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RESUMO - Corrente Contínua
RESUMO - Corrente Contínua
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INTRODUÇÃO
O que é a electricidade
Para uma melhor compreensão dos fenómenos eléctricos é necessário adquirir algumas noções
fundamentais sobre a constituição da matéria – teoria corpuscular da matéria.
Todos os corpos são constituídos por uma grande quantidade de partículas idênticas entre si, chamadas
moléculas A molécula é a menor porção de uma substância que mantém todas as propriedades dessa
substância.
A molécula é ainda decomponível em partículas mais pequenas designadas por átomos. Por exemplo, no
caso da água a sua molécula é constituída por três átomos: dois de hidrogénio e um de oxigénio – trata-se
de um composto. Nas substâncias simples as suas moléculas são constituídas por um único tipo de
átomos, como acontece no hidrogénio e no oxigénio.
Vamos analisar a constituição do átomo de hidrogénio, o mais simples e leve que existe:
Todos os átomos são constituídos por um núcleo central à volta do qual se movimentam, em órbitas
(mais recentemente nuvens), os electrões. Podemos compará-los a um sistema solar em que o núcleo
seria o Sol e os planetas os electrões.
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Concluímos, assim, que qualquer átomo é constituído por:
- Um núcleo central;
- Neutrões que não possuem carga eléctrica; são, por isso, considerados electricamente neutros.
À volta do núcleo, nas órbitas, circulam os electrões; estão carregados com carga eléctrica negativa –
igual à do protão mas de sinal contrário.
Resumindo:
Como sabemos, cargas do mesmo sinal repelem-se e cargas de sinal contrário atraem-se.
Dado que no átomo o número de protões é igual ao número de electrões, a carga total positiva é simétrica
da carga total negativa, pelo que se atraem e anulam. Portanto um átomo é neutro.
Posteriormente Niels Bohr (1885-1962) defendeu a teoria de que os electrões se distribuem em volta do
núcleo em camadas ou níveis de energia, designadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q, variando, de nível
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para nível, a distância do electrão ao núcleo e o número de electrões em cada nível, de acordo com a
relação
Qualquer uma destas duas teorias não representa fielmente a realidade mas ajuda-nos a compreende-la.
Para percebermos melhor o que acontece no átomo e que origina a corrente eléctrica, recorre-se,
frequentemente a um modelo simplificado de Bohr:
Os electrões mais próximos do núcleo não conseguem sair das suas órbitas (electrões ligados), mas
outros, os da última órbita ou órbita mais distante do núcleo, podem fazê-lo (electrões livres).
São, precisamente, estes últimos, electrões livres, que, em movimento orientado ao longo de um
condutor, originam a corrente eléctrica.
Assim, define-se corrente eléctrica como sendo o movimento orientado dos electrões ao longo de um
condutor.
Para se forçar os electrões livres a abandonarem a sua órbita (a última) podem-se utilizar diversas formas
de energia tais como a que é originada pela fricção, a energia química, a que é originada por campos
magnéticos, etc.
Caso os referidos electrões se desloquem num único sentido originam uma corrente contínua (c.c. ou
d.c.). No caso contrário, quando alternam o sentido, estamos em presença de uma corrente alternada
(c.a. ou a.c.).
Frequentemente estabelece-se uma analogia entre a corrente eléctrica e o que acontece no líquido
contido em dois recipientes ligados entre si – analogia hidráulica – como mostra a figura abaixo:
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UFCD 1 – Corrente contínua
1.1-
1.1- Grandezas mais importantes do circuito eléctrico
Vamos analisar, por agora, apenas três das grandezas mais importantes dum circuito eléctrico. São
consideradas fundamentais porque servem de “alicerce” para o enorme “edifício” que é a electricidade.
Diferença de potencial ou tensão é a energia eléctrica transferida para um circuito por unidade de carga
eléctrica:
em que:
Um volt é a d.d.p. nos terminais de um gerador quando transfere para um circuito a energia eléctrica de
um Joule sendo a carga eléctrica de um Coulomb.
Quanto maior for a d.d.p. entre os pólos dum gerador, maior será a quantidade de energia eléctrica
fornecida ao circuito.
A d.d.p. mede-se com aparelhos designados por voltímetros. Mais à frente iremos ver como são ligados.
Existem dois tipos de voltímetros: analógicos – com um ponteiro e uma escala, e digitais – com um visor
onde aparece o valor que se pretende ler.
Intensidade duma corrente eléctrica é a quantidade de carga eléctrica que atravessa uma dada secção
de um circuito por unidade de tempo:
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em que:
Um ampère é a intensidade de uma corrente quando uma secção do circuito é atravessada pela carga de
um Coulomb em cada segundo.
Há uma unidade de carga eléctrica ou quantidade de electricidade muito utilizada – ampere hora –
símbolo Ah.
1 Ah = 1 A x 1 h = 1 A x 3 600 s = 3 600 C
A intensidade de uma corrente mede-se com aparelhos chamados amperímetros. Mais à frente iremos
ver como são ligados. Existem dois tipos de amperímetros: analógicos – com um ponteiro e uma escala, e
digitais – com um visor onde aparece o valor que se pretende ler.
Há materiais que se deixam atravessar facilmente pela corrente eléctrica. Denominam-se bons
condutores da electricidade, apresentando uma baixa resistência eléctrica. São exemplos os metais:
ouro, prata, cobre, alumínio, latão, etc, sendo o cobre e o alumínio os mais utilizados no fabrico dos fios ou
cabos condutores eléctricos.
Há, porém, outros que oferecem grande dificuldade à passagem da corrente. São os maus condutores
ou mesmo isoladores ou isolantes. Têm uma resistência eléctrica muito elevada. São exemplos o
vidro, a cerâmica, a madeira, o papel, o policloreto de vinilo, etc, sendo este último o mais utilizado no
isolamento dos fios ou cabos condutores eléctricos.
Resistência eléctrica de um condutor é a maior ou menor oposição que ele oferece à passagem duma
corrente eléctrica.
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- Do seu comprimento - l;
Para um condutor a uma determinada temperatura, a sua resistência é dada pela fórmula:
em que:
- símbolo mm² / m
O ohm é a unidade de resistência eléctrica em homenagem ao físico alemão Georg Simon Ohm (1787-
1854).
Para se definir o ohm recorre-se, normalmente, à Lei de Ohm. Deixemos esta definição para quando
estudarmos esta Lei.
Podemos desde ja concluir que a resistência eléctrica vai controlar a corrente electrica, isto é, para a
mesma d.d.p., variando a resistência, vamos, necessariamente, variar a intensidade da corrente electrica.
A resistência eléctrica mede-se com aparelhos denominados ohmímetros. A resistência deve ser medida
com o condutor retirado do circuito, pois o ohmímetro tem uma pequena pilha que lhe permite “injectar”
uma corrente no condutor. Existem, igualmente, dois tipos de ohmímetros: analógicos – com um ponteiro e
uma escala, e digitais – com um visor onde aparece o valor que se pretende ler.
Existem aparelhos de medida que funcionam, em simultâneo num só aparelho, como voltímetros,
amperímetros ou ohmímetros. Designam-se por multímetros. Neste caso há um comutador que nos
possibilita seleccionar o modo de funcionamento pretendido.
Para qualquer uma das grandezas estudadas existem múltiplos e submúltiplos. Os mais frequentes são:
Múltiplos ------------------------ Mega e kilo, respectivamente 1 000 000 e 1 000 vezes superiores;
Submúltiplos ------------------- Micro e mili, respectivamente 1 000 000 e 1 000 vezes inferiores.
Exemplos:
1 KV = 1 000 V
1 mA = 0,001 A
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1.2-
1.2- Lei de OHM
Quando se aplica uma tensão U a uma resistência R, surge uma corrente I que percorre a resistência.
George Simon Ohm descobriu experimentalmente (1826) que, para qualquer condutor metálico, existe
uma proporcionalidade constante entre a tensão aos seus terminais e a corrente que o percorre (lei de
Ohm):
onde:
Como é evidente, conclui-se de qualquer destas relações que quando a d.d.p. é nula não existe
corrente eléctrica.
Um ohm é a resistência de um condutor que, quando se aplica aos seus terminais uma d.d.p. de 1 V, é
percorrido por uma corrente cuja intensidade é 1 A.
A lei de Ohm pode ser indicada por qualquer uma das expressões seguintes que são equivalentes:
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A razão constante entre U e I num condutor designa-se por resistência porque quantifica a maior ou menor
facilidade com que a corrente eléctrica flui. Assim, considerando dois condutores com resistências R1 e
R2, respectivamente, se R1>R2 isso significa que, para obtermos a mesma corrente nos dois condutores,
temos de aplicar ao primeiro uma tensão superior. Ou, dito de outra maneira, se aplicarmos aos dois
condutores a mesma tensão, o de maior resistência será percorrido por uma corrente de menor
intensidade (oferece maior resistência à passagem de corrente).
A representação gráfica da Lei de Ohm consiste numa recta com ordenada nula na origem e declive
coincidente com o parâmetro R. Apesar de elementar e evidente, é importante associar esta relação linear
tensão-corrente à presença de um elemento do tipo resistência, mesmo em dispositivos electrónicos
relativamente complexos como o transístor. Num dos seus modos de funcionamento, por exemplo, o
transístor apresenta uma relação tensão-corrente semelhante àquela indicada na figura seguinte, o que
indica, portanto, que nessa mesma zona o transístor é, para todos os efeitos, uma resistência.
No entanto, nem todos os materiais se comportam desta forma, isto é, não seguem a lei de Ohm – são
designados por condutores não-óhmicos.
Nestes condutores não existe proporcionalidade directa entre a d.d.p. nos seus terminais e a intensidade
da corrente que os percorre:
A resistência dos materiais varia com a temperatura. Quando a temperatura aumenta a resistência dos
metais aumenta, enquanto que a dos líquidos diminue.
O coeficiente de temperatura “α” de um material é o aumento que sofre a resistência de 1 Ω desse
material quando a temperatura se eleva de 1 °C. A temperatura de referência são 20 °C.
A fórmula que nos permite calcular a nova resistência é:
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Por exemplo, no caso de uma lâmpada incandescente a sua resistência à temperatura de 2600 °C é cerca
de quinze vezes superior à que apresenta a 20 °C.
Na tabela abaixo poder-se-ão ver a resistência de vários materiais a 20 °C:
Para um condutor composto por um material homogéneo e de secção transversal constante, verifica-se
que a resistência entre dois pontos é directamente proporcional ao seu comprimento, L, e inversamente
proporcional à sua secção transversal, S:
em que:
Define-se resistividade ou resistência específica de um material como a resistência que apresenta esse
material com 1 m de comprimento e 1 mm² de secção. É dada pela fórmula:
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Ao inverso da resistividade chama-se condutividade, e a sua unidade é o Siemens por metro – símbolo
S / m.
1.3-
1.3- Lei de JOULE
Um dos efeitos da passagem da corrente eléctrica num condutor é o seu aquecimento. Este fenómeno é
conhecido por efeito de Joule.
O efeito Joule traduz-se numa perda de energia nos condutores, quando a finalidade do circuito não é o
aquecimento. Estas perdas designam-se por perdas de Joule.
A unidade de energia é o Joule (símbolo J) mas para a energia calorífica utiliza-se frequentemente uma
unidade mais prática que é a caloria (cal) e que vale 4,18 Joules, pelo que, 1 joule equivalerá a 0,24
calorias:
1 cal = 4,18 J
Para verificar esta lei, é suficiente conhecer a elevação de temperatura da água contida num calorímetro,
que é proporcional à quantidade de calor Q libertado. De facto, entre os instantes de tempo t1 e t2 a
temperatura da água varia de θ1 a θ2:
É o calor ou melhor, a quantidade de calor, que se desenvolve quando uma corrente percorre um
condutor, fenómeno traduzido pela lei de Joule, que é a responsável por muitos incêndios que têm origem
eléctrica.
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O aquecimento dos condutores quando são percorridos por uma corrente eléctrica eleva a sua
temperatura que pode ultrapassar o valor máximo suportado pelos isolamentos, envelhecendo-os
prematuramente e chegando mesmo a fundi-los.
Assim, para cada tipo de cabo e para cada secção dos condutores, há limites máximos da intensidade da
corrente que os pode percorrer de forma permanente, sem perigo de aquecimento excessivo.
O efeito de Joule tem grandes inconvenientes e é responsável por alguns desastres. No entanto, também
tem aplicações práticas úteis (em aparelhos electrodomésticos, por exemplo, fogões, secadores,
fritadeiras, irradiadores) e até aplicáveis na segurança de pessoas e bens contra riscos eléctricos, como é
o caso dos corta-circuitos fusíveis ou simplesmente fusíveis, como vulgarmente se designam.
Potência é definida como sendo o trabalho realizado por unidade de tempo ( energia trocada por unidade
de tempo ), ou matematicamente:
Qualquer uma destas expressões permite o cálculo da potência dissipada numa resistência.
Graficamente temos:
Unidades de potência:
O Watt ( símbolo W ) é a unidade do sistema S.I., mas existem outras, usadas industrialmente, como o Cv
( cavalo-vapor ) e o HP ( horse-power ), sendo que 1 Cv = 735 W e 1HP = 746W.
O watt é: 1 W = 1 J/s
Nota: No consumo industrial e doméstico utiliza-se frequentemente o “KWh” mas esta é uma unidade de
energia.
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1.4-
1.4- Aparelhos e técnicas de medida
As três grandezas fundamentais de um circuito eléctrico são medidas como a seguir se indica:
Em geral estes três tipos de medida podem ser efectuados usando um único aparelho que, por isso, se
chama multímetro. Salvo no caso do ohmímetro, dever-se-á ter em atenção a polaridade do aparelho de
medida em relação ao circuito a medir: os polos positivos deverão ser ligados entre si e os polos negativos
também. Um engano na polaridade conduzirá, no caso dos aparelhos de agulha, a um desvio no sentido
negativo e nos aparelhos digitais a um sinal de “-“ antes do valor da corrente ou tensão medida.
Voltímetro
O voltímetro deverá ser colocado em paralelo com o elemento a medir, como se vê na figura abaixo.
Assim, o voltímetro ideal deverá apresentar uma resistência infinita para não derivar nenhuma corrente do
circuito em teste. A unidade de medida da voltagem eléctrica é o Volt (V).
Amperímetro
Um amperímetro liga-se em série no circuito a medir (figura abaixo) e, por isso, deverá apresentar, no
caso ideal, uma resistência nula. A unidade de medida da intensidade da corrente eléctrica é o Ampere
(A).
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No exemplo da figura abaixo vemos um voltímetro e um amperímetro ligados num circuito:
Ohmímetro
A resistência é a oposição que um elemento oferece à passagem da corrente eléctrica.
Em geral, torna-se necessário retirar do circuito o elemento a medir e colocá-lo em paralelo com os
terminais do ohmímetro. O ohmímetro gera uma diferença de potencial nos seus terminais fazendo passar
uma corrente mínima na resistência. A unidade de medida da resistência eléctrica é o Ohm (Ω).
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Qualquer aparelho (receptor) eléctrico tern sempre indicado o valor da d.d.p. a que deve ser ligado.
Por exempio, nas nossas casas a tensão nas tomadas é de cerca de 220 V, medida entre os dois
condutores (fase e neutro).
Faz-se a seguir um resumo das grandezas estudadas, com as respectivas unidades e aparelhos de
medida:
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Para medir resistências eléctricas utiliza-se frequentemente o multimetro, que é urn aparelho de medida
muito prático e funcional, pois também pode ser usado para medir a d.d.p. e a intensidades de corrente
eléctrica em escalas a que correspondem diferentes sensibilidades.
Alguns ohmímetros, antes de serem utilizados, devem ser “zerados”. Para tanto, colocam-se os seus
terminais de conexão em curto circuito. Isto é feito encostando-se as pontas de prova (terminais de
conexão) uma à outra. Outros ohmímetros não apresentam a possibilidade de serem “zerados” (como é o
caso do ohmímetro digital abaixo). Portanto, se o instrumento utilizado apresentar algum valor assinalado
na sua escala (ohmímetro analógico) ou visor (ohmímetro digital), o mesmo deve ser compensado na
medida obtida.
Na figura abaixo mostra-se um multímetro digital:
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1.5-
1.5- Associação de resistências
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O valor da resistência é dado através de um código de cores. No exemplo abaixo, esse valor é
determinado por três faixas coloridas, e mais uma faixa que indica a tolerância da resistência (em
percentagem).
Código de cores
Uma das formas de se determinar o valor da resistência é seguir a leitura do código de cores. As cores
são dispostas em anéis ao longo da resistência. A leitura deve ser feita a partir da extremidade mais
próxima dos anéis, obedecendo à seguinte convenção:
- 1º anel: primeiro algarismo significativo;
- 2º anel: segundo algarismo significativo;
- 3º anel: multiplicador, ou, número de zeros a serem adicionados;
- 4º anel: tolerância;
A tabela abaixo mostra esta convenção para o código de cores:
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Exemplos:
O símbolo de uma resistência num circuito eléctrico pode ser de duas maneiras, segundo dois padrões:
americano e inglês - um rectângulo, ou europeu e japonês - uma linha quebrada ou “zig-zag”, conforme
mostra a figura abaixo:
Internamente, uma resistência é composta pelas seguintes partes, como ilustrado na figura abaixo:
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Vamos, ainda, definir dois outros tipos de resistências muito frequentemente utilizados:
Reóstato - é uma resistência variável com dois terminais, sendo um fixo e o outro deslizante.
Potenciómetro - é um tipo de resistência variável comum, sendo normalmente utilizado para controlar o
volume em amplificadores de áudio, variadores de tensão, tudo o que é ajustável em função de um valor
variável de uma resistência
Associação de resistências
Resistências em série
Numa ligação em série, as resistências estão ligadas umas a seguir às outras ao longo de um fio condutor.
Há um único trajecto possível para a corrente eléctrica.
A resistência equivalente (Req) de resistências associadas em série é igual à soma das respectivas
resistências.
A diferença de potencial nos terminais da associação é igual à soma da d.d.p. nos terminais de cada uma
das resistências.
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Resistências em paralelo
Numa ligação em paralelo, as resistências estão ligadas umas às outras por meio de ramificações. Há
mais do que um trajecto para a corrente eléctrica.
O inverso da resistência equivalente (Req) de resistências associadas em paralelo é igual à soma dos
inversos das respectivas resistências.
Na figura abaixo podemos ver diversas maneiras de representar duas lâmpadas ligadas em paralelo a
uma bateria:
A intensidade da corrente que atravessa o circuito principal (I1) é igual à soma das intensidades das
correntes que percorrem cada uma das derivações.
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A d.d.p. nos terminais da associação é igual à d.d.p. nos terminais de cada uma das resistências.
Vamos ver um exemplo, com apenas duas resistências, para determinar Req :
Num outro exemplo, vemos que a tensão em cada uma das resistências é a mesma, e igual à da bateria -
12 V:
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1.6-
1.6- Energia e potência eléctrica. Rendimento
Comecemos por analisar um diagrama que mostra os diversos tipos de potências a considerar numa
máquina eléctrica:
A potência fornecida é, também, vulgarmente designada por potência motora, bem como a potência
dissipada por potência de perdas. Assim:
Pf = Pu + Pd
O rendimento define-se:
A potência e a energia eléctrica são duas grandezas distintas, que muitos confundem. Usamo-las
diariamente sempre que utilizamos aparelhos eléctricos. Por isso, torna-se importante compreendê-las.
Potência eléctrica
Todos os receptores eléctricos, para além da sua tensão de funcionamento, são caracterizados pela sua
potência eléctrica:
• há lâmpadas que dão “mais luz” que outras mesmo parecendo iguais;
• há aquecedores que dão mais calor.
Quanta mais potência eléctrica tiver um receptor, mais energia ele fornece numa unidade de tempo. Ou
seja, a potência eléctrica é uma grandeza que traduz a rapidez com que o aparelho transfere energia.
- Representa-se pela letra P e vem normalmente escrita no corpo do aparelho.
- A sua unidade de medida é o Watt (símbolo - W) em homenagem a James Watt (1736- 1819) engenheiro
escocês.
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A potência eléctrica mede-se com um aparelho chamado wattímetro e pode ser calculada através da
seguinte expressão:
P=Uxl
onde:
U = d.d.p. (V)
I = intensidade da corrente (A)
P = potência eléctrica (W)
Multiplicando a tensão a que está submetido um receptor pela corrente que o atravessa obtemos a
potência desse receptor.
Energia eléctrica
Os diversos receptores de que dispomos em casa têrn a sua potência eléctrica e, quando ligados, vão
gastar energia eléctrica. Esta é tanto maior quanto maior for a potênda do aparelho e o tempo que está
ligado. Então:
E=Pxt
onde:
E - energia eléctrica (Joule - J)
P - potência eléctrica (Watt - W)
t - tempo (segundo- s)
Nota: se o tempo vier expresso em horas a unidade de energia será o watt-hora (Wh), o que
acontece muito frequentemente.
Como P = U x l então E = U x l x t ou P = R x l² e E = R x l² x t
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0 aparelho de medida da energia eléctrica é o contador. É urn instrumento que mede e regista a energia
consumida em kWh. Possui um disco cuja velocidade de rotação depende da energia que se está a
consumir. 0 consumo de 1 kWh corresponde a um número determinado de voltas do disco.
Na figura abaixo podemos ver um contador de energia:
PROBLEMA
Durante duas horas consecutivas, estiveram ligados os seguintes receptores eléctricos, numa habitação:
- 5 lâmpadas incandescentes de 100 W cada;
- 2 aquecedores de 1500 W cada;
- 1 termoacumulador ("cilindro") de 2000 W;
- 1 fogão cujo disco absorveu a corrente de 3,5 A.
Sabendo-se que a tensão de funcionamento desses receptores é de 220 V, calcular o custo da energia
eléctrica consumida, supondo que o preço do kWh é 0,114 euros.
Resolução:
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Vamos concretizar estas noções:
Rendimento de um motor
Num motor eléctrico, como em qualquer outra máquina, a potência fornecida (útil) é sempre inferior à
potência recebida (motora), devido às perdas verificadas.
Considerando:
Pf - potência mecânica fornecida
Pa - potência eléctrica absorvida
0 rendimento do motor obtem-se dividindo a potência (mecânica) útil ou fornecida pela potência (eléctrica)
motora ou absorvida:
0 rendimento não tern, obviamente, unidades e é sempre inferior a 1, ou, em percentagem, inferior a
100%.
EXERCÍCIO
Um motor eléctrico de C.C. de 0,5 CV, ligado a 220 V, absorveu a corrente de 2 A. Calcular o rendimento
do motor.
Resolução:
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Balanço energético de um gerador
1.7-
1.7- Geradores e receptores
Gerador eléctrico – dispositivo que transforma qualquer tipo de energia em energia eléctrica.
Alguns exemplos:
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Símbolo do gerador:
Força electromotriz ( E ou f.e.m. ) do gerador – é a d.d.p. total do gerador, isto é, a tensão nos seus
terminais quando está em vazio ( não ligado em qualquer circuito eléctrico ).
Gráfico do gerador:
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Receptor eléctrico – dispositivo que transforma energia eléctrica em qualquer outro tipo de energia.
Alguns exemplos:
Os símbolos dos receptores são vários dependendo do tipo de energia que fornecem.
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Gráfico do receptor:
Vamos concretizar a noção de gerador e receptor eléctrico com um exemplo conhecido de todos.
No momento de ligarmos a chave de ignição de um automóvel, a bateria (gerador) fornece energia
eléctrica ao motor de arranque (receptor), pondo este em funcionamento:
Quando um elemento dum circuito é capaz de transformar energia não eléctrica (química, mecânica,
atómica, térmica, radiante, etc.) em energia eléctrica funciona como um gerador eléctrico.
A função de um gerador num circuito é fornecer energia suficiente aos portadores de carga, de modo a
que a corrente eléctrica formada por eles faça funcionar satisfatoriamente os aparelhos que a corrente
percorre. O gerador não cria cargas eléctricas.
Durante o funcionamento do motor ocorre uma segunda fase de funcionamento da bateria, oposta à
primeira:
Quando um elemento dum circuito é capaz de transformar energia eléctrica em energia não eléctrica
funciona como um receptor eléctrico.
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Portanto,os geradores eléctricos são aparelhos que, quando ligados, geram corrente eléctrica. Para que
isto seja possfvel eles devem criar e manter uma d.d.p. entre os seus dois terminais.
Tratando-se de corrente continua (CC), esses terminais são o pólo positivo (+) e o pólo negativo (-),
tendo a corrente um sentido (real) bem determinado: do pólo (-) para o pólo (+). A função do gerador
reside, pois, em repor no pólo negativo os electrões que de lá saem, para que a d.d.p. se mantenha
constante. A "força interior do gerador" capaz de fazer essa reposição denomina-se força electromotriz
(f.e.m.), e é uma grandeza de valor igual à d.d.p. entre os seus terminais quando o gerador não está a
fornecer corrente eléctrica (está em vazio).
Ou seja: f.e.m. (E) = tensao (U) quando I = 0.
Os geradores de corrente continua, mais conhecidos, podem ser de dois tipos: electroquímicos e
electrodinâmicos.
• Electroquímicos - pilhas e acumuladores: geradores estáticos (sem peças em movimento) que
transformam a energia química que possuem em energia eléctrica.
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• Electrodinâmicos - dinamos: geradores rotativos que transformam a energia mecânica (movimento)
que Ihes e transmitida em energia eléctrica.
Todos os geradores têrn indicado, no seu corpo, a sua f.e.m. Esta, tal como a tensão, tern o volt como
unidade de medida. Quando dizemos, por exemplo, que uma pilha é de 1,5 V, estamos exactamente a
referirmo-nos à sua f.e.m.
Ao contrário dos geradores, os receptores eléctricos são aparelhos que para funcionarem necessitam de
receber energia eléctrica. Por outras palavras, podemos dizer que são dispositivos capazes de
transformar a energia eléctrica numa outra qualquer forma de energia. As lâmpadas, os motores, os
televisores, os aquecedores e todos os restantes electrodomésticos são apenas alguns exemplos de
receptores eléctricos bem nossos conhecidos.
Pilhas e baterias
Uma pilha ou bateria é um dispositivo que transforma energia química em energia eléctrica. A pilha é
constituída por três partes: os eléctrodos, o electrólito e o recipiente.
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A pilha primária é uma pilha na qual a reacção química acaba por destruir um dos eléctrodos,
normalmente o negativo. A pilha primária não pode ser recarregada.
A pilha secundária é uma pilha na qual as acções químicas alteram os eléctrodos e o electrólito. Os
eléctrodos e o electrólito podem ser restaurados à sua condição original pela recarga da pilha.
Para dar uma ideia concreta sobre a influência que tem o tamanho e a natureza da pilha sobre a sua
resistência interna, apresentamos a tabela abaixo, com valores determinados experimentalmente para
algumas pilhas novas.
Pilha de Volta
Foi a pilha idealizada pelo físico italiano Alessandro Volta em 1800. Foi o primeiro gerador eléctrico a ser
descoberto: dois discos, um de cobre e outro de zinco, separados por rodelas de pano embebidas numa
solução ácida ou salina diluída. Produziam uma f.e.m. de 1 volt. EmpiIhando, alternadamente, vários
discos (sempre separados pela solução), podia obter-se uma f.e.m. superior. O disco de cobre constituia o
eléctrodo positivo (+), o de zinco o negativo (-) e a solução o electrólito. Duas placas metálicas ligadas a
cada um dos eléctrodos originavam o pólo positivo e o pólo negativo.
A f.e.m. é sempre o resultado de uma reacção química provocada pela existência de dois metais
diferentes e do eléctrolito: o cobre tern tendência a perder electrões (ânodo) e o zinco tendência a captar
electrões (cátodo). Diz-se, por isso, que o zinco é mais electronegativo que o cobre; é esta diferença de
electronegatividade que dá origem à f.e.m.
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Hoje existem diversos tipos de pilhas, mas o seu funcionamento assenta nos mesmos princípios. Apenas
diferem na composição dos eléctrodos e do electrólito. Vamos ver alguns exemplos.
Pilhas alcalinas
Vantagens: baixo custo, durabilidade e potência elevada para o seu tamanho / peso.
Desvantagens: a grande maioria dos modelos comercializados não pode ser recarregada e, geralmente, é
necessária a utilização de suportes para utilização nos diversos dispositivos.
Pilhas secas
As pilhas mais correntes, denominadas de pilhas secas, têrn um revestimento de plástico a envolver os
eléctrodos e o electrólito, constitufdos, respectivamente, por carvão (positivo), zinco (negativo) e cloreto de
amónia, imobilizado por uma pasta aglutinante.
Pilhas de mercúrio
Nas pilhas de mercúrio, por exemplo, o electrólito é formado por uma solução alcalina de hidróxido de
potássio e os eléctrodos, positivo e negativo, por óxido de mercúrio e um disco de zinco, respectivamente.
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De menores dimensões e maior durabilidade, estas pilhas são, actualmente, muito utilizadas em
dispositivos electrónicos - máquinas de calcular, relógios digitais, etc.
Pilhas de lítio
A pilha de lítio popularizou-se com o aparecimento dos micro circuitos electrónicos utilizados em relógios,
jogos, etc.
Vantagens: destaca-se entre os demais tipos por descarregar-se muito lentamente quando armazenada
carregada (em média 10% ao mês), e pelo tempo de recarga baixo. Entre todos os outros tipos, são as
mais leves. O tempo de recarga também é o mais rápido quando comparado aos demais tipos.
Desvantagens: custo alto; é muito tóxica para o meio ambiente (devido ao cádmio). Além disto, este tipo
de pilha sofre com extremos de temperatura, descarregando-se muito rapidamente com temperaturas
muito baixas e não se carregando totalmente com temperaturas muito elevadas.
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Os acumuladores têrn a particularidade de oferecerem um funcionamento reversível, isto é, durante a
descarga funcionam como geradores e durante a carga como receptores, recuperando a energia
eléctrica, entretanto perdida. Podem acumular certas quantidades de electricidade, têrn maior duração
que as pilhas e fornecem intensidades de corrente bastante superiores.
As conhecidas baterias de automóveis são acumuladores de chumbo cujo electrólito é uma solução
aquosa de ácido sulfúrico. Os eléctrodos são constituídos por duas placas à base de chumbo: uma de
chumbo esponjoso de cor acinzentada (negativa), outra com um revestimento de dióxido de chumbo de
cor castanho-escura (positiva). Cada elemento (duas placas) produz uma f.e.m. caracterfstica de 2 V.
Vários elementos, ligados em série, permitem obter uma f.e.m. superior - igual à soma das f.e.m. de cada
elemento.
Vantagens: custo relativamente baixo, resistência a grandes variações de temperatura e grande
durabilidade.
Desvantagens: pesada, demora bastante tempo a ser carregada, descarrega-se rapidamente, sofre uma
diminuição (pequena, mas constante) de voltagem durante sua utilização e não pode ser recarregada
totalmente com muita frequência. A sua utilização é esporádica, uma vez que este tipo de bateria é
concebido para ser constantemente carregada e eventualmente descarregada (é o tipo utilizado em
automóveis, sendo carregada com o motor em funcionamento, descarregando no arranque ou no
funcionamento de dispositivos com o veiculo desligado).
Dínamos
Os dfnamos são máquinas que "transformam movimento (energia mecânica) em electricidade ( energia
eléctrica)", isto é, para gerarem corrente contínua têrn que ser postos a rodar, utilizando-se, para o efeito,
outra máquina (motor eléctrico, a diesel, etc.). Nos automóveis, por exemplo, foram, durante muito tempo,
utilizados no "carregamento" das respectivas baterias. Hoje, essa função é realizada pelo alternador,
máquina aparentemente idêntica, mas geradora de corrente alternada.
Os dfnamos baseiam o seu funcionamento em fenómenos electromagnéticos. O rotor (parte rotativa da
máquina), ao ser posto em movimento, cria uma f.e.m. e correntes induzidas, devido ao campo magnético.
no estator (parte fixa).
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Os dfnamos gozam da propriedade de serem máquinas reversíveis: quando ligadas à corrente
funcionam como motores.
Associação de geradores
Analogamente ao que acontece com as resistências eléctricas, também os geradores podem ser
associados tanto série como em paralelo.
Vamos analisar estas ligações considerando apenas elementos de pilhas, que são os geradores de
corrente contínua mais conhecidos.
Ligação em série
A ligação em série de pilhas obtem-se ligando o pólo negativo de uma ao pólo positivo da outra, e assim
sucessivamente, conforme se pode verificar na figura seguinte:
Se ligarmos um voltímetro aos terminais do conjunto (pólo + da "primeira" pilha e pólo - da "ultima"),
verificamos que a leitura nos indica um valor igual à soma das f.e.m.’s de cada pilha.
Conclusão
A f.e.m. de uma associação em série de geradores é igual à soma das f.e.m.’s de cada um dos geradores:
E = E1 + E2 + E3 + E4
Este tipo de ligação utiliza-se sempre que um determinado receptor tern uma tensão de funcionamento
superior à oferecida por um só gerador. Por exemplo: aparelhos receptores de rádio, telecomandos de
televisores, lanternas, etc., onde várias pilhas em série (normalmente de 1,5 V) são ligadas de forma a
obter-se a tensão de funcionamento necessária.
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Ligação em paralelo
Uma associação em paralelo de geradores consiste em ligar, entre si, os pólos do mesmo nome desses
geradores. Os geradores devem ter os mesmos valores da f.e.m. quando os ligamos em paralelo. Caso
contrário, os geradores de menor f.e.m. comportam-se como receptores, desvirtuando o funcionamento do
circuito.
Urn voltimetro ligado aos terminals dum conjunto de pilhas em paralelo vai, naturalmente, ler o valor da
f.e.m. de cada pilha.
Conclusão
A f.e.m. de uma associação em paralelo de geradores é igual ao valor da f.e.m. de cada um dos
geradores:
E = E1 = E2 = E3 = E4
Verifica-se que, neste tipo de ligação, apesar de não aumentar a f.e.m., a intensidade da corrente
fornecida é a soma das intensidades das correntes de cada gerador.
Por isso, a associação em paralelo de geradores é utilizada sempre que se exijam correntes superiores à
que é fornecida por cada um deles.
1. Cálculo da potência útil que o gerador fornece ao circuito externo para cada corrente que o atravessa:
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Sabendo que a potência é P = U I e que a equação do gerador é U = E – Ri I , então a potência útil
fornecida pelo gerador é dada pela expressão:
Pu = E I – Ri I²
Pu é a potência que o gerador transforma em potência eléctrica considerando as perdas internas.
2. Cálculo da resistência externa (resistência da carga) Re que maximiza a energia fornecida à carga:
Determinação das raízes da equação da parábola :
Pu = E I – Ri I²
Pu = 0 = ( E – Ri I ) I
Então:
U = E – Ri I = E – Ri ( E / 2 Ri ) = E – ( E / 2 ) = E / 2
A máxima potência transferida para o circuito ocorre quando a tensão entre os pólos do gerador é igual a
metade da sua f.e.m.
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