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PROGRAMA OPERACIONAL CAPITAL HUMANO

Manual

Manual de Formação

Noções sobre o sistema circulatório e


respiratório

Código UFCD:6566
PROGRAMA OPERACIONAL CAPITAL HUMANO

Manual do Formando

Noções sobre o sistema circulatório e respiratório.


UFCD/ Módulo:
Carga Horária: 50 horas
Manual

Este recurso tem como principais objetivos:


Objetivos do Recurso:
• Assistir o formando na contextualização da formação teórica;
(Qual a utilidade do
• Conceder o glossário e bibliografia adicional;
recurso)
• Facultar ao formando a revisão dos saberes e técnicas a utilizar na fase pós-formação.

Este manual foi concebido para ser utilizado como suporte de apoio na Formação:
Deverá servir como apoio na elaboração de exercícios práticos, em trabalhos de grupo e
Metodologia de Aplicação em situações de autoestudo.
e/ou Exploração A organização dos temas/conteúdos segundo um sistema modular tem como objetivo uma
Pedagógica: melhor articulação com o programa de formação.
A Unidade inclui os objetivos específicos, os conteúdos temáticos, diversas propostas de
trabalho, exercícios de autoavaliação e avaliação formativa e algumas questões de
reflexão que podem ser utilizadas para estimular o debate entre os formandos.

▪ Identificar as estruturas do sistema circulatório e suas funções, bem como sinais e sintomas
de alerta de problemas associados.
▪ Identificar as principais implicações para os cuidados de saúde a prestar pelo/a Técnico/a
Auxiliar de Saúde ao utente com alterações do sistema circulatório.
▪ Identificar as estruturas do sistema respiratório e suas funções, bem como sinais e sintomas
de alerta de problemas associados.
▪ Identificar as principais implicações para os cuidados de saúde a prestar pelo/a Técnico/a
Auxiliar de Saúde ao utente com alterações do sistema respiratório.
▪ Explicar que as tarefas que se integram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de
Saúde terão de ser sempre executadas com orientação e supervisão de um profissional de
saúde.
▪ Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão direta do profissional de
saúde e aquelas que podem ser executadas sozinho.
▪ Explicar a importância de manter autocontrolo em situações críticas e de limite. Explicar a
▪ importância de se atualizar e adaptar a novos produtos, materiais, equipamentos e
Objetivos da UFCD tecnologias no âmbito das suas atividades.
▪ Explicar o dever de agir em função das orientações do Profissional de saúde.

▪ Explicar o impacte das suas ações na interação e bem-estar emocional de terceiros.

▪ Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa multidisciplinar.

▪ Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria contínua da qualidade,


no âmbito da sua ação profissional.
▪ Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos definidos no
âmbito das suas atividades.
▪ Explicar a importância de prever e antecipar riscos.

▪ Explicar a importância da concentração na execução das suas tarefas.

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PROGRAMA OPERACIONAL CAPITAL HUMANO
▪ Explicar a importância de desenvolver uma capacidade de alerta que permita sinalizar
situações ou contextos que exijam intervenção.

o Manual
O Sistema Circulatório
▪ O sangue seus constituintes e funções
▪ Os vasos sanguíneos e a circulação sanguínea
▪ O coração e o seu funcionamento
▪ Noções elementares sobre as principais alterações cardiovasculares:
hipertensão arterial; Insuficiência cardíaca; angina de peito; enfarte
agudo do miocárdio; valvulopatias; arritmias; doença vascular
periférica
▪ Sinais e sintomas de alerta Implicações para os cuidados de saúde
o O Sistema Respiratório
▪ Vias respiratórias superiores: nariz e cavidade nasal; rinofaringe;
laringe; traqueia
▪ Vias respiratórias inferiores: brônquios; bronquíolos
Conteúdos Programáticos ▪ Pulmões e a sua função
▪ Fisiologia da respiração: inspiração e expiração
▪ Noções elementares sobre as principais alterações respiratórias:
infeção das vias respiratórias
▪ Pneumonia; bronquiolite; bronquite; asma; doença pulmonar
obstrutiva crónica; insuficiência respiratória; neoplasias pulmonares
▪ Sinais e sintomas de alerta
▪ Implicações para os cuidados de saúde
o Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção
do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde
▪ Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de
executar sob sua supervisão directa

Data da Edição: 01/2021

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PROGRAMA OPERACIONAL CAPITAL HUMANO

Índice
DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................................... 5
Manual
1. O Sistema Circulatório ..................................................................................................................... 5

a. O sangue: seus constituintes e funções ........................................................................................ 5

b. Os vasos sanguíneos e a circulação sanguínea ............................................................................. 8

d. Noções elementares sobre as principais alterações cardiovasculares ........................................ 16

2. O Sistema Respiratório .................................................................................................................. 23

a. Vias respiratórias superiores: nariz e cavidade nasal; rinofaringe; laringe; traqueia ................. 23

b. Vias respiratórias inferiores: brônquios; bronquíolos ................................................................ 24

c. Pulmões e sua função ................................................................................................................. 25

d. Fisiologia da respiração: inspiração e expiração ........................................................................ 26

e. Noções elementares sobre as principais alterações respiratórias: ............................................. 27

3. Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a
Auxiliar de Saúde ............................................................................................................................... 31

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua supervisão
directa ............................................................................................................................................. 31

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a
........................................................................................................................................................ 31

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 32

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DESENVOLVIMENTO

1. O Sistema Circulatório Manual


a. O sangue: seus constituintes e funções

Funções
O sangue tem como funções promover a reparação de tecidos lesionados, colaborar na
resposta imunológica às infeções, conserva a temperatura corporal constante e, ainda, assegurar o
transporte do oxigénio, do dióxido de carbono, dos nutrientes, das hormonas e de alguns produtos de
excreção.

Constituintes

O sangue é constituído em 55% por plasma, menos de 1% plaquetas e glóbulos brancos e cerca de
45% de eritrócito.

Plasma (55% total do


sangue)

Plaquetas + Glob. brancos


(« 1% do total do sangue)

Eritrócitos
(45% do total do sangue)

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Manual
Sangue

Fracção líquida Elementos celulares

Eritrócitos Leucócitos
Plasma Plaquetas
(Glóbulos (Glóbulos
vermelhos) Brancos)

92% água
•Compostos químicos (sais
minerais, oxigénio, dióxido de
carbono, hormonas…)

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Imagem representativa dos constituintes do Sangue:

Manual

Glóbulos
vermelhos
(eritrócitos)
Glóbulos
brancos
(leucócitos)
Plasma

Plaquetas

✓ Glóbulos vermelhos

o Contêm hemoglobina (molécula de cor vermelha que


transporta O2 e CO2).

o São produzidos no interior dos ossos (medula óssea). o

Duram 120 dias.

o São destruídos no baço.

✓ Glóbulos Brancos (leucócitos) o Defendem o organismo contra tumores, microrganismo e

toxinas. o Podem destruir as células invasoras através da diapedese e fagocitose o Podem

produzir anticorpos.

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✓ Plaquetas Manual

o Em caso de rutura dos vasos sanguíneos, reduzem a perda de sangue por hemorragia.
Formam agregados de plaquetas e libertam fibrina (proteína). Coagulação.

o A coagulação dos vasos do cérebro pode causar um acidente vascular cerebral. Se isto
acontece no coração, pode provocar ataque cardíacos e alguns fragmentos dos
coágulos das veias dos membros inferiores, pelve ou do abdómen podem desprender-
se e deslocar-se através da corrente sanguínea aos pulmões e obstruir as artérias
principais que se encontram ali (embolia pulmonar).

b. Os vasos sanguíneos e a circulação sanguínea

Os vasos sanguíneos são classificados em:

✓ Veias: levam o sangue para o coração. As suas paredes são mais finas do que as das artérias

✓ Artérias: levam o sangue que sai do coração. As suas paredes são mais espessas e dilatáveis.

✓ Capilares: levam o sangue aos tecidos. As suas paredes são extremamente finas o que
permite a passagem dos gases para fora do capilar.

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As artérias transportam sangue arterial, excepto a artéria pulmonar que é a única que
transporta sangue venoso, pobre em oxigénio, enquanto as veias transportam sangue venoso, excepto
a veia pulmonar

que é a única que transporta sangue arterial, dos pulmões para o coração.

A circulação sanguínea divide-se em pequena e grande circulação.

A pequena circulação tem como função levar o sangue venoso do coração para os pulmões
para que ocorram as trocas gasosas (CO2 por O2), conseguindo assim que o sangue rico em dióxido
de carbono receba oxigénio e fique rico neste elemento para que depois possa ser disponibilizado às
células.

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Assim, o sangue sai do ventrículo esquerdo (sístole ventricular), segue pela artéria pulmonar
para os capilares pulmonares (onde ocorre a hematose pulmonar – trocas gasosas) e entra novamente
Manual
no coração através das veias pulmonares para a aurícula direita que depois de se contrair (sístole
auricular) passa o sangue para o ventrículo direito que por sua vez também contrai (sístole ventricular)
encaminhando o sangue para a artéria aorta que o levará para todo o corpo.

A grande circulação inicia-se com a passagem do sangue para a artéria aorta (após a sístole
ventricular) que levará o sangue a todas as partes do corpo através as artérias e arteríolas, sendo que
nos capilares de todo o organismo ocorrem novamente trocas, ficando o sangue rico em dióxido de
carbono.

O sangue venoso entrará no coração através da veia cava superior e veia cava inferior,
passando no momento da diástole geral (relaxamento) para a aurícula esquerda, de seguida para o
ventrículo esquerdo (após sístole auricular) que aquando da sístole ventricular passa o sangue venoso
para a artéria pulmonar para que ocorra novamente a pequena circulação e as trocas gasosas
necessárias.

c. O coração
e o seu

Pequena
circulação

Grande
circulação

funcionamento

O coração é
um órgão muscular situado na cavidade torácica, sendo que

são as contrações do tecido muscular cardíaco que permitem que o sangue seja bombeado para todas
as partes do corpo.

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As válvulas fazem parte


da estrutura do coração

Entre as aurícula e o ventrículo direitos existe a válvula tricúspide e entre a aurícula e o ventrículo
esquerdos existe a válvula bicúspide ou mitral.

Estas válvulas impedem o sangue de passar dos ventrículos para as aurículas.

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Válvula Tricúspide e bicúspide

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respiratório

O coração está As aurículas contraem,


relax ado. O sangue provocando a saída do sangue
entra nas aurículas. para os ventrículos.
Sístole
Diástole ventricular
CICLO CARDÍACO
Geral
Sístole
auricular
Os ventrículos
contraem, forçando o
sangue a sair pelas
artérias.
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d. Noções elementares sobre as principais alterações cardiovasculares: hipertensão arterial;


Insuficiência cardíaca; angina de peito; enfarte agudo do miocárdio; valvulopatias; arritmias;
doença vascular periférica e Sinais e sintomas de alerta Implicações para os cuidados de saúde

✓ Hipertensão arterial

A hipertensão arterial é, geralmente, uma infeção sem sintomas na qual a elevação anormal
da pressão dentro das artérias aumenta o risco de perturbações como o AVC, a rutura de um
aneurisma, uma insuficiência cardíaca, um enfarte do miocárdio e lesões do rim.

A palavra «hipertensão» sugere uma tensão excessiva, nervosismo ou stress. No entanto, em


termos médicos, a hipertensão refere-se a um quadro de pressão arterial elevada, independentemente
da causa. Chama-se-lhe «o assassino silencioso» porque, geralmente não causa sintomas durante
muitos anos (até que lesiona um órgão vital).

A hipertensão arterial afeta muitos milhões de pessoas com uma diferença notória conforme
a origem étnica. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde afeta mais de 50 milhões de pessoas, 38 %
dos adultos negros sofrem de hipertensão, em comparação com 29 % de brancos. Perante um nível
determinado de pressão arterial, as consequências da hipertensão são mais graves nas pessoas de raça
negra.

Nos países desenvolvidos, calcula-se que só se diagnostica esta perturbação em dois de cada
três indivíduos que dela sofrem, e só 75 % deles recebem tratamento farmacológico, e este só é
adequado em 45 % dos casos.

Quando se mede a pressão arterial, registam-se dois valores. O mais elevado produz-se quando
o coração se contrai (sístole); o mais baixo corresponde à relaxação entre um batimento e outro
(diástole). A pressão arterial transcreve-se como a pressão sistólica seguida de uma barra e, em
seguida, a pressão diastólica [por exemplo, 120/80 mmHg (milímetros de mercúrio)]. Esta medição
seria lida como «cento e vinte, oitenta».

A pressão arterial elevada define-se como uma pressão sistólica em repouso superior ou igual
a 140 mm Hg, uma pressão diastólica em repouso superior ou igual a 90 mmHg, ou a combinação de
ambas. Na hipertensão, geralmente, tanto a pressão sistólica como a diastólica estão elevadas.
Manual do Formando UFCD: 6566 - Noções sobre o sistema circulatório e respiratório

A hipertensão essencial não tem cura, mas o tratamento previne as complicações. Devido ao facto
de a pressão arterial em si mesma não produzir sintomas, o médico procura evitar tratamentos
incómodos, trabalhosos ou que interfiram com os hábitos de vida. Antes de prescrever a
administração de fármacos, é recomendável aplicar medidas alternativas.

No caso de excesso de peso e de pressão arterial elevada, aconselha-se reduzir o peso até ao
seu nível ideal. Deste modo, são importantes as alterações na dieta em pessoas com diabetes, que são
obesas ou que têm valores de colesterol altos, para manter um bom estado de saúde cardiovascular
em geral. Se se reduzir o consumo de sódio para menos de 2,3 g ou de cloreto de sódio para menos
de 6 g por dia (mantendo um consumo adequado de cálcio, de magnésio e de potássio) e se se reduzir
o consumo diário de álcool para menos de 750 ml de cerveja, 250 ml de vinho ou 65 ml de whisky,
pode não ser necessário o tratamento farmacológico. É também muito útil fazer exercícios aeróbicos
moderados. As pessoas com hipertensão essencial não têm de restringir as suas atividades se têm a
sua pressão arterial controlada. Por último, os fumadores deveriam deixar de fumar.

É aconselhável que as pessoas com pressão arterial elevada controlem a sua pressão no seu
próprio domicílio. Essas pessoas provavelmente estarão mais dispostas a seguir as recomendações do
médico em relação ao tratamento.

✓ Insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca (insuficiência cardíaca congestiva) é uma doença grave em que a


quantidade de sangue que o coração bombeia por minuto (débito cardíaco) é insuficiente para
satisfazer as necessidades de oxigénio e de nutrientes do organismo.

O termo «insuficiência cardíaca» não significa que o coração tenha parado, como algumas
pessoas pensam; significa, isso sim, a redução da capacidade do coração para manter um rendimento
eficaz. A insuficiência cardíaca tem muitas causas, entre as quais há um certo número de doenças; é
muito mais frequente nas pessoas mais velhas, dado que têm uma maior possibilidade de contrair as
doenças que a causam. Apesar de ser um processo que vai piorando lentamente com a passagem do
tempo, as pessoas que sofrem desta perturbação podem viver muitos anos. No entanto, 70 % dos
doentes com esta infeção morrem antes de passados 10 anos a partir do diagnóstico.

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As pessoas com uma insuficiência cardíaca descompensada sentem-se cansadas e débeis


quando levam a cabo alguma atividade física, porque os músculos não recebem um volume adequado
de sangue. Por outro lado, o inchaço pode também causar muitos sintomas. Para além da influência
da gravidade, a localização e os efeitos do edema dependem também do lado do coração que esteja
mais afetado.

Apesar de uma doença de um só lado do coração causar sempre uma insuficiência cardíaca de
ambos os lados, predominam muitas vezes os sintomas de um ou de outro lado.

A insuficiência cardíaca direita tende a produzir uma paragem do sangue que se dirige para o
lado direito do coração. Isto produz inchaço nos pés, nos tornozelos, nas pernas, no fígado e no
abdómen. Por outro lado, a insuficiência do lado esquerdo provoca a acumulação de líquido nos
pulmões (edema pulmonar), o que provoca uma dispneia intensa. No princípio, esta verifica-se
durante um esforço físico, mas à medida que a doença progride, aparece também mesmo em repouso.
Por vezes, a dispneia é noturna, dado que o facto de estar deitado favorece o deslocamento do líquido
para o interior dos pulmões.

A pessoa acorda muitas vezes com dificuldade em respirar ou com sibilos.


O facto de se sentar faz com que o líquido saia dos pulmões e facilite assim a
respiração. As pessoas com insuficiência cardíaca têm por vezes de dormir sentadas
para evitar este efeito. Uma grave acumulação de líquidos (edema pulmonar agudo)
constitui uma situação urgente que pode ser mortal.

O melhor tratamento da insuficiência cardíaca é a prevenção ou o controlo


da causa subjacente. Mas, mesmo que isso não seja possível, os avanços constantes
no tratamento melhoram a qualidade de vida e prolongam-na.

Insuficiência cardíaca crónica: quando a restrição de sal só por si não reduz


a retenção de líquidos, administram-se fármacos diuréticos para aumentar a
produção de urina e extrair o sódio e a água do organismo através dos rins.

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✓ Angina de Peito

A angina, ou angina de peito, é uma dor torácica transitória ou uma sensação de pressão que
se produz quando o músculo cardíaco não recebe oxigénio suficiente.

As necessidades do coração em oxigénio dependem do esforço que tem de efetuar (isto é, a


rapidez com que bate e a força de cada batimento). Os esforços físicos e as emoções aumentam a
atividade do coração, que, por essa razão, necessita de mais oxigénio. Quando as artérias se tornam
mais estreitas ou existe uma obstrução que impeça o aumento da chegada de sangue ao músculo
cardíaco para satisfazer a maior necessidade de oxigénio, pode produzir-se a isquemia e, como
consequência, dor.

Causas:

 É resultado de uma doença das artérias coronárias

 Anomalias da válvula aórtica, especialmente a estenose (estreitamento da válvula aórtica)

 Insuficiência (regurgitação através da válvula aórtica)

 Redução do fluxo sanguíneo

 Espasmo arterial por estreitamento súbito e transitório de uma artéria

 Anemia grave

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Sintomas:

 Aparece de forma característica durante um esforço físico,


dura só alguns minutos e desaparece com o repouso

 Dor forte

 Dor tipo “espasmo”

Tratamento:

 Betabloqueadores

 Anti-agregantes plaquetários

 Angioplastia

✓ Enfarte Agudo do Miocárdio

Diminuição ou interrupção súbita de sangue oxigenado ao coração que entra assim em

sofrimento. • Pulso rápido,

✓ Sinais e sintomas fraco e


irregular
• Sensação de desconforto torácico
• Hipotensão
• Dor pré-cordial
• Inconsciência
• Angústia, ansiedade e agitação

• Náuseas e vómitos

• Sudorese

• Ventilação difícil

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• Se inconsciente PLS

✓ ATUAÇÃO

• Ambiente tranquilo ✓ Arritmias


• Manter a temperatura
• Evitar qualquer tipo de corporal
movimento
• Vigiar funções vitais
• Reforço da confiança
• Verificar se tem medicação
• Se consciente colocar a SOS e caso seja afirmativo
vítima numa posição colocar 1 ou 2 comprimidos
confortável sempre com o debaixo da língua, só sob
tronco ligeiramente mais indicação da central de
elevado emergência do INEM.

Nas arritmias, podemos perceber e registar alterações do ritmo cardíaco ou da frequência. A


frequência normal dos batimentos cardíacos é de 60 até 100 ciclos, ou batimentos, por minuto. Em
crianças, esses números costumam ser um pouco mais elevados.

Nas alterações de ritmo cardíaco, os batimentos apresentam alterações do tempo que decorre
entre um batimento e o outro. Pequenas alterações nesses intervalos podem ser consideradas normais.
As alterações do ritmo cardíaco ou das conduções dos estímulos podem ser letais (morte súbita),
podem ser sintomáticas (síncopes, tonturas, palpitações) ou podem ser assintomáticas.

As arritmias podem ser assintomáticas ou sintomáticas, dependendo da sua intensidade e da


situação clínica do portador. Corações enfermos podem tolerar menos bem uma arritmia que seria,
provavelmente, assintomática para um coração sadio.

A avaliação de algumas arritmias pode ser feita pelo médico ao realizar um exame clínico. A
maneira mais exata de comprovar e registar uma arritmia é por meios eletrónicos, que vão desde o
eletrocardiograma, monitores portáteis, até os equipamentos das Unidades de Tratamento Intensivo.
Manual do Formando UFCD: 6566 - Noções sobre o sistema circulatório e respiratório

✓ Doença Vascular Periférica

Trata-se da redução do calibre dos vasos sanguíneos das pernas, e por vezes dos braços, que
restringe a circulação a esse nível e provoca dor na zona afetada. Nos casos mais graves, pode mesmo
surgir gangrena (morte do tecido irrigado pelos vasos sanguíneos), o que pode culminar na amputação
do membro.

Na sua maioria, as doenças vasculares periféricas, ou vasculopatias, são causadas pela


aterosclerose (depósito de placas de gordura no interior das artérias). 0s fatores que contribuem para
o risco de aterosclerose, como a hipertensão arterial e a diabetes mellitus mal controlada, estão
associados às doenças dos vasos periféricos.

Contudo, o fator de maior risco é o tabaco; mais de 90% dos doentes são, ou foram, fumadores
moderados.

Relativamente ao tratamento, o aspeto mais importante do tratamento consiste em deixar de


fumar.0s exercícios físicos são também extremamente importantes; os doentes devem caminhar até
cerca de uma hora por dia, parando sempre que ocorrer claudicação e retomando a marcha quando
ela desaparecer.

A inspeção regular dos pés e o seu escrupuloso cuidado são essenciais para a prevenção da
infeção, a qual pode levar a gangrena. 0s pés devem ser lavados e as peúgas ou meias mudadas
diariamente. 0s sapatos devem ser folgados e as unhas dos pés cortadas a direito.

Por vezes, é necessário intervir cirurgicamente nos vasos sanguíneos. Nos casos graves em
que se desenvolveu a gangrena, é necessária a amputação, geralmente logo abaixo do joelho, para
deixar um coto adequado a uma prótese ulterior.

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Manual do Formando UFCD: 6566 - Noções sobre o sistema circulatório e respiratório

2. O Sistema Respiratório

a. Vias respiratórias superiores: nariz e cavidade nasal; rinofaringe; laringe; traqueia

 Nariz

 O nariz é uma protuberância situada no centro da face, sendo sua parte exterior
denominada nariz externo e a escavação que apresenta interiormente conhecida por
cavidade nasal.

 O nariz externo tem a forma de uma pirâmide triangular de base inferior e cuja a face
posterior se ajusta verticalmente no 1/3 médio da face.

 As faces laterais do nariz apresentam uma saliência semilunar que recebe o nome de
asa do nariz.

 O ar entra no trato respiratório através de duas aberturas chamadas narinas. Em


seguida, flui pelas cavidades nasais direita e esquerda, que estão revestidas por
mucosa respiratória.

 O septo nasal separa essas duas cavidades. Os pelos do interior das narinas filtram
grandes partículas de poeira que podem ser inaladas.

 Além disso, a cavidade nasal contém células recetoras para o olfato.

 Faringe

 A faringe é um tubo que começa nas coanas e estende-se para baixo no pescoço.

 Ela se situa logo atrás das cavidades nasais e logo a frente às vértebras cervicais.

 Sua parede é composta de músculos esqueléticos e revestida de túnica mucosa. A


faringe funciona como uma passagem de ar e alimento.

 A faringe é dividida em três regiões anatómicas: nasofaringe, orofaringe e


laringofaringe.

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Manual do Formando UFCD: 6566 - Noções sobre o sistema circulatório e respiratório

 Laringe

 A laringe é um órgão curto que conecta a faringe com a traqueia. Situa-se na linha
mediana do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebra cervicais.

 A laringe tem três funções:

 Atua como passagem para o ar durante a respiração;

 Produz som, ou seja, a voz (por esta razão é chamada de caixa de voz);

 Impede que o alimento e objetos estranhos entrem nas estruturas respiratórias


(como a traqueia).

 Traqueia

 A traqueia é um tubo de 10 a 12,5cm de comprimento e 2,5cm de diâmetro.

 Constitui um tubo que faz continuação à laringe, penetra no tórax e termina se


bifurcando nos 2 brônquios principais.

 Situa-se medianamente e anterior ao esófago, e apenas na sua terminação, desvia-se


ligeiramente para a direita.

b. Vias respiratórias inferiores: brônquios; bronquíolos

• Brônquios

o Brônquios são condutos cartilaginosos localizados na porção mediana do tórax, abaixo

da região inferior da traqueia;

o Estendem-se desde o ponto da ramificação desta até o hilo pulmonar.

o O brônquio direito é mais vertical, curto e largo que o esquerdo.

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Manual do Formando UFCD: 6566 - Noções sobre o sistema circulatório e respiratório

o Essas estruturas, também chamadas de brônquios primários, subdividem-se nos


brônquios lobares (ou de segunda ordem).

o Dos brônquios lobares seguem os brônquios segmentares (ou de terceira ordem).

o Esses vão se ramificando em porções cada vez menores, chamadas bronquíolos.

c. Pulmões e sua função

Dentro da estrutura de cada pulmão verifica-se uma ramificação progressiva que começa nos
brônquios que se ramificam em bronquíolos, sendo que cada um destes também se ramifica até
terminar num conjunto de numerosos sacos: os alvéolos pulmonares

É ao nível dos alvéolos pulmonares que ocorrem as trocas gasosas. Estas estruturas são
extremamente eficazes na sua função devido às suas características.

A pleura é um folheto duplo que reveste os pulmões, permitindo que estes acompanhem o
aumento e diminuição de volume da caixa torácica durante a ventilação.

Pleura

Pulmão
Direito

Diafragma
(músculo que separa a caixa torácica
ligeiramente maior, tem três lobos) da cavidade abdominal)

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Manual do Formando UFCD: 6566 - Noções sobre o sistema circulatório e respiratório

Pulmão Esquerdo (é ligeiramente mais pequeno, tem dois


lobos)

d. Fisiologia da respiração: inspiração e expiração

A ventilação pulmonar é um processo que permite a renovação do ar interior dos pulmões. À


entrada do ar nos pulmões dá-se o nome de inspiração, e a saída do ar é designada por expiração.

A inspiração e a expiração são processos que ocorrem alternadamente. A entrada e saída do ar ocorre
como consequência das diferenças de pressão resultares da modificação do volume dos pulmões. Ou
seja:

- Quando a pressão intrapulmonar é menor que a pressão atmosférica: o ar entra nos pulmões

- Quando a pressão intrapulmonar é maior que a pressão dos pulmões o ar sai para o exterior.

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Manual do Formando UFCD: 6566 - Noções sobre o sistema circulatório e respiratório

e. Noções elementares sobre as principais alterações respiratórias: infeção das vias respiratórias
- Pneumonia; bronquiolite; bronquite; asma; doença pulmonar obstrutiva crónica;
insuficiência respiratória; neoplasias pulmonares / Sinais e sintomas de alerta / Implicações
para os cuidados de saúde

✓ Pneumonia

A pneumonia é uma infeção pulmonar, habitualmente causada por um agente infecioso (na
maioria das vezes uma bactéria). É uma causa importante de mortalidade em doentes com doenças
crónicas graves.

As principais manifestações são tosse com expetoração (secreções da garganta), febre, falta
de ar e cansaço. Podem também apresentar dores no tórax e hemorragia respiratória (hemoptise).

O diagnóstico faz-se através das queixas do doente, sendo habitualmente confirmado pela
realização de uma radiografia de tórax (raio-x). A colheita de expetoração (secreções da garganta) é
importante para a identificação do agente infecioso e seleção da medicação apropriada.

Caso se trate de uma pneumonia causada por uma bactéria (situação mais frequente), o
tratamento consiste na administração de antibiótico. O recurso a exercícios de respiração e eliminação
das secreções, assim como o suporte de oxigénio são úteis em casos selecionados.

✓ Bronquiolite

A bronquiolite aguda é uma infeção respiratória causada predominantemente por vírus,


caracterizada por obstrução das vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), dificultando a entrada
do ar nos pulmões. O vírus mais comum é o VSR (vírus sinsicial respiratório) e o período do ano em
que é mais frequente o seu aparecimento é no inverno (de Novembro a Março).

Atinge sobretudo crianças menores de 2 anos (incidência máxima entre o primeiro e sexto mês
de vida). Grande parte das crianças é contagiada por este vírus e desenvolve bronquiolite leve não

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necessitando de cuidados hospitalares. Os casos mais graves (1 a 2% dos casos) terão que ser
internados nos serviços de pediatria.

A bronquiolite causada pelo VSR tem um período de incubação de 4 – 6 dias. Inicia-se de


forma leve com espirros e corrimento nasal esbranquiçado, podendo apresentar febre (38-39ºC). Os
sintomas vão-se agravando nos dias seguintes com:

Respiração rápida

“Chiadeira ou gatinhos”

Acessos de tosse

Dificuldade em respirar

Recusa alimentar e vómitos associados aos acessos de tosse

Febre

A maioria das bronquiolites agudas são leves e não necessita de tratamento específico. As
medidas que se podem tomar em casa são:

Ambiente calmo

Ausência de fatores irritativos (por ex. tabaco)

Elevação da cabeceira da cama a 30º

Antipiréticos se tiver febre (paracetamol ou ibuprofeno nos bebés com mais de 6 meses)

Desobstrução das vias aéreas:

. Lavagem nasal frequente com soro fisiológico

. Aspiração de secreções

Refeições mais pequenas e com intervalos mais curtos

Boa hidratação (dar água nos intervalos das refeições)

Reavaliação em 24 a 48 horas (pelo médico assistente)

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✓ Asma

A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas que, em indivíduos suscetíveis,
origina episódios recorrentes de pieira, dispneia (dificuldade na respiração), aperto torácico e tosse,
particularmente noturna ou no início da manhã.

Estes sintomas estão geralmente associados a uma obstrução generalizada, mas variável, das
vias aéreas, a qual é reversível espontaneamente ou através de tratamento.

Suspeita-se de asma em presença de historial de um dos seguintes sinais ou sintomas: tosse


com predomínio noturno, pieira recorrente, dificuldade respiratória recorrente e aperto torácico
recorrente.

Eczema, rinite alérgica, história familiar de asma ou de doença atópica estão frequentemente
associados à asma.

Os medicamentos para a asma têm de ser receitados pelo médico.

Há vários tipos de medicamentos: inaladores ou bombas e comprimidos ou xaropes. Só os


médicos podem determinar que comprimidos, xaropes, inaladores ou aerossóis são adequados a cada
caso, em que doses devem ser tomados e aplicados e qual a duração do tratamento.

Existem também vacinas, aplicáveis quando é determinado o agente que provoca a alergia, o
que as torna uma possibilidade de tratamento eficaz.

✓ Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

A DPOC é um estado patológico que se caracteriza por uma limitação do débito aéreo
(ventilação), geralmente progressiva e com reduzida reversibilidade. A sua origem está normalmente
associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos.

As alterações patológicas pulmonares conduzem a alterações fisiológicas características,


como a hipersecreção de muco, disfunção ciliar, limitação do débito aéreo, hiperinsuflação pulmonar,

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anomalias das trocas gasosas, hipertensão pulmonar e cor pulmonar. Estas alterações desenvolvem-
se em função do processo de evolução da doença.

As principais causas são:

- O tabagismo e a exposição à inalação de partículas ou gases nocivos.

São grupos de risco as pessoas com:

- Mais de 40 anos de idade, com história de tabagismo superior a dez anos;

- Atividade profissional de risco respiratório comprovado, com exposição a


poeiras e a produtos químicos;

- Tosse ou expetoração crónica ou dispneia (dificuldade em respirar) de esforço;

- Deficiência de alfa1-antitripsnina.

Os medicamentos servem quase unicamente para reduzir os sintomas e as complicações da


doença, não existindo evidência de que alterem o inexorável declínio, a longo prazo, da função
respiratória. Normalmente, são usados broncodilatadores para o controlo dos sintomas.

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3. Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a


Técnico/a Auxiliar de Saúde
a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua supervisão
direta

O Técnico Auxiliar de Saúde pode, sob a orientação de um profissional de saúde,


realizar essencialmente atividades de vigilância no que concerne aos sinais que verifica e aos
sintomas que o doente refere sobre as patologias respiratórias e cardíacas referidas no presente
manual.

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a
Sob orientação e supervisão de um profissional o Técnico Auxiliar de Saúde pode
realizar tarefas de prestação de cuidados – alimentação, hidratação e higiene ao doente com
patologias respiratórias e cardíacas.

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BIBLIOGRAFIA
➢ PINA, Jaime - Um outro lado das doenças respiratórias. Porto : 2012

➢ AIDÉ, Miguel Abidon, co-aut - Pneumologia : aspectos práticos e atuais. Rio de Janeiro : Revinter,
2001

➢ BATLOUNI, Michel ; CANTARELLI, Ênio ; RAMIRES, José A. F [et al.] - Cardiologia: Princípios e Prática.
Porto Alegre : Artmed Editora, 1999

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