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INTRODUÇÃO

Este Guia do Educador propõe uma visão sobre o vírus da AIDS, que foi
responsável por uma epidemia na década de 80 e apresenta casos até hoje, e a luta
para desassociar a AIDS da comunidade LGBTQIA+ como grupo de risco e como foi
preciso um estudo epidemiológico para provar que o vírus não estava vinculado a
orientação sexual e que todos estavam expostos ao risco de contágio.
Este material pretende criar um debate sobre as características do vírus da
AIDS, sua forma de transmissão, prevenção e os tabus acerca do assunto.
Baseado na história do livro de não-ficção mais vendido de 1987: And the
Band Played On: Politics, People, and the AIDS Epidemic de Randy Shilts (E a Vida
Continua) mostra a descoberta da epidemia de AIDS na década de 80, nos Estados
Unidos e a luta inicial contra ela. Intrigado com o aumento na taxa de mortalidade
entre gays em áreas urbanas, o Dr. Don Francis (Matthew Modine) começa a
investigar o surto, que acaba sendo identificado como AIDS. A princípio, o doutor
encontra a oposição de políticos e médicos. Entretanto, várias pessoas se juntam a
ele em sua causa após o aumento da taxa de mortes no país.
“Quantos tem de morrer para justificar o investimento? Cem pessoas? Mil? Dê-nos
um número para só incomodá-los quando o dinheiro gasto em processos tornar
mais rentável salvar vidas que matá-las”
Dr. Don Francis.

Na foto acima vemos Dr. Don Francis à direita e seus colegas do CDC, incluindo a Dra. Mary Guinan
e o Dr. James Curran
REVISÃO DE LITERATURA – SOBRE O VÍRUS

A AIDS, sigla em inglês para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


(Acquired Immunodeficiency Syndrome), é uma doença do sistema imunológico
humano resultante da infecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana -
da sigla em inglês).

Contextualização do HIV

Linha do tempo

Entre as décadas de 1960 e 1980, começaram a surgir casos de doenças que os


médicos não conseguiam explicar. Os pacientes apresentavam uma combinação de
doenças que incluíam, geralmente, sarcoma de Kaposi (um tipo de câncer), fadiga,
perda de peso, baixa imunidade e pneumonia. A infecção por HIV só foi identificada
em 1981, mas os pesquisadores acreditam que a primeira transmissão dos
macacos para os seres humanos possa ter ocorrido na década de 1930. A primeira
morte comprovada pela Aids foi de um homem no Congo, em 1957, mas a
comprovação só veio décadas depois, com a realização de exames em sangue
preservado.

1977 – Morre, em 12 de dezembro, aos 47 anos, a médica e pesquisadora


dinamarquesa Margrethe P. Rask. Ela havia estado na África, estudando o Ebola, e
começara a apresentar diversos sintomas estranhos para a sua idade. A autópsia
revelou que seus pulmões estavam cheios de microorganismos que ocasionaram
um tipo de pneumonia.

1981 – Descreve-se pela primeira vez a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida,


contudo, sem nomeá-la cientificamente.

1982 - Pesquisadores do CDC estavam colhendo dados a respeito de nomes de


pessoas homossexuais que houvessem mantido relações sexuais entre si, a fim de
mapearem aquela doença, até então não compreendida em relação à sua forma de
transmissão. Grande parte das pessoas entrevistadas relata haver conhecido um
mesmo homem, um comissário de bordo de origem franco-canadense, Gaetan
Dugas (paciente zero). No Brasil, os primeiros sete casos confirmados ocorreram
em São Paulo, todos pacientes de prática homo/bissexual, tendo sido o Hospital
Emílio Ribas a atendê-los. Os pesquisadores ainda não haviam chegado a um
consenso sobre o nome para esta doença, que era tratada pela imprensa como
‘Peste Gay’ ou GRID - Gay-Related Immune Deficiency. Ainda neste ano, casos de
AIDS foram relatados em 14 países ao redor do mundo.

Adota-se temporariamente o nome Doença dos 5H, representando os


homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos (usuários de heroína injetável)
e hookers (denominação em inglês para as profissionais do sexo). É reconhecido o
fator de possível transmissão por contato sexual, uso de drogas ou exposição a
sangue e derivados. Registra-se o primeiro caso decorrente de transfusão
sanguínea.

1983 –Ocorre a primeira Conferência sobre AIDS, em Denver, EUA. A doença é


relatada em 33 países. Estavam confirmados 3.000 casos da doença nos EUA, com
um total de 1.283 óbitos. Pesquisadores isolam o vírus da aids pela primeira vez.

É notificado o primeiro caso de aids em criança. Descreve-se o primeiro caso de


possível transmissão heterossexual. Homossexuais usuários de drogas são
considerados os difusores do fator para os heterossexuais usuários de drogas.
Relatam-se casos em profissionais de saúde. Surgem as primeiras críticas ao termo
grupos de risco (grupos mais vulneráveis à infecção). Gays e haitianos são
considerados as principais vítimas da doença. Identifica-se possível semelhança
com o vírus da hepatite B. No Brasil, é registrado o primeiro caso de aids no sexo
feminino.

1984 – Descobre-se o retrovírus considerado agente etiológico da AIDS. Ocorre a


morte de Gaetan Dugas, considerado o "paciente zero", a pessoa que trouxe o vírus
para a América. Fecham-se as saunas gays na cidade de São Francisco, EUA. No
final deste ano, 7.000 americanos tinham a doença.

1985 – Chega ao mercado um teste sorológico de metodologia imunoenzimática,


para diagnóstico da infecção pelo HIV que podia ser utilizado para triagem em
bancos de sangue. Após um período de conflitos de interesses político-econômicos,
esse teste passou a ser usado mundo afora e diminuiu consideravelmente o risco de
transmissão transfusional do HIV. O ator Rock Hudson morre, sendo a primeira
figura pública conhecida a ter falecido em função de AIDS. Ryan White, um menino
de 13 anos e hemofílico, é expulso da escola. Ocorre a primeira Conferência
Internacional de AIDS em Atlanta. Ao final do ano, a AIDS havia sido relatada em 51
países. É relatada no Brasil a primeira ocorrência de transmissão perinatal, em São
Paulo.

É instituído o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA), primeira ONG do Brasil e


da América Latina na luta contra a aids. Descobre-se que a aids é a fase final da
doença, causada por um retrovírus, agora denominado HIV (Human
Immunodeficiency Virus, em inglês), ou vírus da imunodeficiência humana. É criado
um programa federal de controle da aids (ver Portaria n° 236/85).

1986 – O órgão norte-americano de controle sobre produtos farmacêuticos FDA


(Food and Drug Administration) aprovou o uso do AZT. Este revelou um impacto
discreto sobre a mortalidade geral de pacientes infectados pelo HIV. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) lançou uma estratégia global de combate à AIDS. Em
relação aos usuários de droga injetável, a estratégia recomendava aos usuários que
esterilizassem seringas e agulhas. No Brasil, Herbert de Souza, o Betinho,
conhecido sociólogo e ativista político brasileiro, hemofílico, confirma sua condição
de portador do vírus HIV. No mesmo ano ele funda a ABIA – Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS, entidade que vira referência na luta por maior controle dos
bancos de sangue e contra a discriminação.

É criado o Programa Nacional de DST e Aids, pelo ministro da Saúde Roberto


Santos.

1987 – O governo britânico lançou uma campanha publicitária com a frase "Não
morra de Ignorância" e entregou em cada residência um folheto sobre a AIDS. A
princesa Diana abriu o primeiro Hospital especializado em tratamento da AIDS na
Inglaterra. O fato dela não ter usado luvas quando apertou as mãos de pessoas com
AIDS foi amplamente divulgado pela imprensa e ajudou a mudar atitudes
preconceituosas. O presidente Kaunda, da Zâmbia, anunciou que seu filho morrera
de AIDS. O presidente americano Ronald Reagan fez seu primeiro discurso sobre
AIDS quando 36 mil americanos já possuíam diagnóstico e 20.000 já haviam
morrido. Ao redor do mundo, no mês de novembro, 62.811 casos já tinham sido
oficialmente reportados pela OMS, de 127 países. Desde este ano, o Governo
Americano repassa recursos para o desenvolvimento de programas globais de
prevenção ao HIV/AIDS.

O primeiro Centro de Orientação Sorológica (Coas) é criado em Porto Alegre (RS).


Tem início a utilização do AZT (idovudina), medicamento para pacientes com câncer
e o primeiro que reduz a multiplicação do HIV. Os ministérios da Saúde e do
Trabalho incluem as DST/aids na Semana Interna de Prevenção de Acidentes no
Trabalho e Saúde. Os casos notificados no Brasil chegam a 2.775.

1988 – A Inglaterra, em função do alto índice de contaminação de usuários de


drogas, começou a discutir estratégias específicas focadas em programas de
prevenção que foram mandados para 148 países. O programa enfatizava a
educação, a troca de informações e experiências e a necessidade de proteção dos
direitos e da dignidade humana. Morrem os dois irmãos de Betinho, também
hemofílicos, de AIDS: Henfil, proeminente escritor, aos 43 anos e Chico Mário.
Betinho afasta-se da ABIA, desesperançado. No mesmo ano, a OMS instituiu o Dia
Mundial da AIDS, 1º de dezembro, sendo esta primeira edição com o tema: "Junte-
se ao esforço mundial".

É criado o Sistema Único de Saúde. O Ministério da Saúde inicia o fornecimento de


medicamentos para tratamento das infecções oportunistas. É diagnosticado o
primeiro caso de aids na população indígena. Os casos notificados no Brasil somam
4.535.

1989 – Um grande número de novas drogas tornou-se disponível no mercado para


tratamento das infecções oportunistas. O preço do AZT caiu 20%. Um novo
antirretroviral, DDI, foi autorizado pelo FDA para pacientes com intolerância ao AZT.
O tema do Dia Mundial da AIDS, 1º de Dezembro, é "Cuidemos uns dos outros".

Durante o Congresso de Caracas, na Venezuela, profissionais da saúde definem


novo critério para a classificação de casos de aids. O Brasil registra 6.295 casos de
aids.

1990 – Morre Ryan White, aos 19 anos. O programa de troca de agulhas e seringas
da cidade de Nova York é fechado por questões políticas. Em dezembro, mais de
307 mil casos de AIDS haviam sido oficialmente reportados pela OMS, porém havia
estimativas de números próximos a 1 milhão. No Brasil, morre o cantor de rock
Cazuza. No mesmo ano, seus pais fundam a Sociedade Viva Cazuza. O tema do
Dia Mundial da AIDS é "Aids e mulheres".

1991 – O jogador de basquete americano, "Magic" Johnson anunciou que era


portador do HIV. Morre Freddie Mercury, cantor do grupo de rock Queen. O terceiro
antirretroviral DDC foi autorizado pelo FDA para pacientes intolerantes ao AZT.
Contudo, nesta época, ficou claro que o AZT e as outras drogas estavam limitadas
ao tratamento da AIDS, pois o HIV desenvolvia resistência aos medicamentos que
diminuíam sua eficácia. Ao final de 1991, chega a 200 mil o número de casos nos
EUA com 133 mil mortes. O tema do Dia Mundial da AIDS é "Compartilhando um
desafio". No Brasil, inicia-se o processo para a aquisição e distribuição gratuita de
antirretrovirais (medicamentos que dificultam a multiplicação do HIV). É lançado o
medicamento Videx (didanosina), um inibidor de transcriptase reversa. São
identificados 11.805 casos de Aids no Brasil e 10 milhões de infectados por HIV no
mundo.

1992 – A estrela do tênis Arthur Ashe anunciou que estava infectado pelo HIV em
função de uma transfusão de sangue em 1983. O FDA aprova o uso do DDC em
combinação com o AZT para pacientes adultos com infecção avançada. Esta foi a
primeira combinação terapêutica de drogas para o tratamento da AIDS a apresentar
sucesso. O tema do Dia Mundial da AIDS é "Vamos juntos contra a AIDS de mãos
dadas com a vida".

1993 – Mais de 3,7 milhões de novas infecções ocorreram mundialmente. Mais de


10 mil por dia. Durante este ano, mais de 350 mil crianças nasceram infectadas. Em
fevereiro, menos de um ano após ter anunciado a sua infecção, morre Arthur Ashe.
"Previna-se da vida, não das pessoas" é o tema do Dia Mundial da AIDS.

1994 – Passou a ser estudado um novo grupo de drogas para o tratamento da


infecção, os inibidores da protease. Estas drogas demonstraram potente efeito
antiviral isoladamente ou em associação com drogas do grupo do AZT (daí a
denominação "coquetel"). Houve diminuição da mortalidade imediata, melhora dos
indicadores da imunidade e recuperação de infecções oportunistas. Ocorreu um
estado de euforia, chegando-se a falar na cura da AIDS. Entretanto, logo se
percebeu que o tratamento combinado (coquetel) não eliminava o vírus do
organismo dos pacientes. Some-se a isso também aos custos elevados do
tratamento, o grande número de comprimidos tomados por dia e os efeitos
colaterais dessas drogas. Por outro lado, um estudo comprovou que o uso do AZT
reduzia em 2/3 o risco de transmissão de HIV de mães infectadas para os seus
bebês. A despeito desses inconvenientes, o coquetel reduziu de forma significativa
a mortalidade de pacientes com AIDS. O ator Tom Hanks ganha um Oscar por sua
atuação no filme Philadelphia, onde interpreta um gay com AIDS. A AIDS se torna a
principal causa de morte entre americanos com idade entre 25 e 44 anos. Desde o
início da infecção, 400 mil pessoas nos Estados Unidos haviam desenvolvido a
AIDS com 250 mil mortes. É criado o UNAIDS, integrado por cinco agências de
cooperação de membros da ONU com o objetivo de defender e garantir uma ação
global para a prevenção do HIV/aids. (Unicef; Unesco; UNFPA; OMS; e UNDP),
além do Banco Mundial. Betinho é indicado pelo presidente brasileiro, Fernando
Henrique Cardoso, para o Prêmio Nobel da Paz, por sua atividade no combate à
fome. Estava pesando 45 kg. O tema do Dia Mundial da AIDS é "AIDS e família".

1995 – O FDA aprovou o uso do Saquinavir, a primeira droga de um novo grupo,


antirretroviral, de inibidores de Protease. "Compartilhemos direitos e
responsabilidades", é o tema do Dia Mundial da AIDS. Mais de 80 mil casos de aids
já tinham sido registrados no Brasil pela Coordenação Nacional de DST e Aids da
Secretaria de Projetos Especiais de Saúde do Ministério da Saúde. Nasce o Plano
de Cooperação Técnica Horizontal entre países da América Latina e Caribe.

1996 – Magic Johnson retorna ao basquete profissional. Durante este ano, um


crescente número de drogas foi aprovado pelo FDA nos EUA, para administração
em combinação com outras drogas. Acontece a Conferência Internacional em
Vancouver, onde se anunciou a combinação de três drogas com efeitos mais
efetivos que a terapia dual. Surgiu a dúvida a respeito de quanto tempo estes efeitos
poderiam ser mantidos, considerando-se as dificuldades e peculiaridades do
tratamento. No final deste ano, a UNAIDS reportou que o número de novos
infectados havia declinado em vários países em que práticas de sexo seguro
haviam sido disseminadas (Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, e países do
norte da Europa). O tema do Dia Mundial da AIDS neste ano é "Unidos na
esperança". Acontece em dezembro, no Brasil, o 1º Congresso Brasileiro de
Prevenção das DST e AIDS, em Salvador, BA.

1997 – A UNAIDS reportou que os números mundiais de AIDS estavam piores do


que o esperado: sugerindo que havia 30 milhões de pessoas vivendo com HIV/AIDS
e 16 mil novas infecções por dia. Em 09 de agosto, morre o Betinho, 11 anos depois
de confirmar sua condição de portador, com 61 anos, vítima de Hepatite C, em
casa, ao lado da mulher e dos filhos. O Brasil comove-se. A USAID/Brasil propõe
estratégia de cinco anos para a prevenção do HIV/AIDS.

1998 - No dia Mundial da AIDS, a temática é a mesma do ano anterior: "Num mundo
com AIDS, as crianças e os jovens são responsabilidades de todos nós". Na
América Latina e Caribe, estima-se que aproximadamente 65.000 indivíduos entre
15 e 24 anos de idade adquiriram o HIV (UNAIDS, 1999).

1999 – O Dia Mundial da AIDS, celebrado em primeiro de dezembro, leva por tema
"Você pode fazer um mundo melhor. Escute, aprenda e viva com a realidade da
AIDS. Até este ano, 155.590 casos de AIDS foram registrados no Brasil, dos quais
43,23% na faixa etária entre 25 e 34 anos".

2000 – Acontece, de 06 a 11 de novembro, no Rio de Janeiro o Fórum 2000 – 1º


Fórum e 2ª Conferência de Cooperação Técnica Horizontal da América Latina e do
Caribe em HIV/AIDS e DST. Em Durban, na África do Sul, ocorre a 13ª Conferência
Internacional sobre Aids, que denuncia a mortandade no continente africano, onde
17 milhões de pessoas morreram decorrente das doenças, dentre as quais, 3,7
milhões de crianças.  Durante a Conferência ainda é revelado que 8,8% dos adultos
africanos estão infectados pelos HIV. O então presidente da África do Sul, Thabo
Mbeki, chocou o mundo ao sugerir que o HIV não causa a Aids.  Cinco grandes
companhias farmacêuticas concordam em diminuir o preço dos medicamentos
utilizados no tratamento da Aids nos países em desenvolvimento, o que ocorreu
devido a um acordo promovido pelas Nações Unidas.  No Brasil, os casos da
doença começam a aumentar entre as mulheres, alcançando o índice de uma
mulher para cada dois homens infectados.
2001 – No Brasil, é implantado a Rede Nacional de Laboratórios para Genotipagem.
Organizações médicas e ativistas denunciam o alto preço dos medicamentos nos
países em desenvolvimento. Algumas patentes começam a ser quebradas pelo
governo brasileiro, o que leva à negociação com a indústria farmacêutica
internacional e redução dos preços dos medicamentos vendidos no país. O HIV
Vaccine Trials Network (HVTN) planeja a realização de testes com vacinas em
vários países, incluindo o Brasil. De 1980 a 2011, o total de casos no Brasil chega a
220.000.

2002 – Visando captar e distribuir recursos, utilizados por países em


desenvolvimento para controlar as três doenças infecciosas que mais matam no
mundo, é criado o Fundo Global para o Combate a Aids, Tuberculose e Malária. Um
relatório realizado pelo Unaids, afirma que a doença mais matar 70 milhões de
pessoas nas duas décadas seguintes, atingindo com mais intensidade a África. Em
Barcelona, ocorre a 14ª Conferência Internacional sobre Aids. O número de casos
de Aids notificados no Brasil, desde 1980, é de 258.000.

2003 – Ocorre, em Havana, Cuba, o II Fórum em HIV/Aids e DST da América


Latina. O Programa Nacional de DST/Aids recebe US$ 1 milhão da Fundação Bill &
Melinda Gates como reconhecimento às ações de prevenção e assistência no país.
Os recursos foram repassados para ONGs que trabalham com portadores de
HIV/Aids. O Programa é considerado por diversas agências de cooperação
internacional como referência mundial. Os registros de Aids no Brasil são 310.310.

2004 – Duas importantes lideranças transexuais, a advogada e militante Janaína


Dutra e a ativista Marcela Prado, que colaboraram com o Programa Nacional de
DST e Aids, morrem. Foi lançado o algoritmo brasileiro para testes de genotipagem.
Em Recife, ocorre três congressos simultâneos: o V Congresso Brasileiro de
Prevenção em DST/Aids, o V Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças
Sexualmente Transmissíveis e Aids e o I Congresso Brasileiro de Aids. O número
de casos da doença chega a 362.364.

2005 – Makgatho Mandela, filho de Nelson Mandela, morre em consequência da


aids, aos 54 anos. O tema do Dia Mundial de Luta Contra a Aids no Brasil aborda o
racismo como fator de vulnerabilidade para a população negra. Os casos no Brasil
chegam a 371.827.

2006 – É promulgado que todo terceiro sábado de outubro será o Dia Nacional de
Combate à Sífilis. Em Toronto, Canadá, ocorre a 16ª Conferência Mundial sobre
Aids, que recebe mais de 20 mil pessoas.  A campanha do Dia Mundial de Luta
contra a Aids foi protagonizado por pessoas vivendo com Aids. À noite, em uma
ação inédita, a inscrição da RNP+ “Eu me escondia para morrer, hoje me mostro
para viver” foi projetada em raio laser nas duas torres do Congresso Nacional, que
ficou às escuras, como forma de lembrar os mortos pela doença. No país, o preço
do antirretroviral Tenofovir foi reduzido em 50%. Registros de Aids no Brasil
ultrapassam 433.000.

2007 – O Programa Nacional de DST/AIDS institui o Banco de Dados de violações


dos direitos das pessoas portadoras do HIV. No mês de janeiro, a Tailândia decide
produzir uma cópia do antirretroviral Kaletra, e em maio o Brasil decreta o
licenciamento compulsório do Efavirenz. Acordo reduz o preço do antirretroviral
Lopinavir/Ritonavir. A UNITAID reduz preços de medicamentos antirretrovirais em
até 50%. A sobrevida das pessoas com Aids aumenta no Brasil, onde o número de
casos de infecção pelo HIV chega a 474.273. A Campanha do Dia Mundial de Luta
contra a Aids tem como tema os jovens e é lançada no Cristo Redentor. Os
ministérios da Saúde e Educação e as Nações Unidas premiam máquinas de
preservativos.

2008 – É inaugurada a primeira fábrica estatal de preservativos do Brasil e a


primeira do mundo a utilizar o látex de seringal nativo no Acre. É concluído o
processo de nacionalização de um teste que permite detectar a presença do HIV em
apenas 15 minutos. Fiocruz pode fabricar o teste, ao custo de US$ 2,60 cada.
Governo gastava US$ 5 por teste. O país investe US$ 10 milhões na instalação de
uma fábrica de medicamentos antirretrovirais em Moçambique. É realizado o VII
Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, em Florianópolis, Santa
Catarina. O Prêmio Nobel de Medicina é entregue aos franceses Françoise Barré-
Sinoussi e Luc Montagnier pela descoberta do HIV, causador da aids. O alemão
Harald zur Hausen também recebe o prêmio pela descoberta do HPV, vírus
causador do câncer do colo de útero.
2009 – O Ministério da Saúde bate recorde de distribuição de preservativos,
chegando a 465,2 milhões. O Programa Nacional de DST e Aids torna-se
departamento da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e o
Programa Nacional para a Prevenção e Controle das Hepatites Virais é integrado a
ele. Desde 1980, já são 544.846 casos de Aids no país.

2010 – É realizada, em Viena, Áustria, a XVIII Conferência Internacional de Aids.


Dirceu Greco assume diretoria do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.
Parceira entre governos do Brasil e África do Sul distribui 30 mil camisinhas
e folders sobre prevenção da Aids e outras DST durante a Copa do Mundo de
Futebol. É lançada a Pesquisa sobre Comportamento, Atitudes e Práticas
Relacionadas às DST e Aids da População Brasileira de 15 a 64 anos de idade
(PCAP 2008). Mais de duas mil agências dos Correios promovem campanha inédita
contra a Aids. É lançada a campanha de carnaval de combate à Aids em dois
momentos: antes e durante – estimulando o uso do preservativo; e depois –
incentivando a realização dos testes. É aprovado o relatório brasileiro de “Metas e
compromissos assumidos pelos estados-membros na Sessão Especial da
Assembleia Geral das Nações Unidas em HIV/Aids (UNGASS)”, versão 2008-2009.
O governo economiza R$ 118 milhões na compra de antirretrovirais. Travestis
preparam material educativo sobre identidade e respeito e lançam campanha de
combate ao preconceito no serviço de saúde e na sociedade. É realizado, em
Brasília, o VIII Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, I Congresso
Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais, IV Mostra Nacional da Saúde e
Prevenção nas Escolas e da I Mostra Nacional do Programa Saúde na Escola
(SPE). O número de casos identificados no Brasil chega a 592.914.

2011 – As Casas de Apoio de atendimento a adultos com HIV/Aids passam a contar
com incentivo financeiro do governo federal destinado ao custeio das ações
desenvolvidas com crianças e adolescentes. Representantes do Programa Nacional
de DST e Aids da Bolívia conhecem estratégia de comunicação e prevenção do
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais brasileiro. Com a finalidade de
avaliar avanços e obstáculos na resposta à epidemia de Aids, ocorre em Nova
Iorque, nos Estados Unidos, a Reunião de Alto Nível sobre Aids. O governo
brasileiro doa US$ 2 de cada passagem internacional para medicamentos de Aids.
A Campanha Mundial Cabeleireiros contra Aids celebra 10 anos com ação solidária.
A Frente Parlamentar Nacional em HIV/Aids e outras DST é relançada
no Congresso Nacional com a participação de 192 deputados e senadores. O Brasil
anuncia a produção nacional de dois novos medicamentos para Aids - atazanavir e
raltegravir -  por meio de Parcerias Público-Privadas e versão genérica do tenofovir,
indicado para o tratamento de Aids e hepatites. Brasil e França celebram dez anos
em cooperação científica nas áreas de DST, Aids e hepatites virais. O Ministério da
Saúde distribui medicamento atazanavir em todo o Brasil.

2012 – A campanha de conscientização do carnaval tem como foco principal os


jovens homossexuais de 15 a 24 anos, porque, de 1998 a 2010, o percentual de
casos na população homossexual de 15 a 24 anos subiu 10,1%, conforme boletim
epidemiológico de 2011. Após o carnaval, é lançada campanha para promoção do
diagnóstico e a conscientização da necessidade da realização do teste. Em maio é
lançada a campanha Dia das Mães - Unaids "Acredite. Faça a sua parte", no intuito
de conscientizar sobre a contaminação de crianças pelo HIV. Em julho, ocorre em
Washington, Estados Unidos, o XIX Conferência Internacional sobre Aids. Em
agosto ocorrem, simultaneamente, o IX Congresso Brasileiro de Prevenção de DST
e Aids, o II Congresso Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais, o VI Fórum
Latino-americano e do Caribe em HIV/Aids e DST e o V Fórum Comunitário Latino-
americano e do Caribe em HIV/Aids e DST em São Paulo, Brasil. Em novembro
ocorre o XVI Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com Aids, o Vivendo,
promovido pelos Grupos Pela Vidda de Rio de Janeiro e Niterói. Ainda nesse mês,
ocorre em Vitória da Conquista, Bahia, o III Encontro de Travestis e Transexuais da
Bahia. Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids tem como tema "Não fique
na dúvida, fique sabendo", e mostra cenas reais da vida dos participantes e reforça
que o diagnóstico precoce do HIV é essencial para o controle da doença.

2013 – No Brasil, o Ministério da Saúde lançou portaria que define as modalidades


dos serviços de Atenção às DST e Aids. Testes rápidos para HIV, Sífilis e Hepatites
Virais passam a ser realizados por enfermeiros. Departamento de Vigilância,
Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais publicou novas
recomendações para tratamento de pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) no
Brasil. O país recebe Reunião Satélite sobre Hepatites Virais na Assembleia
Mundial de Saúde. É aprovado novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos
com HIV e Aids, que garante tratamento a todos os brasileiros com HIV. Realizada
campanha em redes sociais voltada a profissionais so sexo, com slogan “Prostituta
que se cuida usa sempre camisinha”

2014 – Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids, com intuito de dar maior
visibilidade às questões do viver com HIV/aids e à importância do teste e do
tratamento como prevenção. Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids -
CNBB e Pastoral da Aids, com slogan "Cuide bem de você e de todos os que você
ama". Campanha Proteja o Gol Unaids, com o objetivo da campanha é usar a
popularidade e o poder de união do esporte para promover a prevenção do HIV,
principalmente entre os jovens, em nível mundial. Ministério da Saúde lança
campanha de vacinação contra o HPV.

2015 – Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids, com slogan "Com o
tratamento, você é mais forte que a Aids". Para dar continuidade à estratégia de
comunicação no combate ao HIV, o vírus da aids, o Ministério da Saúde ingressa
em uma nova fase: as grandes festas brasileiras. Uma estratégia para dar maior
força à campanha #PartiuTeste com uma nova roupagem, mas com a mesma
linguagem e conteúdo, mantendo a coesão. As festas escolhidas foram uma
combinação de tradição, popularidade e apelo jovem, principal público-alvo. Esses
desdobramentos foram veiculados nos principais meios como TV, rádio, mobiliário
urbano e internet. 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV, foram registradas 2,1
novas infecções e 1,1 milhão de mortes.

2016 – Campanha do Ministério da Saúde com foco na Prevenção Combinada, com


o slogan: "Aids. Escolha sua forma de prevenção". Campanha Dia Mundial de Luta
contra a Aids - CNBB e Pastoral da Aids, com slogan: "Nós podemos construir um
futuro sem Aids". Em 2016, 19,5 milhões dos 36,7 milhões de pessoas vivendo com
HIV tiveram acesso ao tratamento e mortes relacionadas à AIDS caíram de 1,9
milhão em 2005 para 1 milhão em 2016. Entre as pessoas vivendo com HIV, 18,2
milhões têm acesso à terapia antirretroviral.

2017 – Brasil sedia Cúpula Mundial de Hepatites. Anvisa libera comercialização de


autoteste para o HIV em farmácias. Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) passa a ser
ofertada pelo SUS. Campanha Dia Mundial de Luta contra a Aids, com slogan
"Vamos combinar?". O número de novas infecções por HIV aumentou em cerca de
50 países e a novas infecções globais por HIV caíram apenas 18% nos últimos sete
anos, de 2,2 milhões em 2010 para 1,8 milhão em 2017.

2018 – Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e


das Hepatites Virais (DIAHV), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e do
Ministério da Saúde (MS), publicaram novas recomendações de substituição de
esquemas de terapia antirretroviral contendo inibidores da transcriptase reversa
não-nucleosídeos ou inibidores de protease para esquemas com dolutegravir para
tratamento de pessoas vivendo com HIV, maiores de 12 anos de idade com
supressão viral. Campanha Indetectável, que retrata as histórias de 13 pessoas que
vivem com HIV e se tornaram indetectáveis após adesão ao tratamento está dividida
em duas etapas, sendo a primeira com pessoas que vivem com HIV e receberam o
diagnóstico recentemente e outras que descobriram ser HIV positivo nos anos 80 e
90, logo no início da epidemia de AIDS no mundo. Todos os personagens contam
em suas histórias como receberam o diagnóstico, a luta pela aceitação e as
dificuldades para aderirem ao tratamento. A mortalidade relacionada à AIDS
diminuiu 33% desde 2010.

2019 – 37,9 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV, sendo que 23,3 milhões
têm acesso à terapia antirretroviral. São estimados 1,7 milhão de novas infecções e
770 mil mortes de doenças relacionadas à Aids. Desde de o início da epidemia,
foram registrados 74,9 milhões de pessoas infectadas, com 32 milhões de mortes.

Como o HIV age no organismo?

O HIV, vírus que causa a aids, ataca o sistema imunológico, encarregado por
defender o organismo humano de doenças.

O que é sistema imunológico? O sistema imunológico é responsável pela defesa do


nosso organismo frente a agentes invasores, e é composto por milhões de células
de diferentes funções. Os linfócitos T-CD4+ são exemplos de células que compõem
o nosso sistema imune.
O HIV é um retrovírus, cuja principal característica inclui replicação com uma etapa
de transcrição reversa (de RNA para DNA) e sua integração ao genoma do
hospedeiro. Possui preferência por um tipo específico de linfócitos, os CD4, também
chamados linfócitos “helper” ou auxiliares. Formam-se no timo, nos linfonodos e no
baço e circulam na corrente sanguínea. Os linfócitos CD4 têm um papel importante
na identificação, no ataque e na destruição de bactérias, fungos e vírus que
invadem o corpo.

Esquema de reprodução do HIV (Reprodução: BBC)

No processo, o HIV aloja seus genes no DNA da célula CD4 atingida e passa a
utilizá-la para se multiplicar e, com isso, contaminar novas células.

Durante o processo, as células CD4 acabam morrendo e, com a redução do número


desses glóbulos brancos, o organismo começa a perder a capacidade de
combater doenças até atingir o ponto crítico que caracteriza a AIDS, em que o
sistema imune do indivíduo está tão debilitado, que seu corpo se torna uma “porta
aberta” aos agentes infecciosos.

À medida que o HIV destrói os linfócitos T-CD4+, o indivíduo se torna cada vez mais
vulnerável às doenças oportunistas.

O que são doenças oportunistas? São infecções causadas por diversos


organismos, como fungos, bactérias e vírus, que acometem indivíduos com a
imunidade baixa. Esses organismos, geralmente, não causam doenças em pessoas
com o sistema imunológico forte.
Em um determinado momento, o organismo não tem mais forças para combater o
ataque de outros microrganismos. Dessa forma, a pessoa começa a ficar doente
mais facilmente. 

 Por isso, é de extrema importância que as pessoas que vivem com HIV façam o
uso da terapia antirretroviral (TARV). Os medicamentos para o tratamento do HIV
diminuem a quantidade de vírus no sangue e mantêm os indivíduos menos sujeitos
a terem essas infecções oportunistas.

Mas porque é tão difícil eliminar o HIV do organismo? A resposta está no fato de
esses vírus alojarem seu DNA nas células atacadas; assim, as novas células
produzidas pelos linfócitos alvo passam a também portar o vírus. Desta forma o
vírus está sempre criando uma “reserva” de seu DNA no corpo do hospedeiro. Além
disso, a replicação do DNA viral ocorre com grande margem de erro e isso somado
a sua alta taxa de reprodução gera muitas mutações. Como se não bastasse, o HIV
é protegido por uma camada feita do mesmo material que algumas células
humanas, o que dificulta sua identificação pelo sistema imunológico.

Como ocorre a transmissão do HIV?

Formas mais comuns de contágio:

- Relação sexual (vaginal, anal ou oral) sem uso de camisinha;

- Durante a gestação, parto ou amamentação, quando uma mãe infectada transmite


o vírus ao bebê;

- Compartilhamento de seringas contaminadas;

- Transfusão realizada com sangue contaminado;

- Objetos cortantes ou perfurantes não esterilizados;

Importante: Antigamente, quem se contaminava com o vírus do HIV tinha uma baixa
perspectiva de vida. Mas, felizmente isso mudou! Paciente HIV positivo agora
podem viver com o vírus no corpo por muito tempo. Isso acontece porque diversos
medicamentos foram desenvolvidos; tratamentos com antirretrovirais, por exemplo,
ajudam o paciente a conviver com o vírus e manter a vida que sempre sonhou.
Claro, desde que seja acompanhado por um médico, e siga rigorosamente o
tratamento indicado. Mas, o melhor mesmo é se prevenir. Atitudes como usar
camisinha durante o sexo, não compartilhar seringas e esterilizar todos os materiais
antes do uso, fazem muita diferença. E fazer o teste, conforme indicação do seu
médico, também pode ajudar a reduzir a transmissão do vírus para outras pessoas.

Vírus da AIDS – Descomplica

Associação a grupos de risco


Conforme demonstrado na obra em estudo, durante o surgimento do HIV no início
dos anos 80, a população mais atingida foi de LGBTQIA+, especificamente homens
homossexuais. Esse advento fez com que o vírus fosse associado aos chamados
“grupos de risco”, que basicamente era composto por pessoas LGBT+,
trabalhadoras sexuais, hemofílicos e usuários de drogas injetáveis; acreditava-se
que somente essas pessoas eram suscetíveis a contrair HIV, dessa forma,
passaram a ser excluídos da sociedade e estigmatizados. Após 6 anos do primeiro
caso, nasceu o primeiro bebê com HIV, o que demonstrou que outros grupos
estavam vulneráveis, e, sucessivamente, pessoas heterossexuais, homens e
mulheres casados ou não, jovens, todos surgiam como novos grupos. A associação
de HIV a grupos de risco levou a população ao descuido, uma vez que aqueles que
não pertenciam a tais grupos não tinham o devido cuidado e passavam a contrair e
espalhar ainda mais o vírus, tornando-o um problema ainda maior. Até os dias de
hoje é possível observar tais afirmações errôneas sobre maior propensão de
determinadas pessoas ou “comportamentos de risco”. O levantamento de dados
epidemiológicos que demonstraram a incidência do vírus nos mais diversos grupos
foi primordial para quebrar esse paradigma preconceituoso, além da luta das
populações marginalizadas pela desinformação. Atualmente, sabe-se que qualquer
pessoa está vulnerável e que o cuidado e proteção são essenciais para controlar a
incidência do HIV.

Evolução do tratamento e profilaxia


No cenário atual, sabe-se que dentre os principais métodos profiláticos contra HIV
estão: realização exames regularmente, uso de camisinha nas relações sexuais,
não reutilizar agulhas ou compartilhá-las e, no caso de gestantes, seguir
corretamente o acompanhamento pré natal.
No Brasil, por meio do SUS, é possível ter acesso a preservativos de forma gratuita
e agulhas descartáveis através dos programas de redução de danos; também são
disponibilizados os exames em diversas unidades de saúde, desde centros de
saúde até grandes hospitais.
Além disso, com a evolução dos estudos científicos e o surgimento de
antirretrovirais, foram desenvolvidas profilaxias pré e pós exposição, que também
são disponibilizadas via SUS.

Profilaxia pré-exposição – PrEP


A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma forma de tratamento preventivo que
envolve a administração diária de um comprimido do medicamento antirretroviral
Truvada® (entricitabina + tenofovir) para os indivíduos soronegativos que
apresentam elevado risco de contaminação.
Atualmente, a PrEP pode ser oferecida para os seguintes pacientes:
● Homens e mulheres não infectados pelo HIV que tenham um parceiro sexual
soropositivo com uma carga viral detectável (se em algum momento o
parceiro contaminado conseguir manter a carga viral indetectável por 6
meses seguidos, a suspensão da profilaxia pré-exposição pode ser
considerada).
● Homens homossexuais ou mulheres transexuais que fazem sexo com
homens se, nos últimos seis meses, tiveram comportamentos sexuais de alto
risco, como sexo anal sem preservativo com parceiros sexuais múltiplos ou
desconhecidos.
● Homens homossexuais ou mulheres transexuais que fazem sexo com
homens se, nos últimos seis meses, tiveram uma doença sexualmente
transmissível confirmada.
● Homens heterossexuais que fazem sexo sem preservativo com mulheres de
regiões com epidemia generalizada de HIV (prevalência do HIV na população
maior que 2 a 3%).
● Homens heterossexuais que fazem sexo sem preservativo com mulheres que
estão sob alto risco de infecção pelo HIV, como profissionais do sexo ou
usuárias de drogas injetáveis.
● Mulheres heterossexuais que praticam sexo sem preservativo com homens
com alto risco de infecção pelo HIV, como usuários de drogas injetáveis,
parceiros bissexuais masculinos ou parceiros de áreas onde há alta
prevalência de HIV.
● Profissionais do sexo.
● Usuários de drogas injetáveis que, nos últimos seis meses, relatam o
compartilhamento de agulhas.
● Indivíduos que fazem uso frequente da PEP (profilaxia pós-exposição).

Todos os candidatos à PrEP devem fazer uma sorologia para HIV antes do início do
tratamento e a cada 3 meses para confirmar a não contaminação . Se alguma das
sorologias vier positiva, a PrEP deve ser suspensa e o paciente referenciado para
iniciar o tratamento para o HIV. A profilaxia pré-exposição, se tomada de forma
correta, reduz o risco de transmissão do HIV em 90%, uma taxa maior que a do
preservativo. Entre as pessoas que usam drogas injetáveis, a PrEP é um pouco
menos eficaz, reduzindo o risco em pouco mais de 70%. Mesmo fazendo uso da
PrEP, os pacientes são aconselhados a usar a camisinha como forma de
potencializar a prevenção. Se o objetivo for engravidar, a camisinha pode ser
abandonada após 20 dias do início da profilaxia, que é o tempo mínimo necessário
para que o tratamento faça efeito nas mulheres.
Pacientes com insuficiência renal crônica ou portadores de hepatite B crônica não
são candidatos à PrEP, devido ao risco de agravamento das suas doenças.
Profilaxia pós-exposição – PEP
A profilaxia pós-exposição (PEP) é uma forma de prevenção do HIV semelhante à
PrEP, com a diferença de ser iniciada após o paciente ter sido potencialmente
exposto ao vírus, como nos casos de estupro, rompimento da camisinha durante
relação com alguém sabidamente soropositivo, usuários de drogas que
compartilharam agulhas ou profissionais de saúde que se acidentaram com agulhas
ou material biológico potencialmente contaminado. A PEP também é feita com a
administração de medicamentos antirretrovirais, que devem ser iniciados o mais
rápido possível, de preferência nas duas primeiras horas após a exposição ao vírus
e no máximo em até 72 horas. O início precoce da profilaxia elimina o vírus HIV
antes que ele consiga se multiplicar no organismo do paciente, impedindo a sua
contaminação de forma permanente. A profilaxia pós-exposição dura 28 dias e o
paciente deve ser acompanhado pela equipe de saúde por mais 90 dias.
Atualmente, há mais de um esquema de PEP disponível. As opções mais indicadas
costumam ser:
● Tenofovir/Lamivudina + Atazanavir/Ritonavir, 1 comprimido de cada, 1 vez
por dia.
● Tenofovir/Emtricitabina + Raltegravir, 1 comprimido de cada, 1 vez por dia.
● Tenofovir/Emtricitabina + Dolutegravir, 1 comprimido de cada, 1 vez por dia.
● Tenofovir/Emtricitabina + Darunavir/Ritonavir, 1 comprimido de cada, 1 vez
por dia.

Imediatamente após o início da PEP, o paciente precisa ser testado para HIV para
termos certeza de que o mesmo já não era previamente soropositivo. Se o resultado
vier positivo, a profilaxia é interrompida e o paciente deve ser encaminhado para
iniciar o tratamento do HIV. Se o resultado inicial vier negativo, o paciente deve
repetir o teste após 1 e 3 meses.

Tratamento antirretroviral como forma de prevenção


O tratamento como prevenção é um conceito relativamente novo, que se baseia no
fato dos pacientes soropositivos que atingem carga viral sanguínea indetectável
através do tratamento com antirretrovirais apresentarem baixíssimo risco de
transmissão do vírus. Até há poucos anos, o tratamento com antirretrovirais só era
iniciado nos pacientes soropositivos que apresentassem critérios específicos com
relação a sua carga viral e a contagem dos linfócitos CD4. Atualmente, porém, o
tratamento é oferecido a todos os soropositivos, independentemente do estado
imunológico ou do tempo de infecção.
Quando um paciente soropositivo atinge um estado de supressão permanente do
vírus, ou seja, carga viral indetectável por 6 meses seguidos, o risco de transmissão
do HIV torna-se praticamente nulo. O risco é tão baixo, que 600 organizações em
mais de 75 países assinaram uma declaração em conjunto classificando o risco de
transmissão do HIV nesses casos como “insignificante”, ou seja, tão pequeno que
não vale a pena considerar

PÚBLICO ALVO
Este guia foi criado e disponibilizado com a intenção de evidenciarmos dados sobre
o vírus do HIV para estudantes, assim como contribuir para a qualificação do
ensino de dados epidemiológicos de forma ampla e dinâmica.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES
1.1 Discussão sobre o vírus HIV:

- Se tratando de um filme antigo, em paralelo com a atualidade, quais diferenças


tivemos na forma de agir, logo na descoberta do vírus? E no tratamento?

- Quais medidas podem ser tomadas logo após a exposição do vírus?

- Por qual motivo os pacientes vinham a óbito por doenças secundárias? Qual a
relação do vírus com as demais doenças?
- Inicialmente, todo o contágio, conforme os dados, parte de um grupo de homens
homossexuais, mas conforme a epidemia se alastra, observou-se outros grupos se
contagiando também, dentre eles, 11 casos em bebês. Portanto, descreva sobre
como o levantamento destes dados ajudaram a retirar o estigma associado ao grupo
LGBTQIA+ quanto ao vírus HIV?

- Além da frustração partindo da dificuldade em solucionar o problema que se


alastrava, o que mais contribuiu para o não avanço no controle do contágio do
vírus?

Apesar de ser um filme antigo, conseguimos obter dados reais e realizar uma breve
comparação sobre a atualidade, tais como seriam na vida real de um paciente
diagnosticado. Perguntas e respostas serão elaboradas a fim de relembrarmos
pontos importantes e necessários.

1.2 Realização de um vídeo, a fim de conscientizar o público sobre o que é a


doença, como prevenir, formas de tratamento a fim do controle da doença e as
formas de contágio.

Temos como objetivo desse vídeo, aprender mais sobre e disseminar as


informações necessárias, a fim que, caso algum público leigo ouça, saberá
fielmente do que se trata.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de se utilizar um recurso audiovisual promove um maior interesse
acerca do projeto, visto que filmes além de conhecimento também é entretenimento.
Por ser um material que pode proporcionar lazer, aumenta a eficiência na absorção
do conteúdo, já que ele relaciona a ficção com a vida real. O guia também extravasa
a percepção da doença para uma percepção sociocultural a fim de demonstrar seus
impactos além dos sintomas físicos. Ainda que o filme seja considerado antigo,
podemos ver claramente semelhanças com a atualidade, como a pandemia da
covid-9, por exemplo. Espera-se que o Guia do Educador traga uma direção aos
profissionais de saúde e que possa ser aplicado de maneira que expanda estes
conhecimentos aos leigos com facilidade.
RESUMO
Este guia é um material didático elaborado com o intuito de apresentar aos
profissionais de saúde o trajeto do vírus da AIDS desde seu descobrimento até sua
repercussão no meio social. O material utiliza o filme “E a vida continua” (1993),
dirigido por Roger Spottiswoode, como recurso didático no ensino sobre o HIV. Ele
também aborda temas como preconceito e saúde pública como ferramentas para
fomentar debates e reflexões, com o objetivo de contribuir para a formação humana
e científica. As atividades pedagógicas presentes neste guia propõem um estudo
guiado sobre a desmistificação da doença ao longo do tempo, principalmente em
relação ao grupo LGBTQIA+.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sida.html#:~:text=Como%20funciona%20o%20HIV-AIDS%20dentro%20do
%20corpo%3F%20O,defesa%20do%20corpo%20para%20responder%20a
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https://www.farmacia.ufmg.br/pensandonisso/como-o-hiv-age-no-organismo/
#:~:text=Voc%C3%AA%20sabe%20como%20o%20HIV%20age%20no
%20organismo%3F,v%C3%ADrus%20%C3%A9%20capaz%20de%20alterar
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https://www.bing.com/videos/search?
q=como+funciona+o+virus+da+aids&view=detail&mid=341F68628AC74C007B
EA341F68628AC74C007BEA&FORM=VIRE

http://giv.org.br/HIV-e-AIDS/O-Que-%C3%A9-a-AIDS/index.html

Aprenda sobre o vírus da AIDS com um super resumo de Biologia | Descomplica

https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3837/-1/linha-do-tempo-da-
aids-do-primeiro-caso-aos-dias-atuais.html

http://antigo.aids.gov.br/pt-br/centrais-de-conteudos/historia-aids-linha-do-
tempo

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