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Programa de Capacitação de Guarda-Parques

APOSTILA DE CABOS, NÓS E AMARRAÇÕES


2022

ILEALDO ALVES DE MELLO - ilealdo@gmail.com - IP: 187.62.131.251


CABOS

INTRODUÇÃO

O emprego adequado deste equipamento é tão importante quanto a


capacidade técnica e física necessária ao agente. Este material destina-se a
assegurar e facilitar o trabalho individual ou da equipe de socorro florestal,
podendo ser utilizado para diversos fins. Pode servir como elemento de
segurança em passagem de local instável ou inseguro, bem como transposição
de obstáculos durante ações de combate a Incêndio Florestal.
As cordas atualmente em uso em matas e montanhas são do tipo
“kernmantle”, constituídas por uma alma de fios trançados ou paralelos de
nylon e uma camisa lisa para proteger o conjunto. Para os diversos trabalhos
em escalada, o ideal é que se empregue cordas de 10 a 12 mm, mas podem
também ser empregadas cordas de 8 ou 9 mm, preferencialmente permeadas.

DESENVOLVIMENTO

a. Generalidades
(1) Definição - A corda é um conjunto de fibras unidas entre si.
(2) Constituição das cordas - A corda é constituída por três elementos:
as fibras, os fios e os cordões; recebe o nome da espécie de fibra empregada
na sua fabricação (animal, vegetal ou sintética).
(3) Espécies de fibras
- Fibra de origem animal. Ex: crina, couro, seda e outras.
- Fibra de origem vegetal. Ex: sisal, algodão, juta e outras.
- Fibra de origem sintética. Ex: nylon e polipropileno.
(4) Normalmente, nas tropas de montanha, empregam-se exclusiva-
mente as cordas de origem sintética. Não são empregadas cordas de origem
animal ou vegetal nos trabalhos de escalada, pois são mais pesadas, oferecem
pouca impermeabilidade, resistem menos à tração, não oferecem adequada
segurança e sofrem grande desgaste com o roçamento nas pedras.

b. Classificação
(1) As cordas classificam-se em dois tipos:
(a) Estáticas - As cordas estáticas são quase inelásticas. Pouco se
alongam, devido a sua alma ser de fios lisos, o que lhe confere a elasticidade
natural do nylon: cerca de 1 ou 2% do seu comprimento quando submetidas ao
peso médio de uma pessoa. São utilizadas em vias em que as cordas sofram
tração, tais como rapéis e passa-mãos, permitindo que escaladores subam ou
desçam por elas, ou que grandes cargas sejam içadas ou baixadas ao longo da
parede, tais como em resgates.
(b) Dinâmicas - As cordas dinâmicas são usadas para a segurança
na escalada. Por sua alma ser constituída de cordões torcidos ou trançados,

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isto é, a própria alma é uma coleção de fios em espiral, possui a elasticidade
necessária para absorver choques e quedas. As cordas dinâmicas têm uma
elasticidade de cerda de 6 a 10% sob cargas normais.

c. Características das cordas sintéticas


(1) Pouco peso - Sua estrutura é constituída por grande quantidade de
fibras sintéticas de alta resistência, o que permite reduzir seu diâmetro em
benefício de um maior comprimento, sem aumentar o volume e o peso.
(2) Resistência à tração - A constituição e a quantidade de fibras
determinarão a resistência de uma corda. A capacidade máxima de tração que
uma corda possui é chamada de carga de ruptura.
(3) Impermeabilidade - As fibras e cordões passam por uma
preparação química que diminui a absorção de água, evitando que haja
aumento de peso. Devido a esta proteção, não ocorrerá seu endurecimento,
congelamento e modificação do diâmetro, mesmo mediante uso prolongado.
(4) Flexibilidade - Dependendo do diâmetro e da constituição, a corda
tem maior ou menor flexibilidade, facilitando ou não o seu manejo durante os
trabalhos de escalada.
(5) Elasticidade - Vital para absorver parte do choque nas quedas.

d. Manutenção
(1) A corda deve ser preparada para a escalada da seguinte maneira:
(a) As pontas devem ser falcaçadas para impedir que se desfiem;
(b) O seio da corda deve ser marcado para facilitar sua
identificação durante o manuseio. Não utilizar tinta para marcações nos cabos,
pois a pintura danifica as fibras. Utilizar esparadrapo ou alguma fita adesiva.
(2) Antes do uso
(a) Batê-la e acondicioná-la de modo adequado, seja no corpo ou
na mochila, para não encocar ou embolar durante a escalada,
(b) Inspecionar a corda manual e visualmente, procurando pontos
puídos ou deformações ao longo de toda a sua extensão.
(3) Durante o uso deve-se evitar:
(a) Puxar o cabo sobre arestas ou pontas. Colocar uma capichama,
ou algo semelhante, entre o cabo e a aresta viva, a fim de diminuir o atrito e a
consequente ruptura dos cordões. O uso de uma luva de lona ou de um pedaço
de mangueira de incêndio envolvendo a corda diminui os danos ao material
(Fig 3-1);
(b) Pisar as cordas;
(c) O contato das cordas com água, lama ou areia;
(d) O contato das cordas com o freio em “8” aquecido;
(e) O uso de cordas dinâmicas em trabalhos que exijam tração;
(f) O contato das cordas com óleos, tintas e outros produtos
químicos;

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(g) Utilizar talha (“tifor”) ou outro tipo de multiplicador de força na
tração de cordas sem que estejam unidas a um dinamômetro (aparelho
utilizado para medir a tração a que a corda está sendo submetida);
(h) Realizar a desescalada com rapel em “zigue-zague”, desviando
de obstáculos, pois certamente haverá atrito com pontas de pedra, o que
poderá danificar a corda ou até mesmo rompê-la (Fig 3-2).

Fig 3-1. Protegendo a corda Fig 3-2. Ruptura da corda por atrito

(4) Após o uso


(a) Cordas secas
- Inspecionar, procurando possíveis defeitos provocados pelos
trabalhos na rocha;
- Bater, enrolar e acondicionar em local adequado, longe da
umidade, superfícies de cimento ou concreto, substâncias químicas, raios
solares diretos e de modo que permita a circulação de ar entre os cabos;
- Registrar na ficha controle as horas de uso, quedas sofridas,
rapéis e demais atividades executadas.
(b) Cordas úmidas ou molhadas
- Estendê-las para que sequem, de preferência à sombra;
- Se forem secas ao sol, deve-se batê-las posteriormente para
que readquiram a flexibilidade.
(c) Cordas sujas de lama ou areia
- Lavar com água, ou, caso seja necessário, água e sabão
neutro. Para a lavagem das cordas pode ser empregado o lavador de cordas
(Fig 3-3).
- Seguir as orientações do item (b)

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Fig 3-3. Lavador de cordas

MÉTODOS DE ENROLAR CORDAS:

Vai e Vem
Método usado por montanhistas para guardar e transportar cordas, pois
as fibras não estão sob forte torcimento conforme visto nos métodos anteriores,
permitindo um acondicionamento mais seguro do que os outros já vistos, mas
no seu desenrolar para operação, pode haver travamento das alças

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Coroa japonesa

Método eficaz de salvamento e inicia-se a partir de uma azelha dobrada,


com o BM trançando a corda em volta do corpo, e ao seu término deve-se
arrematar ela confeccionando voltas em torno da última alça feita

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Corrente dupla:

Excelente método para acondicionar e transportar na mochila cordas de


30 a 60 metros de comprimento. Desenrola bem quando bem feita sem erros
nas alças que são formadas.

NÓS E AMARRAÇÕES

INTRODUÇÃO

a. Para aplicar com eficiência os princípios fundamentais de escalada, é


necessário conhecer e, principalmente, estar em condições de executar, com
perfeição, os nós e amarrações mais utilizados nos trabalhos em montanha.

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b. Utilizando a técnica correta e com rapidez, é preciso saber
confeccioná-los de várias formas, sob quaisquer condições (pouca visibilidade,
cansaço, limitação de uma das mãos), arrematá-los e desfazê-los.
c. O aprendizado dos nós baseia-se na capacidade de “fotografá-los”, ou
seja, gravar na memória as figuras que estes formam depois de confeccionados. A
execução rápida e correta depende exclusivamente de uma prática constante.

DESENVOLVIMENTO

a. Nomenclatura (Fig 2-1)

(1) Corda - Cabo de comprimento maior que 6 metros, de qualquer diâmetro.


(2) Cabo Solteiro - Corda de até 6 m, com 9 a 13 mm de diâmetro, usada para
a confecção de assentos, atadura de peito, segurança individual e trabalho de
tracionamento de cordas.
(3) Retinida - Corda fina (diâmetro de 6 a 8 mm) utilizada para trabalhos
auxiliares.
(4) Alça - Volta ou curva em forma de “U”.
(5) Anel - Volta em que as partes da corda se cruzam.
(6) Chicote - É a extremidade livre de uma corda.
(7) Firme - Parte que fica entre o chicote e a extremidade fixa de uma corda.
(8) Permear - Dobrar a corda ao meio.
(9) Seio – Alça central de uma corda.
(10) Ancorar - Fixar uma corda num ponto qualquer.
(11) Acochar - Ajustar o nó, apertá-lo.
(12) Coçar - Gastar a corda pelo atrito contra uma superfície áspera ou outra
corda. Uma corda coçada é uma corda puída.
(13) Morder - Prender a corda por pressão, seja com superfície rígida ou pela
própria corda.
(14) Safar - Liberar uma corda quando enrolada ou presa.
(15) Cocas - Voltas ocasionais que aparecem em uma corda.
(16) Desencocar - Tirar as cocas da corda.
(17) Bater uma corda - Desencocar a corda e retirar as impurezas.
(18) Falcaçar - Unir os cordões do chicote por meio de um barbante, fogo ou
fita adesiva, para que ele não desfie ou desmanche.
(19) Costura - Passagem do cabo em um mosquetão para direcionar a
escalada.

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Figura 2.1

b. Características dos nós:


(1) Fácil confecção
(2) Ser seguro sem tendências a afrouxar-se, ajustar-se ou deslizar quando
submetido ou não a um esforço de tração.
(3) Fácil soltura não apresentando excessiva resistência após ter sofrido
fortes e prolongadas tensões.

Volta do fiel e cote: Usado para içar objetos; e para fazer ancoragens. Sendo
bastante seguro.

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Nó Prusik ou Nó prússico: Nó auto-blocante usado na segurança estática; em
trabalhos de ancoragem que não podem sofrer deslizamento; e empregado na
subida pela corda. Usado cordeletes de 4mm a 6mm. Desaconselha-se o uso
de fita tubular, pois ela sofre deslizamento.

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Nó d’água ou Nó de fita ou Nó duplo: Nó extremamente seguro, usado para
emendar cabos de mesmo diâmetro. Estes podendo até estar molhados; e para
fitas tubulares é o nó mais empregado por não “maltratar” a mesma

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Nó uiaa: Nó utilizado para segurança em escalada e para descida com a corda
passada no mosquetão quando não houver aparelho de descida específico, ou
seja, uma descida improvisada de emergência

Nó de pescador duplo: Usado para emendar cabos de diâmetros iguais ou


diferentes, sendo este mais seguro que o de pescador, por ter uma volta a mais

Nó de escota singelo: Usado para unir cabos de diâmetros iguais ou


diferentes; pode ser feito em volta de uma argola, gancho, braçadeira etc.

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Nó de borboleta Usado na ligação (encordoamento) dos montanhistas e
espeleólogos, o primeiro e o último da cordada usam um dos nós com alça,
tendo este que ser seguro. Usado em trabalhos que necessitem de uma alça
segura. Usado para receber tração em amarrações de cargas ou esticar uma
corda.

Fontes:

• Manual de Salvamento em Altura: Rio de Janeiro: CBMERJ, 2019

• Manual de Salvamento de Montanha: Rio de Janeiro: CBMERJ, 2019

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