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Este Guia do Educador propõe uma visão sobre o vírus da AIDS, que foi
responsável por uma epidemia na década de 80 e apresenta casos até hoje, e a luta
para desassociar a AIDS da comunidade LGBTQIA+ como grupo de risco e como foi
preciso um estudo epidemiológico para provar que o vírus não estava vinculado a
orientação sexual e que todos estavam expostos ao risco de contágio.
Este material pretende criar um debate sobre as características do vírus da
AIDS, sua forma de transmissão, prevenção e os tabus acerca do assunto.
Baseado na história do livro de não-ficção mais vendido de 1987: And the
Band Played On: Politics, People, and the AIDS Epidemic de Randy Shilts (E a Vida
Continua) mostra a descoberta da epidemia de AIDS na década de 80, nos Estados
Unidos e a luta inicial contra ela. Intrigado com o aumento na taxa de mortalidade
entre gays em áreas urbanas, o Dr. Don Francis (Matthew Modine) começa a
investigar o surto, que acaba sendo identificado como AIDS. A princípio, o doutor
encontra a oposição de políticos e médicos. Entretanto, várias pessoas se juntam a
ele em sua causa após o aumento da taxa de mortes no país.
“Quantos tem de morrer para justificar o investimento? Cem pessoas? Mil? Dê-nos
um número para só incomodá-los quando o dinheiro gasto em processos tornar
mais rentável salvar vidas que matá-las”
Dr. Don Francis.
Na foto acima vemos Dr. Don Francis à direita e seus colegas do CDC, incluindo a Dra. Mary Guinan
e o Dr. James Curran
REVISÃO DE LITERATURA – SOBRE O VÍRUS
Contextualização do HIV
Linha do tempo
1987 – O governo britânico lançou uma campanha publicitária com a frase "Não
morra de Ignorância" e entregou em cada residência um folheto sobre a AIDS. A
princesa Diana abriu o primeiro Hospital especializado em tratamento da AIDS na
Inglaterra. O fato dela não ter usado luvas quando apertou as mãos de pessoas com
AIDS foi amplamente divulgado pela imprensa e ajudou a mudar atitudes
preconceituosas. O presidente Kaunda, da Zâmbia, anunciou que seu filho morrera
de AIDS. O presidente americano Ronald Reagan fez seu primeiro discurso sobre
AIDS quando 36 mil americanos já possuíam diagnóstico e 20.000 já haviam
morrido. Ao redor do mundo, no mês de novembro, 62.811 casos já tinham sido
oficialmente reportados pela OMS, de 127 países. Desde este ano, o Governo
Americano repassa recursos para o desenvolvimento de programas globais de
prevenção ao HIV/AIDS.
1990 – Morre Ryan White, aos 19 anos. O programa de troca de agulhas e seringas
da cidade de Nova York é fechado por questões políticas. Em dezembro, mais de
307 mil casos de AIDS haviam sido oficialmente reportados pela OMS, porém havia
estimativas de números próximos a 1 milhão. No Brasil, morre o cantor de rock
Cazuza. No mesmo ano, seus pais fundam a Sociedade Viva Cazuza. O tema do
Dia Mundial da AIDS é "Aids e mulheres".
1992 – A estrela do tênis Arthur Ashe anunciou que estava infectado pelo HIV em
função de uma transfusão de sangue em 1983. O FDA aprova o uso do DDC em
combinação com o AZT para pacientes adultos com infecção avançada. Esta foi a
primeira combinação terapêutica de drogas para o tratamento da AIDS a apresentar
sucesso. O tema do Dia Mundial da AIDS é "Vamos juntos contra a AIDS de mãos
dadas com a vida".
1998 - No dia Mundial da AIDS, a temática é a mesma do ano anterior: "Num mundo
com AIDS, as crianças e os jovens são responsabilidades de todos nós". Na
América Latina e Caribe, estima-se que aproximadamente 65.000 indivíduos entre
15 e 24 anos de idade adquiriram o HIV (UNAIDS, 1999).
1999 – O Dia Mundial da AIDS, celebrado em primeiro de dezembro, leva por tema
"Você pode fazer um mundo melhor. Escute, aprenda e viva com a realidade da
AIDS. Até este ano, 155.590 casos de AIDS foram registrados no Brasil, dos quais
43,23% na faixa etária entre 25 e 34 anos".
2006 – É promulgado que todo terceiro sábado de outubro será o Dia Nacional de
Combate à Sífilis. Em Toronto, Canadá, ocorre a 16ª Conferência Mundial sobre
Aids, que recebe mais de 20 mil pessoas. A campanha do Dia Mundial de Luta
contra a Aids foi protagonizado por pessoas vivendo com Aids. À noite, em uma
ação inédita, a inscrição da RNP+ “Eu me escondia para morrer, hoje me mostro
para viver” foi projetada em raio laser nas duas torres do Congresso Nacional, que
ficou às escuras, como forma de lembrar os mortos pela doença. No país, o preço
do antirretroviral Tenofovir foi reduzido em 50%. Registros de Aids no Brasil
ultrapassam 433.000.
2011 – As Casas de Apoio de atendimento a adultos com HIV/Aids passam a contar
com incentivo financeiro do governo federal destinado ao custeio das ações
desenvolvidas com crianças e adolescentes. Representantes do Programa Nacional
de DST e Aids da Bolívia conhecem estratégia de comunicação e prevenção do
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais brasileiro. Com a finalidade de
avaliar avanços e obstáculos na resposta à epidemia de Aids, ocorre em Nova
Iorque, nos Estados Unidos, a Reunião de Alto Nível sobre Aids. O governo
brasileiro doa US$ 2 de cada passagem internacional para medicamentos de Aids.
A Campanha Mundial Cabeleireiros contra Aids celebra 10 anos com ação solidária.
A Frente Parlamentar Nacional em HIV/Aids e outras DST é relançada
no Congresso Nacional com a participação de 192 deputados e senadores. O Brasil
anuncia a produção nacional de dois novos medicamentos para Aids - atazanavir e
raltegravir - por meio de Parcerias Público-Privadas e versão genérica do tenofovir,
indicado para o tratamento de Aids e hepatites. Brasil e França celebram dez anos
em cooperação científica nas áreas de DST, Aids e hepatites virais. O Ministério da
Saúde distribui medicamento atazanavir em todo o Brasil.
2014 – Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids, com intuito de dar maior
visibilidade às questões do viver com HIV/aids e à importância do teste e do
tratamento como prevenção. Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids -
CNBB e Pastoral da Aids, com slogan "Cuide bem de você e de todos os que você
ama". Campanha Proteja o Gol Unaids, com o objetivo da campanha é usar a
popularidade e o poder de união do esporte para promover a prevenção do HIV,
principalmente entre os jovens, em nível mundial. Ministério da Saúde lança
campanha de vacinação contra o HPV.
2015 – Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids, com slogan "Com o
tratamento, você é mais forte que a Aids". Para dar continuidade à estratégia de
comunicação no combate ao HIV, o vírus da aids, o Ministério da Saúde ingressa
em uma nova fase: as grandes festas brasileiras. Uma estratégia para dar maior
força à campanha #PartiuTeste com uma nova roupagem, mas com a mesma
linguagem e conteúdo, mantendo a coesão. As festas escolhidas foram uma
combinação de tradição, popularidade e apelo jovem, principal público-alvo. Esses
desdobramentos foram veiculados nos principais meios como TV, rádio, mobiliário
urbano e internet. 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV, foram registradas 2,1
novas infecções e 1,1 milhão de mortes.
2019 – 37,9 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV, sendo que 23,3 milhões
têm acesso à terapia antirretroviral. São estimados 1,7 milhão de novas infecções e
770 mil mortes de doenças relacionadas à Aids. Desde de o início da epidemia,
foram registrados 74,9 milhões de pessoas infectadas, com 32 milhões de mortes.
O HIV, vírus que causa a aids, ataca o sistema imunológico, encarregado por
defender o organismo humano de doenças.
No processo, o HIV aloja seus genes no DNA da célula CD4 atingida e passa a
utilizá-la para se multiplicar e, com isso, contaminar novas células.
À medida que o HIV destrói os linfócitos T-CD4+, o indivíduo se torna cada vez mais
vulnerável às doenças oportunistas.
Por isso, é de extrema importância que as pessoas que vivem com HIV façam o
uso da terapia antirretroviral (TARV). Os medicamentos para o tratamento do HIV
diminuem a quantidade de vírus no sangue e mantêm os indivíduos menos sujeitos
a terem essas infecções oportunistas.
Mas porque é tão difícil eliminar o HIV do organismo? A resposta está no fato de
esses vírus alojarem seu DNA nas células atacadas; assim, as novas células
produzidas pelos linfócitos alvo passam a também portar o vírus. Desta forma o
vírus está sempre criando uma “reserva” de seu DNA no corpo do hospedeiro. Além
disso, a replicação do DNA viral ocorre com grande margem de erro e isso somado
a sua alta taxa de reprodução gera muitas mutações. Como se não bastasse, o HIV
é protegido por uma camada feita do mesmo material que algumas células
humanas, o que dificulta sua identificação pelo sistema imunológico.
Importante: Antigamente, quem se contaminava com o vírus do HIV tinha uma baixa
perspectiva de vida. Mas, felizmente isso mudou! Paciente HIV positivo agora
podem viver com o vírus no corpo por muito tempo. Isso acontece porque diversos
medicamentos foram desenvolvidos; tratamentos com antirretrovirais, por exemplo,
ajudam o paciente a conviver com o vírus e manter a vida que sempre sonhou.
Claro, desde que seja acompanhado por um médico, e siga rigorosamente o
tratamento indicado. Mas, o melhor mesmo é se prevenir. Atitudes como usar
camisinha durante o sexo, não compartilhar seringas e esterilizar todos os materiais
antes do uso, fazem muita diferença. E fazer o teste, conforme indicação do seu
médico, também pode ajudar a reduzir a transmissão do vírus para outras pessoas.
Todos os candidatos à PrEP devem fazer uma sorologia para HIV antes do início do
tratamento e a cada 3 meses para confirmar a não contaminação . Se alguma das
sorologias vier positiva, a PrEP deve ser suspensa e o paciente referenciado para
iniciar o tratamento para o HIV. A profilaxia pré-exposição, se tomada de forma
correta, reduz o risco de transmissão do HIV em 90%, uma taxa maior que a do
preservativo. Entre as pessoas que usam drogas injetáveis, a PrEP é um pouco
menos eficaz, reduzindo o risco em pouco mais de 70%. Mesmo fazendo uso da
PrEP, os pacientes são aconselhados a usar a camisinha como forma de
potencializar a prevenção. Se o objetivo for engravidar, a camisinha pode ser
abandonada após 20 dias do início da profilaxia, que é o tempo mínimo necessário
para que o tratamento faça efeito nas mulheres.
Pacientes com insuficiência renal crônica ou portadores de hepatite B crônica não
são candidatos à PrEP, devido ao risco de agravamento das suas doenças.
Profilaxia pós-exposição – PEP
A profilaxia pós-exposição (PEP) é uma forma de prevenção do HIV semelhante à
PrEP, com a diferença de ser iniciada após o paciente ter sido potencialmente
exposto ao vírus, como nos casos de estupro, rompimento da camisinha durante
relação com alguém sabidamente soropositivo, usuários de drogas que
compartilharam agulhas ou profissionais de saúde que se acidentaram com agulhas
ou material biológico potencialmente contaminado. A PEP também é feita com a
administração de medicamentos antirretrovirais, que devem ser iniciados o mais
rápido possível, de preferência nas duas primeiras horas após a exposição ao vírus
e no máximo em até 72 horas. O início precoce da profilaxia elimina o vírus HIV
antes que ele consiga se multiplicar no organismo do paciente, impedindo a sua
contaminação de forma permanente. A profilaxia pós-exposição dura 28 dias e o
paciente deve ser acompanhado pela equipe de saúde por mais 90 dias.
Atualmente, há mais de um esquema de PEP disponível. As opções mais indicadas
costumam ser:
● Tenofovir/Lamivudina + Atazanavir/Ritonavir, 1 comprimido de cada, 1 vez
por dia.
● Tenofovir/Emtricitabina + Raltegravir, 1 comprimido de cada, 1 vez por dia.
● Tenofovir/Emtricitabina + Dolutegravir, 1 comprimido de cada, 1 vez por dia.
● Tenofovir/Emtricitabina + Darunavir/Ritonavir, 1 comprimido de cada, 1 vez
por dia.
Imediatamente após o início da PEP, o paciente precisa ser testado para HIV para
termos certeza de que o mesmo já não era previamente soropositivo. Se o resultado
vier positivo, a profilaxia é interrompida e o paciente deve ser encaminhado para
iniciar o tratamento do HIV. Se o resultado inicial vier negativo, o paciente deve
repetir o teste após 1 e 3 meses.
PÚBLICO ALVO
Este guia foi criado e disponibilizado com a intenção de evidenciarmos dados sobre
o vírus do HIV para estudantes, assim como contribuir para a qualificação do
ensino de dados epidemiológicos de forma ampla e dinâmica.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
1.1 Discussão sobre o vírus HIV:
- Por qual motivo os pacientes vinham a óbito por doenças secundárias? Qual a
relação do vírus com as demais doenças?
- Inicialmente, todo o contágio, conforme os dados, parte de um grupo de homens
homossexuais, mas conforme a epidemia se alastra, observou-se outros grupos se
contagiando também, dentre eles, 11 casos em bebês. Portanto, descreva sobre
como o levantamento destes dados ajudaram a retirar o estigma associado ao grupo
LGBTQIA+ quanto ao vírus HIV?
Apesar de ser um filme antigo, conseguimos obter dados reais e realizar uma breve
comparação sobre a atualidade, tais como seriam na vida real de um paciente
diagnosticado. Perguntas e respostas serão elaboradas a fim de relembrarmos
pontos importantes e necessários.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de se utilizar um recurso audiovisual promove um maior interesse
acerca do projeto, visto que filmes além de conhecimento também é entretenimento.
Por ser um material que pode proporcionar lazer, aumenta a eficiência na absorção
do conteúdo, já que ele relaciona a ficção com a vida real. O guia também extravasa
a percepção da doença para uma percepção sociocultural a fim de demonstrar seus
impactos além dos sintomas físicos. Ainda que o filme seja considerado antigo,
podemos ver claramente semelhanças com a atualidade, como a pandemia da
covid-9, por exemplo. Espera-se que o Guia do Educador traga uma direção aos
profissionais de saúde e que possa ser aplicado de maneira que expanda estes
conhecimentos aos leigos com facilidade.
RESUMO
Este guia é um material didático elaborado com o intuito de apresentar aos
profissionais de saúde o trajeto do vírus da AIDS desde seu descobrimento até sua
repercussão no meio social. O material utiliza o filme “E a vida continua” (1993),
dirigido por Roger Spottiswoode, como recurso didático no ensino sobre o HIV. Ele
também aborda temas como preconceito e saúde pública como ferramentas para
fomentar debates e reflexões, com o objetivo de contribuir para a formação humana
e científica. As atividades pedagógicas presentes neste guia propõem um estudo
guiado sobre a desmistificação da doença ao longo do tempo, principalmente em
relação ao grupo LGBTQIA+.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://giv.org.br/HIV-e-AIDS/O-Que-%C3%A9-a-AIDS/index.html
https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3837/-1/linha-do-tempo-da-
aids-do-primeiro-caso-aos-dias-atuais.html
http://antigo.aids.gov.br/pt-br/centrais-de-conteudos/historia-aids-linha-do-
tempo