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ANÁLISE ESPACIAL E MODELAGEM ATMOSFÉRICA: CONTRIBUIÇÕES AO

GERENCIAMENTO DA QUALIDADE DO AR DA BACIA AÉREA III DA REGIÃO


METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

Jorge Luiz Fernandes de Oliveira

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

_____________________________________________________
Prof. Luiz Landau, D.Sc.

_____________________________________________
Prof. Isimar de Azevedo Santos, D.Sc.

_____________________________________________________
Prof. Reiner Olíbano Rosas, D.Sc.

_____________________________________________
Profa. Graciela Arbilla de Klachquin, D.Sc.

_____________________________________________
Prof. José Ricardo de Almeida França, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


MARÇO DE 2004
OLIVEIRA, JORGE LUIZ FERNANDES DE
Análise Espacial e Modelagem Atmosférica:
Contribuições ao Gerenciamento da Qualidade
do Ar da Bacia Aérea III da Região Metropolita-
na do Rio de Janeiro[Rio de Janeiro] 2004
VIII, 144 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,
Engenharia Civil, 2004)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Qualidade do ar
2. Modelagem Atmosférica
3. Análise Espacial
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

ii
Agradecimentos

No momento em que pensei estudar a qualidade do ar da Bacia Aérea III não


imaginei que enfrentaria inúmeros problemas. Felizmente, os problemas se diluíram
com o tempo e a ajuda dos amigos. Aproveito a oportunidade para agradecer aqueles
que direta ou indiretamente muito me ajudaram.
Quero agradecer, primeiramente, à minha esposa e ao meu filho pela paciência
ao longo desses anos; ao professor LANDAU, que com seu jeito introvertido me
ensinou coisas importantes, sem perceber; ao professor ISIMAR, pelos ensinamentos de
Meteorologia e apoio; à professora GRACIELA pelos ensinamentos de Química e a
atenção sempre dispensada; ao professor REINER pela ajuda na montagem do SIG; ao
professor PEDRO DIAS pela liberação do modelo RAMS 4.3; ao Dr. SAULO DE
FREITAS pela liberação do modelo de trajetórias e pelas dicas para rodá-lo; ao
professor JOSÉ RICARDO DE FRANÇA pelo apoio junto a COPPE; à professora
CRISTIANE NUNES da UFF; aos colegas professores do Departamento de Geografia
da UFF pela minha liberação para o doutorado; ao meteorologista NILO JOSÉ pela
amizade; ao geógrafo CORBINIANO SILVA; aos colegas do LAMCE e do CBRR; à
super MÔNICA secretária do LAMCE; à amiga VÂNIA LEONARDO; aos geógrafos
WAGNER DOS SANTOS E CELINA TAVARES; à RITA bibliotecária do PPE; ao
LEONARDO BARBOSA GOMES do IBGE; ao JOSÉ ARNALDO e à PAULÍNIA da
FEEMA; ao ALBARI GELSON PEDROZO e à SOLANGE CORRÊA pelo apoio; a
PETROFLEX Indústria e Comércio S. A. pelo apoio financeiro.

iii
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

ANÁLISE ESPACIAL E MODELAGEM ATMOSFÉRICA: CONTRIBUIÇÕES AO


GERENCIAMENTO DA QUALIDADE DO AR DA BACIA AÉREA III DA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

Jorge Luiz Fernandes de Oliveira

Março/2004

Orientadores: Luiz Landau


Isimar de Azevedo Santos

Programa: Engenharia Civil

Neste trabalho foi desenvolvido um Sistema de Informação Geográfica - SIG, que


deu suporte a análise espacial e a modelagem atmosférica na Bacia Aérea III. O SIG
permitiu o georreferenciamento das quarenta indústrias mais poluidoras e seis vias
importantes que cortam a Bacia. O SIG permitiu ainda, a retificação dos limites da Bacia,
tornando o domínio espacial modelado bem definido. A modelagem atmosférica,
realizada com o modelo RAMS 4.3, mostrou que o escoamento na Bacia para as estações
de verão e inverno é do tipo brisa. Cálculos de trajetórias de parcelas de ar, para seis vias
importantes da Bacia, com um modelo cinemático 3D, sugerem a existência de um
corredor de transporte de poluentes em mesoescala, contrariando o corredor típico de
circulação de larga escala do continente brasileiro. Contribuições ao gerenciamento da
qualidade do ar da Bacia Aérea III e a tomada de decisão local são apresentadas.

iv
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

SPATIAL ANALYSIS AND ATMOSPHERIC MODELING: CONTRIBUTIONS AIR


QUALITY MANAGEMENT OF AIRSHED III OF METROPOLITAN REGION OF
RIO DE JANEIRO

Jorge Luiz Fernandes de Oliveira

March/2004

Advisors: Luiz Landau


Isimar de Azevedo Santos

Department: Civil Engineering

In this research was built (set up) a Geographic Information System – GIS, to
give support to the Airshed III atmospheric modeling. The GIS standed for redefinition
the Airshed III and spatial analysis of pollutant emission sources in this area.
The spatial analysis together the atmospheric modeling would make possible a
better understanding about the factors that interfere in the air quality of this Airshed.
Forward trajectories have been calculated from July 2001 in Airshed using a
three dimensional cinematic trajectory model. In this model, the trajectories are
obtained using the three components of wind velocity (u, v, w). The wind was derived
from the Regional Atmospheric Modeling System (RAMS).
Air parcel trajectories calculated for six roads of the Airshed suggested the
existence of a corridor of air parcel that transports pollutants in this Airshed and extra
Airshed. Results suggest a larger control of the mobile source emissions.

v
Sumário

Capítulo 1 – Introdução.......................................................................................... 1
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica.................................................................... 6
2.1 – Meteorologia e poluição do ar......................................................................... 6
2.1.1 – Escoamento atmosférico............................................................................... 9
2.1.1.1 – Escoamentos de macroescala..................................................................... 10
2.1.1.2 – Escoamentos de mesoescala....................................................................... 10
2.1.1.3 – Escoamentos de microescala...................................................................... 10
2.1.2 - Estabilidade atmosférica................................................................................ 11
2.1.2.1 – A influência da estabilidade na elevação da pluma de poluentes.............. 13
2.1.3 – Camada limite planetária.............................................................................. 15
2.1.3.1 – Divisão e caracterização da camada limite planetária............................... 15
2.1.3.2 - Temperatura versus espessura da camada limite de superfície.................. 19
2.1.3.3 – Comportamento do vento com a altura..................................................... 22
2.1.3.4 – Perfil do vento na camada limite superficial.............................................. 24
2.1.3.5 – A importância da camada de mistura para a qualidade do ar..................... 24
2.1.4 – Potencial forte de poluição do ar................................................................... 26
2.2 – Química da troposfera...................................................................................... 27
2.2.1 – Tempo de residência..................................................................................... 27
2.2.2 – Reatividade química...................................................................................... 28
2.2.3 – Transformações de poluentes na atmosfera.................................................. 29
2.2.3.1 – Química atmosférica em fase gasosa......................................................... 30
2.2.3.2 – Reações atmosféricas em solução.............................................................. 31
2.2.3.3 – Reações atmosféricas sobre superfícies sólidas......................................... 31
2.2.4 – Processos de remoção de espécies da atmosfera........................................... 32
2.2.4.1 – Deposição úmida........................................................................................ 32
2.2.4.2 – Deposição seca........................................................................................... 32
2.2.5 – Poluentes atmosféricos.................................................................................. 33
2.2.5.1 – Particulados................................................................................................ 34

vi
2.2.5.2 – Gases.......................................................................................................... 37
2.2.5.3 – Líquidos..................................................................................................... 42
2.2.6 – Poluentes critérios......................................................................................... 43
2.2.7 – Poluentes tóxicos do ar................................................................................. 44
2.2.8 – Caracterização de fontes de emissões........................................................... 44
2.2.9 – Fotoquímica urbana....................................................................................... 46
2.3 – Fatores geográficos.......................................................................................... 48
Capítulo 3 – Revisão da Literatura....................................................................... 50
Capítulo 4 – Dados e Metodologias....................................................................... 63
4.1 – Dados............................................................................................................... 63
4.1.1 – Base de dados topográficos........................................................................... 63
4.1.2 – Base de dados meteorológicos...................................................................... 63
4.2 – Metodologias.................................................................................................... 64
4.2.1 – Sistema de informação geográfica – SIG...................................................... 64
4.2.2 – Simulações atmosféricas............................................................................... 65
4.2.3 – Cálculos de trajetórias de parcelas de ar....................................................... 67
Capítulo 5 – Análise Espacial da Bacia Aérea III................................................ 70
5.1 – Definição de Bacia Aérea................................................................................ 70
5.2 – Bacia aérea III.................................................................................................. 71
5.2.1 – Descrição dos municípios que compõem a Bacia Aérea III......................... 72
5.2.2 – Relevo da Bacia Aérea III............................................................................. 73
5.3 - A influência antrópica na qualidade do ar........................................................ 75
5.3.1 - Cobertura vegetal........................................................................................... 75
5.3.2 - Coleta de lixo................................................................................................. 76
5.3.3 – Aterros sanitários.......................................................................................... 76
5.3.4 – Uso e ocupação do solo................................................................................. 77
5.4 – Caracterização das principais indústrias potencialmente poluidoras............... 78
5.4.1 – Quanto à tipologia......................................................................................... 79
5.4.2 – Quanto ao potencial poluidor........................................................................ 80
5.5. – O sistema de transporte e as principais vias de acesso................................... 81
Capítulo 6 – Modelagem Atmosférica da Bacia Aérea III.................................. 84
6.1 – Caracterização da área de estudo..................................................................... 84
6.2 – Caracterização do escoamento tipo brisa......................................................... 85

vii
6.2.1 – Escoamento tipo brisa terrestre..................................................................... 86
6.2.2 – Escoamento tipo brisa marinha..................................................................... 87
6.3 – Trajetórias tridimensionais............................................................................... 90
6.3.1 – Validação do modelo para a Bacia Aérea III................................................ 90
6.3.2 – Trajetórias seguidas pelos poluentes emitidos nas coordenadas 220 30’ S e
430 04’W................................................................................................................... 92
6.3.3 – Trajetórias de seis vias importantes da Bacia Aérea III................................ 95
6.3.3.1 – Rodovia Presidente Washington Luiz – BR 040....................................... 96
6.3.3.2 – Rodovia Rio Teresópolis – BR 116........................................................... 101
6.3.3.3 – Rodovia Presidente Dutra – BR 116.......................................................... 105
6.3.3.4 – Avenida Brasil............................................................................................ 109
6.3.3.5 – Linha Amarela............................................................................................ 114
6.3.3.6 – Linha Vermelha.......................................................................................... 118
6.4 Trajetórias de fontes fixas................................................................................... 123
Capítulo 7 – Conclusões.......................................................................................... 125
Capítulo 8 - Referências Bibliográficas................................................................. 128
Anexo 1 – Padrões de Qualidade do Ar para os poluentes critérios......................... 137
Anexo 2 – Poluentes não regulamentados................................................................ 138
Anexo 3 – Equações básicas utilizadas no RAMS................................................... 139
Anexo 4 – Empresas selecionadas pelo PDBG......................................................... 141

viii
Capítulo 1

Introdução

A poluição antrópica do ar não é um problema típico da sociedade moderna.


Entretanto, a sociedade contemporânea, principalmente no século XX, vivenciou vários
episódios críticos de poluição do ar, inclusive com milhares de mortes devido
principalmente, ao modo de vida da população.
Nos últimos cinqüenta anos o uso indiscriminado de recursos naturais, o
aumento da frota automotiva, a rápida industrialização e o planejamento deficiente, ou
inexistente comprometeram a qualidade do ar nos principais centros urbanos mundiais.
Na década de 70, a preocupação com os efeitos do smog fotoquímico e do
ozônio levou os americanos a adotarem medidas corretivas tais como critérios, padrões
de qualidade do ar e tecnologias de controle de poluentes, com o objetivo de controlar
as emissões dos precursores de ozônio e outros poluentes.
Num esforço inicial, para melhorar a qualidade do ar dos centros urbanos e
reduzir os custos com a saúde e o meio ambiente, alguns países adotaram os padrões1
americanos para os poluentes critérios, Anexo 1. Esses padrões, que são concentrações
máximas permitidas na atmosfera, quando ultrapassados afetam a saúde, a segurança e o
bem-estar da população, bem como ocasionam danos à flora, à fauna e ao meio
ambiente em geral.
Os padrões de qualidade primário e secundário adotados pelo Brasil, resolução
CONAMA 03 de 28/06/90, contribuíram muito para a redução das emissões de
poluentes critérios nos principais centros urbanos do país.

1
Primários: concentrações que, quando ultrapassadas poderão afetar a saúde da população, sendo
aplicados à área de desenvolvimento.
Secundários: concentrações abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da
população, mínimo dano à fauna, à flora e ao meio ambiente como um todo.

1
Os padrões secundários, importantes na implementação de medidas de controle
ambiental e caráter preventivo à degradação da qualidade do ar têm aplicações restritas
às áreas de preservação ambiental. Já os padrões primários são importantes para a
manutenção da qualidade do ar respirável.
Além dos padrões de qualidade, a resolução CONAMA 03/90 estabeleceu
também, "níveis de qualidade do ar para a elaboração de Plano de Emergência para
Episódios Críticos de poluição do ar. Esse Plano de Emergência, de responsabilidade
dos governos de estado e de municípios, assim como de entidades privadas e
comunidade em geral, tem o objetivo de prevenir a população de grave e iminente risco
à saúde. Considerando que a poluição do ar urbano afeta a todos, e, principalmente aos
pobres que se encontram mais expostos a ela e, as pessoas com um histórico de
enfermidades respiratórias ou cardíacas, as administrações locais devem evitar que a
concentração urbana, a industrialização e a expansão da mobilidade urbana acarretem
pesados custos à saúde e à qualidade de vida dos habitantes, especialmente dos mais
jovens e idosos [1].
Para manter a qualidade do ar dentro dos padrões estabelecidos em lei pode-se
legislar sobre a qualidade dos combustíveis e seus produtos finais, substituir
combustíveis e processos ou utilizar técnicas e equipamentos que reduzam os poluentes
antes e após a queima do combustível [2]. A eficácia do controle da qualidade do ar
depende da constante observação dos padrões de qualidade do ar estabelecidos pelas
agências ambientais [2]. A observação desses padrões, entretanto não é uma tarefa fácil,
pois envolve a instalação de uma rede de estações de monitoramento de poluentes
critérios, de custo de instalação, manutenção e análise de dados muito elevado e
variável, dependendo dos poluentes monitorados. Além do custo2 elevado de uma rede
de monitoramento, a localização de uma estação deve atender certos critérios, nem
sempre possíveis, para que os dados observados sejam representativos da área que a
estação monitora.
A incorporação de fatores físicos e sócio-econômicos no processo de tomada de
decisão para localização de uma rede de monitoramento de poluentes primários e
secundários, dá maior representatividade às informações sobre a qualidade do ar. Os
fatores físicos, que mais influenciam na qualidade do ar são à localização das fontes em
relação à topografia local e os fatores relacionados à atmosfera. Dentre os fatores sócio-

2
Os custos elevados de uma única estação, bem como à análise de certos poluentes têm limitado muito o
tamanho das redes de monitoramento da qualidade do ar nos países em desenvolvimento.

2
econômicos, o uso e ocupação do solo se destacam, pois o tipo de atividade influencia o
modo como a população se desloca e gera poluição neste espaço. Com relação à
mobilidade espacial, sem dúvidas, que a precariedade ou inexistência de transporte de
massa contribui para o crescimento da frota de veículos automotores, e,
conseqüentemente para deterioração da qualidade do ar em centros urbanos com
características topográficas e meteorológicas favoráveis à concentração de poluentes.
O planejamento do uso do solo ao estabelecer perfis para o desenvolvimento de
centros urbanos, especificando zonas residenciais, escolares, comerciais, industriais e
recreativas controla a densidade demográfica futura dessas zonas, que afetam a
demanda por serviços de transporte, minimizando os efeitos da poluição na população.
Embora o planejamento do uso do solo possa criar um ambiente urbano favorável no
futuro, infelizmente não pode resolver os problemas imediatos da poluição atmosférica
relacionada ao trânsito, pois os poluentes gerados com os engarrafamentos estão
relacionados ao número cada vez maior de veículos particulares [1].
Na maioria dos centros urbanos da América Latina e Caribe o crescimento das
cidades, sem o devido planejamento, permitiu que os veículos automotores se tornassem
a principal causa da deterioração da qualidade do ar ao emitirem poluentes precursores
de ozônio. Embora os problemas ambientais relacionados ao setor transporte sejam
sérios verifica-se que os veículos automotores estão aumentando mais rapidamente que
a população e, que a população urbana está aumentando mais rapidamente que a
população total [1].
A Bacia Aérea III, uma área urbana, densamente povoada e industrializada da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro - RMRJ, tem a qualidade do ar comprometida
como a Bacia Aérea da cidade de Los Angeles3 rodeada no seu lado sudoeste pelo
oceano Pacífico Norte, e em todos os outros lados por montanhas. Durante o dia a brisa
marinha sopra em direção ao continente e à noite a brisa terrestre sopra fraca em direção
ao mar. A brisa marinha transporta os poluentes primários emitidos, principalmente no
lado oeste da Bacia (região fonte) em direção ao lado leste (região receptora), aonde
chegam como poluentes secundários.
Similarmente a Bacia Aérea da cidade de Los Angeles, a qualidade do ar da
Bacia Aérea III é agravada pela presença dos maciços da Tijuca, Pedra Branca e
Gericinó/Mendanha, que delimitam áreas de baixadas entremeadas de pequenas serras e

3
Os veículos automotores contribuem fortemente para a baixa qualidade do ar dessa cidade americana.

3
morros isolados, ocupação irregular do solo, elevado número de indústrias, inúmeras
vias pavimentadas e sem pavimentos, presença do oceano Atlântico Sul ao Sul e a Baía
de Guanabara a Leste, ocorrência de fortes inversões térmica e alta freqüência de
calmaria na estação de inverno e clima tropical. No período de maio a setembro, devido
ao posicionamento do Anticiclone Subtropical Marítimo do Atlântico Sul, ocorrem com
freqüência situações de estagnação atmosférica e elevados índices de poluição. A brisa
terrestre matinal apresenta-se como um mecanismo de limpeza da área, transportando os
poluentes em direção ao oceano. A brisa marinha vespertina, por sua vez tem sua ação
limitada pela serra dos Órgãos a norte e os três maciços próximos ao litoral. Por ter sua
ação restrita aos horários de maior atividade econômica a brisa marinha é sem dúvida o
principal mecanismo natural de transporte de poluentes para as áreas mais carentes e
densamente povoadas da Bacia Aérea III [3].
Um fator comum a Bacia Aérea da cidade de Los Angeles e da RMRJ, que
contribui fortemente para a qualidade do ar, é a localização dessas Bacias em relação ao
sistema de alta pressão dos oceanos Pacífico Norte e Atlântico Sul, respectivamente.
Além do fator exposto acima existe um número considerável de poluentes que
contribuem para o agravamento da qualidade do ar e não são legislados, Anexo 2.
O conceito de Bacia Aérea é muito importante para o gerenciamento da
qualidade do ar de uma cidade ou região e para os processos de tomada de decisão. Mas,
para gerenciar a qualidade do ar de uma Bacia Aérea é necessário conhecer as variáveis
meteorológicas, geográficas, sócio-econômicas e a química da troposfera.
Considerando que a qualidade do ar, de um modo geral, é fortemente
influenciada por variáveis meteorológicas, a presente tese tem o objetivo principal de
contribuir para o melhor entendimento das relações existentes entre a meteorologia local
e as fontes potencialmente poluidoras da Bacia Aérea III. Como objetivos secundários
pretende-se responder as seguintes perguntas:
9 O escoamento tipo brisa interfere no transporte de poluentes nessa Bacia?
9 A altura da fonte poluidora e a hora de emissão interferem no transporte de
poluentes?
9 Os poluentes emitidos pelas fontes móveis na Bacia afetam somente a área de
influência das vias?
9 Existe um corredor de transporte de poluentes na Bacia Aérea III?

4
Com o propósito de alcançar o objetivo da tese montou-se um sistema de
informação geográfica (SIG) para subsidiar a análise espacial das fontes poluidoras da
Bacia Aérea III, elaborar o modelo digital de terreno da Bacia e caracterizar o uso e
ocupação do solo.
A presente tese está estruturada em 8 capítulos e 4 anexos. No capítulo 1,
Introdução, contextualiza-se o problema, objeto da tese, os objetivos a serem alcançados
e as hipóteses assumidas. No capítulo 2, Fundamentação Teórica, faz-se uma breve
abordagem dos principais fatores meteorológicos, geográficos e químicos relacionados à
modelagem da qualidade do ar. No capítulo 3 apresenta-se uma revisão da literatura,
procurando abordar o Estado da Arte da qualidade do ar. No capítulo 4 aborda-se a
metodologia utilizada na tese. Nos capítulos 5 e 6 são apresentados os resultados da
análise espacial e da modelagem atmosférica. No capítulo 7 são apresentadas as
conclusões deste trabalho. No capítulo 8 são apresentadas as referências bibliográficas
utilizadas na tese. O anexo 1 apresenta os poluentes critérios, o anexo 2 apresenta os
poluentes não regulamentados, o anexo 3 as equações básicas do Rams 4.3 e o anexo 4
apresenta as empresas selecionadas pelo PDBG para controle da poluição.

5
Capítulo 2

Fundamentação Teórica

A maneira mais eficiente de se estudar a qualidade do ar de uma cidade é através


de uma abordagem multidisciplinar, englobando a meteorologia, a geografia, a química
da troposfera e outras ciências afins, uma vez que a qualidade do ar é o resultado de
uma combinação de fatores acoplados [4]. Neste capítulo abordam-se os principais
fatores meteorológicos, químicos e geográficos, tendo em vista a importância desses
fatores para os estudos de qualidade do ar.

2.1 – Meteorologia e poluição do ar

As variáveis meteorológicas, de um modo geral, desempenham importante papel


na qualidade do ar de uma cidade ou região. Neste tópico analisam-se as variáveis
relevantes para a diluição, dispersão e transporte de poluentes, na troposfera.
A atmosfera da Terra é uma camada fina, de uma mistura gasosa, distribuída
quase uniformemente sobre a superfície do planeta. Na vertical, 99% da massa da
atmosfera estão concentrados abaixo dos 30 quilômetros de altitude [5]. Devido à
limitação da dimensão vertical existe uma tendência para escoamentos horizontais e em
equilíbrio quase-hidrostático.
Apesar de sua pequena espessura a atmosfera é composta por um grupo de gases
quase-permanentes, um grupo de gases de concentrações variáveis e várias partículas
sólidas e líquidas, podendo ser dividida em várias camadas que diferem em composição,
temperatura, estabilidade e energia. Com exceção do vapor d'água, do dióxido de
carbono, do ozônio e de alguns gases traços, verifica-se que os gases restantes são quase
constantes, em proporção, até cerca de 90 quilômetros.

6
Dentre os gases variáveis os mais importantes são o vapor d'água, o gás
carbônico, o ozônio, o óxido sulfuroso, o dióxido de nitrogênio e o metano. Gases de
efeito estufa, juntamente com as partículas sólidas e líquidas em suspensão são
importantes para o equilíbrio térmico do planeta. As partículas além de reduzirem a
radiação solar incidente contribuem também para a formação de nuvens.
Embora a atmosfera seja composta de uma mistura homogênea de gases até
cerca de 90 quilômetros de altitude, muito tênue acima dos 12 quilômetros, ela não é
fisicamente homogênea, possuindo uma estrutura de camadas justapostas com
características distintas.
As camadas da atmosfera podem ser classificadas de acordo com a temperatura,
densidade e composição química. Do ponto de vista da dispersão de poluentes, a mais
importante classificação é a que utiliza o critério térmico mostrado na figura 2.1. Essa
divisão, que resulta do inter-relacionamento das diversas fontes de calor na atmosfera é
importante do ponto de vista de mudanças de tempo. Entretanto, a divisão segundo o
critério da composição é importante para certos estudos1 .

1
Relacionados a camada de ozônio, telecomunicações, etc.

7
Figura 2.1 - Perfil vertical médio de temperatura na atmosfera

Do ponto de vista da poluição atmosférica antrópica, a troposfera é a camada


mais importante, porque está em contato com as pessoas, animais e plantas. A
temperatura do ar, um importante parâmetro para caracterizar a estabilidade
atmosférica, varia com a altura, facilitando ou dificultando a mistura e a dispersão da

8
maior parte dos poluentes. Costuma-se dividir a troposfera em Camada Limite
Planetária2 (CLP) e Atmosfera Livre3 .
Na tabela 2.1 verifica-se que os fenômenos meteorológicos ocorrem em escalas
que variam de 10-7 a 107 metros. Para se estudar um fenômeno (sistema) específico
utiliza-se à análise de escala, que é uma técnica muito utilizada para simplificar as
equações governantes do movimento. Essa técnica elimina os termos desprezíveis do
sistema que se deseja modelar em função da escala de comprimento.

Tabela 2.1 - Escalas características de comprimento


Tipos de movimentos (fenômenos) Escala horizontal (m)
Trajetória livre média molecular 10-7
Turbilhões turbulentos diminutos 10-2 - 10-1
Turbilhões pequenos 10-1 - 1
Tempestades de poeira 1 - 10
Rajadas 10 - 102
Tornados 102
Nuvens cumulunimbus 103
Frentes, linhas de instabilidades 104 - 105
Furacões 105
Ciclones sinóticos 106
Ondas planetárias 107
Fonte: Holton [6]

2.1.1 - Escoamento atmosférico

Os escoamentos atmosféricos têm ordens de grandezas variáveis, com valores


característicos de escalas de comprimento e tempo. Os processos e fenômenos
classificados como macroescala e mesoescala têm um papel importante nos estudos de
qualidade do ar, pois nem sempre os poluentes presentes no ar têm origem local. Os
escoamentos de macroescala têm tempo característico de dias a semanas e de horas a
dias, os de mesoescala. Os de microescala têm tempos característicos que variam de
minutos a horas.
O campo de escoamento atmosférico pode ser estudado através de dois métodos:
euleriano e lagrangeano. O método euleriano permite uma visão instantânea do
movimento de várias partículas do escoamento. Nesse método traçam-se linhas

2
Camada na qual os efeitos da superfície são relevantes.
3
Na atmosfera livre os efeitos do atrito com a superfície não são relevantes.

9
tangentes às velocidades observadas, simultaneamente em diferentes pontos do
escoamento, denominadas linhas de corrente. O método lagrangeano permite visualizar
as sucessivas posições de uma mesma partícula ao longo do tempo. As linhas são
tangentes e denominadas de trajetórias.

2.1.1.1 - Escoamentos de macroescala

São enquadrados nessa categoria os escoamentos que se estendem por milhares


de quilômetros. A circulação geral da atmosfera é o mecanismo responsável pelos
escoamentos nessa escala. Formado por cinturões de altas e baixas pressões ao redor do
globo, esse mecanismo é responsável pelo transporte de poluentes à longa distância e
altitudes elevadas, principalmente de material particulado, aerossóis e CFCs. Todavia,
dependendo de certas condições sinóticas a qualidade do ar pode melhorar ou se
agravar.
Um bom exemplo de escoamento nessa escala é o transporte de aerossóis
gerados pelas queimadas nas regiões da Amazônia e Brasil Central, que podem alcançar
regiões remotas em pouco tempo quando transportados pelo jato subtropical [7].

2.1.1.2 – Escoamentos de mesoescala

Nessa categoria enquadram-se os escoamentos que ocorrem em escalas de


centenas de quilômetros como as brisas e os ventos de vale e montanha. Os sistemas de
ventos locais são afetados pela topografia e pelo aquecimento diferencial da superfície,
como nos casos das brisas marinha e terrestre e de ventos de vale-montanha. Esses
sistemas podem favorecer ou prejudicar certos locais.

2.1.1.3 – Escoamentos de microescala

São enquadrados nessa categoria os escoamentos que se estendem de 1 a 1000


metros como a dispersão de uma pluma de chaminé e o escoamento turbulento ao redor
de edifícios. Prédios altos e alinhados modificam o escoamento de ar, provocando seu

10
encanamento ou criando espaços sem aeração suficiente e acúmulo de poluentes,
influenciando assim, na qualidade do ar.

2.1.2 – Estabilidade atmosférica

Diversos fatores determinam uma maior ou menor dispersão de poluentes.


Dentre eles pode-se citar a direção e a velocidade do vento, o gradiente térmico vertical,
as características topográficas e o número de fontes existentes na região. Entretanto, os
mais importantes são a velocidade e direção do vento e o gradiente térmico vertical, que
determinam o grau de estabilidade da atmosfera [8]. A estabilidade atmosférica, que
governa muitos processos e fenômenos relacionados ao movimento vertical, pode ser
definida como sendo a capacidade de resistir ou intensificar os movimentos verticais.
Considerando que os poluentes são lançados na atmosfera em alturas variadas é de se
esperar que a estabilidade atmosférica desempenhe importante papel na qualidade do ar.
Para HESS [9] o movimento vertical pode ser considerado de uma maneira
simplificada como o deslocamento vertical de uma parcela de ar que, ao se mover no
ambiente, não produz movimentos compensatórios e não se mistura, preservando sua
identidade.
A análise da estabilidade atmosférica é feita observando-se o estado de
equilíbrio de uma parcela de ar seco ou úmido não saturado, deslocando-se
verticalmente de uma curta distância de sua posição inicial. Esses processos,
considerados adiabáticos4 , acontecem especialmente nos movimentos rápidos de ar.
A taxa de variação de temperatura com a altura de uma parcela de ar seco, em
dT g
equilíbrio hidrostático, é denominado de gradiente adiabático seco, Γd = =−
dZ CP
onde g/C p é uma constante para o ar seco aproximadamente, 1o C a cada 100 m. Se a
temperatura da parcela de ar, deslocada de sua origem, for maior que a do ambiente (Tp
> Ta), a parcela é acelerada continuamente. Essa condição intensifica os movimentos
verticais, tornando a atmosfera instável. Se a temperatura da parcela for menor que a do
ambiente (Tp < Ta) a parcela regressará à sua posição original. Nessa circunstância, diz-

4
Embora a atmosfera seja raramente adiabática assume-se que não há troca de calor entre a parcela e o ar
ambiente, porque o movimento da parcela é muito rápido e a condução de calor no ar é relativamente
baixa. A diminuição da pressão, com a altitude conduz uma parcela de ar, não saturada, a expansão e,
conseqüente resfriamento.

11
se que a atmosfera é estável e os movimentos verticais não ocorrem, ou são
amortecidos. Se a temperatura da parcela é a mesma que a do ambiente (Tp = Ta) a
parcela não se sujeita a nenhuma força, em qualquer direção, e a atmosfera é
considerada neutra.
A distribuição vertical de temperatura apresenta diariamente, variações em
relação às condições médias. Uma camada atmosférica será instável ou estável
dependendo do valor do gradiente de temperatura ambiental (Ta) observado na camada.
A atmosfera tende a ser instável durante o dia, devido ao aquecimento
diferencial da superfície, ou processos como advecção e convecção. Nessas condições,
os poluentes são rapidamente dispersados com concentrações moderadas ou baixas.
Ao anoitecer a perda de radiação terrestre5 torna a atmosfera estável, devido ao
resfriamento da superfície e, conseqüentemente, do ar junto a ela. Atmosfera estável
com vento fraco limita a dispersão de poluentes. Nessa condição, as concentrações de
poluentes podem ser elevadas com os mesmos permanecendo próximo à fonte.
Em condições de céu claro e calmaria, o resfriamento do ar próximo à superfície
é mais acentuado, gerando a condição de inversão de temperatura do ar. Esse
comportamento da temperatura do ar limita a dispersão lateral e vertical dos poluentes,
tornando as concentrações dos mesmos, anormalmente elevadas se a emissão continuar.
As inversões térmicas são condições que ocorrem com freqüência regular, sendo
mais freqüentes na estação de inverno. Contudo, a inversão de subsidência pode ocorrer
com a passagem de uma massa fria na área ou sob a condição de bloqueio provocada
por um centro de alta pressão intenso. A inversão de subsidência, provocada por uma
condição de bloqueio, é extremamente desfavorável à saúde da população, podendo
durar alguns dias, concentrando a poluição próxima ao solo.
ROBSON [10] utilizando a variação de temperatura potencial6 do ar ( è), entre
a base e o topo da camada de inversão, a espessura da camada de inversão ( Æ) e a
altura da base da camada de inversão (Z) definiu a intensidade da inversão térmica,
equação 2.1, como:

I=
(∆ θ ) 2 2.1
3 + Z .∆Z

5
Radiação de onda longa.

12
Um índice de inversão (I) elevado indica que o potencial de poluição do ar é
forte. Índices baixos indicam que o potencial de poluição do ar é fraco e que há
condições favoráveis de dispersão.
Para NICOLLI [11] a gravidade dos índices altos vai depender da região. Índices
elevados não são necessariamente indicadores da concentração de poluentes, mas
apenas uma indicação meteorológica de condições favoráveis ao estabelecimento de
forte concentração de poluentes no ar. Pode haver situações isoladas, de um dia ou dois,
de péssima qualidade do ar, em certas áreas, embora o índice (I) de intensidade de
inversão não tenha sido elevado. Um bom exemplo dessa situação é a combinação de
ventos fracos à superfície com a estabilidade atmosférica e a topografia local.
Alguns episódios críticos de poluição do ar, como os que aconteceram em
Donora [12], Londres e Meuse Valley [13], vitimaram milhares de pessoas devido à
persistência de sistemas de alta pressão. Em tais circunstâncias, a calmaria e céu claro
contribuem para a formação de uma inversão durante a noite, condição característica de
atmosfera estável. Esses episódios críticos não deixam dúvidas sobre a importância da
estabilidade atmosférica nos estudos de qualidade do ar.

2.1.2.1 - A influência da estabilidade na elevação da pluma de poluentes

A estabilidade do ar é o principal fator que influencia a elevação de poluentes na


atmosfera. No caso de uma pluma decorrente de uma chaminé, a temperatura do ar, a
velocidade e cisalhamento do vento, a velocidade de saída dos gases no topo da
chaminé, a temperatura de saída do efluente e o diâmetro da chaminé têm importante
papel na elevação da pluma.
A pluma tem um movimento vertical significativo antes de iniciar o movimento
no sentido horizontal, se a emissão ocorrer fora da zona de turbulência criada por
prédios ou outros obstáculos localizados próximos à fonte. A elevação da pluma, figura
2.1.2.1, adiciona à chaminé uma altura ∆h, tal que hg + ∆h é a altura efetiva da chaminé
(h) considerada no cálculo da dispersão. A altura efetiva (h) da chaminé é medida a
partir da base da chaminé ao eixo da pluma e, raramente, corresponde à altura física da
chaminé (hg). Esse aumento ∆h da chaminé diminui a concentração do poluente ao

6
É a temperatura que uma parcela de ar alcançaria se fosse trazida adiabaticamente ao nível de 1000 hPa.

13
nível do solo.

Figura 2.1.2.1 - Elevação da pluma

O efeito downwash, que é a descida da pluma de poluentes em relação à


chaminé, por sua vez, reduz a altura efetiva (h).
Esse processo ocorre quando a velocidade de saída dos gases da chaminé é uma
vez e meia menor do que a velocidade do vento. Velocidades de saída muito altas
podem ter efeito negativo, pois aumentam a turbulência. A faixa de velocidade ideal é
de 15 m/s. A topografia acidentada e os obstáculos próximos da chaminé podem
também provocar o efeito downwash.
A magnitude da saída dos gases, em relação ao vento, irá determinar se a pluma
se elevará verticalmente ou se inclinará na direção do vento. De um modo geral, a
pluma em sua trajetória tende a elevar-se devido à componente vertical da velocidade
adquirida no momento da emissão.
Várias equações foram formuladas para se calcular a elevação da pluma baseada
nas leis da mecânica dos fluidos, em dados experimentais, ou em ambos [14]. As
equações desenvolvidas por BRIGGS [15], usando análise dimensional são
normalmente, utilizadas nos modelos de dispersão desenvolvidos pela EPA.

14
2.1.3 - Camada limite planetária

A camada fortemente influenciada pela interação com a superfície da Terra e


responsável pela dissipação de 50% da energia cinética atmosférica é chamada de
camada limite planetária (CLP) [16].

2.1.3.1 - Divisão e caracterização da camada limite planetária

A CLP pode ser subdividida em várias camadas, como mostrado na Figura


2.1.3.1, variando sua espessura de alguns décimos de metro a um ou dois quilômetros de
altitude a partir do solo [5]. A espessura da CLP varia em função da estabilidade, da
intensidade da turbulência (tanto mecânica quanto térmica), do campo de vento e da
topografia.
A divisão em Camada Superficial (CLS)7 e Camada de Ekman (CE) tem o
objetivo de evitar a perda de feições de pequena e grande escala na descrição do
escoamento influenciado pelos efeitos de superfície. A não divisão dessa camada
implicaria na perda de feições de grande escala ao se utilizar uma escala característica
de comprimento pequena. A utilização de uma escala característica de comprimento
grande implicaria na perda de feições de pequena escala.

Figura 2.1.3.1 Subdivisão da CLP

7
Excetuando a camada limite milimétrica, próxima à superfície onde predomina a condução molecular, a
camada nas primeiras dezenas de metros (20 a 60 m), dependendo, dentre outros fatores, das
características da superfície e da estratificação é conhecida como Camada de Tensão Constante, Camada
de Prandtl ou Camada Limite Convectiva.

15
Na camada mais próxima à superfície, CLS, a rugosidade do solo, a topografia, a
natureza da cobertura vegetal, a intensidade do vento, a taxa de aquecimento ou
resfriamento da superfície, a advecção de calor e umidade, os movimentos verticais, as
escalas características de comprimento geram tensões tangenciais no escoamento.
Essas tensões, comparáveis em magnitude aos efeitos de Coriolis e gradiente de
pressão, geram cisalhamentos verticais intensos, levando ao desenvolvimento de
vórtices turbulentos de várias escalas até mesmo em ventos razoavelmente fracos. Esses
vórtices turbulentos, muito eficientes no transporte de propriedades, contribuem com o
aquecimento da baixa troposfera e a mistura dos poluentes.
A presença de grandes cisalhamentos satisfaz a condição de não deslizamento,
provocando variações rápidas na velocidade média do vento de um ponto ao outro. A
turbulência mecânica (convecção forçada) é mais pronunciada próximo à superfície,
com sua intensidade dependendo fortemente da rugosidade aerodinâmica e do vento. A
turbulência de origem térmica (convecção livre) ocorre devido à transferência de calor
para a atmosfera pelos transportes convectivos, instabilizando-a.
Os efeitos da viscosidade8 e turbulência são muito importantes na formação e
manutenção da CLP. Entretanto, é bom lembrar que a viscosidade é uma propriedade
molecular do fluido, enquanto a turbulência9 é uma propriedade do escoamento e não do
fluido [5].
BROWN [17] definiu a (CLS) como sendo a região onde os fluxos turbulentos
de momenta, calor e vapor d’água não diferem significativamente dos valores à
superfície. Estendendo-se do solo até a base da primeira inversão (z ≈ zj), a CLS
também chamada de Camada Limite Convectiva (CLC) é caracterizada por uma forte
mistura vertical impulsionada pelo fluxo de calor turbulento positivo [18]. Essa mistura
vertical turbulenta é muito eficiente na transferência de massa, momentum e calor na
Camada Limite acima e abaixo, ligando a superfície da Terra com a atmosfera livre [5].
A instabilidade gerada na CLC, devido ao aquecimento da atmosfera pelo solo e
aos movimentos turbulentos e de mistura, deu origem ao conceito de profundidade da
mistura (Zj) e, conseqüentemente, Camada de Mistura (CM).

8
É uma medida da resistência interna do fluido à deformação. As forças viscosas são desprezíveis, exceto
em regiões próximas a contornos sólidos, sobre os quais deve ser válida a condição de não-deslizamento
ou aderência. Na verdade, a viscosidade não pode ser ignorada, bem como a dissipação de energia
mecânica que ela produz, caso contrário, alguns movimentos que recebem energia continuamente
tenderiam a aumentar sem limite.
9
A turbulência manifesta-se num aumento aparente da viscosidade do fluido.

16
HOLZWORTH [19] desenvolveu um método10 simples para determinar a CM
pela manhã e ao entardecer baseado na sondagem das 1200 UTC e na temperatura de
superfície.
Em contraste à grande extensão vertical da turbulência térmica, Zj ~ 1000 m, os
efeitos do atrito superficial, ou seja, da turbulência mecânica, são confinados próximos
à superfície. A CM não se estende a altura superior a Z = L , onde L é o comprimento

de Monin-Obukhov [18].

)
ρC pT0u*3
L= − 2.2
k g q3

onde:
11
u* - velocidade de fricção na superfície ;
k - constante de Von Kárman (0,40).
T0 - temperatura do ar à superfície;
ρ - densidade do ar;
g - aceleração da gravidade;
q 3 - fluxo de calor turbulento médio vertical;
)
C p - calor específico à pressão constante corrigido para uma atmosfera úmida.

O comprimento de mistura de Monin-Obukov é uma medida conveniente das


condições de estabilidade da CM e representa a altura acima do solo na qual a produção
de turbulência pelas forças mecânicas e flutuabilidade são iguais. É positivo à noite
(L>0) quando a superfície se resfria, tornando a atmosfera estável ( q 3 <0). É negativo

(L<0) durante o dia, quando o calor à superfície torna a atmosfera instável ( q 3 >0).
Valores próximos a zero, dependendo do sinal, indicam condições de muita
instabilidade ou estabilidade. Para L = ∞ a atmosfera é neutra ( q 3 = 0).

DEGRAZIA [20] utilizando a teoria de Taylor de difusão Estatística, em


combinação com uma expressão para o espectro de energia turbulenta, obteve a relação
2.3 para o comprimento de mistura.

10
Estende-se uma adiabática seca a partir da temperatura máxima à superfície, até sua interseção com o
perfil de temperatura do ar livre, mais recentemente observado.
11
Parâmetro representativo da turbulência mecânica.

17
  − 4Z   
lw = 0.2 Zj 1 − exp   − 0.0003 exp  8Z  2.3
 Z 
  Zj   j 

onde:
Z - altura a partir da superfície;
Zj - profundidade da mistura turbulenta na CM (distância entre o solo e a base da
primeira inversão).

Segundo DEGRAZIA [18] várias investigações numéricas e experimentais


revelaram a estrutura detalhada desta camada e mostraram que os parâmetros de escalas
mais importantes na sua descrição são: ZJ, a altura da base da primeira inversão,
também denominada a altura da CLC, e W∗ a escala de velocidade convectiva, expresso
pela fórmula 2.4:

1
 g q3  3

W =
*
) Zj 2.4
 T0 ρC p 

onde:
Zj – altura da base da primeira inversão;
T0 - temperatura do ar à superfície;
ρ - densidade do ar;
g - aceleração da gravidade;
q 3 - fluxo de calor turbulento médio vertical;
)
C p - calor específico à pressão constante corrigido para uma atmosfera úmida.

Na CM o desvio padrão das velocidades turbulentas, nas direções transversal


(σv ) e vertical (σw) à do vento médio, na região acima da camada limite milimétrica, são
proporcionais a W∗ . A altura da base da primeira inversão Zj é proporcional a L , onde

L é o comprimento de mistura de Monin-Obukhov.


Acima da CM, até onde os efeitos da superfície são relevantes, a força de
Coriolis torna-se importante e os efeitos de rotação da Terra e da turbulência têm que
ser considerados. Essa camada, denominada de Ekman, tem a altura da base variável,
dependendo do tipo de superfície [5]. No topo da camada de Ekman, no chamado nível
geostrófico, começa a atmosfera livre. A espessura da Camada de Ekman é dada por
2.5:

18
δε = 2 Av
2.5
f

onde:
f = parâmetro de Coriolis;
Av = coeficiente de viscosidade turbulenta.

Na camada de Ekman os efeitos dissipativos do atrito, no balanço da quantidade


de momentum, são quantificados, em 2.6, pelo número de Ekman [5].

ν
E= 2.6
2ΩL2

onde:
ν = coeficiente de viscosidade cinemática;
L = escala de comprimento característico do movimento;
Ω = período de rotação da Terra = 7, 29 x 10-5 s.

O número de Ekman é muito pequeno, da ordem de 10-11 para escoamentos na


atmosfera, significando que as forças de atrito não desempenham um papel significativo
em escoamentos de grande escala [5]. Na camada de Ekman a velocidade do vento
aumenta com a altura. Mas, à medida que se aproxima do topo dessa camada sua
velocidade decresce.

2.1.3.2 - Temperatura versus espessura da camada limite de superfície

A flutuabilidade joga um papel importante na manutenção ou suprimento de


energia à turbulência. Assim, é importante examinar os efeitos da natureza da
estratificação de temperatura sobre a turbulência, na CLS, uma vez que a flutuabilidade
intensifica o movimento vertical, em atmosferas instáveis e, se opõe ao movimento
vertical em atmosferas estáveis.
O aquecimento e resfriamento da CLS influenciam fortemente o campo de
vento. Freqüentemente, a velocidade do vento é muito baixa à noite e,

19
conseqüentemente, o cisalhamento não existe, predominando a estratificação. Este
comportamento mostra que a atmosfera é raramente adiabática. Assim, é de suma
importância, na previsão da velocidade do vento na CLS, considerar os efeitos da
temperatura no tipo de turbulência esperada.
Considerando um fluxo permanente e homogêneo no plano x1 x2 e assumindo a
velocidade média u( x3 ) ≠ 0 a energia cinética turbulenta é dada por 2.7:

1 ' ' 1 ' '


2
(
u i ui = u1 u1 + u '2 u '2 + u '3 u '3
2
) 2.7

Uma medida do efeito da turbulência sobre as flutuações de temperatura é a

flutuação média quadrática θ ' 2 . Os parâmetros dinâmicos governantes

1 ' '
u i ui 2.8
2

θ' 2 2.9

nessa situação se reduzem a:

∂u1 g ' ' ∂ 1 ' ' 1  ∂u ' ∂ui'


0 = −u1' u3' + u 3θ −  u i u i u' 3 + p ' u3'  − ν i 2.10
∂x3 Te ∂x3 2 ρ  ∂x j ∂x j

∂θ ∂  1 '2 '  ∂θ ' ∂θ '


0 = −u3' θ ' −  θ u3  − α 2.11
∂x3 ∂x 3 2  ∂x j ∂x j

Os termos dessas equações podem ser interpretados como:

∂u1
1. − u1' u '3 produção de energia cinética turbulenta por cisalhamento;
∂x 3

20
g ' '
2. u3θ produção de energia cinética turbulenta por flutuabilidade (se o termo for
Te

negativo, representa a perda de energia cinética por flutuabilidade);

∂ 1 ' ' 1 
3.  u i u i u' 3 + p' u '3  fluxo turbulento de energia cinética;
∂x 3 2 ρ 

∂ui' ∂u 'i
4. ν dissipação de energia cinética pela viscosidade molecular;
∂x j ∂x j

∂θ
5. − u '3θ ' produção de flutuabilidade pelo gradiente de temperatura médio;
∂x 3

∂  1 '2 ' 
6.  θ u 3  fluxo turbulento de flutuações da temperatura média quadrada;
∂x 3 2 

∂θ ' ∂θ '
7. - α decaimento de flutuações de temperatura média quadrada, devido a
∂x j ∂x j
condutividade molecular.

As equações (2.10) e (2.11) são básicas na descrição da turbulência atmosférica.


Um aspecto importante da equação 2.10 é a flutuabilidade produzida pela energia
cinética turbulenta, representada pelo termo (2). A razão dos termos (2) e (1) representa
o número de fluxo de Richardson, equação 2.12, importante para a determinação da
estabilidade da atmosfera.

( g / T e )u3' θ'
Rf = 2.12
u1' u '3 ∂u1 / ∂x 3

Re-escrevendo a equação 2.14 em função do número de fluxo de Richardson


(Rf), obtém-se:

∂u1   ∂u ' ∂u'


0 = −u'1u'3 (1 − Rf ) − ∂  1 u'i u'iu''3 + 1 p' u '3  −ν i i 2.13
∂x3 ∂x3  2 ρ  ∂x j ∂x j

21
∂ u1
Agora, considerando > 0 e u1' u '3 < 0 verifica-se que o termo u '3θ ' governa o sinal
∂x3
de Rf e se a energia cinética é produzida ou destruída pela flutuabilidade.

Embora Rf seja uma medida conveniente das condições de estabilidade, sua


medida é difícil uma vez que os fluxos de calor e momentum devem ser determinados
simultaneamente.

2.1.3.3 - Comportamento do vento com a altura

A variação da velocidade do vento, com a altura, é função de vários parâmetros,


particularmente, da distribuição vertical do gradiente horizontal de pressão e da
estabilidade atmosférica.
Um parâmetro importante na determinação da variação do vento com a altura
nas camadas de mistura e de Ekman é a característica da superfície. Em aplicações
micrometeorológicas, a característica da superfície é tão importante que a distribuição
espacial dos elementos rugosos é menos importante que o comprimento de rugosidade
(Z0 ) desses elementos.
O comprimento de rugosidade (Zo) é uma medida que representa a influência da
altura dos obstáculos no escoamento. Todavia, essa medida não representa a dimensão
física dos obstáculos, mas é geralmente proporcional aos mesmos. O comprimento de
rugosidade da superfície no local da aplicação é usado para obter estimativas da
velocidade de fricção (u* ) e o comprimento de Monin-Obukov no local da aplicação.
Uma alternativa para considerar a influência da rugosidade da superfície (atrito)
na variação do vento com a altura é caracterizar uma superfície rugosa particular, por
um parâmetro simples de comprimento (ε).
Comparando-se (ε) com a espessura da subcamada laminar caracteriza-se uma
superfície como suave ou rugosa. Em geral, uma superfície é suave se os elementos
rugosos são suficientemente pequenos para estabelecer uma subcamada laminar na qual
os mesmos estão submersos. A superfície é considerada rugosa quando os elementos
rugosos são suficientemente grandes para estabelecerem uma subcamada laminar, com
escoamento turbulento abaixo dos elementos rugosos.
A classificação da superfície como suave ou rugosa é obtida com o número de
Reynolds do fluxo, equação 2.14:

22
u* Z0
Re = ( ) 2.14
ν

Re < 0.13 superfície suave


Re > 2.5 superfície rugosa

onde:
u* = velocidade de fricção
z0 = altura acima do solo (onde u = 0, e depende da natureza do terreno.
ν = coeficiente de viscosidade cinemática.

Freqüentemente, descreve-se a variação do vento com a altura usando-se uma lei


de potência do tipo:

1 Z
V( Z ) = ln u* 2.15
k Z0

onde:
Z ≥ Z0;
k = constante de Von Kármán (0.40).

A altura na qual a lei logarítmica é válida depende da magnitude do número de


fluxo de Richardson, equação 2.12. Sobre superfície rugosa com ventos fortes a
subcamada dinâmica (adiabática) pode estender-se até 10 m, enquanto sobre superfície
suave com forte aquecimento estende-se até 1 metro.
Comumente, a velocidade do vento é medida na altura de referência, 10 m acima
do solo. Substituindo as medidas na equação 2.15 calcula-se a velocidade de fricção u*
e, conseqüentemente, a velocidade média para todos os valores de Z. Uma melhor
maneira de se obter u* seria medir diretamente o cisalhamento à superfície. Entretanto,
essa medição exige equipamento experimental elaborado. Costuma-se, em estudos
micrometeorológicos, deduzir o cisalhamento no solo de medidas de perfil da
distribuição da velocidade do vento, um procedimento satisfatório em Camadas Limites
neutramente estratificadas [5]. Experimentalmente, relaciona-se o comprimento de

23
rugosidade (Zo ) ao elemento rugoso (ε) como Z0 ≅ ε/30. A tabela 2.1.3.3 apresenta o
comprimento de rugosidade de várias superfícies.

Tabela 2.1.3.3 Comprimento de rugosidade para várias superfícies


Superfície Z0 , m
Muito suave (gelo) 10-5
Neve 10-3
Mar suave 10-3
Planície desértica 10-3
Relvado 10-2
Pasto 0.05
Raízes aéreas 0.11
Copa de árvore 2
Baixa densidade residencial 5-10
Distrito comercial
Fonte: Adaptado de McRae [21].

2.1.3.4 - Perfil do vento na camada limite superficial

Em condições estáveis e instáveis o perfil de velocidade na CLS desvia-se da lei


logarítmica, equação 2.15. Uma vez que as equações de conservação para a Camada
Limite Estratificada não podem ser resolvidas, devido ao problema de fechamento,
deve-se obter o perfil empírico através de análise dimensional.

2.1.3.5 – A importância da camada de mistura para a qualidade do ar

O comportamento da camada de mistura é de extrema importância para a


qualidade do ar, pois a sua espessura influencia a diluição de poluentes. De fato, dada
uma distribuição das fontes de poluição do ar, a concentração de poluentes na Camada
de Mistura varia basicamente, em função da espessura dessa camada, de sua
estabilidade, da topografia local, da intensidade da turbulência (tanto mecânica, quanto
térmica) e do campo de vento predominante.
As concentrações de poluentes, ao nível do solo, são comumente máximas pela
manhã, quando a espessura da CM é menor, e ao anoitecer após um dia de intensa
atividade poluidora [22].

24
Atualmente o interesse em estudar a CM está diretamente relacionado à
elaboração dos diagnósticos ambientais de complexos industriais potencialmente
poluidores da atmosfera [23], pois a capacidade da atmosfera em diluir poluentes varia
diuturnamente e sazonalmente [24].
As inversões noturnas (radiação) ao nível do solo e as formadas devido à
drenagem de ar frio em direção aos vales são dissipadas pela convecção matinal,
facilitando a mistura de poluentes na atmosfera. Com o decorrer do dia a atividade
urbana aumenta a poluição nos níveis baixos da atmosfera [8]. A inversão de
subsidência pode durar alguns dias, diminuindo inclusive sua base em relação ao solo.
Na estação de inverno, via de regra, a atmosfera é mais estável que na estação de
verão. Nesse período de maior estabilidade, ocorre calmaria e ventos fracos,
favorecendo as inversões de temperatura. Os diversos tipos de inversões limitam a
espessura da CM e, conseqüentemente, a diluição de poluentes.
Os ventos com velocidades elevadas geram turbulência mecânica, aumentando a
instabilidade da atmosfera e, conseqüentemente, a espessura da CM. Essa situação
favorece a diluição de poluentes.
O aquecimento diferencial da superfície também produz um movimento
turbulento12 do ar, representado por trocas na direção e velocidade do vento,
aumentando a espessura da camada de mistura. Se o escoamento fosse perfeitamente
suave, o material liberado seria transportado na direção do vento, na forma de uma
pluma estreita como um cone [24].
A velocidade do vento varia no tempo e espaço, determinando, portanto, o
tempo para o material se mover de uma fonte para o receptor. A concentração do
material depende também da velocidade do vento nos vários níveis da atmosfera onde o
material é misturado [24].
Em ruas, avenidas e em torno de edifícios de uma cidade o vento apresenta
características diferentes daquelas encontradas nas zonas rurais, devido às superfícies
irregulares e desiguais. Embora a rugosidade da superfície urbana gere turbulência
mecânica, contribuindo para o aumento da espessura da camada de mistura, esse tipo de
turbulência levanta partículas maiores e aumenta a concentração de material particulado
oriundo do solo.

12
O movimento turbulento mecânico aumenta com a velocidade do vento e a altura dos obstáculos. Já a
turbulência térmica ocorre quando o vento se desloca sobre uma superfície aquecida.

25
A separação do escoamento entre edifícios gera concentrações mais altas de
poluentes ao redor dos mesmos, devido ao efeito “downwash” que não permite a
elevação da pluma.
Os poluentes normalmente, emitidos na CM sofrem influência do vento médio
que transporta os poluentes de um ponto ao outro e dos movimentos turbulentos que
dispersam os poluentes da posição média, no sentido horizontal e vertical.
A direção e a velocidade do vento no interior da CLP associadas à altura da CM
determinam em grande parte a eficiência dos processos de diluição e dispersão de
poluentes lançados na atmosfera [25]. Segundo BOUBEL [26] uma mudança de 50
graus na direção do vento pode causar uma redução de até 90%, dependendo da
condição da atmosfera, na concentração medida por um receptor alinhado com a direção
original.
De um modo geral, as concentrações de poluentes na atmosfera urbana são
devidas não só às emissões e as transformações químicas, mas, também, aos processos
meteorológicos de diluição e transporte.

2.1.4 – Potencial forte de poluição do ar

O potencial máximo para conduzir a um episódio crítico de poluição do ar, em


um determinado lugar, é verificado quando todos os fatores mencionados nos itens
anteriores ocorrem simultaneamente.
NIEMEYER [24] e HOLZWORTH [27] determinaram um conjunto de
condições meteorológicas que caracterizam um dia com potencial forte de poluição do
ar (PFPA)13 . Segundo eles, um dia com velocidade do vento à superfície inferior a 2,5
m/s (9,0 km/h), direção do vento variável, ausência de precipitação, profundidade da
camada de mistura menor que 500 metros, existência de uma camada de inversão ou
camada isotérmica acima da camada de mistura14 , ausência de vento abaixo de 500 hPa
(aproximadamente 5.500 m) com velocidade maior que 12 m/s (43 km/h), persistência
das condições acima por mais de 36 horas e formação de nevoeiros apresenta potencial
forte de poluição do ar. As condições acima ocorrem em áreas de influência de um
centro de alta pressão ou condição de bloqueio.

13
Condições meteorológicas que favorecem a concentração de poluentes.
14
Camada próxima ao solo.

26
ROBSON [10], por sua vez, considera suficiente um índice de inversão térmica
elevado para caracterizar uma condição de potencial forte de poluição do ar (PFPA).
O grau de gravidade de índices elevados depende da localização da área em
relação à circulação geral da atmosfera. Regiões situadas em áreas de alta pressão são
mais favoráveis à concentração de poluentes, devido à subsidência15 , ventos fracos e
freqüentes inversões térmicas. As regiões localizadas em áreas de baixa pressão são
menos favoráveis à concentração de poluentes, devido aos ventos constantes e mais
fortes. Nessas áreas, a convecção profunda promovida pelos cumulunimbus (cb)
bombeia toneladas de poluentes para a estratosfera e a precipitação promove a lavagem
da atmosfera local.

2.2 – Química da troposfera

O objetivo desse item não é esgotar o vasto conhecimento da química da


atmosfera, mas mostrar a importância de alguns processos e transformações para a
qualidade do ar, uma vez que nem todos os poluentes são inertes.
A troposfera é um meio extremamente oxidante, que leva as espécies químicas a
um estado de oxidação cada vez maior. Hidrocarbonetos se transformam em aldeídos,
esses em ácidos e finalmente em CO2 .
Geralmente, os poluentes mais perigosos não são os primários e sim os
secundários, tais como o ácido sulfúrico e o ozônio.
Os poluentes primários são aquelas substâncias descarregadas diretamente na
atmosfera, como o NO, CO, alguns COVs, SO2 etc. Os secundários são aqueles
formados quando os poluentes primários participam de reações térmicas ou
fotoquímicas (ozônio, aldeídos, cetonas, ácido sulfúrico, ácido nítrico etc.), produzindo
espécies de propriedades diferentes daquelas que lhe deram origem. Essa característica
da atmosfera reforça a importância do conhecimento da química da atmosfera poluída
até mesmo para a escolha do modelo de qualidade do ar mais apropriado para
determinados estudos.

15
Processo no qual o ar atmosférico desce de níveis elevados em direção à superfície. É o contrário da
convecção.

27
2.2.1 - Tempo de residência

O tempo de residência é o tempo médio, que uma molécula ou aerossol


permanece na atmosfera após ser liberada ou gerada ali. Para compostos com fontes e
taxas de emissão bem definidas, ele é estimado pela razão entre a concentração global
média e sua taxa de produção numa escala global, sendo uma função não somente de
taxas de produção, mas também das taxas de remoção por processos físicos e químicos
[28].
O tempo de residência pode ser encarado como o tempo que uma perturbação
decai para 1/e (37%) de sua concentração inicial. O tempo de residência médio de uma
molécula de gás introduzida na atmosfera pode variar de horas a milhões de anos,
dependendo da espécie [29].

2.2.2 - Reatividade química

A reatividade química é o mecanismo de fotooxidação de cada composto que


permite avaliar o seu potencial de formação de ozônio e outros oxidantes fotoquímicos
Esta variável pode ser definida de diferentes formas, envolvendo a medição de
diferentes espécies químicas no ambiente como os COV, NOx, NOy , radicais livres e
produtos terminais da fotoquímica como ácido nítrico, nitratos orgânicos como PAN e
H2 O2 , entre outros [30].
Quanto à reatividade química da atmosfera os poluentes são divididos em três
grupos. O primeiro grupo é o de poluentes de reatividade muito baixa, que são aqueles
que permanecem durante muito tempo na atmosfera, com a mesma forma química de
emissão. Os metais emitidos por metalurgia, incineradores e combustão fóssil, dioxinas
emitidas por incineradores urbanos e industriais, fluorclorocarbonos, utilizados em
sistemas de refrigeração e nas indústrias, dióxido de carbono, emitido pela queima de
biomassa e combustíveis, N2 O, proveniente da fertilização de solos e da combustão
fóssil etc são exemplos do primeiro grupo.
Desse grupo alguns poluentes são acumulados na própria atmosfera, alterando a
sua característica, como é o caso do CO2 e do N2 O, que são gases de efeito estufa.
Outros se depositam na superfície terrestre e são acumulados na litosfera e biosfera,

28
como é o caso dos metais pesados e da dioxina, que são bioacumuladores ao longo da
cadeia alimentar, atingindo o homem com efeitos adversos à sua saúde.
Os poluentes reativos na atmosfera formam o segundo grupo. Esses poluentes se
transformam, quimicamente na própria atmosfera, em outras substâncias gasosas ou
particuladas.
Entre os poluentes desse grupo, os mais freqüentes e mais estudados são o SO2 ,
o NOX, e os hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, todos eles emitidos pela queima de
combustíveis fósseis e por processos industriais específicos [31].
No terceiro grupo estão os poluentes mediados bioquimicamente, isto é, reativos
através da biosfera. Esses poluentes, independente de reagirem ou não na atmosfera, ao
interagirem com a biota, são metabolizados a outras espécies químicas, geralmente
orgânicas, emitidas de volta à atmosfera sob novas formas. É o caso do arsênio e do
próprio SO2 .

2.2.3 - Transformações de poluentes na atmosfera

No trajeto entre a fonte e os receptores os poluentes podem sofrer alguns


processos de remoção. A eficiência desses processos é que determina o tempo de
residência na atmosfera e, conseqüentemente, à distância que eles são transportados
[32].
Reações físicas e químicas, processos em nuvens, transporte e mistura são
responsáveis direta ou indiretamente pela distribuição e taxa de deposição de compostos
da atmosfera no solo. Um aspecto importante da atmosfera é a extensão sob a qual ela
se autopurifica, principalmente através de reações químicas, como os processos de
oxidação iniciados por espécies altamente reativas. Essas reações convertem substâncias
em outras formas mais susceptíveis à remoção da atmosfera, reduzindo seus tempos de
residência [31].

29
2.2.3.1 - Química atmosférica em fase gasosa

Várias reações químicas importantes que ocorrem na atmosfera são de natureza


fotoquímica, dissociando, isomerizando, re-arranjando ou reagindo com outra molécula,
espécies excitadas [33]. Os processos mais importantes da química da atmosfera são
processos fotoquímicos primários, os quais produzem novas espécies químicas em
estados eletronicamente excitados através de fotoreações. Os processos primários
fotofísicos não são tão importantes.
A maioria dos processos de oxidação na troposfera começa com a dissociação do
ozônio (O3 ) na presença de radiação ultravioleta abaixo de 320 nm, na estratosfera.

O3 + hν O2 + O(1 D)

Uma fração altamente reativa de oxigênio reage com o vapor d’água, formando
o radical (OH)16 . Esse processo é fonte primária do radical hidroxila na troposfera.

O(1 D) + H2 O OH + OH

Na troposfera o radical (OH) é o mais importante agente de remoção química,


reagindo com os compostos orgânicos voláteis. Na estratosfera a remoção é controlada
pela fotólise com a radiação ultravioleta.
As moléculas que escapam da oxidação com o radical hidroxila (OH) na
troposfera são dissociadas por radiação de 180 nm na estratosfera. Gases de efeito estufa
como CFC-115 e C2 F6 são tão estáveis que não são eficientemente fotolisados na
estratosfera. Entretanto, perdas significantes dessas moléculas ocorrem acima de 60
quilômetros de altitude através da fotólise com a radiação Lyman-alfa (121.6 nm).

2.2.3.2 - Reações atmosféricas em solução

Devido à natureza gasosa de muito dos mais importantes poluentes primários e


secundários, a grande ênfase nos estudos das reações atmosféricas tem sido dada a

16
É uma espécie neutra com um elétrom desemparelhado, ou seja, a carga eletrônica é igual à carga
nuclear. O OH-é um íon carregado negativamente (anion). A carga eletrônica é diferente da carga nuclear.

30
sistemas em fase gasosa. A fase aquosa que serve como meio de reação na atmosfera,
está presente na forma de nuvem, neblina e chuva. Além disso, o MP consistindo de
uma solução aquosa contendo poluentes ou um filme aquoso, envolvendo uma partícula
insolúvel, pode também oferecer a fase líquida para reações [31].
Espécies como SO2 , O3 , H2 O2 e NOX emitidas ou formadas na fase gasosa
reagem com as soluções atmosféricas. A quantidade de gás dissolvido em uma solução
depende da natureza do gás. O aumento da solubilidade17 de um gás na fase líquida
depende da constante "H" da lei de Henry que é função da temperatura.
Segundo CALVERT [28] reações em gotículas ou sobre superfície de partículas,
principalmente, contendo água, têm sido referidas como totalmente dominantes se
prevalecer uma combinação particular de circunstâncias. Esta combinação inclui
reações entre gases altamente solúveis, cuja hidrólise produz diferentes espécies
químicas como H2 SO4 nas gotículas de nuvens troposféricas, através da reação de SO2 e
H2 O2 [34] e a conversão de cloro inativo a cloro ativo (Cl e ClO) capaz de destruir o
ozônio rapidamente na estratosfera por reações de ClONO2 e HCl em nuvens
estratosféricas polares [35].

2.2.3.3 - Reações atmosféricas sobre superfícies sólidas

Algumas reações de interesse atmosférico podem ocorrer sobre superfícies


sólidas. Essas reações podem ser de substâncias gasosas ou de substâncias em solução
com os componentes de um sólido, como a oxidação do SO2 a sulfato sobre superfícies
de grafites, fuligem, cinzas, MgO, V2 O5 e Fe2O3 [36].
A adsorção de SO2 sobre a superfície de sólidos seguida por sua oxidação sobre
a superfície é conhecida como uma das rotas de formação de ácido sulfúrico. Sabe-se
que SO2 no ar é oxidado sobre partículas de grafite e de fuligem com vapor d'água,
aumentando a formação de sulfato sobre a superfície.
Partículas carbonáceas suspensas em soluções aquosas podem atuar como sítios
para oxidação eficiente de SO2 . A fotoxidação de HPA adsorvidos na superfície de
partículas e reação com poluentes gasosos como (NO2 + HNO3 ) e O3 é outro exemplo
[37].

17
É maior em temperaturas mais baixas.

31
2.2.4 - Processos de remoção de espécies da atmosfera

Os gases e aerossóis podem ser removidos da atmosfera para o solo por uma
variedade de processos, podendo ser divididos em arraste por precipitação (ou
deposição úmida) e deposição seca [31].
As propriedades químicas dos gases individuais influenciam, fortemente, os
componentes dos mecanismos de remoção, enquanto que para poluentes particulados,
embora as propriedades químicas sejam importantes, o tamanho das partículas tem o
efeito profundo sobre aqueles mecanismos [31].

2.2.4.1 - Deposição úmida

A captação de gases e aerossol por precipitação, ou seja, a deposição úmida


compreende um grupo de processos indiretos, nos quais os poluentes são incorporados
em nuvem, chuva, neblina etc, e transferidos para o solo por precipitação [38].
A incorporação de gases e partículas do aerossol em gotículas de nuvem antes da
formação de gotas, no interior da nuvem, e subseqüente deposição no solo através da
chuva é denominado de Rainout.
A remoção úmida dos poluentes pode também ocorrer através da lavagem da
atmosfera, quando as gotas de chuva, abaixo da base da nuvem, incorporam moléculas
gasosas e partículas. Esse mecanismo é conhecido como “Washout”.
Ambos os mecanismos representam remoção úmida ou remoção por precipitação
e envolvem os seguintes processos: difusão browniana, termoforese, fotoforese,
difusoforese, captação por nucleação, impactação e interceptação e captação de gases
por precipitação.

2.2.4.2 - Deposição seca

Na ausência de precipitação as partículas podem ser removidas através da


deposição seca devido a diversos mecanismos, relacionados ao tamanho da partícula e
até mesmo às condições da superfície de deposição.

32
Os processos de deposição seca consistem de três etapas distintas: a primeira
etapa envolve o transporte do material através de uma camada de ar para a sua
vizinhança e é controlada pela difusão turbulenta na superfície da camada. A segunda
etapa envolve a difusão do material através da subcamada laminar adjacente à superfície
do substrato absorvedor. Embora a subcamada laminar seja normalmente de apenas 10-1
a 10-2 cm de espessura, a difusão através dessa camada pode ser criticamente importante
para a taxa total de deposição. A solubilidade ou absortividade das espécies na
superfície da terra determina o quanto às espécies se difundiram através da subcamada
laminar. Essa terceira etapa é chamada de componente de transferência [29].

2.2.5 - Poluentes atmosféricos

Os seres humanos vivem na Terra há milhares de anos, alterando o balanço


radiativo com suas numerosas atividades poluidoras. Um poluente é uma substância que
produz um efeito nocivo no meio ambiente, alterando tanto à saúde como o bem-estar
das pessoas e de outros seres vivos.
A atmosfera sempre apresentou um certo grau de poluentes. Os fenômenos
naturais como queima de meteoritos, erupção vulcânica, tempestades de areia, incêndios
naturais, decomposições vegetal e animal e os aerossóis emitidos pelos oceanos, se
encarregam de alterar a composição da atmosfera.
Sem dúvida, quando se fala de poluição do ar está se referindo aos poluentes
gerados pela atividade humana [39]. Atualmente, já se identificaram mais de 100
poluentes, na atmosfera. Dentre esses poluentes, mais de 20 são metálicos e um grande
número de hidrocarbonetos, ácidos e bases.
Os poluentes reduzem a radiação solar e a visibilidade, participam na formação
de nevoeiros e precipitação, alteram a temperatura e a distribuição do campo de vento
local. Sem dúvida, a mais notável alteração produzida pelos poluentes é a redução de
visibilidade, devido à absorção e espalhamento de radiação visível por moléculas de
gases e partículas. O espalhamento de certos comprimentos de onda por partículas em
suspensão é responsável pelas cores do céu ao amanhecer e entardecer.
Costuma-se classificar os poluentes em naturais, antrópicos, primários e
secundários, dependendo do tipo de fonte e reações que participam. Os poluentes

33
naturais têm origem na natureza, estando os antrópicos relacionados às atividades
humanas.
A primeira classificação dos poluentes atmosféricos foi quanto à composição
química dos mesmos. Tendo em vista, a grande variedade de poluentes encontrados na
atmosfera costuma-se dividir os poluentes nos grupos abaixo:
ü Compostos contendo enxofre;
ü Compostos contendo nitrogênio;
ü Compostos contendo carbono;
ü Compostos contendo halógenos;
ü Compostos radioativos.

Costuma-se ainda, dividir os poluentes em dois grandes grupos de acordo com o


estado físico dos mesmos: o grupo de particulados e de gases. Recentemente, alguns
autores estão enquadrando a poluição no estado líquido num terceiro grupo.

2.2.5.1 - Particulados

Substâncias que existem no estado líquido ou sólido na atmosfera, exceto a água


pura, sob condições normais e de tamanhos microscópicos ou submicroscópicos, mas
com dimensões superiores à molecular18 são classificadas como material particulado
[29].
Costuma-se designar o material particulado por partículas ou aerossóis 19 . As
partículas podem ser substâncias sólidas, líquidas ou heterogêneas e os aerossóis são
substâncias relativamente estáveis, podendo ser tanto sólidas, líquidas e heterogêneas
dispersas em um gás. O aerossol difere das partículas no ponto em que o aerossol inclui
além das substâncias, o gás no qual elas estão suspensas [31].
O material particulado é derivado de substâncias sólidas ou líquidas reduzidas a
pó ou gotas da ordem de micra, originárias de uma grande variedade de processos físico
e químico. Mas, o material particulado resulta também da emissão direta de certos gases

18
Superior a 2 Angstron.
19
O aerossol é classificado de acordo com sua origem, tamanho e distribuição atmosférica. Os aerossóis
com raios médios variando de 0.001 a 0.1 µm são chamados de núcleos de Aitken. Entre 0.1 e 1 µm são
chamados de núcleos grande e entre 1 e 10 µm de núcleos gigantes.

34
que se condensam diretamente como partículas ou se transformam quimicamente em
espécies que se condensam como partículas.
Os processos industriais, a combustão e os fenômenos naturais são as principais
fontes emissoras para a atmosfera. A indústria e a agricultura são responsáveis pelas
principais partículas minerais.
As partículas minerais e orgânicas geradas pelo sistema de transporte rodoviário
são resultantes da queima incompleta de combustíveis e seus aditivos, do desgaste de
pneus e freios e de viagens em estradas inadequadas. Nas áreas urbanas, os ônibus e
caminhões movidos a óleo diesel, são os maiores responsáveis pela emissão de material
particulado.
Ocorrendo em várias formas e tamanhos os particulados, usualmente, são
classificados como fino20 e grosseiro21 .
O controle do particulado fino é mais importante porque sua inalação pelo
homem e animais causa sérios problemas pulmonares. Originado geralmente, de
conversões gás-particula22 , processos biogênicos23 da vegetação e de combustão, sua
composição difere bastante do particulado grosseiro, derivado do solo e do oceano,
permanecendo na atmosfera por dias.
As partículas finas emitidas pelos motores diesel são opacas24 e de tamanhos em
torno de 0,3 µm, sendo capazes de penetrar profundamente nos pulmões. Seu efeito
nocivo se deve a adsorção25 de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) nas
partículas de carbono [40]. Os HPAs podem dar origem a um tumor. Porém, o SOx
parece ser um dos grandes responsáveis do MPF para os que sofrem de doenças
pulmonares.
O particulado grosseiro é, geralmente, composto de elementos do solo, sobre os
continentes e de elementos do sal marinho, sobre os oceanos. Sua deposição no solo
acontece em poucas horas, devido à ação da gravidade, causando assim, menos
problemas à população.
O material particulado classificado como aerossol, principalmente, o derivado de
óxidos de enxofre (SOX), é importante, porque além de ser nocivo à saúde, provoca

20
Apresentam diâmetros menores do que 2,5 µ ( 25 mil vezes menor que 1 (um) centímetro).
21
Apresentam diâmetros maiores do que 2,5 µ .
22
Processo de nucleação homogênea, efetivo a altos graus de supersaturação.
23
Espécies químicas metabolizadas pelas plantas e eliminadas pelas vias respiratórias como forma de
desintoxicação.
24
Que não deixam passar a luz.
25
Processo de fixação das moléculas de uma substância na superfície de outra substância.

35
mudanças locais e regionais nos regimes de precipitação além de alterar a distribuição
de temperatura do ar à superfície. A forçante radiativa provocada pelos aerossóis
interfere no equilíbrio térmico do sistema Terra-atmosfera [41].
A toxicidade de alguns sais de sulfato encontrados no aerossol atmosférico é
maior do que a do próprio SO2 [42]. CHARLSON [43] cita os compostos de enxofre,
normalmente, reconhecidos como existentes ou esperados no aerossol atmosférico:
H2 SO4 junto com os produtos de sua neutralização por NH3 , NH4 HSO4 outra forma de
sulfato ácido e (NH4 )2 SO4 que é o sal do H2 SO4 totalmente neutralizado. Além desses,
há evidências de que (NH4 )3 H(SO4 )2 também esteja incluído no aerossol atmosférico.
Outros sulfatos de metais ainda podem estar presentes no aerossol como MgSO4 ,
CaSO4 , NaSO4, ZnSO4 .
Para a WHO [44] a principal causa dos óbitos ocorridos no trágico incidente de
Londres em 1952 foi à alta concentração de aerossóis de ácido sulfúrico emitidos pela
queima de carvão. Essa mesma organização acredita que a fração respirável26 das
partículas em suspensão gerada pela queima de óleo diesel tenha efeitos similares aos
das partículas geradas pela queima de carvão.
O material particulado também é emitido por fontes naturais, sendo a poeira
terrestre, causada pelos ventos, o spray marinho, as emissões biogênicas, as erupções
vulcânicas e as queimadas, os principais. O spray marinho representa a maior parcela do
material particulado na atmosfera na ausência de erupções vulcânicas [31].
As erupções vulcânicas introduzem na atmosfera quantidades consideráveis de
material particulado. Toba, Tambora, Krakatoa e Pinatubo são relacionados como os
vulcões que mais contribuíram para a alteração da composição da atmosfera. As
erupções desses vulcões reduziram a profundidade ótica da atmosfera e alteraram o
equilíbrio térmico do planeta por um determinado período.
Levando-se em consideração a grande variabilidade das erupções vulcânicas
acredita-se que os vulcões sejam responsáveis pela maioria do material particulado de
origem natural. Tendo em vista, que as erupções vulcânicas não podem ser controladas
é imperativo controlar os processos industriais e as atividades agrícolas para reduzir a
carga de partículas minerais e orgânicas para a atmosfera. Nas grandes cidades, políticas

26
Correspondem à fração das Partículas Totais em Suspensão (PTS) cujas partículas têm tamanhos
inferiores a 10 micra e, por isso, permanecem mais tempo em suspensão, sendo passíveis de inalação.
Estas ainda podem ser subdivididas em duas classes: a fração fina (menor que 2,5 micra) que atinge as
regiões mais profundas do sistema respiratório e a fração grossa (de 2,5 a 10 micra) mais fácil de ser
eliminada pelo organismo humano.

36
ambientais que privilegiassem a qualidade do ar contribuiriam para a redução de
aerossóis oriundos da queima incompleta de combustíveis e seus aditivos, do desgaste
de pneus e freios dos veículos.

2.2.5.2 - Gases

Os gases compõem o segundo grupo de poluentes do ar. Alguns poluentes


gasosos são liberados na atmosfera por combustão, vaporização ou são formados por
reações químicas na atmosfera. Os principais poluentes contêm carbono, enxofre e
nitrogênio.
Os gases contendo carbono são o monóxido de carbono (CO) e os compostos
orgânicos voláteis (COV). O CO, que resulta da combustão incompleta de combustíveis,
é tóxico, sem cor, inodoro e afeta a capacidade de oxigenação do sangue, devido a sua
elevada afinidade27 com a hemoglobina. Por ser insolúvel penetra nas partes mais
profundas dos pulmões.
Os COVs são poluentes primários, sendo a fotoxidação com o radical OH na
presença de NO e oxigênio molecular a principal reação de consumo. O processo de
fotoxidação acontece através de uma cadeia de reações que resultam na transformação
de NO em NO2 , OH em HO 2 , formação de CO, CO2 , H2 O e aldeídos (formaldeído e
acetaldeído). O formaldeído e o acetaldeído, por sua vez, decompõem-se
fotoquimicamente ou reagem com o radical OH, formando H2 O e CO2 . Os COVs
também reagem com o O3 , mas essa reação é lenta, exceto para os alcenos. À noite
reagem com o NO3 .
Os poluentes secundários são formados pela reação dos COVs com o radical
hidroxila (OH) na presença de oxigênio e óxidos de nitrogênio. Uma vez que o radical
OH é formado na presença de radiação solar a reação dos COVs é só chamada de
fotoxidação ou oxidação fotoquímica. Muitos dos COVs e hidrocarbonetos oxigenados
são carcinogênicos. O benzeno, um hidrocarboneto liberado em refinarias e
petroquímicas, é carcinogênico. A tabela 2.2.5.2a apresenta o tempo de vida de alguns
COVs ao reagirem com o ozônio e os radicais hidroxila e nitrato. A tabela 2.2.5.2b
apresenta as emissões globais e a tabela 2.2.5.2c as principais fontes antrópicas.

37
Tabela 2.2.5.2a Tempo de vida de alguns COVs na troposfera
Composto Para reação com OH Para reação com O3 Para reação com
NO3
n-butano 5 dias >1300 anos 205 dias
trans-2-buteno 4,3 horas 36 minutos 35 minutos
Acetileno 14 dias ≥ 400 dias ≥ 188 dias
Tolueno 2 dias ≥400 dias 138 dias
HCHO 1,2 dias ≥ 463 dias 16 dias
Cálculos feitos considerando uma atmosfera típica =
OH = 1 x 106 partículas.cm-3 , O3 = 100ppb, NO3 = 50 ppt
Tempo de vida = τ =tempo para a concentração do COV diminuir até 1/ε de seu valor inicial.
Fonte: PITTS & PITTS [45]

Tabela 2.2.5.2b Emissões Globais de COV


Fontes Quantidade (Tg.ano-1 )
Antrópica 98
Queima de biomassa 51
Biogênicas (animais, micróbios e plantas) 500
Oceanos 30 – 300
Fonte: MULLER [46].

Tabela 2.2.5.2c Principais fontes antrópicas de COVs


Veículos automotores 29%
Utilização de solventes 33%
Máquinas e outros motores 13%
Transporte e estocagem 7%
Outros 18%
Fonte: EPA, [47.

27
A afinidade com a hemoglobina é 210 vezes maior que com o oxigênio.

38
Em escala global os processos biogênicos emitem grandes quantidades de
hidrocarbonetos reativos como o isopreno e α pireno, além de metano e alguns
oxigenados (metanol, ácido fórmico e acético, acetona, butenol e hexenol) [45].
O principal poluente contendo enxofre é o dióxido de enxofre (SO2 ) que em
grandes concentrações é irritante. O SO2 afeta a saúde, as plantas, estruturas e materiais.
Seus efeitos na saúde são mais difíceis de serem determinados, devido às características
individuais e pelo ar conter uma mistura de vários poluentes que mascaram esse efeito.
Por ser altamente solúvel é absorvido na parte superior do sistema respiratório.
Na atmosfera o SO2 dissolve-se rapidamente nas gotículas de água que
compõem as nuvens, formando o ácido sulfuroso (H2 SO3 ), por hidrólise. Este, por sua
vez, reage com o O3 e com o peróxido de hidrogênio (H2 O2 ), também presentes nas
gotículas de nuvens e na água da chuva, dando origem ao ácido sulfúrico [48]. Ainda na
atmosfera, o SO2 forma partículas de ácido sulfúrico e partículas de sais de sulfato. O
ácido sulfúrico é um poluente perigoso e altamente corrosivo. Os outros poluentes
contendo enxofre são as mercaptanas (carbono, enxofre e composto de hidrogênio) e o
sulfeto de hidrogênio (H2 S) os quais podem ser produzidos pela decomposição de
matéria orgânica. Esses poluentes não são comuns e podem ser distinguidos pelo odor
característico de repolho e ovo podre.
Os compostos de enxofre emitidos naturalmente para a atmosfera são
provenientes de uma variedade de fontes, entre elas os vulcões, o mar e uma infinidade
de processos biogênicos. A maior parte de enxofre vulcânico é emitido como SO2 , com
quantidades menores e altamente variáveis de sulfeto de hidrogênio (H2 S) e sulfeto de
carbonila (COS) [40]. “O COS é a espécie mais abundante de enxofre gasoso, na
troposfera” [29].
Processos biogênicos emitem gases reduzidos de enxofre (GREs), como sulfeto
de hidrogênio (H2 S) e dimetilsulfeto (CH3 SCH3 ) e em menores quantidades dissulfeto
de carbono (CS2 ), dissulfeto de dimetila (CH3 SSCH3 ) e metilmercaptana (CH3 SH) [33].
Os quatros primeiros GREs são lançados na atmosfera onde se oxidam quimicamente a
SO2 que, por sua vez, dá origem aos aerossóis contendo ácido sulfúrico [48].
Os chamados compostos ativos de nitrogênio desempenham importante papel na
química troposférica. Esses compostos são produzidos inicialmente na forma de NO e
NO2 por processos no solo, nos oceanos, por combustão e relâmpagos [31]. São
definidos como NOX a soma dos compostos NO e NO2 e como NOY todas as espécies

39
reativas que contém nitrogênio (NO + NO2 + HNO3 + PAN + HONO + NO3 + N2 O5 +
nitratos orgânicos).
A fração de NOY que é emitida como NO depende das condições associadas ao
processo de combustão, mas em geral, mais de 90% são emitidos como NO num
processo típico de combustão, tendo sido verificado valores entre 1% e 30% para o NO2
[49].
Segundo relatório da EPA [47] a contribuição das diversas fontes para a emissão
de NOX antrópico, nos EUA para 1996 é:
• 28% combustão doméstica e geração de eletricidade;
• 30% veículos automotores;
• 19% motores e outros veículos não automotores;
• 13% combustão industrial;
• 10% outros.
O NO é um produto sem cor, resultado da queima de combustíveis a elevadas
temperaturas. A reação de NO com o oxigênio para formar o NO2 é extremamente lenta
em condições atmosféricas. Nessas condições, a principal reação de formação de NO2 é
o processo de fotoxidação dos COVs com o radical OH. Esse processo gera radicais que
reagem com NO e O2 formando NO2 , água e aldeídos. O NO2 fotolisa, na presença de
luz solar, gerando átomos de oxigênio, que reage com o oxigênio molecular O2 ,
formando o ozônio. O NO2 tem cor marrom amarelada e odor ligeiramente doce, que
penetra nas profundezas dos pulmões por ser um gás insolúvel.
Os NOX são os principais componentes do smog fotoquímico e da chuva ácida.
Uma pequena quantidade de NO2 na atmosfera é suficiente para desencadear uma série
de reações envolvendo orgânicos, levando a formação de smog fotoquímico [31].
O nitrato peroxil acetila (PAN) é um composto orgânico nitrogenado, fitotóxico
e irritante dos olhos. É formado a partir da reação de alguns radicais com o NO2 e seu
principal precursor é o acetaldeído.
Na presença de radiação solar o NO2 decompõe-se em NO e átomo de oxigênio
que recombina com oxigênio molecular, formando ozônio. O ozônio, uma vez formado,
reage com NO, regenerando o NO2 e também pode decompor-se fotoquimicamente ao
reagir com os radicais OH, HO 2 e com alguns COV, principalmente alcenos28 .

28
Compostos com dupla ligação carbono-carbono.

40
O ozônio estratosférico é um gás benéfico à vida, pois filtra as radiações solares,
protegendo-nos dos fortíssimos raios ultravioletas. Infelizmente, sua concentração é
fortemente influenciada pelos CFCs. O ozônio troposférico, por sua vez, é um gás de
efeito estufa formado a partir da fotólise de NO2 no ar:

NO2 + hν (λ ≤ 420 nm) → NO + O


O + O2 + M → O 3 + M

Concentrações elevadas de NOX estão associadas às emissões antrópicas.


Entretanto, pequenas concentrações são verificadas devido aos processos naturais.
Como conseqüência desses processos verifica-se a formação de pequenas concentrações
de O3 através das reações dos COV naturais e os NOX, mesmo em ambientes remotos e
não poluídos. Uma fonte adicional de O3 é o transporte desde a estratosfera ou regiões
poluídas.
A fotólise de O3 produz O2 e átomo de oxigênio. Dependendo do comprimento
de onda da radiação os fragmentos estarão no estado fundamental ou excitado. A
formação de átomo de oxigênio excitado O(1 D) a partir de O3 é importante, porque esses
átomos reagem com o vapor d’água, formando radicais hidroxila (OH).
O ozônio também reage com COV, especialmente com alcenos. Todavia, essas
reações ainda não são bem conhecidas, mas sabe-se que os principais produtos são CO,
CO2 , H2 O e aldeídos.
Segundo o IPCC [50], em ambiente de floresta, as concentrações e tendências do
NOX controlam as concentrações de ozônio troposférico. Baixas concentrações de NOX
(menores que 5-30 pptv) reduzem as concentrações de ozônio, quando as concentrações
de CO, CH4 e HCNM29 aumentam. Em contrapartida, altas concentrações de NOX
intensificam significantemente, a concentração de ozônio, quando as concentrações de
CO, CH4 e HCNM aumentam.
Conhecer as retro-alimentações que ocorrem entre o ozônio troposférico e seus
precursores é de vital importância para se compreender o comportamento do radical
hidroxila (OH), que controla os tempos de residência do CH4 e HCNM na atmosfera.

29
De acordo com seu tempo de residência na atmosfera são classificados em hidrocarbonetos de: vida
longa (mais de 1 semana), mais reativos (meio dia e 1 semana), extremamente curto (horas).

41
Segundo HOUGHTON [41] a concentração mundial do radical hidroxila, que
determina o poder oxidante da troposfera, pode se intensificar devido aos elevados
níveis de O3 troposférico, NOX, ou vapor d’água, ou se anular devido aos incrementos
de CH4 , CO e HCNM.
A amônia tem um papel importantíssimo na atmosfera urbana, pois neutraliza os
ácidos, formando nitrato de amônia com o HNO3 e sulfato de amônia e bisulfato com o
H2 SO4 . O principal processo de remoção da amônia é a deposição seca, ou seja, não
envolve reações químicas. A amônia reage lentamente com OH, formando NH2 . O
tempo de vida típico com respeito a esta reação, supondo uma concentração de OH de 1
x 106 radicais.cm-3 , é de 72 dias. O NH2 pode reagir com O2 , NO, NO2 e O3.
Apesar de seu papel exclusivo de neutralizar espécies ácidas, sua química na
atmosfera é relativamente complexa, devido ao fato de que os dois produtos mais
importantes formados das reações de NH3 , sulfato de amônia [(NH4 )2 SO4 ] e nitrato de
amônia (NH4 NO3 ) existem na atmosfera na forma condensada ou de partículas.
O estudo da química da amônia na atmosfera urbana freqüentemente se reduz a
uma análise da química do sistema NH3 , H2 SO4 , HNO3 e água [29].
A oxidação por radicais hidroxila, em fase gasosa na atmosfera, pela amônia é a
reação mais importante de depleção tanto de NOx como de NH3 atmosféricos [37].

2.2.5.3 - Líquidos

A chuva ácida tem recebido muita atenção devido ao impacto produzido no meio
ambiente. Anualmente, milhares de toneladas de compostos de enxofre e óxidos de
nitrogênio, responsáveis pela acidez da chuva, são descarregados na atmosfera. Através
de uma série complexa de reações químicas esses poluentes são convertidos a ácidos,
retornando ao solo como componentes da chuva.
Internacionalmente, considera-se que a chuva seja ácida quando o pH das
amostras de chuva seja inferior a 5,6. Nas áreas mais poluídas dos Estados Unidos da
América do Norte as chuvas apresentam valores de pH de 4,0 a 4,2.
De acordo com MELLO & MOTTA [51] a acidez das chuvas na área urbana dos
municípios de Niterói e Rio de Janeiro derivam de óxidos de nitrogênio emanados de
motores dos veículos.

42
Segundo DEGOBERT [40] a frota de veículos automotores, de um modo geral,
emite material particulado e poluentes primários, como:
• Compostos de carbono (basicamente, CO e CO2 );
• Óxido de nitrogênio (NO),
• Compostos orgânicos voláteis (COV30 )
• Compostos de enxofre (SO2 , principal composto);
• Compostos halogenados (principalmente os halogêneos de brometos e cloretos de
chumbo31 , que são voláteis na temperatura de exaustão);
• Compostos metálicos (ao lado do chumbo, os veículos emitem cobre mais do que
qualquer outro poluente combinado).

Compostos contendo carbono, como os compostos orgânicos voláteis (COV),


são os principais componentes da atmosfera de áreas industrializadas. Apesar de
apresentarem sérios riscos à saúde, como doenças pulmonares, alterações genéticas e
câncer, eles ainda são pouco estudados.

2.2.6 - Poluentes critérios

Além de primários e secundários os poluentes podem ser classificados como


poluente critério e não critério [39]. Os poluentes critérios são comuns e prejudiciais à
saúde e ao bem-estar dos seres humanos. São assim designados, porque foram objetos
de estudos de avaliação, seguindo critérios de qualidade do ar.
Internacionalmente, considera-se como poluentes critérios o monóxido de
carbono, o dióxido de enxofre32 , os óxidos de nitrogênio 33 , o ozônio, o chumbo34 e os
particulados (PM10 ).
As enfermidades e mortes causadas pelos poluentes e partículas são de
importância relevante. No caso das partículas, originalmente o interesse era nas
partículas totais em suspensão (PTS). Entretanto, estudos epidemiológicos têm sido

30
Incluem os HCNM e outros compostos orgânicos contendo elementos adicionais como o oxigênio.
31
O chumbo não é misturado à gasolina brasileira desde 1989.
32
Uma porção deste poluente é convertida a forma particulada.
33
Uma porção deste poluente é convertida a forma particulada.
34
Uma porção deste poluente é convertida a forma particulada.

43
conduzidos para os problemas relacionados especificamente para o PM10 , PM2,5 e PM1,
[52].

2.2.7 - Poluentes tóxicos no ar

Os poluentes perigosos são compostos cancerígenos e não cancerígenos, que


podem causar efeitos sérios e irreversíveis à saúde.
Essa categoria de poluentes surgiu com as emendas à Lei do Ar Limpo de 1990
dos Estados Unidos da América, classificando 189 compostos como poluentes perigosos
do ar. Nessa categoria estão incluídos o tetracloreto de carbono, o cloro, os óxidos de
etileno, o cádmio e o manganês. A maioria desses compostos pertence à classe de
orgânicos voláteis.
As normas para controlar a emissão desses poluentes perigosos estão baseadas
na saúde. Tendo em vista, que o estabelecimento de normas de emissões baseadas na
saúde é um processo difícil devido às incertezas na avaliação de efeitos sobre a saúde,
os Estados Unidos fixaram normas de emissões baseadas na saúde somente para oito
poluentes: asbeto, cloreto de vinilo, benzeno, arsênio, berílio, mercúrio, radônio e
radionuclídios exceto ou sem radônio.

2.2.8 - Caracterização de fontes de emissões

O termo emissão é relativo a uma dada fonte, isto é, ao local ou área onde ocorre
a descarga de poluentes e expressa a taxa 35 total segundo a qual um poluente sólido,
líquido ou gasoso é emitido na atmosfera [36].
Comumente, dividem-se as fontes em natural e antrópica. Como fontes naturais
são classificadas àquelas cujas emissões ocorrem sem a participação do homem. As
antrópicas, por sua vez, estão diretamente relacionadas à ação do homem.
A maioria das emissões de fontes móveis é gerada pela combustão de veículos
automotores leves e pesados. Entretanto, trens, navios, aviões e motocicletas também
contribuem com uma determinada parcela. Essas fontes emitem poluentes critérios e
traços de poluentes perigosos.

44
As fontes pontuais ou estacionárias são instalações fixas e podem ser
classificadas também, como contínuas quando emitem continuamente, formando uma
pluma, ou instantâneas quando emitem por um curto período de tempo, resultando em
um “puff”.
As instalações fixas emitem uma grande variedade de poluentes para a
atmosfera, dependendo da indústria ou processo. As fontes fixas emitem um ou vários
poluentes critérios, além de muitos poluentes perigosos.
Os poluentes emitidos por fontes fixas têm origem, principalmente na combustão
de carvão e petróleo e fugas nos processos industriais. Nos processos industriais estão
incluídos refinarias, indústrias químicas e fundições. As indústrias químicas emitem
vários poluentes perigosos e quantidades consideráveis de compostos orgânicos
voláteis.
Embora a combustão seja responsável pela maioria das emissões, uma parcela
significativa de COV é incorporada a atmosfera devido à evaporação de combustível e
material particulado.
Tanques de armazenamento36 , condutos de ventilação, estações de tratamento de
águas residuais37 , instalações de carga e descarga e fugas no equipamento38 são alguns
exemplos de pontos de emissão dentro de uma fonte fixa.
A EPA classifica as fontes de poluentes perigosos em dois grupos: fontes
principal e área. As fontes principais são fontes fixas que emitem 10 toneladas por ano
ou mais de um único poluente perigoso ou ainda, 25 toneladas por ano ou mais de
qualquer combinação de poluentes perigosos. A fonte área se refere a qualquer fonte de
poluentes perigosos que não seja uma fonte principal. Esta definição exclui os autos
[39]. Uma fonte área se refere a uma série de fontes pequenas, que em conjunto podem
afetar a qualidade do ar de uma região [39].
Alguns modelos de dispersão da EPA modelam as estradas como fonte volume,
assumindo que as emissões ocorrem ao longo das vias, continuamente. As cidades,
devido às várias fontes pontuais e volume são tratadas como fontes áreas. Para as fontes
área e volume a forma geométrica representa um papel importante na distribuição dos
poluentes.

35
Normalmente em massas por unidade de tempo.
36
Embora os tanques sejam fechados, os poluentes são emitidos por gotas (gotejo) e por expansão e
contração dos líquidos devido às trocas de temperatura no ar exterior.
37
As águas residuais dentro de uma fonte estacionária emitem poluentes voláteis.
38
O termo fugas no equipamento se refere a uma ampla fonte de pontos de emissão que incluem válvulas,

45
2.2.9 – Fotoquímica urbana

Atualmente, nos centros urbanos das megacidades a poluição do ar é


caracterizada mais pela formação de ozônio e outros oxidantes fotoquímicos do que pela
formação de SO2 , partículas e ácido sulfúrico. Nessas áreas, o NO2 e os aldeídos
experimentam reações fotoquímicas, formando inúmeros poluentes secundários. Já os
COV experimentam reações de fotooxidação gerando oxidantes fotoquímicos. Desses
poluentes o ozônio é o mais importante.
O ozônio foi descoberto por SCHÖNBEIN em 1839, sendo sua formação
verificada pela primeira vez nas áreas urbanas de Los Angeles, na década de 1940. Na
década de 1950, HAAGEN-SMIT e colaboradores relataram que o novo tipo de
poluição, que impactava as plantas em Los Angeles, poderia ser produzida em
laboratório ao irradiar plantas com radiação solar na presença de ar contendo poluentes
do tipo alceno e dióxido de nitrogênio. HAAGEN-SMIT (1952), (HAAGEN-SMIT et
al, 1952 & 1953), (HAAGEN-SMIT & FOX, 1954, 1955 & 1956) verificaram efeitos
similares nas plantas ao irradiá-las, em laboratório, na presença de ar contendo NOx da
exaustão dos veículos e uma variedade de COVs [45].
O ozônio é extremamente oxidante e, dependendo de sua concentração, pode ser
danoso aos seres vivos, dificultando a respiração, provocando irritação no nariz,
garganta e dores no peito, bem como tosse muito forte. As pessoas expostas às
concentrações, variando de 200 a 400 µg.m-3 ou 150 a 200 µg.m-3 durante 1 hora, em
média, são acometidas de inflamação pulmonar, diminuição da capacidade respiratória e
menor resistência às infecções pulmonares [44]. O ozônio penetra nas profundezas dos
pulmões por ser insolúvel.
A poluição fotoquímica pode ser classificada como smog fotoquímico e smog
londrino. O moderno smog fotoquímico se forma quando os poluentes primários COV e
NOx ocorrem na presença de radiação solar intensa, temperatura do ar elevada,
atmosfera estável, fraca mistura vertical, baixa velocidade do vento e inversão com forte
subsidência. Os poluentes secundários formados são o ozônio, PAN, HNO3 , aldeídos,
nitratos e sulfatos. O pico da poluição ocorre a partir do meio dia.
Pela manhã, NO e COV são emitidos dos automóveis e outras fontes de
combustão. Os COVs são transformados, quimicamente a radicais livres denotados por

uniões, bombas e válvulas de descargas.

46
.
COV. Esses radicais reagem com o NO para formar NO2 e o radical HO 2 , que reage
também com o NO formando NO2 . A radiação solar dissocia o NO2 em NO e oxigênio
atômico O(3p). Finalmente, oxigênio atômico reage com oxigênio molecular (O2 ) para
formar ozônio. A seqüência de reações é:

COV + OH HO2 + .COV


. .
COV + NO COV’ + NO2
HO2 + NO NO2 + OH
NO2 + hí O(3p) + NO
O(3p) + O2 O2
O3 + hí O(3p) + O2
O3 + hí O(1D) + O2
O(1D) + M O(3p)
NO + O3 O2 + NO2

λ < 420 nm
.
COV ´ é outro radical formado de .COV.

A diferença entre a produção de ozônio na troposfera livre e em áreas urbanas é


a contribuição dos radicais de COV que convertem NO a NO2 nas áreas urbanas [53].
São incluídos como COVs, emitidos em áreas urbanas, os alcanos, alcenos, alcinos,
aldeídos, cetonas, aromáticos e terpenos. Destes, a fotólise transforma aldeídos e
cetonas, OH reage com todos os sete grupos durante o dia, HO 2 reage com aldeídos
durante o dia e a noite, NO3 reage com alcanos, alcenos, aldeídos, aromáticos e terpenos
durante o dia e a noite. Cada classe de orgânico listado produz radicais que conduzem a
formação de O3 [53]. Uma verdadeira sopa química composta de COV, óxidos de
nitrogênio, aldeídos, ácidos carboxílicos, PPN e PAN tem o ozônio como mais
importante poluente fotoquímico.
O smog tipo londrino forma-se a partir da presença do dióxido de enxofre,
partículas em suspensão, umidade relativa elevada e temperatura do ar baixa. Os
poluentes secundários formados são: o H2 SO4 , os aerossóis, sulfatos e ácidos sulfônicos.
O pico da poluição ocorre pela manhã com forte inversão de radiação.

47
2.3 – Fatores geográficos

A concentração de um poluente no ar, além de sua reatividade e dos fatores


meteorológicos já citados, depende da topografia do terreno, ou seja, se o terreno é
plano, montanhoso, ou se está localizado num vale.
A topografia tem um papel importante na qualidade do ar, pois gera tensões
tangenciais no escoamento, levando a formação de vórtices turbulentos eficientes no
transporte de propriedades na camada limite planetária. Esses vórtices além de
reduzirem à concentração de poluente próximo ao solo aumentam a espessura da
camada de mistura.
A topografia pode contribuir também para o efeito downwash, aumentando à
concentração próximo ao solo de poluentes. Montanhas elevadas e atravessadas à
trajetória de ventos predominantes favorecem também a concentração de poluentes a
barlavento39 .
O aquecimento diurno das encostas das montanhas gera movimentos
ascendentes ao longo das mesmas, denominados de brisa de vale. O resfriamento
noturno das encostas resulta em temperaturas mais baixas do que as encontradas no
mesmo nível acima dos vales. O ar mais frio desce em direção ao vale produzindo a
brisa de montanha.
Os vales ou as bacias comprimidas entre montanhas, além das brisas vale-
montanha, tendem a apresentar uma alta freqüência de condições de inversão térmica,
dificultando a diluição e dispersão de poluentes. Em noites claras e de calmaria 40 ,
principalmente na estação de inverno, o ar frio desce vertente abaixo, substituindo o ar
quente do fundo do vale, criando uma inversão térmica à superfície.
Cidades construídas em vales têm inversões fracas de radiação, terminando nas
primeiras horas do dia. De um modo geral, durante o dia, o aquecimento urbano reduz
as inversões fortes, facilitando a dispersão de poluentes. Todavia, inversões de
subsidência persistirão por um período maior, dificultando a dispersão de poluentes.
Cidades litorâneas apresentam recirculação de ventos com o desenvolvimento
das brisas. A brisa marinha ocorre durante o dia, porque o ar relativamente mais quente
e leve sobre os continentes produz movimentos ascendentes, sendo substituído
rapidamente pelo ar mais frio e denso vindo do mar. À noite o resfriamento radiativo da

39
Face da montanha voltada para a direção predominante do vento.

48
superfície terrestre produz uma circulação no sentido oposto ao da brisa marinha,
chamada brisa terrestre.
As edificações, por sua vez, alteram a topografia original, formando novas
elevações sobre o solo, dificultando a dispersão de poluentes e contribuindo também
com o efeito downwash.

40
Situação em que não se verifica deslocamento de ar.

49
Capítulo 3
Revisão da Literatura

Neste capítulo é realizada a revisão da literatura relacionada à qualidade do ar,


enfocando estudos teóricos sobre a poluição do ar e as tecnologias utilizadas nessa área.
Os estudos da química da atmosfera e poluição do ar remontam ao século XVIII
e aos trabalhos dos químicos Priestly, Lavoisier e Cavendish, [54]. Durante o século
XIX, os químicos tentaram determinar a composição química da atmosfera, focalizando
inicialmente suas pesquisas nos principais constituintes (nitrogênio, oxigênio, vapor de
água, CO2 e gases nobres). Após determinarem os principais constituintes partiram para
a determinação dos gases traços1.
As medições de quantidades mínimas têm requerido inovação contínua nas
técnicas e equipamentos de medição [55]. As melhorias obtidas na qualidade e
sensibilidade dos instrumentos têm possibilitado avanços importantes sobre o
conhecimento da composição do ar atmosférico.
Antes da década de 40 o assunto poluição do ar era tratado fundamentalmente,
sob o ponto de vista regulatório [26], isto é, as fontes de poluição do ar eram mais
facilmente identificadas e eliminadas (emissões de combustíveis ou processos de
produção). Com o uso intensivo dos automóveis a qualidade do ar passou a ser afetada
mais pelas inúmeras fontes áreas esparramadas do que pelas grandes fontes pontuais
[55].
Os centros urbanos, devido aos constantes engarrafamentos, foram as primeiras
áreas onde a pobre qualidade do ar se tornou motivo de preocupação para a sociedade.
A qualidade do ar é tipicamente avaliada baseando-se na degradação da visibilidade,
assim como algumas medições diretas e indiretas de determinados poluentes [56].
No final da década de 1940, uma camada persistente de poluição do ar começou
a ser observada regularmente sobre Los Angeles e, as primeiras observações de danos às
colheitas foram documentadas. As pesquisas de HAAGEN-SMIT e colaboradores em

1
Constituintes atmosféricos com concentrações da ordem de 1 parte por milhão (ppm) ou menos.

50
1952, 1953 e 1959 mostraram que os danos às plantas eram provocados por uma
mistura de olefinas e ozônio [55]. A partir dessas pesquisas, o ozônio troposférico,
formado das reações entre COV e NOX, foi considerado como poluente chave.
Atualmente, a maioria das áreas urbanas sofre com a poluição fotoquímica do ar,
também conhecida como smog Los Angeles, particularmente durante os dias claros de
verão [33].
No início da década de 1950 o smog sulfuroso conhecido como Londrino passou
a ser investigado após alguns episódios severos de poluição do ar, nos quais o aumento
nos níveis de SO2 e material particulado provocou inúmeras mortes por problemas
respiratórios. O mais notável desses eventos ocorreu em Londres em 1952, quando
aproximadamente 4000 pessoas morreram como resultado das concentrações tão
elevadas quanto 1.3 ppm [57].
A redução ocorrida nas emissões, por força da Lei do Ar Limpo, reduziu o
número de mortes pelo smog Londrino, quando condições meteorológicas semelhantes
ocorreram novamente em 1956 e 1962 [33]. Após identificados os aspectos básicos de
ambos os tipos de smog, estudos em laboratórios foram conduzidos para identificar os
poluentes precursores e melhor entender os mecanismos de formação de cada tipo de
smog.
Na década de 1950, simultaneamente as pesquisas de laboratório, foram
empregados os primeiros modelo caixa da química atmosférica para avaliar os
mecanismos químicos potenciais, que se acreditavam ser responsáveis pela formação do
smog. Esses modelos simulavam uma câmara de reação simples e homogênea, onde os
efeitos de advecção, difusão, mistura turbulenta e outros processos meteorológicos eram
negligenciados. As concentrações consideradas constantes dentro da caixa eram função
somente do tempo. As cinéticas químicas, dos esquemas de reações propostos, eram
representadas por um conjunto de equações diferenciais ordinárias acopladas e
resolvidas para as concentrações produzidas por espécies consideradas. As pesquisas
com o modelo caixa são limitadas por causa das hipóteses assumidas para as parcelas
de ar que não se misturam significativamente com outras parcelas.
No final da década de 1960 e início da década de 1970 foram desenvolvidos
modelos numéricos que permitiram a inclusão de processos meteorológicos que
afetavam as concentrações de espécies químicas importantes fotoquimicamente. Esses
modelos substituíram os modelo caixa por serem mais completos. A cinética química
dos esquemas de reações propostos é resolvida da mesma maneira como no modelo

51
caixa, exceto o conjunto de equações, que é resolvido em cada célula da grade,
determinando a produção e perda química local. A maioria desses modelos de qualidade
do ar usava dados meteorológicos observados como entrada e saídas suavizadas de
análises objetivas de dados de estações de superfície ou radiossonda.
Experimentos nas décadas de 1960 e 1970, além de promoverem o
conhecimento atual da química dos hidrocarbonetos troposféricos e suas contribuições
para formação do smog, estabeleceram o radical hidroxila (OH) como a chave da
química da troposfera. Esse radical, produzido por diferentes reações na atmosfera,
reage com o CO e os peroxi-alquil e peroxi-acil, os quais oxidam o NO a NO2 [58].
Ainda na década de 1970 os cientistas perceberam que a formação do ozônio é não
linear, dificultando seu entendimento. Por essa razão, estão mais interessados no
controle das emissões de seus precursores [59].
Nas décadas de 1970 e 1980, diversos estudos esclareceram o papel dos COVs
na formação do smog e sua contribuição na qualidade do ar [60]. Entretanto,
consideráveis esforços continuam sendo realizados para melhorar o conhecimento das
taxas de reação e mecanismos residuais, particularmente para as atmosferas urbanas,
que podem conter centenas de diferentes espécies orgânicas.
Outros aspectos importantes a considerar na fotoquímica do smog são a física da
atmosfera, as partículas em suspensão e as frações de tamanhos relevantes e as bacias
aéreas locais e regionais [61]. Os avanços no conhecimento da fotoquímica da
troposfera estão relacionados à observação, medição, análise de séries temporais,
experimentos em câmaras fotoquímicas, modelagem e simulação numérica [58].
A meteorologia da poluição, como um campo de estudo científico, emergiu no
fim da década de 1950 e início da década de 1960 com inúmeros experimentos de
difusão realizados para determinar os parâmetros de difusão lateral e vertical ? Y e ? Z,
como função das condições atmosféricas e da distância [62].
A primeira tentativa de categorização da turbulência foi feita na Inglaterra em
1932 por M. A. Giblett [63]. Giblett se preocupara com a magnitude dos turbilhões que
prejudicavam a ancoragem e as manobras de grandes aeróstatos e dirigíveis. Em 1951
M. E. Smith apresentou um esquema de tipificação de turbulência desenvolvido no
Laboratório Nacional de Brookhaven (BNL), similar as categorias de Giblett. O
esquema do BNL empregava a amplitude da variação da direção horizontal do vento
traçada no gráfico do anemógrafo, ao nível de 108 m de altura, na torre do BNL. Vários
experimentos de liberação de fumaça ao nível de 108 m de altura foram realizados e os

52
desvios padrão horizontais da concentração s Y observados foram correlacionados com
os tipos de turbulência. Os desvios padrão verticais s Z foram calculados assumindo-se
uma distribuição de concentração de material de forma gaussiana.
O esquema de tipificação de turbulência desenvolvido por Pasquill e divulgado
por P.J. Meade em 1959 sugeriu a utilização das medições reais das flutuações do
azimute e ângulo de elevação do vento s A e s E para determinação do grau de dispersão
vertical e horizontal de uma nuvem de poluição. Pasquill também assumiu a forma
gaussiana para a distribuição da concentração de material na pluma, correlacionando os
desvios padrão da distribuição de material (s Y e s Z) com a flutuação do vento.
Pasquill para contornar o problema da inexistência de dados de s A e s E sugeriu
determinar esses valores a partir dos valores de h e ? da pluma gaussiana, onde h é a
altura na pluma em que a concentração é de 1/10 do valor da concentração no seu eixo
sobre o solo (emissão ao nível do solo) e ? é o espalhamento angular lateral entre os
pontos onde a concentração é de 1/10 da concentração no eixo da pluma. Os
espalhamentos lateral e vertical da pluma dependem do tipo de turbulência ou classe de
estabilidade, relacionados por s E = h/2.15x e s A = ?p/774. Esses valores foram
deduzidos de experimentos realizados por Pasquill com liberações ao nível do solo e
com medições de concentrações que se estenderam até cerca de 1 km da fonte [63]. As
liberações duraram alguns minutos e os resultados dos experimentos foram descritos
através de gráficos e expressões, que relacionam um indicador de turbulência como
parâmetro de dispersão. Esses gráficos foram adaptados por Gifford em 1961 para
interpolação de ? y e ? z, passando a ser mencionado como as curvas de Pasquill-Gifford.
Pasquill apresentou uma tabela na qual relacionava os valores do espalhamento lateral ?
das plumas com as seis classes de estabilidade de A até F. A classe de estabilidade
aplicável seria obtida das observações sinóticas.
O método de Pasquill, levemente modificado por Turner [64] alguns anos
depois, associa seis classes de estabilidade com alguns parâmetros meteorológicos de
superfície. Turner definiu um índice objetivo de balanço de radiação (IR),
correspondente aos termos radiação solar incidente forte, moderada e fraca de Pasquill,
em função da altura do Sol, válido quando a cobertura N de nuvens é inferior a 5/8.
Turner expressou as curvas para os desvios padrão ? y e ? z da concentração em função
do tempo de travessia da pluma, t = x/u, em vez de apresentar em função da distância x
percorrida como fizera Pasquill.

53
Pasquill em 1973 concluiu que o método de tipificação da turbulência é válido
para calcular a concentração média da poluição de períodos longos, no qual a faixa de
erro seria de 20%. Para períodos curtos, o nível de incerteza pode atingir um fator dois
[63].
Os modelos numéricos de transporte e dispersão de poluentes, por sua vez,
possibilitaram simulações confiáveis dos poluentes na atmosfera. Existem vários
modelos para estimar a dispersão de poluentes [65], [66], [67], [68], [69]. Todavia, o
modelo de pluma gaussiana por apresentar resultados, que concordam com os dados
experimentais e ser de fácil uso é largamente utilizado [70]. Entretanto, a dificuldade de
relacionar a variação da velocidade do vento com a altura e as reações químicas não
lineares têm limitado o uso dos mesmos. Apesar dessa forte restrição, a distribuição
Gaussiana, ainda hoje, serve como base para uma grande classe de fórmulas de
dispersão atmosférica de uso prático.
Os modelos eulerianos, que se baseiam na equação de difusão-advecção têm
referencial fixo em relação ao solo, enquanto os lagrangeanos, que simulam trajetórias
de partículas de poluentes, têm o referencial fixo na partícula. Os modelos
lagrangeanos, por essa característica, são considerados as ferramentas mais avançadas
para os estudos de transporte e dispersão de poluentes na atmosfera.
O primeiro trabalho baseado no modelo de grade Euleriana foi desenvolvido por
Reynolds e colaboradores em 1973 e 1974 para estudar as emissões relacionadas à
poluição do ar na Bacia de Aérea de Los Angeles, especificamente a previsão de níveis
de ozônio [55].
Numerosos estudos numéricos de poluição do ar foram realizados no início da
década de 1980, incluindo a formação de smog, o controle de compostos de nitrogênio
emitidos por automóveis e indústria, a formação e transporte de aerossóis e avaliações
de várias estratégias de controle de poluição do ar [55].
Os modelos de dispersão/recepção permitem a determinação do impacto das
fontes no ambiente. Em geral, os dois modelos assumem que a massa é conservada
durante o transporte entre a fonte e o receptor. A validade dessa suposição e sua
utilidade dependem da fonte específica do poluente e do modelo. Apesar de possuírem o
mesmo princípio, o problema é tratado de forma diferente.
Os modelos receptores utilizam as medidas de traços específicos do aerossol no
amostrador de grande volume (AGV) para determinar a contribuição de um tipo
específico de fonte. Eles comparam a composição química de concentrações de MP,

54
medida em um local receptor, com a composição química de emissões das principais
fontes, identificando as contribuições das fontes no local monitorado. Existem três
principais categorias de modelos receptores: balanço químico de massa, multivariado e
microscópico.
O modelo receptor de balanço de massa química – CMB expressa as
concentrações das propriedades do aerossol medido em um receptor como a soma da
contribuição das fontes multiplicadas pela abundância da correspondente propriedade
do aerossol na fonte de emissão [71].
Uma vez estabelecidas as emissões exatas e suas contribuições ao PM10 e ao
PM2,5, que a população respira, parte-se para a aplicação de diferentes estratégias de
controle. Estas aplicações estão na categoria de tecnologia ou melhorias no processo,
modificações do combustível e trocas no nível de atividade [71].
Esses modelos são capazes de determinar a identidade de uma determinada
fonte, ou seja, determinam as fontes emissoras de determinados poluentes. Todavia, a
limitação dos modelos receptores ocorre quando a composição química das emissões de
duas fontes é similar, tornando extremamente difícil à distinção das fontes.
A modelagem da qualidade do ar descreve o transporte advectivo-difusivo e as
possíveis reações cinéticas de grandezas escalares utilizadas como parâmetros
qualificadores do ar, relacionando as emissões à qualidade do ar sob uma variedade de
aspectos em uma área urbana. Essa técnica correlaciona padrões de emissões,
meteorologia, transformações químicas e processos de remoção.
A modelagem da qualidade do ar é útil para desenvolver e executar soluções
politicamente aceitáveis, para divulgar os resultados de planos, para avaliar medidas de
controle, para estimar exposição e riscos nos seres humanos e para prever a qualidade
do ar [72].
Diversos modelos de qualidade do ar foram desenvolvidos, levando-se em
consideração diferentes fontes poluidoras, condições meteorológicas, reações químicas
e outros fatores que afetam o modo de dispersão e concentração de poluentes na
atmosfera.
Os modelos fotoquímicos para a qualidade do ar podem ser classificados como
explícitos (detalhados) ou condensados (reduzidos). Os modelos condensados são os
mais usados tendo em vista, que já foram identificados mais de 200 COV na atmosfera
urbana. Os métodos utilizados nos modelos condensados para agrupar espécies estão
baseados em dois critérios: estrutura química e reatividade. Os modelos Carbon-Bond e

55
Carbon 4 utilizam a estrutura química e o SAPRC a reatividade para agrupar as
espécies. Os modelos condensados, tipicamente têm entre 100 e 150 reações químicas e
50 a 60 espécies químicas, enquanto que os explícitos teriam centenas de reações
químicas.
Em geral, esses modelos necessitam de informações sobre a fonte de emissão e
sobre as características da atmosfera local2. Os modelos usam essas informações e
simulam matematicamente e quimicamente a dispersão de poluentes, fornecendo assim,
estimativas de concentração de poluentes em um local específico, ou ao longo de uma
trajetória.
O modelo químico SAPRC modificado, forneceu resultados satisfatórios ao
simular a formação de ozônio e outros poluentes secundários na área urbana da Região
Metropolitana de Porto Alegre, quando acoplado ao modelo atmosférico de trajetórias
OZIPR [73].
Em princípio, o melhor modelo de qualidade do ar é aquele que relaciona os
impactos da fonte à saúde. Entretanto, deve-se tomar o cuidado para não utilizar um
modelo não reativo quimicamente para se estimar as concentrações de espécies reativas
como ozônio, PAM, NO2 etc. A resolução temporal desses modelos pode variar de
minutos a anos, prevendo a concentração média de poluentes como função da
localização da fonte. Já a resolução espacial pode variar de vários metros a centenas de
quilômetros.
Diversos poluentes possuem escalas de resolução diferentes para a modelagem.
O monóxido de carbono (CO) é um exemplo de poluente que apresenta um problema
local nas vizinhanças de vias expressas e interseções. Então, avaliar a efetividade do
controle das emissões de (CO) de veículos automotores requer um modelo com
resolução espacial da ordem da largura de uma rua da cidade. Já a modelagem de ozônio
fotoquímico requer uma resolução espacial da ordem de vários quilômetros quadrados.
Os modelos de qualidade do ar deveriam ser utilizados pelas agências
ambientais, durante o processo de licenciamento de uma nova fonte de poluição
atmosférica, para verificar se os padrões estabelecidos pela legislação vigente vão ser
ultrapassados ou não. Infelizmente, isso nem sempre acontece devido à complexidade
desses modelos e a limitação de informações.

2
Condições climáticas e meteorológicas nas vizinhanças da fonte, como a velocidade e direção do vento e
altura da camada de mistura, por exemplo.

56
O acoplamento dos modelos de dispersão aos modelos regionais de previsão do
tempo foi à solução encontrada pelos pesquisadores para resolver o problema de
quantidade de dados de entrada nos modelos de dispersão. Para resolver o problema da
qualidade dos dados meteorológicos, em 1991 o National Center for Environmental
Prediction (NCEP) e o National Center for Atmospheric Research (NCAR)
desenvolveram um projeto para recuperar os dados obtidos de superfície, navios,
radiossondagens, aviões e satélites no período de 1957 a 2000. A idéia básica do projeto
era congelar o estado da arte do sistema de análise e previsão global e realizar a
assimilação de dados, usando dados passados [74]. A base de dados melhorada,
conhecida como reanálise, utiliza a técnica de interpolação estatística espectral para
tratar e eliminar as mudanças climáticas de curta duração ou variabilidade climática
interanual aparentes. Essas mudanças ocorrem devido às diversas modificações
introduzidas nos sistemas de assimilação de dados globais, nos centros de previsão ao
longo de anos. As re-análises são disponibilizadas para todo o globo no padrão
internacional (.grib) numa grade com espaçamento de 2,5 graus de latitude e longitude e
17 níveis isobáricos padrões.
As informações meteorológicas para alimentar os modelos de dispersão são
geradas por modelos meteorológicos, que utilizam um esquema de análise objetiva,
melhorando a qualidade dos dados de entrada para as simulações dos campos de
velocidades necessários aos modelos de dispersão. As funções peso e a análise
variacional utilizada minimizam a variância da diferença entre os campos observados e
analisados [75]. Por sua vez, a técnica de assimilação de dados tridimensional, ao longo
da integração, melhora a qualidade das simulações, principalmente, em regiões
montanhosas [76], garantindo a qualidade das informações de saída.
Os resultados fornecidos por esses modelos vão depender da densidade das
observações ou da resolução da malha para melhor representar as escalas de interesse.
Os esquemas numéricos utilizados para resolver as equações diferenciais e a melhor
representação dos processos físicos (parametrizações) têm possibilitado a representação
dos fenômenos atmosféricos nas mais diversas escalas de tempo e espaço, com grande
grau de precisão.
Os modelos regionais de previsão do tempo Regional Atmospheric Modeling
System – RAMS [77], NCAR/PennState Mesoscale Model – MM5 [78], mesoscale
Compressible Community – MC2 [79] e Advanced Regional Prediction System – ARPS
[80] representam o Estado da Arte da previsão numérica do tempo, sendo muito

57
utilizados no acoplamento de modelos de dispersão. As vantagens dos modelos
regionais sobre os modelos de dispersão simples são as excelentes parametrizações,
capazes de representar realísticamente os processos físicos de radiação de onda curta e
longa, as trocas térmicas que ocorrem na superfície e as interações da circulação
atmosférica com a rugosidade do terreno.
O modelo MM5 simula a qualidade do ar em terrenos complexos, admitindo
processos de pequena escala acoplado pelo modelo químico e de transporte, assim como
as emissões biogênicas e a fotoquímica. Permite ainda, a descrição avançada de
modelos dinâmicos e considera a química da fase gasosa com ênfase nos COVs usados
no modelo e as reações fotoquímicas relacionadas a formação de nuvens [58].
Os modelos Califórnia Photochemical Grid Model - CALGRID [81], California
Puff Model – CALPUFF [82] e Urban Airshed Model – UAM [83] são exemplos de
modelos de dispersão que têm sido rotineiramente acoplados aos modelos atmosféricos
para estudos de transporte de poluentes atmosféricos.
Segal [84] simularam o transporte e a dispersão de SO2 na região sul da
península da Flórida, utilizando o modelo lagrangeano de partículas Lagrangian Particle
Dispersion Model (LPDM) acoplado ao modelo atmosférico RAMS. KARAN [85]
simulou a dispersão de SO2 emitido pela usina termoelétrica de Candiota (RS),
utilizando o modelo lagrangeano de partículas RDM (Random Dispersion Model [86] e
o modelo TVM (Tridimensional Vorticy Model [87].
O modelo lagrangeano estocástico de partículas SPRAY acoplado ao modelo
RAMS foi utilizado para simular a dispersão do traçador SF6 (hexafluoreto de enxofre)
liberado na atmosfera durante o experimento TRACT (TRAnsport of Air Pollutants
over Complex Terrain) na Europa Central. Os modelos RAMS e SPRAY foram
acoplados através de um programa de interface denominada MIRS (Método para o
Interfaceamento entre RAMS e SPRAY) e os resultados das simulações foram
comparados com os dados observados durante o experimento.
Segundo Doty & Perkey [88] o conhecimento dos ventos no local de estudo não
é suficiente para a determinação da origem das massas de ar, porque o vetor velocidade
em parte é devido a movimentos de rotação, e não de translação das massas de ar.
Somente através do conhecimento dinâmico da atmosfera é que podemos conhecer a
trajetória seguida pelas mesmas. O cálculo de trajetórias de massas de ar é muito
importante, pois possibilita o conhecimento das fontes emissoras e sumidouras de
poluentes transportados na troposfera.

58
Existem três aproximações para se modelar às trajetórias de massas de ar3:
isobárica, isentrópica e cinemática. A cinemática requer o conhecimento do campo de
vento na escala resolvida ( u ,v ,w ) ou considerando o efeito da convecção úmida na
velocidade vertical na escala resolvida ( w ). Essa aproximação pode utilizar o método
convectivo e o não convectivo. O convectivo considera o efeito da convecção úmida na
velocidade vertical na escala resolvida, transportando os poluentes verticalmente até o
topo da convecção numa escala de tempo mais consonante com a curta escala dos
sistemas convectivos. Já no método não convectivo os poluentes têm seu movimento
dominado pela advecção horizontal, o qual remove os poluentes da área convectiva
antes que eles possam chegar ao topo da nuvem [89].
O Laboratório de Meteorologia Aplicada a Sistemas de Tempo e Estudos
Regionais – MASTER da Universidade de São Paulo vem utilizando, operacionalmente,
o modelo lagrangeano de trajetórias cinemáticas tridimensional desenvolvido por
FREITAS [90] em 1996, juntamente com o modelo RAMS para calcular as trajetórias
de chegada e saída de poluentes na cidade de São Paulo e outras regiões do país.
A implementação de um plano de ação para melhorar a qualidade do ar de uma
Bacia Aérea e proteger a saúde de seus habitantes passa primeiramente pela medição da
concentração de poluentes critérios.
A redução da poluição do ar nas metrópoles começou com o controle do chumbo
(Pb), monóxido de carbono (CO) e dióxido de enxofre (SO2). Atualmente, as atenções
estão voltadas para o controle do ozônio e para as partículas menores de 10 micra
(PM10) e partículas menores de 2,5 micra (PM2,5) [90]. Sem dúvidas que a qualidade
do ar nos grandes centros melhorou com a retirada do Pb da gasolina, a redução da
percentagem de enxofre no óleo diesel, a utilização de catalisadores nos veículos leves e
todas as tecnologias implementadas para minimizar as emissões não oriundas do cano
de descarga.
No Brasil, a mistura de álcool à gasolina eliminou as emissões de chumbo, mas
aumentaram as de aldeídos, também problemáticas. Nos Estados Unidos da América do
Norte, a EPA proibiu o uso dos metil tércio butil etil (MTBE) em todo o país,
favorecendo o uso de etanol mais por opção econômica [91].

3
A isobárica considera que as parcelas de ar movem-se ao longo das superfícies de pressão constante. A
isentrópica, ao longo das superfícies de temperatura potencial e a cinemática considera as três
componentes do vento.

59
Nos estudos epidemiológicos, um aspecto importante considerado é o tempo de
exposição aos poluentes, principalmente as partículas [92]. No caso das partículas, o
interesse inicial era as partículas totais em suspensão (PTS), porém estudos
epidemiológicos têm sido direcionados para os problemas relacionados, especificamente
aos PM10, PM2,5 e PM1,0. A grande pergunta é: o que está causando o impacto
negativo na saúde? O número de partículas, sua área superficial ou sua composição?
[92].
O PM10 consiste de partículas primárias emitidas diretamente, bem como as
conversões de gases de NOx, SO2, NH3 e COVs a partículas na atmosfera. A maior parte
do PM10 provem das emissões dos canos de descarga dos veículos, combustão e
preparação de alimentos, emissões de indústrias, poeira suspensa, vulcões, incêndios
florestais, vento e spray marinho. A maioria das emissões de SO2 vem da queima de
combustíveis fósseis; a maioria dos NOx vem da queima nos processos industriais e nos
motores dos veículos; a maioria das NH3 vem das atividades agrícolas e os COVs de
todos esses e outras emissões, incluindo a vegetação [93].
Os estudos toxicológicos relacionados ao PM10 têm mostrado uma dependência
da composição química das partículas [52]. As partículas urbanas são complexas e mais
tóxicas, que as partículas usadas em laboratórios controlados. As partículas contendo
metais solúveis e sulfatos ácidos são as mais perigosas. Os componentes biológicos
presentes nas partículas representam problemas adicionais para a qualidade do ar [94].
Os estudos têm demonstrado que os gases do escapamento dos veículos são
cancerígenos, sendo que mais de 50% dos poluentes detectados (acreolina, benzeno,
formaldeído, etc) são produzidos por fontes móveis.
O inventário de emissões veiculares é um componente importantíssimo de um
programa de gestão da qualidade do ar, sendo considerado o ponto de partida para a
modelagem da qualidade do ar [71]. O inventário de fontes e emissões junto com os
fatores geográficos e meteorológicos possibilita a identificação de zonas críticas4 e,
conseqüentemente, a escolha de um local para a instalação de estações de qualidade do
ar.
Infelizmente, pode-se encontrar grandes diferenças nos inventários de emissões
para uma mesma área, dependendo dos diferentes fatores de emissão (FE) e atividades

4
As zonas críticas ocorrem em áreas em que as condições topográficas e meteorológicas dificultam a
dispersão, apresentam alta concentração de fontes de emissão e poluição. As zonas críticas, geralmente
combinam alta densidade de população e baixa qualidade do ar.

60
consideradas para as mesmas fontes [93]. As emissões de MP do cano de descarga são
as mais elevadas e as menos precisas de todas as categorias de fontes em um inventário
[71].
As emissões de partículas dependem de muitos fatores desconhecidos, sem falar
das partículas suspensas devido à ação do vento, construção e demolição, atividades
agrícolas, estradas não pavimentadas e lixões e aterros controlados. O modelo MÓBILE
5 da EPA estima as emissões de NOX, CO e HC. O modelo PART 5 estima as emissões
de PM10 do cano de descarga e de poeira das estradas [93].
A falta de representação do mundo real nos inventários de emissões pode
resultar em estratégias pouco efetivas na redução das emissões. Diferentes técnicas
estão sendo testadas para separar a combustão da madeira, cozimento de alimento, gases
do motor diesel, gases emitidos com o motor frio e com baixa manutenção dos motores
a gasolina e operação dos motores a gasolina aquecidos [71]. Isótopos de carbono14 são
usados para separar o carbono biogênico do combustível fóssil e enxofre 34 tem sido
aplicado a diferentes emissões de dióxido de enxofre e ao sulfato formado a partir de
suas emissões [93].
A tecnologia para medir a poluição do ar tem evoluído muito ultimamente. Os
últimos avanços no monitoramento da qualidade do ar incluem o uso de raios
infravermelhos e ultravioletas para detectar e medir os poluentes critérios e tóxicos [39].
O uso da espectroscopia pode medir diretamente mais de 120 poluentes gasosos no ar,
como CO, SO2 e O3, além de poluentes tóxicos como tolueno, benzeno e metanol. A
tecnologia se baseia no fato de que cada gás tem sua própria impressão digital, ou
espectro de absorção. O espectrômetro monitora todo o espectro do infravermelho ao
ultravioleta, lendo todas as impressões digitais ou espectros de absorção.
A qualidade do ar de uma cidade, em termos dos padrões da legislação está
diretamente relacionada a fontes poluidoras5, a variáveis meteorológicas, a reações
químicas que ocorrem na atmosfera, aos fatores sócio-econômicos e geográficos local.
Em geral, as cidades estão localizadas em regiões heterogêneas em termos de
relevo, tipos de solo e ocupação. Essa heterogeneidade das regiões, por longo tempo,
dificultou o conhecimento do transporte de poluentes na camada limite planetária,
tipicamente turbulenta. Por sua vez, o crescimento desordenado das áreas urbanas e
industriais, contribuiu muito para o aumento das emissões veiculares e industriais.

5
O inventário das fontes poluidoras é de primordial importância para a localização das mesmas e
quantificação das emissões.

61
Assim, conhecer a dispersão e o transporte de poluentes na atmosfera tornou-se
fundamental para o gerenciamento da qualidade do ar de uma cidade ou Bacia Aérea.
Atualmente, a utilização de Sistema de Informação Geográfica (SIG) no estudo
de qualidade do ar é uma realidade. Essas ferramentas manipulam dados
georreferenciados6, alocam cada fonte pontual, definem os limites ao redor de cada
fonte área, mapeiam estradas, relevo e permitem a delimitação de Bacias Aéreas etc. A
tecnologia empregada nos SIGs utiliza técnicas matemáticas e computacionais para
tratar a informação geográfica.

6
Informações localizadas na superfície terrestre segundo uma projeção cartográfica.

62
Capítulo 4

Dados e Metodologias

4.1 – Dados

A presente pesquisa utilizou uma base de dados digitais adquirida na Fundação


CIDE, as informações das 55 indústrias com maior potencial poluidor na Bacia da Baía
de Guanabara, a localização das zonas industriais da RMRJ, localização da rede da
Feema de amostragem da qualidade do ar, as principais vias fornecidas pela Feema, e as
reanálises do ano de 2001 do NCEP/NCAR.

4.1.1 – Base de dados topográficos

Utilizou-se dados digitais da Fundação CIDE representados pelas cartas


topográficas, na escala 1:50.000 da Baía de Guanabara, Petrópolis, Cava, Vila Militar e
Barra do Piraí. As cartas de Paracambi e Santa Cruz foram scanerizadas e vetorizadas
com o auxílio do software R2V para complementar a base de dados da referida
Fundação. Todos os dados foram utilizados para delimitação da Bacia Aérea III,
elaboração do Modelo Digital de Terreno (MDT) e mapas temáticos.

4.1.2 – Base de dados meteorológicos

Para gerar os campos de vento no domínio da Bacia Aérea III utilizou-se o


modelo Regional Atmospheric Modeling System - RAMS na versão 4.3 alimentado com
as reanálises geradas pelo National Center for Environmental Prediction – NCEP e

63
National Center for Atmospheric Research - NCAR, do ano de 2001. As trajetórias
cinemáticas dos poluentes emitidos em pontos e horários específicos da Bacia Aérea III
foram calculadas com o modelo 1 de trajetórias cinemáticas 3D desenvolvido na
Universidade de São Paulo – USP por FREITAS [90], [89] e alimentado com as três
componentes do campo de vento (u, v, w) geradas pelo RAMS 4.3, alimentado com os
dados de reanálises do período citado. Utilizou-se para visualização das trajetórias o
programa Grid Analysis and Display System – GRADS, amplamente utilizado na área
de meteorologia e ciências da Terra.

4.2 – Metodologias

4.2.1 – Sistema de informação geográfica - SIG

Para montar o sistema de informação geográfica – SIG e trabalhar a base de


dados geográficos e sócio-econômicos da Bacia Aérea III optou-se pelo software Arc
GIS, versão 8.2. Esse software tem a capacidade de adquirir, armazenar, tratar, integrar,
processar, recuperar, transformar, manipular, modelar, atualizar, analisar e exibir
informações digitais georreferenciadas, topologicamente estruturadas, associadas a um
banco de dados alfanuméricos. Utilizou-se o software Access para montagem do banco
de dados alfanumérico.
Os dados digitais passaram por um rígido controle, corrigindo-se uma série de
imperfeições. Após as correções, foram selecionadas as informações altimétricas e
planimétricas das cartas topográficas citadas anteriormente. Essas informações foram
organizadas sob a forma de projetos e cada tipo de informação representada no formato
shape.
De acordo com a estrutura do ArcGis foram criados os seguintes shapes:
topografia, rede viária, limites municipais, Baía de Guanabara, sedes municipais, uso e
cobertura do solo, indústrias, pontos de amostragem do ar, e delimitação da Bacia Aérea
III. Em seguida, foram gerados produtos digitais exportados para o formato DXF, bem
como cartas na escala 1:50.000, referentes às informações da Bacia Aérea III.

1
O modelo foi validado no experimento SCARB-B (Smoke, Clouds and Radiation-Brazil) em áreas de
vegetação de cerrado e floresta na região Amazônica brasileira, durante a estação seca de 1995.

64
Para redelimitação da Bacia Aérea III foi utilizada como referência, a cota
altimétrica de 100 metros observada nas cartas topográficas e sobrepostas à imagem do
satélite Landsat 7, Banda 5. Utilizou-se a cota de 100 metros por recomendação da
Feema. Entretanto, não foi possível seguir essa cota ao longo de todo o perímetro da
Bacia, tendo em vista as características do relevo local.
Para melhor visualizar e entender a influência da topografia local, no
escoamento atmosférico e calcular a área da Bacia Aérea III, optou-se pela construção
do MDT. Para construção desse modelo utilizou-se a função TIN do ArcGis.

4.2.2 – Simulações atmosféricas

Para realizar as simulações numéricas do campo de vento2 da Bacia Aérea III


utilizou-se o modelo RAMS 4.3 com três grades tridimensionais aninhadas, de acordo
com os estudos realizados por [95]. A grade grossa com menor resolução espacial e
composta de 17 pontos na direção leste-oeste e 19 na direção norte-sul e um
espaçamento de 40 x 40 km, centrada em -22,50 sul e -43,120 oeste, capturou as
informações de larga escala. A grade intermediária com resolução de 10 x 10 km e com
22 pontos na direção leste-oeste e 26 na direção norte-sul facilitou a comunicação da
grade grossa com a fina, além de cobrir o domínio da RMRJ. A grade fina, figura 4.2.2,
composta de 38 pontos na direção leste-oeste e 42 pontos na direção norte-sul, com um
espaçamento de 2,5 x 2,5 km, cobriu o domínio da Bacia Aérea III, capturando as
características de mesoescala. A técnica de downscaling, que consiste na redução de
escalas, permitiu que as informações das escalas maiores passassem para as escalas
menores e vice-versa com o aninhamento two-way.

2
As linhas de correntes são determinadas, utilizando-se o método Euleriano, que considera a velocidade
de diferentes partículas do fluido, simultaneamente, em um determinado instante num referencial fixo.

65
Figura 4.2.2: Grade fina de 2,5 x 2,5 km

Os dados de reanálises das médias climatológicas dos meses de janeiro e julho


para o período de 1979 a 1998 foram submetidos ao pacote de análise ISAN (Isentropic
Analysis) do RAMS, que tratou e interpolou os dados das componentes horizontais do
vento, temperatura e umidade relativa, em níveis de pressão, para os níveis isentrópicos
e de sigma_Z. Aplicando-se a análise objetiva [96], desses dois conjuntos de dados
emergiu um conjunto interpolado para a grade do modelo RAMS, que forneceu a
condição inicial e de contorno para as integrações numéricas.
Para assimilação de dados pelo RAMS utilizou-se a técnica de relaxação
Newtoniana [97], como uma forma alternativa de inicialização dinâmica de dados de
reanálises do NCEP/NCAR, pois essa técnica permite que o modelo alcance o ajuste
desejado após algumas horas de integração. Segundo SANTOS [98], esta técnica mais
conhecida como nudging3 consiste em forçar os componentes horizontais do vento, a
temperatura potencial, a razão de mistura total e a função de Exner em direção aos
correspondentes valores observados nas análises. Esse procedimento é realizado
adicionando-se às tendências locais destas quantidades, uma tendência artificial da
seguinte forma:

3
O nudging consiste na assimilação de dados a quatro dimensões (x, y, z, t), nos estágios iniciais de uma
integração do modelo. A cada passo de tempo de integração, um têrmo de tendência extra é adicionado a
cada equação prognóstica, que força a variável prevista em direção às observadas. O objetivo é eliminar
as perturbações espúrias de alta freqüência.

66
? ?? ? ?? ? ? ?
?? ?? ? w ?i, j, k ? 0 4.1
? ? t ?nud ?

onde ? é o valor atual da variável calculada pelo modelo, ? o é o valor desta variável na

análise, ? é a escala de tempo do nudging, que define a sua intensidade, e w ?i, j, k ? é


um termo 3D, determinando as regiões do domínio em que este procedimento se
realizará. Em um dado tempo “t” do modelo, o valor da variável observada ? 0 (t) é

obtido através de uma interpolação linear no tempo entre os valores de ? 0 em duas

análises consecutivas [89].


As escalas de tempo foram aplicadas nas laterais, no topo e no interior do
domínio. O nudging foi aplicado nas laterais a partir do quinto ponto de grade e acima
de 15 km no topo da grade. Os nudging nas laterais e no topo tinham intensidades de
1/21600 s-1. No interior do domínio aplicou-se uma intensidade de 1/43200 s-1. Na
vertical, optou-se por um refinamento da grade até a altitude de 1.200 metros. Com
estes dados definidos o modelo construiu o termo w ?i, j, k ?/ ? da equação 4.1.
A topografia 4, fator importante para os estudos de qualidade do ar, foi
incorporada no Rams em três etapas através de arquivos de dados previamente
disponibilizados. A resolução da topografia na grade de 40 x 40 km era de
aproximadamente 20 km. Nas grades de 10 x 10 km e 2.5 x 2.5 km a resolução era de 1
km.
As informações sobre a percentagem de terra em cada célula de grade e a
temperatura da superfície do mar foram interpoladas dos arquivos de dados previamente
disponibilizados para a grade do modelo.

4.2.3 – Cálculos de trajetórias de parcelas de ar

O caminho percorrido por uma dada parcela de ar durante um determinado


período de tempo, no escoamento balanceado, é chamado de trajetória 5. Na presente

4
A fisiografia representada pela topografia, cobertura vegetal e a temperatura da superfície do mar (TSM)
é fator de forçamento na escala regional.
5
As trajetórias são obtidas, utilizando-se o método Lagrangeano. Neste método o movimento das
partículas é acompanhado num referencial variável, ou seja, fixo nas partículas.

67
pesquisa, optou-se pelo modelo cinemático tridimensional e método não convectivo
[90], [99] devido à existência do campo de vento tri-dimensional, o tamanho da área de
estudo e a alta resolução da grade 3 utilizada no domínio da Bacia Aérea III.
As trajetórias de parcelas de ar da Bacia Aérea III foram obtidas em diferentes
horários e alturas, nos meses de janeiro e julho, com o objetivo de verificar a influência
do sistema de brisa na trajetória dos poluentes emitidos na Bacia Aérea III.
O cálculo das trajetórias é baseado na equação 4.2

?
dr ?t ? ? ?
? V ?r , t ? 4.2
dt

? ? ?
onde r ?t ? é a posição da parcela de ar no tempo t, partindo da posição inicial r ?t 0 ? e V

é o campo de vento horizontal ?u, v ? e o vento vertical w. O conhecimento do campo de


vento tri-dimensional ?u, v, w? é o primeiro passo para o cálculo de trajetórias pelo
método cinemático. Esse modelo permite o conhecimento das trajetórias de saída e de
chegada em uma região. A partir da equação 4.2, depois do passo de tempo
?
? t ? ?t1 ? t 0 ? a posição da parcela de ar r ?t ? é definida pela equação 4.3

?
t1
??
?? ?
r ?t 1 ?= r ?t 0 ?+ V r ?t ?, t dt
?
4.3
t0

para a trajetória de saída (para a frente).


A solução numérica da equação 4.3 é obtida pelo método iterativo descrito em
?
Pettersen [100]: a) a posição da parcela r ?t1 ? é calculada a partir do campo de
velocidade do vento na posição inicial da parcela no tempo to; b) a posição da parcela no
tempo t1 é recalculada através de interpolação do campo de vento entre o campo de
? ?
vento na posição inicial r ?t 0 ? e o campo de vento na posição r ?t1 ? obtida na iteração

68
anterior. A partir da equação 4.2 obtém-se também a equação 4.4 para o cálculo da
trajetória de chegada (para trás).

? ?
t1
??
r ?t 0 ? ? r ?t1 ?? ?V ?r ?t ?, t ?dt 4.4
t0

A altitude alcançada por uma partícula ou poluente, ao longo da trajetória de


parcelas de ar, é representada pela escala de cores da figura. O ponto preto nas
trajetórias corresponde ao tempo de integração de 24 horas.

69
Capítulo 5

Análise Espacial da Bacia Aérea III

Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos da análise espacial da


Bacia Aérea III com a ajuda de um Sistema de Informação Geográfica - SIG. A ampla
gama de aplicações de um SIG permite sua utilização sem que haja conflitos, de três
grandes maneiras:
1. Como ferramenta para produção de mapas;
2. Como suporte para análise espacial de fenômenos;
3. Como banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e recuperação
de informação espacial.

Nesta pesquisa foram utilizadas as três grandes maneiras preconizadas acima. Além
dos resultados apresentados nesta tese, o SIG montado permitiu a re-delimitação da
Bacia Aérea III e a divisão da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara em bacia
hidrográfica da Baía de Guanabara Oeste e Leste, para criação dos respectivos Comitês
de Bacia. O projeto de re-delimitação da Bacia Aérea III teve o autor como articulador e
orientador.

5.1 – Definição de Bacia Aérea

Uma Bacia Aérea, embora o nome sugira um volume da atmosfera, é uma área
cuja topografia, delimitada por uma cota altimétrica mínima, dificulta a dispersão de
poluentes gerados pelas atividades sócio-econômicas. Em determinadas bacias as
condições climáticas predominantes, na estação de inverno, comprometem a qualidade
do ar, agravando a saúde das pessoas, principalmente, de idosos e crianças com
problemas respiratórios. As Bacias Aéreas por estarem submetidas a constantes

70
estratégias de controle da poluição do ar podem ser consideradas verdadeiras unidades
de gerenciamento da qualidade do ar [101].

5.2 – Bacia Aérea III

A Bacia Aérea III está localizada no litoral sudeste brasileiro, na parte centro
oeste do Estado do Rio de Janeiro, na Sub-região III da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro, entre os paralelos 220 48’ 14” e 220 54’ 10” de latitude Sul, e os meridianos 430
02’ 26” e 430 27’ 04” de longitude Oeste [102]. A figura 5.2a apresenta o mapa da
Bacia Aérea III elaborado na década de 80 pela Feema e a figura 5.2b apresenta o mapa
da referida Bacia retificada em 2003 no Laboratório de Geografia Física –
LAGEF/UFF. A retificação realizada com tecnologia de última geração alterou a área
de 700 km2 para 910 km2 dos 6.500 km2 da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
RMRJ; um acréscimo de 30%.

Figura 5.2a: Mapa da Bacia Aérea III elaborado pela FEEMA, em amarelo, [103].

71
Figura 5.2b: Bacia Aérea III retificada em 2003.

5.2.1 – Descrição dos municípios que compõem a Bacia Aérea III

Ocupando uma aérea de aproximadamente 910 km2, dos 6.500 km2 da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), a Bacia Aérea III abrange parte dos
municípios de Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti, Mesquita, Nova Iguaçu,
Duque de Caxias; os distritos de Guia Pacoaíba, Inhomirim e Suruí, no município de
Magé, o distrito de Olinda no município de Nilópolis e as regiões administrativas
Portuária, Centro, Rio Comprido, Botafogo, São Cristóvão, Tijuca, Maracanã, Vila
Isabel, Bonsucesso, Ramos, Penha, Méier, Engenho Novo, Irajá, Coelho Neto,
Madureira, Bangu, Ilha do Governador, Anchieta e Santa Tereza, no município do Rio
de Janeiro [102]. A tabela 5.2.1 apresenta as coordenadas geográficas das Sedes dos
municípios que compõem a Bacia Aérea III.

72
TABELA 5.2.1: SEDES DOS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM A BACIA AÉREA III
Municípios Altitude (m) Coordenadas Geográficas
Latitude Sul Longitude Oeste
Rio de Janeiro 2 22o54’10” 43o12’27”
o
Belford Roxo 18 22 45’51” 43o23’58”
o
Duque de Caxias 19 22 47’08” 43o18’42”
o
Magé 5 22 39’10” 43o02’26”
o
Mesquita 23 22 46’59” 43o25’26”
o
Nilópolis 16 22 48’27” 43o24’50”
o
Nova Iguaçu 25 22 45’33” 43o27’04”
o
São João de Meriti 19 22 48’14” 43o22’20”
Fonte: Adaptado de Silva, [102].

A área é parte integrante da região denominada de Baixada Fluminense e está


inserida no espaço do segundo pólo econômico do país, com elevado grau de
urbanização e industrialização. Na região encontra-se a segunda maior concentração de
pessoas, veículos, indústrias e pequenas fontes poluidoras do país.
Com milhares de indústrias, duas refinarias de petróleo, um aeroporto
internacional e um doméstico, inúmeras queimadas no final do inverno, prática de
queima de lixo e pneus velhos, frota considerável de veículos usados, tanto leves como
pesados, emissões veiculares, que geram quantidades consideráveis de poluentes, a
Bacia Aérea III apresenta condições fisiográficas e climáticas favoráveis à concentração
de poluentes em determinados setores.

5.2.2 – Relevo da Bacia Aérea III

A topografia da Bacia Aérea III é relativamente plana, caracterizada pela


presença dos maciços litorâneos da Tijuca, Pedra Branca e Gericinó-Mendanha com
pontos culminantes de 1024m, 1021m e 887m de altitude, respectivamente. Esses
maciços de rochas cristalinas e direção aproximada de W-E delimitam áreas de baixada,
entremeadas de pequenas serras e morrotes isolados como mostra a figura 5.2.2.

73
Figura 5.2.2: Modelo Digital de Terreno. Hipsometria em metros

A orientação e a altitude da topografia da RMRJ influenciam a direção e a


velocidade dos ventos de superfície, facilitando ou dificultando a diluição e dispersão de
gases e partículas em alguns pontos da Bacia Aérea III. A Baía de Guanabara, com um
espelho d’água de 381 km2 [104], canaliza as brisas marítimas e terrestres nas direções
NW, E e S, E, respectivamente.
O maciço da Tijuca, com altitude superior a 800m, impõe resistência ao
escoamento reduzindo a velocidade do vento de Sul, no período da tarde, produzindo
estagnação1 de poluentes nos bairros situados ao norte do mesmo. Os maciços da Pedra
Branca e Gericinó-Mendanha, devido as suas altitudes, impedem que a brisa marinha
alcance os bairros e municípios localizados a oeste e mais para o interior da RMRJ (fora
dos limites da Bacia).

1
Ventos com velocidades médias inferiores a 3 nós, ao nível do solo, caracterizam uma situação de
estagnação atmosférica.

74
5.3 - A influência antrópica na qualidade do ar

Neste item relaciona-se a ação antrópica à geração de poluentes na Bacia Aérea


III e, conseqüentemente, a qualidade do ar.

5.3.1 Cobertura vegetal

A cobertura vegetal da Bacia Aérea III é característica da Mata Atlântica, que é


um bioma composto por diversos ecossistemas situados, principalmente nos
alinhamentos montanhosos próximos ao litoral e interior da Bacia. No complexo
remanescente de vegetação da Mata Atlântica são identificadas três classes de cobertura
vegetal: formações arbóreas densas, formações arbórea-arbustiva e formações
herbáceas. Em períodos prolongados de estiagem e no final do inverno a vegetação,
principalmente próxima as principais 2 vias, sofre incêndio gerando quantidades
consideráveis de material particulado orgânico e metálico, além de dióxido de carbono.
A ação antrópica desenfreada levou ao desmatamento uma área considerável,
acarretando não somente a diminuição das áreas verdes, mas também a desestabilização
dos ecossistemas componentes da área. Como conseqüência do desmatamento, os
municípios da Bacia Aérea III, pertencentes à chamada Baixada Fluminense apresentam
encostas degradadas e grandes áreas de solos expostos à ação das chuvas e dos ventos,
aumentando assim, a carga de material particulado em suspensão. Na Bacia existem
algumas saibreiras e pedreiras que sob a ação de ventos fortes se tornam fontes de
material particulado para a atmosfera. Na figura 5.3.1 tem-se uma idéia do uso e
cobertura do solo no entorno da Baía de Guanabara.

2
Rodovia Rio Teresópolis e Washington Luiz.

75
Figura 5.3.1: Uso e cobertura do solo no entorno da Baía de Guanabara.

5.3.2 Coleta de lixo

O sistema de coleta de lixo domiciliar na Bacia Aérea III é precário. A prova


contundente está no projeto de despoluição da Baía de Guanabara que visa ampliar o
sistema de coleta de lixo domiciliar para 90% do volume de resíduos produzidos nos
municípios ao redor da Baía de Guanabara. Verifica-se na área inúmeros focos de
fumaça, para eliminação de lixo residencial e até de grandes quantidades de pneus
velhos, que tornam a respiração difícil em alguns setores. Esse tipo de cultura é tão
comum na área que chega a afetar o tráfego de veículos, pois reduz a visibilidade em
determinadas vias [101]. Em certos municípios, o ar é de baixa qualidade devido à
quantidade excessiva de fumaça3 e partículas orgânicas em suspensão, principalmente
na estação de inverno.
O ar da Bacia Aérea III ainda vai levar muito tempo para ser considerado de boa
qualidade, pois o processo de favelização, em certos municípios, é muito forte,
favorecendo a cultura de queima de lixo [101].

3
Alguns municípios apresentam concentração elevada de potássio (K) devido à cultura das queimadas.

76
5.3.3 Aterros sanitários

A pretensão do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara - PDBG [105]


de implantar três aterros sanitários e três usinas de reciclagem e compostagem de lixo na
RMRJ, certamente que ajudará a melhorar a qualidade do ar da Bacia Aérea III. O
aterro metropolitano de Gramacho, localizado no município de Duque de Caxias, é
grande fonte de material particulado para a área. Em certas condições de tempo verifica-
se a presença de uma nuvem amarelada de material em suspensão, deslocando-se a
baixa altitude em direção ao mar ou ao interior da Bacia, dependendo da hora do dia.
Essas nuvens de material particulado funcionam como traçadores na área.

5.3.4 – Uso e ocupação do solo

A área ocupada pela Bacia Aérea III constitui um dos ambientes mais poluídos
da RMRJ, devido ao modelo de desenvolvimento urbano-industrial iniciado no século
XIX e intensificado no século seguinte. A falta de planejamento urbano e habitacional
contribuiu para o processo de favelização e degradação dos recursos ambientais.
A forma de ocupação do espaço metropolitano é conseqüência dos vetores de
crescimento com origem no centro urbano do Rio de Janeiro, definidos pela
implantação dos principais eixos rodoferroviários que cortam a Bacia. Esse modelo de
desenvolvimento expõe parte considerável da população da Bacia Aérea III a um tempo
de exposição excessivo aos poluentes gerados na RMRJ.
Em linhas gerais, a ocupação do solo na área pode ser descrita da seguinte
forma: área urbana densamente ocupada, estendendo-se conurbada do maciço da Tijuca
em direção as áreas urbanas de São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita, Duque de
Caxias, Belford Roxo e Nova Iguaçu; Zona Portuária densamente povoada com
urbanização consolidada, com predominância de comércio, serviços e áreas
institucionais como a companhia Docas do Rio de Janeiro; a Ilha do Governador é área
de urbanização consolidada; no lado leste da Bacia, ao longo da Baía de Guanabara
verifica-se a presença de zonas de uso predominantemente industrial mescladas com
zonas residenciais de baixo padrão; o município de Duque de Caxias apresenta extensa
área de atividade predominantemente industrial, cercado por áreas urbanas

77
consolidadas. Existem ainda algumas manchas para a expansão urbana e o norte do
município caracteriza-se por extensa área não urbanizada; os municípios de São João de
Meriti, Nilópolis, Mesquita, Belford Roxo e Nova Iguaçu encontram-se estritamente
conurbados. Esse processo favorece a formação de ilha de calor, deteriorando a
qualidade do ar.

5.4 – Caracterização das principais indústrias potencialmente poluidoras

A atividade econômica na Bacia Aérea III está relacionada à existência de


indústrias de grande porte como a Bayer, Petroflex, Nitriflex e as refinarias Duque de
Caxias e Manguinhos. Entretanto, o perfil das empresas responsáveis pela emissão de
poluentes e efluentes é principalmente, de empresas de pequeno e médio porte. Os dois
aeroportos com grande movimentação de aeronaves, embora não sejam indústrias,
lançam volumes consideráveis de poluentes na área. O aeroporto internacional do Rio
de Janeiro tem participação marcante nas emissões de NOx e MP, com volume maior de
emissão nos períodos de: 05 às 12 horas e de 17 às 23 horas.
Por falta de um inventário das principais fontes fixas localizadas na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, assumiu-se o grupo de 55 indústrias prioritárias do
PDBG [105] como as principais fontes fixas potencialmente poluidoras. Dessas 55
indústrias, 15 se encontram na Bacia Aérea IV, nos municípios de Niterói e São
Gonçalo e, em conseqüência disso, somente as 40 indústrias da Bacia Aérea III foram
georreferenciadas.
A decisão de considerar as 55 indústrias do PDBG encontra respaldo no fato de
que o Projeto de Controle Industrial adotou uma fiscalização de caráter estratégico para
as 455 indústrias localizadas na Baía de Guanabara, sendo 55 consideradas prioritárias
do PDBG por gerarem 80% da carga orgânica total, lançada direta ou indiretamente nas
águas da Baía de Guanabara [106].
A figura 5.4 dá uma idéia da distribuição espacial das indústrias oficialmente
cadastradas na Feema. Verifica-se que a grande concentração de indústrias ocorre fora
das zonas as ZEI4 e ZUPI.

4
ZEI – Zona exclusivamente industrial. ZUPI – Zona de uso preferencialmente industrial.

78
Figura 5.4: Zonas indústrias e distribuição espacial de indústrias na RMRJ

5.4.1 – Quanto à tipologia

As tipologias de maior predominância na Bacia da Baía de Guanabara são de


indústrias químicas, concentradas nos municípios do Rio de Janeiro e Duque de Caxias
e alimentícias distribuídas por quase todos os municípios da RMRJ [105]. Essas
tipologias estão de acordo com a norma de classificação de atividades poluidoras (MN
050.R1) da Feema. A figura 5.4.1 apresenta a distribuição espacial das principais
atividades potencialmente poluidoras e suas tipologias.

79
Figura 5.4.1 Distribuição espacial das principais atividades potencialmente poluidoras
na Bacia Aérea III e suas tipologias.

Analisando as figuras 5.3.1, 5.4 e 5.4.1 verifica-se que a maioria das indústrias
da Bacia Aérea III está implantada em áreas densamente urbanizadas, ao invés das ZEI
e ZUPI.

5.4.2 – Quanto ao potencial poluidor

A caracterização por potencial poluidor decorre da norma MN-050


“Classificação de Atividades Poluidoras” de 08/04/1992 elaborada pela Feema, [105].
Esta norma define para cada tipologia, o potencial poluidor teórico em relação ao ar
(PPAR), à água (PPAG) e ainda o potencial geral (PPG), relativo exclusivamente a estes
elementos. Os níveis de potencial poluidor teórico são:
A – alto potencial poluidor;
M – médio potencial poluidor;
B – baixo potencial poluidor; e
D – desprezível potencial poluidor.

80
São considerados, para definição do potencial poluidor, os seguintes parâmetros
de ar e água:
Ar: partículas em suspensão (PS), dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio
(NOX), hidrocarbonetos (HC) e odor;
Água: demanda bioquímica de oxigênio (DBO), substâncias tóxicas (STOX), óleos e
graxas (OG) e material em suspensão (MS).
O potencial em relação ao ar e a água é definido em função dos parâmetros
dominantes. O potencial poluidor geral é definido como o maior potencial,
independente do mesmo ser de ar ou de água. No Anexo 5 estão relacionadas as
empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG, situadas na Bacia Aérea III.

5.5 - O sistema de transporte e as principais vias de acesso

O sistema de transporte contribui com parcela expressiva de poluentes na Bacia


Aérea III. As emissões provenientes do cano de descarga, desgaste de pneus e lonas de
freios representam uma parcela considerável de poluentes nessa Bacia. O sistema de
alimentação de combustível e as emissões do cárter e do tanque de combustíveis ainda
representam uma quantidade razoável de poluentes para a atmosfera, devido ao mau
estado de conservação e a idade elevada da maior parte da frota que circula na região.
As emissões veiculares de um modo geral dependem muito do tipo, qualidade do
combustível e da velocidade média do tráfego. A utilização de óleo diesel metropolitano
com 0,50 % de enxofre a partir de 1998 e o uso de gás natural veicular (GNV) pelos
veículos leves, certamente que contribuiu para reduzir a poluição do ar por dióxido de
enxofre, MP, CO, e HC. Embora a qualidade do ar tenha melhorado em função da
utilização de combustíveis menos poluidores, o setor de transporte rodoviário continua
sendo o grande responsável pela poluição gerada na Bacia Aérea III em função do
crescente aumento da frota particular de veículos leves. As provas contundentes desse
aumento são os constantes engarrafamentos verificados nas principais vias de acesso à
Bacia Aérea III: Avenida Brasil, Linha Vermelha, Linha Amarela, Rodovia Rio
Teresópolis, Rodovia Washington Luiz e Rodovia Presidente Dutra. Além dessas vias
existem as vias secundárias de cada uma das cidades que compõem a Bacia Aérea III,
influenciando na qualidade do ar. As vias não pavimentadas contribuem com parcela

81
expressiva de material particulado inorgânico e as pavimentadas, por sua vez,
contribuem para a formação de Ilha de Calor na região, devido ao intenso tráfego e o
aquecimento do asfalto.
De um modo geral, não se pode afirmar que o uso de GNV nos veículos leves
contribuiu para melhorar a qualidade do ar na região, pois as emissões têm uma grande
variação, dependendo se o veículo foi construído para usar o combustível, ou se foi
adaptado. A descaracterização do combustível padrão estabelecido pelo Programa de
Controle da Poluição do Ar por Veículos automotores - Proconve e a má qualidade da
manutenção dos veículos em uso, são problemas sérios que precisam ser solucionados.
As figuras 5.5a e 5.5b apresentam as categorias e seis vias importantes da Bacia.

Figura 5.5a – Categorias das vias de acesso à Bacia Aérea III

82
Figura 5.5b – Seis vias importantes da Bacia Aérea III

83
Capítulo 6

Modelagem Atmosférica da Bacia Aérea III

Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos da caracterização do


escoamento atmosférico na Bacia Aérea III com a ajuda dos modelos RAMS 4.3 e de
trajetórias cinemáticas 3D. Primeiramente, caracterizou-se o escoamento nos meses de
janeiro e julho, correspondendo às estações de verão e inverno, por apresentarem
condições atmosféricas marcantes. Posteriormente, realizou-se uma simulação com
dados diários. Caracterizado o escoamento para os referidos meses, calculou-se as
trajetórias seguidas pelos poluentes emitidos por fontes fixas e móveis na Bacia Aérea
III. A trajetória seguida pelo catalisador “silicato de sódio” validou o modelo de
trajetórias cinemáticas para a Bacia. As trajetórias seguidas pelos poluentes emitidos por
seis vias importantes da Bacia ratificaram a contribuição do setor transporte na má
qualidade do ar na Bacia.

6.1 – Caracterização da área de estudo

Como abordado na fundamentação teórica, o grau de gravidade de índices


elevados de poluição do ar depende da topografia e da localização da área em relação à
circulação geral da atmosfera. O posicionamento do núcleo quente do Anticiclone do
Atlântico Sul ao longo da costa do litoral brasileiro, é um fator meteorológico de larga
escala, que condiciona a qualidade do ar da Bacia Aérea III, figura 6.1. Na estação de
inverno o enchimento desse sistema impõe uma situação de bloqueio 1 com ventos
fracos, calmaria e inversões térmicas, contribuindo assim, para a concentração de
poluentes e, conseqüente comprometimento da qualidade do ar. Com o enfraquecimento
desse sistema sobre o continente, na estação de verão, devido ao forte aquecimento da

1
Situação que impede o avanço de frentes frias, posicionadas ao sul do país, devido a um anticiclone de
núcleo quente dominando a área.

84
superfície e atmosfera, fortes chuvas lavam a atmosfera no período da tarde,
melhorando a qualidade do ar. Segundo ABREU [107], o posicionamento de um
anticiclone de núcleo frio, centrado ao sul da cidade do Rio de Janeiro, devido à
passagem de frentes frias na área, melhora a qualidade do ar da Bacia, em qualquer
época do ano.

Figura 6.1: Distribuição típica do vetor vento médio (m.s-1)


para julho em 850 hPa. Fonte: Satyamurty [108].

O padrão de circulação mostrado na figura 6.1 é alterado quando da passagem de


sistemas migratórios de larga escala (frentes).

6.2 – Caracterização do escoamento tipo brisa

Para caracterizar o comportamento do campo de vento na escala da Bacia Aérea


III simulou-se o escoamento nesta região, utilizando o modelo RAMS 4.3, com três
grades aninhadas, alimentado com dados de reanálises do NCEP/NCAR.

85
As simulações das três grades mostraram que, além do domínio da circulação de
larga escala (grade 1), a Bacia Aérea III está sob o domínio da circulação de meso-
escala (grade 3), tipo brisa.

6.2.1 – Escoamento tipo brisa terrestre

Embora a topografia influencie a velocidade e direção dos ventos na RMRJ,


verifica-se nas Figuras 6.2.1a e 6.2.1b, que o mecanismo de brisa terrestre é
predominante tanto no mês de janeiro como no mês de julho. Embora a brisa terrestre
não seja bem definida devido ao fraco aquecimento da superfície pela manhã [109], esse
mecanismo é responsável pelo transporte e remoção de poluentes para áreas menos
habitadas [3].

Figura 6.2.1a: Escoamento a 48 m do solo para um janeiro climatológico


às 9 horas (horário local). A topografia é representada em cores, [3].

86
Figura 6.2.1b: Escoamento a 48 m do solo para um julho climatológico
às 9 horas (horário local). A topografia é representada em cores, [3].

6.2.2 – Escoamento tipo brisa marinha

A brisa marinha, Figuras 6.2.2a e 6.2.2b, tem sua ação limitada pela serra dos
Órgãos ao norte e os três maciços próximos ao litoral. A topografia quase plana (figura
5.3.1), com pequenas elevações na maior parte da Bacia Aérea III, contribui para a
penetração da brisa marinha a distâncias consideráveis nessa Bacia. Nessas figuras
verifica-se ainda, que a baía de Guanabara canaliza o escoamento na área, facilitando o
transporte de poluentes. Por ter sua ação restrita aos horários de maior atividade
econômica a brisa marinha é sem dúvida o principal mecanismo natural de transporte de
poluentes para as áreas mais carentes e densamente povoadas da Bacia Aérea III, [3].

87
Figura 6.2.2a: Escoamento a 48 m do solo para um janeiro climatológico
às 15 horas (horário local). A topografia é representada em cores, [3].

Figura 6.2.2b: Escoamento a 48 m do solo para um julho climatológico


às 15 horas (horário local). A topografia é representada em cores, [3].

Como resultado dos efeitos da fricção da superfície no campo de escoamento,


verifica-se nos cortes, figuras 6.2.2c e 6.2.2d, que a direção do vento muda com a altura,

88
passando da direção sul à superfície, para a direção norte em altitude, próximo ao topo
da CLP. A componente meridional (Norte e Sul) alcança sua velocidade máxima, em
torno de 250 m de altitude próxima a latitude de 22,40 das figuras 6.2.2c e 6.2.2d (Serra
dos Órgãos), que se comporta como um divisor de circulações, tanto à superfície como
em altitude. A velocidade da componente norte diminui, em torno de 700 m de altitude,
aumentando com a altitude na direção norte.

Figura 6.2.2c: Corte sul-norte na longitude 43,26 W da componente meridional


do vento para um janeiro climatológico às 15 horas (horário local), [3].

89
Figura 6.2.2d: Corte sul-norte na longitude 43,26 W da componente meridional
do vento para um julho climatológico às 15 horas (horário local), [3].

6.3 – Trajetórias tridimensionais

Os cálculos das trajetórias dos poluentes emitidos pelas fontes fixas foram
importantes para validar o modelo de trajetórias 3D e ajudar no entendimento das
relações existentes entre a meteorologia local e as fontes potencialmente poluidoras da
Bacia Aérea III. Os cálculos das trajetórias dos poluentes emitidos pelas fontes móveis
mostraram que as seis vias escolhidas têm um papel importante na qualidade do ar da
Bacia Aérea III, bem como das Bacias I, II e IV.

6.3.1 – Validação do modelo para a Bacia Aérea III

No dia 14 de julho de 2001 a população do municípo de Belford Roxo ficou


exposta por três horas a deposição seca do catalisador “silicato de sódio 2” que vazou da
Reduc devido ao rompimento das alças do separador ciclônico3.

2
Composto de óxido de alumínio (Al2O3) e óxido de silício (SiO2). A análise quantitativa por
espectrometria de raios-x detectou as terras raras, lantânio, cério, praseodímio, escândio, ítrio e traços de
gálio, estrôncio e zircônio.

90
O silicato de sódio é um produto químico, de cor branca, baixa toxicidade,
classificado como não perigoso, que causa irritação nos olhos, pele e vias respiratórias,
agravando problemas respiratórios como asma, bronquite etc. Por conta do referido
vazamento houve uma procura muito grande aos postos de saúde do município. Além da
população, o “pó branco” comprometeu os corpos hídricos do município e Baía de
Guanabara.
Tendo em vista a dificuldade de se obter a data precisa do dia e da hora do
incidente utilizou-se o modelo de trajetórias cinemáticas 3D como ferramenta de
investigação, alimentado com o campo de vento tri-dimensional ?u, v, w? gerado pelo
modelo RAMS 4.3, a partir das reanálises de julho de 2001. Primeiramente, considerou-
se a hipótese do pó ter sido advectado para Belford Roxo no horário de predomínio da
componente zonal do vento, tendo em vista o município estar situado a oeste da
refinaria. Para evitar simulações desnecessárias e determinar os dias de predominância
da componente zonal, decompôs-se o vento em suas componentes zonal e meridional no
período compreendido entre os dias 12 e 17 de julho de 2001. Após os cálculos de
várias trajetórias para frente, em diferentes dias e horários, no referido período,
confirmou-se à hipótese assumida e o dia 14/07/2001 como de maior intensidade da
componente zonal, figuras 6.3.1a a 6.3.1c.
Observa-se na figura 6.3.1a, às 6 horas local, que os poluentes seguem em
direção ao oceano numa altitude inferior a 200 metros. Na figura 6.3.1b, às 10 horas
local, verifica-se que os poluentes seguem em direção oposta ao município de Belford
Roxo, em torno de 200 metros de altitude. No fundo da Baía de Guanabara e sobre o
continente elevam-se até 1200 metros de altitude. Seguindo em direção a Baía de
Sepetiba, passam sobre o município a 1200 metros de altitude. Prosseguindo em sua
trajetória alcançam a Baía de Sepetiba a 1000 metros de altitude. Na Figura 6.3.1c, às
18 horas local, verifica-se que os poluentes seguem uma trajetória, em torno de 200
metros, sobre o município.
Posteriormente, a Secretaria de Meio Ambiente de Belford Roxo confirmou a
deposição seca no dia 14 de julho a partir das 20:00 horas local, validando assim, o
modelo de trajetórias para a Bacia.

3
Esse equipamento remove de 50 a 90 por cento das partículas grandes, mas muito pouco do material
médio e fino.

91
Figura 6.3.1a: Trajetória 14/07/2001 – 9 UTC

Figura 6.3.1b: Trajetória 14/07/2001 – 13 UTC

Figura 6.3.1c: Trajetória 14/07/2001 – 21 UTC

92
6.3.2 – Trajetórias seguidas pelos poluentes emitidos nas coordenadas 220
30’ S e 430 04’ W

Segundo o Boletim Climanálise [110], as condições atmosféricas observadas


durante o mês de julho de 2001 tiveram um comportamento típico dos meses de inverno
na Região Sudeste. Verificou-se pouca atividade convectiva e os sistemas frontais que
atuaram na área foram fracos, registrando-se chuvas abaixo da média climatológica. Na
maior parte do mês, as massas de ar se deslocaram para o oceano e se estenderam até o
litoral sul da Bahia. A permanência dos anticlones migratórios no oceano causou um
leve declínio da temperatura nas regiões costeiras desde a Região Sudeste até o sul da
Região Nordeste.
A empresa “ESSENCIS”, Soluções Ambientais, preocupada com a qualidade do
ar respirado por seus funcionários e pela população residente nas proximidades da
empresa, forneceu as informações necessárias para o cálculo das trajetórias de massas
de ar seguidas pelos poluentes liberados durante a manipulação de materiais contendo
compostos orgânicos voláteis. Embora a empresa não emita poluentes através de
chaminés assumiu-se para cálculo das trajetórias a altura hipotética de 15 m para as
emissões. Na figura 6.3.2a, nos limites à Leste das Bacias III e IV, coordenadas 220 30’
S e 430 04’ W, verificou-se no caso de emissões às 6 horas local, que os poluentes,
representados por um ponto, devem permanecer nas proximidades e no nível da fonte
emissora, devido ao alto grau de estabilidade atmosférica.

Figura 6.3.2a: Trajetória 14/07/01 9 UTC

93
Na figura 6.3.2b, nos limites à Leste das Bacias III e IV, coordenadas 220 30’ S e
430 04’ W, verifica-se no caso de emissões às 10 horas local, que os poluentes não
permanecem nas proximidades e nem no nível da fonte emissora. Os poluentes são
transportados em direção a Baía de Sepetiba, percorrendo uma trajetória que alcança
altitudes que variam de 800 a 1200 metros. A instabilidade atmosférica permite que os
poluentes alcancem a altitude de 1200 metros rapidamente, passando pela Baía de
Sepetiba a 800 metros de altitude.

Figura 6.3.2b: Trajetória 14/07/01 13 UTC

Na figura 6.3.2c, nos limites à Leste das Bacias III e IV, coordenadas 220 30’ S e
430 04’ W, verifica-se no caso de emissões às 18 horas local, que os poluentes não
permanecem nas proximidades e nem no nível da fonte emissora. Os poluentes são
transportados em direção a Baía de Sepetiba, percorrendo uma trajetória que varia de
800 a 1200 metros. A instabilidade atmosférica permite que os poluentes alcancem a
altitude de 1200 metros rapidamente, mas à medida que são transportados vão perdendo
altitude até alcançar, aproximadamente 500 metros, voltando a subir até 800 metros nas
proximidades da Baía de Sepetiba.

94
Figura 6.3.2c: Trajetória 14/07/01 21 UTC

O tratamento puramente dinâmico das trajetórias sugere que as emissões


liberadas nas proximidades da Serra dos Órgãos, durante o período noturno, poderão ser
críticas para a população situada mais ao Norte da Bacia Aérea III, dependendo do grau
de toxicidade dos produtos lançados na atmosfera.

6.3.3 – Trajetórias de seis vias importantes da Bacia Aérea III

As fontes móveis constituem uma das principais fontes de poluição do ar na


Bacia Aérea III, juntamente com as industriais, queima de lixo, transporte e estocagem
de combustíveis. A tecnologia, a qualidade do combustível e o estado de manutenção de
veículos exercem influência decisiva na massa de poluentes emitidos para a atmosfera.
Devido à contribuição da massa de poluentes veiculares na qualidade do ar resolveu-se
calcular as trajetórias seguidas pelos poluentes emitidos por veículos que trafegam em
seis vias importantes da Bacia Aérea III, figuras 6.3.3a e 6.3.3b, nos horários críticos de
tráfego, às 12 horas e às 21 horas UTC que correspondem, respectivamente às 9 horas e
18 horas local. Para uma análise mais acurada da influência do escoamento tipo brisa
marinha e terrestre, calculou-se as trajetórias das seis vias individualmente nos horários
citados. As vias foram discretizadas em setores e esses sub-discretizados em cinco
pontos para melhor visualizar as trajetórias. Assumiu-se a altura de emissão ao nível do
solo, considerando o cano de descarga como fonte.

95
Figura 6.3.3a: Seis Vias Importantes
14/07/2001 12 UTC

Figura 6.3.3b: Seis Vias Importantes


14/07/2001 21 UTC

6.3.3.1 – Rodovia Presidente Washington Luiz – BR 040

Na seqüência de figuras de 6.3.3.1a a 6.3.3.1e as simulações indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 12 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 1500 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem em direção a Leste com altura variando em torno de 50m, passando sobre a
Baía de Guanabara e Ilha do Governador. A partir do fundo da Baía, os poluentes
começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Seguindo a direção Sul-Sudeste
descem até 900m, ultrapassam o maciço da Tijuca e alcançam a Zona Sul da cidade do
Rio de Janeiro.

96
Os poluentes emitidos no setor 2 também seguem em direção a Leste com altura
variando em torno de 50m, passando próximos ao fundo da Baía. A partir do fundo da
Baía, os poluentes começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Seguindo a
direção Sul-Sudeste descem até 900m, ultrapassam o maciço da Tijuca e alcançam a
Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Os poluentes emitidos no setor 3 também seguem em direção a Leste com altura
variando em torno de 50m, passando no fundo da Baía. A partir desse ponto, os
poluentes começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Seguindo a direção Sul-
Sudeste descem até 900m, ultrapassam o maciço da Tijuca, chegando mais a Oeste da
Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Os poluentes emitidos no setor 4 continuam seguindo a direção Leste com altura
variando em torno de 50m, passando no continente. A partir desse ponto, os poluentes
começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Seguindo a direção Sul-Sudeste
descem até 900m, ultrapassando o maciço da Pedra Branca alcançam a Baía de
Sepetiba.
Os poluentes emitidos no setor 5 seguem na direção Leste com altura variando
em torno de 50m, passando sobre o continente mais ao Norte. A partir desse ponto, os
poluentes começam a ascender, alcançando 2000m de altitude. Seguindo a direção Sul-
Sudeste descem até 900m, ultrapassando o maciço da Pedra Branca alcançam a Baía de
Sepetiba.

Figura 6.3.3.1a: Rodovia Presidente Washington


Luiz, Setor 1, 14/07/01 12 UTC

97
Figura 6.3.3.1b: Rodovia Presidente Washington
Luiz, Setor 2, 14/0701 12 UTC

Figura 6.3.3.1c: Rodovia Presidente Washington


Luiz, Setor 3, 14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.1d: Rodovia Presidente Washington


Luiz, Setor 4, 14/07/01 12 UTC

98
Figura 6.3.3.1e: Rodovia Presidente Washington
Luiz, Setor 5, 14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.1f: Rodovia Presidente Washington


Luiz, Setor 1, 14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.1g: Rodovia Presidente Washington


Luiz, Setor 2, 14/07/01 21 UTC

99
Figura 6.3.3.1h: Rodovia Presidente Washington
Luiz, Setor 3, 14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.1i: Rodovia Presidente Washington


Luiz, Setor 4, 14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.1j: Rodovia Presidente Washington


Luiz, Setor 5, 14/07/01 21 UTC

100
6.3.3.2 – Rodovia Rio Teresópolis – BR 116

Na seqüência de figuras de 6.3.3.2a a 6.3.3.2d as simulações indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 12 UTC, nos quatro setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 1500 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem as direções Leste e Nordeste com altura variando em torno de 50m. Seguindo
a direção Norte os poluentes começam a ascender, alcançando 1300m de altitude. Na
direção Sudoeste ascendem até 1700m. Ultrapassando o maciço da Pedra Branca a
1000m de altitude alcançam a Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, próximo a
Sepetiba.
Os poluentes emitidos no setor 2 também seguem as direções Leste e Nordeste
com altura variando em torno de 50m. Seguindo a direção Norte os poluentes começam
a ascender, alcançando 1300m de altitude. Na direção Sudoeste ascendem até 1700m,
ultrapassam. Ultrapassando o maciço da Pedra Branca a 1000m de altitude alcançam
Sepetiba na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, em torno de 600m.
Os poluentes emitidos no setor 3 seguem em direção a Nordeste com altura
variando em torno de 50m. Na direção Norte, ascendem até 1000m de altitude. Na
direção Sul, seguem quatro trajetórias que alcançam 1700m de altitude. Ultrapassando o
maciço da Tijuca a 1700m dirigem para o oceano na direção Sul. Uma trajetória segue
para Sudeste a 1700m de altitude.
Os poluentes emitidos no setor 4 seguem em direção a Nordeste-Norte com
altura variando em torno de 50m. Na direção Norte, ascendem até 1000m de altitude.
Na direção Sul, alcançam a altitude de 1700m de altitude. Passando sobre o maciço da
Tijuca a 1700m de altitude alcançam o oceano em torno de 1300m de altitude na
direção do município de São Gonçalo.

101
Figura 6.3.3.2a: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 1,
14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.2b: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 2,


14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.2c: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 3,


14/07/01 12 UTC

102
Figura 6.3.3.2d: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 4,
14/07/01 12 UTC

Na seqüência de figuras de 6.3.3.2e a 6.3.3.2h os resultados indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 21 UTC, nos quatro setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 300 metros. Os poluentes inicialmente
seguem em direção a Noroeste-Sudoeste-Oeste. A partir da direção Oeste, os poluentes
emitidos no setor 1 seguem em direção ao Sul com altura variando em torno de 150m a
200m de altitude. Os poluentes emitidos nos setores 2, 3 e 4 seguem também em direção
ao Sul, ultrapassando o maciço da Pedra Branca com altura variando em torno de 400m.
Seguindo em direção ao oceano, passam por Sepetiba em torno de 150 m de altitude.

Figura 6.3.3.2e: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 1,


14/07/01 21 UTC

103
Figura 6.3.3.2f: Rodovia Rio-Teresópolis,Setor 2,
14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.2g: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 3,


14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.2h: Rodovia Rio-Teresópolis, Setor 4,


14/07/01 21 UTC

104
6.3.3.3 – Rodovia Presidente Dutra – BR 116

Na seqüência de figuras de 6.3.3.3a a 6.3.3.3e os resultados indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 12 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 1500 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem na direção Leste-Norte com altura variando em torno de 50m. Na direção
Norte, os poluentes ascendem até 1000m de altitude. Na direção Noroeste-Oeste
seguem cinco trajetórias. Três trajetórias alcançam 650m de altitude. Duas seguem em
direção a Noroeste e uma em direção a Oeste. Duas trajetórias seguem para Sudoeste
em direção a Sepetiba em torno de 1300m de altitude.
Os poluentes emitidos no setor 2 seguem na direção Leste-Norte com altura
variando em torno de 50m. Na direção Norte, os poluentes ascendem até 1000m de
altitude. Em direção a Nor-Noroeste-Sudoeste alcançam a Baía de Sepetiba e o oceano,
em torno de 1000 de altitude.
Os poluentes emitidos no setor 3 também seguem em direção a Leste com altura
variando em torno de 50m.
Os poluentes emitidos no setor 4 continuam seguindo a direção Leste-Norte com
altura variando em torno de 50m. Em direção ao Norte, alcançam 1000m de altitude.
Seguindo em direção ao Oeste, permanecem em torno de 1000m de altitude. Os
poluentes emitidos no setor 5 seguem direção similar aos poluentes emitidos no setor 4.

Figura 6.3.3.3a: Via Presidente Dutra, Setor 1,


14/07/01 12 UTC

105
Figura 6.3.3.3b: Via Presidente Dutra, Setor 2,
14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.3c: Via Presidente Dutra, Setor 3,


14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.3d: Via Presidente Dutra, Setor 4,


14/07/01 12 UTC

106
Figura 6.3.3.3e: Via Presidente Dutra, Setor 5,
14/07/01 12 UTC

Na seqüência de figuras de 6.3.3.3f a 6.3.3.3j os resultados indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 21 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, em direção a Noroeste-Oeste, em torno de 150 metros de altitude.

Figura 6.3.3.3f: Via Presidente Dutra, Setor 1,


14/07/01 21 UTC

107
Figura 6.3.3.3g: Via Presidente Dutra, Setor2,
14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.3h: Via Presidente Dutra, Setor 3,


14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.3i: Via Presidente Dutra, Setor 4,


14/07/01 21 UTC

108
Figura 6.3.3.3j: Via Presidente Dutra, Setor 5,
14/07/01 21 UTC

6.3.3.4 – Avenida Brasil

Na seqüência de figuras de 6.3.3.4a a 6.3.3.4e os resultados indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 12 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 1300 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem em direção a Sudeste em torno de 50m de altitude. Prosseguindo ainda nessa
altitude, seguem em direção Nor-Noroeste, passando sobre a Baía de Guanabara e Ilha
do Governado. No fundo da Baía, os poluentes começam a ascender, alcançando 1000m
de altitude. A partir dessa altitude, seguem em direção ao Oeste-Sudoeste em torno de
700m.
Os poluentes emitidos no setor 2 também seguem em direção a Sudeste em torno
de 50m de altitude. Prosseguindo ainda nessa altitude, seguem em direção Nor-
Noroeste, passando mais a leste na Baía de Guanabara. No fundo da Baía, os poluentes
começam a ascender, alcançando 1000m de altitude. A partir dessa altitude, seguem
cinco trajetórias distintas na direção geral de Sudoeste. Alcançam a Zona Oeste da
cidade do Rio de Janeiro e a Baía de Sepetiba em torno de 450m de altitude.
Os poluentes emitidos no setor 3 seguem a direção Leste-Norte com altura
variando em torno de 50m, passando sobre a Baía de Guanabara e Ilha do Governador.
Na direção Norte alcança 1000m de altitude e 1700m na direção Sudoeste.

109
Ultrapassando o maciço da Tijuca, em torno de 1300m, segue para o oceano na direção
Sudoeste. Os poluentes emitidos no setor 4 continuam seguindo a direção Leste-Norte
em torno de 50m, alcançando 1000m sobre o continente. Uma trajetória segue para
Sudoeste a 1000m de altitude. Quatro trajetórias seguem para Noroeste com a altura
oscilando em torno de 300 e 500m de altitude. Os poluentes emitidos no setor 5 seguem
na direção Leste-Norte-Noroeste em torno de 50m, até alcançarem 1000m. As cinco
trajetórias seguem para Oeste em torno de 1000m de altitude.

Figura 6.3.3.4a: Avenida Brasil, Setor 1,


14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.4b: Avenida Brasil, Setor 2,


14/07/01 12 UTC

110
Figura 6.3.3.4c: Avenida Brasil, Setor 3,
14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.4d: Avenida Brasil, Setor 4,


14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.4e: Avenida Brasil, Setor 5,


14/07/01 12 UTC

111
Na seqüência de figuras de 6.3.3.4f a 6.3.3.4j os resultados sugerem que os
poluentes emitidos no horário crítico das 21 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 550 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem em direção a Noroeste-Oeste em torno de 50m. Ascendem a 500m e depois
descem a 50m na direção Oeste. Seguindo para Sul alcançam a Baía de Sepetiba em
torno de 50m de altitude. Os poluentes emitidos nos setores 2 e 3 seguem a direção a
Noroeste-Oeste em torno de 50m de altitude. Os poluentes emitidos no setor 4 seguem
em direção ao Oeste com altura oscilando entre 50 e 300m de altitude. Os poluentes
emitidos no setor 5 seguem em direção ao Oeste em torno de 50m de altitude.

Figura 6.3.3.4f: Avenida Brasil, Setor 1,


14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.4g: Avenida Brasil, Setor 2,


14/07/01 21 UTC

112
Figura 6.3.3.4h: Avenida Brasil, Setor 3,
14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.4i: Avenida Brasil, Setor 4,


14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.4j: Avenida Brasil, Setor 5,


14/07/01 21 UTC

113
6.3.3.5 – Linha Amarela

Na seqüência de figuras de 6.3.3.5a a 6.3.3.5e os resultados sugerem que os


poluentes emitidos no horário crítico das 12 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 1300 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem em direção a Sudeste alcançando Niterói em torno de 50m de altitude.
Prosseguindo ainda nessa altitude, seguem em direção ao Norte, passando sobre a Baía
de Guanabara. No fundo da Baía, os poluentes começam a ascender, alcançando 1000m
de altitude. A partir dessa altitude, seguem em direção a Sudoeste em cinco trajetórias
com altura oscilando entre 150 e 550 metros de altitude. Uma trajetória ultrapassa o
maciço da Tijuca e as outras quatro alcançam o oceano, passando por Sepetiba, em
torno de 300 metros de altitude.
Os poluentes emitidos no setor 2 também seguem em direção a Sudeste
alcançando Niterói em torno de 50m de altitude. Prosseguindo ainda nessa altitude,
seguem em direção ao Norte, alcançando alturas que variam de 1000 a 1700 metros de
altitude. Seguindo a direção Oeste-Sudoeste quatro trajetórias alcançam a altitude de
700 metros. Uma trajetória alcança a Baía de Sepetiba em torno de 500m de altitude.
Os poluentes emitidos no setor 3 seguem a direção Sudeste, alcançando Niterói
em torno de 50m de altitude. Prosseguindo ainda nessa altitude, seguem em direção ao
Norte, alcançando alturas que variam de 1000 a 1700 metros de altitude. Seguindo a
direção Oeste-Sudoeste alcançam 700 metros de altitude. Os poluentes emitidos no setor
4 seguem na direção Sudeste-Norte, em torno de 50m, passando pela Ilha do
Governador e alcançando 900m. As cinco trajetórias seguem para Sudoeste em torno de
900m de altitude. Os poluentes emitidos no setor 5 seguem a direção Sudeste em torno
de 250 m alcançando a Baía de Guanabara. Seguindo em direção ao Norte alcançam
1000m. Seguem para Noroeste em torno de 450 metros de altitude.

114
Figura 6.3.3.5a: Linha Amarela, Setor 1,
14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.5b: Linha Amarela, Setor 2,


14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.5c: Linha Amarela, Setor 3,


14/07/01 12 UTC

115
Figura 6.3.3.5d: Linha Amarela, Setor 4,
14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.5e: Linha Amarela, Setor 5,


14/07/01 12 UTC

Na seqüência de figuras de 6.2.3.5f a 6.2.3.5j os resultados indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 21 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 300 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem em direção a Oeste em torno de 150 a 300m. Seguindo para Sul alcançam a
Baía de Sepetiba em torno de 50m de altitude. Os poluentes emitidos nos setores 2 e 3
seguem em direção a Oeste, oscilando em torno de 50m a 150 metros de altitude. Os
poluentes emitidos nos setores 4 e 5 seguem em direção ao Oeste com altura oscilando
entre 50 e 100m de altitude.

116
Figura 6.3.3.5f: Linha Amarela, Setor 1,
14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.5g: Linha Amarela, Setor 2,


14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.5h: Linha Amarela, Setor 3,


14/07/01 21 UTC

117
Figura 6.3.3.5i: Linha Amarela, Setor 4,
14/07/01 21 UTC

6.3.3.6 – Linha Vermelha

Na seqüência de figuras de 6.3.3.6a a 6.3.3.6e os resultados indicam que os


poluentes emitidos no horário crítico das 12 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 1700 metros. Os poluentes emitidos no setor
1 seguem em direção a Leste-Nordeste-Norte, sobre a Baía de Guanabara, em torno de
50m de altitude. No continente, os poluentes começam a ascender, alcançando 900m de
altitude. A partir dessa altitude, seguem em direção a Oeste em quatro trajetórias com
altura oscilando entre 1300 e 800 metros de altitude. Uma trajetória ultrapassa o maciço
da Tijuca a 1000m de altitude, alcançando o oceano a sudoeste. Os poluentes emitidos
no setor 2 também seguem em direção a Leste-Nordeste-Norte, passando sobre a Baía
de Guanabara e Ilha do Governador, em torno de 50m de altitude. A partir de 1000m
seguem em direção ao Sul-Sudoeste, ultrapassando o maciço da Tijuca e alcançando o
oceano. Os poluentes emitidos no setor 3 seguem direção similar ao setor 2 e altitudes
próximas. Os poluentes emitidos no setor 4 seguem em direção a Leste-Norte, passando
sobre a Baía de Guanabara, em torno de 50m de altitude. Alcançando 1000m de altitude
seguem a direção sudoeste, ultrapassando o maciço da Pedra Branca, alcançam Sepetiba
a 450m e o oceano a 1000m de altitude. Os poluentes emitidos no setor 5 seguem a
direção Sudeste em torno de 50m, alcançando Niterói. Seguindo em direção ao Norte

118
duas trajetórias alcançam 1300m e outras duas alcançam 1000m. As trajetórias que
alcançaram 1300m seguem para Oeste-Sudoeste em torno de 800 metros de altitude. As
trajetórias que alcançaram 1000m seguem direção Sudoeste-Sul, alcançando 500m de
altitude.

Figura 6.3.3.6a: Linha Vermelha, Setor 1,


14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.6b: Linha Vermelha, Setor 2,


14/07/01 12 UTC

119
Figura 6.3.3.6c: Linha Vermelha, Setor 3,
14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.6d: Linha Vermelha, Setor 4,


14/07/01 12 UTC

Figura 6.3.3.6e: Linha Vermelha, Setor 5,


14/07/01 12 UTC

120
Na seqüência de figuras de 6.3.3.6f a 6.3.3.6j os resultados indicam que os
poluentes emitidos no horário crítico das 21 UTC, nos cinco setores, são transportados
na CLP, alcançando uma altitude inferior a 100 metros. Os poluentes emitidos nos
setores 1, 2, 3, 4 e 5 seguem em direção a Noroeste-Oeste em torno de 50m de altitude.

Figura 6.3.3.6f: Linha Vermelha, Setor 1,


14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3.6g: Linha Vermelha, Setor 2,


14/07/01 21 UTC

121
Figura 6.3.3.6h: Linha Vermelha, Setor 3
14/07/01 21 UTC

Figura 6.3.3i.6i: Linha Vermelha, Setor 4


14/07/01 21 UTC

De acordo com as simulações apresentadas, as trajetórias seguidas pelos


poluentes emitidos nas seis vias sugerem a existência de um corredor de circulação de
parcelas de ar em mesoescala entre setores fonte e não fonte de poluentes na Bacia
Aérea III. Esse corredor de circulação de parcelas de ar, que transporta poluentes
gerados na Bacia Aérea III evidencia a importância das circulações locais regidas pelo
ciclo diurno e influenciadas pela proximidade à Baía de Guanabara e a topografia local.
As simulações e a análise espacial sugerem uma concentração maior de
poluentes nos locais situados no setor oeste da Bacia, a sotavento dos morrotes, no

122
período da tarde, em conseqüência do efeito downwash. Portanto, esses locais devem
ser monitorados com maior freqüência, não esquecendo de considerar os horários de
maior emissão das fontes móveis.

6.4 Trajetórias de fontes fixas

Para evitar constrangimentos e até problemas legais optou-se por calcular


algumas trajetórias de fontes fixas hipotéticas, assumindo a altura de emissão de
poluentes a 50m, 100m e 150m para as estações de inverno e verão nos horários de 6 e
18 horas local. Os testes realizados com três grades diferentes para o verão e duas para o
inverno, mostrados nas figuras de 6.4a a 6.4e, sugerem que os poluentes emitidos em
chaminés alcançam rapidamente altitudes que variam de 350 a 500m, seguindo em
direção ao oceano. As figuras 6.4a e 6.4d, sugerem que os poluentes acompanham o
escoamento de larga escala controlado pelo centro de alta pressão do Atlântico Sul.
Os teste sugerem que as emissões em altitudes elevadas, diferentemente das
realizadas ao nível do solo, contribuem menos para a má qualidade do ar da Bacia Aérea
III. Esses resultados reforçam a necessidade de um controle maior das fontes móveis,
circulando na Bacia Aérea III.

Figura 6.4a Grade de 40 x 40 Km

123
Figura 6. 4b Grade 10 x 10 Km

Figura 6.4c Grade 2,5 x 2,5 Km

Figura 6.4e Grade 10 x 10 Km

124
Capítulo 7

Conclusões

A montagem do SIG, como suporte à análise espacial, além de proporcionar a


re-delimitação da Bacia Aérea III, mostrou-se relevante até para a modelagem
atmosférica, apesar de limitações. O modelo digital de terreno da Bacia, subproduto do
SIG, juntamente com a análise espacial mostrou que, embora a Bacia Aérea III
apresente uma área relativamente plana, a implantação de considerável número de
indústrias fora das ZEI e ZUPI, o elevado número de fontes fixas e móveis e a elevada
acessibilidade da Bacia são fatores que comprometem a qualidade do ar local e,
conseqüentemente, a saúde de crianças e idosos. Os maciços, por suas orientações,
dificultam a dispersão de poluentes em alguns setores da Bacia e as pequenas elevações,
por sua vez, podem favorecer a concentração de poluentes devido ao efeito downwash.

A modelagem atmosférica realizada com o modelo RAMS 4.3 mostrou a


importância de se considerar o sistema de mesoescala tipo brisa nas decisões que visam
o controle da qualidade do ar da Bacia. O modelo de trajetórias cinemáticas, ao
diagnosticar a deposição seca do catalisador “silicato de sódio”, mostrou que é uma
excelente ferramenta de investigação para acidentes atmosféricos e montagem de
cenários para tomada de decisão. Além de sugerir a existência de corredores
exportadores e importadores de poluição na Bacia, esse modelo mostrou ainda que a
localização e a altura da fonte emissora, a estação do ano e a hora de emissão de
poluentes são fatores relevantes para a qualidade do ar. O controle da qualidade do ar
pode ser exercido em cima das três variáveis, todavia, as variáveis estações do ano e
hora de emissão de poluentes apresentariam controle polêmico em relação a variável
altura da fonte emissora.

A qualidade dos dados de reanálises do NCEP/NCAR/2001 possibilitou a


captura de informações de larga e mesoescala, permitindo assim, o conhecimento de

125
aspectos importantes das condições da atmosfera local nos meses de janeiro e julho.
Dessa forma, contornou-se a escassez de informações de superfície e de altitude na
Bacia. A alta resolução da grade de 2,5 x 2,5 km, utilizada no domínio da Bacia Aérea
III, tornou possível a não consideração dos efeitos sub-grade da convecção úmida e
profunda na velocidade vertical resolvível da parcela de ar.

Teoricamente, a turbulência mecânica e térmica mistura os poluentes na Camada


Limite Diurna, transportando-os verticalmente até homogenizar toda a camada de
mistura. Na direção horizontal, a advecção domina o transporte, deslocando os
poluentes na direção do escoamento dentro da CLP. Na Bacia Aérea III, os resultados
sugerem que os poluentes são transportados verticalmente na parte da manhã, até às 12
horas, devido à fraca intensidade da brisa terrestre e a turbulência térmica, e
horizontalmente a partir desse horário devido ao forte gradiente térmico entre o
continente, o oceano e a Baía de Guanabara, caracterizado pela brisa marinha. A
inversão do escoamento à superfície, caracterizada pelas brisas e a existência de
corredor de parcelas de ar, que transporta poluentes, sugerem que somente medidas de
comando e controle poderão mitigar os impactos das emissões na área da Bacia Aérea
III.

De um modo geral, os resultados sugerem que o gerenciamento da qualidade do


ar da Bacia Aérea III deve enfocar, principalmente o controle da poluição veicular. Esse
controle se impõe ao das fontes fixas, porque o número de veículos é muito superior ao
de indústrias potencialmente poluidoras, e por esses emitirem poluentes precursores de
ozônio e material particulado em toda extensão da Bacia no nível respirável. A
obrigatoriedade do lançamento de emissões de veículos pesados, acima do nível
respirável, certamente que seria uma medida de baixo custo para os empresários e que
reverteria em benefícios à sociedade.

O desmatamento das encostas, o processo de favelização que se verifica em


alguns municípios e o péssimo sistema de coleta de lixo domiciliar, certamente, que
contribuem muito para a geração de material particulado (MP) de origem inorgânica.

126
7.1 – Sugestões para futuros trabalhos

Os resultados a que se chegou deixam o campo aberto para outras pesquisas na


mesma área. Como sugestões para futuras pesquisas sugerimos:

? Re-delimitação das Bacias Aéreas I, II e IV;


? Completar o SIG da Bacia Aérea III;
? Montar um SIG para cada Bacia Aérea;
? Calcular as trajetórias de outras vias importantes das quatro Bacias Aéreas;
? Calcular as trajetórias de saída e chegada em pontos estratégicos das quatro
Bacias Aéreas;
? Simular a Ilha de Calor da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e estudar
sua influência na penetração do sistema de mesoescala tipo brisa;
? Sensibilizar as indústrias das quatro bacias da importância do cálculo das
trajetórias de poluentes na RMRJ.

127
Capítulo 8

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136
ANEXO 1

Tabela 10 Padrões de Qualidade do Ar para os poluentes critérios.


TEMPO DE PADRÃO PADRÃO MÉTODO
POLUENTES AMOSTRAGEM PRIMÁRIO SECUNDÁRIO DE
µg/m3 µg/m3 MEDIÇÃO
Partículas Totais 24 horas (1) 240 150 Amostrador de
em Suspensão mga (2) 80 60 grandes
volumes
Partículas 24 horas (1) 150 150 Separação
Inaláveis MAA (3) 50 50 Inercial/filtraçã
o
Dióxido de 24 horas 365 100 Pararosanilina
Enxofre MAA (3) 80 40
Dióxido de 1 hora (1) 320 190 Quimilumines-
Nitrogênio MAA (3) 100 100 cência
Monóxido de 1 hora (1) 40.000 40.000
carbono 35 ppm 35 ppm Infravermelho
8 horas 10.000 10.000 não dispersivo
9 ppm 9 ppm
Ozônio 1 hora (1) 160 160 Quimilumines-
cência
Fumaça 24 horas (1) 150 100 Refletância
MAA (3) 60 40
(1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano. (2) Média geométrica anual
(3) Média aritmética anual
µg/m3 = micro grama por metro cúbico
Fonte: Resolução CONAMA nº 003/90.

137
ANEXO 2

Alguns poluentes não regulamentados e variação típica observada de áreas


remotas a episódios de poluição severa do ar em áreas urbanas
Poluentes não regulamentados Concentrações típicas
Espécies nitrogenadas
Óxido nítrico No 0.02 – 2000ppb
Peroxiacetilnitrato PAN 0.05 – 70 ppb
Äcido nítrico HNO3 <0.1 – 50 ppb
Ácido Nitroso HNO5 <0.03 – 10 ppb
Radical Nitrato NO3 <5 – 430 ppt
Dinitrogênio pentóxi* N2O5 <= 15 ppb
Amônia NH4 <0.02 – 100 ppb
Orgânicos oxigenados
Formaldeído HCHO <0.5 – 75 ppb
Ácido fórmico <=20 ppb
Metanol <=40 ppb-
*Calculado a partir de concentrações de NO3 e NO2 no ambiente.
Fonte: Finlayson-Pitts & Pitts, Jr. [45].

Estimativas de taxas de emissões de COV global (Tg de C/ano)*


Fonte Isopreno Monoterpeno Outros Outros Total de COV
orgânicos orgânicos
mais reativos** menos reativos***
Bosque 372 95 177 177 821
Cultivos 24 6 45 45 120
Arbusto 103 25 33 33 194
Oceanos 0 0 2.5 2.5 5
Outros 4 1 2 2 9
Todos 503 127 260 260 1150
*Guenther et al. (1995)
**Definido como tendo existência de <1 dia sob condições troposféricas típicas
***Definido como tendo existência de >1 dia.
Fonte: Finlayson-Pitts & Pitts, Jr. [45].

Estimativas de eimissões global para CO, NOX, CH4 e COV de fontes


naturais e antrópicas (Tg/ano)*
Fontes Queima de Fontes biogênicas Oceanos Total
antrópicas biomassa Continental**
CO 383 730 165 165 1440
NOaX 72 18 22 0.01 122
CH4 132 54 310 10 506
COV 98 51 500 30 – 300 750
*Fonte: Müller [46].
**Inclue emissões microbiológicas, animal e folhagens
a
Expressado como NO2 .

138
ANEXO 3

Equações básicas utilizadas no modelo RAMS 4.3 para o caso não hidrostático

Equação do movimento

∂u ∂u ∂u ∂u ∂π ' ∂⎛ ∂u ⎞ ∂ ⎛ ∂u ⎞ ∂ ⎛ ∂u ⎞
= −u − v − w − θ + fv + ⎜ K m ⎟ + ⎜⎜ K m ⎟⎟ + ⎜ K m ⎟ (1)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠

∂v ∂v ∂v ∂v ∂π ' ∂ ⎛ ∂v ⎞ ∂ ⎛ ∂v ⎞ ∂ ⎛ ∂v ⎞
= −u − v − w − θ − fu + ⎜ K m ⎟ + ⎜⎜ K m ⎟⎟ + ⎜ K m ⎟ (2)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠

∂w ∂w ∂w ∂v ∂π ' gθ v' ∂ ⎛ ∂w ⎞ ∂ ⎛ ∂w ⎞ ∂ ⎛ ∂w ⎞
= −u − v − w −θ − + ⎜ Km ⎟ + ⎜⎜ K m ⎟⎟ + ⎜ K m ⎟ (3)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y θ 0 ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠

Equação Termodinâmica

∂θ il ∂θ ∂θ ∂θ ∂ ⎛ ∂θ ⎞ ∂ ⎛ ∂θ ⎞ ∂ ⎛ ∂θ ⎞ ⎛ ∂θ ⎞
= −u il − v il − w il + ⎜ K h il ⎟ + ⎜⎜ K h il ⎟⎟ + ⎜ K h il ⎟ + ⎜ il ⎟ (4)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠ ⎝ ∂t ⎠

Equação da Continuidade e Razão de Mistura

∂ rn ∂r ∂r ∂r ∂ ⎛ ∂r ⎞ ∂ ⎛ ∂r ⎞ ∂ ⎛ ∂r ⎞
= −u n − v n − w n + ⎜Kh n ⎟ + ⎜⎜ K h n ⎟⎟ + ⎜Kh n ⎟ (5)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠

Equação da Conservação da Massa

∂π ' Rπ 0 ⎛ ∂ρ 0θ 0 u ∂ρ 0θ 0 v ∂ρ 0θ 0 w ⎞
=− ⎜⎜ + + ⎟ (6)
∂t cv ρ 0θ 0 ⎝ ∂x ∂y ∂z ⎟⎠

Equação da Hidrostática

∂π Rπ 0 ⎛ ∂ρ 0 θ 0 u ∂ρ 0 θ 0 v ∂ρ 0 θ 0 w ⎞
=− ⎜⎜ + + ⎟ (7)
∂z cV ρ 0 θ 0 ⎝ ∂x ∂y ∂z ⎟⎠

onde u é componente zonal leste/oeste, v componente meridional sul/norte, w


componente vertical, Km coeficiente de troca turbulenta de momento, Kh coeficiente de
troca turbulenta viscosa de calor e umidade, θ il temperatura potencial do gelo e da água,

θ 0 é a temperatura potencial do estado básico (ambiente), θ v é a temperatura potencial

139
virtual, θ v = θ (1,0 − 0,61q ) , rn espécies de razão de mistura liquida do total de água,
R
⎛ p⎞ cp
chuva, cristal e neve, π = c p ⎜⎜ ⎟⎟ , função de Exner total, π perturbação da função
⎝ ps ⎠
de Exner, ρ densidade, rad denota a tendência para a parametrização da radiação, rt
razão de mistura total e rv vapor da água e o índice n refere-se a cada espécie em
separado.
Os três últimos termos das equações 1, 2 e 3 referem-se à contribuição da
escala da subgrade às variações do momento na forma de transporte turbulento.

140
ANEXO 4

Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III.
Indústria Município Tipologia Código da Porte Potencial Poluidor
Tipologia Ar Água Geral
A A
Odor DBO
1 Bayer Belford Química 20.01.30 Grande HC OG A
Roxo PS MS
SO2 TOX
NOX
2 Sadia Duque de Alimentícia 26.22.99 Grande M A
Caxias Odor DBO A
OG
MS
47.51.10 Não Não Não
Transporte especi- especifi- especifi-
por oleoduto ficado cado na cado na
e gasoduto na norma norma.
3 Petrobrás Duque de Petroquímica 31.22.25 Médio norma Adotado
DTSE- Caxias Estocagem de alto
GECAM produtos potenci-
derivados de al de .
refino de risco de
petróleo vazame
ntos.
A A
Odor DBO
4 Reduc Duque de Petroquímica 20.11.10 Excepci- HC OG A
Caxias onal PS STOX
SO2
NOX
5 Clariant Duque de Química 20.73.99 Médio M A DBO
Caxias PS OG A
MS
STOX
6 Nitriflex Duque de Química 20.21.10 Médio M M M
Caxias Odor DBO
HC OG
MS
7 Petrobrás Duque de Química 20.16.10 Médio A A
Distrib. Caxias Odor DBO
FABR Hc OG A
SO2 STOX
NOx
8 Petroflex Duque de Química 20.03.99 Médio M M
Caxias Odor DBO
HC OG M
MS
STOX
9 Polibrasil Duque de Química 20.21.10 Médio M M
Caxias Odor DBO M
HC OG
MS

141
Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III,
(Continuação).
10 Nova Duque de Têxtil 24.21.50 Médio M A A
América Caxias Odor DBO
HC STOX
11 Eluma Nova Metalúrgica 11.13.99 Médio M A A
Marvin Iguaçú Odor DBO
HC STOX
12 Bergitex Nova Têxtil 24.21.75 Médio M A A
Iguaçú Odor DBO
HC STOX
13 Gofra Nova Têxtil 25.71.99 Médio B B B
Inega Iguaçú
14 Piraquê Rio de Alimentícia 26.91.50 Médio M A
Janeiro Odor DBO A
HC OG
MS
15 Plus Vita Rio de Alimentícia 26.71.99 Grande D D D
Janeiro
16 Refinaria Rio de Alimentícia 26.52.99 Médio A A DBO A
Piedade Janeiro OS OG
SO2 MS
17 RJ Rio de Bebidas 27.41.99 Médio B M M
Refrescos Janeiro DBO
18 Sanofi Rio de Farmacêutica 21.12.99 Médio B B B
|Janeiro
11.82.99 M A A
SO2 MS
Rio de STOX
19 Varig Janeiro Galvânica 14.72.99 Grande
Reparos de M M M
Turbinas HC OG
STOX
20 Therma- Rio de Metalúrgica 11.82.99 Médio M A A
dyne Janeiro SO2 MS
Victor STOX
21 Apolo Rio de Metalúrgica 11.05.10 Médio A A A
Produtos Janeiro PS OG
de Aço MS
22 Armco Rio de Metalúrgica 11.04.99 Médio A A A
Staco Janeiro PS OG
STOX
23 Eaton Rio de Metalúrgica 13.11.99 Médio B B B
Janeiro
24 Fabrimar Rio de Metalúrgica 11.51.99 Médio B M M
Janeiro OG
STOX
25 General Rio de Metalúrgica 13.31.10 Grande M B M
Eletric Janeiro OS
SO2

142
Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III,
(Continuação).
Metalúrgica 22.11.99 Médio M A A
Odor DBO
26 Gillete Rio de Cosméticos Pefumaria OG
Janeiro MS
M A A
11.82.99 SO2 MS
Galvânica STOX
31.22.30 Não Não Não
Estocagem de especi- especifi- especifi-
GLP ficado cado na cado na
31.22.15 na norma norma
27 Petrobrás Rio de Petroquímica Estocagem de Médio norma Adotado
DTSE- Janeiro gás alto
CEGUÁ Estocagem potenci-
Produtos al de
derivados de risco de
petróleo vaza-
mentos
A A
Odor DBO
28 Refinaria Rio de Petroquímica 20.11.10 Grande HC OG A
Mangui- Janeiro OS STOX
nhos SO2
NOX
Ciba M M
29 Especiali- Rio de Química 20.62.99 Médio Odor DBO M
dades Janeiro STOX
Químicas
IFF M A
30 Essências Rio de Química 20.51.99 Médio Odor DBO A
e Fragân- Janeiro
cias
A A
Pan Rio de Odor DBO
31 Ameri- Janeiro Química 20.01.20 Médio HC OG A
cana OS MS
SO2 STOX
NOX
M A
32 Procosa Rio de Química 22.11.99 Médio Odor DBO A
Janeiro A OG
MS
A A
Odor DBO
33 Prosint Rio de Química 20.01.40 Médio HC OG A
Janeiro OS MS
SO2 STOX
NOX
M A
34 UFE Rio de Química 22.22.99 Médio Odor DBO A
Janeiro OG
MS

143
Empresas selecionadas para o primeiro ano do PDBG situadas na Bacia Aérea III,
(Continuação).
M A
35 Vulcan Rio de Química 23.11.10 Médio Odor DBO A
Janeiro HC OG
MS
M A
36 De Millus Rio de Têxtil 24.26.50 Médio Odor DBO A
Janeiro HC STOX
M A
37 Fábrica Rio de Têxtil 24.21.50 Pequeno Odor DBO A
Bangu Janeiro HC STOX
M
38 Limpano Rio de Têxtil 24.95.99 Médio B DBO M
Janeiro OG
STOX
M A
39 Sayonara Rio de Têxtil 24.26.50 Médio Odor DBO A
Janeiro HC STOX
União
40 Manuf. de Rio de Têxtil 24.62.50 Pequeno B B B
roupas Janeiro
Fonte: Adaptada de Scheefer [106].

144

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