o Riode Janeiro do que o Corcovado ¢ 0 Pao de Acitcar Sao Paulo ¢ a Avenida Paulista, ‘assim como Nova York € a Estatua da Liberdade. A cidade é um produto nao intencional do trabalho de sueessivas geragoes de homens. Essa instituigho é evidentemente maior do quea estruturafisica (ruas, avenias e pragas), ela tem na ordem moral decorrente das manifestacoes culturais daqueles que habitam 10 se podle esquecer que a mesma cidade, em perfodos xn diferentes representagdes do mesmo fendmeno. Até 15, Raquel orgs: So Paulo: reacts ter lc que eris oprédiomaisalto domundo, (etropoitanos, Clatidio “eldadeinterage com o ansportecoleto. Pars (ORB, 0.15, fez, 1999-jan, 2000, p17), de forma que poltess urbaniseas da cidade ¢ urn conceit plenament rage com a organizagao fisica. A propria es ea modifiea-se pelas demandastiumana Ease erigecm rexposta ts nccesskadesde me tadeno so aspectos apenas cle 0 queéeaneri daptagao & essencta do ur nem pelo fato da alta densidade, nem pela wscouapeanicaco | 145 ‘mesma forma que permite eliminar os freios de controle exercidos pelo entorno. ‘Assim, o habitante da cidade se adapta mediante uma conduta que implica wma endéncia a agir de maneita segmentada ¢ funcional, isto é, com predominio de ‘elacoes secuindarias; esse morador tem o desenvolvimento de uma postura de impessoalidade, distanciamento e nao envolvimento com as pessoas; passa a dade nasrespostas de ajuda aos demais moradores, tencowma 580s recursos da cidade, Vale dizer, adota uma tascaractersticas por dreas, Os qua de seus habltantes Cada parte da cidade, tomada em separado, inevitav fe cobre com os sentimentos peculiar sua populagio, Os homens passam a se conhecer,a sen ‘se visitar mutuamente- Familias, quando via, pedemaseus vizinhos que recolhamosjornas,tomem cont local do relogio paraa vrificacto por parte do funcionario ds compan ete, Esse eftulo da vida €criado em face de interesses comuns. Muitas vezes ha até mesmo uma vigil msitua daqueles que frequentam—e em que hori 0 podemos chamar de con ‘informal, Tiatase de uma espécie de ptiia natural, que cotbe cert os dos individios °“A vieinhanga € uma unkade social que, por sua clara do oxghnica interna suas reagdes imediata, mente considerada como funcionando a semelhangs da men local, apesar de poder ser autocrtico na esfera mais ampla da ler que adquire da viinhanga, deve sempre serdo povoeparso 10 povo local enquanto seus Nomeioc! as comunidades, A faclidade de transportes, os meios de} (lo, a mobilidade das pessoas tendem a solapar a permanéncia € da vizinhanga. A facilidade de locomogao permite ao individuo atencio e viver ao mesmo tempo em mundos sociais bestant vezes isolamento de calonias raciaiscria uma regito moral, onde! ‘uma mesma raga ou origem passam a intensificar a int 30. Buran Ton, Rafael, Cnclucta social y habitat. Estudos pels crim 21. 31, Pak, Robert Ezra. Oj 3D. ——_ 146 | cummorocia rscotapecincaco. | 147 wimero de menores abandonados ete2* dade socal, assim como a divisto do lesocal, tal eomo estabelecia ‘a responsivel pelo aumento das co ia os maiores indices ‘oude condutas desviadas, serem, via de regra, mais pr nas pequenas, em proporeio que chega a as localidades ¢ os periodos. Da mesma forms, ides cidades maior nuimero de crimes 4 maior quantidacde de fatos passions © le mobilidade (¢ fluidez) que acabs pordeterminar a impossibitidad de um el nas cidades grandes. ‘Dado extremamente interessante sobre o estudo da cidade, a partir das ‘cago fa constataga das taxas de doencas mentais siciadamente para cada bairro, Osbairros que tinham piorcon- ia, além de apresentarem maiores indices de criminalidade, possuam indices maiores de distros mentais, Estes eram determinados pela condigBesabjetas das moradias coletivas, pela falta de tratame pronta intervengto estatal na tentativa de impedir a progressio conilito mental causado pela modificacio cultural decorrente da imigragio, pela discriminagdo social de eriangas eadultos por sere “pudtdes proprios de cultura, enfim, pelo prop que esta cxposigao estabelece definidamenteofatodequeainsa- {ros problemassocias, adapta-seestruturaecoldgieadacidade. sibuigdo da insanidade parece ser uma fungo do crescimento & jdadeemaisespecificamente decertos tiposde processossociais' idade entre os espagos fisicas da cidade é sua dividual. A associagto com pessoas que sm identidade proporciona nao s6 ‘mas também um suporte para ostragos que tem em cor | corpo e alma..." Aqui -gito moral € pensado como favo que ensejaria a discussao~ em fugede uma subcultura, 4 organizacto ecologica estem constante process sural, Ea mobilidade: a, Estas areas de mobi xs de promiscuidade, 34. Dinars Ernest W.O rescimento dace: ntrodugoaum proeto de pests. Estudos ‘Baran To0, Rael Op. ci, 219. 1 Beologi da vida familiar Fstudos de colgia humane. 435 studos deecologtahumana, 6 segundo tais autores, parecida com pen- ia massa. O homem nao mais podera idem mas to somente 0 grupo. "Os impal segundo as circunstancias, nobres 0} Iheroico ou covardes, mas sio sem- pre tio imperiosos que a personalidade, e incluido o instinto de sobrevivencia, desaparecem diante deles’ ci, em um estudo Sobre psicanalise e criminologi que, “na multido, o homem converte-se em crianca, sente-seirresponsavel pelas acdes, em relagio as quaissomenteo lider, investido de um poder quase paternal, assume a responsal 'Na cidade o homem estt langado na multidto © snterage comos pardmetros decorrentes os mecanismosinerentesao pensamento roem uma verdadeira ordem mor pés-fordis ialmente na década de 1990, de que rsutaram: orompimento do circulo nica salaial que mantinha orendimentooperiro,aprodutivida- {lesocialeconsumo emmassaarevistodaspoliticasdeintervengao naeconomia teapoioas despesaspablicasaglobalizagto do capital passagem de wm regime de pleno emprego para um estado de desemprego estrutural a transformagao de uma econoni informa; € a passagem da ra tigdo de uma forca de trabalho global, trabalhose tansformadoem multidto,desaparece as earactersticas individusis dos sujetos destiat {mais easo de neutalzar isos iniviiais, mas de gerir uma carga de isco {que atavessa eamadas inteltas da populagfo, Na awal sociedad pos-fordist, Jogo, nto hamaisquese aa serimposta pelo cécere:0 "grande lo pelaecessidade rigosas através de técnicas de 150 sscorape cacaco | para clea moral, é nao raro acompanhado por agudo contlito mental e senso de petda pessoal. Talvez mais frequentemente a mudanga de, mais cedo ou mais tarde, um sentimento de emancipagioe um impulsoem direcdo.novasmetas" Esta busca de novas metas permite um afrouxamento das influencias das regras sociais de conduta existentes sobre os membros individuais do grupo, causando ia total das raizes, O crescimento das grandes urbes, com 0s processos: 6rios,cria urna reurbanizagao que “mais nao tem feito que 5 aimava: ‘0 eristianismo stequalquerproximo” #Note-seque Chicago ofere desseprocesso de desorganizacao socal, em face dog estrangetos cemnadadiferente doqueo! Sao Paulo eBrasil _geravam indicios de: tnigao, desordens, insanidade esuicidios. transformagdes muito profundas na cidade, 0 papel de- formal-acaba por perderse, A fanilia lote-se que, c lubes de servigo nao arascondutas humanas, Isso debilita os vineulos que nas pequenas cidades, o que dé origem a um fi {quando da chegsda a cidacte. Nos seus paises or efeitos do controle social informal, caracteristicos das pequenas comunidades eujospadroessto perdidos nas grandes cdades. Assim, provavelmente,a ies lenis eoenfraquecimento dasrestrigdes inibigoes do grupo do meio urban, ¢ que sfo grandemente responsiveis pelo aumento do crime nas grandes cidades. Em toda clade em constante processo de diferenciagio e crescimento, x presengadesreas comerciaisou industraiscria umafastamento daquelas pessoas saior poder aq ro faz com que as reas ds classes mais bastadas sejam exclusivamente residenciais, Ao contririo, as dreas industriais acabam porconviver com familias de baiea end que tem q lerarafumaca,o cheito 360 4 Costa, Op. lt, p. 269, 5, Bunces, mest W.O erescmento. et vezes, faz surgirz0nas (0s favordveis 8 protifera- social, F interessante elas areas da cidade onde 0 Sio Paulo, ser explicada pacao recent ‘io eaindistria, Como zona Sona anterior e, pr isso, é objeto de degradagao constante, Est também sujelta Hpopulgao, sempre disposta a abandonat a proximidade com a {ona degradada pelo barulho, agitagao, mau cheiro das incstrias ete, Por sr “ima zon de moradia menos compatvel com as exigencias humanas, passa a Toneentrar as pessoas com menor poder aquisitive que acabam por se sujltar SSeontato com os bordéis, penses baratas, moradias coletivas com grande con- ims ~armazéns etc. Nesta dea eram muito comuns ‘espécie de cortigo, cujes dependéncias eram Ipeatdas sos recém-chegados a cidade. Alguns desses pros eram construtdos tepecialmente com esse propesito, enquanto outros eram edifieios antigos selaptados ess finalidade, Tas apartamentos normalmente tnhams apenas um, Comodo, muitos deles sem janelae ventilacto, edo ofereciam agua nem esgoro. ravannse por condigdes de grande insalubridade, o que era agravado izagao de familias muito numerosas” Em Chicago, essa zona de tran- ia dos imigrantes, eriando areas morals e-se, pois, quea segunda zona favorece {quase impenetrivel aos desconhecidos. & terceira zona, que sinda gua ide com as zonas centras, € uma iva de moradia de trabalhadores pobres ¢ de imigrantes da segunda geracao, pessoas que se suetavam, por necessidade, a0 cntato coms primeiraséreas dt Pldade. Sto pessoas que fogiram da area da decadéncia, masque tem interes emt permaneceremlocal de faeilacessoaotrabalho. A quarts zona concentra pessoas I classe media em moradias distributdas em grandes blocos habitacionals. Sto ladase que tem uma so familia por residéncia. Por fers) € habitada pelos estratos mais altos da ‘do ao centro dle manh para voltar noite © fc trintaa sessonta minutos nesse percurso. Essadivisto forma ecaratera ckdade; porque fduos que 0 compoem, vm natural dos.y a segregagio oferece 20 grupo e, portanto, aos ind Tugar e um papel na organizagao total da vida da ct ‘Todos os estulos realizados pela escola de Chicago foram centeados nessas areasacimadescritas. Segu ssamento daqueles autores, desde problemas Ger raves Wagner Cinelli de Paul. Espaco urban ecriminaldade:igbsp da escola de path . Brest WO creseimento,. cp. 362 sscorapecmicaco | 155 inmpessoal tina vida de aparencias qe condus a um desenvolvimento de desviagbes nas rormas de conditas ica ena pritica das atitudes soca (socibildade hum. wa). Os valores sociais da cidade ndo sto mais os da religido, da soldariedade dlaquelaspesso - “Tocompanheirismo. Sto os valores da urbe. Noss destino ¢ estarmossé fe préximas a0 Loopen ‘i ‘yados~ ou rodeados de pessoas que s6 conhecemostimitaclamente. Ou estarmos cent vente, quenosdetxardo coms mesina fncildade dosestran tem uma importancia pavticular Ela shamenta atendenciadeatrbuira certosatoso significado deerimes, 8s pessoas o simples atribtodecriminosas™ >) AO crime € 0 mecanismo deaess0 aos valores acima mencionados, No pas- | oem pequenas comunidades, procurava-seaabien¢io dzascenstosocial por cereadosde pessoas que podem partir clos convencionais come trabalho, economias ess Piaborcotdiano. Nassociedades diferenciadas,buscaseporinterméttodo deli, penasqueclatendeaocorrer | an a caiuet eaeranaae! 45. As propostas da ecologia criminal ogeno. Nao cai, pois, no Estabelecidosestes parametros, quais as principals propestas para controle igo “semelhantea uma da ctiminalidade por parte da escola de Chicago? spendenter te Segundo Shaw ¢ Mckay algumas propostas preventivas podem ser elenci irimeiro lugar, nenhuma redugio de criminalidade ¢ posstvel se nao s das condigdes econdmicas e sociais das criangas Is 4, ha quealterar o camninho que fornece condigdes para existencia das careiras delinquentes. nsformagdes, estaria como q remseéss0, demandamamplos programas ram recursos humanos unto8 comunidad eque concentrem esforg0s os em torno das forgas construtivas da sociedade. Isto €, instituigoes associacoes de bairro, para obviar & desorga eyoenas lest | acto social precisam envidaresforcos para reconsttur a solidariedade sociale i a oe aproximar os homens no controle da criminalidade. de cont ns, aviinhanga, Seo nbém oe. Deve: presentativasdacomunidade: profissionats, grupos ‘afazer propastas concn cia de grandes escolas p ss para esse esforgo mediante a criagao de rio no envolvimento sscouaecincaco | 157 sygrounds, agrupamentos coetivoseigejas em da escolade Chicago t produtoo Pro- {eto da Area de Chicago (Chicago Area Project), inaugrado por Clifford Shas € Henry Mckay em 1934. Tal projeto minim trabalhando quase que exclusivamente com o controle sox ganizacao soc 0 de atividad de feria; 3.2) 12 do Projet a jovens que se envolvessem coma justica criminal; e3.4) aconselhamento po ‘membros do Projeto a rsidentes com problemas”. J ‘Alguns estudos mais recents, ainda influenciados pel co, como ode Gemma Marotta, preveema liza deelementosterrt Seremempregadosnoespago urbano,emquesevive,paracontroledocrime. Uma novadivis sacomunidadede quedreascomuns Os projetos de edifieios devem criar reas especiats de vigilancia (corredores, clevadores, escadarias) que sejam visualizadas das areas de passagem ou da pr6- pia rua; € que mmitos crimes sto comet ‘como garagens e corredores cuja vis aque o simples acréscimo de luzes em areas como garagens, entradas secunndavias ado preventiva. construgdes populares ¢ essencial para preven¢do imamente associnda a qualidade de vida das ‘mo, Estudos ja foram feitos no sentido de se cotejarem conjuntos hal imais bem construfdos com outros mais singelos, everificou-se que o indice de criminalidadedaqueles era inferior ao destes. Pode-se pensar, sinda, em ct 15, Bona Ernest. W.ntroduetion,uveniledelinquncyandurbanareas(porShaweMekay), bX 56, Fass, Wagner Cine de Paula. Op. cit p61 escorapecmicaco | 159 4 propria sociabilidade tecida por anos de convivencia na dtea ocupada, Nesse rle-se dizer que, na esstncia, projetos de desfavelizagto qu 6 reforco daconvivencia social (como o projeto Mutirto, em que propria com nidade consteéi saa moradia) equendo afastam as pessoas das areas em que viviam {como o projeto Cingapura, em que as familias continnam a viver nos loeais que antes da cons ‘dos novas edificios) devem ser considerados dos em larga escala para resgate da condigao de cidadania igdo da criminalidade. os aportestardios, em particular nos anos 70, de certa forma pela politica de tolerancia zero implem smNova York anos mais tarde, giram da unidade de pesquisa do governo sobre o crime omooportunidade (crime as op uacional do crime, Segundo tal pensam ‘ocrime poderia set mais bem prevenido de duas formas: eduzindo-se spot nnidades dese cometer crime que sti dispontveis noambienteeaumentando-se ‘osriscosdaatividade criminosa.®Evidentemente, pode-se argumentar com uma espécie de “relacio custo/beneficio” também para o criminoso. Se ele tem mais facilidades para o cometimento do delito,facilidades estas nao encontradas se ‘as oportunidades nto se apresentam, érazodvel pensar que ele venha a cometet ‘um furto (por exemplo) onde ele nao encontre disposigées ecologicas protetivas consecucao de sua vontade delituosa. 46 Adiscussio recente do problema e as intervengdes atuais momentos reeentes de nossa historia tivemos uma grande: ‘eussio sobre umna politica de vertente ecol6gica chamada “tolerancia ze le de Nova York (principalmente, mas nio s6) com algumas se ecolégicas associadas & repressio em larga escala de ca indesejados, Algumias propostas de restauro de fachadas de .elhoria de conservagdo dos proprios publicos,cultivode lores fem terrenos baldios de areas ditas problematicas dde quadras de basquete para. Dairro, foram associadas repressa: cdificios plblicos,riscos em vesculos estacionados, jogar sujeira nas ruas etc.) sem prejuizo de mobilizacio feita junto instituigdes sociais com o emprego de poltieas piblicas de diminuigao da pobreza, tratamento de drogados em insti 103-104. (60. Fraras, Wagner Cinelli de Pauls. Op.clt, ando-as para palmentenosEUA, reduzi izacla acelezow as condigoes de concorrénc 1s paises mai suas produgoes. Pet uperagio das crises financeitas, que se prolongavam por extensos pert- exbes fazendo com que muitas eeentes elt lo pela equipe de George W.B escoranecuicaco | 161 crimes, no mett0 de Nova York, por exemplo, jt havia catdo drasticamente, sem que a populacio reconheces ue e perdesse o medo do metro. Somente quando os estagdes reformadas € que @ populagto co- sos da violencia ea viajar de metro icy,prefeita de Sto Paulo, fotimplen ipais com a pintura de muros, como no caso do Estadio |, no entanto, a importagao de tal postura repressiva conduzin ~e ‘um arremedo dessa intervengio macrocriminologica. Em margo -se implemen pre Mendigos, vadi indesejados e toda sorte de desfavorecidos foram recolhicos das areas de cireulagdo. No primeito dia, dos 40 homens, retirados da rua, 36 eramnegros (segundo 0 IBGE 57% da populato paulistana € de brancos ¢ 43% de negros), Seraque ovelho Marques de Moscardi,juiz napolitano queacreditavaqueabeleza éexpressio da bondade e que a feiura ¢ expressao da maldade~e que chegou a profissionalizante também figuram entre as apostes do poder mar 0 cenario ivos beneficiados, sseinatendénciade ‘sto apenas o primeiro passo do tr ‘Uma outta perspectiva inovadora,aindamesse mesmo sent tos ecoldgicos de arquitetura urbana, Taisprojetos preveem a dentro da cidade que sto destinadasaos cultivos¢criagao de animais de pequeno io para constimo quanto para a Wenda. Esses projetos consideratn uma diiplice perspectiva, Deum lado, autillzagao de terrenos internos para produce dehortalicase frutas para consumo da populagio (ochamado “projeto quintal”); 's deles merecem atengio prioritsria do de outra parte, 0 uso de terrenos piblicos ou privados cujo acesso € possivel is pessons que viv bairro, Nos terrenos privados a agricultura {quanto maior a auséncia de seria feita mediante incentivos fiscais, enquanto nos terrenos publicos haveria de pessoas ‘destinagio de verbas para organizacio da comunidade em torno de diversos 1 miimero de projetos proclutivos. “A criagao de ocupagio e renda para a populagao pobre © a decontrole ‘onsequente melhoria de sua qualidade de vida constituem a grande contribui bem como {Glo econémica dessa agricultura urbana que pode ainda a iades coma agregagao de renda, que pode ser Tevantados dados de cada ropicaaosurgimento de crime no Br ido PAC™Progre- ppré-processamento, comoa produgao de comps ‘com grandesucesso, na cidade de Brasiliaem 1995, sendo trazido para Sto Paulo, ‘por meio de aprovacao de emendas ~ da vereadora Lucila Pizani ~ parao Plano projetos de urbanizacao de favelascariocasn Aceleragao do Crescimento ~€ outro exemplo iz ecoldgica. Obrasdk ica, drenagem de aguasplu ‘as, abastecimento de agua, escolas, meios di Diretor da Cidade, As primeiras avaliagbes desses projetos, além de pk ‘agio do aspecto visual de determinadas zonas da periferia, tao co~ fimento da capacidade de gestao de mmentagioealargamento de wsdesatidee de em 02.08.2002, p.3 166 | camaro Ihados dos shopping centers, ruasdeveserdevolvidoso .ias partieulares ostensivas.”” FSCO servindo para denunciara inadequagdo das respostas de tratamento individual Emoutraspalaymas, naugura-seum paradigma rformista da respostaao crime. No «queconcernea politica criminal, ofoco ¢ voltado para comunidade condutasdesviadas. Aabsoreao das pesso- as que apresentaram conch p preventvo da comunidade (e nio repressivo), reconhecendo- Ke ‘queasociedade eraa responsivel pela existéncia da propriacriminalidade, —_ chegaram a destacar seu ves eonservador E que se 0 do determinisma positivista por um determi- nismo ecolgico. Em ira leitura podem relacionar eas detertora- dase pobreza c dade, ¢sreas nobres da cidade e riqueza com no criminalidade, Nunca se pode compreender seas sreasdelinquentes produziam criminosos ouse esteseram atraidospaa clas por uma busca detdentidade. Alguns auiores destacam que uma das eftcascentrisa fazer teoriaem tela Gade que o conceito ce desorganizagto social éxo mesmo tempoadescricio de umacondicto é,ocriine produto da desorganizacio social conceito de desorganizaco De outra parte, mui pode entender comoa su c exclusivamente para uma sociedade muito dinamica, em ¢ desenvolvimento acentuados, de tal sorte aqueatransferencia de pessons de egies de um paispara outrasregloesrompiam vinculos comunitéris existentese davam ensejo a confltossignificaivamen tigagio criminal concernente a0s cometimentos dos delitos. permite compreender que algnins delitos so realizados nas areas de moradia dos criminosos, enquanto outros nao. Assim é que, por exemplo, na cidade de ‘ao Paulo, se o bairro das Perdizes tem o menor {ndice de homicidios, tem um dos maiores fndices de furto de veiculos, enquanto o furto de autos nos bairros periféricas¢ muito pequveno,embora tenhaaltos indicesde homicidio,“Aanalise da desde 03 anos 50 pelo estudo da ecologice tende a ser sul sssumplons, 74, Tasrasoo, Eugenio Ral La palabrade ls me —$ $$ 168. | cxmmvorocia [emo poderde nana, Essa capacidade 05 fendmenos que nele ue esta a sua volts, Ne- teforga para uma escola que analisa 2 coc individual Jedetndicadores \dade do sscorapecnicaco | 169 4.8 Notas conclusivas deve ser planejada, Iniciar-se-4 pela vizinhanga e deve resiringit-se ao bairro ou ‘uma area predeterminada, E fundamental o envolvimento da sociedade ct de comunhao de esforcos das diferentes segmentos sociais. Programas agio de atividades recreativas em ria interessante, pois, es como aimplementada sociaise pili nests ltimosanos, que criou os Centrosde formaa reforcara presenga estatalem defesade posturassocialsrestauradoras da dligoidade humana na petferada cidade, A politica de enfrentamento da crimi- nalidade, pensada sob a 6tica da cidade, deve priorizar a diminuigto do desem- jegracioda Cidadania~CICs—de ula de menores da rua e seu envolvimento em atividades escolares (o *Projeto Bolsa Escola” ou de “renda minima” sto interessantes exemplos de comopodeserimplementada essa politica), areurbanizacio das avelas (projetos ‘como *Cingapura” eo "Mutirao” devem ser associados para arealizago dessa social que prevé a articulagao de rege 1, depois da escola de Chicago, nao ha jaseie emestudosempiricosda crimi-

Você também pode gostar