Séries Numéricas
Séries de Funções
Equações Diferenciais
Transformadas de Lapplace
2022-2023
Amílcar Branquinho
Conteúdo
Prólogo 7
Nestas notas encontra-se o material que preparei sobre a disciplina de Análise Mate-
mática III para as Licenciaturas de Física e para as Engenharias Biomédica e de Física
no primeiro semestre de 2022 2023.
Ao escrever este texto, gostaria de partilhar o meu entusiasmo pelos assuntos aqui trata-
dos esperando que os alunos sintam alguma emoção ao lê-lo. Embora algum material
teórico seja apresentado sem demonstração, os temas ficam devidamente discutidos
nos exemplos que apresentamos.
Tentei usar uma linguagem simples e pouco prolixa. Acredito que uma palavra a mais
na explicação de um conceito ou resultado tem, frequentemente, igual potencial para
ajudar como para confundir.
O cálculo é uma colecção de ferramentas incrivelmente eficazes para tratar uma ampla
variedade de problemas matemáticos. A sustentar estas ferramentas está uma estrutura
matemática que conforma a Análise Matemática.
Optei por um texto que apresenta as ferramentas do cálculo de uma forma coerente e
auto-contida, numa perspectiva matemática, onde o rigor está presente, e os temas se
encontram devidamente enquadrados na sua história.
Este texto não tem qualquer pretensão e a sua utilidade principal será a de facilitar uma
revisão rápida da disciplina, através de exemplos, e que o estudante possa verificar os
seus conhecimentos ao analisar alguns dos problemas resolvidos.
CAPíTULO 1
1. Conceitos fundamentais
(1) P1 se verifica;
(2) Supondo que se tem Pn , então também se verifica Pn+1 .
Duas variantes deste princípio consistem em substituir a primeira propriedade por Pn0 se
verifique para um certo n0 , passando Pn a ser válido para n n0 ; ou supor na segunda
propriedade que P1 , P2 , P3 , . . ., Pn , se verificam (indução completa).
n (n + 1)
Exemplo 1.1. Mostrar que 1 + 2 + 3 + · · · + n = .
2
1 + 2 + 3 + · · · + n + (n + 1) = n(n + 1) 2 + (n + 1)
Ä ä
(n + 1) n/2 + 1 = (n + 1)(n + 2) 2,
Assim,
ó ó
ou temos que x > 2 e x 11/5, i.e. x 2 2, 11/5 ;
ou então x < 2 e x 11/5, o que é obviamente impossível.
p
O valor absoluto de x, é um número que denotamos por |x| = x 2 , que é x se x 0,
e x, se x < 0. Assim, o valor absoluto de x, é o número despido de sinal.
Designamos por vizinhança de a 2 R a qualquer intervalo não vazio que tenha a como
centro. Dizemos assim que, ]a ", a + "[= x 2 R : |x a| < " , é uma vizinhança
de a de raio ".
Então, x 2 ] 1, 3[ [ ] 2, +1[.
1
Exemplo 1.4. Considere-se o conjunto A = ( 1)n n + + n + 1 : n 2 N . Estude
n
se é limitado inferior ou superiormente, e em caso afirmativo, determine o ínfimo ou
o máximo.
1. b) Se x 1, a equação lê-se
Se 3 x 1, a equação lê-se
⇤ ⇤ ⇥ ⇤ ⇥ ⇥ ⇤ ⇥
9/2, 3 [ 3, 1 [ 1, 1/2 , i.e. 9/2, 1/2 .
4x y x 2 + 2x y + y 2 , i.e. (x y)2 0,
(n + 1) (n + 1) + 1 (2(n + 1) + 1)
12 + 22 + · · · + (n + 1)2 = .
6
p
4. a) A condição x 4 < 9 é equivalente a x 2 < 3 e portanto, |x| < 3, i.e. temos o
⇤ p p ⇥ p p
intervalo 3, 3 , logo o ínfimo é igual a 3 e o supremo é 3;
p ⇤ p ⇥
4. b) A condição x 5 < 9 é equivalente a x < 9, i.e. temos o intervalo
5 5
1, 9 ,
p5
logo não tem ínfimo e o supremo é 9;
1
4. c) Os elementos negativos do conjunto são da forma 1 se n ímpar, logo o seu
n
ínfimo é o elemento que corresponde a n = 1, i.e. inf = 2. O resto dos elementos são
1
da forma 1 com n par, pelo que o supremo é 1.
n
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 13
2. Noção de sucessão
a1 , a2 , a3 , . . . , an , . . .
de forma que para cada n, existe um elemento da sucessão que denotamos por an , e
designamos por termo geral da sucessão.
Dada uma sucessão (an )n2N de números reais, definimos uma subsucessão de an como
a restrição da função f a um subconjunto infinito N ⇢ N, i.e.
1, 2, 3, 4, 5, . . . f : N ! R, com f (n) = n
Já quando x n < x n+1 para todo n 2 N, a sucessão diz-se crescente e quando x n > x n+1
para todo n 2 N, a sucessão diz-se decrescente.
(n + 1) n = 1 > 0, n 2 N.
n
A sucessão ( 1)n é oscilante pelo que não é monótona. Mas a sucessão n+1 é
monótona crescente pois
n+1 n 1 1
= (n + 1)2 n(n + 2) = > 0, n 2 N.
n+2 n+1 (n + 2)(n + 1) (n + 2)(n + 1)
A última sucessão é crescente para ⇡.
Uma sucessão diz-se limitada se o for inferior e superiormente. Uma sucessão que não
é limitada diz-se ilimitada.
an+1 = an + r, n 2 N,
a2 = a1 + r,
a3 = a2 + r = a1 + 2r,
a4 = a3 + r = a1 + 3r, ...
e, mais geralmente,
an+1 = a1 + nr, n 2 N.
A razão de uma progressão aritmética pode ser um número positivo, negativo ou nulo.
e a sucessão é limitada.
Quando r > 1 obtém-se uma sucessão crescente: basta multiplicar ambos os membros
desta desigualdade pelo número positivo r n obtendo r n+1 > r n .
Como conhecimento prévio a qualquer estudo sobre limite de sucessões notemos que
o limite de uma sucessão a existir é único, i.e.
Caso exista o limite de uma sucessão, dizemos que a sucessão converge a ou para, esse
valor limite. Além disso,
1
Exemplo 1.10. A sucessão n tem limite 0.
Considere " > 0; temos de encontrar m 2 N tal que para todo n 2 N com n m se
tenha | 1n 0| = 1
n < ". Como 1
n 1
m sempre que n m, basta tomar m tal que m > 1
"
qualquer que seja " > 0 (que é o que nos diz o princípio de Arquimedes).
n
Vimos já que a sucessão, n+1 é monótona e limitada; donde por este teorema é con-
vergente. Pode ver-se que o seu limite é 1.
Exemplo (número de Neper). Pode demonstrar-se (ainda que não seja demasiado fá-
Ä 1 än
cil) que 1 + é uma sucessão monótona crescente e limitada por 3. O teorema
n
anterior diz-nos que a sucessão dada tem limite. Ao limite desta sucessão designamos
por número de Neper, e = 2, 71828 . . ..
∆ « ∆
p p p
Exemplo 1.11. Justifique que a sucessão 2, 2+ 2, 2+ 2+ 2, . . . é conver-
gente, e determinar o seu limite.
p
an 2 (a1 2 ; e usando, an+1 = 2 + an , an 2 =) an+1 2).
p
an+1 an () 2 + an an () 2 + an an2 () 0 (an + 1)(an 2),
1 ± k = 1, 1 ⇥ k = 1 se k 6= 0 e k/1 = 0.
Aqui, 1, k e 0 significam sucessões que tendem para esses valores. Da última identi-
dade deduzimos também que k/0 = 1 . Mas há outras “operações” com o infinito que
não têm valor definido, dependem por isso de cada caso concreto. Costumam ser de-
signadas por indeterminações; as indeterminações ligadas a operações elementares são:
1 0
+1 1, 0 ⇥ 1, e .
1 0
Existem outras indeterminações ligadas a potências: 11 , 10 , 00 .
an
e também = 0, lim a 2 R.
n!1 n!
1
mostrando que lim = 0. Comecemos por escrever
2n
Å ã
n n n(n 1) n
2 = (1 + 1) = 1 + n + + ··· + + ··· + 1 pelo binómio de Newton
2 k
Agora como
Å ã
n(n 1) n
1+ + ··· + + ··· 0, n 2 N,
2 k
concluímos que
1 1
2n n, n 2 N, i.e. , n 2 N;
2 n n
logo
1 1
0 , n 2 N,
2 n n
e do teorema das sucessões enquadradas temos o que queríamos demonstrar.
Para o último exemplo vamos usar o seguinte teorema válido para sucessões an de
números positivos:
an+1
Seja ` = lim an ; se ` 2 [0, 1[, então lim an = 0. Além disso, se
` > 1 (ainda que +1) tem-se que (an ) diverge para +1.
4. Limites fundamentais
sin x
lim = 1,
x!0 x
un = n 1 , un = n 2 , ou ainda un = e n , n 2 N.
4 3 2/n4
1. a) Dividindo por n , temos an = que obviamente converge para 3.
1 + 2/n2 + 2/n4
24 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
1
1. b) Dividindo por 6n , temos an = Note-se que (5/6)n ! 0, pelo que
(5/6)n + ( 1)n
lim a2n = 1 enquanto que lim a2n+1 = 1, portanto não existe lim an e a sucessão não
converge.
2. b) Consideramos as implicaciones
p
an an+1 () an 2 an () an2 2 an
5.1. Noção de série numérica. Comecemos com algumas questões básicas sobre
séries numéricas.
Uma série numérica é uma soma infinita de números reais.
• Como deve ser entendida?
• É diferente de uma soma finita?
2 p X
n
2
1+4 +⇡+ + 0, 8 + 13, ak = a1 + a2 + · · · + an ,
e k=1
a1 , a2 , . . . , an ,
o valor da soma finita pode ser calculada, usando as regras básicas da álgebra dos
números reais. Já uma soma infinita ou série:
X
1
an = a1 + a2 + a3 + · · · + am + · · · ,
n=1
a1 , a2 , . . . , am , . . .
é, apenas uma expressão formal, que pode ter ou não significado. O seu significado
depende directamente da sucessão an .
X
1
1 1 1 1 1
= + + + + ··· .
n=1
3n + 1 4 7 10 13
Veremos que à primeira podemos atribuir como valor um número real e à segunda não.
Temos então que saber analisar se uma dada série tem significado (digamos, se é con-
vergente ou divergente) e só depois concluir se lhe podemos atribuir um valor real
(i.e., calcular a sua soma).
5.2. Sucessão e série associada. O nosso objectivo aqui vai ser o de distinguir
X
1
a série an da sucessão an .
n=1
Os números an são designados por termos da série (que formam a sucessão termo
geral da série). Aqui n (percorre {1, 2, 3, . . .}) é designado por índice.
5.3. Sobre a natureza das séries. Vamos apelar, em jeito de SOS, aos nossos
conhecimentos sobre sucessões, para as quais temos os conceitos de convergência e
divergência.
s1 = a1 , s2 = a1 + a2 , s3 = a1 + a2 + a3 , s4 = a1 + a2 + a3 + a4 , ...
Faz então sentido perguntar, se a nova sucessão sn tem limite (finito ou não).
X
1
Diremos que a série an converge (ou é somável)
n=1
X
1 X
n
se ak = lim sn = lim ak .
n!1 n!1
k=1 k=1
5. SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 27
Do mesmo modo que no integral definido, a variável de integração não tem qualquer
importância, aqui é irrelevante se o índice de soma é denotado por n, m, k ou j, desde
que a notação seja consistente e não exista perigo de confusão. Desta forma, tem sen-
tido escrever:
X
1 X
1 X
1
a1 + a2 + a3 + · · · = an = ak = aj,
n=1 k=1 j=1
1 1 1 1 X
1
1 X
1
1
1+ + + + + ··· = = .
4 9 16 25 n=1
n2
k=1
k 2
X1
1 1
Mas, é errado escrever a soma anterior como, . Pelo que an = 2
n =1
k 2 k
para todo n 2 N, considerando que n varia, enquanto k é um valor fixo. Ou seja, nesse
caso, a soma é interpretada como
X
1
1 1 1 1
= + + + ··· que é divergente para +1.
n=1
k 2 k 2 k 2 k 2
X
1
Convém ter presente que dada uma constante c 6= 0, a série c = c + c + ···
n=1
é divergente, uma vez que a sucessão das somas parciais é dada por
sN = c + c + · · · + c = N c;
Se an = 0, n 2 N (neste caso c = 0), então é óbvio que as somas parciais são nulas,
sN = 0, pelo que a série é convergente e a sua soma é zero, i.e.
X
1 X
N
0 = lim 0 = lim 0 = 0.
N !1 N !1
n=1 n=1
Note que, na última série, o termo an não existe se n = 1, 2 (o que não tem qual-
quer importância pois a sucessão termo geral está definida para os índices da série, i.e.
para n 3).
Dada uma série cujo índice não começa em n = 1, podemos ajustar as somas parciais.
X
1
Por exemplo, para série an podemos definir
n=0
X
N
sN = an 1 = a0 + a1 + a2 + · · · + aN 1,
n=1
X
1
enquanto que para an podemos definir
n=3
X
N
sN = an+2 = a3 + a4 + a5 + · · · + aN +2 , N 1.
n=1
Para além do exemplo trivial visto acima (soma de uma constante), existem outras sé-
ries cujas somas parciais e respectivos limites podem ser determinados explicitamente.
Vamos aprender a reconhecê-las.
Na maior parte das séries, veremos como aplicar alguns critérios de convergência.
É um teorema que nos permite concluir se uma série dada converge ou diverge.
Devemos notar que não há um critério universal que sirva para a análise da convergên-
cia ou divergência de todas as séries. Cada critério dá-nos respostas conclusivas apenas
para uma determinada classe de séries (com características comuns).
X
1
Se a série an é convergente, então lim an = 0.
n!1
n=1
Dito de uma forma menos formal, para que a série seja convergente, o seu termo
geral deve ser pequeno, embora seja impossível especificar, em geral, quão pequeno
deva ser. . .
an = a1 + a2 + · · · + an 1 + an a1 + a2 + · · · + an 1
= sn tn ! S S = 0. (n ! 1)
Este critério é útil para mostrar que uma série é divergente. De facto dá-nos uma
condição ‘forte’ ou suficiente de divergência de uma série dada:
Por exemplo, este enunciado equivalente permite dizer imediatamente que as seguin-
tes séries
X
1
p p p X
1
n=1+ 2+ 3 + ··· , ( 1)n = 1 + 1 1+1 1 + ··· ,
n=1 n=1
são divergentes.
p
De facto, a primeira tem termo geral an = n, que é uma sucessão diverge para +1,
e a segunda, tem termo geral an = ( 1)n , cujo limite não existe.
É muito importante notar que o critério do termo geral é útil apenas para estabelecer
a divergência, ou seja, não permite concluir a convergência de série alguma.
X
Este critério não nos diz que se lim an = 0 então a série an converge.
n!1
Por exemplo, é bem sabido que as sucessões termo geral das seguintes séries
X
1
1 1 1 1 1
= 1 + 2 + 2 + ··· + 2 + ··· an = , n2N
n=1
n2 2 3 n n2
X
1
1 1 1 1 1
=1+ + + ··· + + ··· an = , n2N
n=1
n 2 3 n n
convergem para zero; no entanto, veremos que a primeira série é convergente (a sua
⇡2
soma é exactamente 6 , e a segunda é divergente.
Portanto, se a sucessão termo geral de uma série tende a zero, o critério do termo geral,
é inconclusivo quanto à convergência ou divergência da série.
6. Exemplos fundamentais
6.1. Série de Mengoli ou telescópica. Este termo costuma usar-se para designar
uma série cujas somas parciais têm apagamentos vários e que, portanto, são fáceis de
6. EXEMPLOS FUNDAMENTAIS 31
é telescópica porque
Ä n ä
ln = ln(n) ln(n + 1),
n+1
logo
X
N Ä n ä X N
ln = (ln(n) ln(n + 1))
n=1
n+1 n=1
= ln 1 ln(N + 1) = ln(N + 1) ! 1, N ! 1.
Agora, como a sucessão soma parcial é divergente para +1 concluímos que a série
X
1 Ä n ä
ln
n=1
n+1
é divergente.
Observe-se que neste exemplo o critério do termo geral não seria útil para concluir a
divergência da série pois,
n Ä n ä
lim = 1, logo lim ln = ln 1 = 0,
n+1 n+1
i.e. o critério do termo geral é inconclusivo.
Neste caso
X
1
an an+p = a1 + · · · + a p lim an+1 + · · · + an+p .
n!1
n=1
X
1
No caso particular em que existe lim an = a, então a série (an an+p ) é convergente;
n!1
n=1
e tem-se
X
1
(an an+p ) = a1 + · · · + a p pa.
n=1
32 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
1 X ÄÄ 1 1 ä Ä 1 1 ä Ä ää
n
1 1
= + + ··· +
p k=1 k k + 1 k+1 k+2 k+p 1 k+p+1
1Ä 1 1ä 1Ä 1 1 1 ä
= 1 + + ··· + + + ··· + ;
p 2 p p n+1 n+2 n+p+1
e tomando limite quando n tende para 1 temos que
X
1
1 1Ä 1 1ä
= 1 + + ··· + .
n=1
n(n + p) p 2 p
X
1
6.2. Série geométrica. Uma série an em que o seu termo geral
n=1
an+1
= q, n = 1, 2, 3, . . .
an
para certo número (fixo) q denominado razão da série, diz-se uma série geométrica.
Vejamos agora
Embora não exista um critério universal para todas as séries possíveis, na classe das sé-
ries geométricas existe uma forma simples de determinar a convergência ou divergência
da série. Isto é uma consequência de podermos calcular explicitamente a sucessão soma
parcial da série.
X
1
Teorema 1.1 (séries geométricas). A série aq n converge se, e somente se, |q| < 1,
n=0
X
1
a
i.e., quando e só quando 1 < q < 1. Neste caso, a soma vale aq n = .
n=0
1 q
(1 q) sN = (1 q) a + aq + aq2 + · · · + aq N
= a + aq + aq2 + · · · + aq N aq + aq2 + · · · + aq N + aq N +1
=a aq N +1 ,
1 q N +1
e dividindo por 1 q, concluímos que sN = a .
1 q
34 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
6.3. Séries de Dirichlet. Vejamos mais uma família ‘fundamental’ de séries, de-
signadas por
X
1
1
série de Dirichlet de parâmetro p 2 R, .
n=1
n p
X
1
1
A série é dita série harmónica, pelo que a designação p-harmónica é também
n=1
n
X
1
1
usado para designar a série de Dirichlet .
n=1
np
Usando o critério do integral podemos demonstrar o seguinte teorema (série de Diri-
chlet):
X
1
1
A série p-harmónica converge se, e somente se, p > 1.
n=1
np
são divergentes.
X
1
Seja an uma série de termos positivos e decrescentes,
n=1
i.e. a1 > a2 > · · · > an > · · · > 0. Se a função real de variável
real, f , definida em [1, +1[ é monótona decrescente e
X
+1 ˆ +1
f (n) = an , n 2 N, então, an e f (x) d x são da
n=1 1
mesma natureza.
Note-se que, se p 6= 1
1 x1 p
ˆ
d x = + c, c2R
xp 1 p
1
e se p = 1, d x = ln x + c, c 2 R. Donde se conclui que o integral
´
x
+1
1
ˆ
d x, é convergente () p > 1.
1 xp
X 1
Aplicando o critério do integral concluímos de imediato que a série é conver-
np
gente se, e somente se, p > 1.
então
ˆ k+1 ˆ k+1 ˆ k+1
ak = f (k) d t f (t) d t f (k + 1) d t = ak+1 , k 2 N.
k k k
X
n 1 ˆ n X
n
ak f (t) d t a1 + ak .
k=1 1 k=1
7. Critérios de convergência
7.1. Operações admissíveis sobre séries. A álgebra das séries convergentes se-
gue os mesmos princípios das sucessões convergentes, i.e. podemos multiplicar séries
convergentes por uma constante e adicionar duas séries convergentes. Assim, dada
X
uma uma série convergente, an , podemos multiplicá-la por uma constante c 2 R,
36 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
X
formando uma nova série, can . Esta série é convergente e a sua soma segue a
seguinte regra
X X
can = c an .
Isto pode ser verificado comparando as somas parciais da série em ambos os membros
da igualdade e aplicando as regras usuais de limites:
P P
• Se an diverge, então bn diverge.
As conclusões do teorema são naturais; para tal basta comparar as somas parciais:
a1 + a2 + · · · + an b1 + b2 + · · · + bn ,
e recordar que as sucessões somas parciais são crescentes em qualquer dos casos, pelo
que serão convergentes se, e somente se, forem limitadas (cf. teorema de Bolzano-
-Weierstrass).
Este teste é útil quando podemos comparar a sucessão termo geral da série dada com
o termo geral de outra série, cuja convergência ou divergência já conhecemos.
X 1
Exemplo 1.13. Sabendo que a série geométrica converge, podemos deduzir
X 1 2n
que a série también converge.
2n + n
1 1
De facto, é óbvio que 2n 2n + n e portanto 0 < 2n +n 2n , e do teorema anterior
concluímos o que queríamos provar.
X1
Exemplo 1.14. Recordando que a série harmónica diverge, e tendo em
n
atenção que
1 ln n
0< , n 3 pois n 3>e implica que ln n > ln e = 1
n n
X ln n
e aplicando o teorema anterior, concluímos que a série é divergente.
n
2n n > 0, n 2 N,
1
pelo que a fracção está bem definida. Se pretendermos compará-la, como anterior-
2n n
P 1
mente, com a série geométrica, 2n encontramo-nos com o seguinte problema:
1 1
2n n < 2n , pelo que < n , n 2 N;
2 n 2 n
logo não conseguimos aplicar nenhuma das versões do teorema de comparação.
Quando a comparação falha por pouco, como no exemplo anterior, costuma aplicar-se
o critério de comparação no limite ou o critério de comparação assimptótico:
38 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
se ` = 0, então:
X X
a convergência de bn implica a convergência de an .
Vejamos agora o se pode dizer se ` = +1, então temos que para algum M > 0,
an > M bn , n n0 ; logo
se ` = +1, então:
X X
a divergência de bn implica a divergência de an .
1 1
Exemplo 1.16. As sucessões 2n e 2n n são assimptoticamente comparáveis.
De facto,
1
2n 2n n n n
lim 1
= lim = lim 1 =1 (a sucessão converge a 0)
2n n
2n 2n 2n
Logo as séries
X 1 X 1
e ,
2n 2n n
1
são da mesma natureza e como a primeira é geométrica de razão 2 é convergente, logo
a segunda também é convergente.
X 1 X 1
Exemplo 1.17. As séries p e p são da mesma natureza.
1+ n n
1p p1
De facto as sucessões 1+ n
e são assimptoticamente equivalentes, i.e.
n
p p
1/(1 + n) n
lim p = lim p = 1.
1/ n 1+ n
7. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA 39
Concluímos assim que a segunda série é divergente pois a primeira é uma série de
Dirichlet de parâmetro p = 12 .
p
8 " > 0, 9 n0 2 N : | n an `| < " (= n n0 .
p
Como, | n an `| < " se lê, de forma equivalente, como
p
` "< n
an < ` + " ou ainda (` ")n < an < (` + ")n ,
Agora, considere-se primeiro que ` < 1, então tomando " 2 R+ tal que ` + " < 1 (por
1 `
exemplo, " = ) temos que, para todo o n n0 , an < (` + ")n . Assim, pelo teorema
2 X
de comparação de Gauss concluímos que a série an é convergente.
` 1
Já se ` > 1, então tomando " 2 R+ tal que ` " > 1 (por exemplo, " =
) temos
2
que, para todo o n n0 , an > (` + ")n . Então pelo teorema de comparação de Gauss
X
concluímos que a série an é divergente.
40 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
1 `
Se ` 2 [0, 1[, então existe " > 0, tal que 0 < ` + " < 1 (por exemplo " = );
2
an+1
e, portanto, < ` + " < 1, n n0 , logo do teorema de comparação de Gauss
an X
concluímos que a série an é convergente.
` 1 an+1
Se ` > 1, existe " > 0, tal que ` " > 1 (por exemplo " = ); e, portanto, > 1,
X2 an
n n0 , logo do teorema anterior concluímos que a série an é divergente.
Se a sucessão termo geral da série estiver formada por factoriais, na maior parte dos
casos convém aplicar o critério da razão. Já se a sucessão termo geral da série estiver
formada por potências de índice n convém aplicar o critério da raiz.
X 1
Exemplo 1.18. Vamos ver que a série é convergente (veremos mais à frente
n!
que o seu valor é o número de Neper, e).
1
Aplicando o critério da razão com an = tem-se
n!
an+1 1/(n + 1)! n! n! 1
= = = = ! 0 = r. (n ! 1)
an 1/n! (n + 1)! (n + 1)n! n+1
X nn/2
Já para estudar a convergência ou divergência da série é conveniente aplicar
2n
n/2
n
o critério da raiz a an =
2n
Ä nn/2 ä1/n p
p n
r = lim n
an = lim = lim = +1;
2n 2
logo, a série dada é divergente.
k(a1 + · · · + an ) D1 a1 Dn an < D1 a1 , n 2 N.
sn = a1 + · · · + an , n 2 N,
é crescente (pois trata-se de uma série de termos positivos) limitada superiormente por
X
D1 a1 , i.e. a série an é convergente.
Como se trata de uma série de termos positivos, pelo critério de D’Alembert, temos
n+1
lim = 1,
n!1 a+n
logo nada podemos concluir quanto à natureza da série dada.
(a 1) n
Analisemos então a condição do critério de Raabe, i.e. lim = a 1. Concluí-
n!1 n + 1
mos assim que para a > 2 a série dada é convergente e se 0 < a < 2 a série é divergente.
Não existe uma ordem exacta para aplicar os diferentes critérios estudados, mas sim
algumas ideias práticas. Primeiro, vamos supor que estamos em presença de uma série
de termos positivos (excepto possivelmente para um número finito de termos):
10.1. Série de valores absolutos. Vamos explicar como estudar a natureza de sé-
ries que mudam de sinal (i.e., aquelas que têm infinitos termos positivos e também
infinitos termos negativos).
X
Devemos comparar a série dada, an , com a série que tem como termo geral, os
X
valores absolutos do seus termos, i.e. |an |.
Observe que os termos desta série são todos não-negativos (e, portanto, pode ser estu-
dada aplicando os métodos descritos anteriormente).
Obviamente, que estas designações só fazem sentido para as séries com um número
infinito de termos positivos e negativos. De facto, para a séries de termos positivos
44 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
X
1
Teorema 1.4 (de Riemann). Se a série an é simplesmente convergente, então, dado
n=1
um número real, S, é possível reordenar os termos da série de forma a obter uma nova
série convergente com soma S.
X
1
O teorema de Riemann diz-nos que dada uma série an convergente que não con-
n=1
verge absolutamente, então
X
1
existe uma bijecção : N ! N, tal que a (n) = S.
n=1
Também se pode provar que existe uma reordenação dos termos da série, de modo a
obter uma série divergente.
1 1 1 1 1 1 1
1 + + ··· , ou + + + ··· ,
2 3 4 2 4 8 16
são séries em que os termos positivos e negativos vão alternando de forma consecutiva.
Diremos, assim que uma série é alternada se
X
1 X
1
n
( 1) cn , ( 1)n 1 cn , onde cn > 0, n 2 N.
n=1 n=1
P
Como ( 1)n+1 = ( 1)n 1 ( 1)2 = ( 1)n 1 , temos que ( 1)n 1 cn coincide
X
com ( 1)n+1 cn .
são convergentes
Observação. Aplicando o critério de Leibniz somente se pode deduzir que uma série
converge; não podendo deduzir-se daí se converge absolutamente ou não. Assim, de-
vemos usar este critério para demostrar a convergência simples de uma série numérica
(i.e. depois de termos demonstrado que a série dada não é absolutamente convergente).
s2n+2 s2n = c2n+1 c2n+2 > 0 e s2n+1 s2n 1 = c2n + c2n+1 < 0,
Vemos também que a sucessão s2n está limitada superiormente por s1 , pois,
X ( 1)n
Exemplo 1.20. Estudar a natureza da série .
n ln n
1
Neste caso cn = . Para n 2 vemos que
n ln n
Agora pelo critério de Leibniz, a série dada é simplesmente convergente (pois não con-
verge absolutamente). De facto, aplicando critério do integral com a função de com-
1
paração f (x) = , e como
x ln x
(ln x)0
ˆ ˆ
f (x) d x = d x = ln(ln x) + c, x 2 [2, +1[,
ln x
temos que,
X 1
ˆ +1
a série e o integral impróprio f (x) d x,
n ln n 2
cos(3+n!) 1 1 4
Vê-se facilmente que n4/3
n4/3
, e como a série n4/3
é de Dirichlet com p = 3 >1
é convergente, do critério de Gauss concluímos que a série dada é absolutamente con-
vergente.
X ( 1)n
Exemplo 1.22. Estudar a natureza da série .
n
Exemplo 1.24. Estudar a natureza das séries, e caso seja convergente determine a
sua soma
X
+1 X
+1
n 3 X
+1
2 X
+1
2n+1 X
+1
( 1)n ln n, , , , ⇡n/2 e n .
n=1 n=1
5n + 8 n=1
n(n + 2) n=1
3n 1 n=1
11. QUESTÕES MISCELÂNEAS 47
As três primeiras devem analisar-se por aplicação do teorema de Gauss no limite, pois
n 1 1 1
= 2 é comparável com ,
n3
+1 n 1 + 1/n 3 n2
1 1 1 1
p = é comparável com ,
n n n1 n 1/2 n
n+7 1 1 + 7/n 1
p = é comparável com .
n2 + 3 n + 1 n 1 + 3n 3/2 + 1/n2 n
X1 X 1
Como as séries de Dirichlet e são, respectivamente divergente e conver-
n n2
gente, concluímos que a primeira série é convergente e a segunda e terceira divergente.
Para tal basta observar que, das simplificações apresentadas
n 1 n+7
lim ⇥ n2 = 1, lim p ⇥n=1 e lim p ⇥ n = 1;
n3 +1 n n n2 +3 n+1
e, portanto, as séries
X n X 1 X 1 X n+7 X1
e bem como p , p e ,
n3 + 1 n2 n n n +3 n+1
2 n
são da mesma natureza.
Exemplo 1.28. Analisar a natureza das seguintes séries e caso sejam convergentes
calcular o seu valor:
X
1
2 X
1
en 1 X
1 Ä
1 än
, e 1+ .
n=1
3 n 1
n=1
⇡n+3 n=1
n
e também
X
1
en 1 1 X Ä e än
1
1 1 1 1/⇡3
= 4 = = .
n=1
⇡n+3 ⇡ n=1 ⇡ ⇡4 1 e/⇡ ⇡ e
X
1
2 X
1
en 1
São pois convergentes as séries e .
n=1
3 1
n
n=1
⇡n+3
Comece por verificar que as séries são todas de termos positivos. Para a primeira,
começamos por analisar
2n + 1 1 2 + 1/n 2n + 1
= logo lim =0
n2 (n + 1)2 n3 (1 + 1/n)2 n!1 n2 (n + 1)2
P 1
com ordem de convergência 1/n3 . Comparando com a série n3 que é convergente
por se tratar de uma série de Dirichlet de parâmetro p = 3; temos
X
2n + 1 X 1
e, portanto, as séries e são da mesma natureza.
n2 (n + 1)2 n3
Para a segunda série começamos por observar que a sucessão termo geral da série, i.e.
Ä Ä ää
sin2 1n , converge para zero. Mais ainda, como
onde (un ) é uma qualquer sucessão de números reais tal que lim un = 0. Em particular,
n!1
tomando un = 1/n tem-se
Ä sin(1/n) ä2 sin2 (1/n)
lim = lim = 1;
n!1 1/n n!1 1/n2
Para a terceira série comecemos por analisar a sucessão termo geral da série, i.e.
p p p p
n3 + 1 n3 1 + 1/n3 1 1 + 1/n3
= =
3n3 + 4n2 + 2 n3 3 + 4/n + 2/n3 n3/2 3 + 4/n + 2/n3
logo
p
n3 + 1
lim = 0,
n!1 3n3 + 4n2 + 2
Agora, como se trata de uma série de termos positivos, aplicando o critério de Cauchy-
-Hadamard, temos
v
t
n n+1 n2 2 n+3 2 3
lim = lim 1 1 = e 2.
n!1 n+3 n!1 n+3 n+3
2
Como e 2 [0, 1[, concluímos que a série dada é convergente.
X
1
8n n! X
1
2n
Exemplo 1.31. Determine a natureza das séries e .
n=1
nn n=1
n!
52 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
Tratam-se de séries de termos positivos an = 8n n!/nn e bn = 2n /n!. Por outro lado não
é ‘imediata’ a determinação dos limites lim an e lim bn ; aplicando o critério da razão
n!1 n!1
ou de D’Alembert, i.e.
an+1 8n+1 (n + 1)! nn Ä n än 1 8
lim = lim = 8 lim = 8 lim = > 1;
an (n + 1)(n + 1) 8 n!
n n n+1 (1 + 1/n) n e
n
bn+1 2 ⇥ 2 n! 2
lim = lim = lim = 0 2 [0, 1[;
bn (n + 1)n! 2n n+1
X 8n n! X 2n
concluímos que é divergente e que é convergente.
nn n!
Exemplo 1.32. Determine a natureza das seguintes séries e, caso sejam convergentes,
calcule a sua soma:
X
1 Ä
( 1)n+1 ( e)n ä X
1 Ä
1 ä ˆ 1X
1
e x+n
n
+ n+1 ; + ( 1) ; dx.
n=1
3n+2 3 n=1
(2 + n)n 0 n=1
3n
A primeira série é uma soma algébrica de séries geométricas de razão, r 2 ] 1, 1[, pelo
X ( 1)n+1 X Ä 1 än+2
que a série é absolutamente convergente. De facto, = tem
3n+2 3
X1
( e)n 1 X Ä e än
1
razão 3 e = tem razão 3e . A e a sua soma é igual a 36(e+3)
3 11e
.
n=1
3 n+1 3 3
A segunda série é divergente pois trata-se da soma algébrica de uma série absoluta-
X
1
mente convergente (justificar) com uma divergente, ( 1)n .
n=1
Para a terceira vemos facilmente que
e 1 x X ⇣ e ⌘n
ˆ 1X 1 1 ˆ 1
e x+n e e 1
ˆ
x
dx = e dx = e dx = .
0 n=1 3
n 3 0 n=0
3 3 e 0 3 e
Ä 4n
1 än
(a) A sucessão termo geral da série é dada por an = , n 2 N.
n+1
Aplicando directamente o critério de Cauchy–Hadamard concluímos que a série é di-
4n 1 4 1/n
vergente. De facto, lim(an )1/n = lim = lim = 4 > 1.
n+1 1 + 1/n
X
(b) A série 1/n é divergente por ser de Dirichlet com parâmetro 1; além disso, a
X n
série 2/3 é geométrica de razão 2/3 2 [0, 1[, logo é convergente. Assim, a série
dada é divergente.
X
(c) Como ln n < n, concluímos que 1/ln n > 1/n, n = 2, 3, . . . e como a série 1/n
é divergente, obtemos que a série é absolutamente divergente. Mas como a sucessão
11. QUESTÕES MISCELÂNEAS 53
Exemplo 1.34. Determine a natureza das seguintes séries numéricas e, caso sejam
convergentes, calcule a sua soma:
X
1 Ä
1 1 ä X
1
( 1)n+1 7n 102 103 104
a) p p ; b) ; c) 10 + + + + ···
n=1
n n+2 n=0
e2n 2! 3! 4!
X p
a) Trata-se de uma série de Mengoli, do tipo an
an+2 , com an = 1/ n. Agora,
p
como lim an = 0, concluímos que a série dada converge para a1 + a2 = 1 + 1/ 2.
b) As séries
X ( 1)n+1 X 1 n
X 7 n
= e
e2n e2 e2
1 7
são geométricas de razão e 2] 1, 1[, logo são absolutamente convergentes para
e2 e2
e2 e2
e . Logo uma qualquer combinação linear delas é ainda absolutamente
1 + e2 e2 7
convergente.
a) Como lim an /(n 2 n ) = 1 temos, pelo critério de comparação no limite que basta
X
analisar a natureza da série bn com bn = n 2 n que é convergente (aplique-se, por
exemplo, o critério do quociente: lim bn+1 /bn = 1/2 < 1).
p p
b) Converge pelo critério da raiz já que lim n an = lim 21/ n /n = 0 < 1.
Exemplo 1.36. Analisar para que valores do parâmetro a ↵ as seguintes séries são
convergentes:
X e↵ n X p p X Å2n + 1ã↵
a) ; b) n2 ↵ +2 n↵ ; c) .
n2 + 1 n+1
Exemplo 1.37. Para que valores do parâmetro r > 0 a seguinte série é convergente:
X
1
( 1)n r n
n.
n=1 n n + 1/n
X
1
n
Reescrevamos a série na forma ( 1)n an com an = r n ⇥ 1 + 1/n ⇥ (1/n); temos
n=1
p 1 1/n
lim n
an = lim r ⇥ 1 + 1/n ⇥n = r,
pois
Note-se que a última afirmação exige o conhecimento de que a sucessão que define o
número e, i.e. (1 + 1/n)n é monótona crescente.
p p
n X
1
n+2
Exemplo 1.38. Considere-se an = e an . Para que valores de ↵ se
n↵ n=2
pode dizer que a sucessão e a série associada convergem?
12. EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO 55
ln(n2 + 1) sin(n2 + 1) X
n
a) un = ; b) vn = ; c) w n = e k.
1 + ln(3n3 + 2) en k=1
b) Trata-se de uma sucessão produto de uma sucessão limitada, (sin(n2 + 1)), por uma
infinitesimal, (e n ), logo lim vn = 0.
n!1
1
e e (n+1) 1
c) Pode ver-se que w n = , pelo que lim w n = .
1 e 1 n!1 e 1
Exercício (Exame, 26/06/2019). Classifique, justificando devidamente, em absoluta-
mente convergentes, simplesmente convergentes ou divergentes, as seguintes séries:
X
1
1 X
1 Ä 1 ä X
1
n2 + 1
a) ; b) cos 2 ; c) ( 1)n .
n=1
n +1
3
n=2
n +1 n=3
n!
As séries que agora nos vamos ocupar têm como termos funções reais de variável real.
O estudo que vamos fazer será de certa forma pouco usual, pois começaremos com as
séries de potências e deixaremos para o final o caso das séries de funções em geral, i.e.
X
f n . Tem, no entanto, a virtude de começarmos pelo caso mais fácil das séries de
funções, i.e. o caso em que f n (x) = an x n , n 2 N.
1. Séries de potências
Vamos agora considerar um tipo especial de séries conhecida como séries de potências.
Os conhecimentos adquiridos sobre séries numéricas permitir-nos-ão avançar sobre este
novo objecto de estudo.
Seja an uma sucessão de números reais. Para cada x 2 R podemos considerar a série
X
+1
an x n .
n=0
Diremos que estamos em presença de uma série de potências gerada por an , ou mais
geralmente, uma série de potências.
Observe-se que podemos olhar esta série como um ‘polinómio de grau infinito’, e para
cada x considerá-la como uma série numérica.
X
Dada uma série de potências an x n , podemos ver que ela converge para alguns va-
lores de x, como série numérica (por exemplo ela converge se x = 0).
Numa primeira fase, o nosso objectivo vai ser o de determinar conjuntos de pontos onde
uma série de potências dada, é convergente, e também caracterizar esse conjunto.
X
+1
Exemplo 2.1. Considere-se a série geométrica x n. Verifiquemos que ela é
n=0
convergente se x 2] 1, 1[ e que é divergente se x 2 R\] 1, 1[. Mais ainda,
X
+1
1
xn = , x 2] 1, 1[.
n=0
1 x
1 + x + x 2 + x 3 + · · · + x n + · · · = lim 1 + x + x2 + x3 + · · · + xn
n!+1
e também que
1 x n+1 1
lim = , se, e somente se, |x| < 1,
n!+1 1 x 1 x
obtemos finalmente que
X
+1
1
xn = , |x| < 1.
n=0
1 x
Em conclusão:
Diremos ainda que a série dada é convergente se existir lim sn (x), e neste caso, es-
n!+1
crevemos
X
+1
an x n = lim sn (x). (soma da série)
n!+1
n=0
X
+1
Teorema 2.1 (de Cauchy–Abel–Hadamard). Considere-se a série de potências, an x n ;
n=0
então, existe r 2 [0, +1] que designamos por raio de convergência tal que:
X
+1
• A série an x n é absolutamente convergente em |x| < r;
n=0
X
+1
• A série an x n é divergente em |x| > r;
n=0
X
+1
Por exemplo, a série geométrica x n é absolutamente convergente em ] 1, 1[ e
n=0
divergente em ±1.
X xn
+1
A série é é absolutamente convergente em ] 1, 1[ e divergente em 1 mas é
n=1
n
simplesmente convergente para x = 1.
X xn
+1
Já a série é absolutamente convergente em [ 1, 1].
n=1
n 2
2. Critérios de convergência
Vamos relembrar alguns critérios que nos ajudam a encontrar o intervalo de conver-
gência de uma série de potências.
60 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
X
+1
Exemplo 2.2. A série de potências (nx)n , somente converge em x = 0.
n=0
X
+1
n+1 n
Exemplo 2.3. Discuta a convergência ou divergência da série 2 (x 1)n .
n=0
n2
n+1 n
Identificamos bn = 2 (x 1)n , e calculamos
n2
v
∆ u Å ã 1n
n t
n n+1 n n+1 n n
lim |bn | = lim 2 (x 1) = lim
n 2 |x 1|
n!+1 n!+1 n 2 n!+1 n2
Å ã1
n+1 n
= 2|x 1| lim .
n!+1 n2
pn
Agora, como lim n = 1 obtemos
n!+1
Å ã 1n Å Å ãã 1n Å ã1
n+1 1 p
n 1 n
lim = lim n 1 + = lim n lim 1 + = 1.
n!+1 n2 n!+1 n n!+1 n!+1 n
Em geral, podemos afirmar que para todo o polinómio p, q, se tem que
∆ Å ã 1n
n p(n)
lim p(n) = 1 e também lim = 1.
n!+1 n!+1 q(n)
Esta série não é absolutamente convergente (justifique que pode aplicar o critério de
Gauss no limite, com a série de comparação de Dirichlet para p = 1).
No entanto, como (cn ) é uma sucessão decrescente com limite 0, o critério de Leibniz
diz-nos que esta série é convergente, logo é simplesmente convergente. Podemos então
1
afirmar que no ponto x = a série é simplesmente convergente.
2
3
Substituindo x = na série, obtemos
2
X n+1
+1 X n+1
+1
n 1 n
2 = .
n=0
n2 2 n=0
n2
2n2 + 1
Identificamos bn = n (3x 1)n , e calculamos
3 +1
✓ ◆ 1n ✓ 2 ◆ 1n
∆ 2n2 + 1 2n + 1
n n n
lim |bn | = lim (3x 1) = lim |3x 1|
n!+1 n!+1 3n + 1 n!+1 3n + 1
✓ 2 ◆1
2n + 1 n
= |3x 1| lim .
n!+1 3n + 1
Agora, tendo em atenção que
p Å ã 1n Å ã 1n
n 1 2
p
n 2 1
lim 2n2 + 1 = lim n (2 + 2 ) = lim ( n) 2 + 2 =1
n!+1 n!+1 n n!+1 n
Å Ä äã 1n Å ã 1n
p
n n 1 1
lim 3n + 1 = lim 3 1 + n = lim 3 1 + n = 3.
n!+1 n!+1 3 n!+1 3
obtemos finalmente que
✓ ◆ 1n
2n2 + 1 1
|3x 1| lim = |3x 1|.
n!+1 3n + 1 3
O critério de Cauchy ou da raiz diz-nos que
1
x tais que |3x 1| < 1, a série dada é absolutamente convergente
3
62 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
1
x tais que |3x 1| > 1, a série dada é divergente
3
Assim, o intervalo de convergência absoluta é dado por
1 1 1 1
|3x 1| < 1 , 3(x ) <1 , x < 1.
3 3 3 3
X
+1
2n2 + 1 4
Para completar o estudo da série (3x 1)n , substituímos x por 3 na série,
n=0
3n + 1
X
+1
(2n2 + 1)3n
obtendo . Vê-se facilmente que
n=0
3n + 1
2n2 + 1 n X
+1
(2n2 + 1)3n
lim 3 = +1 pelo que é divergente.
n!+1 3n + 1 3n + 1
n=0
X
+1
2n2 + 1
2
Substituindo agora x = 3 na série (3x 1)n , obtemos finamente que a
n=0
3n + 1
X
+1
2n2 + 1 X 2n2 + 1
+1
n
série ( 3) = 3n ( 1)n é divergente.
n=0
3n + 1 n=0
3 n+1
bn+1 X +1
• Se lim = ` < 1, então bn é absolutamente convergente.
n!+1 bn n=0
bn+1 X
+1
• Se lim = ` > 1, ou + 1, então bn é divergente.
n!+1 bn n=0
X
+1 p
n
Exemplo 2.5. Aplique este critério à série (2x 1)n .
n=0
3n + 2
p
n
Tomando bn = (2x 1)n , n 2 N, calculamos
3n +2
p v
bn+1
n+1
(2x 1)n+1 t n + 1 3n + 2
3n+1 +2
lim = lim p = lim |2x 1|
n!+1 bn n!+1 n
(2x 1)n n!+1 n 3n+1 + 2
3n +2
v
u
t n(1 + 1n ) 2
3n (1 +
3n )
= lim 2
|2x 1|
n!+1 n 3n+1 (1 + 3n+1 )
v
t 1 1 + 3n
2
1
= lim 1+ 2
|2x 1| = |2x 1|.
n!+1 n 3(1 + 3n+1 ) 3
n! n
Neste caso bn = x , n 2 N. Assim,
(2n)!
bn+1 x n+1 (n + 1)! (2n)! (n + 1)! (2n)!
lim = lim = |x| lim
n!+1 bn n!+1 x n (2n + 2)! n! n!+1 n! (2n + 2)!
n+1
= |x| lim = 0 < 1.
n!+1 (2n + 2)(2n + 1)
X
+1
( 1)n 2n
Exemplo 2.8. A série de potências x , é absolutamente convergente em R.
n=0
(2n)!
( 1)n 2n
Aplicamos o critério de D’Alembert com bn = x , tem-se
(2n)!
|bn+1 | (2n)! 1
lim = |x|2 lim = |x|2 lim = 0 < 1, x 2 R.
n!+1 |b | n!+1 (2n + 2)! n!+1 (2n + 2)(2n + 1)
n
Note-se que caso algum dos limites indicados seja +1 (respectivamente, 0) devemos
tomar r = 0 (respectivamente, r = +1).
X
+1
Para deduzir a primeira identidade relativamente à série an x n .
n=0
n
Identificando bn = an x , calculamos
∆
n
∆n
∆
n
lim |bn | = lim |an ||x n | = |x|A com A = lim |an |.
n!+1 n!+1 n!+1
3. Resolução de exercícios
X
+1
Exemplo 2.9. Determinar o domínio de convergência da série n(n + 1)x n .
n=1
Para tal basta aplicar o critério de Cauchy ou da raiz com bn = n(n + 1)x n , n 2 N,
tendo-se
∆
n
∆
n
∆
n
lim |bn | = lim |n(n + 1)x n | = lim n(n + 1)|x|n
n!+1 n!+1 n!+1
∆n
= |x| lim n(n + 1) = |x|.
n!+1
Assim, se |x| < 1 esta série é absolutamente convergente e se |x| > 1 esta série é
divergente. Observe-se que a condição |x| < 1 é equivalente a dizer que x 2] 1, 1[,
que é o designado intervalo de convergência absoluta da série. Podemos então dizer
que a série está centrada em 0 e tem raio de convergência 1.
e respectivamente por
X
+1
n(n + 1)( 1)n = 1(2) + 2(3) 3(4) + · · · + n(n + 1)( 1)n + · · ·
n=1
Estas séries são claramente divergentes, pois o limite do seu termo geral não é 0.
X
+1
(2x)n
Exemplo 2.10. Determinar o domínio de convergência da série .
n=1
(n 1)!
(2x)n
Apliquemos o critério de D’Alembert ou da razão com bn = e x 6= 0:
(n 1)!
Uma vez que o limite obtido é 0, verifica-se que para qualquer x 6= 0 esta série é
absolutamente convergente. O ponto x = 0 não causa preocupações, uma vez que
(por definição) a série de potências é convergente nesse ponto. Diremos finalmente
que a série converge absolutamente em R. Esta série está centrada em 0 e tem raio de
convergência +1.
X
+1
x n+1
Exemplo 2.11. Determinar o domínio de convergência da série ( 1)n .
n=1
n+1
x n+1
Apliquemos o critério de Cauchy ou da raiz, identificando bn = ( 1)n , n 2 N:
n+1
1 ✓ ◆ 1n
∆ x n+1 n
|x|n+1
( 1)n
n
lim |bn | = lim = lim = |x|.
n!+1 n!+1 n+1 n!+1 n+1
Agora, se |x| < 1 a série é absolutamente convergente; se |x| > 1 a série é divergente.
A condição |x| < 1 é equivalente a x 2] 1, 1[, pelo que ] 1, 1[ é o designado intervalo
de convergência absoluta da série.
X
+1
(2x 3)n
Exemplo 2.12. Determinar o domínio de convergência da série .
n=1
2n + 4
X
+1
n2 n
Exemplo 2.13. Determinar o domínio de convergência da série x .
n=1
n!
n2
Consideramos x 6= 0, identificamos bn = n! x n , n 2 N, e calculamos
(n+1)2
bn+1 (n+1)! x n+1 n! (n + 1)2 |x|n+1
lim = lim = lim
n!+1 bn n!+1 n2
xn n!+1 (n + 1)! n2 |x|n
n!
(n + 1)
= |x| lim = 0.
n!+1 n2
Uma vez que o limite obtido é 0, verifica-se que para qualquer x 6= 0 esta série converge
absolutamente. Diremos finalmente que a série converge absolutamente em R e que o
raio de convergência da série é +1.
X
+1
n!(x 2)n
Exemplo 2.14. Determinar o domínio de convergência da série .
n=2
n 1
n!(x 2)n
Apliquemos uma vez mais o critério de D’Alembert. Identificamos bn = ,
n 1
n 2 N com x 6= 2 e calculamos
bn+1 (n + 1)!(x 2)n+1 n 1
lim = lim
n!+1 bn n!+1 n n!(x 2)n
(n + 1)! (n 1)
= |x 2| lim
n!+1 n! n
(n + 1)(n 1)
= |x 2| lim = +1
n!+1 n
Uma vez que o limite obtido é +1, temos que o raio de convergência da série é zero.
X
+1
ln n
Exemplo 2.15. Determinar o domínio de convergência da série (x + 2)n .
n=1
n
ln n
Consideramos x 6= 2. Identificamos bn = n (x + 2)n e calculamos
Para analisar este limite, considere-se a função real de variável real f (x) = ln x, defi-
nida para x > 0, e calculamos
ln(x + 1)
lim .
x!+1 ln x
+1
Uma vez que temos uma indeterminação do tipo +1 , aplicamos a regra de Cauchy
Se 3|x| < 1 a série dada é absolutamente convergente; se 3|x| > 1 esta série é diver-
ó î
gente. A condição 3|x| < 1 é equivalente à |x| < 13 , pelo que 1 1
3 3 , é o designado
,
intervalo de convergência. Esta série está centrada em 0 e tem raio de convergência 13 .
X
+1 X
+1 X
+1
n n
• an x ± bn x = (an ± bn )x n ,
n=0 n=0 n=0
X
+1 X
+1 X
+1
n n
• ( an x )( bn x ) = (a0 bn + a1 bn 1 + · · · + an b0 )x n , ou seja
n=0 n=0 n=0
(a0 + a1 x + a2 x 2 + · · · )(b0 + b1 x + b2 x 2 + · · · )
70 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
= a0 b0 + (a1 b0 + a0 b1 )x + (a0 b2 + a1 b1 + a2 b0 ) + · · ·
X
+1
• Se a série de potências an x n verifica que a0 6= 0, então existe (cn ) ⇢ R tal que
n=0
1 X
+1 X
+1 X
+1
n n
= cn x , i.e. an x cn x n = 1,
X
+1
n=0 n=0 n=0
an x n
n=0
ou a0 c0 = 1, a0 c1 + a1 c0 = 0, ..., a0 cn + · · · + an c0 = 0, ...
X
Dada série de potências, an x n = a0 + a1 x + a2 x 2 + · · · + an x n + · · · , definimos:
X
+1
nan x n 1
= a1 + 2a2 x + · · · + nan x n 1
+ ··· série derivada
n=1
X
+1
an n+1 a1 2 an n+1
x = a0 x + x + ··· + x + ··· série primitiva
n=0
n+1 2 n+1
Teorema 2.6 (séries derivada e primitiva). Os raios de convergência das séries derivada
e primitiva coincidem com o da série de potências dada, já o domínio de convergência tem
de ser estudado caso a caso.
X
+1 X
+1
n
Teorema 2.7 (de unicidade). Se as séries de potências an x e bn x n coincidem
n=0 n=0
para todo o x 2] r, r[, e r > 0, então an = bn , n = 0, 1, . . ..
X
+1
Teorema 2.8 (de regularidade). Seja f (x) = an x n , definida no intervalo de conver-
n=0
gência da série de potências. Então, f é contínua e f (0) = a0 . Mais ainda, f é C1 ( f
admite derivada contínua de qualquer ordem), tendo-se f (n) (0) = n!an , n 2 N.
n=0 n=1
X
+1
n!
f (k) (x) = an x n k
n=k
(n k)!
ˆ x X
ˆ x +1 X a
+1
n
F (x) = f (t) d t = an t n d t = x n+1
0 0 n=0 n=0
n+1
4. OPERAÇÕES COM SÉRIES DE POTÊNCIAS 71
1 X
+1
Exemplo 2.17. Tendo em atenção que, = x n, |x| < 1, mostre que:
1 x n=0
1 X +1
i) = ( 1)n x 2n , |x| < 1;
1 + x 2 n=0
1 X ( 1)n +1
ii) = x n, |x| < 2;
2+ x n=0
2 n+1
1 X
+1
iii) = nx n 1 , |x| < 1;
(1 x)2 n=1
X
+1
( 1)n+1 n
iv) ln(1 + x) = x , x 2] 1, 1];
n=1
n
X
+1
( 1)n 2n+1
v) arctan x = x , x 2 [ 1, 1].
n=0
2n + 1
1 X
+1
1 X +1
= x n, |x| < 1 obtemos = ( x 2 )n , | x 2| < 1
1 x n=0
1 + x 2 n=0
1 X +1
= ( 1)n x 2n , |x| < 1.
1 + x 2 n=0
1 1 1
ii) Tendo em atenção que = , efectuando a mudança de variável
2+ x 2 1 + x/2
x x
x 7! obtemos a representação procurada, no intervalo de convergência <1
2 2
⌘ |x| < 2, i.e.
1 XÄ x än X ( 1)n n
+1 +1
1 1 1
= = = x , |x| < 2.
2+ x 2 1 + x/2 2 n=0 2 n=0
2n+1
iii) Aplicando o teorema anterior (para a série derivada) à série geométrica obtemos
1
directamente a primeira identidade, i.e. a representação em série para a função (1 x)2 .
72 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
1 X +1
= ( 1)n x n , |x| < 1,
1+ x n=0
X
+1
( 1)n+1 n
ln(1 + x) = x + k, |x| < 1,
n=1
n
O domínio de convergência desta série é ] 1, 1], uma vez que em x = 1 a série obtida
X ( 1)n+1
+1
é dada por , que é convergente (usando o critério de Leibniz) e no ponto
n=1
n
X ( 1)n+1 ( 1)n +1
+1 X ( 1)
x = 1 obtemos a série = que é uma série divergente.
n=1
n n=1
n
X
+1
( 1)n+1
Podemos ainda dizer (sem demonstração) que ln 2 = lim ln(1 + x) = .
x!1
n=1
n
v) Para a representação em série da função arco-tangente, podemos determinar a série
1
integral da função 1+x 2 uma vez que
1 X +1
= ( 1)n x 2n , |x| < 1
1 + x 2 n=0
X
+1
( 1)n 2n+1
arctan x = x + k, x 2] 1, 1[,
n=0
2n + 1
X
+1
( 1)n
4 , que é simplesmente convergente.
n=0
2n + 1
1 2 x +2 1
(a) ; (b) ; (c) ; (d) .
3+ x 1 x2 x +1 x2 x 2
Consideramos
1 1 1
= Ä ä= Ä ä
3+ x 3 1 + 3x 3 1 x
3
x
e usamos a identidade proposta para < 1, obtemos
3
1 X Ä x än 1 X Ä 1 än n
+1 +1
1 x 1
= , < 1, ou = x , |x| < 3.
3+ x 3 n=0 3 3 3+ x 3 n=0 3
Agora, para
2 1 1
= +
1 x2 1 x 1+ x
usamos a identidade proposta para |x 2 | < 1 ou de forma equivalente para |x| < 1
obtendo
2 X
+1 X
+1
=2 (x 2 )n = 2x 2n , |x| < 1.
1 x2 n=0 n=0
Para o caso
x +2 1 X
+1
=1+ =1+ ( x)n , |x| < 1
x +1 x +1 n=0
ou ainda
x +2 X
+1
=2+ ( 1)n x n , |x| < 1.
x +1 n=1
Escrevemos agora
1 1 1/3 1/3
= = + ,
x2 x 2 (x + 1)(x 2) x +1 x 2
e procuramos a representação em série de potências para cada uma destas funções,
1X X ( 1)n+1
1 +1 +1
3
= ( x)n = x n, |x| < 1
x +1 3 n=0 n=0
3
1 X Ä x än
1 +1
3 1 1 1 x
= x = , < 1 ou ainda |x| < 2.
x 2 3 ( 2) 1 2 6 n=0 2 2
Finalmente obtemos para |x| < 1:
X +1 ✓ ◆
1 X Ä x än X ( 1)n+1 ( 1) 1
+1 +1
1 ( 1)n+1 n
= x + = + x n.
x2 x 2 n=0
3 6 n=0 2 n=0
3 6 2 n
74 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
1 XÄ 1 än
+1
1 1 1 1 x x 1
= = = , < 1 ou |x 1| < 4.
3+ x 4+ x 1 4 1 + x41 4 n=0 4 4
(c) Partindo de
x2 + 2 3 3 3 1
=x 1+ =x 1+ = (x 1) +
x +1 x +1 2 + (x 1) 2 1 + (x 1)
2
obtemos que
3 XÄ 1 än
+1
x2 + 2 x x 1
= (x 1) + , <1 ou |x 1| < 2.
x +1 2 n=0 2 2
1X
1 1 +1
2 2 1 1 n (x 1)n
= = = ( 1) , |x 1| < 3,
x +2 3+ x 1 6 (1 + x 3 1 ) 6 n=0 3n
1 X Å ( 1)n
+1
( 1)n
ã
pelo que finalmente obtemos 2 = (x 1)n , |x 1| < 1.
x + 2x n=0
2 63n
X
+1
n2 ( x)n
Exemplo 2.20. Considere a série de potências f (x) = .
n=1
3n
(1) Calcule o seu raio de convergência.
X n2
+1
(2) Explicite f (x) e calcule .
n=1
3 n
X
+1
Vamos simplificar o problema e determinar a função g tal que g(x) = n2 x n . Sabe-
n=1
mos que
1 X
+1
= x n, |x| < 1
1 x n=0
1 X
+1
= nx n 1 , |x| < 1.
(1 x)2 n=1
x X
+1
= nx n , |x| < 1,
(1 x)2 n=1
x + x2 X +1
= n2 x n , |x| < 1.
(1 x)3 n=1
X
+1
n2 ( x)n
No problema proposto devemos encontrar a função f tal que f (x) = , pelo
n=1
3n
x
que efectuando a mudança de variável x 7! 3 vem que
3x(x 3) X n2 ( x)n
x x 2 +1
3 +( 3 ) x x
f (x) = x 3 = = , = < 1.
(1 3 )
(x + 3)3 n=1
3 n 3 3
X
+1
n2 X n2
+1
Para calcular , tenha em atenção que f ( 1) = , pelo que a soma desta
n=1
3n n=1
3n
série é dada por f ( 1) = 32 .
O domínio de existência de f é R \ { 3} que não coincide com o domínio de conver-
gência da série ] 3, 3[.
X
+1
( 1)n x 2n+1
Exemplo 2.21. Sabendo que sin x = para todo x 2 R:
n=0
(2n + 1)!
(1) obtenha uma representação em série de potências para a função f (x) =
x sin(x 3 ) e indique o maior subconjunto de R em que esta representação
é válida; ˆ 1
(2) obtenha uma representação em série numérica do integral x sin(x 3 ) d x.
0
76 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
Como nos foi dito no enunciado sin x admite uma representação em série de potências
para todo x 2 R, pelo que efectuando a mudança de variável x 7! x 3 obtemos
X
+1
( 1)n (x 3 )2n+1 X ( 1)n x 6n+3
+1
3
sin x = = , x 2 R,
n=0
(2n + 1)! n=0
(2n + 1)!
0
Tendo em atenção que (1 + x) (1 + x)↵ = ↵(1 + x)↵ e f (0) = 1, obtemos que a função
binomial é solução única da equação diferencial
(1 + x) y 0 = ↵ y, x > 1, y(0) = 1.
X
+1
Procuremos agora uma solução y desta equação diferencial da forma y = an x n ,
n=0
com raio de convergência r > 0. Do teorema da série derivada, obtemos que
X
+1 X
+1
n 1
0
(1 + x) y = ↵ y () (1 + x) nan x =↵ an x n , x 2] r, r[,
n=1 n=0
ou equivalentemente,
= ↵(a0 + a1 x + a2 x 2 + · · · )
1 x2 1 ⇥ 3 4 1 ⇥ 3 ⇥ · · · ⇥ (2n 1)
p =1+ + x + ··· + ⇥ x 2n + · · · ;
1 x 2 2 2⇥4 2 ⇥ 4 ⇥ · · · ⇥ (2n)
2
1 x 1⇥3 4 1 ⇥ 3 ⇥ · · · ⇥ (2n 1) 2n
p =1 + x + · · · + ( 1)n x + ···
1 + x2 2 2⇥4 2 ⇥ 4 ⇥ · · · ⇥ (2n)
x 2] 1, 1[.
É sabido que
ex + e x
ex e x X
+1
xn
x
cosh(x) = , sinh(x) = e e = , x 2 R.
2 2 n=0
n!
e, portanto,
X
+1
(1 + ( 1)n )x n X x 2n
+1
cosh(x) = = , x 2 R,
n=0
n! n=0
(2n)!
X
+1
(1 ( 1)n )x n X x 2n+1
+1
sinh(x) = = , x 2 R.
n=0
n! n=0
(2n + 1)!
5. SÉRIES DE TAYLOR 79
Note que
y 00 = y, y(0) = 1, y 0 (0) = 0,
(n + 2)(n + 1)an+2 = an , n = 0, 1, . . . .
( 1)n X
+1
( 1)n x 2n
a2n+1 = 0 e a2n = , n = 0, 1, . . . ; e portanto, y= .
(2n)! n=0
(2n)!
5. Séries de Taylor
então
f (n) (0)
pelo que, do teorema de unicidade, , n 2 N.
an =
n!
Dada uma função f , designamos por série de Taylor no ponto 0 (respectivamente, c) a
X
+1
f (n) (0) n f 00 (0) 2 f (n) (0) n
x = f (0) + f 0 (0)x + x + ··· + x + ···
n=0
n! 2 n!
respectivamente,
X
+1
f (n) (c) f (n) (c)
(x c)n = f (c) + f 0 (c)(x c) + · · · + (x c)n + · · ·
n=0
n! n!
X
+1
f (n) (0) n
x = 0 + 0x + 0x 2 + · · · + 0x n + · · · = 0 ;
n=0
n!
X
+1
f (n) (0) n
f (x) = x , x 2] r, r[.
n=0
n!
Exemplo 2.30. Uma vez obtida a representação da função exponencial como série de
potências, por manipulação algébrica obtemos as representações das funções seno e
co-seno hiperbólicas:
ex + e x X
+1
x 2n ex e x X
+1
x 2n+1
cosh x = = , sinh x = = , x 2 R.
2 n=0
(2n)! 2 n=0
(2n + 1)!
Exemplo 2.31. Tendo em atenção este resultado mostre que se têm os seguintes de-
senvolvimentos em série de Taylor:
X
+1
( 1)n X
+1
( 1)n 2n
sin x = x 2n+1 e cos x = x , x 2 R.
n=0
(2n + 1)! n=0
(2n)!
em geral observamos que os coeficientes das potências pares, x 2n+1 , são zero e os coefi-
( 1)n
cientes da potências ímpares, x 2n+1 , são da forma (2n+1)! , pelo que a série de Taylor da
função sin x é dada por
X
+1
( 1)n
x 2n+1 .
n=0
(2n + 1)!
82 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
Relembremos a identidade
1 X
+1
= x n, |x| < 1.
1 x n=0
1 1 1 1 X
+1
= = = = ( (x 1))n
x x 1+1 1+ x 1 1 ( (x 1)) n=0
X
+1
= ( 1)n (x 1)n , | (x 1)| < 1.
n=0
X
n
Analogamente, dizemos que a sucessão de funções sn com sn = f k converge pontu-
X X n=1
almente para s := f k em E, ou ainda, a série f k converge pontualmente em E, se a
X
série f k (x) é convergente qualquer que seja x 2 E. Designamos a função s : E ! R,
X
1 X
com s(x) := f n (x) como soma da série f k em E.
n=1
6. CONVERGÊNCIA PONTUAL E UNIFORME 83
Observação. Dizer que f é contínua em x significa que lim f (t) = f (x); assim, analisar
t!x
se o limite pontual de uma sucessão, f n , de funções contínuas é contínua é equiva-
lente a verificar que se tem a seguinte identidade
Vamos ver que, em geral, não se pode trocar a ordem dos limites.
m
Exemplo 2.33. Para m 2 N e n 2 N seja sm,n = . Para cada n temos lim sm,n = 1;
m+n m!1
pelo que lim lim sm,n = 1. Por outro lado, fixando m temos lim sm,n = 0; pelo que
n!1 m!1 n!1
lim lim sm,n = 0.
m!1 n!1
x2
Exemplo 2.34. Seja agora f n (x) = , x 2 R, n = 0, 1, . . ., e considere-se
(1 + x 2 )n
X
1 X
1
x2
f (x) = f n (x) = .
n=0 n=0
(1 + x 2 )n
donde se conclui que uma série de funções contínuas pontualmente convergente pode
ter como soma uma função descontínua.
sin(nx)
Exemplo 2.35. Seja f n (x) = p , x 2 R e n 2 N. Vemos facilmente que f (x) =
n p
lim f n (x) = 0; logo f 0 (x) = 0 e f n0 (x) = n cos(nx), pelo que f n0 não converge
n!1 p
para f 0 . Para tal basta analisar f n (0) = n ! +1! (Note que f 0 (0) = 0.)
Exemplo 2.36. Seja, f n (x) = n2 x(1 x 2 )n , x 2 [0, 1], n 2 N. Para x 2]0, 1] temos
lim f n (x) = 0, pois se x 2]0, 1], então 1 x 2 2 [0, 1[, e lim n2 a n = 0, sempre que
n!1 n!1
|a| < 1 (basta agora tomar a = 1 x 2 para termos o pretendido). Mais ainda, como
f n (0) = 0, n 2 N, vemos que f (x) = lim f n (x) = 0, x 2 [0, 1].
n!1
84 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
Agora, como
1
1 (1 x 2 )n+1 ó1 1
ˆ
x(1 x 2 )n d x = = ,
0 2 n+1 0 2(n + 1)
temos que
ˆ 1 1
n2
ˆ
f n (x) d x = , e portanto, lim f n (x) d x = +1,
0 2(n + 1) n!1 0
ˆ 1
no entanto lim f n (x) d x = 0!
0 n!1
Note-se que para a sucessão de funções, g n (x) = nx(1 x 2 )n , x 2 [0, 1], n 2 N, se tem
que, g(x) = lim g n (x) = 0, x 2 [0, 1] e também
n!1
1 1
1
ˆ ˆ
lim g n (x) d x = 0 6= = lim g n (x) d x.
0 n!1 2 n!1 0
Vemos, desta forma, que o limite do integral não é igual ao integral do limite de uma
sucessão de funções, ainda que esses limites existam e sejam finitos.
Assim, temos que a existência de n0 está garantida para cada x 2 E (e " > 0), en-
quanto que na convergência uniforme a existência de n0 é garantida para cada " > 0
(e “globalmente” para todo o x 2 E).
X
Dizemos ainda que série f n (x) converge uniformemente em E se a sucessão de somas
X n
parciais definida por sn (x) = f k converge uniformemente em E, i.e.
k=1
X
1
8" > 0 9n0 2 N : |sn (x) s(x)| := f k (x) < " (= n n0 , x 2 E.
k=n+1
sin(nx)
Exemplo 2.37. Seja f n a sucessão de funções definida por f n (x) = , x 2 R.
n
Como para cada x 2 R, lim f n (x) = 0, dizemos que a sucessão de funções f n con-
n!1
verge pontualmente para a função nula, f ⌘ 0, em R. Verifiquemos que f n também
converge uniformemente para f ⌘ 0, em R.
6. CONVERGÊNCIA PONTUAL E UNIFORME 85
ö1ù
De facto, dado " > 0, tomando n0 = + 1 2 N, temos para todo o x 2 R e n n0 ,
"
sin(nx) 1 1
| f n (x) f (x)| = < < ".
n n n0
| f n (x)
f m (x)| < ", sempre que n n0 , m n0 e x 2 E.
X
Analogamente, a série f n , converge uniformemente em E se, e somente se,
X
1
8" > 0 9n0 : f m (x) < ", m>n n0 e x 2 E.
k=n+1
X
1
lim n =0 onde n = sup f k (x) .
n!1 x2E k=n+1
Exemplo 2.38. Considere as seguintes sucessões de funções reais definidas em [0, +1[:
nx nx
f n (x) = x e e 'n (x) = nx e , n 2 N.
Comece por ver que a função f n é crescente em [0, 1/n] e decrescente em ]1/n, +1[
(para tal basta derivar a função f n !). Conclua que f n alcança o seu valor máximo
em 1/n, i.e. f n (1/n) = (e n) 1 . Temos assim que
1
n = sup f n (x) f (0) = , n 2 N.
x2[0,+1[ en
Vejamos agora que 'n não converge uniformemente para a função nula em [0, +1[.
De igual modo verificamos que a sucessão 'n atinge o seu valor máximo em 1/n, i.e.
'n (x) = e 1 , logo
No entanto, 'n converge uniformemente para a função nula em [a, +1[ qualquer
que seja a > 0.
Pois para n > 1/a a função 'n é decrescente em [a, +1[ (note que 'n é decrescente
para x > 1/n, pelo que também é decrescente para x > a); assim, para todo o n >
1/a, tem-se
na
n = sup 'n (x) = 'n (a) = na e ,
x2[a,+1[
Exemplo 2.40. Para cada n 2 N, considere f n : [0, 2⇡] ! R definida por f n (x) =
(1 + sin(x/n)) ln n X
1
. Mostre que a série de funções f n , é uniformemente conver-
n3 n=1
gente.
2 ln n
| f n (x)| , x 2 [0, 2⇡]
n3
X 2 ln n
e a série é convergente.
n3
X
1
1
Exemplo 2.41. Mostre que a série de funções , x 2 [1, 100] é uniforme-
n=1
n(1 + nx)
mente convergente.
1
| f n (x)| , x 2 [1, 100]
n(n + 1)
X 1
e a série é convergente.
n(n + 1)
X
1
ln n
Exemplo 2.42. Use o critério de Weierstrass para concluir que a série cos(nx)
n=1
n2 + 1
é uniformemente convergente em [0, 2⇡].
X1
ln n
Mostremos que a série cos(nx) é uniformemente convergente em R. Como
n=2
n2 + 1
ln n ln n
| cos t| 1, t 2 R, temos que 2 cos(nx) 2 , x 2 R. A convergência
n +1 n +1
uniforme em R da série dada é uma consequência do teorema M-Weierstrass pois a
X ln n
série é convergente. De facto, podemos usar o critério de comparação de
n2 + 1
Gauss no limite, i.e.
p
ln n/(n2 + 1) ln n n2 2 ln n n2
lim = lim p 2 = lim p = 0,
n!1 1/n3/2 n!1 n n + 1 n!1 n n2 + 1
ln x p
(tenha em atenção que lim = 0 e lim n = +1 — justifique, usando o
x
x!+1 n!+1
n 2 X
teorema de Heine — e lim 2 = 1. Assim, a convergência da série n 3/2
n!+1 n + 1
X ln n
(pois é de Dirichlet com ↵ = 3/2) implica a convergência da série .
n2 + 1
88 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
Teorema 2.13. Seja f n uma sucessão de funções reais limitadas definidas num intervalo
E ⇢ R. Mostre que se existe 0 < c < 1 tal que
f n+1 (x)
sup c ou sup | f n (x)|1/n c, n > n0 ,
x2E f n (x) x2E
X
então a série f k é uniformemente convergente em E.
X
1
1 nx
Exemplo 2.43. Mostre que a série e é uniformemente convergente em [0, 100].
n=1
n!
X
1 nx
e
Mostremos que a série , é uniformemente convergente sobre intervalos limitados
n!
n=1
e fechados de R. Comecemos por calcular o limite quando n tende para infinito de
f n+1 (x) e(n+1)x n! ex
= = .
f n (x) (n + 1)n! e nx n+1
f n+1 (x)
Vemos assim que lim = 0, x 2 R logo
n!1 f (x)
n
f n+1 (x)
8" > 0 9n0 2 N: < ", sempre que n n0 e x 2 R.
f n (x)
Então do teorema anterior temos o que queríamos demonstrar.
Teorema 2.14 (limite). Sejam f n uma sucessão de funções reais definidas no intervalo
E ⇢ R e a 2 E. Então:
Teorema 2.15 (continuidade). Seja f n uma sucessão de funções reais contínuas defi-
nidas no intervalo E ⇢ R. Então:
X
• Se a série f n converge uniformemente para a soma, s, em E, então s é con-
tínua em E.
Este teorema é um corolário do teorema anterior. Para tal basta notar que como as
funções f n são contínuas, para a 2 E, existe o limite `n = lim f n (x) = f n (a), n 2 N.
x!a
Então, também existe lim f (x) tendo-se
x!a
lim f (x) = lim lim f n (x) = lim lim f n (x) = lim f n (a) = f (a);
x!a x!a n!1 n!1 x!a n!1
logo f é contínua em a 2 E.
Teorema 2.17 (derivabilidade). Seja f n uma sucessão de funções reais deriváveis de-
finidas no intervalo limitado E ⇢ R. Então:
X
• Se a série f n0 converge uniformemente para a soma, h, em E e existe a 2 E
X X
tal que a série numérica f n (a) é convergente, então a série f n converge
uniformemente para uma função derivável em E, s, e tem-se
ÅX1 ã0 X 1
0
s ⌘h em E, i.e. f n (x) = f n0 (x).
n=0 n=0
6.5. Regularidade da soma de uma série de potências. Este assunto foi já es-
tudado anteriormente, no entanto vamos abordar este tema considerando as séries de
potências como um caso particular de séries de funções. No que se segue far-se-á uso
do que sabemos sobre o raio de convergência de uma série.
X
Teorema 2.18. Seja an x n uma série de potências com raio de convergência r > 0.
X
Para x 2] r, r[ a função soma da série, s(x) = an x n , é contínua, derivável e integrá-
vel tendo-se
ÅX
1 ã0 X1 xX
1 X
1
an n+1
ˆ
n
an x = nan x n 1
e n
an t d t = x d t.
n=0 n=1 0 n=1 n=1
n+1
X
Comecemos por mostra que a série f n converge uniformemente em [a, b] ⇢] r, r[.
X
Para tal, tome-se ⇢ = max{|a|, |b|} 2] r, r[, pelo que a série an ⇢ n é absolutamente
convergente. Por outro lado,
comecemos por ver que para cada x 2] r, r[, existem a, b 2 R tais que r<a<x<
b < r, e como a série é uniformemente convergente assim como a série derivada, em
[a, b], e as funções an x n são contínuas, deriváveis e integráveis em [a, b], então dos
teorema anteriores concluímos que a função s é contínua, derivável e integrável em
] r, r[, tendo-se as relações indicadas no teorema.
7. Exercícios vários
X
1
p
b) Considere a série de potências, an x n . Se o seu raio de convergência é 2,
n=0
então lim an = 0.
n!1
p
1 p n
a) Falsa. Por exemplo, para an = , tem-se lim nan = lim 2 = 0, e no entanto,
n 2 n!1 n!1 n
X1
1
é convergente (pois trata-se de uma série de Dirichlet com ↵ = 2).
n=1
n 2
p
b) Verdadeira, pois se o raio de convergência é 2 a série de potências é absolutamente
p p X
1
convergente em ] 2, 2[. Logo, em particular, em x = 1, i.e. a série numérica an
n=0
é absolutamente convergente. Agora pela condição necessária de convergência temos
que lim an = 0.
n!1
X
Exemplo 2.46. Seja an ⇢ R+ ; se an é convergente, o que pode concluir quanto à
X
natureza da série ln(1 + an )?
X
A condição necessária de convergência da série an diz-nos que lim an = 0. Sabe-
n!1
ln(1 + x)
mos também que lim+ = 1, pelo que do teorema de Heine concluímos que
x!0 x
ln(1 + an )
lim = 1. Agora, do critério de comparação no limite de Gauss, temos que
n!1
X an
ln(1 + an ) é uma série convergente.
x 2x nx
Sn (x) = x e +xe + ··· + x e , n 2 N,
converge pontualmente em [0, +1[ para uma função S devidamente identificada. Jus-
tifique que {Sn } não converge uniformemente para S em [0, +1[.
x2 x2
Sn (x) = x 2 + + · · · + , n 2 N.
1 + x2 (1 + x 2 )n
b) Calcule
⇣ ⌘ ⇣ ⌘
lim lim Sn (x) e lim lim Sn (x) .
x!0 n!1 n!1 x!0
8. Séries de Fourier
a0 X Ä n⇡x ä
+1
n⇡x
f (x) ⇠ + an cos + bn sin , série de Fourier
2 n=1
L L
teve, uma enorme importância em Matemática e nas suas aplicações. Verifica-se facil-
mente que as funções cos n⇡x n⇡x
L e sin L são periódicas de período (positivo mínimo)
igual a 2L/n. Um período comum a todas elas é, pois, 2L, e a validade do desenvolvi-
mento anterior, implica naturalmente a periodicidade de f .
Esta restrição não traz problemas, já que uma função definida num intervalo limitado
pode ser estendida a toda a recta de forma a ser periódica.
Exemplo 2.50. A função sin x tem períodos 2⇡, 4⇡, 6⇡,. . ., pois sin(x + 2⇡), sin(x +
4⇡), sin(x + 6⇡),. . . são iguais a sin x.
No entanto, 2⇡ é o menor dos períodos, pelo que dizemos que é o período da fun-
ção sin x.
Exemplo 2.51. Verifique que o período das funções sin(nx) e cos(nx) é 2⇡/n.
Exemplo 2.52. Alguns gráficos de funções periódicas podem ser vistos na próxima
figura 1. Como desafio tente encontrar a expressão analítica de funções que exibem tal
comportamento.
8. SÉRIES DE FOURIER 93
ò1
cos(n⇡) sin(n⇡x) ( 1)n sin(n⇡) sin( n⇡) 2( 1)n+1
= 2 + = 2 + =
n⇡ (n⇡)2 1 n⇡ (n⇡)2 (n⇡)2 n⇡
(para a última identidade usamos que cos n⇡ = ( 1)n ).
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 5}], {x, 1, 1}, PlotStyle ! Red]
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 10}], {x, 1, 1}, PlotStyle ! Blue]
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 20}], {x, 1, 1}, PlotStyle ! Green]
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 100}], {x, 1, 1}, PlotStyle ! Black]
Pela observação destes gráficos parece que a série reproduz a função f (x) = 1 + x no
intervalo [ 1, 1]. Além disso, há um comportamento estranho ‘próximo’ dos extremos
do intervalo [ 1, 1]. Representando estas somas parciais no intervalo [ 5, 5].
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 5}], {x, 5, 5}, PlotStyle ! Red]
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 10}], {x, 5, 5}, PlotStyle ! Blue]
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 20}], {x, 5, 5}, PlotStyle ! Green]
8. SÉRIES DE FOURIER 95
Plot[1 + Sum[2 ⇤ ( 1)(n+1) Sin[n Pi x]/(n Pi), {n, 1, 100}], {x, 5, 5}, PlotStyle ! Black]
O principal resultado relativo a séries de Fourier estabelece as condições que uma fun-
ção periódica deve satisfazer para que admita representação em série de Fourier.
Definição 2.2. Uma função f : I ! R diz-se seccionalmente contínua se, em cada in-
tervalo limitado, tiver apenas um número finito de descontinuidades, todas de primeira
espécie. Se ↵ for uma descontinuidade, define-se
Observação. Uma função seccionalmente derivável não precisa estar definida nos seus
pontos de descontinuidade. Nesses pontos, toma-se
1
f (x) = f (x 0) + f (x + 0) ,
2
ou seja, a função nesse ponto é igual à média aritmética dos limites laterais de f no
ponto considerado. O mesmo se tem para a sua derivada.
1 X
+1
1 2
f (x 0) + f (x + 0) = + sin((2n 1)x).
2 2 n=1 (2n 1)⇡
1 1 1
Fazendo x = ⇡2 , obtemos a fórmula de Leibniz ⇡
4 =1 3 + 5 7 + ···.
FIGURA 4. Gráfico de f
Se uma função periódica f : R ! R, de período 2L, for par (i.e. f (x) = f ( x), x 2 R)
então a sua série de Fourier é uma série de co-senos. Na verdade, os seus coeficientes
de Fourier são
L L
1 n⇡x 2 n⇡x
ˆ ˆ
an = f (x) cos dx = f (x) cos dx, n 0,
L L L L 0 L
bn = 0, n 1
Exemplo 2.57. Classifique quanto à paridade as funções representadas pelos seus grá-
ficos na figura 1.
Relembre que a primitiva de uma função par é uma função ímpar e reciprocamente.
Além disso, se f é uma função par integrável no intervalo [ a, a], então
ˆ a ˆ a
f (t) d t = 2 f (t) d t;
a 0
2⇡) a toda a recta. Os coeficientes de Fourier (dos co-senos) são para todo n 1
dados por,
2 ⇡
ˆ
a0 = xdx = ⇡,
⇡ 0
2 ⇡
ˆ
an = x cos(nx)dx = 0 se n é par
⇡ 0
4
an = se n é ímpar.
n ⇡
2
4X
+1
⇡ 1
x= cos((2n 1)x).
2 ⇡ n=1 (2n 1)2
1 2 XÄ 2 ä 1ˆ L
+1
2 2
a + a + bn = f (x) dx.
2 0 n=1 n L L
1 2 n⇡x ó1
ˆ 1
n⇡x n⇡x 4
ˆ
an = f (x) cos dx = 2 cos dx = sin
2 2 2 0 2 n⇡ 2 0
4 sin(n⇡/2)
= ,
n⇡
bn = 0, n 2 N.
1 X
+1
4 sin(n⇡/2) n⇡x
f (x 0) + f (x + 0) = 1 + cos ,
2 n=1
n⇡ 2
e uma sua aproximação está representada na figura 6.
2 ˆ 1
1 n⇡x n⇡x
ˆ
bn = f (x) sin dx = 2 sin dx
2 2 2 0 2
4 n⇡x ó1 8 n⇡
= cos = sin2 n 2 N;
n⇡ 2 0 n⇡ 4
assim, pelo teorema de Dirichlet a série de Fourier de senos da função f vem dada por
8 X 2 n⇡
+1
1 n⇡x
f (x 0) + f (x + 0) = sin sin ,
2 ⇡ n=1 4 2
⇡2 X 4( 1)n
+1
+ cos(nx).
3 n=0
n2
Incluímos os gráficos para 5, 10, 15 e 100 (cf. figura 9) termos nos somatórios
Pelo teorema de Dirichlet a série de Fourier (observe que f está nas condições do teo-
rema, pois é seccionalmente derivável em ] ⇡, ⇡[ e 2⇡-periódica)
⇡2 X 4( 1)n
+1
f (x 0) + f (x + 0)
= + cos(nx).
2 3 n=0
n2
Observe-se que
f (x 0) + f (x + 0)
= x 2, x 2 R. (justifique)
2
Exemplo 2.62. Seja f a função 2⇡-periódica dada em [ ⇡, ⇡[ por
8
>
> 0, ⇡ x < 0,
>
<
⇡
f (x) = 1, 0 x ,
>
> 2
>
:0, ⇡ < x < ⇡.
2
(1) Determine os coeficientes de Fourier de f .
(2) Esboce, justificadamente, o gráfico da soma da série de Fourier de f no
intervalo [ 2⇡, 2⇡].
102 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
1 ⇡/2 1
ˆ
a0 = dx = ,
⇡ 0 2
ˆ ⇡/2
1 sin(n⇡/2)
an = cos(nx) d x = ,
⇡ 0 n⇡
1 ⇡/2 2 sin2 (n⇡/4)
ˆ
bn = sin(nx) d x = , n 2 N.
⇡ 0 n⇡
Pode ver-se que
Ä 2n⇡ ä Ä (2n 1)⇡ ä
sin =0 e que sin = ( 1)n+1 , n 2 N;
2 2
Å ã Ä ä Ä ä Ä ä
4n⇡ 1
2
= 0, sin2 2 (4n+2)⇡ 2 (4n+3)⇡
= 12 ,
(4n+1)⇡
além disso, sin 4 = 2 , sin 4 = 1, sin 4
4
n 2 N.
Esta fórmula é uma consequência da identidade de Euler que será apresentada na sec-
ção 9.3 do capítulo 3, i.e.
ei x = cos(x) + i sin(x), t 2 R.
11. TRANSFORMADAS DE FOURIER 103
ei x + e ix
ei x e ix
cos(x) = , sin(x) = , t 2 R.
2 2ii
Agora,
n⇡ n⇡ n⇡ n⇡
an cos x + bn sin x = cn ei L x + c n e i L x
L L
onde
2cn = an i bn , 2c n = an + i bn ,
X
+1 Ä n⇡ n⇡ ä
an cos x + bn sin x
n= 1
L L
2⇡ ⇡ ⇡ 2⇡
= · · · + c 2e L i + c 1e i L + c0 + c1 ei L + c 2 ei L + ···
1 L
ˆ
2c0 = 2a0 = f (t) d t
L L
1 L
ˆ
n⇡
2cn = f (t) e i L t d t, n 2 N,
L L
1 L
ˆ
n⇡
2c n = f (t) ei L t d t, n 2 N,
L L
ou, de forma mais compacta,
ˆ L
1 i n⇡
t
cn = f (t) e L d t, n 2 Z.
2L L
Substituindo na expressão complexa da série de Fourier para f , obtemos
X 1 ˆ L
+1
n⇡
f (x) = f (t) ei L (x t) d t,
n= 1
2L L
Considerando agora uma partição do intervalo R (que designamos por eixo Os) nos
n⇡
pontos sn = , em intervalos de amplitude s = ⇡L , reescrevemos
L
1 X
+1 ˆ L
f (x) = f (t) ei sn (x t) d t s.
2⇡ n= 1 L
Desta forma f é a soma de Riemann de uma certa função na variável s sobre R. To-
mando L ! +1, temos que s ! 0, e a soma de Riemann converge para
ˆ +1 ˆ +1
1
f (x) = f (t) ei s(x t) d t d s,
2⇡ 1 1
104 2. SUCESSÕES E SÉRIES DE FUNÇÕES
X 3(2x 1) X
(a) A série dada pode escrever-se como y n onde y = . A série yn é
5
absolutamente convergente em ] 1, 1[. Assim, a série dada é absolutamente conver-
gente para x 2 R tal que 1 < 3(2x 1)/5 < 1, i.e. 5/6 < x 1/2 < 5/6 ou ainda
⇤ ⇥
x 2 1/3, 4/3 , que é a região de convergência absoluta da série dada. O raio de
convergência da série é 5/6.
X1
y
(b) Tendo em atenção que yn = , | y| < 1, concluímos que
n=1
1 y
X
1
3n 3 2x 1 ⇤ 1 4⇥
(2x 1)n = , x2 , .
n=1
5 n 2 3x 4 3 3
12. EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO 105
X
1
( 1)n 1
• Calcule a soma da série .
n=1
2n 1
Equações Diferenciais
Uma equação diferencial é uma relação em que intervêm uma ou mais derivadas de
uma função, i.e.
solução geral: é uma função que, para além da variável independente, inter-
vêm n parâmetros ou constantes arbitrárias;
soluções particulares: são as que se obtêm da solução geral por particulariza-
ção dos parâmetros;
soluções singulares: são aquelas que não se podem deduzir da solução geral
atribuindo valores aos parâmetros.
Facilmente se vê que
Também é solução y = 0; e, pensando um pouco mais, não é difícil dar-se conta que
y = C e x é também solução da equação, para qualquer constante C 2 R.
107
108 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y0 = y com y(0) = 2 é y = 2e x .
y0 x2
=x pode ver-se que ln y = + const, const 2 R,
y 2
ou ainda
x2
y = Ce 2 , C 2 R+ , é a solução geral.
2
Ä x + C ä2
y0 =y que tem como solução geral y= ,
2
x2
C 2 R. Tomando C = 0, vemos que y = é uma solução particular da equação. Já
4
y = 0, é uma solução da equação que é singular, pois não se obtém por particularização
do parâmetro C, na expressão da solução geral.
Apesar de que as não estudaremos neste curso, convém mencionar que, em muitas
equações diferenciais que governam modelos matemáticos, intervêm várias variáveis
independentes, pelo que as equações passam a designar-se de equações com deriva-
das parciais.
@B
~ 1 @ E~
div E~ = 0, div B
~ = 0, rot E~ = , rot B
~= .
@t c2 @ t
Só as escrevemos aqui, por curiosidade e para que fique enquadrado o estudo que agora
iniciamos em licenciaturas de Física e áreas afins.
2. Warm up
Vimos já que
110 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
ˆ
x 0 x
e =e , pelo que e x d x = e x + c, c 2 R.
ˆ
Exemplo 3.1. Calcular x 3 e x d x.
f (x) = (a x 3 + b x 2 + c x + d)e x
de forma que
logo
a = 1, b = 3, c = 6, d = 6,
ou seja
ˆ
x 3 e x d x = (x 3 3x 2 + 6x 6)e x + const, const 2 R.
Note que podíamos ter usado integração por partes para determinar o anterior integral.
De facto, da derivada do produto de duas funções diferenciáveis, f , g, num mesmo
intervalo, I ⇢ R é dada por ( f ⇥ g)0 = f 0 ⇥ g + f ⇥ g 0 pelo que
ˆ ˆ
0
f ⇥gdx = f ⇥g f ⇥ g 0 d x,
que é conhecida como fórmula de integração por partes. Da mesma forma, usando a
du dv
notação de Leibniz (que é amplamente usada em Física), u0 = e v0 =
dx dx
e cancelando termos (i.e. d x), escrevemos a fórmula anterior como
ˆ ˆ
u d v = uv v d u.
ˆ
Exemplo 3.2. Calcular x e x d x.
obtemos
1 1
logo A = , B = e, portanto
3 9
1 1
ˆ
x cos(3x) d x = x sin(3x) + cos(3x) + const, const 2 R.
3 9
Exemplo 3.4. Teste o que aprendeu calculando os integrais
ˆ ˆ ˆ
5x 2
xe d x, x sin(3x) d x e (x 1) sin(x) + (2x + 3) cos(x) d x.
5x
(Ax + B)e + const, C x 2 cos(3x) + D x sin(3x) + E cos(3x) + const
Logo
x x x x
I= e cos x + e sin x I, i.e. 2II = e cos x + e sin x,
ou ainda
x
e
ˆ
x
e cos x d x = cos x sin x + c, c 2 R.
2
Aqui também podemos aplicar a notação de Leibniz, afirmando que a mudança de variá-
vel t = g (x) implica d t = g 0 (x) d x, ou escrevendo d x em função de d t, obtendo-se
uma vez mais
ˆ ˆ
0
f g (x) g (x) d x = f (t) d t com t = g (x).
Não nos devemos esquecer de desfazer a mudança efectuada para obter uma função
em x. Para integrais definidos a integração de mudança de variável lê-se
ˆ b ˆ g (b)
0
f g (x) g (x) d x = f (t) d t.
a g (a)
ˆ p
Exemplo 3.6. Calcular x x 2 + 4 d x.
Neste caso, deve começar por reescrever, por aplicação do método de Hermite a função
integranda na forma
1 A B
= + ,
(x 2 + 1)(x 2 + 4) x2 + 1 x2 + 4
onde
1 ó 1 1 ó 1
A= = e B= = ,
x + 4 x!ii 3
2 x 2 + 1 x!2ii 3
e usar a linearidade do integral; assim,
1 1 1 1 1/2
ˆ ˆ ˆ
dx = dx dx
(x + 1)(x + 4)
2 2 3 x +1
2 6 (x/2)2 + 1
donde se conclui que o integral procurado é
1 1 1 x
ˆ
d x = arctan(x) + arctan + const, const 2 R.
(x 2 + 1)(x 2 + 4) 3 6 2
1
ˆ
Exemplo 3.8. Calcular d x.
(x 1)(x + 4)
onde
1 ó 1 1 ó 1
↵= = e = = .
x +4 x!1 5 x 1 x! 4 5
Assim,
1 1Ä 1 1 ä
ˆ ˆ ˆ
dx = dx dx
(x 1)(x + 4) 5 x 1 x +4
1
= ln(x 1) ln(x + 4) + c, c2R se x > 1.
5
Pode ver-se ainda que
8
>
> 1
ln 1x x4 + c1 se x < 4,
>
<5
1
ˆ
d x = 51 ln 1x+4x + c2 se 4 < x < 1, c1 , c2 , c3 2 R.
(x 1)(x + 4) >
>
>
: 1 ln x 1 + c
5 x+4 3 se x > 1,
1
ˆ
Exemplo 3.9. Calcular d x.
x 2 (1 x 2)
Assim sendo,
ˆ
1 Ä Ä x ⇡ ää ⇤ ⇡ ⇡⇥
d x = ln tan + + const, x2 , .
cos(x) 2 4 2 2
x2
começamos por considerar a solução geral y(x) = + const e determinamos const de
2
forma que a condição inicial se verifique, i.e. y(0) = 5. Assim, const = 5 e, portanto, a
x2
solução do nosso problema é y(x) = + 5.
2
Considere-se agora o problema de valor (condição) inicial:
Procuramos assim funções cuja derivada coincide com a função dada. Esta é uma
propriedade das funções exponenciais. A solução geral da equação diferencial é pois
y(x) = ce x . A condição inicial diz-nos que
y(1) = ce = 2e logo c = 2;
d
´ ´
p(x) d x p(x) d x
e = p(x)e .
dx
3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 115
y 0 + p(x) y = g(x).
obtemos
´ ´
p(x) d x 0 p(x) d x
ye = g(x)e ,
y 0 + 2x y = x, y(0) = 2.
1
Neste caso p(t) = e g(t) = cos(2t). Assim, multiplicando ambos os membros da
´ t
1 0
equação por e t d t = t, se t > 0 a equação toma a forma t y = t cos(2t), pelo que
1 1 1 const
ˆ
y= t cos(2t) d t = sin(2t) + cos(2t) + , const 2 R.
t 2 4t t
Tendo em atenção a condição inicial obtemos
1 2 const ⇡ 1
+ =1 logo const = + .
2⇡ ⇡ 2 4
1 1 ⇡/2 + 1/4
A solução procurada é y(t) = sin(2t) + cos(2t) + .
2 4t t
116 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
x y 0 + 2 y = sin(x), y( ⇡) = 2.
2 sin(x)
Neste caso p(x) = e g(x) = (não se esqueça que o coeficiente da derivada de
x x
maior ordem deve ser 1 para poder aplicar o método
´ de resolução indicado). Assim,
2
dx
multiplicando ambos os membros da equação por e x = x 2 , se x < 0 a equação
toma a forma
0
x2 y = x sin(x),
pelo que
1 cos(x) sin(x) const
ˆ
y= 2 x sin(x) d x = + + , const 2 R.
x x x2 x2
Tendo em atenção a condição inicial obtemos
1 const
+ = 2 logo const = 2⇡2 + ⇡.
⇡ ⇡2
cos(x) sin(x) 2⇡2 + ⇡
A solução procurada é y(t) = + + , x 2] 1, 0[.
x x2 x2
(??) F ( y) = G(x) + c, c 2 R.
Acabamos de obter a solução geral da equação (?). A solução está definida por meio
de uma equação (??), que pode ser definida implicitamente como função de x ou de y
na vizinhança de algum ponto que a verifique.
f ( y) d y = g(x) d x.
Desta forma separamos as variáveis, ficando tudo o que diz respeito a y no primeiro
membro, enquanto que a variável x fica no segundo membro. Integrando em ambos
os membros tem-se que
ˆ ˆ
f ( y) d y = g(x) d x i.e. F ( y) = G(x) + c, c2R ou seja (??).
dy
Exemplo 3.15. Resolva a equação diferencial = x( y 2 + 9).
dx
x y 2 + x d x + e x d y = 0.
x x
y(x) = tan x e +e +c , c 2 R.
118 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
dy
Exemplo 3.17. Determine todas as solução da equação diferencial = y 2.
dx
que é uma equação diferencial linear de primeira ordem (estudada na secção 3).
Já quando n = 1, a equação anterior toma a forma
y 0 (t)
y 0 (t) = p(t) + g(t) y(t), i.e. = p(t) + g(t),
y(t)
que é uma equação diferencial linear de variáveis separadas (estudada na secção 4),
cuja solução é dada, para t tal que y(t) > 0, como
ˆ ´
p(t)+g(t) d t
ln y(t) = p(t) + g(t) d t ou ainda y(t) = e .
Retornando à equação y 0 (t) = p(t) y(t) + g(t) y n (t), considerando n 2 R \ {0, 1}, e
dividindo por y n obtemos
n
y y 0 (t) = p(t) y 1 n (t) + g(t).
0
Tomando = y 1 n (t), e calculando 0
= (1 n) y n
y 0 , i.e. =y n
y 0 , a equação
1 n
anterior toma a forma
0
(t) = (1 n)p(t) (t) + (1 n)g(t), com = y 1 n (t),
6. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXACTAS 119
t
Exemplo 3.18. Determine a solução geral de y 0 = y + p .
y
1
Multiplicando a equação por y 2 obtemos
1 3
y 2 y 0 = y 2 + t,
3
0 3 1 0
e tomando = y 2 , vemos que = y 2 y , pelo que
2
2 0 0 3 3 3
t 0 3 3
t
= +t ou ainda = t i.e. e 2 = te 2 .
3 2 2 2
Integrando em ordem a t obtemos sucessivamente
3 2 3t 2
ˆ
3 3 3 3
t
e 2 = te 2 t d t = te 2 t e 2 + const logo = t + const e 2 t .
2 3 3
2 3 2
Voltando a y, tem-se y(t) = t + const e 2 t 3
, const 2 R.
3
Exemplo 3.19. Determine a solução geral de y 0 = 3 y 2 + 4 y.
Nesta seção trataremos das equações diferenciais exatas. Embora esta classe de equa-
ções seja bastante especial, ela ocorre em geral nas aplicações.
Comecemos por relembrar a noção de derivada parcial. Dada uma função real de va-
riável real dependendo de um parâmetro a 2 R, por exemplo f (x) = x 2 + a, então
dg
f 0 (x) = 2x. Já para a função g(x) = x 2 + y 3 , de parâmetro y, = 2x.
dx
Outra notação para o mesmo objecto é, g 0x = 2x.
120 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Podemos ainda ‘olhar’ para g como uma função de duas variáveis, i.e. g ⌘ g(x, y) =
x 2 + y 3 . Neste caso a derivada parcial de g relativamente a x é calculada conside-
@g
rando y um parâmetro, i.e. g 0x = 2x, ou em notação equivalente, = 2x. Temos
@x
@g
ainda a derivada parcial de g relativamente a y dada por g 0y = = 3 y 2 . A deri-
@y
vada g 0y dá-nos a taxa de variação em y para cada x fixo.
A equação
Diremos que a equação diferencial (*) é exacta se existir uma função ' com derivadas
parciais de segunda ordem contínuas tal que
d
M (x, y) + N (x, y) y 0 (x) = '(x, y) = 0.
dx
A solução de (*) virá dada por '(x, y) = c, c 2 R.
Analisemos o que nos diz este teorema. Assumindo que a equação (*) é exacta, então
existe ' tal que
d
M (x, y) + N (x, y) y 0 (x) = '(x, y),
dx
6. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXACTAS 121
i.e.
Vejamos que também se tem o recíproco. Comecemos por supor que M y0 = Nx0 e cons-
truimos ' de forma que
ou ainda,
ˆ x
0
(••) h ( y) = N (x, y) M y0 (t, y) d t ⌘ p(x, y).
x0
h0 ( y) = p( y).
M (x, y) d x + N (x, y) d y = 0,
é uma forma equivalente de escrever (*), logo é exacta se, e somente se, M y0 = Nx0 ,
x, y 2 D.
y ln(x) + 3x 2 2 y = c, c 2 R.
Podemos ainda trabalhar um pouco mais esta equação, obtendo y como função de x
c 3x 2
y= , x > 0.
ln(x) 2
Neste caso M (x, y) = 2x 3 e2x y + x 4 y e2x y + x e N (x, y) = bx 5 e2x y . Assim, para que a
equação dada seja exacta, b 2 R é tal que
diz-se conservativo se existir uma função ' tal que F (x, y) = grad '. Tendo em conta que
î ó
grad ' = ' 0x ' 0y ,
temos que
que são as mesmas relações que encontramos no estudo das equações diferenciais
exactas.
Teorema (existência e unicidade). Seja f uma função real de variável real definida
numa vizinhança de (x 0 , y0 ). Se f e f y0 são contínuas nessa vizinhança, então o problema
enunciado tem uma e uma só solução. Além disso, a solução y = y(x) está definida num
intervalo ]x 1 , x 2 [ contendo x 0 no seu interior.
124 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Estas condições são facilmente verificáveis e não são muito restritivas como veremos
nos seguintes exemplos.
p
A função f (x, y) = y é contínua para y 0 mas a sua derivada parcial em ordem a
yé
@f 1
=p , que nem sequer está definida em (0, 0).
@y y
y 0 = y 2, y(0) = 1.
@f
A função f (x, y) = y 2 , = 2 y, são contínuas em R2 . Podemos então aplicar o
@y
1
teorema anterior e concluir que a função y(x) = é a solução do problema em
1 x
] 1, 1[.
O tópico principal deste capítulo é o estudo das equações diferenciais lineares de se-
gunda ordem com coeficientes constantes. Essas equações, embora relativamente fá-
ceis de resolver, são de grande importância, na modelização de problemas de oscilações
mecânicas e elétricas.
y 00 (x) = 0.
y 0 (x) = c1 , y(x) = c1 x + c2 , c1 , c2 2 R.
Este exemplo sugere que a solução geral de uma equação diferencial de segunda ordem
depende de duas constantes reais.
8. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE SEGUNDA ORDEM 125
Vamos analisar alguns casos especiais destas equações diferenciais cujo estudo se pode
reduzir a uma equação diferencial de primeira ordem.
Como se pode ver as derivadas de y estão presentes na equação enquanto y não. To-
mando (t) = y 0 (t), tem-se 0
(t) = y 00 (t) e a equação diferencial toma a forma
0 1
= t, (t) = y 0 (t).
t
Trata-se de uma equação diferencial de primeira ordem linear em . Multiplicando a
equação por
1
´
1
dt
e t = , t 2 R+ ,
t
transformamo-la noutra equivalente à primeira, na forma
Ä 1 ä0
= 1, i.e. = t 2 + c1 t, c1 2 R.
t
Assim,
t3 t2
y 0 = t 2 + c1 t e, portanto, y(t) = + c1 + c2 , c1 , c2 2 R, t 2 R+ .
3 2
Exemplo 3.26 (x não está presente na equação). Resolva a equação diferencial de
3
segunda ordem y 00 + y y 0 = 0.
y 0 = ( y) vemos que y 00 = 0
( y) y 0 i.e. y 00 = 0
.
y3
ˆ ˆ
2
( y + 2c1 ) d y = 2 d x logo + 2c1 y = 2x + c2 , c1 , c2 2 R,
3
obtendo assim uma segunda família de soluções da equação inicial.
onde a, b, c são constantes reais dadas. Esta é uma equação diferencial linear de se-
gunda ordem, homogénea, de coeficientes constantes.
3 y 00 5 y0 2 y = 0.
De facto,
Mais geralmente, a resolução destas equações passa pela procura de r 2 C tal que e r t
é solução da equação, i.e.
a r 2 e r t + b r e r t + ce r t = ar 2 + br + c e r t = 0
Temos assim que determinar r 2 C tal que ar 2 + br +c = 0, que designamos por equação
característica. Da mesma forma dizemos que ar 2 + br + c é o polinómio característico
da equação diferencial dada.
Note que
Observe que um polinómio do segundo grau, pode ter duas raízes reais e distintas, uma
raiz real de multiplicidade 2 (ou raiz dupla) ou duas raízes complexas conjugadas.
y(t) = c1 e r1 t + c2 e r2 t , c1 , c2 2 R
y 00 + 4 y 0 + 3 y = 0, y(0) = 2, y 0 (0) = 1.
Considerando que y(t) nos dá o espaço percorrido, y(0) = 2, y 0 (0) = 1 diz-nos que
no momento inicial a partícula se encontra na posição 2 com velocidade 1. Estas
são conhecidas como condições iniciais do problema, pelo que o problema em questão
diz-se de condições iniciais ou de Cauchy.
y(t) = c1 e 3t
+ c2 e t , c1 , c2 2 R.
1 5
logo c1 = e c2 = e, portanto a solução do problema vem dada por
2 2
1 3t 5 t
y(t) = e + e .
2 2
Exemplo 3.29. Determina a solução geral da equação diferencial linear homogénea
de coeficientes constantes y 00 4 y = 0.
Será preciso encontrar uma nova solução realmente diferente da anterior. Neste caso,
pode provar-se que a função y2 (t) = t e r1 t é ainda solução da equação, pelo que a
solução geral da equação será
y(t) = c1 e r1 t + c2 t e r1 t , c1 , c2 2 R.
Vejamos como justificar esta escolha: comece por escrever o polinómio característico
tem-se sucessivamente
y 00 4 y 0 + 4 y = 0, y(0) = 1, y 0 (0) = 2.
Observe que y 0 (t) = (2c1 + c2 ) e2t + 2c2 t e2t , pelo que as condições iniciais, determi-
nam c1 e c2
ei # = cos(#) + i sin(#), # 2 R.
p
Tomando z = i #, onde i = 1 é a unidade imaginária, na representação de Taylor
da função exponencial,
z2 z3 z4 z5
ez = 1 + z + + + + + ··· , z 2 C,
2 3! 4! 5!
obtemos
i# (ii #)2 (ii #)3 (ii #)4 (ii #)5
e = 1+i# + + + + + ···
2 3! 4! 5!
#2 #4 #3 #5
= 1 + + ··· +i # + + ···
2! 4! 3! 5!
= cos(#) + i sin(#), # 2 R. c.q.d.
ei t + e it
ei t e it
cos(t) = e sin(t) = , t 2 R.
2 2ii
Relembremos que para resolver a equação diferencial
ar 2 + br + c.
Assumamos que estas raízes são dois números complexos conjugados. A saber
r 2 + 4r + 5 = (r 2 + 4r + 4) + 1 = (r + 2)2 + 1,
pelo que as suas raízes são 2 ± i. A solução geral da equação toma a forma
2t 2t
y(t) = c1 e cos(t) + c2 e sin(t), c1 , c2 2 R, t 2 R.
10. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES HOMOGÉNEAS DE SEGUNDA ORDEM 131
Nesta secção, apresentamos uma introdução à teoria das equações diferenciais lineares
homogéneas de segunda ordem com coeficientes variáveis. O estudo que agora vamos
iniciar inclui o que acabámos de ver para as equações diferenciais lineares homogéneas
de segunda ordem com coeficientes constantes.
Teorema 3.2. Sejam p, g, f funções reais de variável real definidas e contínuas num
mesmo intervalo ]a, b[ contendo t 0 no seu interior. Então o problema anterior tem uma
e uma só solução. Esta solução pode ser estendida para a esquerda e para a direita de t 0
sempre que t permaneça em ]a, b[.
Corolário 3.1. Seja z uma solução do problema de Cauchy satisfazendo as mesmas con-
dições iniciais. Então z(t) = y(t) para todo t. Em particular, se y(t 0 ) = y 0 (t 0 ) = 0,
então y(t) = 0, para todo t.
Nesta secção, vamos estudar alguns aspectos teóricos da teoria da equações diferenciais
lineares. Em particular, vamos provar que uma combinação linear de duas soluções que
não são múltiplas uma da outra, nos dá a solução geral da equação.
Este facto foi já por nós intuitivamente utilizado, aquando do estudo realizado para as
equações diferenciais lineares homogéneas de coeficientes constantes.
Uma equação diferencial linear homogénea tem sempre a solução y(t) = 0, para todo t,
que designaremos por trivial. Assim sendo, o estudo que vamos começar refere-se às
soluções não triviais destas equações.
y1 (t) y2 (t)
!(t) = = y1 (t) y20 (t) y10 (t) y2 (t).
y10 (t) y20 (t)
Por vezes denotaremos o wronskiano de y1 e y2 como
cos(2t) sin(2t)
! cos(2t), sin(2t) (t) = = 2 cos2 (2t) + 2 sin2 (2t) = 2.
2 sin(2t) 2 cos(2t)
10. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES HOMOGÉNEAS DE SEGUNDA ORDEM 133
Conhecido o wronskiano de duas funções e uma das funções que o compõem, podemos
determinar a função que falta.
t g(t)
! f , g (t) = 0
= t g 0 (t) g(t) = t 2 e t ,
1 g (t)
que é uma equação diferencial linear de primeira ordem em g. Resolvendo-a, obtemos
a expressão analítica de g em R+ , i.e. g(t) = t e t + c t, c 2 R.
Teorema 3.3 (de Liouville). Sejam y1 , y2 duas soluções de (*), e ! o seu wronskiano;
então,
´
p(t) d t
(**) !(t) = const e onde const é uma constante real.
!0 = y1 (t) y200 (t) + y10 (t) y20 (t) y10 (t) y20 (t) y100 (t) y2 (t) = y1 (t) y200 (t) y100 (t) y2 (t).
Corolário 3.2. Sejam y1 e y2 duas soluções de (*), e ! o seu wronskiano; então !(t) = 0
para todo t (quando const = 0) ou ! nunca se anula (quando const 6= 0).
Teorema 3.4. Sejam y1 e y2 duas soluções de (*) que não são múltiplas uma da outra;
então formam um sistema fundamental de soluções de (*).
Seja y uma solução de (*). A demonstração passa por determinar constantes reais c1 , c2
tais que z(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) satisfaz as mesmas condições iniciais que y. A saber
Assim, este sistema tem uma única solução c1 , c2 e a função z(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) é
solução de (*). Agora, do corolário 3.1 concluímos que y(t) = z(t) para todo t.
Podemos então dizer que qualquer solução da equação (*) é descrita por uma combi-
nação linear linear de y1 , y2 . c.q.d.
Exemplo 3.35 (sobre a forma de s.f.s.). Vimos já que a equação diferencial linear ho-
mogénea de segunda ordem
y 00 ↵2 y = 0, ↵ 2 R é dado
tem e ↵t
, e↵t como s.f.s. e a solução geral é dada por
y(t) = c1 e ↵t
+ c2 e↵t , t 2 R.
10. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES HOMOGÉNEAS DE SEGUNDA ORDEM 135
Justifique que
Relembre que
et + e t
et e t
cosh(t) = e que sinh(t) = , t 2 R,
2 2
com representação gráfica
Mais ainda, estas funções não são um múltiplo escalar uma da outra, pois
cosh(↵t) sinh(↵t)
!(t) = = ↵ cosh2 (↵t) ↵ sinh2 (↵t) = ↵ 6= 0, t 2 R.
↵ sinh(↵t) ↵ cosh(↵t)
É importante notar que esta não é uma nova solução geral, é somente uma nova forma
de a expressar que tem certa utilidade prática.
y 00 9 y = 0, y(2) = 1, y 0 (2) = 9.
136 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
3(t t 0 ) t0 )
Podemos escrever a solução geral na forma y(t) = c1 e + c2 e3(t , com t 0 = 2.
0 3(t 2) 3(t 2)
Assim, y (t) = 3c1 e + 3c2 e e das condições iniciais y(2) = 1, y 0 (2) = 9,
obtemos
3(t 2)
A solução vem então dada por y(t) = 2e + e3(t 2)
, t 2 R.
Descreva (como exercício) a solução em termos das funções seno e co-seno hiperbólicos.
(1 t 2 ) y 00 2t y 0 + 2 y = 0, t 2] 1, 1[.
A função y(t) = t é uma solução. Determine outra solução, z(t), de forma que y, z
seja um s.f.s. da equação dada.
2t 2
y 00 y 0
+ y = 0.
1 t2 1 t2
Denotando a segunda solução por z(t) temos de (**)
t z(t)
´
2t
dt
!(t) = 0
= ce 1 t2 .
1 z (t)
Assim,
1 1 1
´
2t
0 dt ln(1 t 2 )
tz z=e 1 t2 i.e. z0 z= e = .
t t t(1 t 2)
Em conclusão,
1 t t t Ä1 + t ä
ˆ
z=t dt = 1 ln(1 t) + ln(1 + t) = 1 + ln .
t (1 t 2 )
2 2 2 2 1 t
(Uma vez mais, como queremos somente uma solução, tomamos c = 0.)
(1 t 2 ) y 00 2t y 0 + 2 y = 0, t 2] 1, 1[.
Suponhamos conhecida uma solução y(t) = y1 (t) desta equação. Mostremos que a
mudança de variável, y(t) = y1 (t) (t), permite determinar a solução geral da equa-
ção.
(1 t 2 ) y1 00
+ (2(1 t 2 ) y10 2t y1 ) 0
= 0,
que é uma equação diferencial linear de segunda ordem sem termo em . Assim,
0
efectuando a mudança de variável z = obtemos uma equação diferencial de va-
riáveis separáveis,
z0 2t y1 2(1 t 2 ) y10
(1 t 2 ) y1 z 0 + (2(1 t 2 ) y10 2t y1 )z = 0 i.e. =
z (1 t 2 ) y1
2t 2 1
ˆ ˆ
ln z(t) = dt dt logo z(t) = .
1 t2 t (1 t 2 )t 2
1 1 1 1 Ä1 + t ä 1
ˆ ˆ ˆ
= dt = dt + d t = ln ;
(1 t 2 )t 2 1 t2 t2 2 1 t t
t Ä1 + t ä
logo y(t) = y1 (t) (t) = 1+ ln , t 2]0, 1[, que coincide com a solução
2 1 t
determinada pelo método do wronskiano.
138 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y 00 + p(t) y 0 + g(t) y = 0;
Agora a diferença entre duas soluções da completa, y(t) Y (t) é uma solução da
equação homogénea associada. De facto, =y Y é tal que
00 0
+ p(t) + g(t) = ( y Y )00 + p(t) ( y Y )0 + g(t)( y Y)
= f (t) f (t) = 0;
Em conclusão, a solução geral da equação (***) vem dada por y(t) = yh (t) + Y (t), i.e.
Assim, de
4
logo ↵ = e = 0 e, portanto,
5
4
y p (t) = cos(2t) é solução particular da equação completa.
5
Podemos então dizer que a solução geral da equação completa é
4
y(t) = c1 cos(3t) + c2 sin(3t) cos(2t), c1 , c2 2 R, t 2 R.
5
Propriedade 1. Se o termo independente da equação diferencial linear de coeficientes
constantes for da forma
pol1 (t)e↵t cos( t) + pol2 (t)e↵t sin( t), com max grau pol1 , grau pol2 = s,
t
yh (t) = c1 e + c2 t e t , c1 , c2 2 R, t 2 R.
t 1 = (A + 2B) + Bt,
logo B = 1 e A = 3 e, portanto,
t
y(t) = c1 + c2 t)e +t 3, c1 , c2 2 R, t 2 R.
y 00 4 y = t2 3e t , y(0) = 0, y 0 (0) = 2.
11. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES COMPLETAS DE SEGUNDA ORDEM 141
t 2 = ( 4A + 2C) 4Bt 4C t 2 ,
1 1
logo C = , B =0 e A= e, portanto,
4 8
1 1 2
Y1 (t) = t é solução particular procurada.
8 4
Aplicando a propriedade 1 com ↵ = 1, = 0 e pol1 (t) = 3, obtemos como candidato Y2
3e t = 3Ae t ,
logo A = 1 e, portanto,
Este resultado é natural, pois as funções sin(t) e cos(t) são solução da equação homo-
génea associada.
1
logo, A = e B = 0, e a solução geral da equação vem dada por
2
t
y p (t) = c1 cos(t) + c2 sin(t) cos(t) c1 , c2 2 R.
2
Este exemplo diz-nos que a propriedade 1 tem de ser melhorada de forma a dar resposta
a este caso. Neste ponto assume particular importância a frase retirada do livro de
Boyce e DiPrima sobre equações diferenciais:
pol1 (t)e↵t cos( t) + pol2 (t)e↵t sin( t), com max grau pol1 , grau pol2 = s,
11. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES COMPLETAS DE SEGUNDA ORDEM 143
ou qualquer combinação linear de termos desta forma, e ↵±ii for raiz do polinómio carac-
terístico da equação homogénea associada com multiplicidade #, então existe, polinómios
p1 , p2 de grau s, tais que
4t
yh (t) = c1 + c2 e , c1 , c2 2 R.
Note que, neste caso, # = 1, pois 0 é raíz do polinómio característico, r(r + 4), com
multiplicidade um. Derivando duas vezes obtemos
1 11
logo, B = e A= , e a solução geral da equação vem dada por
4 8
4t t2 11
y p (t) = c1 + c2 e + t c1 , c2 2 R.
4 8
Exercício. Determine, aplicando o método do polinómio anulador, a solução geral da
equação diferencial linear de coeficientes constantes y 00 + 2 y 0 + y = t e t .
y 00 + p(t) y 0 + g(t) y = 0,
144 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
para alguma função real de variável real u1 , u2 . Vamos escolher u1 , u2 de forma que
(*v) u01 (t) y1 (t) + u02 (t) y2 (t) = 0, u01 (t) y10 (t) + u02 (t) y20 (t) = f (t),
ou matricialmente,
2 32 3 2 3
0
y1 y2 u 0
4 5 4 15 = 4 5
y10 0
y2 0
u2 f (t)
Agora como o determinante da matriz do sistema é não nulo (observe que se trata
do wronskiano das funções y1 , y2 que formam um s.f.s.), aplicando a regra de Cramer
obtemos
f (t) y2 (t) f (t) y1 (t)
u01 (t) = , u02 (t) = ,
!( y1 , y2 )(t) !( y1 , y2 )(t)
onde !( y1 , y2 )(t) designa o wronskiano de y1 , y2 .
Integrando obtemos u1 , u2 .
Y 0 (t) = u01 (t) y1 (t) + u02 (t) y2 (t) + u1 (t) y10 (t) + u2 (t) y20 (t)
= u1 (t) y10 (t) + u2 (t) y20 (t) H: u01 (t) y1 (t) + u02 (t) y2 (t) = 0.
Y 00 (t) = u1 (t) y100 (t) + u2 (t) y200 (t) + u01 (t) y10 (t) + u02 (t) y20 (t).
Analisemos agora
Y 00 (t) + p(t)Y 0 (t) + g(t)Y (t) = u01 (t) y10 (t) + u02 (t) y20 (t)
+ u1 (t) y100 (t) + p(t) y10 (t) + g(t) y1 (t) + u2 (t) y200 (t) + p(t) y20 (t) + g(t) y2 (t) .
Agora, como
f (t) = u01 (t) y10 (t) + u02 (t) y20 (t) e y1 , y2 soluções da homogénea
temos o que pretendíamos provar, i.e. Y 00 (t) + p(t)Y 0 (t) + g(t)Y (t) = f (t).
Um s.f.s. da equação homogénea associada é dado por {cos(t), sin(t)}. Como o seu
wronskiano é
cos(t) sin(t)
!(t) = = cos2 (t) + sin2 (t) = 1,
sin(t) cos(t)
temos que
sin2 (t)
u01 (t) = tan(t) sin(t) = , u02 (t) = tan(t) cos(t) = sin(t);
cos(t)
e, portanto,
1 cos2 (t) 1
ˆ ˆ
u1 (t) = d t = sin(t) d t, u2 (t) = cos(t) + c2 .
cos(t) cos(t)
Atendendo a que
ˆ
1 Ä t ⇡ ä ⇡ ⇡
d t = ln tan + + c, t 2] , [, c 2 R,
cos(t) 2 4 2 2
concluímos que a solução geral da equação é
Ä x ⇡ ä
sin(t) ln tan + + c1 cos(t) cos(t) c2 sin(t), c1 , c2 2 R.
2 4
ou ainda
Ä x ⇡ ä
cos(t) ln tan + + c1 cos(t) + c2 sin(t), c1 , c2 2 R.
2 4
Ä x ⇡ ä
A função Y (t) = cos(t) ln tan + é solução particular da equação completa.
2 4
Exemplo 3.45. Aplicando o método da variação dos parâmetros de Lagrange, deter-
mine a solução geral da equação diferencial linear de coeficientes constantes
y 00 + 2 y 0 + y = t e t .
Este problema foi deixado como exercício na secção anterior. Vê-se facilmente que
um s.f.s. é e t , t e t
, pois a equação homogénea associada tem polinómio caracterís-
tico (r + 1)2 . Calculemos o wronskiano das funções que compõem este s.f.s.
t t
e te 2t
!(t) = t t
=e , t 2 R.
e (1 t)e
Então, a solução geral da equação vem dada por,
t
y(t) = u1 (t)e + u2 (t)t e t , t 2 R,
t3 t2
Assim, u1 (t) = + c1 e u2 (t) = + c2 , c1 , c2 2 R.
3 2
146 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y1 : y1 00 + p(t) y1 0 + g(t) y1 = 0,
y = y1 z , y 0 = y1 0 z + y1 z 0 , y 00 = y1 00 z + 2 y1 0 z 0 + y1 z 00 .
g(t) y1 (t) + p(t) y10 (t) + y100 (t) z + p(t) y1 (t) + 2 y10 (t) z 0 + y1 (t)z 00 = f (t),
Observe que ao efectuar duas primitivas vai obter uma solução explícita em termos de
duas constantes reais, i.e.
⇥2 y = tz
⇥( 2t) y 0 = tz 0 + z
11. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES COMPLETAS DE SEGUNDA ORDEM 147
⇥t 2 y 00 = tz 00 + 2z 0
2t + 1 = t 3 z 00 + (2t 2 2t 2 )z 0 + ( 2t + 2t)z.
1 1 2 1
z 0 = 2t t + c1 , z = 2 ln(t) + + c1 t + c2 , c1 , c2 2 R.
2 2t
Desfazendo a mudança de variável inicial (i.e. y = tz), concluímos que a solução geral
da equação é dada por,
1
y = 2t ln(t) + + c1 t 2 + c2 t, c1 , c2 2 R.
2
Exemplo 3.47. Determine a solução geral da equação diferencial linear de coeficientes
2e t
constantes y 00 y = t , t 2 R+ .
e 1
yh (t) = c1 e r+ t + c2 e r t , c1 , c2 2 R,
yh (t) = c1 e t + c2 e t , c1 , c2 2 R.
t
y p (t) = e (e2t 1) log(1 et ) e t (t e t + 1) ;
148 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
yh (t) = c1 + c2 e t , c1 , c2 2 R,
onde
t t
yh (t) = c1 + c2 e e yp = t + ( e 1) log(e t + 1).
Esta transformação leva o plano usual ao plano complexo. Um ponto (x, y) no plano
R ⇥ R pode identificar-se em coordenadas polares (r, ✓ ). Vamos tomar r > 0. Então,
3⇡
Usando a fórmula de Euler, podemos escrever z = r ei ✓ . Por exemplo, 2ii = 2ei 2 , pois
3⇡ p ⇡
o ponto (0, 2) tem coordenadas polares 2, . Da mesma forma, 1 + i = 2ei 4
2
e também 1 = ei ⇡ (os números reais podem ser vistos como casos particulares dos
números complexos).
z = r ei (✓ +2⇡m) , com m 2 Z.
O polinómio característico é
O polinómio característico é
y(t) = c1 e t + c2 t e t + c3 t 2 e t , c1 , c2 , c3 2 R.
O polinómio característico é
r3 r 2 + 3r + 5.
±5 e ±1.
Verifiquemos
r = 1: ( 1)3 ( 1)2 + 3( 1) + 5 = 0,
r3 r 2 + 3r + 5 = (r + 1)(r 2 2r + 5) = (r + 1) (r 2 2r + 1) + 4
= (r + 1) (r 1)2 + 22 .
O polinómio característico é
r 4 + 2r 2 + 1 = (r 2 + 1)2 ,
pelo que as raízes são ±ii com multiplicidade dois. Um s.f.s. é dado por
O polinómio característico é
r 5 + r 3 = r 3 (r 2 + 1),
pelo que as raízes são ±ii e 0 com multiplicidade três. Vemos assim que um s.f.s. é dado
por cos(t), sin(t), 1, t, t 2 , e a solução geral é
Y1 + 9Y1000 = 3t,
(5)
Y1 :
Y2 + 9Y2000 =
(5)
Y2 : sin(2t).
Determinação de A1 , B1 :
1
Y1 + 9Y1000 = 0 + 9(6A1 + 24B1 t)
(5)
logo A1 = 0, B1 = .
72
Determinação de A2 , B2 :
1
logo B2 = 0, A2 = . Podemos então escrever a solução geral da equação diferencial
40
1 4 1
y(t) = c1 cos(t) + c2 sin(t) + c3 + c4 t + c5 t 2 + t cos(2t), c1 , c2 , c3 , c4 , c5 2 R.
72 40
Exercícios de avaliação
(1 + t 2 ) y 00 2t y 0 + 2 y = 1 + t 2 ,
t y 2t
dt
y = 1 + t 2.
´
!(t, y) = 0
=e 1+t 2 , i.e. t y0
1 y
1 1
Dividindo ambos os membros da equação por t obtemos y 0 y = + t, que pode
t t
reescrever-se como
Ä 1 ä0 1
y = 2 + 1, pelo que y(t) = 1 + t 2
t t
é solução da equação homogénea associada com t > 0.
Para determinar a solução geral da equação, vamos aplicar o método da variação dos
parâmetros de Lagrange, i.e. procuramos a solução na forma
com u1 , u2 satisfazendo
2 32 3 2 3 8 2
t t 2
1 u0 0 <u0 = 1 t = 1 + 2 ,
1
4 5 4 15 = 4 5 e, por Cramer, t2 + 1 t2 + 1
1 2t 0
u2 1 :u0 = t ,
2
t2 + 1
1
donde se conclui que u1 (t) = t + 2 arctan(t) + c1 , u2 (t) = ln(t 2 + 1) + c2 , c1 , c2 2 R.
2
A solução geral vem dada por
t2 1
y(t) = c1 t + c2 (t 2 1) + 2 arctan(t) t t+ ln(t 2 + 1), c1 , c2 2 R, t 2 R+ .
2
Alternativamente, apliquemos o método de D’Alembert (ou do abaixamento de ordem):
Efectuemos a mudança de variável y = tz, e reescrevendo a equação completa como
y = yh + y p , com yh = c1 t + c2 (t 2 1), c1 , c2 2 R+ .
154 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y 000 + a y 00 + b y 0 + c y = f (t), t 2 R.
Sabendo que y(t) = e t é uma sua solução, determine, pelo método do wronskiano ou
pelo método de D’Alembert (ou do abaixamento de ordem), um sistema fundamental
de soluções da equação diferencial.
et y t
dt
y0
´
!(t, y) = t 0
=e t 1 , i.e. y=t 1.
e y
Ä ä0
t
Assim e y = (t 1)e t , pelo que y(t) = t é solução da equação com t > 1.
(t 1)e t (z + 2z 0 + z 00 ) t e t (z + z 0 ) + e t z = 0,
u0 t 2 u0 1
Assim, = , ou ainda = 1+ , logo ln(u) = t + ln(t 1), t > 1,
u t 1 u t 1 ˆ
pelo que u = (t 1)e , t > 1. Agora, z = u, obtemos z = (t 1)e t d t = e t t.
t 0
com u1 , u2 satisfazendo
2 32 3 2 3 8
<u0 = tan(2t)
cos(2t) sin(2t) u 0
0 1 ,
4 5 4 15 = 4 5 e, por Cramer, 2
2 sin(2t) 2 cos(2t) u02 sec(2t) :u0 = 1 ,
2
2
donde se conclui que
ln(cos(2t)) t
u1 (t) = + c1 , u2 (t) = + c2 , c1 , c2 2 R.
4 2
A solução geral vem dada por
ln(cos(2t)) t
y(t) = c1 cos(2t) + c2 sin(2t) + cos(2t) + sin(2t),
4 2
c1 , c2 2 R, t 2 R.
ou ainda,
cos(2t) sec(2t)
u0 (t) + 4 u= , u = z0.
sin(2t) sin(2t)
´
cos(2t)
4 sin(2t) d t
Multiplicando a equação por e = e2 ln(sin(2t)) = sin2 (2t), tem-se
0 sin(2t) 1
sin2 (2t)u = i.e. sin2 (2t) u = ln(cos(2t)).
cos(2t) 2
Vemos então que
Å ã
0 cos(t) 1 1
z =u= 2 , pelo que z= t + cot(2t) log(cos(2t)) .
sin2 (2t) 2 2
Vemos assim, que uma solução particular da equação dada na alínea b) é
Å ã
1 1
yp = t + cot(2t) log(cos(2t)) sin(2t).
2 2
Exercício (Exame, 21-01-2021). Verifique que a função f (t) = t 2 é solução da equação
00 0 et
y (t) 2 y (t) + 10 y(t) = .
cos(3t)
a) Determine um sistema fundamental de soluções da equação homogénea as-
sociada.
b) Aplicando o método da variação dos parâmetros de Lagrange ou pelo método
de D’Alembert (ou do abaixamento de ordem), calcule a solução geral da
equação inicial.
1⇥ yp = A + Bt e2t
0⇥ y p0 = (B + 2A) + 2Bt e2t 4
Logo, B=1 e A= .
1⇥ y p00 = 4(B + A) + 4Bt e2t 5
5t e2t = (4B + 5A) + 5Bt e2t
4
Vemos assim que uma solução particular é + t e2t .
y p (t) =
5
4
(c) A solução geral da equação dada é y(t) = ↵ cos(t) + sin(t) + + t e2t . As-
5
sim, como
4 8
y(0) = ↵ , y 0 (0) = + 1 tendo em conta a hipótese
5 5
1 4 2 3
=↵ , = i.e. ↵ = 1, = 1.
5 5 5 5
4
Logo, a solução do problema dado é y(t) = cos(t) + sin(t) + + t e2t .
5
Exercício (Frequência, 12-10-2021). Considere a equação diferencial
t y 00 + 2(1 + t) y 0 + 2 y = 8e2t .
1
a) Mostre que y(t) = é uma solução da equação diferencial homogénea as-
t
sociada.
¶ 1 e 2t ©
b) Mostre que , é um sistema fundamental de soluções da equação
t t
diferencial homogénea associada.
c) Aplicando o método da variação dos parâmetros de Lagrange ou pelo método
de D’Alembert (ou do abaixamento de ordem), calcule a solução geral da
equação inicial.
Ä 1 ä00 Ä1ä 2 Ä 1 ä0
2 2 2
(a) Basta verificar que t + 2(1 + t)
+2 = 2 + = 0.
t t t t t2 t t
(b) Tendo em conta o Teorema de Liouville, o wronskiano de um sistema fundamental
158 3. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
1 e 2t
Assim, y é tal que y0 + y = , i.e. (t y)0 = e 2t , ou ainda y(t) =
t t
e 2t ¶ 1 e 2t ©
, ficando provado que , é um s.f.s. da equação homogénea associada.
2t t t
(c) Para determinar a solução geral da equação, vamos aplicar o método da variação
1
dos parâmetros de Lagrange, i.e. procuramos a solução na forma y(t) = u1 (t) +
t
e 2t
u2 (t) , com u1 , u2 , satisfazendo
t
2 32 3 2 3 8
1 e 2t 0
u1 0 <u0 = 4e2t ,
4 t t 5 4 5 4 5 1
1 e 2t (2t+1) 0
= 8e2t e, por Cramer,
t2 t2 u2 t
:u0 = 4e4t ,
2
Integrando em ordem a t
O cálculo de integrais com limites de integração infinita é semelhante ao caso dos inte-
grais com limites de integração finitos. Por exemplo
ˆ +1 ˆ ↵
1 ó↵ 1 1
2t
e d t = lim e 2t d t = lim e 2t = lim e 2↵
↵
1 = .
0 ↵ !+1 0 2 ↵!+1 0 2 ↵!+1 2
sendo o domínio desta função constituído pelos valores de s que tornam convergente
o integral dado.
1 1
= lim e s↵↵ 1 = ;
s ↵!+1 s
1
pelo que L {1} (s) = , s > 0.
s
Exemplo 4.2. Considere-se a função ˆf (t) = t, definida em R+ , e calculemos a sua
+1
transformada de Laplace, L { f } (s) = t e st d t.
0
1 1
= lim e (s a)↵↵ 1 =
s a ↵ !+1 s a
1
pelo que L e at (s) = , s > a.
s a
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TRANSFORMADA DE LAPLACE 161
1 Ä s cos(a↵ ↵) + a sin(a↵
↵) ä
= lim 2 + s
↵ !+1 a + s 2 es↵↵
s
= 2 ;
a + s2
s
pelo que L {cos(at)} (s) = 2 , s > 0.
a + s2
Exemplo 4.6. Consideremos f (t) ˆ= sin(at), a 6= 0, e determinemos a sua trans-
+1
formada de Laplace, L { f } (s) = sin(at)e st d t.
0
1 Ä a cos(a↵ ↵) s sin(a↵
↵) ä
= lim 2 + a
↵ !+1 a + s 2 es↵↵
a
= 2 ;
a + s2
a
pelo que L {sin(at)} (s) = 2 , s > 0.
a + s2
Mas, nem todas as funções têm transformada de Laplace. Vejamos alguns exemplos.
1
Exemplo 4.7. Não existe transformada de Laplace da função f (t) = , pois o integral
ˆ +1 st t
e
impróprio d t não é convergente para nenhum valor do parâmetro s.
0 t
ˆ +1
2
A divergência do integral L { f } (s) = et e st
dt é consequência de que
0
2
lim e t e st
= +1, para qualquer s 2 R+ .
t!+1
Diremos que uma função f definida no intervalo [0, +1[ é de tipo exponencial
c > 0, se
Uma condição suficiente para que a função f definida no intervalo [0, +1[ seja de
tipo exponencial é que exista e seja finito, o limite
at
lim | f (t)|e , para um certo valor do parâmetro real a > 0.
t!+1
at
lim t ↵ e = 0, para qualquer valor a > 0.
t!+1
1
Exemplo 4.9. A função f (t) = t não pertence à classe de funções de tipo exponen-
2
¶ 1© p 1
cial. De facto, não existe lim+ f (t). No entanto, existe L t 2 (s) = ⇡s 2 .
t!0
2. PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE 163
d ¶ 1© ˆ +1
1
Ä 1 1 ó↵ 1
ˆ +1
1
st s↵
L t 2 (s) = t 2 e d t = lim ↵2e ↵
+ t 2 e st d t
ds 0 ↵ !+1 s 0 2s 0
1 ¶ 1
©
= L t 2 (s).
2s
¶ 1© 1
¶ 1©
Desta identidade concluímos que existe L t 2 (s) = s 2 L t 2 (1), onde
¶ 1© ˆ +1
1
ˆ +1 ˆ +1
t v2 2
L t 2 (1) = t e dt =
2 1
v e (2v) d v = 2 e v d v,
0 0 0
Esta identidade é válida para os valores de s em que cada uma das transformadas exista,
e é consequência da linearidade do integral.
t 2
Exemplo 4.12. L e sin(2t) (s) = L {sin(2t)} (s + 1) = .
(s + 1)2 + 4
s 5
Exemplo 4.13. L e5t cosh(3t) (s) = L {cosh(3t)} (s 5) = .
(s 5)2 9
5!
Exemplo 4.14. L e t t 5 (s) = .
(s 1)6
Propriedade (derivada da transformada de Laplace). A transformada de Laplace, L { f },
de funções de tipo exponencial, f , é indefinidamente diferenciável, tendo-se
dn
L { f (t)} (s) = L {( t)n f (t)} (s).
d sn
t 1
Para a função g, L {g(t)} (s) = L t e (s) = L {t} (s + 1) = . Já para a
(s + 1)2
função h,
obtendo-se finalmente
(s 2)2 9
L {h(t)} (s) = L t e2t cos(3t) (s) = 2
.
(s 2)2 + 9
L f 00
(s) = sL f 0 (s) f 0 (0) = s2 L { f } (s) s f (0) f 0 (0)
2 y 00 + y 0 y = t, y(0) = 1, y 0 (0) = 2.
166 4. TRANSFORMADAS DE LAPLACE
Ainda que não conheçamos a função y, podemos assumir que existe a sua transformada
de Laplace e também a das funções y 0 e y 00 , para certos valores de s. Uma vez assumida
a existência, podemos usar as propriedades deduzidas anteriormente, pelo que
Da mesma forma que podemos calcular a transformada de Laplace de uma dada fun-
ção f , também podemos colocar o problema recíproco, i.e. dada uma certa função F ,
vamos tentar identificar uma função f , de forma que L { f } (s) = F (s). Caso o pro-
blema não tenha solução única, existiriam f1 , f2 tais que
O seguinte teorema permite concluir que f1 ⌘ f2 , caso estas funções sejam contínuas e
de tipo exponencial:
1
L { f } (s) = F (s), que denotaremos como L {F } ⌘ f .
1 1 1
L {↵F + G} = ↵L {F } + L {F }, ↵, 2 R.
L 1
{F (s a)} (t) = e at L 1
{F (s)} (t).
logo
1 5 5 3
↵1 = , ↵2 = , 1 = , 2 = .
4 4 4 4
Assim,
⇢
1 s3 + 2s2 s + 12 1
L (t) = cos(t) + 5 sin(t) + 5 cos(3t) + sin(3t) .
s4 + 10s2 + 9 4
4. Função de Heaviside
8
<0, 0t <c
uc (t) =
:1, t c
Usando a função de Heaviside podemos descrever funções por ramos. Por exemplo,
u1 (t) u3 (t) é igual a 1 se 1 t < 3 e 0 nos demais pontos. De facto,
8
>
> 0 0 = 0, 0 t < 1,
>
<
u1 (t) u3 (t) = 1 0 = 1, 1 t < 3,
>
>
>
:1 1 = 0, 0 t 3.
Por exemplo,
e s
L {u1 (t)(t 1)} (s) = e s L {t} (s) = .
s2
Tendo em conta que
ß ™
1 1
L (t) = sin(t)
1 + s2
obtemos
ß ™
1 e ⇡s
L (t) = u⇡ (t) sin(t ⇡) = u⇡ (t) sin(t).
1 + s2
Graficamente, a operação de deslocamento significa, que para as funções f (t) = t e
g(t) = u1 (t) f (t 1):
Assim,
1 1
L { f (t)} (s) = L {1 + (t 1)u1 (t)} (s) = L {1} (s) + e s L {t} (s) = +e s 2.
s s
Exemplo 4.26. Consideremos a função
8
< t, t <2
f (t) = i.e. f (t) = t + (t + 1)u2 (t) = t + (t 2)u2 (t) + 3u2 (t).
:2t + 1, t 2,
Assim
2t 4 2(t ⇡ 4 ⇡ 2 ⇡
f (t) = e e 2) u⇡/2 (t) + cos t u⇡/2 (t) + sin t u⇡/2 (t)
5 5 2 5 2
8
<e 2t
, 0 t < ⇡2 ,
i.e. f (t) =
:e 2t 4 2(t ⇡
+ 45 cos(t ⇡ 2 ⇡ ⇡
5e sin(t t 2;
2)
2)+ 5 2 ),
⇡ ⇡
ou ainda, como cos t 2 = sin t e também que sin t 2 = cos t, concluímos que
8
<e 2t
,0 t < ⇡
2
f (t) =
:e 2t 4 2(t ⇡
+ 45 sin t 2 ⇡
5e cos t, t 2,
2)
5
Imaginemos uma vara tão fina que a possamos considerar como uma linha (dimen-
são um), e tão longa que a possamos estender de menos a mais infinito, i.e. t 2 R =
] 1, +1[. Consideremo-la com densidade ⇢(t) — peso por unidade de compri-
mento — em cada ponto (da vara). Para cada intervalo ] N , N [, com N > 0, construí-
mos, usando pontos igualmente espaçados t 1 , t 2 , . . . , t n , uma partição de amplitude
2N
t= . Então, o peso de cada parte i da vara pode tomar-se aproximadamente como
n
X
n
⇢(t i ) t e ⇢(t i ) t
i=1
172 4. TRANSFORMADAS DE LAPLACE
Assumindo agora que a vara passa a uma nova posição no plano (t, y) de forma que
cada ponto desta linha, (t, 0) é transformado num ponto t, f (t) , onde f é uma função
dada. A pergunta natural que aqui se coloca é:
Considere-se agora que a vara (ou linha) tem peso unitário, i.e. ! = 1 e que o peso
total está concentrado num único ponto t = 0. A distribuição do peso ao longo da vara,
para cada t, é designada de distribuição delta, ou função delta, e denotada por (t).
i: ˆ(t) = 0, t 6= 0,
+1
ii: (t) d t = 1 (peso unitário),
ˆ1+1
iii: (t) f (t) d t = f (0).
1
i’: ˆ(t t 0 ) = 0, t 6= t 0 ,
+1
ii’: (t t 0 ) d t = 1 (peso unitário),
ˆ1+1
iii’: (t t 0 ) f (t) d t = f (t 0 ).
1
Por exemplo,
ß ™ ß ™
1 s+1 1 2 3t
L =L 1 = (t) 2e .
s+3 s+3
Exemplo 4.28. Resolva o seguinte problema com condições iniciais,
Para resolver uma dada equação diferencial, apesar de não conhecer propriedades da
função solução, podemos transformar a equação dada por aplicação da transformada
de Laplace, obtendo uma equação algébrica para a transformada da função solução que
procuramos.
f 00 + f = t, f (0) = 1, f 0 (0) = 2.
f 0 (t + 1) + f (t + 1) = t + 1, f (1) = 2.
L z 0 + z (s) = L {t + 1} (s);
e a transformada da derivada,
ou de forma equivalente,
L 1
{F (s a)} (t) = e at L 1
{F (s)} (t).
Assim,
ß ™
1 1 3 12
L {G} (t) = L (t)
2 s (s + 1)3
™ ß ß ™
1 1 1 1
= 3L (t) 12L (t)
s 2 (s + 1)3
ß ™ ß ™
2t 1 1 t 1 1
= 3e L (t) 12e L (t)
s s3
6. APLICAÇÕES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE 177
ß ™
t 2
= 3e 2t
6e L 1
(t) = 3e2t 6e t t 2 .
s3
Para a segunda, começamos por escrever
2s + 11 A B(s 3) + C
= +
s((s 3) + 2)
2 s (s 3)2 + 2
onde A = 1, B = 1, C = 5. Assim,
ß ™
1 1 2s + 11
L {M } (t) = L (t)
s((s 3)2 + 2)
ß ™ ß ™ ß ™
1 s 3 1
= AL 1 (t) + BL 1 (t) + CL 1
(t)
s (s 3)2 + 2 (s 3)2 + 2
n s o ⇢ p
C 2
= A + Be3t L 1 2 (t) + p e3t L 1 2 (t)
s +2 2 s +2
p C p
= A + Be3t cos( 2t) + p e3t sin( 2t)
2
p 5 p
= 1 e3t cos( 2t) + p e3t sin( 2t).
2
Para o determinação da transformada inversa de Laplace de N , comecemos por ver que
assim,
1 ↵1 s + 1 ↵2 s + 2
= + ,
s4 +4 (s 1) + 1 (s + 1)2 + 1
2
onde
1 1 1
↵1 (1 + i ) + = (1 i )
1 =
4 1+i 8
1 1 1
↵2 ( 1 + i ) + 2 = = (1 + i ).
41 i 8
Concluímos que,
1 1 1 1
↵1 = , 1 = , ↵2 = , 2 =
8 4 8 4
e, portanto,
1 1 1 1
1 8s + 4 8s + 4
= + ,
s4 + 4 (s 1)2 + 1 (s + 1)2 + 1
ou ainda,
1 1Ä s 1 s+1 ä 1Ä 1 1 ä
= + + + .
s4 + 4 8 (s 1)2 + 1 (s + 1)2 + 1 8 (s 1)2 + 1 (s + 1)2 + 1
Daqui concluímos que a transformada inversa de N é dada por
1 1 et e t
1 et + e t
L {N } (t) = cos(t) + sin(t)
4 2 4 2
1
= sin(t) cosh(t) cos(t) sinh(t) .
4
178 4. TRANSFORMADAS DE LAPLACE
27 y + 3 y 00 = 9, y(0) = 8, y 0 (0) = 1.
9
Como a transformada de Laplace de 9 é , reescrevemos a equação na forma
s
9
9 24s + s 3
(3s2 27)L { y} (s) = 24s + 3 ou ainda L { y} (s) = ;
s 3s2 27
e, portanto,
24s2 3s + 9
L { y} (s) =
s(3s2 27)
Procuremos a decomposição de Hermite para esta função racional. Comecemos por
notar que 3s2 27 = 3(s + 3)(s 3), pelo que
24s2 3s + 9 24s2 3s + 9 24s2 3s + 9 A B C
= = = + + ,
(3s 2 27)s 3s(s + 3)(s 3) 3s(s + 3)(s 3) 3s s + 3 s 3
onde
24s2 3s + 9 ó 24s2 3s + 9 ó 24s2 3s + 9 ó
A= , B= , C= .
3(s + 3)(s 3) s!0 3s(s 3) s! 3 3s(s + 3) s!3
13
Logo, A = 1, B = , C = 4. Assim,
3
13
24s2 3s + 9 1 3 4
= + +
3s(s + 3)(s 3) 3s s+3 s 3
Aplicando a transformada inversa de Laplace, temos
ß ™ ⇢ 13 ß ™
1 1 1 3 1 4
y(t) = L (t) + L (t) + L (t).
3s s+3 s 3
Agora, como
ß ™ ⇢ 13 ß ™
1 1 1 1 3 13 3t 1 4
L (t) = , L (t) = e , L (t) = 4e3t ,
3s 3 s+3 3 s 3
13 3t 1
concluímos que a solução da equação diferencial é y(t) = e + 4e3t .
3 3
Exercício. Determine a transformada inversa das seguintes funções:
1 1 s s2 s+2
F (s) = , G(s) = , H(s) = 2 , J(s) = .
(s 2)(s + 4) (s 2)(s + 3)2 (s + 1)2 (s 1)2 (s + 1)
7. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 179
2t
y 00 + 3 y 0 = e , y(0) = 0, y 0 (0) = 1.
t
y 00 + y 0 2 y = 5e sin 2t, y(0) = 1, y 0 (0) = 0.
4 1
2 s 2 4s 6 ↵1 ↵
L {x} (s) = = = + 2 ,
(s 3)(s 1) (s 3)(s 1) s 3 s 1
180 4. TRANSFORMADAS DE LAPLACE
s 2 4
1 2 2s 1 2
L { y} (s) = = = + ,
(s 3)(s 1) (s 3)(s 1) s 3 s 1
com
4s 6 ó 4s 6 ó
↵1 = = 3, ↵2 = = 1,
s 1 s!3 s 3 s!1
2s ó 2s ó
1 = = 3, 2 = = 1.
s 1 s!3 s 3 s!1
Concluímos assim que
ou seja
2 3 22 3 3
x(t) 3 1
(*) 4 5 = 4 5 e3t + 4 5 e t .
y(t) 3 1
se escreve na forma
2 3 2 3 2 3 2 3
0
x(t) ↵ x (t) x(t)
4 5 = er t 4 5 , i.e. 4 5 = r er t 4 5
y(t) y 0 (t) y(t)
ou seja
2 3 2 3 2 3 2 3
↵ ↵ ↵ 0
r er t 4 5 = A 4 5 er t , i.e. A r I 4 5 = 4 5.
0
î ó>
Concluímos assim, que r é valor próprio de A com vector próprio associado ↵ .
onde tr(A), designa o traço da matriz A, que é a soma dos elementos da diagonal de A,
i.e. 4, e det(A) é o determinante da matriz A, que neste caso é 3. Concluímos assim
que os valores próprios de A são r1 = 3 e r2 = 1.
7. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 181
Agora, tomando t = 0,
2 3 2 3 2 3 2 3 8
x(0) 4 1 1 <↵ + = 4,
4 5 = 4 5 = ↵4 5 + 4 5 ou seja
y(t) 2 1 1 : ↵+ = 2.
1 1 s 1 1
1 s 3 1 1 1 1
L {x} (s) = = , L { y} (s) = = ,
(s 2)2 s 2 (s 2)2 s 2
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2 3 2 3
x(t) 1
x(t) = e2t , y(t) = e2t , ou seja 4 5=4 5 e2t .
y(t) 1
0 1
1 s 3 1
L {x} (s) = = ,
(s 2)2 (s 2)2
s 1 0
1 1 s 1 1 1
L { y} = = (s) = + ,
(s 2)2 (s 2) 2 s 2 (s 2)2
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2 3 2 3 2 3
x(t) 0 1
x(t) = t e2t , y(t) = e2t + t e2t , ou seja 4 5 = 4 5 e2t + 4 5 t e2t .
y(t) 1 1
7. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 183
7.2. Interpretação dos exemplos 4.35 e 4.36. Pode ver-se que 2 é raiz dupla
(i.e. de multiplicidade dois) do polinómio característico da matriz do sistema
2 3 2 3 2 3
0
x (t) x(t) 1 1
4 5 = A4 5 com A = 4 5.
y 0 (t) y(t) 1 3
1 r 1
det(A r I) = = (1 r)(3 r) + 1 = r 2 4r + 4 = (r 2)2 .
1 3 r
Uma vez mais, da expressão da solução do nosso problema, procuramos soluções na forma
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
0
x(t) ↵ ↵ x (t) x(t)
4 5 = e2t 4 1 5 + e2t t 4 2 5 com 4 5 = A4 5.
y(t) 1 2 y 0 (t) y(t)
ou seja,
0 2 3 2 3 2 31 2 32 3
↵1 ↵2 ↵2 1 1 ↵1 + t↵2
e2t @2 4 5+4 5 + 2t 4 5A = 4 54 5 e2t ,
1 2 2 1 3 1 +t 2
ou ainda,
2 3 2 3
2↵1 + ↵2 + 2t↵2 ↵1 1 + t(↵2 2)
4 5=4 5.
2 1+ 2 + 2t 2 ↵1 + 3 1 + t(↵2 + 3 2)
Assim,
↵1 + ↵2 + 1 + t(↵2 + 2) = 0, 1 + 2 ↵1 t( 2 + ↵2 ) = 0,
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↵2 = 2, ↵1 = 2 1.
2 3 2 3 2 3
x(t) 0 1
e, portanto, a solução é dada por 4 5 = 4 5 e2t + 4 5 t e2t .
y(t) 1 1
î ó>
Pode provar que 1 1 é vector de A associado ao valor próprio 2.
: y 0 (t) = 2x + y + 1, : y(0) = 5.
0 2
5s+1
s s 1 10s + 2 A1 B1 C1
L {x} (s) = = = + + ,
(s 3)(s + 1) s(s 3)(s + 1) s s 3 s+1
s 1 0
5s+1
2 s (s 1)(5s + 1) A B C
L { y} (s) = = = 2+ 2 + 2 ,
(s 2)2 s(s 3)(s + 1) s s 3 s+1
2 8 1 8
com A1 = , B1 = , C1 = 2, A2 = , B2 = , C2 = 2
3 3 3 3
2 8 3t 1 8
x(t) = + e 2e t , y(t) = + e3t + 2e t ,
3 3 3 3
ou seja
2 3 2 2 3 3 2 3
x(t) 2 1 1
4 5 = 1 4 5 + 8 4 5 e3t + 2 4 5 e t , t 2 R.
y(t) 3 1 3 1 1
î ó>
• 1 1 é vector próprio de A associado ao valor próprio 1;
î ó>
• 1 1 é vector próprio de A associado ao valor próprio 3.
î ó>
2 1
• 3 3
é solução particular do sistema.
: y 0 = x + t, : y(0) = 3.
x 00 = y0 = x t,
Assim,
2 3 2 3 2 3 2 3
x(t) c c t
4 5 = cos(t) 4 1 5 + sin(t) 4 2 5 + 4 5 .
y(t) c2 c1 2
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1
s 1
3s2 +1
s2 s 2s2 + 1 1 1
L {x} (s) = = = ,
s2 +1 s2 (s2 + 1) s2 s2 +1
1
s s
3s2 +1
1 s2 3s2 + 2 s 2
L { y} (s) = = = 2 + .
s2 + 1 s(1 + s )
2 s +1 s
Vamos fazer uma abordagem, tão geral quanto possível, à teoria dos sistemas de equa-
ções diferenciais lineares de primeira ordem. Note que, o caso particular dos sistemas
de equações diferenciais com coeficientes constantes, foi já por nós abordado na secção
anterior de uma forma eminentemente prática.
As equações diferenciais
8
>
> y10 (t) = a11 y1 (t) + a12 y2 (t) + · · · + a1n yn (t) + b1 (t),
>
>
>
>
< y 0 (t) = a y (t) + a y (t) + · · · + a y (t) + b (t),
2 21 1 22 2 2n n 2
> ..
>
> .
>
>
>
: y 0 (t) = a y (t) + a y (t) + · · · + a y (t) + b (t),
n n1 1 n2 2 nn n n
onde a j,k , bk , para j, k = 1, . . . , n, são funções reais (ou complexas) dadas, contínuas
num intervalo J da recta real, definem um sistema de equações diferenciais de primeira
ordem, de n equações nas incógnitas y1 , y2 ,. . ., yn .
Y 0 (t) = A (t)Y
Y (t) + b (t),
8. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 187
onde
2 3 2 3 2 3
a11 a12 ··· a1n y1 b1
6 7 6 7 6 7
6 a21 a22 ··· a2n 7 6 y2 7 6 b2 7
A (t) = 6
6 .. .. ..
7
.. 7 , Y (t) = 6 7
6 .. 7 e b (t) = 6 7
6 .. 7
4 . . . . 5 4.5 4.5
an1 an2 ··· ann yn bn
î ó>
Se b (t) = 0 0 ··· 0 , t 2 I, o sistema diz-se homogéneo.
î ó>
Teorema (de existência e unicidade). Dados t 0 2 J ⇢ R, e um vector y10 ··· yn0
em R, existe Y : J ! Rn , solução do sistema de equações diferencias anterior, satisfazendo
î ó
Y (t 0 ) = y10 · · · yn0 .
Tendo em conta que, o conjunto das funções reais de n variáveis (reais ou complexas)
de classe C1 (i.e. com derivadas parciais de primeira ordem contínuas), é um espaço
vectorial para a adição de funções e multiplicação por um escalar, e da linearidade da
equação Y 0 (t) = A (t)Y
Y (t), obtemos o seguinte resultado.
Y 0 (t) = A (t)Y
Y (t) + b (t), i.e. h 0 (t) = A (t)h
h(t) + b (t),
Y 0 (t) = A (t)Y
Y (t)
A primeira identidade é trivialmente verificada, pois cada uma das colunas que com-
põem a matriz Y é solução do sistema Y 0 (t) = A (t)Y
Y (t).
vemos que
y11 y12
det(Y ) = Y 1 Y2 = = y11 y22 y12 y21 ,
y21 y22
d 0 0 0 0
det(Y ) = y11 y22 + y11 y22 y12 y21 y12 y21 .
dt
Agora como Y j é tal que Y 0j = AY j , j = 1, 2, concluímos que
0 0
y11 = a11 y11 + a12 y21 , y21 = a21 y11 + a22 y21 ,
0 0
y12 = a11 y12 + a12 y22 , y22 = a21 y12 + a22 y22 ,
d
det Y (t) = a11 + a22 y11 y22 y12 y21 = tr A (t) det Y (t) .
dt
Y 0 (t) = A (t)Y
Y (t) + b (t), na forma U(t),
Y (t) = Y (t)U
8. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM 189
onde Y é a matriz dum sistema fundamental de soluções (ou, como indicámos an-
teriormente, uma matriz fundamental) e U é uma função de matriz a determinar a
partir de
1
U0 (t) = b (t),
Y (t)U i.e U 0 (t) = Y (t) b (t),
ou seja
ˆ t
1
U(t) = U(t 0 ) + Y (t) b (t) d t, com t 0 um qualquer ponto de J.
t0
î ó
A solução, que verifica a condição Y (t 0 ) = y10 y20 ··· yn0 vem então dada por
Ä ˆ t
1
ä
1
y(t) = Y (t) (Y (t 0 )) Y (t 0 ) + Y (s) b (s) d s .
t0
1)
y (n) (t) + an 1 (t) y (n (t) + · · · + a1 (t) y 0 (t) + a0 (t) y(t) = b(t),
Por exemplo, este paralelismo permite estabelecer a fórmula de Liouville para equações
diferencias lineares, homogéneas, de ordem n, em termos do wronskiano de um sistema
fundamental de soluções,
ˆ
!(t) = c exp A(t)) d t ,
tr(A para alguma constante c 2 R,
onde
2 3
0 1 0 ··· 0
6 7
6 0 0 1 ··· 0 7
6 7
6 .. .. .. .. .. 7
A (t) = 6 . . . . . 7.
6 7
6 7
4 0 0 0 ··· 1 5
a0 (t) a1 (t) a2 (t) ··· an 1 (t)
A(t)) = an 1 (t), donde se conclui
Note que tr(A
ˆ
!(t) = exp an 1 (t) d t ,
Y 0 (t) = AY (t),
Podemos afirmar, ainda que uma forma naive, que a solução do nosso problema ini-
cial (caso matricial) se descreve como Y (t) = eA t z 0 .
Para definirmos a noção de exponencial de uma matriz, vamos começar por relembrar
a representação em série de potências da função exponencial,
x x2 x3 xk
e =1+ x + + + ··· + + ··· , x 2 R.
2 3! k!
Trata-se de uma série de potências que converge absoluta e uniformemente em R (e
em C se interpretarmos x como número complexo).
A2 A3 Ak
i +A + + + ··· + , k 2 N.
2 3! k!
Tem sentido considerar a convergência desta sucessão no espaço das matrizes quadra-
das n ⇥ n. Note que o espaço das matrizes quadradas n ⇥ n coincide com R p com
p = n2 . Definimos, função exponencial de uma matriz A , como o limite da sucessão
anterior, i.e. a série
A2 A3 Ak X
1
An
A
e =i +A+ + + ··· + + ··· = .
2 3! k! n=0
n!
Exemplo 4.39. eO = I ; eI = i e.
I I I
eI = i + i +
+ + ··· + + ···
2 3! k!
1 1 1
=i 1+1+ + + ··· + + ···
2 3! k!
= i e.
2 3
1 0
Exemplo 4.40. Determinar a exponencial da matriz A = 4 5.
0 1
Assim,
2 3 2 3
1 1 1
1+1+ + + ··· + + ··· 0 e 0
eA = 4 2 3! k!
1 1 ( 1)k
5=4
1
5.
0 1 1+ 2 3! + ··· + k! + ··· 0 e
2 3
↵ 0
Exemplo 4.41. Determinar a exponencial da matriz A = 4 5.
0
Assim,
2 3 2 3
↵2 ↵3 ↵k
1+↵+ + + ··· + + ··· 0 e ↵
0
eA = 4 2 3! k!
2 3 k
5=4 5.
0 1+ + 2 + 3! + ··· + k! + ··· 0 e
2 3
0 1
Exemplo 4.42. Determinar a exponencial da matriz A = 4 5.
0 0
Assim,
2 3
1 1
eA = i + A = 4 5.
0 1
2 3
0 1
Exemplo 4.43. Determinar a exponencial da matriz A = 4 5.
1 0
A2 = i, logo A 2k+1 = A e A 2k = i , k 2 N.
Assim,
2 3
1 + 12 + 4!
1
+ ··· 1
1 + 3! 1
+ 5! + ···
eA = 4 5.
1 1 1 1
1 + 3! + 5! + · · · 1 + 2 + 4! + · · ·
9. EXPONENCIAL DE UMA MATRIZ 193
concluímos que
x2 x4 x 2k
cosh(x) = 1 + + + ··· + + ··· , x 2R
2 4! (2k)!
x3 x5 x 2k 1
sinh(x) = x + + + ··· + + ··· , x 2 R.
3! 5! (2k 1)!
Pelo que,
2 3
cosh(1) sinh(1)
eA = 4 5.
sinh(1) cosh(1)
eA = P e⇤ P 1 .
Para verificar esta identidade temos somente que calcular as potências de A em termos
das potências de ⇤ :
A 2 = P⇤ P 1
P⇤ P 1
= P⇤ P 1P ⇤P 1
= P⇤ 2 P 1 ;
e, mais geralmente,
A k = P⇤ k P 1 , k 2 N.
Assim,
A2 A3 Ak
eA = i + A + + + ··· + + ···
2 3! k!
⇤2 ⇤3 ⇤k 1
= P i ⇤
+ + + + ··· + + ··· P
2 3! k!
= P e⇤ P 1 .
Analisemos quando é que podemos assegurar que uma matriz é diagonalizável. Para
tal reescrevemos a condição de diagonalização na forma
2 3 2 3
p11 p12 p11 p12
AP = P⇤ leitura por colunas 4A A 5=4 1 2
5,
p21 p22 p21 p22
194 4. TRANSFORMADAS DE LAPLACE
î ó> î ó>
ou seja, p11 p21 , p12 p22 são, respectivamente, vectores próprios linearmente
independentes associados aos valores próprios 1, 2.
2 3
1 2
Exemplo 4.45. Determine a exponencial da matriz A = 4 5.
2 1
Assim,
2 3 2 3
1 0 1 1
A =P4 5P 1
com P=4 5
0 3 1 1
y (t) = eA t z 0
t2 t3 tk
= i + A t + A2 + A3 + · · · + A k + · · · z 0 .
2 3! k!
Derivando em ordem a t, obtemos
t2 tk 1
y 0 (t) = A + A 2 t + A 3 + · · · + Ak + · · · z0
2! (k 1)!
t2 tk 1
= A i + A t + A2 + · · · + Ak 1
+ · · · z0
2! (k 1)!
= A eA t z 0 = A y (t).
Chegados aqui, pode pensar-se que não ganhámos grande coisa com a interpretação
da solução de um sistema de equações diferenciais em termos da exponencial de uma
matriz, pois o seu cálculo não parece uma tarefa fácil.
Observe que
e(AA+BB)t = I + (A A + B )2 t 2 /2 + · · ·
A + B )t + (A
t2
= i + (A A 2 + A B + BA + B 2 )
A + B )t + (A + ···
2
vemos que as duas fórmulas coincidem se, e somente se, AB = BA .
A 2 + 2A
AB + B 2 não coincide com A 2 + A B + BA + B 2 .
e(AA A )t
= eO = i e também e(AA A )t
= eA t ⇥ e At
i.e. eA t ⇥ e At
= i , ou ainda, e At
é matriz inversa de eA t .
ˆ
At
Regressando à fórmula de Lagrange, e tendo em atenção que U (t) = e b (t) d t,
concluímos que a solução do problema de Cauchy é dada por
ˆ
At
Y (t) = e e A t b (t) d t com Y (t 0 ) = z 0 ,
ou seja,
Ä ˆ t ä
At As A t0
Y (t) = e c + e b (s) d s onde c=e c.q.d.
t0
2 3
0 1
Exemplo 4.46. Seja A = 4 5 e calculemos eA t .
1 0
Agora como
2 3>
1 1 s 1 1
sii A = 4 5 ,
(s 1)2 + 1 1 s 1
obtemos
2 3
t t
e cos(t) e sin(t)
eA t = 4 t
5.
e sin(t) e t cos(t)
1 1 9 1
Logo + c1 = 4 e + c2 = 1, i.e. c1 = e c2 = e, portanto, a solução do problema
2 2 2 2
de Cauchy vem dada por
2 32 3
t t e t 9
e cos(t) e sin(t) sin(t) cos(t) +
Y (t) = eA t U (t) = 4 5 4 2t
e
25
1
e t sin(t) e t cos(t) 2 sin(t) + cos(t) + 2
2 3
et 1
9 cos(t) sin(t)
= 4 2t 25
.
e 1
2 cos(t) + 9 sin(t) + 2
Exercícios de avaliação
logo,
8
> s 11 2 3
<L {x} = = + ,
(s 3)(s 2) s 3 s+1
> s + 13 4 3
:L { y} = = + .
(s 3)(s 2) s 3 s+1