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História trágico-marítima Aqui são relatados sentimentos como «a brutalidade e a abnegação, a

animalidade e a grandeza moral, a força dos instintos e a sublimação


Origem: histórias reunidas por Bernardo Gomes brito e publicadas em deles. O sacrifício da própria vida, a tentação de rapina e até do
dois volumes (1735-1736), durante o reinado de D. João V. canibalismo, invadem essas páginas trágicas.»
Esta obra consiste na compilação de relatos (“relações”) ocorridos nos Ao contrário de Os Lusíadas, que relata a glória de um povo em expansão
séculos XVI e XVII. Relata experiências, descobertas e reflexões de um marítima, esta obra relata a morte e o pavor.
viajante durante o seu percurso.
Resumo por capítulos
Em toda a obra (literatura de viagem) existem:
1. Naufrágio de Sepúlveda (1522)
• relatos de testemunhos;
Conta a história daqueles que embarcaram no galeão “S. João”, saídos
• um tom de verdade e sinceridade; da Índia. Aí seguiam Sepúlveda, capitão, com a sua mulher e
respetivos filhos. Cinco semanas após terem partido, passaram por
• pendor dramático;
uma tempestade junto ao cabo da Boa Esperança. Só alguns
• estilo simples e familiar. tripulantes e passageiros conseguiram chegar a terra (25 dos 500). Aí
começaram uma longa caminhada até ao Rio Lourenço Marques, em
Algumas destas narrativas encontravam-se em folhas avulsas e
Moçambique, resistindo à caminhada e aos perigos.
relacionavam-se com a ansiedade doentia da população em saber
novidades das tragédias marítimas. 2. Catástrofe da nau “Santiago” (1585)

As principais causas destes naufrágios prendiam-se com: A nau “Santiago” partiu de Lisboa em abril de 1585 e no final de julho
dobrou o cabo da Boa esperança, batendo num recife. Cerca de 20
• ambição excessiva de lucro, ocasionando a sobrecarga da embarcação;
pessoas, incluindo o mestre da nau e o padre, saíram num esquife que
• a má reparação dos cascos; nunca mais voltou. Os restantes náufragos ficaram no recife,
concertaram o batel e construíram jangadas. Alguns dos
• partida fora dos tempos aconselháveis para a navegação, pretendendo- sobreviventes chegaram a terra no mês de agosto. Em terra, foram
se a valorização comercial das mercadorias; assaltados pelos cafres – negros.
• ataques frequentes dos corsários chineses, franceses e holandeses, Só alguns conseguiram chegar a Moçambique no fim de novembro.
sobretudo, na viagem de regresso.
3. Tragédia dos Baixios de Pêro dos Banhos (1555)
A nau galega partiu de Lisboa em abril de 1555 e a 18 de junho O capitão francês não matou os portugueses, pois ficou admirado
avistou o cabo da Boa Esperança. Por teimosia do piloto, foram parar com a sua perícia na guerra (lutaram contra os franceses durante três
a uns baixios, provocando rasgos no casco da nau. Conseguiram dias, os quais tinham um navio muito bem equipado e sem danos,
sobreviver durante quase um ano, tendo construído um barco. A 1 de contra o seu em mau estado).
Abril embarcaram trinta pessoas e trinta e tês dias depois chegaram a
Os portugueses eram convidados a jantar com os corsários, embora
duas ilhas habitadas por negros, que os ajudaram a chegar a Cochim
nem todos aprovassem. Num jantar, foi pedido que o capitão
(Índia), em 1557.
português benzesse a mesa à maneira dos portugueses.
4. O triste sucesso da nau “S. Paulo” (1560)
Os franceses (luteranos) revoltaram-se contra os portugueses,
A nau “S. Paulo” saiu em direção à Índia a 22 de abril de 1560. católicos. Os portugueses passaram a comer na sua nau, rebocada
Apanharam mau tempo e só passaram a linha do equador a 27 de pelos franceses. Num dia de tempestade, os portugueses
junho. Decidiram navegar para o Brasil, onde chegaram a 27 de aproveitaram para fugir, mas foram rapidamente apanhados pelos
agosto. Voltaram a partir de 3 de outubro em direção à Índia. A 15 de franceses, no dia seguinte, os quais lhe retiraram os mantimentos e os
novembro dobraram o Cabo da Boa Esperança e depois de equipamentos, acabando por os abandonar em alto mar.
enfrentarem muitas tempestades, a nau bateu num ilhéu.
Os portugueses conseguiram sobreviver e a 3 de outubro chegaram
Conseguiram desembarcar. Encontraram canibais que mataram e
ao Cabo da Roca, Lisboa.
comeram alguns dos tripulantes. Construíram um barco e, com os
sobreviventes, lançaram-se ao mar. os outros foram por terra.
Passados dias e outras tantas tempestades, chegaram ao porto de
Banda, na Índia, onde foram ajudados por outros portugueses.

5. As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)

Jorge de Albuquerque Coelho capitaneava a nau “Santo António”,


que saiu de Olinda, Brasil, a 29 de junho de 1565, rumo a Lisboa.
Durante a Viagem, tiveram e mudar de rota várias vezes e foram parar
junto aos Açores, mas antes foram assaltados por corsários franceses,
que passaram a comandar a nau.

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