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Dissertação Jorge Luiz Fernandes de Oliveira
Dissertação Jorge Luiz Fernandes de Oliveira
Aprovada por:
_____________________________________________________
Prof. Luiz Landau, D.Sc.
_____________________________________________
Prof. Isimar de Azevedo Santos, D.Sc.
_____________________________________________________
Prof. Reiner Olíbano Rosas, D.Sc.
_____________________________________________
Profa. Graciela Arbilla de Klachquin, D.Sc.
_____________________________________________
Prof. José Ricardo de Almeida França, D.Sc.
ii
Agradecimentos
iii
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
Março/2004
iv
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
March/2004
In this research was built (set up) a Geographic Information System – GIS, to
give support to the Airshed III atmospheric modeling. The GIS standed for redefinition
the Airshed III and spatial analysis of pollutant emission sources in this area.
The spatial analysis together the atmospheric modeling would make possible a
better understanding about the factors that interfere in the air quality of this Airshed.
Forward trajectories have been calculated from July 2001 in Airshed using a
three dimensional cinematic trajectory model. In this model, the trajectories are
obtained using the three components of wind velocity (u, v, w). The wind was derived
from the Regional Atmospheric Modeling System (RAMS).
Air parcel trajectories calculated for six roads of the Airshed suggested the
existence of a corridor of air parcel that transports pollutants in this Airshed and extra
Airshed. Results suggest a larger control of the mobile source emissions.
v
Sumário
Capítulo 1 – Introdução.......................................................................................... 1
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica.................................................................... 6
2.1 – Meteorologia e poluição do ar......................................................................... 6
2.1.1 – Escoamento atmosférico............................................................................... 9
2.1.1.1 – Escoamentos de macroescala..................................................................... 10
2.1.1.2 – Escoamentos de mesoescala....................................................................... 10
2.1.1.3 – Escoamentos de microescala...................................................................... 10
2.1.2 - Estabilidade atmosférica................................................................................ 11
2.1.2.1 – A influência da estabilidade na elevação da pluma de poluentes.............. 13
2.1.3 – Camada limite planetária.............................................................................. 15
2.1.3.1 – Divisão e caracterização da camada limite planetária............................... 15
2.1.3.2 - Temperatura versus espessura da camada limite de superfície.................. 19
2.1.3.3 – Comportamento do vento com a altura..................................................... 22
2.1.3.4 – Perfil do vento na camada limite superficial.............................................. 24
2.1.3.5 – A importância da camada de mistura para a qualidade do ar..................... 24
2.1.4 – Potencial forte de poluição do ar................................................................... 26
2.2 – Química da troposfera...................................................................................... 27
2.2.1 – Tempo de residência..................................................................................... 27
2.2.2 – Reatividade química...................................................................................... 28
2.2.3 – Transformações de poluentes na atmosfera.................................................. 29
2.2.3.1 – Química atmosférica em fase gasosa......................................................... 30
2.2.3.2 – Reações atmosféricas em solução.............................................................. 31
2.2.3.3 – Reações atmosféricas sobre superfícies sólidas......................................... 31
2.2.4 – Processos de remoção de espécies da atmosfera........................................... 32
2.2.4.1 – Deposição úmida........................................................................................ 32
2.2.4.2 – Deposição seca........................................................................................... 32
2.2.5 – Poluentes atmosféricos.................................................................................. 33
2.2.5.1 – Particulados................................................................................................ 34
vi
2.2.5.2 – Gases.......................................................................................................... 37
2.2.5.3 – Líquidos..................................................................................................... 42
2.2.6 – Poluentes critérios......................................................................................... 43
2.2.7 – Poluentes tóxicos do ar................................................................................. 44
2.2.8 – Caracterização de fontes de emissões........................................................... 44
2.2.9 – Fotoquímica urbana....................................................................................... 46
2.3 – Fatores geográficos.......................................................................................... 48
Capítulo 3 – Revisão da Literatura....................................................................... 50
Capítulo 4 – Dados e Metodologias....................................................................... 63
4.1 – Dados............................................................................................................... 63
4.1.1 – Base de dados topográficos........................................................................... 63
4.1.2 – Base de dados meteorológicos...................................................................... 63
4.2 – Metodologias.................................................................................................... 64
4.2.1 – Sistema de informação geográfica – SIG...................................................... 64
4.2.2 – Simulações atmosféricas............................................................................... 65
4.2.3 – Cálculos de trajetórias de parcelas de ar....................................................... 67
Capítulo 5 – Análise Espacial da Bacia Aérea III................................................ 70
5.1 – Definição de Bacia Aérea................................................................................ 70
5.2 – Bacia aérea III.................................................................................................. 71
5.2.1 – Descrição dos municípios que compõem a Bacia Aérea III......................... 72
5.2.2 – Relevo da Bacia Aérea III............................................................................. 73
5.3 - A influência antrópica na qualidade do ar........................................................ 75
5.3.1 - Cobertura vegetal........................................................................................... 75
5.3.2 - Coleta de lixo................................................................................................. 76
5.3.3 – Aterros sanitários.......................................................................................... 76
5.3.4 – Uso e ocupação do solo................................................................................. 77
5.4 – Caracterização das principais indústrias potencialmente poluidoras............... 78
5.4.1 – Quanto à tipologia......................................................................................... 79
5.4.2 – Quanto ao potencial poluidor........................................................................ 80
5.5. – O sistema de transporte e as principais vias de acesso................................... 81
Capítulo 6 – Modelagem Atmosférica da Bacia Aérea III.................................. 84
6.1 – Caracterização da área de estudo..................................................................... 84
6.2 – Caracterização do escoamento tipo brisa......................................................... 85
vii
6.2.1 – Escoamento tipo brisa terrestre..................................................................... 86
6.2.2 – Escoamento tipo brisa marinha..................................................................... 87
6.3 – Trajetórias tridimensionais............................................................................... 90
6.3.1 – Validação do modelo para a Bacia Aérea III................................................ 90
6.3.2 – Trajetórias seguidas pelos poluentes emitidos nas coordenadas 220 30’ S e
430 04’W................................................................................................................... 92
6.3.3 – Trajetórias de seis vias importantes da Bacia Aérea III................................ 95
6.3.3.1 – Rodovia Presidente Washington Luiz – BR 040....................................... 96
6.3.3.2 – Rodovia Rio Teresópolis – BR 116........................................................... 101
6.3.3.3 – Rodovia Presidente Dutra – BR 116.......................................................... 105
6.3.3.4 – Avenida Brasil............................................................................................ 109
6.3.3.5 – Linha Amarela............................................................................................ 114
6.3.3.6 – Linha Vermelha.......................................................................................... 118
6.4 Trajetórias de fontes fixas................................................................................... 123
Capítulo 7 – Conclusões.......................................................................................... 125
Capítulo 8 - Referências Bibliográficas................................................................. 128
Anexo 1 – Padrões de Qualidade do Ar para os poluentes critérios......................... 137
Anexo 2 – Poluentes não regulamentados................................................................ 138
Anexo 3 – Equações básicas utilizadas no RAMS................................................... 139
Anexo 4 – Empresas selecionadas pelo PDBG......................................................... 141
viii
Capítulo 1
Introdução
1
Primários: concentrações que, quando ultrapassadas poderão afetar a saúde da população, sendo
aplicados à área de desenvolvimento.
Secundários: concentrações abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da
população, mínimo dano à fauna, à flora e ao meio ambiente como um todo.
1
Os padrões secundários, importantes na implementação de medidas de controle
ambiental e caráter preventivo à degradação da qualidade do ar têm aplicações restritas
às áreas de preservação ambiental. Já os padrões primários são importantes para a
manutenção da qualidade do ar respirável.
Além dos padrões de qualidade, a resolução CONAMA 03/90 estabeleceu
também, "níveis de qualidade do ar para a elaboração de Plano de Emergência para
Episódios Críticos de poluição do ar. Esse Plano de Emergência, de responsabilidade
dos governos de estado e de municípios, assim como de entidades privadas e
comunidade em geral, tem o objetivo de prevenir a população de grave e iminente risco
à saúde. Considerando que a poluição do ar urbano afeta a todos, e, principalmente aos
pobres que se encontram mais expostos a ela e, as pessoas com um histórico de
enfermidades respiratórias ou cardíacas, as administrações locais devem evitar que a
concentração urbana, a industrialização e a expansão da mobilidade urbana acarretem
pesados custos à saúde e à qualidade de vida dos habitantes, especialmente dos mais
jovens e idosos [1].
Para manter a qualidade do ar dentro dos padrões estabelecidos em lei pode-se
legislar sobre a qualidade dos combustíveis e seus produtos finais, substituir
combustíveis e processos ou utilizar técnicas e equipamentos que reduzam os poluentes
antes e após a queima do combustível [2]. A eficácia do controle da qualidade do ar
depende da constante observação dos padrões de qualidade do ar estabelecidos pelas
agências ambientais [2]. A observação desses padrões, entretanto não é uma tarefa fácil,
pois envolve a instalação de uma rede de estações de monitoramento de poluentes
critérios, de custo de instalação, manutenção e análise de dados muito elevado e
variável, dependendo dos poluentes monitorados. Além do custo2 elevado de uma rede
de monitoramento, a localização de uma estação deve atender certos critérios, nem
sempre possíveis, para que os dados observados sejam representativos da área que a
estação monitora.
A incorporação de fatores físicos e sócio-econômicos no processo de tomada de
decisão para localização de uma rede de monitoramento de poluentes primários e
secundários, dá maior representatividade às informações sobre a qualidade do ar. Os
fatores físicos, que mais influenciam na qualidade do ar são à localização das fontes em
relação à topografia local e os fatores relacionados à atmosfera. Dentre os fatores sócio-
2
Os custos elevados de uma única estação, bem como à análise de certos poluentes têm limitado muito o
tamanho das redes de monitoramento da qualidade do ar nos países em desenvolvimento.
2
econômicos, o uso e ocupação do solo se destacam, pois o tipo de atividade influencia o
modo como a população se desloca e gera poluição neste espaço. Com relação à
mobilidade espacial, sem dúvidas, que a precariedade ou inexistência de transporte de
massa contribui para o crescimento da frota de veículos automotores, e,
conseqüentemente para deterioração da qualidade do ar em centros urbanos com
características topográficas e meteorológicas favoráveis à concentração de poluentes.
O planejamento do uso do solo ao estabelecer perfis para o desenvolvimento de
centros urbanos, especificando zonas residenciais, escolares, comerciais, industriais e
recreativas controla a densidade demográfica futura dessas zonas, que afetam a
demanda por serviços de transporte, minimizando os efeitos da poluição na população.
Embora o planejamento do uso do solo possa criar um ambiente urbano favorável no
futuro, infelizmente não pode resolver os problemas imediatos da poluição atmosférica
relacionada ao trânsito, pois os poluentes gerados com os engarrafamentos estão
relacionados ao número cada vez maior de veículos particulares [1].
Na maioria dos centros urbanos da América Latina e Caribe o crescimento das
cidades, sem o devido planejamento, permitiu que os veículos automotores se tornassem
a principal causa da deterioração da qualidade do ar ao emitirem poluentes precursores
de ozônio. Embora os problemas ambientais relacionados ao setor transporte sejam
sérios verifica-se que os veículos automotores estão aumentando mais rapidamente que
a população e, que a população urbana está aumentando mais rapidamente que a
população total [1].
A Bacia Aérea III, uma área urbana, densamente povoada e industrializada da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro - RMRJ, tem a qualidade do ar comprometida
como a Bacia Aérea da cidade de Los Angeles3 rodeada no seu lado sudoeste pelo
oceano Pacífico Norte, e em todos os outros lados por montanhas. Durante o dia a brisa
marinha sopra em direção ao continente e à noite a brisa terrestre sopra fraca em direção
ao mar. A brisa marinha transporta os poluentes primários emitidos, principalmente no
lado oeste da Bacia (região fonte) em direção ao lado leste (região receptora), aonde
chegam como poluentes secundários.
Similarmente a Bacia Aérea da cidade de Los Angeles, a qualidade do ar da
Bacia Aérea III é agravada pela presença dos maciços da Tijuca, Pedra Branca e
Gericinó/Mendanha, que delimitam áreas de baixadas entremeadas de pequenas serras e
3
Os veículos automotores contribuem fortemente para a baixa qualidade do ar dessa cidade americana.
3
morros isolados, ocupação irregular do solo, elevado número de indústrias, inúmeras
vias pavimentadas e sem pavimentos, presença do oceano Atlântico Sul ao Sul e a Baía
de Guanabara a Leste, ocorrência de fortes inversões térmica e alta freqüência de
calmaria na estação de inverno e clima tropical. No período de maio a setembro, devido
ao posicionamento do Anticiclone Subtropical Marítimo do Atlântico Sul, ocorrem com
freqüência situações de estagnação atmosférica e elevados índices de poluição. A brisa
terrestre matinal apresenta-se como um mecanismo de limpeza da área, transportando os
poluentes em direção ao oceano. A brisa marinha vespertina, por sua vez tem sua ação
limitada pela serra dos Órgãos a norte e os três maciços próximos ao litoral. Por ter sua
ação restrita aos horários de maior atividade econômica a brisa marinha é sem dúvida o
principal mecanismo natural de transporte de poluentes para as áreas mais carentes e
densamente povoadas da Bacia Aérea III [3].
Um fator comum a Bacia Aérea da cidade de Los Angeles e da RMRJ, que
contribui fortemente para a qualidade do ar, é a localização dessas Bacias em relação ao
sistema de alta pressão dos oceanos Pacífico Norte e Atlântico Sul, respectivamente.
Além do fator exposto acima existe um número considerável de poluentes que
contribuem para o agravamento da qualidade do ar e não são legislados, Anexo 2.
O conceito de Bacia Aérea é muito importante para o gerenciamento da
qualidade do ar de uma cidade ou região e para os processos de tomada de decisão. Mas,
para gerenciar a qualidade do ar de uma Bacia Aérea é necessário conhecer as variáveis
meteorológicas, geográficas, sócio-econômicas e a química da troposfera.
Considerando que a qualidade do ar, de um modo geral, é fortemente
influenciada por variáveis meteorológicas, a presente tese tem o objetivo principal de
contribuir para o melhor entendimento das relações existentes entre a meteorologia local
e as fontes potencialmente poluidoras da Bacia Aérea III. Como objetivos secundários
pretende-se responder as seguintes perguntas:
9 O escoamento tipo brisa interfere no transporte de poluentes nessa Bacia?
9 A altura da fonte poluidora e a hora de emissão interferem no transporte de
poluentes?
9 Os poluentes emitidos pelas fontes móveis na Bacia afetam somente a área de
influência das vias?
9 Existe um corredor de transporte de poluentes na Bacia Aérea III?
4
Com o propósito de alcançar o objetivo da tese montou-se um sistema de
informação geográfica (SIG) para subsidiar a análise espacial das fontes poluidoras da
Bacia Aérea III, elaborar o modelo digital de terreno da Bacia e caracterizar o uso e
ocupação do solo.
A presente tese está estruturada em 8 capítulos e 4 anexos. No capítulo 1,
Introdução, contextualiza-se o problema, objeto da tese, os objetivos a serem alcançados
e as hipóteses assumidas. No capítulo 2, Fundamentação Teórica, faz-se uma breve
abordagem dos principais fatores meteorológicos, geográficos e químicos relacionados à
modelagem da qualidade do ar. No capítulo 3 apresenta-se uma revisão da literatura,
procurando abordar o Estado da Arte da qualidade do ar. No capítulo 4 aborda-se a
metodologia utilizada na tese. Nos capítulos 5 e 6 são apresentados os resultados da
análise espacial e da modelagem atmosférica. No capítulo 7 são apresentadas as
conclusões deste trabalho. No capítulo 8 são apresentadas as referências bibliográficas
utilizadas na tese. O anexo 1 apresenta os poluentes critérios, o anexo 2 apresenta os
poluentes não regulamentados, o anexo 3 as equações básicas do Rams 4.3 e o anexo 4
apresenta as empresas selecionadas pelo PDBG para controle da poluição.
5
Capítulo 2
Fundamentação Teórica
6
Dentre os gases variáveis os mais importantes são o vapor d'água, o gás
carbônico, o ozônio, o óxido sulfuroso, o dióxido de nitrogênio e o metano. Gases de
efeito estufa, juntamente com as partículas sólidas e líquidas em suspensão são
importantes para o equilíbrio térmico do planeta. As partículas além de reduzirem a
radiação solar incidente contribuem também para a formação de nuvens.
Embora a atmosfera seja composta de uma mistura homogênea de gases até
cerca de 90 quilômetros de altitude, muito tênue acima dos 12 quilômetros, ela não é
fisicamente homogênea, possuindo uma estrutura de camadas justapostas com
características distintas.
As camadas da atmosfera podem ser classificadas de acordo com a temperatura,
densidade e composição química. Do ponto de vista da dispersão de poluentes, a mais
importante classificação é a que utiliza o critério térmico mostrado na figura 2.1. Essa
divisão, que resulta do inter-relacionamento das diversas fontes de calor na atmosfera é
importante do ponto de vista de mudanças de tempo. Entretanto, a divisão segundo o
critério da composição é importante para certos estudos1 .
1
Relacionados a camada de ozônio, telecomunicações, etc.
7
Figura 2.1 - Perfil vertical médio de temperatura na atmosfera
8
maior parte dos poluentes. Costuma-se dividir a troposfera em Camada Limite
Planetária2 (CLP) e Atmosfera Livre3 .
Na tabela 2.1 verifica-se que os fenômenos meteorológicos ocorrem em escalas
que variam de 10-7 a 107 metros. Para se estudar um fenômeno (sistema) específico
utiliza-se à análise de escala, que é uma técnica muito utilizada para simplificar as
equações governantes do movimento. Essa técnica elimina os termos desprezíveis do
sistema que se deseja modelar em função da escala de comprimento.
2
Camada na qual os efeitos da superfície são relevantes.
3
Na atmosfera livre os efeitos do atrito com a superfície não são relevantes.
9
tangentes às velocidades observadas, simultaneamente em diferentes pontos do
escoamento, denominadas linhas de corrente. O método lagrangeano permite visualizar
as sucessivas posições de uma mesma partícula ao longo do tempo. As linhas são
tangentes e denominadas de trajetórias.
10
encanamento ou criando espaços sem aeração suficiente e acúmulo de poluentes,
influenciando assim, na qualidade do ar.
4
Embora a atmosfera seja raramente adiabática assume-se que não há troca de calor entre a parcela e o ar
ambiente, porque o movimento da parcela é muito rápido e a condução de calor no ar é relativamente
baixa. A diminuição da pressão, com a altitude conduz uma parcela de ar, não saturada, a expansão e,
conseqüente resfriamento.
11
se que a atmosfera é estável e os movimentos verticais não ocorrem, ou são
amortecidos. Se a temperatura da parcela é a mesma que a do ambiente (Tp = Ta) a
parcela não se sujeita a nenhuma força, em qualquer direção, e a atmosfera é
considerada neutra.
A distribuição vertical de temperatura apresenta diariamente, variações em
relação às condições médias. Uma camada atmosférica será instável ou estável
dependendo do valor do gradiente de temperatura ambiental (Ta) observado na camada.
A atmosfera tende a ser instável durante o dia, devido ao aquecimento
diferencial da superfície, ou processos como advecção e convecção. Nessas condições,
os poluentes são rapidamente dispersados com concentrações moderadas ou baixas.
Ao anoitecer a perda de radiação terrestre5 torna a atmosfera estável, devido ao
resfriamento da superfície e, conseqüentemente, do ar junto a ela. Atmosfera estável
com vento fraco limita a dispersão de poluentes. Nessa condição, as concentrações de
poluentes podem ser elevadas com os mesmos permanecendo próximo à fonte.
Em condições de céu claro e calmaria, o resfriamento do ar próximo à superfície
é mais acentuado, gerando a condição de inversão de temperatura do ar. Esse
comportamento da temperatura do ar limita a dispersão lateral e vertical dos poluentes,
tornando as concentrações dos mesmos, anormalmente elevadas se a emissão continuar.
As inversões térmicas são condições que ocorrem com freqüência regular, sendo
mais freqüentes na estação de inverno. Contudo, a inversão de subsidência pode ocorrer
com a passagem de uma massa fria na área ou sob a condição de bloqueio provocada
por um centro de alta pressão intenso. A inversão de subsidência, provocada por uma
condição de bloqueio, é extremamente desfavorável à saúde da população, podendo
durar alguns dias, concentrando a poluição próxima ao solo.
ROBSON [10] utilizando a variação de temperatura potencial6 do ar ( è), entre
a base e o topo da camada de inversão, a espessura da camada de inversão ( Æ) e a
altura da base da camada de inversão (Z) definiu a intensidade da inversão térmica,
equação 2.1, como:
I=
(∆ θ ) 2 2.1
3 + Z .∆Z
5
Radiação de onda longa.
12
Um índice de inversão (I) elevado indica que o potencial de poluição do ar é
forte. Índices baixos indicam que o potencial de poluição do ar é fraco e que há
condições favoráveis de dispersão.
Para NICOLLI [11] a gravidade dos índices altos vai depender da região. Índices
elevados não são necessariamente indicadores da concentração de poluentes, mas
apenas uma indicação meteorológica de condições favoráveis ao estabelecimento de
forte concentração de poluentes no ar. Pode haver situações isoladas, de um dia ou dois,
de péssima qualidade do ar, em certas áreas, embora o índice (I) de intensidade de
inversão não tenha sido elevado. Um bom exemplo dessa situação é a combinação de
ventos fracos à superfície com a estabilidade atmosférica e a topografia local.
Alguns episódios críticos de poluição do ar, como os que aconteceram em
Donora [12], Londres e Meuse Valley [13], vitimaram milhares de pessoas devido à
persistência de sistemas de alta pressão. Em tais circunstâncias, a calmaria e céu claro
contribuem para a formação de uma inversão durante a noite, condição característica de
atmosfera estável. Esses episódios críticos não deixam dúvidas sobre a importância da
estabilidade atmosférica nos estudos de qualidade do ar.
6
É a temperatura que uma parcela de ar alcançaria se fosse trazida adiabaticamente ao nível de 1000 hPa.
13
nível do solo.
14
2.1.3 - Camada limite planetária
7
Excetuando a camada limite milimétrica, próxima à superfície onde predomina a condução molecular, a
camada nas primeiras dezenas de metros (20 a 60 m), dependendo, dentre outros fatores, das
características da superfície e da estratificação é conhecida como Camada de Tensão Constante, Camada
de Prandtl ou Camada Limite Convectiva.
15
Na camada mais próxima à superfície, CLS, a rugosidade do solo, a topografia, a
natureza da cobertura vegetal, a intensidade do vento, a taxa de aquecimento ou
resfriamento da superfície, a advecção de calor e umidade, os movimentos verticais, as
escalas características de comprimento geram tensões tangenciais no escoamento.
Essas tensões, comparáveis em magnitude aos efeitos de Coriolis e gradiente de
pressão, geram cisalhamentos verticais intensos, levando ao desenvolvimento de
vórtices turbulentos de várias escalas até mesmo em ventos razoavelmente fracos. Esses
vórtices turbulentos, muito eficientes no transporte de propriedades, contribuem com o
aquecimento da baixa troposfera e a mistura dos poluentes.
A presença de grandes cisalhamentos satisfaz a condição de não deslizamento,
provocando variações rápidas na velocidade média do vento de um ponto ao outro. A
turbulência mecânica (convecção forçada) é mais pronunciada próximo à superfície,
com sua intensidade dependendo fortemente da rugosidade aerodinâmica e do vento. A
turbulência de origem térmica (convecção livre) ocorre devido à transferência de calor
para a atmosfera pelos transportes convectivos, instabilizando-a.
Os efeitos da viscosidade8 e turbulência são muito importantes na formação e
manutenção da CLP. Entretanto, é bom lembrar que a viscosidade é uma propriedade
molecular do fluido, enquanto a turbulência9 é uma propriedade do escoamento e não do
fluido [5].
BROWN [17] definiu a (CLS) como sendo a região onde os fluxos turbulentos
de momenta, calor e vapor d’água não diferem significativamente dos valores à
superfície. Estendendo-se do solo até a base da primeira inversão (z ≈ zj), a CLS
também chamada de Camada Limite Convectiva (CLC) é caracterizada por uma forte
mistura vertical impulsionada pelo fluxo de calor turbulento positivo [18]. Essa mistura
vertical turbulenta é muito eficiente na transferência de massa, momentum e calor na
Camada Limite acima e abaixo, ligando a superfície da Terra com a atmosfera livre [5].
A instabilidade gerada na CLC, devido ao aquecimento da atmosfera pelo solo e
aos movimentos turbulentos e de mistura, deu origem ao conceito de profundidade da
mistura (Zj) e, conseqüentemente, Camada de Mistura (CM).
8
É uma medida da resistência interna do fluido à deformação. As forças viscosas são desprezíveis, exceto
em regiões próximas a contornos sólidos, sobre os quais deve ser válida a condição de não-deslizamento
ou aderência. Na verdade, a viscosidade não pode ser ignorada, bem como a dissipação de energia
mecânica que ela produz, caso contrário, alguns movimentos que recebem energia continuamente
tenderiam a aumentar sem limite.
9
A turbulência manifesta-se num aumento aparente da viscosidade do fluido.
16
HOLZWORTH [19] desenvolveu um método10 simples para determinar a CM
pela manhã e ao entardecer baseado na sondagem das 1200 UTC e na temperatura de
superfície.
Em contraste à grande extensão vertical da turbulência térmica, Zj ~ 1000 m, os
efeitos do atrito superficial, ou seja, da turbulência mecânica, são confinados próximos
à superfície. A CM não se estende a altura superior a Z = L , onde L é o comprimento
de Monin-Obukhov [18].
)
ρC pT0u*3
L= − 2.2
k g q3
onde:
11
u* - velocidade de fricção na superfície ;
k - constante de Von Kárman (0,40).
T0 - temperatura do ar à superfície;
ρ - densidade do ar;
g - aceleração da gravidade;
q 3 - fluxo de calor turbulento médio vertical;
)
C p - calor específico à pressão constante corrigido para uma atmosfera úmida.
(L<0) durante o dia, quando o calor à superfície torna a atmosfera instável ( q 3 >0).
Valores próximos a zero, dependendo do sinal, indicam condições de muita
instabilidade ou estabilidade. Para L = ∞ a atmosfera é neutra ( q 3 = 0).
10
Estende-se uma adiabática seca a partir da temperatura máxima à superfície, até sua interseção com o
perfil de temperatura do ar livre, mais recentemente observado.
11
Parâmetro representativo da turbulência mecânica.
17
− 4Z
lw = 0.2 Zj 1 − exp − 0.0003 exp 8Z 2.3
Z
Zj j
onde:
Z - altura a partir da superfície;
Zj - profundidade da mistura turbulenta na CM (distância entre o solo e a base da
primeira inversão).
1
g q3 3
W =
*
) Zj 2.4
T0 ρC p
onde:
Zj – altura da base da primeira inversão;
T0 - temperatura do ar à superfície;
ρ - densidade do ar;
g - aceleração da gravidade;
q 3 - fluxo de calor turbulento médio vertical;
)
C p - calor específico à pressão constante corrigido para uma atmosfera úmida.
18
δε = 2 Av
2.5
f
onde:
f = parâmetro de Coriolis;
Av = coeficiente de viscosidade turbulenta.
ν
E= 2.6
2ΩL2
onde:
ν = coeficiente de viscosidade cinemática;
L = escala de comprimento característico do movimento;
Ω = período de rotação da Terra = 7, 29 x 10-5 s.
19
conseqüentemente, o cisalhamento não existe, predominando a estratificação. Este
comportamento mostra que a atmosfera é raramente adiabática. Assim, é de suma
importância, na previsão da velocidade do vento na CLS, considerar os efeitos da
temperatura no tipo de turbulência esperada.
Considerando um fluxo permanente e homogêneo no plano x1 x2 e assumindo a
velocidade média u( x3 ) ≠ 0 a energia cinética turbulenta é dada por 2.7:
1 ' '
u i ui 2.8
2
θ' 2 2.9
∂u1
1. − u1' u '3 produção de energia cinética turbulenta por cisalhamento;
∂x 3
20
g ' '
2. u3θ produção de energia cinética turbulenta por flutuabilidade (se o termo for
Te
∂ 1 ' ' 1
3. u i u i u' 3 + p' u '3 fluxo turbulento de energia cinética;
∂x 3 2 ρ
∂ui' ∂u 'i
4. ν dissipação de energia cinética pela viscosidade molecular;
∂x j ∂x j
∂θ
5. − u '3θ ' produção de flutuabilidade pelo gradiente de temperatura médio;
∂x 3
∂ 1 '2 '
6. θ u 3 fluxo turbulento de flutuações da temperatura média quadrada;
∂x 3 2
∂θ ' ∂θ '
7. - α decaimento de flutuações de temperatura média quadrada, devido a
∂x j ∂x j
condutividade molecular.
( g / T e )u3' θ'
Rf = 2.12
u1' u '3 ∂u1 / ∂x 3
21
∂ u1
Agora, considerando > 0 e u1' u '3 < 0 verifica-se que o termo u '3θ ' governa o sinal
∂x3
de Rf e se a energia cinética é produzida ou destruída pela flutuabilidade.
22
u* Z0
Re = ( ) 2.14
ν
onde:
u* = velocidade de fricção
z0 = altura acima do solo (onde u = 0, e depende da natureza do terreno.
ν = coeficiente de viscosidade cinemática.
1 Z
V( Z ) = ln u* 2.15
k Z0
onde:
Z ≥ Z0;
k = constante de Von Kármán (0.40).
23
rugosidade (Zo ) ao elemento rugoso (ε) como Z0 ≅ ε/30. A tabela 2.1.3.3 apresenta o
comprimento de rugosidade de várias superfícies.
24
Atualmente o interesse em estudar a CM está diretamente relacionado à
elaboração dos diagnósticos ambientais de complexos industriais potencialmente
poluidores da atmosfera [23], pois a capacidade da atmosfera em diluir poluentes varia
diuturnamente e sazonalmente [24].
As inversões noturnas (radiação) ao nível do solo e as formadas devido à
drenagem de ar frio em direção aos vales são dissipadas pela convecção matinal,
facilitando a mistura de poluentes na atmosfera. Com o decorrer do dia a atividade
urbana aumenta a poluição nos níveis baixos da atmosfera [8]. A inversão de
subsidência pode durar alguns dias, diminuindo inclusive sua base em relação ao solo.
Na estação de inverno, via de regra, a atmosfera é mais estável que na estação de
verão. Nesse período de maior estabilidade, ocorre calmaria e ventos fracos,
favorecendo as inversões de temperatura. Os diversos tipos de inversões limitam a
espessura da CM e, conseqüentemente, a diluição de poluentes.
Os ventos com velocidades elevadas geram turbulência mecânica, aumentando a
instabilidade da atmosfera e, conseqüentemente, a espessura da CM. Essa situação
favorece a diluição de poluentes.
O aquecimento diferencial da superfície também produz um movimento
turbulento12 do ar, representado por trocas na direção e velocidade do vento,
aumentando a espessura da camada de mistura. Se o escoamento fosse perfeitamente
suave, o material liberado seria transportado na direção do vento, na forma de uma
pluma estreita como um cone [24].
A velocidade do vento varia no tempo e espaço, determinando, portanto, o
tempo para o material se mover de uma fonte para o receptor. A concentração do
material depende também da velocidade do vento nos vários níveis da atmosfera onde o
material é misturado [24].
Em ruas, avenidas e em torno de edifícios de uma cidade o vento apresenta
características diferentes daquelas encontradas nas zonas rurais, devido às superfícies
irregulares e desiguais. Embora a rugosidade da superfície urbana gere turbulência
mecânica, contribuindo para o aumento da espessura da camada de mistura, esse tipo de
turbulência levanta partículas maiores e aumenta a concentração de material particulado
oriundo do solo.
12
O movimento turbulento mecânico aumenta com a velocidade do vento e a altura dos obstáculos. Já a
turbulência térmica ocorre quando o vento se desloca sobre uma superfície aquecida.
25
A separação do escoamento entre edifícios gera concentrações mais altas de
poluentes ao redor dos mesmos, devido ao efeito “downwash” que não permite a
elevação da pluma.
Os poluentes normalmente, emitidos na CM sofrem influência do vento médio
que transporta os poluentes de um ponto ao outro e dos movimentos turbulentos que
dispersam os poluentes da posição média, no sentido horizontal e vertical.
A direção e a velocidade do vento no interior da CLP associadas à altura da CM
determinam em grande parte a eficiência dos processos de diluição e dispersão de
poluentes lançados na atmosfera [25]. Segundo BOUBEL [26] uma mudança de 50
graus na direção do vento pode causar uma redução de até 90%, dependendo da
condição da atmosfera, na concentração medida por um receptor alinhado com a direção
original.
De um modo geral, as concentrações de poluentes na atmosfera urbana são
devidas não só às emissões e as transformações químicas, mas, também, aos processos
meteorológicos de diluição e transporte.
13
Condições meteorológicas que favorecem a concentração de poluentes.
14
Camada próxima ao solo.
26
ROBSON [10], por sua vez, considera suficiente um índice de inversão térmica
elevado para caracterizar uma condição de potencial forte de poluição do ar (PFPA).
O grau de gravidade de índices elevados depende da localização da área em
relação à circulação geral da atmosfera. Regiões situadas em áreas de alta pressão são
mais favoráveis à concentração de poluentes, devido à subsidência15 , ventos fracos e
freqüentes inversões térmicas. As regiões localizadas em áreas de baixa pressão são
menos favoráveis à concentração de poluentes, devido aos ventos constantes e mais
fortes. Nessas áreas, a convecção profunda promovida pelos cumulunimbus (cb)
bombeia toneladas de poluentes para a estratosfera e a precipitação promove a lavagem
da atmosfera local.
15
Processo no qual o ar atmosférico desce de níveis elevados em direção à superfície. É o contrário da
convecção.
27
2.2.1 - Tempo de residência
28
como é o caso dos metais pesados e da dioxina, que são bioacumuladores ao longo da
cadeia alimentar, atingindo o homem com efeitos adversos à sua saúde.
Os poluentes reativos na atmosfera formam o segundo grupo. Esses poluentes se
transformam, quimicamente na própria atmosfera, em outras substâncias gasosas ou
particuladas.
Entre os poluentes desse grupo, os mais freqüentes e mais estudados são o SO2 ,
o NOX, e os hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, todos eles emitidos pela queima de
combustíveis fósseis e por processos industriais específicos [31].
No terceiro grupo estão os poluentes mediados bioquimicamente, isto é, reativos
através da biosfera. Esses poluentes, independente de reagirem ou não na atmosfera, ao
interagirem com a biota, são metabolizados a outras espécies químicas, geralmente
orgânicas, emitidas de volta à atmosfera sob novas formas. É o caso do arsênio e do
próprio SO2 .
29
2.2.3.1 - Química atmosférica em fase gasosa
O3 + hν O2 + O(1 D)
Uma fração altamente reativa de oxigênio reage com o vapor d’água, formando
o radical (OH)16 . Esse processo é fonte primária do radical hidroxila na troposfera.
O(1 D) + H2 O OH + OH
16
É uma espécie neutra com um elétrom desemparelhado, ou seja, a carga eletrônica é igual à carga
nuclear. O OH-é um íon carregado negativamente (anion). A carga eletrônica é diferente da carga nuclear.
30
sistemas em fase gasosa. A fase aquosa que serve como meio de reação na atmosfera,
está presente na forma de nuvem, neblina e chuva. Além disso, o MP consistindo de
uma solução aquosa contendo poluentes ou um filme aquoso, envolvendo uma partícula
insolúvel, pode também oferecer a fase líquida para reações [31].
Espécies como SO2 , O3 , H2 O2 e NOX emitidas ou formadas na fase gasosa
reagem com as soluções atmosféricas. A quantidade de gás dissolvido em uma solução
depende da natureza do gás. O aumento da solubilidade17 de um gás na fase líquida
depende da constante "H" da lei de Henry que é função da temperatura.
Segundo CALVERT [28] reações em gotículas ou sobre superfície de partículas,
principalmente, contendo água, têm sido referidas como totalmente dominantes se
prevalecer uma combinação particular de circunstâncias. Esta combinação inclui
reações entre gases altamente solúveis, cuja hidrólise produz diferentes espécies
químicas como H2 SO4 nas gotículas de nuvens troposféricas, através da reação de SO2 e
H2 O2 [34] e a conversão de cloro inativo a cloro ativo (Cl e ClO) capaz de destruir o
ozônio rapidamente na estratosfera por reações de ClONO2 e HCl em nuvens
estratosféricas polares [35].
17
É maior em temperaturas mais baixas.
31
2.2.4 - Processos de remoção de espécies da atmosfera
Os gases e aerossóis podem ser removidos da atmosfera para o solo por uma
variedade de processos, podendo ser divididos em arraste por precipitação (ou
deposição úmida) e deposição seca [31].
As propriedades químicas dos gases individuais influenciam, fortemente, os
componentes dos mecanismos de remoção, enquanto que para poluentes particulados,
embora as propriedades químicas sejam importantes, o tamanho das partículas tem o
efeito profundo sobre aqueles mecanismos [31].
32
Os processos de deposição seca consistem de três etapas distintas: a primeira
etapa envolve o transporte do material através de uma camada de ar para a sua
vizinhança e é controlada pela difusão turbulenta na superfície da camada. A segunda
etapa envolve a difusão do material através da subcamada laminar adjacente à superfície
do substrato absorvedor. Embora a subcamada laminar seja normalmente de apenas 10-1
a 10-2 cm de espessura, a difusão através dessa camada pode ser criticamente importante
para a taxa total de deposição. A solubilidade ou absortividade das espécies na
superfície da terra determina o quanto às espécies se difundiram através da subcamada
laminar. Essa terceira etapa é chamada de componente de transferência [29].
33
naturais têm origem na natureza, estando os antrópicos relacionados às atividades
humanas.
A primeira classificação dos poluentes atmosféricos foi quanto à composição
química dos mesmos. Tendo em vista, a grande variedade de poluentes encontrados na
atmosfera costuma-se dividir os poluentes nos grupos abaixo:
ü Compostos contendo enxofre;
ü Compostos contendo nitrogênio;
ü Compostos contendo carbono;
ü Compostos contendo halógenos;
ü Compostos radioativos.
2.2.5.1 - Particulados
18
Superior a 2 Angstron.
19
O aerossol é classificado de acordo com sua origem, tamanho e distribuição atmosférica. Os aerossóis
com raios médios variando de 0.001 a 0.1 µm são chamados de núcleos de Aitken. Entre 0.1 e 1 µm são
chamados de núcleos grande e entre 1 e 10 µm de núcleos gigantes.
34
que se condensam diretamente como partículas ou se transformam quimicamente em
espécies que se condensam como partículas.
Os processos industriais, a combustão e os fenômenos naturais são as principais
fontes emissoras para a atmosfera. A indústria e a agricultura são responsáveis pelas
principais partículas minerais.
As partículas minerais e orgânicas geradas pelo sistema de transporte rodoviário
são resultantes da queima incompleta de combustíveis e seus aditivos, do desgaste de
pneus e freios e de viagens em estradas inadequadas. Nas áreas urbanas, os ônibus e
caminhões movidos a óleo diesel, são os maiores responsáveis pela emissão de material
particulado.
Ocorrendo em várias formas e tamanhos os particulados, usualmente, são
classificados como fino20 e grosseiro21 .
O controle do particulado fino é mais importante porque sua inalação pelo
homem e animais causa sérios problemas pulmonares. Originado geralmente, de
conversões gás-particula22 , processos biogênicos23 da vegetação e de combustão, sua
composição difere bastante do particulado grosseiro, derivado do solo e do oceano,
permanecendo na atmosfera por dias.
As partículas finas emitidas pelos motores diesel são opacas24 e de tamanhos em
torno de 0,3 µm, sendo capazes de penetrar profundamente nos pulmões. Seu efeito
nocivo se deve a adsorção25 de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) nas
partículas de carbono [40]. Os HPAs podem dar origem a um tumor. Porém, o SOx
parece ser um dos grandes responsáveis do MPF para os que sofrem de doenças
pulmonares.
O particulado grosseiro é, geralmente, composto de elementos do solo, sobre os
continentes e de elementos do sal marinho, sobre os oceanos. Sua deposição no solo
acontece em poucas horas, devido à ação da gravidade, causando assim, menos
problemas à população.
O material particulado classificado como aerossol, principalmente, o derivado de
óxidos de enxofre (SOX), é importante, porque além de ser nocivo à saúde, provoca
20
Apresentam diâmetros menores do que 2,5 µ ( 25 mil vezes menor que 1 (um) centímetro).
21
Apresentam diâmetros maiores do que 2,5 µ .
22
Processo de nucleação homogênea, efetivo a altos graus de supersaturação.
23
Espécies químicas metabolizadas pelas plantas e eliminadas pelas vias respiratórias como forma de
desintoxicação.
24
Que não deixam passar a luz.
25
Processo de fixação das moléculas de uma substância na superfície de outra substância.
35
mudanças locais e regionais nos regimes de precipitação além de alterar a distribuição
de temperatura do ar à superfície. A forçante radiativa provocada pelos aerossóis
interfere no equilíbrio térmico do sistema Terra-atmosfera [41].
A toxicidade de alguns sais de sulfato encontrados no aerossol atmosférico é
maior do que a do próprio SO2 [42]. CHARLSON [43] cita os compostos de enxofre,
normalmente, reconhecidos como existentes ou esperados no aerossol atmosférico:
H2 SO4 junto com os produtos de sua neutralização por NH3 , NH4 HSO4 outra forma de
sulfato ácido e (NH4 )2 SO4 que é o sal do H2 SO4 totalmente neutralizado. Além desses,
há evidências de que (NH4 )3 H(SO4 )2 também esteja incluído no aerossol atmosférico.
Outros sulfatos de metais ainda podem estar presentes no aerossol como MgSO4 ,
CaSO4 , NaSO4, ZnSO4 .
Para a WHO [44] a principal causa dos óbitos ocorridos no trágico incidente de
Londres em 1952 foi à alta concentração de aerossóis de ácido sulfúrico emitidos pela
queima de carvão. Essa mesma organização acredita que a fração respirável26 das
partículas em suspensão gerada pela queima de óleo diesel tenha efeitos similares aos
das partículas geradas pela queima de carvão.
O material particulado também é emitido por fontes naturais, sendo a poeira
terrestre, causada pelos ventos, o spray marinho, as emissões biogênicas, as erupções
vulcânicas e as queimadas, os principais. O spray marinho representa a maior parcela do
material particulado na atmosfera na ausência de erupções vulcânicas [31].
As erupções vulcânicas introduzem na atmosfera quantidades consideráveis de
material particulado. Toba, Tambora, Krakatoa e Pinatubo são relacionados como os
vulcões que mais contribuíram para a alteração da composição da atmosfera. As
erupções desses vulcões reduziram a profundidade ótica da atmosfera e alteraram o
equilíbrio térmico do planeta por um determinado período.
Levando-se em consideração a grande variabilidade das erupções vulcânicas
acredita-se que os vulcões sejam responsáveis pela maioria do material particulado de
origem natural. Tendo em vista, que as erupções vulcânicas não podem ser controladas
é imperativo controlar os processos industriais e as atividades agrícolas para reduzir a
carga de partículas minerais e orgânicas para a atmosfera. Nas grandes cidades, políticas
26
Correspondem à fração das Partículas Totais em Suspensão (PTS) cujas partículas têm tamanhos
inferiores a 10 micra e, por isso, permanecem mais tempo em suspensão, sendo passíveis de inalação.
Estas ainda podem ser subdivididas em duas classes: a fração fina (menor que 2,5 micra) que atinge as
regiões mais profundas do sistema respiratório e a fração grossa (de 2,5 a 10 micra) mais fácil de ser
eliminada pelo organismo humano.
36
ambientais que privilegiassem a qualidade do ar contribuiriam para a redução de
aerossóis oriundos da queima incompleta de combustíveis e seus aditivos, do desgaste
de pneus e freios dos veículos.
2.2.5.2 - Gases
37
Tabela 2.2.5.2a Tempo de vida de alguns COVs na troposfera
Composto Para reação com OH Para reação com O3 Para reação com
NO3
n-butano 5 dias >1300 anos 205 dias
trans-2-buteno 4,3 horas 36 minutos 35 minutos
Acetileno 14 dias ≥ 400 dias ≥ 188 dias
Tolueno 2 dias ≥400 dias 138 dias
HCHO 1,2 dias ≥ 463 dias 16 dias
Cálculos feitos considerando uma atmosfera típica =
OH = 1 x 106 partículas.cm-3 , O3 = 100ppb, NO3 = 50 ppt
Tempo de vida = τ =tempo para a concentração do COV diminuir até 1/ε de seu valor inicial.
Fonte: PITTS & PITTS [45]
27
A afinidade com a hemoglobina é 210 vezes maior que com o oxigênio.
38
Em escala global os processos biogênicos emitem grandes quantidades de
hidrocarbonetos reativos como o isopreno e α pireno, além de metano e alguns
oxigenados (metanol, ácido fórmico e acético, acetona, butenol e hexenol) [45].
O principal poluente contendo enxofre é o dióxido de enxofre (SO2 ) que em
grandes concentrações é irritante. O SO2 afeta a saúde, as plantas, estruturas e materiais.
Seus efeitos na saúde são mais difíceis de serem determinados, devido às características
individuais e pelo ar conter uma mistura de vários poluentes que mascaram esse efeito.
Por ser altamente solúvel é absorvido na parte superior do sistema respiratório.
Na atmosfera o SO2 dissolve-se rapidamente nas gotículas de água que
compõem as nuvens, formando o ácido sulfuroso (H2 SO3 ), por hidrólise. Este, por sua
vez, reage com o O3 e com o peróxido de hidrogênio (H2 O2 ), também presentes nas
gotículas de nuvens e na água da chuva, dando origem ao ácido sulfúrico [48]. Ainda na
atmosfera, o SO2 forma partículas de ácido sulfúrico e partículas de sais de sulfato. O
ácido sulfúrico é um poluente perigoso e altamente corrosivo. Os outros poluentes
contendo enxofre são as mercaptanas (carbono, enxofre e composto de hidrogênio) e o
sulfeto de hidrogênio (H2 S) os quais podem ser produzidos pela decomposição de
matéria orgânica. Esses poluentes não são comuns e podem ser distinguidos pelo odor
característico de repolho e ovo podre.
Os compostos de enxofre emitidos naturalmente para a atmosfera são
provenientes de uma variedade de fontes, entre elas os vulcões, o mar e uma infinidade
de processos biogênicos. A maior parte de enxofre vulcânico é emitido como SO2 , com
quantidades menores e altamente variáveis de sulfeto de hidrogênio (H2 S) e sulfeto de
carbonila (COS) [40]. “O COS é a espécie mais abundante de enxofre gasoso, na
troposfera” [29].
Processos biogênicos emitem gases reduzidos de enxofre (GREs), como sulfeto
de hidrogênio (H2 S) e dimetilsulfeto (CH3 SCH3 ) e em menores quantidades dissulfeto
de carbono (CS2 ), dissulfeto de dimetila (CH3 SSCH3 ) e metilmercaptana (CH3 SH) [33].
Os quatros primeiros GREs são lançados na atmosfera onde se oxidam quimicamente a
SO2 que, por sua vez, dá origem aos aerossóis contendo ácido sulfúrico [48].
Os chamados compostos ativos de nitrogênio desempenham importante papel na
química troposférica. Esses compostos são produzidos inicialmente na forma de NO e
NO2 por processos no solo, nos oceanos, por combustão e relâmpagos [31]. São
definidos como NOX a soma dos compostos NO e NO2 e como NOY todas as espécies
39
reativas que contém nitrogênio (NO + NO2 + HNO3 + PAN + HONO + NO3 + N2 O5 +
nitratos orgânicos).
A fração de NOY que é emitida como NO depende das condições associadas ao
processo de combustão, mas em geral, mais de 90% são emitidos como NO num
processo típico de combustão, tendo sido verificado valores entre 1% e 30% para o NO2
[49].
Segundo relatório da EPA [47] a contribuição das diversas fontes para a emissão
de NOX antrópico, nos EUA para 1996 é:
• 28% combustão doméstica e geração de eletricidade;
• 30% veículos automotores;
• 19% motores e outros veículos não automotores;
• 13% combustão industrial;
• 10% outros.
O NO é um produto sem cor, resultado da queima de combustíveis a elevadas
temperaturas. A reação de NO com o oxigênio para formar o NO2 é extremamente lenta
em condições atmosféricas. Nessas condições, a principal reação de formação de NO2 é
o processo de fotoxidação dos COVs com o radical OH. Esse processo gera radicais que
reagem com NO e O2 formando NO2 , água e aldeídos. O NO2 fotolisa, na presença de
luz solar, gerando átomos de oxigênio, que reage com o oxigênio molecular O2 ,
formando o ozônio. O NO2 tem cor marrom amarelada e odor ligeiramente doce, que
penetra nas profundezas dos pulmões por ser um gás insolúvel.
Os NOX são os principais componentes do smog fotoquímico e da chuva ácida.
Uma pequena quantidade de NO2 na atmosfera é suficiente para desencadear uma série
de reações envolvendo orgânicos, levando a formação de smog fotoquímico [31].
O nitrato peroxil acetila (PAN) é um composto orgânico nitrogenado, fitotóxico
e irritante dos olhos. É formado a partir da reação de alguns radicais com o NO2 e seu
principal precursor é o acetaldeído.
Na presença de radiação solar o NO2 decompõe-se em NO e átomo de oxigênio
que recombina com oxigênio molecular, formando ozônio. O ozônio, uma vez formado,
reage com NO, regenerando o NO2 e também pode decompor-se fotoquimicamente ao
reagir com os radicais OH, HO 2 e com alguns COV, principalmente alcenos28 .
28
Compostos com dupla ligação carbono-carbono.
40
O ozônio estratosférico é um gás benéfico à vida, pois filtra as radiações solares,
protegendo-nos dos fortíssimos raios ultravioletas. Infelizmente, sua concentração é
fortemente influenciada pelos CFCs. O ozônio troposférico, por sua vez, é um gás de
efeito estufa formado a partir da fotólise de NO2 no ar:
29
De acordo com seu tempo de residência na atmosfera são classificados em hidrocarbonetos de: vida
longa (mais de 1 semana), mais reativos (meio dia e 1 semana), extremamente curto (horas).
41
Segundo HOUGHTON [41] a concentração mundial do radical hidroxila, que
determina o poder oxidante da troposfera, pode se intensificar devido aos elevados
níveis de O3 troposférico, NOX, ou vapor d’água, ou se anular devido aos incrementos
de CH4 , CO e HCNM.
A amônia tem um papel importantíssimo na atmosfera urbana, pois neutraliza os
ácidos, formando nitrato de amônia com o HNO3 e sulfato de amônia e bisulfato com o
H2 SO4 . O principal processo de remoção da amônia é a deposição seca, ou seja, não
envolve reações químicas. A amônia reage lentamente com OH, formando NH2 . O
tempo de vida típico com respeito a esta reação, supondo uma concentração de OH de 1
x 106 radicais.cm-3 , é de 72 dias. O NH2 pode reagir com O2 , NO, NO2 e O3.
Apesar de seu papel exclusivo de neutralizar espécies ácidas, sua química na
atmosfera é relativamente complexa, devido ao fato de que os dois produtos mais
importantes formados das reações de NH3 , sulfato de amônia [(NH4 )2 SO4 ] e nitrato de
amônia (NH4 NO3 ) existem na atmosfera na forma condensada ou de partículas.
O estudo da química da amônia na atmosfera urbana freqüentemente se reduz a
uma análise da química do sistema NH3 , H2 SO4 , HNO3 e água [29].
A oxidação por radicais hidroxila, em fase gasosa na atmosfera, pela amônia é a
reação mais importante de depleção tanto de NOx como de NH3 atmosféricos [37].
2.2.5.3 - Líquidos
A chuva ácida tem recebido muita atenção devido ao impacto produzido no meio
ambiente. Anualmente, milhares de toneladas de compostos de enxofre e óxidos de
nitrogênio, responsáveis pela acidez da chuva, são descarregados na atmosfera. Através
de uma série complexa de reações químicas esses poluentes são convertidos a ácidos,
retornando ao solo como componentes da chuva.
Internacionalmente, considera-se que a chuva seja ácida quando o pH das
amostras de chuva seja inferior a 5,6. Nas áreas mais poluídas dos Estados Unidos da
América do Norte as chuvas apresentam valores de pH de 4,0 a 4,2.
De acordo com MELLO & MOTTA [51] a acidez das chuvas na área urbana dos
municípios de Niterói e Rio de Janeiro derivam de óxidos de nitrogênio emanados de
motores dos veículos.
42
Segundo DEGOBERT [40] a frota de veículos automotores, de um modo geral,
emite material particulado e poluentes primários, como:
• Compostos de carbono (basicamente, CO e CO2 );
• Óxido de nitrogênio (NO),
• Compostos orgânicos voláteis (COV30 )
• Compostos de enxofre (SO2 , principal composto);
• Compostos halogenados (principalmente os halogêneos de brometos e cloretos de
chumbo31 , que são voláteis na temperatura de exaustão);
• Compostos metálicos (ao lado do chumbo, os veículos emitem cobre mais do que
qualquer outro poluente combinado).
30
Incluem os HCNM e outros compostos orgânicos contendo elementos adicionais como o oxigênio.
31
O chumbo não é misturado à gasolina brasileira desde 1989.
32
Uma porção deste poluente é convertida a forma particulada.
33
Uma porção deste poluente é convertida a forma particulada.
34
Uma porção deste poluente é convertida a forma particulada.
43
conduzidos para os problemas relacionados especificamente para o PM10 , PM2,5 e PM1,
[52].
O termo emissão é relativo a uma dada fonte, isto é, ao local ou área onde ocorre
a descarga de poluentes e expressa a taxa 35 total segundo a qual um poluente sólido,
líquido ou gasoso é emitido na atmosfera [36].
Comumente, dividem-se as fontes em natural e antrópica. Como fontes naturais
são classificadas àquelas cujas emissões ocorrem sem a participação do homem. As
antrópicas, por sua vez, estão diretamente relacionadas à ação do homem.
A maioria das emissões de fontes móveis é gerada pela combustão de veículos
automotores leves e pesados. Entretanto, trens, navios, aviões e motocicletas também
contribuem com uma determinada parcela. Essas fontes emitem poluentes critérios e
traços de poluentes perigosos.
44
As fontes pontuais ou estacionárias são instalações fixas e podem ser
classificadas também, como contínuas quando emitem continuamente, formando uma
pluma, ou instantâneas quando emitem por um curto período de tempo, resultando em
um “puff”.
As instalações fixas emitem uma grande variedade de poluentes para a
atmosfera, dependendo da indústria ou processo. As fontes fixas emitem um ou vários
poluentes critérios, além de muitos poluentes perigosos.
Os poluentes emitidos por fontes fixas têm origem, principalmente na combustão
de carvão e petróleo e fugas nos processos industriais. Nos processos industriais estão
incluídos refinarias, indústrias químicas e fundições. As indústrias químicas emitem
vários poluentes perigosos e quantidades consideráveis de compostos orgânicos
voláteis.
Embora a combustão seja responsável pela maioria das emissões, uma parcela
significativa de COV é incorporada a atmosfera devido à evaporação de combustível e
material particulado.
Tanques de armazenamento36 , condutos de ventilação, estações de tratamento de
águas residuais37 , instalações de carga e descarga e fugas no equipamento38 são alguns
exemplos de pontos de emissão dentro de uma fonte fixa.
A EPA classifica as fontes de poluentes perigosos em dois grupos: fontes
principal e área. As fontes principais são fontes fixas que emitem 10 toneladas por ano
ou mais de um único poluente perigoso ou ainda, 25 toneladas por ano ou mais de
qualquer combinação de poluentes perigosos. A fonte área se refere a qualquer fonte de
poluentes perigosos que não seja uma fonte principal. Esta definição exclui os autos
[39]. Uma fonte área se refere a uma série de fontes pequenas, que em conjunto podem
afetar a qualidade do ar de uma região [39].
Alguns modelos de dispersão da EPA modelam as estradas como fonte volume,
assumindo que as emissões ocorrem ao longo das vias, continuamente. As cidades,
devido às várias fontes pontuais e volume são tratadas como fontes áreas. Para as fontes
área e volume a forma geométrica representa um papel importante na distribuição dos
poluentes.
35
Normalmente em massas por unidade de tempo.
36
Embora os tanques sejam fechados, os poluentes são emitidos por gotas (gotejo) e por expansão e
contração dos líquidos devido às trocas de temperatura no ar exterior.
37
As águas residuais dentro de uma fonte estacionária emitem poluentes voláteis.
38
O termo fugas no equipamento se refere a uma ampla fonte de pontos de emissão que incluem válvulas,
45
2.2.9 – Fotoquímica urbana
46
.
COV. Esses radicais reagem com o NO para formar NO2 e o radical HO 2 , que reage
também com o NO formando NO2 . A radiação solar dissocia o NO2 em NO e oxigênio
atômico O(3p). Finalmente, oxigênio atômico reage com oxigênio molecular (O2 ) para
formar ozônio. A seqüência de reações é:
λ < 420 nm
.
COV ´ é outro radical formado de .COV.
47
2.3 – Fatores geográficos
39
Face da montanha voltada para a direção predominante do vento.
48
superfície terrestre produz uma circulação no sentido oposto ao da brisa marinha,
chamada brisa terrestre.
As edificações, por sua vez, alteram a topografia original, formando novas
elevações sobre o solo, dificultando a dispersão de poluentes e contribuindo também
com o efeito downwash.
40
Situação em que não se verifica deslocamento de ar.
49
Capítulo 3
Revisão da Literatura
1
Constituintes atmosféricos com concentrações da ordem de 1 parte por milhão (ppm) ou menos.
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1952, 1953 e 1959 mostraram que os danos às plantas eram provocados por uma
mistura de olefinas e ozônio [55]. A partir dessas pesquisas, o ozônio troposférico,
formado das reações entre COV e NOX, foi considerado como poluente chave.
Atualmente, a maioria das áreas urbanas sofre com a poluição fotoquímica do ar,
também conhecida como smog Los Angeles, particularmente durante os dias claros de
verão [33].
No início da década de 1950 o smog sulfuroso conhecido como Londrino passou
a ser investigado após alguns episódios severos de poluição do ar, nos quais o aumento
nos níveis de SO2 e material particulado provocou inúmeras mortes por problemas
respiratórios. O mais notável desses eventos ocorreu em Londres em 1952, quando
aproximadamente 4000 pessoas morreram como resultado das concentrações tão
elevadas quanto 1.3 ppm [57].
A redução ocorrida nas emissões, por força da Lei do Ar Limpo, reduziu o
número de mortes pelo smog Londrino, quando condições meteorológicas semelhantes
ocorreram novamente em 1956 e 1962 [33]. Após identificados os aspectos básicos de
ambos os tipos de smog, estudos em laboratórios foram conduzidos para identificar os
poluentes precursores e melhor entender os mecanismos de formação de cada tipo de
smog.
Na década de 1950, simultaneamente as pesquisas de laboratório, foram
empregados os primeiros modelo caixa da química atmosférica para avaliar os
mecanismos químicos potenciais, que se acreditavam ser responsáveis pela formação do
smog. Esses modelos simulavam uma câmara de reação simples e homogênea, onde os
efeitos de advecção, difusão, mistura turbulenta e outros processos meteorológicos eram
negligenciados. As concentrações consideradas constantes dentro da caixa eram função
somente do tempo. As cinéticas químicas, dos esquemas de reações propostos, eram
representadas por um conjunto de equações diferenciais ordinárias acopladas e
resolvidas para as concentrações produzidas por espécies consideradas. As pesquisas
com o modelo caixa são limitadas por causa das hipóteses assumidas para as parcelas
de ar que não se misturam significativamente com outras parcelas.
No final da década de 1960 e início da década de 1970 foram desenvolvidos
modelos numéricos que permitiram a inclusão de processos meteorológicos que
afetavam as concentrações de espécies químicas importantes fotoquimicamente. Esses
modelos substituíram os modelo caixa por serem mais completos. A cinética química
dos esquemas de reações propostos é resolvida da mesma maneira como no modelo
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caixa, exceto o conjunto de equações, que é resolvido em cada célula da grade,
determinando a produção e perda química local. A maioria desses modelos de qualidade
do ar usava dados meteorológicos observados como entrada e saídas suavizadas de
análises objetivas de dados de estações de superfície ou radiossonda.
Experimentos nas décadas de 1960 e 1970, além de promoverem o
conhecimento atual da química dos hidrocarbonetos troposféricos e suas contribuições
para formação do smog, estabeleceram o radical hidroxila (OH) como a chave da
química da troposfera. Esse radical, produzido por diferentes reações na atmosfera,
reage com o CO e os peroxi-alquil e peroxi-acil, os quais oxidam o NO a NO2 [58].
Ainda na década de 1970 os cientistas perceberam que a formação do ozônio é não
linear, dificultando seu entendimento. Por essa razão, estão mais interessados no
controle das emissões de seus precursores [59].
Nas décadas de 1970 e 1980, diversos estudos esclareceram o papel dos COVs
na formação do smog e sua contribuição na qualidade do ar [60]. Entretanto,
consideráveis esforços continuam sendo realizados para melhorar o conhecimento das
taxas de reação e mecanismos residuais, particularmente para as atmosferas urbanas,
que podem conter centenas de diferentes espécies orgânicas.
Outros aspectos importantes a considerar na fotoquímica do smog são a física da
atmosfera, as partículas em suspensão e as frações de tamanhos relevantes e as bacias
aéreas locais e regionais [61]. Os avanços no conhecimento da fotoquímica da
troposfera estão relacionados à observação, medição, análise de séries temporais,
experimentos em câmaras fotoquímicas, modelagem e simulação numérica [58].
A meteorologia da poluição, como um campo de estudo científico, emergiu no
fim da década de 1950 e início da década de 1960 com inúmeros experimentos de
difusão realizados para determinar os parâmetros de difusão lateral e vertical ? Y e ? Z,
como função das condições atmosféricas e da distância [62].
A primeira tentativa de categorização da turbulência foi feita na Inglaterra em
1932 por M. A. Giblett [63]. Giblett se preocupara com a magnitude dos turbilhões que
prejudicavam a ancoragem e as manobras de grandes aeróstatos e dirigíveis. Em 1951
M. E. Smith apresentou um esquema de tipificação de turbulência desenvolvido no
Laboratório Nacional de Brookhaven (BNL), similar as categorias de Giblett. O
esquema do BNL empregava a amplitude da variação da direção horizontal do vento
traçada no gráfico do anemógrafo, ao nível de 108 m de altura, na torre do BNL. Vários
experimentos de liberação de fumaça ao nível de 108 m de altura foram realizados e os
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desvios padrão horizontais da concentração s Y observados foram correlacionados com
os tipos de turbulência. Os desvios padrão verticais s Z foram calculados assumindo-se
uma distribuição de concentração de material de forma gaussiana.
O esquema de tipificação de turbulência desenvolvido por Pasquill e divulgado
por P.J. Meade em 1959 sugeriu a utilização das medições reais das flutuações do
azimute e ângulo de elevação do vento s A e s E para determinação do grau de dispersão
vertical e horizontal de uma nuvem de poluição. Pasquill também assumiu a forma
gaussiana para a distribuição da concentração de material na pluma, correlacionando os
desvios padrão da distribuição de material (s Y e s Z) com a flutuação do vento.
Pasquill para contornar o problema da inexistência de dados de s A e s E sugeriu
determinar esses valores a partir dos valores de h e ? da pluma gaussiana, onde h é a
altura na pluma em que a concentração é de 1/10 do valor da concentração no seu eixo
sobre o solo (emissão ao nível do solo) e ? é o espalhamento angular lateral entre os
pontos onde a concentração é de 1/10 da concentração no eixo da pluma. Os
espalhamentos lateral e vertical da pluma dependem do tipo de turbulência ou classe de
estabilidade, relacionados por s E = h/2.15x e s A = ?p/774. Esses valores foram
deduzidos de experimentos realizados por Pasquill com liberações ao nível do solo e
com medições de concentrações que se estenderam até cerca de 1 km da fonte [63]. As
liberações duraram alguns minutos e os resultados dos experimentos foram descritos
através de gráficos e expressões, que relacionam um indicador de turbulência como
parâmetro de dispersão. Esses gráficos foram adaptados por Gifford em 1961 para
interpolação de ? y e ? z, passando a ser mencionado como as curvas de Pasquill-Gifford.
Pasquill apresentou uma tabela na qual relacionava os valores do espalhamento lateral ?
das plumas com as seis classes de estabilidade de A até F. A classe de estabilidade
aplicável seria obtida das observações sinóticas.
O método de Pasquill, levemente modificado por Turner [64] alguns anos
depois, associa seis classes de estabilidade com alguns parâmetros meteorológicos de
superfície. Turner definiu um índice objetivo de balanço de radiação (IR),
correspondente aos termos radiação solar incidente forte, moderada e fraca de Pasquill,
em função da altura do Sol, válido quando a cobertura N de nuvens é inferior a 5/8.
Turner expressou as curvas para os desvios padrão ? y e ? z da concentração em função
do tempo de travessia da pluma, t = x/u, em vez de apresentar em função da distância x
percorrida como fizera Pasquill.
53
Pasquill em 1973 concluiu que o método de tipificação da turbulência é válido
para calcular a concentração média da poluição de períodos longos, no qual a faixa de
erro seria de 20%. Para períodos curtos, o nível de incerteza pode atingir um fator dois
[63].
Os modelos numéricos de transporte e dispersão de poluentes, por sua vez,
possibilitaram simulações confiáveis dos poluentes na atmosfera. Existem vários
modelos para estimar a dispersão de poluentes [65], [66], [67], [68], [69]. Todavia, o
modelo de pluma gaussiana por apresentar resultados, que concordam com os dados
experimentais e ser de fácil uso é largamente utilizado [70]. Entretanto, a dificuldade de
relacionar a variação da velocidade do vento com a altura e as reações químicas não
lineares têm limitado o uso dos mesmos. Apesar dessa forte restrição, a distribuição
Gaussiana, ainda hoje, serve como base para uma grande classe de fórmulas de
dispersão atmosférica de uso prático.
Os modelos eulerianos, que se baseiam na equação de difusão-advecção têm
referencial fixo em relação ao solo, enquanto os lagrangeanos, que simulam trajetórias
de partículas de poluentes, têm o referencial fixo na partícula. Os modelos
lagrangeanos, por essa característica, são considerados as ferramentas mais avançadas
para os estudos de transporte e dispersão de poluentes na atmosfera.
O primeiro trabalho baseado no modelo de grade Euleriana foi desenvolvido por
Reynolds e colaboradores em 1973 e 1974 para estudar as emissões relacionadas à
poluição do ar na Bacia de Aérea de Los Angeles, especificamente a previsão de níveis
de ozônio [55].
Numerosos estudos numéricos de poluição do ar foram realizados no início da
década de 1980, incluindo a formação de smog, o controle de compostos de nitrogênio
emitidos por automóveis e indústria, a formação e transporte de aerossóis e avaliações
de várias estratégias de controle de poluição do ar [55].
Os modelos de dispersão/recepção permitem a determinação do impacto das
fontes no ambiente. Em geral, os dois modelos assumem que a massa é conservada
durante o transporte entre a fonte e o receptor. A validade dessa suposição e sua
utilidade dependem da fonte específica do poluente e do modelo. Apesar de possuírem o
mesmo princípio, o problema é tratado de forma diferente.
Os modelos receptores utilizam as medidas de traços específicos do aerossol no
amostrador de grande volume (AGV) para determinar a contribuição de um tipo
específico de fonte. Eles comparam a composição química de concentrações de MP,
54
medida em um local receptor, com a composição química de emissões das principais
fontes, identificando as contribuições das fontes no local monitorado. Existem três
principais categorias de modelos receptores: balanço químico de massa, multivariado e
microscópico.
O modelo receptor de balanço de massa química – CMB expressa as
concentrações das propriedades do aerossol medido em um receptor como a soma da
contribuição das fontes multiplicadas pela abundância da correspondente propriedade
do aerossol na fonte de emissão [71].
Uma vez estabelecidas as emissões exatas e suas contribuições ao PM10 e ao
PM2,5, que a população respira, parte-se para a aplicação de diferentes estratégias de
controle. Estas aplicações estão na categoria de tecnologia ou melhorias no processo,
modificações do combustível e trocas no nível de atividade [71].
Esses modelos são capazes de determinar a identidade de uma determinada
fonte, ou seja, determinam as fontes emissoras de determinados poluentes. Todavia, a
limitação dos modelos receptores ocorre quando a composição química das emissões de
duas fontes é similar, tornando extremamente difícil à distinção das fontes.
A modelagem da qualidade do ar descreve o transporte advectivo-difusivo e as
possíveis reações cinéticas de grandezas escalares utilizadas como parâmetros
qualificadores do ar, relacionando as emissões à qualidade do ar sob uma variedade de
aspectos em uma área urbana. Essa técnica correlaciona padrões de emissões,
meteorologia, transformações químicas e processos de remoção.
A modelagem da qualidade do ar é útil para desenvolver e executar soluções
politicamente aceitáveis, para divulgar os resultados de planos, para avaliar medidas de
controle, para estimar exposição e riscos nos seres humanos e para prever a qualidade
do ar [72].
Diversos modelos de qualidade do ar foram desenvolvidos, levando-se em
consideração diferentes fontes poluidoras, condições meteorológicas, reações químicas
e outros fatores que afetam o modo de dispersão e concentração de poluentes na
atmosfera.
Os modelos fotoquímicos para a qualidade do ar podem ser classificados como
explícitos (detalhados) ou condensados (reduzidos). Os modelos condensados são os
mais usados tendo em vista, que já foram identificados mais de 200 COV na atmosfera
urbana. Os métodos utilizados nos modelos condensados para agrupar espécies estão
baseados em dois critérios: estrutura química e reatividade. Os modelos Carbon-Bond e
55
Carbon 4 utilizam a estrutura química e o SAPRC a reatividade para agrupar as
espécies. Os modelos condensados, tipicamente têm entre 100 e 150 reações químicas e
50 a 60 espécies químicas, enquanto que os explícitos teriam centenas de reações
químicas.
Em geral, esses modelos necessitam de informações sobre a fonte de emissão e
sobre as características da atmosfera local2. Os modelos usam essas informações e
simulam matematicamente e quimicamente a dispersão de poluentes, fornecendo assim,
estimativas de concentração de poluentes em um local específico, ou ao longo de uma
trajetória.
O modelo químico SAPRC modificado, forneceu resultados satisfatórios ao
simular a formação de ozônio e outros poluentes secundários na área urbana da Região
Metropolitana de Porto Alegre, quando acoplado ao modelo atmosférico de trajetórias
OZIPR [73].
Em princípio, o melhor modelo de qualidade do ar é aquele que relaciona os
impactos da fonte à saúde. Entretanto, deve-se tomar o cuidado para não utilizar um
modelo não reativo quimicamente para se estimar as concentrações de espécies reativas
como ozônio, PAM, NO2 etc. A resolução temporal desses modelos pode variar de
minutos a anos, prevendo a concentração média de poluentes como função da
localização da fonte. Já a resolução espacial pode variar de vários metros a centenas de
quilômetros.
Diversos poluentes possuem escalas de resolução diferentes para a modelagem.
O monóxido de carbono (CO) é um exemplo de poluente que apresenta um problema
local nas vizinhanças de vias expressas e interseções. Então, avaliar a efetividade do
controle das emissões de (CO) de veículos automotores requer um modelo com
resolução espacial da ordem da largura de uma rua da cidade. Já a modelagem de ozônio
fotoquímico requer uma resolução espacial da ordem de vários quilômetros quadrados.
Os modelos de qualidade do ar deveriam ser utilizados pelas agências
ambientais, durante o processo de licenciamento de uma nova fonte de poluição
atmosférica, para verificar se os padrões estabelecidos pela legislação vigente vão ser
ultrapassados ou não. Infelizmente, isso nem sempre acontece devido à complexidade
desses modelos e a limitação de informações.
2
Condições climáticas e meteorológicas nas vizinhanças da fonte, como a velocidade e direção do vento e
altura da camada de mistura, por exemplo.
56
O acoplamento dos modelos de dispersão aos modelos regionais de previsão do
tempo foi à solução encontrada pelos pesquisadores para resolver o problema de
quantidade de dados de entrada nos modelos de dispersão. Para resolver o problema da
qualidade dos dados meteorológicos, em 1991 o National Center for Environmental
Prediction (NCEP) e o National Center for Atmospheric Research (NCAR)
desenvolveram um projeto para recuperar os dados obtidos de superfície, navios,
radiossondagens, aviões e satélites no período de 1957 a 2000. A idéia básica do projeto
era congelar o estado da arte do sistema de análise e previsão global e realizar a
assimilação de dados, usando dados passados [74]. A base de dados melhorada,
conhecida como reanálise, utiliza a técnica de interpolação estatística espectral para
tratar e eliminar as mudanças climáticas de curta duração ou variabilidade climática
interanual aparentes. Essas mudanças ocorrem devido às diversas modificações
introduzidas nos sistemas de assimilação de dados globais, nos centros de previsão ao
longo de anos. As re-análises são disponibilizadas para todo o globo no padrão
internacional (.grib) numa grade com espaçamento de 2,5 graus de latitude e longitude e
17 níveis isobáricos padrões.
As informações meteorológicas para alimentar os modelos de dispersão são
geradas por modelos meteorológicos, que utilizam um esquema de análise objetiva,
melhorando a qualidade dos dados de entrada para as simulações dos campos de
velocidades necessários aos modelos de dispersão. As funções peso e a análise
variacional utilizada minimizam a variância da diferença entre os campos observados e
analisados [75]. Por sua vez, a técnica de assimilação de dados tridimensional, ao longo
da integração, melhora a qualidade das simulações, principalmente, em regiões
montanhosas [76], garantindo a qualidade das informações de saída.
Os resultados fornecidos por esses modelos vão depender da densidade das
observações ou da resolução da malha para melhor representar as escalas de interesse.
Os esquemas numéricos utilizados para resolver as equações diferenciais e a melhor
representação dos processos físicos (parametrizações) têm possibilitado a representação
dos fenômenos atmosféricos nas mais diversas escalas de tempo e espaço, com grande
grau de precisão.
Os modelos regionais de previsão do tempo Regional Atmospheric Modeling
System – RAMS [77], NCAR/PennState Mesoscale Model – MM5 [78], mesoscale
Compressible Community – MC2 [79] e Advanced Regional Prediction System – ARPS
[80] representam o Estado da Arte da previsão numérica do tempo, sendo muito
57
utilizados no acoplamento de modelos de dispersão. As vantagens dos modelos
regionais sobre os modelos de dispersão simples são as excelentes parametrizações,
capazes de representar realísticamente os processos físicos de radiação de onda curta e
longa, as trocas térmicas que ocorrem na superfície e as interações da circulação
atmosférica com a rugosidade do terreno.
O modelo MM5 simula a qualidade do ar em terrenos complexos, admitindo
processos de pequena escala acoplado pelo modelo químico e de transporte, assim como
as emissões biogênicas e a fotoquímica. Permite ainda, a descrição avançada de
modelos dinâmicos e considera a química da fase gasosa com ênfase nos COVs usados
no modelo e as reações fotoquímicas relacionadas a formação de nuvens [58].
Os modelos Califórnia Photochemical Grid Model - CALGRID [81], California
Puff Model – CALPUFF [82] e Urban Airshed Model – UAM [83] são exemplos de
modelos de dispersão que têm sido rotineiramente acoplados aos modelos atmosféricos
para estudos de transporte de poluentes atmosféricos.
Segal [84] simularam o transporte e a dispersão de SO2 na região sul da
península da Flórida, utilizando o modelo lagrangeano de partículas Lagrangian Particle
Dispersion Model (LPDM) acoplado ao modelo atmosférico RAMS. KARAN [85]
simulou a dispersão de SO2 emitido pela usina termoelétrica de Candiota (RS),
utilizando o modelo lagrangeano de partículas RDM (Random Dispersion Model [86] e
o modelo TVM (Tridimensional Vorticy Model [87].
O modelo lagrangeano estocástico de partículas SPRAY acoplado ao modelo
RAMS foi utilizado para simular a dispersão do traçador SF6 (hexafluoreto de enxofre)
liberado na atmosfera durante o experimento TRACT (TRAnsport of Air Pollutants
over Complex Terrain) na Europa Central. Os modelos RAMS e SPRAY foram
acoplados através de um programa de interface denominada MIRS (Método para o
Interfaceamento entre RAMS e SPRAY) e os resultados das simulações foram
comparados com os dados observados durante o experimento.
Segundo Doty & Perkey [88] o conhecimento dos ventos no local de estudo não
é suficiente para a determinação da origem das massas de ar, porque o vetor velocidade
em parte é devido a movimentos de rotação, e não de translação das massas de ar.
Somente através do conhecimento dinâmico da atmosfera é que podemos conhecer a
trajetória seguida pelas mesmas. O cálculo de trajetórias de massas de ar é muito
importante, pois possibilita o conhecimento das fontes emissoras e sumidouras de
poluentes transportados na troposfera.
58
Existem três aproximações para se modelar às trajetórias de massas de ar3:
isobárica, isentrópica e cinemática. A cinemática requer o conhecimento do campo de
vento na escala resolvida ( u ,v ,w ) ou considerando o efeito da convecção úmida na
velocidade vertical na escala resolvida ( w ). Essa aproximação pode utilizar o método
convectivo e o não convectivo. O convectivo considera o efeito da convecção úmida na
velocidade vertical na escala resolvida, transportando os poluentes verticalmente até o
topo da convecção numa escala de tempo mais consonante com a curta escala dos
sistemas convectivos. Já no método não convectivo os poluentes têm seu movimento
dominado pela advecção horizontal, o qual remove os poluentes da área convectiva
antes que eles possam chegar ao topo da nuvem [89].
O Laboratório de Meteorologia Aplicada a Sistemas de Tempo e Estudos
Regionais – MASTER da Universidade de São Paulo vem utilizando, operacionalmente,
o modelo lagrangeano de trajetórias cinemáticas tridimensional desenvolvido por
FREITAS [90] em 1996, juntamente com o modelo RAMS para calcular as trajetórias
de chegada e saída de poluentes na cidade de São Paulo e outras regiões do país.
A implementação de um plano de ação para melhorar a qualidade do ar de uma
Bacia Aérea e proteger a saúde de seus habitantes passa primeiramente pela medição da
concentração de poluentes critérios.
A redução da poluição do ar nas metrópoles começou com o controle do chumbo
(Pb), monóxido de carbono (CO) e dióxido de enxofre (SO2). Atualmente, as atenções
estão voltadas para o controle do ozônio e para as partículas menores de 10 micra
(PM10) e partículas menores de 2,5 micra (PM2,5) [90]. Sem dúvidas que a qualidade
do ar nos grandes centros melhorou com a retirada do Pb da gasolina, a redução da
percentagem de enxofre no óleo diesel, a utilização de catalisadores nos veículos leves e
todas as tecnologias implementadas para minimizar as emissões não oriundas do cano
de descarga.
No Brasil, a mistura de álcool à gasolina eliminou as emissões de chumbo, mas
aumentaram as de aldeídos, também problemáticas. Nos Estados Unidos da América do
Norte, a EPA proibiu o uso dos metil tércio butil etil (MTBE) em todo o país,
favorecendo o uso de etanol mais por opção econômica [91].
3
A isobárica considera que as parcelas de ar movem-se ao longo das superfícies de pressão constante. A
isentrópica, ao longo das superfícies de temperatura potencial e a cinemática considera as três
componentes do vento.
59
Nos estudos epidemiológicos, um aspecto importante considerado é o tempo de
exposição aos poluentes, principalmente as partículas [92]. No caso das partículas, o
interesse inicial era as partículas totais em suspensão (PTS), porém estudos
epidemiológicos têm sido direcionados para os problemas relacionados, especificamente
aos PM10, PM2,5 e PM1,0. A grande pergunta é: o que está causando o impacto
negativo na saúde? O número de partículas, sua área superficial ou sua composição?
[92].
O PM10 consiste de partículas primárias emitidas diretamente, bem como as
conversões de gases de NOx, SO2, NH3 e COVs a partículas na atmosfera. A maior parte
do PM10 provem das emissões dos canos de descarga dos veículos, combustão e
preparação de alimentos, emissões de indústrias, poeira suspensa, vulcões, incêndios
florestais, vento e spray marinho. A maioria das emissões de SO2 vem da queima de
combustíveis fósseis; a maioria dos NOx vem da queima nos processos industriais e nos
motores dos veículos; a maioria das NH3 vem das atividades agrícolas e os COVs de
todos esses e outras emissões, incluindo a vegetação [93].
Os estudos toxicológicos relacionados ao PM10 têm mostrado uma dependência
da composição química das partículas [52]. As partículas urbanas são complexas e mais
tóxicas, que as partículas usadas em laboratórios controlados. As partículas contendo
metais solúveis e sulfatos ácidos são as mais perigosas. Os componentes biológicos
presentes nas partículas representam problemas adicionais para a qualidade do ar [94].
Os estudos têm demonstrado que os gases do escapamento dos veículos são
cancerígenos, sendo que mais de 50% dos poluentes detectados (acreolina, benzeno,
formaldeído, etc) são produzidos por fontes móveis.
O inventário de emissões veiculares é um componente importantíssimo de um
programa de gestão da qualidade do ar, sendo considerado o ponto de partida para a
modelagem da qualidade do ar [71]. O inventário de fontes e emissões junto com os
fatores geográficos e meteorológicos possibilita a identificação de zonas críticas4 e,
conseqüentemente, a escolha de um local para a instalação de estações de qualidade do
ar.
Infelizmente, pode-se encontrar grandes diferenças nos inventários de emissões
para uma mesma área, dependendo dos diferentes fatores de emissão (FE) e atividades
4
As zonas críticas ocorrem em áreas em que as condições topográficas e meteorológicas dificultam a
dispersão, apresentam alta concentração de fontes de emissão e poluição. As zonas críticas, geralmente
combinam alta densidade de população e baixa qualidade do ar.
60
consideradas para as mesmas fontes [93]. As emissões de MP do cano de descarga são
as mais elevadas e as menos precisas de todas as categorias de fontes em um inventário
[71].
As emissões de partículas dependem de muitos fatores desconhecidos, sem falar
das partículas suspensas devido à ação do vento, construção e demolição, atividades
agrícolas, estradas não pavimentadas e lixões e aterros controlados. O modelo MÓBILE
5 da EPA estima as emissões de NOX, CO e HC. O modelo PART 5 estima as emissões
de PM10 do cano de descarga e de poeira das estradas [93].
A falta de representação do mundo real nos inventários de emissões pode
resultar em estratégias pouco efetivas na redução das emissões. Diferentes técnicas
estão sendo testadas para separar a combustão da madeira, cozimento de alimento, gases
do motor diesel, gases emitidos com o motor frio e com baixa manutenção dos motores
a gasolina e operação dos motores a gasolina aquecidos [71]. Isótopos de carbono14 são
usados para separar o carbono biogênico do combustível fóssil e enxofre 34 tem sido
aplicado a diferentes emissões de dióxido de enxofre e ao sulfato formado a partir de
suas emissões [93].
A tecnologia para medir a poluição do ar tem evoluído muito ultimamente. Os
últimos avanços no monitoramento da qualidade do ar incluem o uso de raios
infravermelhos e ultravioletas para detectar e medir os poluentes critérios e tóxicos [39].
O uso da espectroscopia pode medir diretamente mais de 120 poluentes gasosos no ar,
como CO, SO2 e O3, além de poluentes tóxicos como tolueno, benzeno e metanol. A
tecnologia se baseia no fato de que cada gás tem sua própria impressão digital, ou
espectro de absorção. O espectrômetro monitora todo o espectro do infravermelho ao
ultravioleta, lendo todas as impressões digitais ou espectros de absorção.
A qualidade do ar de uma cidade, em termos dos padrões da legislação está
diretamente relacionada a fontes poluidoras5, a variáveis meteorológicas, a reações
químicas que ocorrem na atmosfera, aos fatores sócio-econômicos e geográficos local.
Em geral, as cidades estão localizadas em regiões heterogêneas em termos de
relevo, tipos de solo e ocupação. Essa heterogeneidade das regiões, por longo tempo,
dificultou o conhecimento do transporte de poluentes na camada limite planetária,
tipicamente turbulenta. Por sua vez, o crescimento desordenado das áreas urbanas e
industriais, contribuiu muito para o aumento das emissões veiculares e industriais.
5
O inventário das fontes poluidoras é de primordial importância para a localização das mesmas e
quantificação das emissões.
61
Assim, conhecer a dispersão e o transporte de poluentes na atmosfera tornou-se
fundamental para o gerenciamento da qualidade do ar de uma cidade ou Bacia Aérea.
Atualmente, a utilização de Sistema de Informação Geográfica (SIG) no estudo
de qualidade do ar é uma realidade. Essas ferramentas manipulam dados
georreferenciados6, alocam cada fonte pontual, definem os limites ao redor de cada
fonte área, mapeiam estradas, relevo e permitem a delimitação de Bacias Aéreas etc. A
tecnologia empregada nos SIGs utiliza técnicas matemáticas e computacionais para
tratar a informação geográfica.
6
Informações localizadas na superfície terrestre segundo uma projeção cartográfica.
62
Capítulo 4
Dados e Metodologias
4.1 – Dados
63
National Center for Atmospheric Research - NCAR, do ano de 2001. As trajetórias
cinemáticas dos poluentes emitidos em pontos e horários específicos da Bacia Aérea III
foram calculadas com o modelo 1 de trajetórias cinemáticas 3D desenvolvido na
Universidade de São Paulo – USP por FREITAS [90], [89] e alimentado com as três
componentes do campo de vento (u, v, w) geradas pelo RAMS 4.3, alimentado com os
dados de reanálises do período citado. Utilizou-se para visualização das trajetórias o
programa Grid Analysis and Display System – GRADS, amplamente utilizado na área
de meteorologia e ciências da Terra.
4.2 – Metodologias
1
O modelo foi validado no experimento SCARB-B (Smoke, Clouds and Radiation-Brazil) em áreas de
vegetação de cerrado e floresta na região Amazônica brasileira, durante a estação seca de 1995.
64
Para redelimitação da Bacia Aérea III foi utilizada como referência, a cota
altimétrica de 100 metros observada nas cartas topográficas e sobrepostas à imagem do
satélite Landsat 7, Banda 5. Utilizou-se a cota de 100 metros por recomendação da
Feema. Entretanto, não foi possível seguir essa cota ao longo de todo o perímetro da
Bacia, tendo em vista as características do relevo local.
Para melhor visualizar e entender a influência da topografia local, no
escoamento atmosférico e calcular a área da Bacia Aérea III, optou-se pela construção
do MDT. Para construção desse modelo utilizou-se a função TIN do ArcGis.
2
As linhas de correntes são determinadas, utilizando-se o método Euleriano, que considera a velocidade
de diferentes partículas do fluido, simultaneamente, em um determinado instante num referencial fixo.
65
Figura 4.2.2: Grade fina de 2,5 x 2,5 km
3
O nudging consiste na assimilação de dados a quatro dimensões (x, y, z, t), nos estágios iniciais de uma
integração do modelo. A cada passo de tempo de integração, um têrmo de tendência extra é adicionado a
cada equação prognóstica, que força a variável prevista em direção às observadas. O objetivo é eliminar
as perturbações espúrias de alta freqüência.
66
? ?? ? ?? ? ? ?
?? ?? ? w ?i, j, k ? 0 4.1
? ? t ?nud ?
onde ? é o valor atual da variável calculada pelo modelo, ? o é o valor desta variável na
4
A fisiografia representada pela topografia, cobertura vegetal e a temperatura da superfície do mar (TSM)
é fator de forçamento na escala regional.
5
As trajetórias são obtidas, utilizando-se o método Lagrangeano. Neste método o movimento das
partículas é acompanhado num referencial variável, ou seja, fixo nas partículas.
67
pesquisa, optou-se pelo modelo cinemático tridimensional e método não convectivo
[90], [99] devido à existência do campo de vento tri-dimensional, o tamanho da área de
estudo e a alta resolução da grade 3 utilizada no domínio da Bacia Aérea III.
As trajetórias de parcelas de ar da Bacia Aérea III foram obtidas em diferentes
horários e alturas, nos meses de janeiro e julho, com o objetivo de verificar a influência
do sistema de brisa na trajetória dos poluentes emitidos na Bacia Aérea III.
O cálculo das trajetórias é baseado na equação 4.2
?
dr ?t ? ? ?
? V ?r , t ? 4.2
dt
? ? ?
onde r ?t ? é a posição da parcela de ar no tempo t, partindo da posição inicial r ?t 0 ? e V
?
t1
??
?? ?
r ?t 1 ?= r ?t 0 ?+ V r ?t ?, t dt
?
4.3
t0
68
anterior. A partir da equação 4.2 obtém-se também a equação 4.4 para o cálculo da
trajetória de chegada (para trás).
? ?
t1
??
r ?t 0 ? ? r ?t1 ?? ?V ?r ?t ?, t ?dt 4.4
t0
69
Capítulo 5
Nesta pesquisa foram utilizadas as três grandes maneiras preconizadas acima. Além
dos resultados apresentados nesta tese, o SIG montado permitiu a re-delimitação da
Bacia Aérea III e a divisão da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara em bacia
hidrográfica da Baía de Guanabara Oeste e Leste, para criação dos respectivos Comitês
de Bacia. O projeto de re-delimitação da Bacia Aérea III teve o autor como articulador e
orientador.
Uma Bacia Aérea, embora o nome sugira um volume da atmosfera, é uma área
cuja topografia, delimitada por uma cota altimétrica mínima, dificulta a dispersão de
poluentes gerados pelas atividades sócio-econômicas. Em determinadas bacias as
condições climáticas predominantes, na estação de inverno, comprometem a qualidade
do ar, agravando a saúde das pessoas, principalmente, de idosos e crianças com
problemas respiratórios. As Bacias Aéreas por estarem submetidas a constantes
70
estratégias de controle da poluição do ar podem ser consideradas verdadeiras unidades
de gerenciamento da qualidade do ar [101].
A Bacia Aérea III está localizada no litoral sudeste brasileiro, na parte centro
oeste do Estado do Rio de Janeiro, na Sub-região III da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro, entre os paralelos 220 48’ 14” e 220 54’ 10” de latitude Sul, e os meridianos 430
02’ 26” e 430 27’ 04” de longitude Oeste [102]. A figura 5.2a apresenta o mapa da
Bacia Aérea III elaborado na década de 80 pela Feema e a figura 5.2b apresenta o mapa
da referida Bacia retificada em 2003 no Laboratório de Geografia Física –
LAGEF/UFF. A retificação realizada com tecnologia de última geração alterou a área
de 700 km2 para 910 km2 dos 6.500 km2 da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
RMRJ; um acréscimo de 30%.
Figura 5.2a: Mapa da Bacia Aérea III elaborado pela FEEMA, em amarelo, [103].
71
Figura 5.2b: Bacia Aérea III retificada em 2003.
Ocupando uma aérea de aproximadamente 910 km2, dos 6.500 km2 da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), a Bacia Aérea III abrange parte dos
municípios de Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti, Mesquita, Nova Iguaçu,
Duque de Caxias; os distritos de Guia Pacoaíba, Inhomirim e Suruí, no município de
Magé, o distrito de Olinda no município de Nilópolis e as regiões administrativas
Portuária, Centro, Rio Comprido, Botafogo, São Cristóvão, Tijuca, Maracanã, Vila
Isabel, Bonsucesso, Ramos, Penha, Méier, Engenho Novo, Irajá, Coelho Neto,
Madureira, Bangu, Ilha do Governador, Anchieta e Santa Tereza, no município do Rio
de Janeiro [102]. A tabela 5.2.1 apresenta as coordenadas geográficas das Sedes dos
municípios que compõem a Bacia Aérea III.
72
TABELA 5.2.1: SEDES DOS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM A BACIA AÉREA III
Municípios Altitude (m) Coordenadas Geográficas
Latitude Sul Longitude Oeste
Rio de Janeiro 2 22o54’10” 43o12’27”
o
Belford Roxo 18 22 45’51” 43o23’58”
o
Duque de Caxias 19 22 47’08” 43o18’42”
o
Magé 5 22 39’10” 43o02’26”
o
Mesquita 23 22 46’59” 43o25’26”
o
Nilópolis 16 22 48’27” 43o24’50”
o
Nova Iguaçu 25 22 45’33” 43o27’04”
o
São João de Meriti 19 22 48’14” 43o22’20”
Fonte: Adaptado de Silva, [102].
73
Figura 5.2.2: Modelo Digital de Terreno. Hipsometria em metros
1
Ventos com velocidades médias inferiores a 3 nós, ao nível do solo, caracterizam uma situação de
estagnação atmosférica.
74
5.3 - A influência antrópica na qualidade do ar
2
Rodovia Rio Teresópolis e Washington Luiz.
75
Figura 5.3.1: Uso e cobertura do solo no entorno da Baía de Guanabara.
3
Alguns municípios apresentam concentração elevada de potássio (K) devido à cultura das queimadas.
76
5.3.3 Aterros sanitários
A área ocupada pela Bacia Aérea III constitui um dos ambientes mais poluídos
da RMRJ, devido ao modelo de desenvolvimento urbano-industrial iniciado no século
XIX e intensificado no século seguinte. A falta de planejamento urbano e habitacional
contribuiu para o processo de favelização e degradação dos recursos ambientais.
A forma de ocupação do espaço metropolitano é conseqüência dos vetores de
crescimento com origem no centro urbano do Rio de Janeiro, definidos pela
implantação dos principais eixos rodoferroviários que cortam a Bacia. Esse modelo de
desenvolvimento expõe parte considerável da população da Bacia Aérea III a um tempo
de exposição excessivo aos poluentes gerados na RMRJ.
Em linhas gerais, a ocupação do solo na área pode ser descrita da seguinte
forma: área urbana densamente ocupada, estendendo-se conurbada do maciço da Tijuca
em direção as áreas urbanas de São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita, Duque de
Caxias, Belford Roxo e Nova Iguaçu; Zona Portuária densamente povoada com
urbanização consolidada, com predominância de comércio, serviços e áreas
institucionais como a companhia Docas do Rio de Janeiro; a Ilha do Governador é área
de urbanização consolidada; no lado leste da Bacia, ao longo da Baía de Guanabara
verifica-se a presença de zonas de uso predominantemente industrial mescladas com
zonas residenciais de baixo padrão; o município de Duque de Caxias apresenta extensa
área de atividade predominantemente industrial, cercado por áreas urbanas
77
consolidadas. Existem ainda algumas manchas para a expansão urbana e o norte do
município caracteriza-se por extensa área não urbanizada; os municípios de São João de
Meriti, Nilópolis, Mesquita, Belford Roxo e Nova Iguaçu encontram-se estritamente
conurbados. Esse processo favorece a formação de ilha de calor, deteriorando a
qualidade do ar.
4
ZEI – Zona exclusivamente industrial. ZUPI – Zona de uso preferencialmente industrial.
78
Figura 5.4: Zonas indústrias e distribuição espacial de indústrias na RMRJ
79
Figura 5.4.1 Distribuição espacial das principais atividades potencialmente poluidoras
na Bacia Aérea III e suas tipologias.
Analisando as figuras 5.3.1, 5.4 e 5.4.1 verifica-se que a maioria das indústrias
da Bacia Aérea III está implantada em áreas densamente urbanizadas, ao invés das ZEI
e ZUPI.
80
São considerados, para definição do potencial poluidor, os seguintes parâmetros
de ar e água:
Ar: partículas em suspensão (PS), dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio
(NOX), hidrocarbonetos (HC) e odor;
Água: demanda bioquímica de oxigênio (DBO), substâncias tóxicas (STOX), óleos e
graxas (OG) e material em suspensão (MS).
O potencial em relação ao ar e a água é definido em função dos parâmetros
dominantes. O potencial poluidor geral é definido como o maior potencial,
independente do mesmo ser de ar ou de água. No Anexo 5 estão relacionadas as
empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG, situadas na Bacia Aérea III.
81
expressiva de material particulado inorgânico e as pavimentadas, por sua vez,
contribuem para a formação de Ilha de Calor na região, devido ao intenso tráfego e o
aquecimento do asfalto.
De um modo geral, não se pode afirmar que o uso de GNV nos veículos leves
contribuiu para melhorar a qualidade do ar na região, pois as emissões têm uma grande
variação, dependendo se o veículo foi construído para usar o combustível, ou se foi
adaptado. A descaracterização do combustível padrão estabelecido pelo Programa de
Controle da Poluição do Ar por Veículos automotores - Proconve e a má qualidade da
manutenção dos veículos em uso, são problemas sérios que precisam ser solucionados.
As figuras 5.5a e 5.5b apresentam as categorias e seis vias importantes da Bacia.
82
Figura 5.5b – Seis vias importantes da Bacia Aérea III
83
Capítulo 6
1
Situação que impede o avanço de frentes frias, posicionadas ao sul do país, devido a um anticiclone de
núcleo quente dominando a área.
84
superfície e atmosfera, fortes chuvas lavam a atmosfera no período da tarde,
melhorando a qualidade do ar. Segundo ABREU [107], o posicionamento de um
anticiclone de núcleo frio, centrado ao sul da cidade do Rio de Janeiro, devido à
passagem de frentes frias na área, melhora a qualidade do ar da Bacia, em qualquer
época do ano.
85
As simulações das três grades mostraram que, além do domínio da circulação de
larga escala (grade 1), a Bacia Aérea III está sob o domínio da circulação de meso-
escala (grade 3), tipo brisa.
86
Figura 6.2.1b: Escoamento a 48 m do solo para um julho climatológico
às 9 horas (horário local). A topografia é representada em cores, [3].
A brisa marinha, Figuras 6.2.2a e 6.2.2b, tem sua ação limitada pela serra dos
Órgãos ao norte e os três maciços próximos ao litoral. A topografia quase plana (figura
5.3.1), com pequenas elevações na maior parte da Bacia Aérea III, contribui para a
penetração da brisa marinha a distâncias consideráveis nessa Bacia. Nessas figuras
verifica-se ainda, que a baía de Guanabara canaliza o escoamento na área, facilitando o
transporte de poluentes. Por ter sua ação restrita aos horários de maior atividade
econômica a brisa marinha é sem dúvida o principal mecanismo natural de transporte de
poluentes para as áreas mais carentes e densamente povoadas da Bacia Aérea III, [3].
87
Figura 6.2.2a: Escoamento a 48 m do solo para um janeiro climatológico
às 15 horas (horário local). A topografia é representada em cores, [3].
88
passando da direção sul à superfície, para a direção norte em altitude, próximo ao topo
da CLP. A componente meridional (Norte e Sul) alcança sua velocidade máxima, em
torno de 250 m de altitude próxima a latitude de 22,40 das figuras 6.2.2c e 6.2.2d (Serra
dos Órgãos), que se comporta como um divisor de circulações, tanto à superfície como
em altitude. A velocidade da componente norte diminui, em torno de 700 m de altitude,
aumentando com a altitude na direção norte.
89
Figura 6.2.2d: Corte sul-norte na longitude 43,26 W da componente meridional
do vento para um julho climatológico às 15 horas (horário local), [3].
Os cálculos das trajetórias dos poluentes emitidos pelas fontes fixas foram
importantes para validar o modelo de trajetórias 3D e ajudar no entendimento das
relações existentes entre a meteorologia local e as fontes potencialmente poluidoras da
Bacia Aérea III. Os cálculos das trajetórias dos poluentes emitidos pelas fontes móveis
mostraram que as seis vias escolhidas têm um papel importante na qualidade do ar da
Bacia Aérea III, bem como das Bacias I, II e IV.
2
Composto de óxido de alumínio (Al2O3) e óxido de silício (SiO2). A análise quantitativa por
espectrometria de raios-x detectou as terras raras, lantânio, cério, praseodímio, escândio, ítrio e traços de
gálio, estrôncio e zircônio.
90
O silicato de sódio é um produto químico, de cor branca, baixa toxicidade,
classificado como não perigoso, que causa irritação nos olhos, pele e vias respiratórias,
agravando problemas respiratórios como asma, bronquite etc. Por conta do referido
vazamento houve uma procura muito grande aos postos de saúde do município. Além da
população, o “pó branco” comprometeu os corpos hídricos do município e Baía de
Guanabara.
Tendo em vista a dificuldade de se obter a data precisa do dia e da hora do
incidente utilizou-se o modelo de trajetórias cinemáticas 3D como ferramenta de
investigação, alimentado com o campo de vento tri-dimensional ?u, v, w? gerado pelo
modelo RAMS 4.3, a partir das reanálises de julho de 2001. Primeiramente, considerou-
se a hipótese do pó ter sido advectado para Belford Roxo no horário de predomínio da
componente zonal do vento, tendo em vista o município estar situado a oeste da
refinaria. Para evitar simulações desnecessárias e determinar os dias de predominância
da componente zonal, decompôs-se o vento em suas componentes zonal e meridional no
período compreendido entre os dias 12 e 17 de julho de 2001. Após os cálculos de
várias trajetórias para frente, em diferentes dias e horários, no referido período,
confirmou-se à hipótese assumida e o dia 14/07/2001 como de maior intensidade da
componente zonal, figuras 6.3.1a a 6.3.1c.
Observa-se na figura 6.3.1a, às 6 horas local, que os poluentes seguem em
direção ao oceano numa altitude inferior a 200 metros. Na figura 6.3.1b, às 10 horas
local, verifica-se que os poluentes seguem em direção oposta ao município de Belford
Roxo, em torno de 200 metros de altitude. No fundo da Baía de Guanabara e sobre o
continente elevam-se até 1200 metros de altitude. Seguindo em direção a Baía de
Sepetiba, passam sobre o município a 1200 metros de altitude. Prosseguindo em sua
trajetória alcançam a Baía de Sepetiba a 1000 metros de altitude. Na Figura 6.3.1c, às
18 horas local, verifica-se que os poluentes seguem uma trajetória, em torno de 200
metros, sobre o município.
Posteriormente, a Secretaria de Meio Ambiente de Belford Roxo confirmou a
deposição seca no dia 14 de julho a partir das 20:00 horas local, validando assim, o
modelo de trajetórias para a Bacia.
3
Esse equipamento remove de 50 a 90 por cento das partículas grandes, mas muito pouco do material
médio e fino.
91
Figura 6.3.1a: Trajetória 14/07/2001 – 9 UTC
92
6.3.2 – Trajetórias seguidas pelos poluentes emitidos nas coordenadas 220
30’ S e 430 04’ W
93
Na figura 6.3.2b, nos limites à Leste das Bacias III e IV, coordenadas 220 30’ S e
430 04’ W, verifica-se no caso de emissões às 10 horas local, que os poluentes não
permanecem nas proximidades e nem no nível da fonte emissora. Os poluentes são
transportados em direção a Baía de Sepetiba, percorrendo uma trajetória que alcança
altitudes que variam de 800 a 1200 metros. A instabilidade atmosférica permite que os
poluentes alcancem a altitude de 1200 metros rapidamente, passando pela Baía de
Sepetiba a 800 metros de altitude.
Na figura 6.3.2c, nos limites à Leste das Bacias III e IV, coordenadas 220 30’ S e
430 04’ W, verifica-se no caso de emissões às 18 horas local, que os poluentes não
permanecem nas proximidades e nem no nível da fonte emissora. Os poluentes são
transportados em direção a Baía de Sepetiba, percorrendo uma trajetória que varia de
800 a 1200 metros. A instabilidade atmosférica permite que os poluentes alcancem a
altitude de 1200 metros rapidamente, mas à medida que são transportados vão perdendo
altitude até alcançar, aproximadamente 500 metros, voltando a subir até 800 metros nas
proximidades da Baía de Sepetiba.
94
Figura 6.3.2c: Trajetória 14/07/01 21 UTC
95
Figura 6.3.3a: Seis Vias Importantes
14/07/2001 12 UTC
96
Os poluentes emitidos no setor 2 também seguem em direção a Leste com altura
variando em torno de 50m, passando próximos ao fundo da Baía. A partir do fundo da
Baía, os poluentes começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Seguindo a
direção Sul-Sudeste descem até 900m, ultrapassam o maciço da Tijuca e alcançam a
Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Os poluentes emitidos no setor 3 também seguem em direção a Leste com altura
variando em torno de 50m, passando no fundo da Baía. A partir desse ponto, os
poluentes começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Seguindo a direção Sul-
Sudeste descem até 900m, ultrapassam o maciço da Tijuca, chegando mais a Oeste da
Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Os poluentes emitidos no setor 4 continuam seguindo a direção Leste com altura
variando em torno de 50m, passando no continente. A partir desse ponto, os poluentes
começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Seguindo a direção Sul-Sudeste
descem até 900m, ultrapassando o maciço da Pedra Branca alcançam a Baía de
Sepetiba.
Os poluentes emitidos no setor 5 seguem na direção Leste com altura variando
em torno de 50m, passando sobre o continente mais ao Norte. A partir desse ponto, os
poluentes começam a ascender, alcançando 2000m de altitude. Seguindo a direção Sul-
Sudeste descem até 900m, ultrapassando o maciço da Pedra Branca alcançam a Baía de
Sepetiba.
97
Figura 6.3.3.1b: Rodovia Presidente Washington
Luiz, Setor 2, 14/0701 12 UTC
98
Figura 6.3.3.1e: Rodovia Presidente Washington
Luiz, Setor 5, 14/07/01 12 UTC
99
Figura 6.3.3.1h: Rodovia Presidente Washington
Luiz, Setor 3, 14/07/01 21 UTC
100
6.3.3.2 – Rodovia Rio Teresópolis – BR 116
101
Figura 6.3.3.2a: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 1,
14/07/01 12 UTC
102
Figura 6.3.3.2d: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 4,
14/07/01 12 UTC
103
Figura 6.3.3.2f: Rodovia Rio-Teresópolis,Setor 2,
14/07/01 21 UTC
104
6.3.3.3 – Rodovia Presidente Dutra – BR 116
105
Figura 6.3.3.3b: Via Presidente Dutra, Setor 2,
14/07/01 12 UTC
106
Figura 6.3.3.3e: Via Presidente Dutra, Setor 5,
14/07/01 12 UTC
107
Figura 6.3.3.3g: Via Presidente Dutra, Setor2,
14/07/01 21 UTC
108
Figura 6.3.3.3j: Via Presidente Dutra, Setor 5,
14/07/01 21 UTC
109
Ultrapassando o maciço da Tijuca, em torno de 1300m, segue para o oceano na direção
Sudoeste. Os poluentes emitidos no setor 4 continuam seguindo a direção Leste-Norte
em torno de 50m, alcançando 1000m sobre o continente. Uma trajetória segue para
Sudoeste a 1000m de altitude. Quatro trajetórias seguem para Noroeste com a altura
oscilando em torno de 300 e 500m de altitude. Os poluentes emitidos no setor 5 seguem
na direção Leste-Norte-Noroeste em torno de 50m, até alcançarem 1000m. As cinco
trajetórias seguem para Oeste em torno de 1000m de altitude.
110
Figura 6.3.3.4c: Avenida Brasil, Setor 3,
14/07/01 12 UTC
111
Na seqüência de figuras de 6.3.3.4f a 6.3.3.4j os resultados sugerem que os
poluentes emitidos no horário crítico das 21 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 550 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem em direção a Noroeste-Oeste em torno de 50m. Ascendem a 500m e depois
descem a 50m na direção Oeste. Seguindo para Sul alcançam a Baía de Sepetiba em
torno de 50m de altitude. Os poluentes emitidos nos setores 2 e 3 seguem a direção a
Noroeste-Oeste em torno de 50m de altitude. Os poluentes emitidos no setor 4 seguem
em direção ao Oeste com altura oscilando entre 50 e 300m de altitude. Os poluentes
emitidos no setor 5 seguem em direção ao Oeste em torno de 50m de altitude.
112
Figura 6.3.3.4h: Avenida Brasil, Setor 3,
14/07/01 21 UTC
113
6.3.3.5 – Linha Amarela
114
Figura 6.3.3.5a: Linha Amarela, Setor 1,
14/07/01 12 UTC
115
Figura 6.3.3.5d: Linha Amarela, Setor 4,
14/07/01 12 UTC
116
Figura 6.3.3.5f: Linha Amarela, Setor 1,
14/07/01 21 UTC
117
Figura 6.3.3.5i: Linha Amarela, Setor 4,
14/07/01 21 UTC
118
duas trajetórias alcançam 1300m e outras duas alcançam 1000m. As trajetórias que
alcançaram 1300m seguem para Oeste-Sudoeste em torno de 800 metros de altitude. As
trajetórias que alcançaram 1000m seguem direção Sudoeste-Sul, alcançando 500m de
altitude.
119
Figura 6.3.3.6c: Linha Vermelha, Setor 3,
14/07/01 12 UTC
120
Na seqüência de figuras de 6.3.3.6f a 6.3.3.6j os resultados indicam que os
poluentes emitidos no horário crítico das 21 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 100 metros. Os poluentes emitidos nos
setores 1, 2, 3, 4 e 5 seguem em direção a Noroeste-Oeste em torno de 50m de altitude.
121
Figura 6.3.3.6h: Linha Vermelha, Setor 3
14/07/01 21 UTC
122
período da tarde, em conseqüência do efeito downwash. Portanto, esses locais devem
ser monitorados com maior freqüência, não esquecendo de considerar os horários de
maior emissão das fontes móveis.
123
Figura 6. 4b Grade 10 x 10 Km
124
Capítulo 7
Conclusões
125
aspectos importantes das condições da atmosfera local nos meses de janeiro e julho.
Dessa forma, contornou-se a escassez de informações de superfície e de altitude na
Bacia. A alta resolução da grade de 2,5 x 2,5 km, utilizada no domínio da Bacia Aérea
III, tornou possível a não consideração dos efeitos sub-grade da convecção úmida e
profunda na velocidade vertical resolvível da parcela de ar.
126
7.1 – Sugestões para futuros trabalhos
127
Capítulo 8
Referências Bibliográficas
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136
ANEXO 1
137
ANEXO 2
138
ANEXO 3
Equações básicas utilizadas no modelo RAMS 4.3 para o caso não hidrostático
Equação do movimento
∂u ∂u ∂u ∂u ∂π ' ∂⎛ ∂u ⎞ ∂ ⎛ ∂u ⎞ ∂ ⎛ ∂u ⎞
= −u − v − w − θ + fv + ⎜ K m ⎟ + ⎜⎜ K m ⎟⎟ + ⎜ K m ⎟ (1)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠
∂v ∂v ∂v ∂v ∂π ' ∂ ⎛ ∂v ⎞ ∂ ⎛ ∂v ⎞ ∂ ⎛ ∂v ⎞
= −u − v − w − θ − fu + ⎜ K m ⎟ + ⎜⎜ K m ⎟⎟ + ⎜ K m ⎟ (2)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠
∂w ∂w ∂w ∂v ∂π ' gθ v' ∂ ⎛ ∂w ⎞ ∂ ⎛ ∂w ⎞ ∂ ⎛ ∂w ⎞
= −u − v − w −θ − + ⎜ Km ⎟ + ⎜⎜ K m ⎟⎟ + ⎜ K m ⎟ (3)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y θ 0 ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠
Equação Termodinâmica
∂θ il ∂θ ∂θ ∂θ ∂ ⎛ ∂θ ⎞ ∂ ⎛ ∂θ ⎞ ∂ ⎛ ∂θ ⎞ ⎛ ∂θ ⎞
= −u il − v il − w il + ⎜ K h il ⎟ + ⎜⎜ K h il ⎟⎟ + ⎜ K h il ⎟ + ⎜ il ⎟ (4)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠ ⎝ ∂t ⎠
∂ rn ∂r ∂r ∂r ∂ ⎛ ∂r ⎞ ∂ ⎛ ∂r ⎞ ∂ ⎛ ∂r ⎞
= −u n − v n − w n + ⎜Kh n ⎟ + ⎜⎜ K h n ⎟⎟ + ⎜Kh n ⎟ (5)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠
∂π ' Rπ 0 ⎛ ∂ρ 0θ 0 u ∂ρ 0θ 0 v ∂ρ 0θ 0 w ⎞
=− ⎜⎜ + + ⎟ (6)
∂t cv ρ 0θ 0 ⎝ ∂x ∂y ∂z ⎟⎠
Equação da Hidrostática
∂π Rπ 0 ⎛ ∂ρ 0 θ 0 u ∂ρ 0 θ 0 v ∂ρ 0 θ 0 w ⎞
=− ⎜⎜ + + ⎟ (7)
∂z cV ρ 0 θ 0 ⎝ ∂x ∂y ∂z ⎟⎠
139
virtual, θ v = θ (1,0 − 0,61q ) , rn espécies de razão de mistura liquida do total de água,
R
⎛ p⎞ cp
chuva, cristal e neve, π = c p ⎜⎜ ⎟⎟ , função de Exner total, π perturbação da função
⎝ ps ⎠
de Exner, ρ densidade, rad denota a tendência para a parametrização da radiação, rt
razão de mistura total e rv vapor da água e o índice n refere-se a cada espécie em
separado.
Os três últimos termos das equações 1, 2 e 3 referem-se à contribuição da
escala da subgrade às variações do momento na forma de transporte turbulento.
140
ANEXO 4
Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III.
Indústria Município Tipologia Código da Porte Potencial Poluidor
Tipologia Ar Água Geral
A A
Odor DBO
1 Bayer Belford Química 20.01.30 Grande HC OG A
Roxo PS MS
SO2 TOX
NOX
2 Sadia Duque de Alimentícia 26.22.99 Grande M A
Caxias Odor DBO A
OG
MS
47.51.10 Não Não Não
Transporte especi- especifi- especifi-
por oleoduto ficado cado na cado na
e gasoduto na norma norma.
3 Petrobrás Duque de Petroquímica 31.22.25 Médio norma Adotado
DTSE- Caxias Estocagem de alto
GECAM produtos potenci-
derivados de al de .
refino de risco de
petróleo vazame
ntos.
A A
Odor DBO
4 Reduc Duque de Petroquímica 20.11.10 Excepci- HC OG A
Caxias onal PS STOX
SO2
NOX
5 Clariant Duque de Química 20.73.99 Médio M A DBO
Caxias PS OG A
MS
STOX
6 Nitriflex Duque de Química 20.21.10 Médio M M M
Caxias Odor DBO
HC OG
MS
7 Petrobrás Duque de Química 20.16.10 Médio A A
Distrib. Caxias Odor DBO
FABR Hc OG A
SO2 STOX
NOx
8 Petroflex Duque de Química 20.03.99 Médio M M
Caxias Odor DBO
HC OG M
MS
STOX
9 Polibrasil Duque de Química 20.21.10 Médio M M
Caxias Odor DBO M
HC OG
MS
141
Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III,
(Continuação).
10 Nova Duque de Têxtil 24.21.50 Médio M A A
América Caxias Odor DBO
HC STOX
11 Eluma Nova Metalúrgica 11.13.99 Médio M A A
Marvin Iguaçú Odor DBO
HC STOX
12 Bergitex Nova Têxtil 24.21.75 Médio M A A
Iguaçú Odor DBO
HC STOX
13 Gofra Nova Têxtil 25.71.99 Médio B B B
Inega Iguaçú
14 Piraquê Rio de Alimentícia 26.91.50 Médio M A
Janeiro Odor DBO A
HC OG
MS
15 Plus Vita Rio de Alimentícia 26.71.99 Grande D D D
Janeiro
16 Refinaria Rio de Alimentícia 26.52.99 Médio A A DBO A
Piedade Janeiro OS OG
SO2 MS
17 RJ Rio de Bebidas 27.41.99 Médio B M M
Refrescos Janeiro DBO
18 Sanofi Rio de Farmacêutica 21.12.99 Médio B B B
|Janeiro
11.82.99 M A A
SO2 MS
Rio de STOX
19 Varig Janeiro Galvânica 14.72.99 Grande
Reparos de M M M
Turbinas HC OG
STOX
20 Therma- Rio de Metalúrgica 11.82.99 Médio M A A
dyne Janeiro SO2 MS
Victor STOX
21 Apolo Rio de Metalúrgica 11.05.10 Médio A A A
Produtos Janeiro PS OG
de Aço MS
22 Armco Rio de Metalúrgica 11.04.99 Médio A A A
Staco Janeiro PS OG
STOX
23 Eaton Rio de Metalúrgica 13.11.99 Médio B B B
Janeiro
24 Fabrimar Rio de Metalúrgica 11.51.99 Médio B M M
Janeiro OG
STOX
25 General Rio de Metalúrgica 13.31.10 Grande M B M
Eletric Janeiro OS
SO2
142
Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III,
(Continuação).
Metalúrgica 22.11.99 Médio M A A
Odor DBO
26 Gillete Rio de Cosméticos Pefumaria OG
Janeiro MS
M A A
11.82.99 SO2 MS
Galvânica STOX
31.22.30 Não Não Não
Estocagem de especi- especifi- especifi-
GLP ficado cado na cado na
31.22.15 na norma norma
27 Petrobrás Rio de Petroquímica Estocagem de Médio norma Adotado
DTSE- Janeiro gás alto
CEGUÁ Estocagem potenci-
Produtos al de
derivados de risco de
petróleo vaza-
mentos
A A
Odor DBO
28 Refinaria Rio de Petroquímica 20.11.10 Grande HC OG A
Mangui- Janeiro OS STOX
nhos SO2
NOX
Ciba M M
29 Especiali- Rio de Química 20.62.99 Médio Odor DBO M
dades Janeiro STOX
Químicas
IFF M A
30 Essências Rio de Química 20.51.99 Médio Odor DBO A
e Fragân- Janeiro
cias
A A
Pan Rio de Odor DBO
31 Ameri- Janeiro Química 20.01.20 Médio HC OG A
cana OS MS
SO2 STOX
NOX
M A
32 Procosa Rio de Química 22.11.99 Médio Odor DBO A
Janeiro A OG
MS
A A
Odor DBO
33 Prosint Rio de Química 20.01.40 Médio HC OG A
Janeiro OS MS
SO2 STOX
NOX
M A
34 UFE Rio de Química 22.22.99 Médio Odor DBO A
Janeiro OG
MS
143
Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III,
(Continuação).
M A
35 Vulcan Rio de Química 23.11.10 Médio Odor DBO A
Janeiro HC OG
MS
M A
36 De Millus Rio de Têxtil 24.26.50 Médio Odor DBO A
Janeiro HC STOX
M A
37 Fábrica Rio de Têxtil 24.21.50 Pequeno Odor DBO A
Bangu Janeiro HC STOX
M
38 Limpano Rio de Têxtil 24.95.99 Médio B DBO M
Janeiro OG
STOX
M A
39 Sayonara Rio de Têxtil 24.26.50 Médio Odor DBO A
Janeiro HC STOX
União
40 Manuf. de Rio de Têxtil 24.62.50 Pequeno B B B
roupas Janeiro
Fonte: Adaptada de Scheefer [106].
144