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MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL LD 1/17

PROFESSOR: EWERSON MORAES DA SILVA

DISCIPLINA: CONTABILIDADE FINANCEIRA


MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL
LD 1/17

Profº. Ewerson Moraes da Silva


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3

Sumário

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 5


1.1 EMENTA .......................................................................................................... 5
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ........................................................................................ 5
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 5
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .................................................................................... 5
1.5 METODOLOGIA ................................................................................................... 6
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ..................................................................................... 6
1.7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 6
CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ............................................................................... 7

2. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8
2.1 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE ..................................................................... 8
2.2 DECISÕES PARA SE ATINGIR O OBJETIVO DA EMPRESA ..................................................... 9
2.3 IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE ............................................................................ 9
2.4 USUÁRIOS DA CONTABILIDADE .............................................................................. 10
2.5 ORIGEM DA CONTABILIDADE ................................................................................. 11
2.5.1 EVOLUÇÃO ................................................................................................... 13
2.6 SISTEMA CONVENCIONAL DE INFORMAÇÕES ............................................................... 15
2.7 SISTEMA INFORMAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................................ 16
2.8 PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL BÁSICO ................................................................... 18

3. BALANÇO PATRIMONIAL .............................................................................. 21


3.1 ESTRUTURA BÁSICA ........................................................................................... 21
3.1.1 DEFINIÇÃO DE ATIVO ...................................................................................... 21
3.1.2 DEFINIÇÃO DE PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ....................................................... 22
3.2 O BALANÇO PATRIMONIAL SEGUNDO ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS ......................... 23
3.3 SUBDIVISÕES DO BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................. 24
3.3.1 GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO ........................................................................... 24
3.3.2 GRUPOS DE CONTAS DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................... 25
3.3.3 CONTAS REDUTORAS DO ATIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO .............................................. 26
3.4 ESTRUTURAS DO BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................. 28
3.5 MOVIMENTAÇÕES NO BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................. 29
3.6 SITUAÇÕES PATRIMONIAIS ................................................................................... 31
3.7 EXERCÍCIO SOCIAL E CICLO OPERACIONAL ................................................................ 31

4. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ......................................... 32


4.1 DEMONSTRAÇÃO DEDUTIVA .................................................................................. 33
4.2 REGIMES CONTÁBEIS ......................................................................................... 35
4.2.1 REGIME FINANCEIRO (OU REGIME DE CAIXA) ........................................................... 35
4.2.2 REGIME ECONÔMICO (OU REGIME DE COMPETÊNCIA) ................................................. 35
4.2.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................................................... 36
4.3 DETALHES DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO .......................................... 36
4.4 A RELAÇÃO ENTRE O BALANÇO PATRIMONIAL X DRE ..................................................... 40
4.4.1 EXEMPLO DE MOVIMENTAÇÃO DE BALANÇO X DRE .................................................... 40

5. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC)................................................ 43


5.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 43

Contabilidade Financeira
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5.2 O CONCEITO – FLUXO DE CAIXA - DENOMINAÇÃO ......................................................... 43


5.3 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA DFC ........................................................................ 43
5.4 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA DIRETO – DFC ................................. 44
5.5 EXEMPLO DE FLUXO DE CAIXA DIRETO ..................................................................... 45

6.INSTRUMENTOS DA ANÁLISE ECONÔMICO – FINANCEIRA ............................ 48


6.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 48
6.2 AJUSTES E PADRONIZAÇÃO .................................................................................. 49
6.3 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS .................................................................. 49
6.4 ECONÔMICO X FINANCEIRO .................................................................................. 50
6.5 INDICADORES ECONÔMICO – FINANCEIROS ............................................................... 51
6.5.1 ÍNDICES DE ESTRUTURA PATRIMONIAL ................................................................... 51
6.5.2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ...................................................................................... 55
6.5.3 ÍNDICES DE RENTABILIDADE .............................................................................. 56
6.5.4 INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS ....................................................................... 59
6.6 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL .......................................................................... 63
6.6.1 ANÁLISE VERTICAL ......................................................................................... 63
6.6.2 ANÁLISE HORIZONTAL ..................................................................................... 65

7. SLIDES ......................................................................................................... 69

Contabilidade Financeira
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1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
1.1 Ementa
Contabilidade como um sistema de informações. Estrutura das demonstrações
financeiras. Indicadores econômicos e financeiros. Análise gerencial dos demonstrativos
contábeis. Contabilidade gerencial versus contabilidade financeira. Visão gerencial de
custos. Custos para a tomada de decisões. Métodos de custeio por absorção, variável e
ABC. Estrutura orçamentária. Orçamento de operação, de investimento e de caixa.
Orçamento como instrumento de formulação estratégica e de decisão gerencial.

1.2 Carga Horária Total


6 horas/aula

1.3 Objetivos
Após a leitura desse material, o aluno deverá ser capaz de:

 Ter uma visão geral da contabilidade e seus relatórios econômico-financeiro e a


importância da contabilidade para a gestão;
 Fazer distinção entre as contas do ativo, passivo e patrimônio líquido entendendo
a importância de cada conta no contexto de seu grupo de contas;
 Distinguir os efeitos das variações das receitas e despesas para a determinação
do resultado do exercício;
 Avaliar a saúde financeira das empresas a partir da análise dos índices de
liquidez;
 Preparar relatório de análise econômico-financeiro das empresas a partir das
demonstrações contábeis;
 Identificar as diferenças entre Contabilidade Financeira e Contabilidade de Custos.
 Analisar o Break-Even-Point , a maximização de resultado e o impacto do Imposto
de Renda.
 Diferenciar a aplicabilidade entre os métodos de custeio absorção, variável e ABC
- Custeio Baseado em Atividade.
 Desenvolver a visão estratégica tendo o orçamento como uma ferramenta de
acompanhamento para a tomada de decisão;
 Identificar novas métodologias de planejamento orçamentário;

1.4 Conteúdo Programático

 Objetivos da Contabilidade;
 Conceitos Básicos;
Contabilidade  Demonstrações Contábeis;
 Análise de demonstrações;
 Indicadores Econômico/financeiros

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1.5 Metodologia
A metodologia utilizada será de exposição dialogada, debates, exercícios e estudos de
casos. Serão criadas situações onde os participantes poderão absorver o aprendizado
vivenciando situações.

1.6 Critérios de Avaliação


 Prova 70%;
 Trabalhos em sala de aula 30%.

1.7 Bibliografia
MAGATSUKA, Divane Alves da Silva. Manual de Contabilidade Introdutória. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise de Balanços: Abordagem Básica e Gerencial.


3ª Edição. São Paulo. Atlas. 2005.

ATKISON, A. A., BANKER, R. D., KAPLAN, R. S. Contabilidade Gerencial. São Paulo:


Atlas, 2000.

HORNEGREN, C. T. Introdução à Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro: PHB, 5º


ed., 2005.

Martins, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo. 6a Edição. Editora Atlas.

WELSCH, Glenn A.. Orçamento Empresarial, 4a Edição. São Paulo: Atlas, 2010.

PADOVEZE, Clovis Luis e TARANTO, Fernando Cesar. Orçamento Empresarial - Novos


conceitos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2009.

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Curriculum Vitae do Professor


Ewerson Moraes da Silva. Ewerson Moraes Da Silva, Mestre em Engenharia de
Produção pelo PPGEP - UFSC, Pós-Graduado em Engenharia da Qualidade pelo Instituto
de Educação Continuada da PUC- MG e Graduado em Ciências Contábeis pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.
Cursou: Módulo Brasil - Programa de Desenvolvimento de Empreendedores, (Babson
College - Program); Latin American Seminar on Entrepreneurship and Innovation
(Berkeley - Hass School of Business); Seminário: Strategic Business Leadership (Ohio
University). Docência em cursos de MBA de Gestão das seguintes instituições, FGV,
FDC, IBMEC e PUC-MG. Autor e co-autor de artigos para congressos nacionais e
internacionais.

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2. INTRODUÇÃO
Define-se objetivamente a Contabilidade como sendo um sistema de informações e
avaliação a prover os seus usuários com demonstrações e análises de natureza
econômica, financeira e de produtividade, com relação à entidade objeto de
contabilização.
Segundo Iudícibus:
“... a função fundamental da Contabilidade (...) tem permanecido
inalterada desde os primórdios. Sua finalidade é prover os usuários
dos demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a
tomar decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais
nos tipos de usuários e nas formas de informação que têm
procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos financeiros é
fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstrativos
financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões
econômicas...” (Iudícibus, 1986, pg. 17)

Ao analisarmos as duas definições acima, podemos deduzir sem maiores


dificuldades de que o objetivo da Contabilidade é fornecer informações para vários
usuários, a fim de auxiliar o processo de tomada de decisões.

2.1 Campo de atuação da Contabilidade


De forma simplificada, pode-se dizer que a Contabilidade é o processo de
registrar, sumarizar e organizar todos os atos e fatos, mensuráveis financeiramente, que
ocorrem nas empresas.
Devido a necessidade de registro contábil de todas as movimentações financeiras
de uma empresa, a Contabilidade acaba se tornando seu grande banco de dados, com o
histórico de todas as suas operações, o que pode ser de grande importância estratégica
para todos que saibam utilizar estas informações de forma adequada.
Assim, a Contabilidade, muito além de servir para a apuração de tributos, tem a
função de subsidiar o processo de tomada de decisão.

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2.2 Decisões para se Atingir o Objetivo da Empresa


De acordo com Damodaram1, as decisões para maximizar o valor para o acionista são de
três tipos: investimento, financiamento e dividendo. Cada decisão responde uma
pergunta chave:

 Como escolher em que projetos investir?


 Como financiá-los?
 O que fazer com excedente de recursos, se não houver projetos suficientes?

Maximizar o Valor
para o Acionista

Decisão de Decisão de Decisão de


Investimento Financiamento Dividendo

Nossa disciplina vai concentrar-se no conjunto de conhecimentos sobre Contabilidade


presente nessas três classes de decisões (Investimento, Financiamento e Dividendo)
tomadas no âmbito das Finanças Corporativas e nos Projetos que integram os portfólios
das empresas.

2.3 Importância da Contabilidade


É indiscutível a importância e responsabilidade da Contabilidade para toda a
sociedade. As informações contábeis geram eficiência para o sistema econômico. Sem a
informação apropriada há um acréscimo do risco e, como conseqüência do custo de
capital, há um reflexo nos preços.
A Contabilidade representa um patrimônio da humanidade, desenvolvido pela
capacidade intelectual do ser humano. Constitui uma linguagem universal única e uma
atividade de serviço para todos os governos, empresas privadas e entidades sem fins
lucrativos, sendo um instrumento para a eficiente alocação de recursos e atingindo um
papel marcante em uma economia de mercado de capitais.
A Contabilidade proporciona a base para a efetivação de contratos e para a
comprovação das relações estabelecidas e é fundamental para o controle das atividades
econômicas e para a avaliação do desempenho daqueles que efetuam a gestão dos
recursos. É consagrada em termos legais através da apresentação das demonstrações
contábeis.
O profissional de Contabilidade tem como competência básica a habilidade para
conceituar a informação, bem como conhece profundamente o ambiente interno e o
externo. Através de sistemas, sabe que as informações geradas pela Contabilidade são
de extrema importância para que o gestor tome uma decisão adequada. Através das
demonstrações contábeis, como vimos acima, torna-se possível uma análise completa
das informações geradas, bem como sua importância para o usuário.

1
DAMODARN, A. Applied Corporate Finance. . John Willey & Sons, 1a.Edição, EUA 1999.

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2.4 Usuários da Contabilidade


O estudo da FIPECAFI definiu usuários como:
“... toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação
da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal
entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo
patrimônio familiar.” (1995, pg. 59).
Diversos são os usuários das informações contábeis, cada um, especificamente,
com uma necessidade informacional diferenciada. Podemos destacar como os principais
usuários.
Usuários internos: os proprietários da empresa, gerentes, diretores, etc.
Usuários externos: os investidores (pessoas físicas ou jurídicas que adquirem
participações em outras empresas), fornecedores de bens e serviços, clientes,
instituições financeiras, sindicatos, entidades governamentais, organizações não-
governamentais e outros.
Portanto o usuário da informação contábil é toda pessoa física ou jurídica que
tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja
esta, de finalidades lucrativas, não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar.

TIPO DE USUÁRIO DA
INFORMAÇÃO CONTÁBIL
META QUE DESEJARIA MAXIMIZAR OU TIPO
DE INFORMAÇÃO MAIS IMPORTANTE

Acionista minoritário Fluxo regular ou dividendos

Acionista majoritário Fluxo de dividendos, valor de mercado da ação,


lucro por ação

Acionista preferencial Fluxo de dividendos mínimos

Emprestadores de recursos e credores Geração de fluxos de caixa futuros, suficientes para


em geral receber de volta o principal e os juros com
segurança

Entidades governamentais Análise da situação econômico-financeira,


produtividade, lucro tributável

Empregados em geral Fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons


aumentos ou manutenção de salários, com
segurança; liquidez; Participação nos lucros.

Média de alta administração Retorno sobre o ativo e sobre o patrimônio líquido;


situação de liquidez, etc.

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A figura a seguir resume quais são os usuários da Contabilidade:

USUÁRIOS DA CONTABILIDADE

Fornecedore
s

Investidore Bancos
s

Funcionário
s Sindicato
EMPRESA

Órgãos de
Concorrentes
Classe

Governo Outros

2.5 Origem da Contabilidade


No texto Nossa Herança Oriental, Will Durant (Durant, Record, 1963) cita:
“As contas foram provavelmente uma das mais antigas formas de
linguagem... . O ato de contar nasceu dos dedos, e daí o sistema
decimal. As contas provavelmente precedem a linguagem escrita,
a matemática, a física e talvez até a linguagem falada nos termos
que a conhecemos hoje.”.
Ainda no mesmo texto, no capítulo "Os Começos Pré–históricos da
Civilização", são mencionados os primeiros símbolos gráficos encontrados há 7.000
anos :
“Os mais velhos símbolos gráficos são os que Petrie encontrou nos
vasos e pedras dos túmulos pré-históricos do Egito, da Espanha e
do Oriente Próximo, aos quais ele dá idade de 7.000 anos. Esta
Sinária Mediterrânea compunha-se de 300 sinais, em sua maioria
os mesmos em todas as localidades, indicando obrigações
comerciais de uma extremidade à outra do Mediterrâneo, por volta
de 5.000 anos a.C. Não passavam de marcas mercantis de
propriedades, de quantidades e outras;"
Embora tenha a sua origem perdida em tempos remotos, a contabilidade começou
a tomar corpo no século XIII na Itália e tem a sua primeira divulgação na metade do

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século XV através da obra do Frei Luca Pacioli, intitulada "Tractatus de Computis et


Scripturis”.
Essa obra contém uma seção sobre registros contábeis segundo o método das
partidas dobradas. Embora Luca Pacioli não tenha sido o criador do método das partidas
dobradas, seu trabalho muito contribuiu para a sua difusão em toda a Europa.
Nos séculos XVI e XVII, vários autores publicaram trabalhos descrevendo o método
de maneira similar ao apresentado por Luca Pacioli.
O método das partidas dobradas, evidentemente, teve maior uso e
desenvolvimento à medida que o comércio, o crédito e as sociedades cresciam.
Apesar de o método italiano ser à base do método atual, convém ressaltar quatro
diferenças entre a contabilidade de hoje e a da época de Luca Pacioli. São elas:
O sistema contábil anterior visava informar apenas o proprietário.
No século XVI, os ativos e passivos do proprietário e do negócio se confundiam.
Não existia a idéia de período contábil nem de continuidade.
Inexistia um denominador comum monetário.
Inicialmente, durante o século XVI, o objetivo mais importante da contabilidade era
gerar informações úteis aos proprietários - nas palavras de Pacioli: "dar ao empresário
informações sobre seus ativos e exigibilidades". Ela fornecia, também, uma base para a
garantia de empréstimos; assim, a contabilidade tinha sua divulgação muito restrita e
obviamente, não havia pressões externas para estabelecer critérios definidos para a
apresentação de relatórios.
A segunda característica, relacionada com a primeira, era a mistura dos direitos e
obrigações do proprietário com os direitos e obrigações do negócio ou da empresa.
Todavia, existiam algumas evidências da separação e mesmo, embora não
freqüentemente, alguns casos de contabilidade separada, uma para o negócio e outra
para o proprietário.
A terceira característica consistia na falta do conceito de período contábil ou de
continuidade da empresa. Isso ocorria devido ao fato de a maior parte dos
empreendimentos comerciais terem um prazo de vida limitado. Assim, o lucro era
calculado no momento em que a empresa atingia o objetivo para o qual foi criada.
Sem o conceito de exercício contábil, não havia a necessidade de depreciação, de
provisionamento, de diferimento de encargos etc.
Finalmente, a quarta característica era a inexistência de um padrão monetário
único que possibilitasse trazer todos os ativos e passivos a um denominador comum. O
método das partidas dobradas exige a mensuração dos fatos contábeis em moeda para
que possa ser praticado. Entretanto, com várias moedas, ele era no mínimo de difícil
manejo. Como conseqüência, os relatórios deviam ser extremamente
detalhados - inventários eram descritos em relação ao peso, ao tamanho ou à medida, ao
preço e, ainda, com respeito à moeda em que foi adquirido.

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2.5.1 Evolução

Com a sofisticação do comércio e o seu desenvolvimento em outras partes da terra,


o método contábil evoluiu consideravelmente e passou a sofrer influências de outros
profissionais da contabilidade com problemas e objetivos diferentes daqueles já
constantes da escola italiana. Essa mudança representa, em linhas simplificadas, a
decadência da escola italiana e ascensão da escola inglesa, fato que ocorreu a partir da
revolução industrial, ocorrida na Inglaterra no século XVIII.
A partir desse momento e até os dias atuais, processa-se um grande crescimento
da atividade industrial, que atrai investidores e banqueiros, fazendo crescer
continuamente a necessidade de fornecer informações confiáveis e úteis para os novos
usuários.
Os problemas ocorridos nos Estados Unidos durante a crise econômica de 1929 a
1932 influíram de maneira significativa no fortalecimento da contabilidade como sistema
de informações dos negócios, provocando a ascensão da escola norte-americana através
do seu órgão mais notório, o American Institute of Certified Public Accountants - AICPA.
A contabilidade foi influenciada, também, por mudanças na economia e,
principalmente, pela mudança dos objetivos e usos da informação contábil. Essa
informação, que era dirigida apenas para o empresário, passou a ser requerida pelos
investidores, credores e o próprio governo.
O desenvolvimento industrial trouxe consigo a necessidade de possuir ativos fixos
de alto valor monetário, o que fez com que o custo de produção fosse a grande parte
relacionado com o desgaste do ativo fixo e com os métodos de custeio.
Como resposta a essa nova situação, a contabilidade desenvolveu o conceito de
depreciação e, também, a contabilidade de custos, cujo objetivo principal era apurar o
custo dos produtos fabricados pelas indústrias manufatureiras.
A sofisticação institucional da economia criou usuários externos da informação
contábil. Como resposta, a contabilidade criou relatórios contábeis mais ou menos
padronizados e estabeleceu critérios uniformes de avaliação e divulgação dos elementos
patrimoniais.
O imposto de renda, em todas as nações, também influenciou substancialmente a
contabilidade e mesmo criou (ou institucionalizou) alguns procedimentos contábeis que
contribuíram para a formulação de uma teoria contábil.
A contabilidade hoje já possui um corpo teórico e um conjunto de convenções,
princípios e procedimentos derivados de necessidades diversas. Em muitos países
desenvolvidos, esse corpo vem se formando através de juntas, associações de
profissionais independentes e outros órgãos encarregados de adaptar a contabilidade a
uma economia complexa e, sobretudo, extremamente dinâmica.
Como não poderia deixar de ser, no Brasil, a primeira menção oficial à escrituração
e relatórios contábeis foi emitida pelo governo de D. João VI em 1.808, que orientava a
Colônia Brasil para que a Fazenda seguisse a prática semelhante aos países mais
adiantados da época, ou seja, determinava a aplicação do método das partidas dobradas
conforme rezava o texto da carta:

Contabilidade Financeira
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“Para que o método de escrituração e fórmulas de contabilidade de


minha Real Fazenda não fique arbitrário à maneira de pensar de
cada um dos contadores gerais, que sou servido criar para o
referido Erário: ordeno que a escrituração seja mercantil, por
partidas dobradas, por ser a única seguida pelas nações mais
civilizadas, assim pela sua brevidade, para o manejo de grandes
somas como por ser mais clara e a que menos lugar dá a erros e
subterfúgios, onde se esconde a malícia e a fraude dos
prevaricadores.”
No Brasil, a contabilidade foi demasiadamente influenciada por órgãos
governamentais voltados principalmente para a arrecadação de tributos. A influência do
fisco foi reduzida com a imposição de normas contábeis pelo Banco Central do Brasil às
companhias de capital aberto. Isso foi feito através da Resolução no. 220 e Circular
no. 179, de 1972, que, embora representem um marco em nossa história contábil,
alcançavam apenas algumas empresas.
O maior avanço contábil, no Brasil, ocorreu com a Lei no. 6.404/76, que, além de
estabelecer normas contábeis detalhadas, fez uma separação entre a contabilidade para
efeitos comerciais e aquela para efeitos fiscais. De fato, podemos dizer que a
contabilidade valorizou-se como atividade a partir da Lei no. 6.404/76, quando passou a
ser efetuada tendo em vista objetivos mais amplos do que o mero atendimento às
exigências fiscais.
Embora essa evolução tenha sido proporcionada por órgãos governamentais, no
Brasil, é o Instituto Brasileiro de Contadores - IBRACON, por delegação expressa do
Conselho Federal de Contabilidade, o encarregado de codificar e estabelecer normas
contábeis a serem seguidas pelas empresas.
Em 28 de dezembro de 2007, a lei nº 11.638 foi sancionada, alterando a Lei das
sociedades por ações n º 6.404/76 (deve-se observar que a Lei das S.A. foi alterada e
não revogada).
A referida legislação passou a entrar em vigor a partir do dia primeiro de 2008, e
entre diversas modificações na estrutura contábil brasileira, tem como fator relevante a
instrução para que a legislação brasileira esteja de acordo com as normas internacionais,
conforme seu art. 177:
“§ 5º As normas expedidas pela comissão de Valores Mobiliários a
que se refere o § 3 º deste artigo deverão ser elaboradas em
consonância com os padrões internacionais de contabilidade
adotados nos principais mercados de valores imobiliários.”
No caso, os padrões internacionais citados na legislação são as chamadas IFRS
(International Financial Reporting Standards), emitidas pelo IASB (International
Accounting Standards Board), as quais são já são utilizadas como padrão contábil em
diversas partes do mundo, tais como a União Européia e diversos outros países.

Contabilidade Financeira
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2.6 Sistema Convencional de Informações

Usuários Externos

 Acionistas
 Governo
 Clientes
 Fornecedores

Informar
Registrar
Organizar  Demonstrações Financeiras
Conferir
Coletar  Relatórios financeiros
Conciliar
Classificar

Usuários Internos
 Alta administração
 Gerência
 Supervisão

Qualquer empresa em seu dia-a-dia realiza uma série de operações visando


conseguir os seus objetivos. Estas podem ser dos mais diversos tipos, tais como captar
ou investir recursos, estocar, comprar, vender, receber, etc., sendo chamadas de “Fatos
Administrativos”.
A Contabilidade é responsável por identificar estes fatos administrativos e realizar
o processamento das informações. Deve-se observar que este processo contábil para ser
adequado, deve necessariamente respeitar uma série de regras e procedimentos, que
definem e delimitam a forma como os registros devem ser realizados, tais como os
Pressupostos Básicos da Contabilidade e o método das partidas dobradas.
Este processo de informações é registrado em um livro contábil chamado Diário,
onde todas as operações realizadas pela empresa são armazenadas, possibilitando a
verificação das ações realizadas, tais como auditorias.
No Diário, cada uma das contas utilizadas pela contabilidade são organizadas e
todas as suas movimentações registradas, em ordem cronológica. É comum que no dia-
a-dia seja necessário a consulta de uma pequena parte das informações armazenadas, o
Diário, tais como a relação de baixas de duplicatas a receber de um determinado dia.

Contabilidade Financeira
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Neste caso, há a possibilidade de se emitir um outro relatório contendo pequenas partes


das informações, chamado Razão.
A saída do processamento contábil é a emissão dos diversos relatórios contábeis,
entre eles o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício. Estes
relatórios podem ser legais (obrigatórios) ou mesmo gerencias (desenvolvidos com o
objetivo de atender demandas internas de informações). Uma vez concluída a geração
dos relatórios contábeis os mesmos são analisados pelos gestores, sendo a que a sua
análise pode identificar situações que acabem fazendo com que a atuação da empresa
seja modificada, seja pela observação de problemas no andamento dos negócios ou
mesmo através da descoberta de novas oportunidades que possam ser aproveitadas.
Os demonstrativos contábeis gerados a partir da contabilidade, como vimos, possui
todas as informações necessárias à empresa. Conhecendo a amplitude de cada
demonstrativo, assim como sua aplicabilidade, sabe-se onde procurar respostas para as
questões surgidas no dia a dia das empresas.
Segundo Henry Fayol a contabilidade “Constitui o órgão de visão das empresas.
Deve revelar, a qualquer momento, a posição e o rumo do negócio. Deve dar
informações exatas, claras e precisas sobre a situação econômica da empresa.”

2.7 Sistema Informações Contábeis

Princípios
Fundamentais BP
Captar Método das DRE
Investir Partidas dobradas E
Estocar
OUTROS
Comprar
PROCESSAMENTO
Receber
Gastar
Pagar Registrar no
Diário e Razão
ETC. ANÁLISE
Apurar saldo

feedback
Este processo contábil, descrito na figura acima, é cada vez mais complexo e
trabalhoso conforme a complexidade e tamanho da entidade que se esteja analisando.
No entanto, atualmente a grande maioria das empresas de médio porte e a totalidade

Contabilidade Financeira
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das empresas de grande porte, utiliza sistemas integrados para dar suporte à realização
deste processo de forma eficiente e adequada.
Hoje em dia, a responsabilidade de realização do processamento contábil não esta
concentrado na figura apenas do contador, pois com a utilização dos sistemas integrados,
os registros contábeis vão sendo realizados conforme as operações do dia-a-dia da
empresa vão acontecendo nas áreas responsáveis. Um exemplo disto é o recebimento de
uma matéria-prima adquirida pela empresa. No momento em que a pessoa responsável a
recebe, realiza a conferência, e registra a entrada da nota fiscal no sistema. Neste
momento ele já esta realizando um processo contábil, que irá alimentar as informações
de estoque de matéria-prima, e contas a pagar da empresa, por exemplo.
A partir da tecnologia da informação ficou fácil obter informações atualizadas das
contas controladas pela contabilidade. Os sistemas de contabilidade atualmente são
informatizados e com seus lançamentos instantâneos e descentralizados. A todo
momento chega ao plano de contas da contabilidade informações de todas as partes da
organização atualizando a posição patrimonial. Desta forma as informações geradas pela
contabilidade podem ser utilizadas para a tomada de decisões.
Assim, a organização contábil contemporânea se mostra altamente dependente de
sistemas de informações adequados, e utilizando processos descentralizados de registro
das operações realizadas.
As organizações contábeis modernas se estruturam a partir do esquema abaixo:

Organização contábil contemporânea


Tecnologia da informação
Lançamentos descentralizados e instantâneos

Plano de contas
BP - DRE – Fluxo de Caixa

Relatórios de gestão

Contabilidade Financeira
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2.8 Pronunciamento Conceitual Básico


No dia 11 de janeiro de 2008, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),
aprovou um pronunciamento que define a estrutura conceitual básica para a elaboração
das demonstrações contábeis.
A finalidade desta estrutura conceitual é:

 “dar suporte ao desenvolvimento de novos Pronunciamentos Técnicos e à


revisão de Pronunciamentos existentes quando necessário;”
 “dar suporte aos responsáveis pela elaboração das demonstrações
contábeis na aplicação dos Pronunciamentos Técnicos e no tratamento de
assuntos que ainda não tiveram sido objeto de Pronunciamentos Técnicos;”
 “auxiliar os auditores independentes a formar sua opinião sobre a
conformidade das demonstrações contábeis com os Pronunciamentos
Técnicos;”
 “apoiar os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de
informações nelas contidas, preparadas em conformidade com os
Pronunciamentos Técnicos; e”
 “proporcionar, àqueles interessados, informações sobre o enfoque adotado
na formulação dos Pronunciamentos Técnicos.”

A seguir serão apresentados os Pressupostos Básicos, as Características


Qualitativas das Demonstrações Contábeis e as Limitações na Relevância e na
Confiabilidade das Informações aprovadas neste pronunciamento:
 Pressupostos Básicos:
o Regime de Competência: “A fim de atingir seus objetivos, demonstrações
contábeis são preparadas conforme o regime contábil de competência. Segundo esse
regime, os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando
ocorrem (e não quando caixa ou outros recursos financeiros são recebidos ou pagos)
e são lançados nos registros contábeis e reportados nas demonstrações contábeis
dos períodos a que se referem. As demonstrações contábeis preparadas pelo regime
de competência informam aos usuários não somente sobre transações passadas
envolvendo o pagamento e recebimento de caixa ou outros recursos financeiros, mas
também sobre obrigações de pagamento no futuro e sobre recursos que serão
recebidos no futuro”

o Continuidade: “As demonstrações contábeis são normalmente preparadas no


pressuposto de que a entidade continuará em operação no futuro previsível. Dessa
forma, presume-se que a entidade não tem a intenção nem a necessidade de entrar
em liquidação, nem reduzir materialmente a escala das suas operações; se tal
intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis terão que ser
preparadas numa base diferente e, nesse caso, tal base deverá ser divulgada.”

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 Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis: As características


qualitativas são os atributos que tornam as demonstrações contábeis úteis
para os usuários.

o Compreensibilidade: “Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas


demonstrações contábeis é que elas sejam prontamente entendidas pelos usuários.”

o Relevância: “Para serem úteis, as informações devem ser relevantes às


necessidades dos usuários na tomada de decisões. As informações são relevantes
quando podem influenciar as decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a
avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros ou confirmando ou
corrigindo as suas avaliações anteriores.”

o Materialidade: “Uma informação é material se a sua omissão ou distorção puder


influenciar as decisões econômicas dos usuários, tomadas com base nas
demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou do erro,
julgado nas circunstâncias específicas de sua omissão ou distorção.”

o Confiabilidade: “Para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, deve estar
livre de erros ou vieses relevantes e representar adequadamente aquilo que se
propõe a representar”

o Representação adequada: “Para ser confiável, a informação deve representar


adequadamente as transações e outros eventos que ela diz representar.”

o Primazia da Essência sobre a Forma: “Para que a informação represente


adequadamente as transações e outros eventos que ela se propõe a representar, é
necessário que essas transações e eventos sejam contabilizados e apresentados de
acordo com a sua substância e realidade econômica, e não meramente sua forma
legal.”

o Neutralidade: “Para ser confiável, a informação contida nas demonstrações


contábeis deve ser neutra, isto é, imparcial.”

o Prudência: “Prudência consiste no emprego de um certo grau de precaução no


exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de
incerteza, no sentido de que ativos ou receitas não sejam superestimados e que
passivos ou despesas não sejam subestimados.”

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o Integridade: “Para ser confiável, a informação constante das demonstrações


contábeis deve ser completa, dentro dos limites de materialidade e custo. Uma
omissão pode tornar a informação falsa ou distorcida e, portanto, não-confiável e
deficiente em termos de sua relevância.”

o Comparabilidade: “Os usuários devem poder comparar as demonstrações


contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências na sua
posição patrimonial e financeira e no seu desempenho.”

 Limitações na Relevância e na Confiabilidade das Informações

o Tempestividade: “Quando há demora indevida na divulgação de uma informação, é


possível que ela perca a relevância. A Administração da entidade necessita ponderar
os méritos relativos entre a tempestividade da divulgação e a confiabilidade da
informação fornecida. Para fornecer uma informação na época oportuna pode ser
necessário divulgá-la antes que todos os aspectos de uma transação ou evento
sejam conhecidos, prejudicando assim a sua confiabilidade. Por outro lado, se para
divulgar a informação a entidade aguardar até que todos os aspectos se tornem
conhecidos, a informação pode ser altamente confiável, porém de pouca utilidade
para os usuários que tenham tido necessidade de tomar decisões nesse ínterim. Para
atingir o adequado equilíbrio entre a relevância e a confiabilidade, o princípio básico
consiste em identificar qual a melhor forma para satisfazer as necessidades do
processo de decisão econômica dos usuários.”

o Equilíbrio entre Custo e Benefício: “O equilíbrio entre o custo e o benefício é uma


limitação de ordem prática, ao invés de uma característica qualitativa. Os benefícios
decorrentes da informação devem exceder o custo de produzi-la.”

o Equilíbrio entre Características Qualitativas: “Na prática, é freqüentemente


necessário um balanceamento entre as características qualitativas. Geralmente, o
objetivo é atingir um equilíbrio apropriado entre as características, a fim de
satisfazer aos objetivos das demonstrações contábeis. A importância relativa das
características em diferentes casos é uma questão de julgamento profissional.”

A aplicação de forma adequada do conjunto de conceitos apresentados acima


deve fazer com que os relatórios contábeis apresentem informações verdadeiras e
apropriadas da posição patrimonial e financeira da empresa.

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3. BALANÇO PATRIMONIAL
O Balanço Patrimonial tem a função de refletir a posição financeira de uma
empresa em determinado momento. Deve-se observar que este relatório apresenta uma
posição estática da empresa, sendo em qualquer momento após o seu encerramento, a
sua informação pode ser alterada, visto que outras operações podem ter sido
registradas, tais como novas vendas, recebimentos, pagamentos, etc.

3.1 Estrutura Básica


O Balanço Patrimonial é composto basicamente por três partes principais, sendo
elas o Ativo, o Passivo e Patrimônio Líquido.
Este relatório pode ser graficamente apresentado na estrutura abaixo, onde se
observa um grande grupo do lado esquerdo, chamado de Ativo e outro do lado direito
com uma separação entre Passivo e Patrimônio Líquido.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Lado Esquerdo Lado Direito

Outra característica a ser observada, é que cada uma das partes apresentadas
deste relatório é composto por diversas contas que são criadas conforme as necessidades
de registros das operações da empresa. Estas contas estão organizadas de acordo com o
seu grau de liquidez (velocidade de se transformarem em dinheiro) e exigibilidade (prazo
de exigência de pagamento).

3.1.1 Definição de Ativo

Para algo ser considerado como ativo, deve preencher uma série de requisitos.
O primeiro deles é ser um Bem ou Direito da empresa. Assim, uma dívida que a
empresa possua, em nenhum momento pode ser considerada um ativo. Os bens ainda
podem ser divididos em outros subgrupos de características semelhantes, tais como
Tangíveis (que são físicos, exemplo: Computadores) ou Intangíveis (que não são físicos,
exemplo: Marca); além disso, podem ser classificados como Móveis (que podem ser
movimentados, exemplo: Cadeira) ou Imóveis (que não podem ser movimentados,
exemplo: Terreno).
A segunda característica que define um ativo é ser controlado pela entidade.
Somente é considerado como um ativo da empresa aquilo que efetivamente ela tenha o
controle. Deve-se ressaltar que este conceito se sobrepõe ao de propriedade, uma vez
que podem existir situações onde a empresa formalmente não seja proprietária de um
bem, mas que efetivamente tenha o controle sobre o mesmo. Nestas situações, deve-se
prevalecer o conceito da essência sobre a forma, ou seja, a contabilidade deve registrar o
fato tal como ele é, mesmo que este se apresente de forma diferenciada ao contrato
(forma). Podem-se citar como exemplos desta situação, algumas empresas aéreas, as
quais comumente adquirem aviões utilizando financiamento por um mecanismo

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financeiro chamado de leasing. O leasing, em sua forma, é um contrato de aluguel,


sendo a propriedade do bem pertencente à instituição financeira arrendadora e não
especificamente à empresa aérea. Esta situação pode gerar uma distorção nas
informações contábeis apresentadas pelas empresas, uma vez que se poderiam
encontrar empresas aéreas sem aviões. Sendo assim, prevalecendo-se o conceito da
essência sobre a forma, a contabilidade registra o avião arrendado como ativo da
empresa aérea independentemente da natureza jurídica do contrato.
Além das características anteriores, deve também, necessariamente, ter Valor
Objetivo, ou seja, haver a possibilidade de ser avaliado em dinheiro. A Contabilidade
registra atos e fatos financeiros, e se alguma coisa não tiver a possibilidade de ser
mensurada financeiramente, não pode ser registrado como ativo.
A última característica que define o conceito de ativo é o fato de que os ativos
devem trazer benefícios presentes ou futuros para a empresa. Um computador que tenha
sofrido um problema elétrico e que não tenha mais uso, não irá trazer mais benefícios
para a empresa tanto no momento atual, quanto no futuro. Assim, este equipamento,
que antes era classificado como ativo, deve ser baixado, não devendo mais ser
considerado como tal.

3.1.2 Definição de Passivo e Patrimônio Líquido

A estrutura do Balanço Patrimonial do Brasil apresenta todo o lado direito do


relatório como “Passivo”. Na verdade, neste lado existem dois grupos, chamados de
Passivo Exigível e Patrimônio Líquido, os quais têm características diferentes.
 Passivo Exigível
O grupo do passivo Exigível contém todas as obrigações (dívidas) que a empresa
tem com terceiros, tais como, contas a pagar, fornecedores, empréstimos, etc.
Uma característica muito importante deste grupo, é que os valores que estão nele
registrados, em algum momento deverão ser pagos, ou seja, serão liquidados pela
empresa, mesmo que o período seja bastante distante.
 Patrimônio Líquido
Os valores apresentados no grupo do Patrimônio Líquido representam os recursos
dos proprietários aplicados na empresa. Estes recursos pertencem aos seus sócios, no
entanto, não podem ter a sua devolução exigida, a não ser que a empresa venha a
encerrar as suas atividades e liquide todos os seus compromissos.
Destacam-se neste grupo duas contas, a de Capital, onde são registrados os
valores efetivamente aportados pelos sócios no negócio, e a conta de Lucros/Prejuízos
Acumulados. Esta última tem uma característica diferenciada das outras deste grupo,
pois ela registra o lucro das operações da empresa que não foram distribuídos aos sócios.
Neste caso, o lucro é a remuneração do capital investido pelos proprietários, e a eles
pertence, estando apenas temporariamente à disposição da empresa, mas podendo ser
solicitados.
Deve-se observar que, segundo a nova legislação contábil, a conta de Lucros
Acumulados não poderá existir após o encerramento do exercício, permitindo-se apenas
a de Prejuízos Acumulados. Assim, a empresa, deverá destinar o seu lucro para
distribuição, ou para retenção através de criação de reservas ou aumento de capital.

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3.2 O Balanço Patrimonial Segundo Origens e Aplicações de Recursos


Apesar de a Contabilidade ter que respeitar uma série de regras e procedimentos
para que a sua informação seja considerada adequada, o seu objetivo final é sempre
gerar uma informação adequada para os tomadores de decisão. Sendo assim, o seu
produto final deve ser entendido de acordo com uma lógica que permita a sua adequada
interpretação.
Os registros contábeis são realizados de acordo com o método das partidas
dobradas, segundo o qual, toda origem de recurso deverá, necessariamente, possuir uma
aplicação de recursos. Conforme diagrama abaixo:

FLUXO DE RECURSOS DA EMPRESA

Aplicações Origens
(para onde vão os recuros) (de onde vêm os recursos)

Extraído de: Contabilidade Para Executivos, Limeira, A. L. F, et. Al, Ed FGV, 7 Ed.

Seguindo o mesmo raciocínio, pode-se entender o Balanço Patrimonial também


desta forma, onde o passivo representa as origens e o ativo as aplicações, tal como
demonstrado abaixo:

ATIVO PASSIVO

APLICAÇÕES ORIGENS
DE DE
RECURSOS RECURSOS

Ao visualizar o Balanço Patrimonial conforme o diagrama anterior pode-se


observar a estratégia de financiamento das operações adotada pela empresa, seja
através da utilização de capital próprio (Patrimônio Líquido), ou através de uma
combinação com capital de terceiro (Passivo Exigível). Além disso, esta análise permite
identificar o destino dado aos recursos que entraram na empresa, ou seja, de que forma
foram aplicados (estoques, máquinas, aplicações financeiras, etc.).

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3.3 Subdivisões do Balanço Patrimonial


O Balanço Patrimonial além de apresentar a separação de Ativo, Passivo Exigível e
Patrimônio Líquido, é dividido em diversos subgrupos que têm como objetivo fornecer
uma melhor qualidade na informação contábil.
A primeira grande divisão existente no Balanço Patrimonial se refere ao prazo de
liquidação de suas contas, tanto de ativo, quanto de passivo, podendo ser representado
graficamente em duas partes:

ATIVO PASSIVO

CURTO
PRAZO

LONGO
PRAZO

Geralmente se considera como sendo de curto prazo todas as contas que devem
ser liquidadas antes de um ano, e longo prazo aquelas que ultrapassem este período.

3.3.1 Grupos de Contas do Ativo

O primeiro grupo de contas pertencentes ao Ativo é chamado de Circulante. Nele


são encontrados ativos que serão liquidados, ou seja, serão transformados em recursos,
de forma mais rápida (geralmente num período de até um ano).
O segundo grupo é chamado de Ativo Não Circulante, sendo composto pelos
seguintes itens:
1. Realizável a Longo Prazo:
Nele podem-se observar as contas que a empresa tem intenção de transformar em
recursos financeiros, mas que levarão um prazo maior para que aconteça (mais de um
ano).
2. Investimento
Participações em outras empresas que não se destinam à venda, e outras
aplicações que não tem relação com a atividade operacional da empresa. Ex. Ações de
Outras Empresas, Imóveis alugados a terceiros, obras de arte, etc.
Ao registrar neste grupo, as participações em outras empresas, existem duas
metodologias de se avaliar estas aplicações no decorrer do tempo, sendo elas o método
de custo e o de equivalência patrimonial.

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Segundo o método de custo, se mantêm como valor da participação na investida o


custo histórico de aquisição (o valor pago), não sofrendo, desta forma, interferências de
lucros ou prejuízos apurados.
De forma distinta, o método de equivalência patrimonial, irá registrar em seu
balanço em cada período o valor referente à participação percentual no patrimônio
líquido da investida. Assim, sempre o PL da investida sofrer modificações (por lucro ou
prejuízo, por exemplo) o total do investimento da controladora também sofrerá
alterações. Além disso, o valor desta variação será considerado no resultado da
controladora, equilibrando ativo total com passivo total.
3. Imobilizado
Aplicações que tenham por objetivo a atividade operacional da empresa. Ex.
Imóveis de uso, móveis, veículos, máquinas.
Reduzindo este grupo pode existir uma conta chamada depreciação, a qual diminui
o seu valor, representando perda de valor por uso ou obsolescência.
4. Diferido
São as aplicações de recursos em despesas, ou gastos, que contribuem para a
obtenção da receita ou formação do resultado de mais de um exercício social. Ex. Gastos
pré-operacionais, gastos de reorganização, pesquisa.
Observação: Em dezembro de 2008 foi editada uma medida provisória (MP 449/08
que se transformou na lei 11.941/2009), onde se definiu a eliminação deste grupo. No
entanto, as empresas que apresentarem saldos registrados no mesmo, e que não
tenham a possibilidade de reclassificá-los poderão mantê-los até a sua total amortização.
Desta forma, alguns balanços poderão continuar a apresentá-lo durante alguns exercícios
futuros.
5. Intangível
No final de 2007, foi aprovada nova legislação contábil brasileira, a qual tramitava a
sete anos no congresso. As novas normas modificaram alguns pontos da estrutura de
relatórios contábeis. Entre as modificações aprovadas esta a criação de mais um
subgrupo, chamado Intangível. Neste subgrupo são classificados todos aqueles ativos de
uso que são imateriais, tais como marcas, patentes e fundos de comércio.

3.3.2 Grupos de Contas do Passivo e Patrimônio Líquido

Da mesma forma que o Ativo, o Passivo também apresenta suas subdivisões.


A primeira subdivisão é chamada também de Circulante, e apresenta as mesmas
características do Ativo, ou seja, são classificadas as contas que serão liquidadas
rapidamente (até um ano).
A segunda subdivisão é o Passivo Não Circulante. Nele são classificadas todas as
contas que serão liquidadas em períodos mais longos (superiores há um ano)
Por fim, existe o subgrupo do Patrimônio Líquido. A característica deste é que
suas contas não são exigíveis. Ou seja, apesar de pertencerem aos sócios, apenas
poderão ser retidas da empresa após a sua liquidação e encerramento de seus
compromissos.

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Considerando todos os subgrupos descritos anteriormente, pode-se observar o


Balanço Patrimonial com a seguinte estrutura:

ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

Realizável a LP
Investimento
Imobilizado Patrimônio Líquido
Intangível
Diferido

3.3.3 Contas Redutoras do Ativo e Patrimônio Líquido

Nos itens anteriores pôde-se observar que uma forma de compreender a lógica
gerencial do Balanço Patrimonial é através da visualização das origens de recursos
(Passivo + Patrimônio Líquido) e das aplicações de recursos (Ativo).
A conseqüência deste conceito é que neste demonstrativo, tanto origens quanto
aplicações de recursos são visualizadas com valores positivos. No entanto, existem
algumas exceções.
Uma primeira exceção pode ser encontrada no Ativo Circulante, sendo chamada
de Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa ou provisão para devedores
duvidosos (PDD). Em sua operação normal, a maioria das empresas vende pelo menos
uma parte de seus produtos ou serviços a prazo. Também é comum que uma parcela do
total vendido a prazo, não seja recebido conforme acordado. Deve-se ressaltar que a
empresa não sabe quem é o cliente que não irá honrar com seus compromissos, pois se
soubesse antecipadamente não venderia, mas por outro lado, fazendo-se uma análise
histórica das suas operações e das tendências de mercado, pode com certo grau de
segurança encontrar um percentual das vendas que tende a não ser recebido.
Como já explicado, o objetivo da contabilidade é fornecer informações adequadas
para os seus usuários e se ela ignorasse este fato, o resultado seria que as pessoas que
estivessem analisando os seus dados iriam considerar que no futuro entraria no caixa da
empresa um valor maior do que o correto, ou seja, seria feita uma avaliação equivocada
sobre a real situação da empresa.
Desta forma, a contabilidade, tendo identificado a existência de uma parcela que
não será recebida pela empresa, a expõe através da constituição da conta de perdas
estimadas em créditos de liquidação duvidosa, a qual aparece abaixo de Contas a
Receber, mas com seu valor negativo. Assim, se a empresa tem R$ 2 milhões registrados
em Contas a Receber, e apresenta um PDD de R$ 100 mil, logo abaixo, o usuário
imediatamente irá analisar que a empresa, apesar de ter vendido a prazo R$ 2 milhões,
tende a receber conforme acordado com seus clientes apenas R$ 1,9 milhões.

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No grupo do ativo não circulante, podem-se encontrar também algumas contas


redutoras, sendo elas:

 Depreciação: “representa a diminuição do valor de itens classificados no ativo não


circulante, causada por desgaste pelo uso, ação da natureza ou obsolescência
técnica.”
 Amortização: “compreende a importância correspondente à recuperação do capital
aplicado em bens intangíveis, ou dos recursos aplicados em despesas contribuam
para a formação no resultado de mais de um exercício social, a ser lançada com
custo ou encargo, em cada exercício.”
 Exaustão: “é a importância correspondente à diminuição do valor dos recursos
naturais não-renováveis ou exaurimento indeterminável, resultante da sua
exploração, a ser lançada como custo ou encargo, em cada período de apuração, nas
mesmas condições dos cálculos dos encargos de depreciação e amortização,
considerando o custo de aquisição ou prospecção dos recursos explorados.”

As três contas citadas têm o mesmo princípio, ou seja, a redução do valor do


imobilizado, reconhecendo a sua perda, sendo que as mesmas são apresentadas no
grupo do ativo não circulante com seus valores negativos.
No grupo do Patrimônio Líquido, também se pode encontrar uma conta redutora,
no caso a de Prejuízos Acumulados, a qual acumula os resultados negativos do período
contábil atual, bem como de passados.

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3.4 Estruturas do Balanço Patrimonial


De acordo com a lei 6.404/76 atualizada pelas leis 11.638/07 e 11.941/09, o
Balanço Patrimonial deve respeitar a estrutura apresentada na figura abaixo:

Ativo Circulante Passivo Circulante


Disponível Salários
Aplicações financeiras Impostos a recolher
Valores a receber a curto Contas a pagar
prazo Fornecedores
(-) Provisão para
devedores duvidosos Passivo Não
Estoques Circulante
Despesas antecipadas Financiamento a Longo
Prazo
Ativo Não
Circulante PATRIMÔNIO
Ativo Realizável a Longo LÍQUIDO
Prazo Capital social
Valores a receber a Longo (-) Capital a Realizar
Prazo (-) Ações em tesouraria
Investimentos Reservas de lucros
Imobilizado (-) Prejuízos acumulados

Deve-se observar que este modelo de Balanço Patrimonial inclui as alterações


incluídas na lei 11.941/09.
Segundo esta medida criou-se o agrupamento “Ativo Não Circulante”, o qual
compõem os grupos do Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e
Intangível, e no passivo o “Passivo Não Circulante”.
Outro fato a ser observado nesta Lei é que a mesma determinou a eliminação do
grupo de Diferido, o qual era encontrado no permanente. No entanto, algumas
publicações ainda podem ser realizadas com esta antiga classificação, nas situações em
que os saldos das contas anteriormente existentes, não possam ser reclassificados.
De qualquer maneira, a estrutura acima apresenta nova estrutura de Balanço
Patrimonial a ser adotada pelas empresas.

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3.5 Movimentações no Balanço Patrimonial


Como citado anteriormente, o Balanço Patrimonial apresenta uma posição
financeira da empresa em determinado momento, mas para que isso aconteça, a
contabilidade tem que registrar todos os eventos de forma sistêmica e ordenada.
As movimentações que ocorrem no Balanço Patrimonial, sempre têm duas
posições, que podem ser entendidas como origens e aplicações de recursos.
Assim, uma situação que pode ser citada é o início da operação de uma empresa.
Em geral, um negócio tem a sua criação através dos sócios realizando a sua aplicação
inicial, sendo que estes recursos passam a incorporar o caixa da empresa. Estes
recursos, conforme já explicado anteriormente, são registrado na conta capital. Assim, o
balanço patrimonial de uma empresa se apresentaria da seguinte forma:
Ativo Passivo
Circulante Circulante

Caixa 20.000

Patrimonio Líquido

Capital 20.000

Total 20.000 Total 20.000

Após a abertura, a empresa efetivamente inicia as suas operações. Tomemos


como exemplo, a situação da empresa decidindo a compra R$ 10.000 em estoque,
pagando a vista Esta ação irá gerar um aumento de R$ 10.000 na conta estoque, e uma
diminuição do mesmo valor da conta caixa, pois houve o pagamento a vista.
Após a aquisição do estoque a vista, a sua nova estrutura se apresentaria da
seguinte maneira:

Ativo Passivo
Circulante Circulante

Caixa 10.000
Estoque 10.000

Patrimonio Líquido

Capital 20.000

Total 20.000 Total 20.000

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Deve-se observar que, neste caso, a origem de recursos foi a conta caixa (de
onde vieram os recursos) e a aplicação foi a conta estoque (para onde foram os
recursos).
Caso a compra fosse realizada a prazo, ao invés de haver uma diminuição do
caixa, ocorreria um aumento na conta de passivo Fornecedores, sendo que a estrutura
do balanço patrimonial ficaria da seguinte maneira:

Ativo Passivo
Circulante Circulante

Caixa 20.000 Fornecedores 10.000


Estoque 10.000

Patrimonio Líquido

Capital 20.000

Total 30.000 Total 30.000

Nesta situação, a origem dos recursos para a aquisição do estoque foi a conta
Fornecedores. Um fato que deve ser notado é que, com esta operação, o total do ativo e
passivo aumentou, pois a empresa passou a ter duas fontes de recursos (capital e
fornecedores) e duas aplicações (Caixa e Estoques).
Como se pode observar pelos exemplos anteriores, na contabilidade não existe
um lançamento único. Sempre que algum evento gera alguma movimentação em uma
conta específica, haverá necessariamente, que existir o correspondente em outra, ou
outras.
Assim. Derivada da lógica de movimentação apresentada pode-se observar a
equação patrimonial:
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
Desta forma, em hipótese alguma o total do Ativo poderá ser diferente do total do
Passivo (Passivo Exigível + Patrimônio Líquido).

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3.6 Situações Patrimoniais


Conforme demonstrado nos itens anteriores, o total do ativo não pode ser
diferente do total do passivo. No entanto, algumas empresas podem apresentar prejuízo,
o qual é registrado na conta de prejuízos acumulados.
A existência de prejuízos acumulados faz com que o Patrimônio Líquido da
empresa diminua, mas não altera a igualdade entre ativo e passivo.
No entanto, a possibilidade de diminuição do Patrimônio Líquido pode fazer com
que uma empresa possa apresentar três estruturas:

1. Patrimônio Líquido > 0: situação mais comum, e a observada


principalmente no momento de constituição de uma empresa e representa
a situação regular das empresas;
2. Patrimônio Líquido = 0: situação em que prejuízos consecutivos foram
se acumulando e acabaram zerando o valor do Patrimônio Líquido, sendo
que a empresa estaria financiando integralmente o seu Ativo (aplicação de
recursos) com capital de terceiros;
3. Patrimônio Líquido < 0: situação em que os prejuízos acumulados
superaram o valor do Patrimônio Líquido. A empresa nesta situação, além
de estar financiando integralmente o seu ativo (aplicação de recursos) com
capital de terceiros também dependeria do mesmo para cobrir os prejuízos
acumulados em sua operação.

3.7 Exercício Social e Ciclo Operacional


O exercício social é o período fixado em lei (Art.175 Lei 6.404/76) ao término do
qual a empresa deve elaborar demonstrações contábeis. De acordo com a lei das
sociedades por ações, devem ser observadas as seguintes regras:
(a) O exercício social terá duração de doze meses. Os únicos exercícios sociais que
poderão fugir a essa regra são aqueles em que ocorrer a constituição da
empresa ou em que for modificada a data de encerramento do exercício.
(b) Nas empresas que tiverem o ciclo operacional superior a um exercício, a
classificação dos ativos e passivos no circulante ou não circulante poderá ter por
base esse ciclo.

Ciclo operacional é o intervalo de tempo compreendido entre a aplicação de recursos na


produção dos bens ou serviços e o recebimento do numerário pela entrega destes.

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4. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Antes de se iniciar o estudo da Demonstração do Resultado do Exercício, alguns
conceitos devem ser observados para facilitar a sua compreensão.
No dia-a-dia de qualquer negócio, uma série de pagamentos é realizada com as
mais diversas finalidades. Qualquer pagamento realizado por uma empresa pode ser
chamado de Gasto.
Uma das formas de se classificar os diversos tipos de gastos é como Custos,
Despesas ou Perdas.
Custos podem ser entendidos como sendo todos os gastos diretamente
relacionados com o produto ou serviço prestado. O custo tem como característica
possibilitar a sua identificação na composição do produto.
Como exemplo, considere uma cadeira. Neste produto pode-se dizer quanto de
madeira, plástico, metal, tinta e horas trabalhadas de pessoal de produção foram
consumidos para se montar um exemplar. Ou seja, todos estes itens são claramente
identificados no produto, sendo considerados, portanto, custos.
De outra forma, as despesas, apesar de também serem gastos da empresa não
são diretamente relacionados ao produto. Por exemplo, não é possível dizer quanto do
aluguel do escritório da administração foi utilizado para montar uma cadeira ou quanto
do valor gasto com um comercial veiculado na televisão pertence ao mesmo produto.
Todos os gastos que têm estas características são considerados como despesas.
Por fim, deve-se distinguir conceitualmente custos de perdas. Um gasto deve ser
considerado como perda quando é imprevisível e aleatório. Se uma quantidade de
matéria-prima ao ser colocada em produção é descartada devido a algum erro ou falha
de operação, por exemplo, sendo este fato não previsto antecipadamente e não devendo
se repetir no futuro, esta quantidade deve ser considerada como perda. Por outro lado,
se uma matéria-prima é colocada em produção e uma parte da mesma é constantemente
descartada, mas este efeito já é esperado antecipadamente, esta parcela faz parte da
composição do produto. Neste caso se considera que não seria possível fabricar o
produto sem descartar a referida quantidade. Sendo assim, esta parcela deve ser
considerada como custo do produto.
O objetivo da demonstração de resultado do exercício é organização as
informações sobre o lucro ou prejuízo de uma empresa de forma que o usuário da
informação seja capaz de avaliar a atuação da empresa e visualizar a sua operação
futura. Considerando este segundo objetivo, se faz necessário que seja possível separar
os resultados atingidos com base em operações que a empresa continuará a executar e
aqueles originados de fatos que não mais irão se repetir.
Estes casos são chamados de operações continuadas e não continuadas. Segundo
o CPC 3, a entidade deve apresentar e divulgar informações que permitam aos usuários
das demonstrações contábeis avaliarem os efeitos financeiros das operações
descontinuadas e das baixas de ativos não circulantes mantidos para venda.

Contabilidade Financeira
33

Uma operação descontinuada é um componente da entidade que foi baixado ou


está classificado como mantido para venda e:

(a) representa uma importante linha separada de negócios ou área geográfica de


operações;
(b) é parte integrante de um único plano coordenado para venda de uma importante
linha separada de negócios ou área geográfica de operações; ou
(c) é uma controlada adquirida exclusivamente com o objetivo da revenda.

4.1 Demonstração Dedutiva


Diferentemente do Balanço Patrimonial, este relatório fornece um sumário de
receitas e despesas de todo um período, e não uma situação estática em determinado
momento. A função deste relatório é apurar o lucro ou prejuízo do exercício, através da
diferença entre as receitas auferidas e os seus custos e despesas correspondentes.
A Demonstração de Resultado do Exercício pode ser visualizada de uma forma
simples, como sendo a sumarização de Receitas e Despesas realizadas em determinado
período, conforme diagrama abaixo:

DRE ( Simples )

Receita
(-) Despesa
Lucro ou prejuízo

Antes de ser apresentado o detalhamento de uma Demonstração de Resultado do


Exercício, deve-se compreender o comportamento do fluxo financeiro e as suas
características contábeis. Tome-se como exemplo uma empresa industrial.
Como se sabe, uma empresa pode realizar diversos tipos de gastos. Uma parte
destes gastos é destinada a elaboração de seus produtos, sendo, portanto considerados
como custo.
Os custos de produção podem ser diretos ou indiretos. A diferença entre os custos
diretos esta no fato de que estes necessitam de alguma medida de apropriação,
chamadas de rateio para serem relacionadas aos produtos. Um exemplo a ser
considerado seria o salário de um supervisor de produção que tenha sobre sua
responsabilidade diversas linhas de produtos simultaneamente. É fato que os gastos com
seu salário são custos de produção, mas para dizer quanto dos mesmos pertencem a
cada unidade produzida, deve-se utilizar algum tipo de medida, tal como a divisão do
valor pela quantidade produzida total, ou a área ocupada por cada linha, entre outras.
Neste caso, este gasto é considerado indireto, diferentemente dos gastos com matéria-
prima, por exemplo, que são prontamente identificados nos produtos em tipo e
quantidade. O grande problema para a apuração adequada de custos de produtos se

Contabilidade Financeira
34

encontra nos custos indiretos, pois, a cada medida utilizada para realizar o rateio pode-
se encontrar valores finais diferentes.
Os custos de produção independentemente de sua natureza são incorporados aos
produtos. Deve-se ressaltar que antes de se calcular qualquer resultado (lucro ou
prejuízo) os produtos devem ser vendidos. Se não houver venda, não pode haver
resultado. Por outro lado, os custos ocorrem antes da venda. Sendo assim, todos os
custos de produção antes de serem incorporados ao resultado devem necessariamente
ser acumulados na conta estoque e somente após efetivação da venda é que o seu valor
registrado é transferido como custo para a apuração do resultado da operação.
Outros gastos realizados pela empresa são considerados como despesa tais como
os administrativos ou os comerciais. Estes são normalmente consideradas diretamente
na apuração do resultado do exercício.
Acrescentando-se neste diagrama a receita das vendas realizadas, pode-se
finalmente encontrar o finalmente o lucro das operações do período, conforme o
diagrama abaixo.

Gastos

Custos

Indiretos Diretos (+) Receita

Estoque (-) CPV


Apropriações

Produto A (-) Despesas

Produto B
(=) Resultado

Produto C

Contabilidade Financeira
35

4.2 Regimes Contábeis


Para que sejam apurados os resultados, a contabilidade utiliza dois regimes
diferentes: o Financeiro e o Econômico.

4.2.1 Regime Financeiro (ou Regime de Caixa)

Neste regime o resultado pode ser obtido pela Demonstração do Fluxo de Caixa.
Para melhor entendimento observe o exemplo:
A Cia RW teve como entrada de caixa em Dezembro $ 150.000, proveniente de
Receita (Vendas) recebida. Ainda no mês de Dezembro a mesma Cia RW pagou despesas
com salários no valor de $ 100.000. Temos, portanto: 150.000 – 100.000 = 50.000, um
resultado financeiro positivo, já que houve uma sobra financeira, há efetivamente $
50.000 de dinheiro em caixa.

Temos a seguinte Demonstração do Fluxo de Caixa:

Demonstração de Fluxo de Caixa – Dezembro

Cia RW

Receita Recebida no mês $ 150.000


(-) Despesas com Salários Pagas no mês ($ 100.000)

Lucro Financeiro (Acréscimo de Caixa) $ 50.000

4.2.2 Regime Econômico (ou Regime de Competência)

Há de se ressaltar que numa empresa podem existir receitas que ainda não foram
recebidas, bem como despesas que ainda não foram pagas. Esses fatos não afetam o
caixa da empresa imediatamente, sendo necessária uma apuração do resultado
econômico.
A depreciação de um bem não demanda desembolso de caixa, mas constitui-
se de um elemento importantíssimo para apuração do resultado. Se não levarmos em
conta a depreciação de uma máquina, por exemplo, em alguns anos ela perderá sua
capacidade de trazer benefícios, e todo o resultado, apurado apenas financeiramente,
será incorreto, pois não consideramos o sacrifício mensal deste bem para a obtenção do
Resultado.

Contabilidade Financeira
36

Veremos o exemplo da Cia RW, agora considerando a depreciação de suas máquinas no


mês de Dezembro ($ 80.000), e apurando o resultado através da Demonstração do
Resultado do Exercício:

Demonstração do Resultado do Exercício – Dezembro

Cia RW

Receita Gerada $ 150.000


(-) Despesas com Salários ($ 100.000)
(-) Despesas com Depreciação ($ 80.000)

Prejuízo Econômico ($ 30.000)

4.2.3 Comparação dos Resultados

Se do ponto de vista financeiro há um resultado financeiro positivo, do


econômico apuramos um prejuízo (resultado econômico negativo). Mesmo havendo sobra
em caixa a Cia RW, no futuro, se pretende continuar no mercado, não terá recursos
financeiros suficientes para a reposição destas máquinas, as quais geram o ganho da
empresa. Este alerta é feito pelo prejuízo econômico, que indica a necessidade de maior
geração de recursos para esta provável reposição.
Avaliando as duas situações, podemos dizer que as despesas pelo regime financeiro
são identificadas pelo desembolso, pelas saídas de dinheiro do caixa, e pelo regime
econômico pelo sacrifício incorrido para se obter a receita.
Quanto às receitas, pelo sistema financeiro só são consideradas quando
efetivamente recebidas, ou seja, quando entrarem no caixa. Pelo sistema econômico a
Receita gerada, mesmo que ainda não recebida, já é considerada para apuração do
resultado. Sendo assim, as vendas a prazo só são consideradas pelo regime econômico,
nunca pelo regime financeiro.
Nota-se que o Regime Econômico é melhor, já que o Regime Financeiro é
imperfeito ao não considerar alguns fatos, como a depreciação. A apuração ineficaz do
resultado pode levar a empresa a tomar decisões erradas, que trariam conseqüências
graves à empresa, como a própria descontinuidade.

4.3 Detalhes da Demonstração de Resultado do Exercício


A função dos relatórios contábeis é fornecer informações adequadas e úteis para
os seus usuários. Sendo assim, o simples agrupamento de todos os gastos em
“Despesas” não é uma informação totalmente adequada, pois existem diversas situações
diferenciadas que podem reduzir a Receita de uma empresa.

Contabilidade Financeira
37

Para que a apuração de resultado de uma empresa pudesse se tornar mais rica
em detalhes, a seguinte estrutura padrão foi adotada:

Receita Bruta
(-) Deduções
(=) Receita Líquida
(-) Custos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas (Administrativas, Comerciais e Gerais)
(+/-) Outras Receitas e Despesas Operacionais
(+/-) Resultado da Equivalência Patrimonial
(=) Resultado Antes das Despesas e Receitas Financeiras
(+/-) Receitas e Despesas Financeiras
(=) Resultado Antes dos Tributos sobre o lucro
(-) Despesas com Tributos Sobre o Lucro
1 (=) Resultado Após os Tributos sobre o lucro

(+/-) Resultado Líquido das Operações Descontinuadas


(+/-) Tributos sobre as Operações Descontinuadas
2 (=) Resultado Líquido das Operações Descontinuadas Após Tributos

1+2 (=) Resultado Líquido do Período

A Receita Bruta pode ser entendida como sendo os valores gerados pela venda de
produtos e/ou serviços prestados pela empresa, mas que são originados de sua atividade
operacional, ou seja, para o fim que a mesma foi constituída.
Do total da Receita Bruta são abatidos os valores referentes a:

 Impostos sobre Vendas: Representam os tributos gerados no momento da venda e


que variam proporcionalmente à mesma. Os mais comuns neste grupo são o IPI,
ICMS, ISS, PIS e CONFIS. Deve-se observar que os impostos sobre vendas não
pertencem à empresa, sendo esta apenas uma intermediária para o seu
recolhimento;
 Devoluções (Vendas Canceladas): Enquadram-se neste grupo mercadorias
devolvidas por estarem em desacordo com o pedido por divergências variadas, tais
como preço, quantidade, avaria, etc.;
 Descontos e Abatimentos: Em operações comerciais é comum a ocorrência de
diminuições nos preços venda, seja esta motivada por um desejo de fechar uma
venda, ou muitas vezes, para evitar que produtos que estão sendo entregues sejam
devolvidos, são oferecidos descontos ao cliente para compensar eventuais prejuízos,
evitando, assim, que a mercadoria retorne. Quando a redução de preço é concedida

Contabilidade Financeira
38

no momento da venda, esta é chamada contabilmente de “Desconto”, por outro lado,


se for após, passa a se chamada de “Abatimento”.

Fazendo-se o abatimento de todas as deduções do valor da Receita Bruta,


encontra-se a Receita Líquida, a qual representa o que efetivamente resta para a
empresa do total faturado.
Da Receita Líquida, reduz-se o montante de custo referente aos produtos
vendidos ou serviços prestados, de modo a se encontrar o Lucro Bruto. Assim, o Lucro
Bruto é o montante resultante da diferença entre a Receita líquida e os custos dos
produtos ou serviços prestados, representando o valor destinado a liquidar as despesas
da empresa e remunerar os proprietários.
Dependendo do ramo de atuação de uma empresa, a denominação do custo é
alterada, podendo-se encontrar 3 tipos:

 Custo do Produto Vendido (CPV): denominação utilizada para empresas


industriais
 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV): denominação utilizada para empresas
comerciais
 Custo dos Serviços Prestados (CSP): denominação utilizada para empresas
prestadoras de serviços

Também as despesas podem ter características diferenciadas, as quais fazem com


que a DRE contemple estas particularidades. As principais despesas operacionais são:

 Despesas de Vendas: incluindo desde a promoção de produtos quanto às despesas


referentes à colocação dos mesmos junto ao consumidor (comercialização e
distribuição);
 Despesas Administrativas: São aquelas necessárias para administrar a empresa;

Estas despesas têm como características contribuírem para a atividade normal da


empresa. No entanto, no dia-a-dia dos negócios as organizações podem efetuar
operações que não tem relação direta com a sua atividade fim. Um exemplo desta
situação seria uma fábrica de tecidos realizando a venda de uma máquina de sua
produção.
Neste exemplo citado, a empresa não foi criada para gerar resultado através da
venda de máquinas, no entanto, o seu resultado não pode ignorar eventuais perdas ou
ganhos provenientes desta operação. Sendo assim, o resultado destas operações é
contabilizado em uma conta específica (tanto receitas quanto despesas) de modo que o
seu montante seja considerado, mas de forma destacada. Esta conta recebe a
denominação de “Outras receitas e despesas Operacionais” e pode tanto aumentar ou
diminuir o resultado da operação.

Contabilidade Financeira
39

Outra conta particular que pode ser encontrada na demonstração de resultado é a


de “Resultado de Equivalência Patrimonial”. De uma forma muito simples, pode-se dizer
que os valores encontrados nesta conta representam a participação que a organização
tem direito referente ao lucro apurado por empresa que tenha participação.
Subtraindo-se do Lucro Bruto as Despesas e as contas citadas acima, encontra-se
o “Resultado antes das Despesas e Receitas Financeiras”.
Este representa o resultado apurado pela empresa exclusivamente com as
operações que representam o objetivo fim da mesma, sem considerar o efeito de
movimentações financeiras, seja tanto de aplicações quanto de empréstimos.
Deste total se realiza a dedução de “Receitas e Despesas Financeiras” de forma
líquida, evidenciando o resultado das operações financeiras realizadas pela empresa e o
seu impacto no desempenho de suas operações, apurando-se o “Resultado Antes dos
Tributos sobre o Lucro”.
Os principais tributos que são abatidos nesta parte da DRE são o Imposto de
Renda e Contribuição Social, os quais têm o seu valor apurado após a realização de uma
série de ajustes e compensações que se façam necessárias segundo a legislação fiscal
vigente.
Deduzindo-se os tributos apurados encontra-se o “Resultado Após os Tributos”.
Deve-se observar que este resultado refere-se apenas àqueles apurados com as
operações continuadas, ou seja, que permanecerão sendo realizadas pela empresa. Esta
apuração intermediária permite que o usuário da informação contábil possa elaborar uma
projeção sobre o futuro da empresa com um maior grau de confiabilidade, pois a
estrutura de resultado apresentada até o momento tende a se repetir no futuro.
Por outro lado, não se podem desconsiderar os resultados apurados na atuação da
empresa com as operações não continuadas, pois estas geraram resultado no passado.
Sendo assim, do subtotal “Resultado Após os Tributos sobre o Lucro”, deve-se
somar ou subtrair (caso lucro ou prejuízo) o “Resultado Líquido das Operações
Descontinuadas”, sendo que os tributos referentes a estas operações devem também ser
destacados e subtraídos desta conta, encontrando-se o “Resultado Líquido das Operações
Descontinuadas Após os Tributos”.
Por fim, somando-se o resultado apurado no subtotal “Resultado Após os Tributos
sobre o Lucro” que representa as operações continuadas com o “Resultado Líquido das
Operações Descontinuadas Após os Tributos” representando as operações não
continuadas, chega-se finalmente ao lucro ou prejuízo total apurado pela empresa no
período chamado “Resultado Líquido do Período”.
Uma análise que pode ser realizada com a utilização da DRE é a sua geração de
caixa no período, ou seja, o quando de recurso financeiro foi gerado pelo resultado do
período apurado no relatório. Se observarmos as contas que compõem este relatório,
pode-se verificar que todas as contas representam pagamentos ou recebimentos de
caixa, que em algum momento serão realizados, sendo a exceção à esta regra a conta
depreciação (o mesmo para amortização e exaustão), a qual representa uma perda de
valor do investimentos de caráter permanente, ou seja, não serão pagos.

Contabilidade Financeira
40

Com isso, para se encontrar a geração de caixa, deve-se simplesmente partir do


valor apurado no resultado líquido do período e acrescer o valor da conta de
depreciação/amortização/exaustão.
Deve-se observar que este valor encontrado representa o valor de geração de
caixa do resultado apurado na DRE e não necessariamente o valor de entrada de caixa
do período, pois este sofre influência de outros fatores, tais como a contratação de
empréstimos, os quais não são relacionados na apuração do resultado do exercício.
Outra análise seria o levantamento dos impostos gerados pela venda e pelo lucro
apurado.

4.4 A Relação entre o Balanço Patrimonial X DRE


Até o presente momento descrevemos o Balanço Patrimonial e a Demonstração de
Resultado do Exercício, os quais são os principais relatórios contábeis para a maioria dos
gestores em geral.
Apesar de ambos terem sido tratados de forma separada, os mesmos são
intimamente ligados, uma vez que o Balanço apresenta a posição financeira da empresa
em determinado momento e a DRE apura o seu resultado o qual interfere em sua própria
situação financeira.
Sendo assim, existe uma ligação direta entre estes dois relatórios.
Esta ligação se dá através da conta de lucros ou prejuízos acumulados do Balanço
Patrimonial, a qual se encontra no grupo do Patrimônio Líquido. Nesta é registrado o
lucro ou prejuízo do período.
Deve-se observar que a conta de Lucros Acumulados deve ser encerrada pelas
empresas de capital aberto no final do exercício e seu saldo destinado à distribuição,
constituição de reservas ou aumento de capital. Assim, somente poderá continuar a
existir no Patrimônio Líquido, após o encerramento anual, a conta de Prejuízos
Acumulados.
Deve-se observar que nem todo o lucro líquido pode ser retido pela empresa,
sendo que o mesmo, após apurado, é colocado à disposição dos proprietários para que
estes decidam a sua destinação. Nas empresas de capital aberto isto é decidido na “AGO
– Assembléia Geral Ordinária”, podendo o seu montante ser distribuído (pago aos
proprietários/acionistas como dividendo) ou mesmo retidos na empresa através de
aumento de capital ou constituição uma reserva, a qual deverá ter um fim específico.

4.4.1 Exemplo de Movimentação de Balanço X DRE

No dia-a-dia de qualquer empresa diversas operações podem ser realizadas, tanto


as que têm impacto apenas no balanço patrimonial como a compra de estoque descrita
anteriormente, como também as que geram resultado (lucro ou prejuízo). Este tipo de
operação tem como característica impactar em contas de balanço e resultado ao mesmo
tempo.

Contabilidade Financeira
41

Tomemos como exemplo uma empresa com a seguinte posição em seu balanço
patrimonial:

Ativo Passivo
Circulante Circulante

Caixa 10.000
Estoque 10.000

Patrimonio Líquido

Capital 20.000

Total 20.000 Total 20.000

Caso a empresa em questão resolva vender seu estoque integralmente por R$


30.000, e recebimento a vista, teríamos as seguintes movimentações:

1) Receita e Caixa – A empresa apresentaria uma receita de R$ 30.000 em sua


DRE, e teria como contrapartida mais R$ 30.000 em seu caixa.

Balanço Patrimonial DRE

Ativo Passivo Receita 30.000


Circulante Circulante

Caixa 40.000
Estoque 10.000

Patrimonio Líquido

Capital 20.000

Contabilidade Financeira
42

2) Custo e Estoque – A conta estoque é registrada no balanço patrimonial pelo


seu custo. No caso de uma venda, a empresa deve transferir o valor registrado nesta
conta para a de custo na DRE. Neste caso, todo o estoque seria baixado.

Balanço Patrimonial DRE

Ativo Passivo Receita 30.000


Circulante Circulante Custo (10.000)

Caixa 40.000
Estoque 0

Patrimonio Líquido

Capital 20.000

3) Lucro Liquido e Lucros Acumulados. Como já mencionado anteriormente, o


lucro de uma empresa pertence aos seus sócios. Assim, depois de apurado, deve ser
transferido para a conta de lucros acumulados no grupo do patrimônio líquido do balanço
patrimonial. Deve-se observar que esta operação irá fazer com que os totais de ativo e
passivo passem a ser iguais.

Balanço Patrimonial DRE

Ativo Passivo Receita 30.000


Circulante Circulante Custo (10.000)
Caixa 40.000 Lucro Líquido 20.000

Patrimonio Liquido
Capital 20.000
Lucros Acumulados 20.000

Total 40.000 Total 40.000

Contabilidade Financeira
43

5. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC)


5.1 Introdução
A Demonstração de Fluxo de Caixa já comprovou ser de extrema utilidade para
diversos fins, dada a sua simplicidade e abrangência principalmente no que diz respeito
aos aspectos financeiros que envolvem o dia a dia da entidade. O fato é que
independente do porte e da natureza operacional da empresa, seja grande ou pequena,
indústria, comércio ou prestadora de serviços, não é possível gerenciá-la sem o
acompanhamento do fluxo de caixa, principalmente devido à urgência para a tomada de
decisões de pagamentos, recebimentos, aplicações, investimentos e assim por diante.
Este capítulo não pretende aprofundar-se na questão acadêmica momentânea, mas
simplesmente nortear a serventia e a forma de elaboração deste importante relatório. O
fluxo de caixa está contemplado no Pronunciamento Técnico do Comitê de
Pronunciamento Contábil CPC-03 – Demonstração dos Fluxos de caixa.

5.2 O conceito – fluxo de caixa - denominação


Quando se trata de "fluxo de caixa" deve-se entender movimentação das contas
que representam disponibilidades imediatas, como caixa, bancos conta movimento - ou
seja o saldo bancário disponível - e também aquelas aplicações que dada uma
determinada ordem tornam-se utilizáveis na conta bancária. O termo "cash" em inglês é
utilizado indiscriminadamente para qualquer um dos casos citados, pois representa meio
circulante, moeda.

5.3 Métodos de elaboração da DFC


Existem dois métodos de elaboração do fluxo de caixa conhecidos:
 método direto;
 método indireto.

O método direto demonstra todos os pagamentos e recebimentos decorrentes da


atividade operacional das empresas: as compras à vista, o pagamento das duplicatas
decorrentes das compras a prazo, o pagamento das despesas operacionais com salários,
encargos, demais despesas administrativas, gerais e comerciais - as vendas à vista, o
recebimento das duplicatas por vendas a prazo e outros recebimentos decorrentes das
atividades sociais da empresa.
O método indireto parte do resultado das operações sociais, isto é, o lucro líquido
do período, ajustado pelas despesas e receitas que não interferem diretamente no caixa
ou disponibilidades da entidade, tais como depreciações, amortizações, exaustões.
O método direto, embora mais trabalhoso devido à quantidade de informações, é
mais simples e elucidativo que o indireto e também se mostra mais confiável,, pois não
há necessidade de se fazer ajustes a resultados que pressupõe um conhecimento mínimo
para a elaboração.
Pelo fato de ser mais claro, o método direto tem algumas resistências em relação à
divulgação de informações das empresas; internamente, no entanto, é o mais utilizado
devido a sua simplicidade e serventia. Em outros países que já adotaram a exigência
legal do DFC o método mais utilizado tem sido o direto. Por isso passamos a demonstrar
o DFC direto.

Contabilidade Financeira
44

5.4 Estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa Direto – DFC


D EMONSTRA ÇÃO DO F LUXO DE CA IXA DIR ETO

Fluxo de Caixa proveniente

1. das atividades operacionais

(+) recebimento de clientes e outros

(-) pagamentos a fornecedores

(-) pagamentos a funcionários

(-) recolhimentos ao governo

(-) pagamentos a credores diversos


2. de investimentos

(+) receita de venda de ativo fixo


(-) aplicações em ativo fixo

3. das atividades financeiras

(+) novos empréstimos


(-) amortização de empréstimos
(+) emissão de debêntures
(=) integralização de capital
(-) pagamento de dividendos

1 + 2 + 3 = aumento ou diminuição das disponibilidades

Contabilidade Financeira
45

5.5 Exemplo de Fluxo de Caixa Direto


Companhia Comercial Planalto Central
A Companhia Comercial Planalto Central apresentou as seguintes demonstrações abaixo,
Balanço Patrimonial em 20X0 e 20X1 e DRE do período 20X1:

BALANÇO PATRIMONIAL

20X0 20X1

I. ATIVO

Caixa e Bancos 8.000 250

Aplicações Financeiras 0 0

Duplicatas a Receber 120.000 125.000

(-) Duplicatas Descontadas 0 0

Estoques 60.000 190.000

Total do Circulante 188.000 315.250

Imobilizado 20.000 20.000

(-) Depreciação (5.000) (7.000)

Total do Ativo Não Circulante 15.000 13.000

TOTAL DO ATIVO 203.000 328.250

20X0 20X1

II. PASSIVO

Fornecedores 90.000,00 154.000

Impostos a Pagar 29.000 28.725

Financiamentos 15.000 7.500

Contas a Pagar 8.000 0

Total do Circulante 142.000 190.225

Capital 20.000 60.000

Reservas 1.000 1.000

Resultados Acumulados 40.000 77.025

Total do Patrimônio Líquido 61.000 138.025

Total do Passivo e Patrimônio Líquido 203.000 328.250

Contabilidade Financeira
46

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS PERÍODO 20X1

1. Vendas 1.250.000

2. (-) Custo da Mercadoria Vendia – CMV 750.000

3. Resultado com Vendas 500.000

4. Despesas Operacionais 400.000

5. (-) Despesas Financeiras 2.250

6. Receitas Financeiras 0

7. Depreciação 2.000

8. Resultado Operacional 95.750

9. Imposto de Renda e Contribuição Social 28.725

10. Lucro Líquido Depois do Imposto Renda e da C.Social 67.025

Informações complementares:
1 - Compras R$ 880.000,00
2 - Aumento de Capital em dinheiro em 30/06/20X1 de R$ 10.000,00
3 - Aumento de Capital com Lucros Acumulados em 30/06/20X1 em R$ 30.000,00.

Considerando essas duas demonstrações e as informações complementares


poderemos elaborar a Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método direto.
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO:

1. Recursos provenientes das atividades operacionais

a.- Recebimento de clientes

a1.Saldo inicial de duplicatas a receber , em 31/12/X0 - 120.000

(+) a2. Vendas do período 20X0 1.250.000

(-) a3. Saldo final de duplicatas a receber , em 31/12/X1 - 125.000

= a4. Entrada de caixa por recebimento de clientes em 20X1 1.245.000

b.- Pagamento a fornecedores

b1.Saldo inicial de duplicatas a pagar a fornecedores 90.000

(+) b2.Compras do período 20X0 880.000

(-) b3.Saldo final de duplicatas a pagar em 31/12/X1 154.000

= b4.Saída de caixa por pagamento a fornecedores X1, 816.000

Contabilidade Financeira
47

c.- Pagamentos de despesas operacionais ,funcionários , governo


e outros

c1.despesas operacionais incorridas e pagas no período 400.000

c2. Impostos a pagar do balanço de 31/12/20X0 29.000

c3. Outras contas a pagar do balanço 31/12/20X0 8.000

d.- ( a4 - b4 - c1 - c2 - c3) Entradas menos saídas de caixa do ( 8.000. )


período das atividades operacionais

2. De Investimentos

Receita da venda de ativos permanentes menos aquisições 0

3. Das atividades financeiras

(+) a1.Novos empréstimos 7.500

(-) a2. Pagamento de financiamentos do balanço 31/ 12/X0 15.000

(-) a3. Juros sobre o financiamento do item a3. 2.250

(+) a4. Integralização de capital 10.000

= (a1 – a2 – a3 + a4) Resultado das atividades financeiras 250

4 = (1 + 2 + 3) - Variação das disponibilidades - negativa ( 7.750)

5. Demonstração da Variação das Disponibilidades:

5.1 Saldo Inicial das disponibilidades em 01/01/X1 8.000

5.2 Variação ocorrida no período ( 7.750)

5.3 Saldo final das disponibilidades 250

Contabilidade Financeira
48

6. INSTRUMENTOS DA ANÁLISE ECONÔMICO – FINANCEIRA


6.1 Introdução
Para a realização da análise econômico-financeira de uma empresa o analista
utiliza, pelo menos, os seguintes itens:
 Balanço Patrimonial (BP);
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
 Informações complementares;
 Montante das compras no período a que se referem os demonstrativos;
 FLUXO DE CAIXA, e as notas explicativas, quando houver.

Os Demonstrativos Financeiros devem conter a assinatura do contador e do


responsável pela empresa.
O processo de Análise das Demonstrações Financeiras começa onde termina o
processo contábil. Os Passos a seguir são:

Demonstrações Financeiras
Setor de Contabilidade
BP / DRE

Exame e padronização

Coleta de Dados

Cálculo dos Indicadores


Setor de Análise das Demonstrações
Contábeis
Interpretação dos Quocientes

Análise Vertical e Horizontal

Comparação com Padrões

Relatórios

Contabilidade Financeira
49

6.2 Ajustes e Padronização


De posse das Demonstrações Financeiras e informações complementares,
recomenda-se que sejam procedidos ajustes com vistas a padronizar os demonstrativos
para análise, entre os quais destacam-se os seguintes:
Empréstimos a Interligadas – quando aparecerem no Ativo Circulante deverão
ser reclassificados para Realizável a Longo Prazo. Esses valores até podem retomar à
empresa no curto prazo. No entanto, como os devedores exercem influência decisiva
sobre a credora, normalmente esses empréstimos não têm data para serem liquidados.
Aliás, a própria Lei 6.404/76 determina que os negócios realizados com partes
relacionadas (empresas interligadas, diretores, sócios etc.), quando não fazem parte das
atividades normais da empresa, devem ser classificados no Longo Prazo.
Empréstimos de Diretores e/ou Interligadas – quando aparecer no Passivo
não circulante, deverá ser reclassificada para o Passivo Circulante. Este caso é o oposto
do anterior. Valores que a empresa toma das pessoas ou empresas ligadas, a título de
empréstimo, podem ser exigidos a qualquer momento. Por isso, conservadoramente,
usa-se lançá-los no Passivo Circulante.

6.3 Indicadores econômico-financeiros


O objetivo da análise definirá não só o tipo de Indicadores a serem utilizados, mas
também a postura do analista.
Ao proprietário da empresa importa, fundamentalmente, detectar problemas e
pontos fortes existentes para, a partir daí, traçar estratégia no sentido de corrigir as
falhas ou aproveitar as oportunidades. Já ao analista externo interessa saber da
vitalidade ou não da aplicação de recursos na empresa. A ótica do analista, pois, é que
determinará os caminhos a serem trilhados.
Num empréstimo de capital de giro de curto prazo, por exemplo, um gerente de
banco – interessado basicamente no retorno seguro dos capitais emprestados –
privilegiará os aspectos de LIQUIDEZ e SEGURANÇA. Já em se tratando de empréstimo
de longo prazo, o gerente dará, também, ênfase à geração de lucro e à eficiência
operacional da empresa, ou seja, ao enfoque da RENTABILIDADE.
O principal instrumento utilizado para a análise da situação econômico-financeira de
uma empresa é o índice, ou seja, o resultado da comparação entre grandezas.
Os índices estabelecem a relação entre contas e grupo de contas dos
Demonstrativos Financeiros, visando evidenciar determinado aspecto da situação
econômico-financeira de uma empresa. Os índices, portanto, servem como termômetro
na avaliação da saúde financeira da empresa.
Porém, o índice não deve ser considerado isoladamente, mas sim sob o aspecto
dinâmico e dentro de contexto mais amplo, onde outros indicadores e variáveis devem
ser conjugadamente ponderados.
Exemplificando, um elevado grau de endividamento não significa, necessariamente,
que a empresa esteja à beira da insolvência. Há empresas que convivem com níveis altos
de endividamento, sem comprometer sua solvência, já que há outros fatores que podem
atenuar essa condição.

Contabilidade Financeira
50

Para melhor compreensão da influência de cada indicador na análise, faremos seu


estudo em quatro grupos.

 Índices de Estrutura avaliam a segurança oferecida pela empresa aos capitais


alheios e revelam sua política de obtenção de recursos, bem como sua alocação
nos diversos itens do Ativo;
 Índices de Liquidez medem a posição financeira da empresa, em termos de
capacidade de pagamento;
 Índices de Rentabilidade avaliam o desempenho global da empresa, em termos
de capacidade de gerar lucros;
 Indicadores de Prazos Médios revelam a política de compra, estocagem e
venda da empresa;

6.4 Econômico X Financeiro


Ter lucro, mas não ter dinheiro, e vice-versa, é mais comum do que parece, na
maioria das empresas.
Talvez não existam palavras mais empregadas no mundo dos negócios do que
econômico e financeiro.
Mesmo o trabalhador mais humilde, dirá: “Estou com problemas financeiros.”
Em análise de Balanços esses termos precisam ser muito bem definidos, pois, em
caso contrário, se poderá chegar a conclusões confusas.
Econômico: Refere-se a lucro, no sentido dinâmico, de movimentação.
Estaticamente, refere-se a patrimônio líquido.
Financeiro: Refere-se a dinheiro. Dinamicamente, representa a variação de Caixa.
Estaticamente, representa o saldo de Caixa. O termo financeiro tem significado amplo e
restrito. Quando encarado de forma restrita, refere-se a Caixa; quando seu significado é
amplo, refere-se a Caixa Circulante Líquido.

Comparativo de significações de econômico e financeiro.

FINANCEIRO
ECONÔMICO
AMPLO RESTRITO
Capital Circulante
ESTATICAMENTE Patrimônio Líquido Líquido Saldo de Caixa

Variação do Capital Variação do Saldo


DINAMICAMENTE
Lucro Líquido Circulante Líquido de Caixa

Contabilidade Financeira
51

Resultado econômico é sinônimo de lucro (ou prejuízo). O lucro aumenta o


Patrimônio Líquido, mas não as disponibilidades de dinheiro. Uma empresa pode estar
em excelente situação econômica com imóveis, equipamentos, investimentos em outras
empresas, mas sem dinheiro para pagar suas dívidas. Algumas receitas e despesas não
têm nenhum reflexo em dinheiro no exercício – como, por exemplo, a depreciação - mas
nem por isso deixam de ser lançadas na Demonstração de Resultado.
Por essa razão, a análise de uma empresa deve tomar tanto a Demonstração de
Resultado – que evidencia o lucro ou prejuízo – como uma entre duas demonstrações de
natureza financeira possíveis: Demonstração do Fluxo de Caixa.
A Demonstração do Fluxo de Caixa evidencia o movimento de Caixa da empresa e
serve para mostrar o resultado financeiro de curto prazo.

6.5 Indicadores Econômico – Financeiros


Para o exame da situação econômico-financeira de uma empresa, com vista à
avaliação da sua capacidade, em termos de SEGURANÇA, LIQUIDEZ e
RENTABILIDADE, o analista pode valer-se de Demonstrativos Financeiros de pelo
menos três exercícios sucessivos, ou mesmo de um único exercício e deles extrair os
diversos indicadores que lhe forneçam as informações desejadas.

6.5.1 Índices de Estrutura Patrimonial

Os índices de estrutura patrimonial avaliam a SEGURANÇA que a empresa oferece


aos capitais alheios e revelam sua política de obtenção de recursos e de alocação dos
mesmos nos diversos itens do Ativo.
O Ativo de uma empresa é financiado pelos capitais próprios (PL) e por capitais de
terceiros (obrigações). Quanto maior for a participação de capitais de terceiros nos
negócios de uma empresa, maior será o risco a que eles (terceiros) estão expostos.
Na análise de clientes do Banco são utilizados os seguintes índices:

Relação entre as Fontes de RFR


Recursos

Endividamento Geral EG

Composição das Exigibilidade CE

Imobilização do Patrimônio IPL


Liquido

Todos os índices acima são interpretados como: QUANTO MAIOR, PIOR.

Relações entre as Fontes de Recursos (RFR)

PC + PNC
X 100
PL

Contabilidade Financeira
52

Também tratado como PCT (Participação de Capitais de Terceiros), esse índice


estabelece a relação percentual entre os recursos de terceiros (PC + PNC) e os recursos
próprios (PL) aplicados na empresa.
Quando esse índice for igual a 100%, estará indicando que os capitais de terceiros
são iguais aos capitais próprios; se o resultado for maior que 100%, indicará a
predominância de capitais de terceiros e, quando o índice for menor que 100%, mostrará
que os capitais próprios superam as obrigações com terceiros.
Assim, pode-se concluir que, quanto MENOR for a RFR, mais capitalizada e,
conseqüentemente, mais tranqüila é a situação da empresa.
A análise desse indicador por diversos exercícios mostra a política de obtenção de
recursos da empresa: está mantendo uma maior dependência de capitais de terceiros ou
está utilizando predominantemente capitais próprios?

Endividamento Geral (EG)

PC + PNC
X 100
ATIVO

Este índice revela o grau de endividamento total da empresa.


Expressa a proporção de recursos de terceiros financiando o Ativo e,
complementarmente, a fração do Ativo que está sendo financiada pelos recursos
próprios.
A análise desse indicador por diversos exercícios mostra a política obtenção de
recursos da empresa. Isto é, se a empresa vem financiando o seu Ativo
predominantemente com recursos próprios ou de terceiros e em que proporção.

Contabilidade Financeira
53

O endividamento de uma empresa pode apresentar as seguintes situações:

PC
PNC PC PC
PNC PNC
ATIVO ATIVO ATIVO
PL
PL PL

EG < 50% EG = 50% EG > 50%


O endividamento é O ativo é financiado em Há predominância
de
Menor que o PL. Igual proporção por
Capitais de
Há predominância Recursos de terceiros e
terceiros
de
Próprios.
Investidos na
Capitais próprios
O PL é igual às empresa.
Investidos na
Exigibilidades.
empresa

ATIVO
ATIVO PASSIVO PASSIVO

PL negativo

EG = 100% EG > 100%


A empresa não tem PL. Passivo a descoberto.
Todo o Ativo é financiado Insolvente.
Por recursos de terceiros. As obrigações perante terceiros
superam o total de Ativo.

Quanto menor for o endividamento, menor o risco que a empresa estará


oferecendo aos capitais de terceiros. Entretanto, deve-se considerar que determinadas
empresas convivem muito bem com endividamento relativamente elevado,
principalmente quando o endividamento tiver um perfil de longo prazo, ou quando o
Passivo de Curto Prazo não for oneroso, mas fruto de uma adequada administração de
prazos de fornecedores.

Contabilidade Financeira
54

A análise da adequação deste índice para a empresa dependerá, entre outros


aspectos, de comparações com os índices apresentados por outras empresas de mesmo
setor econômico, da tendência demonstrada na análise de diversos exercícios, da
composição do endividamento (curto ou longo prazo) e, ainda, do custo financeiro dessas
dívidas.

Composição das Exigibilidades (CE)

PC
X 100
PC + PNC

O índice de CE é uma medida da qualidade do passivo da empresa, em termos de


prazos. Compara o montante de dívidas no curto prazo com o endividamento total.
Admite-se que, quanto mais curto o vencimento das parcelas exigíveis, maior será
o risco oferecido pela empresa. De outra forma, empresas com endividamento
concentrado no longo prazo, principalmente decorrente de investimentos efetuados,
oferecem uma situação mais tranqüila no curto prazo.

Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)

Aplicações Permanentes (*)


X 100
PL

(*) Aplicações Permanentes=Investimento + Imobilizado + Intangível


Ou seja, ANC - ARLP

O índice exprime o quanto as aplicações de recursos de caráter permanente


(investimento + imobilizado + intangível) da empresa é financiado pelo seu Patrimônio
Líquido, evidenciando, dessa forma, a maior ou menor dependência de aporte de
recursos de terceiros para manutenção de seus negócios.
A correta administração dos recursos de uma empresa pressupõe um adequado
“casamento” dos prazos das aplicações dos recursos com os prazos das fontes. Assim,
convencionou-se dizer que as aplicações em ativos adquiridos em caráter Permanente
(investimento + imobilizado + intangível) deve ser financiado pelo Patrimônio Líquido
(pois são recursos próprios que, também estão “permanentes” na empresa) ou por
financiamentos de Longo Prazo.

Contabilidade Financeira
55

Em princípio, o ideal é que as empresas imobilizem a menor parte possível de


seus recursos próprios. Assim, não ficarão na dependência de capitais alheios para a
movimentação normal de seus negócios.
O analista deve atentar para os casos em que a empresa possui financiamentos de
longo prazo para novos investimentos, como, por exemplo, expansão, relocalização ou
modernização de seu parque. Nesses casos, o índice IPL poderá apresentar-se em níveis
muito elevados. A política de obtenção de fontes de longo prazo, porém, revela decisão
administrativa correta dos empresários. Tal fato deverá merecer comentários do analista
para melhor subsidiar decisão de crédito.

6.5.2 Índices de Liquidez

Os índices de Liquidez são medidas de avaliação da capacidade financeira da


empresa em satisfazer os compromissos para com terceiros. Evidenciam quanto a
empresa dispõe de bens e direitos em relação às obrigações assumidas no mesmo
período. Entre os índices de Liquidez mais conhecidos estão a Liquidez Corrente, a
Liquidez Seca e a Liquidez Geral. Cada um fornece informações diferentes sobre a
situação da empresa.
De maneira geral, define-se que QUANTO MAIOR a liquidez, MELHOR será a
situação financeira da empresa.
Devemos ter em mente, no entanto, que um alto índice de liquidez não
representa, necessariamente, boa saúde financeira. O cumprimento das obrigações nas
datas previstas depende de uma adequada administração dos prazos de recebimento e
de pagamento.
Assim, uma empresa que possui altos índices de liquidez, mas mantém mercadorias
estocadas por períodos elevados, recebe com atraso suas vendas a prazo ou mantém
duplicatas incobráveis na conta Clientes poderá ter problemas de liquidez, ou seja,
poderá ter dificuldades para honrar seus compromissos nos vencimentos.

Liquidez Corrente

AC
PC

A liquidez corrente é um dos índices mais conhecidos e utilizados na análise de


balanços. Indica quanto a empresa PODERÁ dispor em recursos de curto prazo
(disponibilidades, clientes, estoques etc.) para pagar suas dívidas circulantes
(fornecedores, empréstimos e financiamentos de curto prazo, contas a pagar etc.).

Liquidez Seca

AC – Estoques
PC

Contabilidade Financeira
56

Este índice é uma medida mais rigorosa para avaliação da liquidez da empresa.
Indica o quanto PODERÁ dispor de recursos circulantes, sem vender seus estoques, para
fazer frente a suas obrigações de curto prazo.
Se a liquidez seca for igual ou maior que 1, pode-se dizer que a empresa não
depende da venda de estoques para saldar seus compromissos de curto prazo. Por outro
lado, quanto mais abaixo da unidade, maior será a dependência de vendas para honrar
suas dívidas.
Existem autores que propõem outras fórmulas para o cálculo da liquidez seca. Uns
recomendam comparar somente disponibilidades e clientes com as obrigações de curto
prazo. Outros usam excluir, além dos estoques, todas as contas que não representam
entrada efetiva de recursos na empresa (despesas antecipadas, impostos a compensar,
adiantamentos a funcionários, entre outros). Qualquer que seja a fórmula utilizada, o
importante é que o analista tenha consciência dos valores envolvidos e da relação
expressa pelo índice.

Liquidez Geral

AC + ARLP
PC + PNC

A LG é uma medida da capacidade de pagamento de todo o passivo exigível da


empresa. O índice indica o quanto a empresa PODERÁ dispor de recursos circulantes e
de longo prazo para honrar todos os seus compromissos.

6.5.3 Índices de Rentabilidade


A partir desse momento, passaremos a utilizar, para a nossa análise, não somente
o Balanço Patrimonial, mas também a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).
Os índices de rentabilidade têm por objetivo avaliar o desempenho final da
empresa. A rentabilidade é o reflexo das políticas e das decisões adotadas pelos seus
administradores, expressando objetivamente o nível de eficiência e o grau do êxito
econômico-financeiro atingido. Todos os índices de Rentabilidade devem ser
considerados: QUANTO MAIOR, MELHOR.

Os principais índices de rentabilidade utilizados são:

Rentabilidade do Patrimônio Líquido RPL

Margem Bruta MB

Margem Operacional de Lucro MOL

Margem Liquida de Lucro ML

Rotação do Ativo RA

Rentabilidade dos investimentos RI

Contabilidade Financeira
57

Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)

Resultado Líquido
X 100
Patrimônio Líquido

A RPL mede a remuneração dos capitais próprios investidos na empresa, ou seja,


quanto foi acrescentado em determinado período ao patrimônio dos sócios. Do ponto de
vista de quem investe numa empresa, este deve ser o índice mais importante.
A RPL permite, além de avaliar a remuneração do capital próprio, analisar se esse
rendimento é compatível com outras alternativas de aplicação. Um investidor, por
exemplo, avaliando a RPL, poderá optar por uma aplicação no mercado financeiro em vez
de aplicar numa empresa que está oferecendo baixa rentabilidade.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar a
média do Patrimônio Líquido para comparar com o Lucro Líquido, de forma a melhor
traduzir a rentabilidade do período, tendo em vista que o PL pode sofrer alterações
durante o exercício, tais como: aumento de capital, distribuição de dividendos, saída de
sócios etc.

Margem Bruta (MB)


A margem bruta é uma medida de lucratividade como foco apenas na receita
gerada pela empresa e custo de seus produtos ou serviços.
A sua fórmula seria:

Lucro Bruto .
Receita Líquida X 100

Margem Líquida de Lucro (ML)

Res. líquido do período


X
100
Receita líquida

A exemplo do índice anterior, margem líquida (ML) é uma medida da lucratividade


obtida pela empresa, independentemente de sua continuidade ou não.

Rotação do Ativo (RA)

Receita Líquida

Ativo Total

Contabilidade Financeira
58

Embora não seja um índice essencialmente de rentabilidade, o estudo da rotação


ou “giro” do Ativo constitui-se num aspecto importante para o entendimento da
rentabilidade do investimento.
Este índice indica quantas vezes girou, durante o período, o Ativo Total da
empresa. Em outras palavras, comparando o faturamento do período com o investimento
total, indica quantas vezes a empresa conseguiu “vender o seu Ativo”.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos deve-se utilizar a
média do Ativo Total para comparar com as Vendas (ROL).

Rentabilidade dos Investimentos (RI)

Resultado Líquido
X 100
Ativo Total

Também conhecida como Taxa de Retorno dos Investimentos (TRI) ou Poder de


Ganho da Empresa (PGE).
Esse índice reflete o quanto a empresa está obtendo de resultado em relação aos
seus investimentos totais.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar
o Ativo Total médio para comparar com o Resultado líquido.
Deve ser obtida, também, pela conjugação da ML (Margem Líquida) e da RA
(Rotação do Ativo) que podem causar, separadamente ou em conjunto, variações na
rentabilidade.
Conjugando os dois indicadores, teremos:

ML X RA = RI

17,02 % X 1,36 = 23,15%

Contabilidade Financeira
59

6.5.4 Indicadores de Prazos Médios

Os indicadores de Prazos Médios, também conhecidos como de atividade, indicam a


dinâmica de algumas verbas do patrimônio, isto é, quantos dias elas levam para girar
durante o exercício (Rotação). Não devem ser analisados individualmente, mas sempre
em conjunto.
A análise dos Prazos Médios constitui importante instrumento para se conhecer a
política de compra e venda adotada pela empresa. A partir dela pode-se constatar a
eficiência com que os recursos estão sendo administrados (Duplicatas a Receber,
Estoques e Fornecedores).
Todos os indicadores de prazos médios pressupõem que os valores utilizados como
numerador (estoques, clientes e fornecedores) não sofrem grandes alterações durante o
exercício. Assim, por exemplo, se a conta estoques apresenta o valor de $300,00 no
Balanço, pressupõe-se que a empresa mantenha um estoque médio desse valor durante
o exercício.
Os prazos médios comumente utilizados são:
a) Prazo Médio de Compras PMC
b) Prazo Médio de Estoques PME
c) Prazo Médio de Recebimentos PMR
d) Ciclo Operacional CO
e) Ciclo Financeiro CF

Prazo Médio de Compras (PMC)

Fornecedores (curto e longo prazo) X 360

Montante de Compras

O PMC exprime o prazo que a empresa vem obtendo de seus fornecedores para
pagamentos das compras de matérias-primas e/ou mercadorias.
Assim, podemos dizer que Prazo Médio de Compras é o número de dias que
decorre, em média, entre a compra e o respectivo pagamento.
Quanto maior for o PMC melhor será a situação da empresa, pois estará financiando
o seu giro com recursos não onerosos. Isso se os fornecedores não cobrarem juros nas
vendas. O mais comum é que pratiquem juros.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar a
média da conta Fornecedores para comparar com montante de compras (MC). Caso não
fornecido o montante de compras, este valor poderá ser estimado da seguinte forma:

MC = CPV + Estoque Final – Estoque inicial

A Modelo S.A. apresenta um PMC de 68 dias [($1.000 / $5.300) x 360] = 67,92, ou


seja, em média, a empresa está pagando seus fornecedores com 68 dias de prazo.

Contabilidade Financeira
60

Prazo Médio de Estoques (PME)

Estoques X 360

Custo dos Produtos Vendidos

Exprime o número de dias, em média, em que os estoques são renovados (ou


vendidos).
Assim, Prazo Médio de Estoques é o número de dias que decorre, em média, entre
a compra e a venda ou, também, o número de dias, em média, em que os estoques
ficam parados na empresa. Considera-se ideal que os estoques girem o mais rápido
possível.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos deve-se utilizar a
média da conta Estoques para comparar com o Custo dos Produtos Vendidos.
A Modelo S.A. apresenta um PME de 63 dias [$1.000 / $5.700 x 360 = 63,15]. Isto
é, a empresa, em média, mantém a mercadoria em estoque por 63 dias até a venda.

Prazo Médio de Recebimentos (PMR)

Clientes (Curto e Longo Prazo) X 360

Receita Op. Bruta - Devoluções

Exprime o prazo médio de recebimentos das vendas totais da empresa, indicando o


tempo decorrido entre a venda de seus produtos e o efetivo ingresso de recursos. O ideal
é que o recebimento das vendas se efetue no menor prazo possível.
Sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos, deve-se utilizar a
média da conta Clientes para comparar com as Vendas (Receita Operacional Bruta –
ROB).
Deve-se ter em mente, também, que no valor de Clientes deverão estar contidos os
créditos de curto e longo prazo. No caso da Receita Operacional Bruta, deverão ser
descontados os valores referentes às Devoluções ocorridas no período.
A Modelo S.A. apresenta um PMR de 113 dias [(($3.500 + 1600) / $16.200) x 360]
Ou seja, a empresa vende para receber, em média, após 113 dias.

Ciclo Operacional (CO)

PME + PMR

Indica o tempo decorrido entre o momento em que a empresa adquire as matérias-


primas/mercadorias e o momento em que recebe o dinheiro relativo às vendas.

Contabilidade Financeira
61

Graficamente, assim pode ser representado:

CICLO OPERACIONAL

Ciclo Financeiro (CF)

PME + PMR – PMC ou CO – PMC

É o tempo decorrido entre o instante do pagamento aos fornecedores pelas


mercadorias adquiridas e o recebimento pelas vendas efetuadas. É o período em que a
empresa necessita ou não de financiamento do seu ciclo operacional.

CICLO FINANCEIRO 108 DIAS

Contabilidade Financeira
62

A diferença entre o Ciclo Operacional (PME + PMR) e o Prazo Médio de Compras


(PMC) é o “Ciclo Financeiro” e corresponde ao período de tempo entre o pagamento ao
fornecedor e o momento em que a empresa recebe do cliente o dinheiro das vendas.
Para este período (Ciclo Financeiro), a empresa precisa conseguir financiamento
complementar. Normalmente o Ciclo Financeiro é financiado:
 pelo capital próprio;
 por recursos de terceiros, onerosos.
A boa gestão empresarial revela-se muito pela competência na administração dos
prazos médios, expressos finalmente através do Ciclo Financeiro.
Modelo S.A. apresentou um CF de 108 dias [ PME (63) + PMR (113) – PMC (68)].
Isto significa que a empresa paga seus fornecedores 68 dias após a compra e somente
108 dias após esse pagamento receberá o valor da venda a seus clientes. Para financiar
seus clientes por 108 dias a empresa poderá, então, utilizar-se de recursos próprios ou
recorrer a desconto de duplicatas ou outros empréstimos para capital de giro.

Contabilidade Financeira
63

6.6 Análise Vertical e Horizontal

6.6.1Análise Vertical

Trata-se de metodologia de análise que mostra a participação percentual de


cada um dos itens das demonstrações financeiras em relação ao somatório de seu grupo.
Com esse instrumento podemos visualizar de modo objetivo e direto a
representatividade de cada componente das demonstrações, identificando aqueles que
mais contribuem para a formação do conjunto objeto da análise.
A análise vertical é de grade importância, principalmente quando aplicada à
Demonstração de Resultado do Exercício, porque possibilita detectar a composição
percentual das receitas e despesas, evidenciando aquelas que mais influenciaram na
formação do lucro ou prejuízo.
Empresa Modelo S.A.

2010 2011 2012

ATIVO 9.600 100% 10.100 100% 11.300 100%

Ativo Circulante 5.000 52% 4.200 42% 4.500 40%

Caixa e Bancos 500 5% 700 7% 400 4%

Clientes 3.500 36% 1.500 15% 2.600 23%

Estoques 1.000 10% 2.000 20% 1.500 13%

Ativo Não Circulante 4.600 48% 5.900 58% 6.800 60%

Ativo Realizável a Longo


Prazo 1.600 17% 800 8% 400 4%

Investimentos 1.500 16% 2.500 25% 2.400 21%

Imobilizado 1.500 16% 2.600 26% 4.000 35%

PASSIVO 9.600 100% 10.100 100% 11.300 100%

Passivo Circulante 2.000 21% 1.800 18% 2.000 18%

Empréstimos 500 5% 600 6% 400 4%

Fornecedores 1.000 10% 700 7% 1.100 10%

Salários a pagar 300 3% 300 3% 400 4%

Impostos a receber 200 2% 200 2% 100 1%

Passivo Não Circulante 3.500 36% 2.900 29% 2.100 19%

Financiamentos 3.500 36% 2.900 29% 2.100 19%

Patrimônio Líquido 4.100 43% 5.400 53% 7.200 64%

Contabilidade Financeira
64

Demonstração do Resultado do Exercício

($ mil) %

Receita Bruta 16.200 100.00

( - ) Impostos sobre Faturamento 3.100 19.14

( = ) Receita Líquida 13.100 80.86

( - ) Custo das Mercadorias Vendidas 5.700 35.19

( = ) Lucro Bruto 7.400 45.68

( - ) Despesas Comerciais 2.100 12.96

( - ) Despesas Administrativas 1.100 6.79

( - ) Despesas Gerais 850 5.25

( = ) Res. Antes das Desp. Rec. Financeiras 3.350 20.68

( - ) Despesas Financeiras 1.450 8.95

( + ) Receitas Financeiras 50 0.31

( = ) Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 1.850 11.42

( - ) Provisão IR e Contribuição Social 690 4.26

( = ) Lucro Líquido do Exercício 1.160 7.16

No Balanço, verificamos o percentual que representa cada conta, ou grupo de


contas, em relação ao Ativo ou Passivo total. Da mesma forma, na DRE faz-se a
comparação de cada conta de custo, despesa ou subtotal com a Receita Operacional
Bruta.
Assim, podemos avaliar a relevância de cada conta ou grupo em relação aos
valores totais da empresa.
Com base nos demonstrativos da empresa Modelo S.A. podemos responder as
seguintes questões, entre outras:
 quais as contas mais significativas do Ativo? Clientes (36,46%) e Imobilizado
(16%);
 quais as contas mais significativas do Passivo? Financiamentos L.P. (36%),
Patrimônio Líquido (43%);
 qual o percentual de custo embutido no faturamento da empresa? 35,19%;
 quanto representam as despesas administrativas no faturamento da empresa?
6,79%.

Contabilidade Financeira
65

6.6.2 Análise Horizontal

A análise horizontal é efetuada tornando-se por base dois ou mais exercícios


financeiros – preferencialmente todos expressos em moeda constante e em valores
monetários da mesma data – com a finalidade de observar a evolução ou involução dos
seus componentes. Cumpre ressaltar que é na análise horizontal que podemos observar
o comportamento dos diversos itens do patrimônio e, principalmente, dos índices,
permitindo a análise de tendência.

Empresa Modelo S.A.

DRE ($ mil) 20X1 % 20X2 % 20X3 %

Receita Bruta 16.200 100 18.300 113 26.400 163

( - ) Impostos sobre Faturamento 3.100 100 3.500 113 5.200 168

( = ) Receita Líquida 13.100 100 14.800 113 21.200 162

( - ) custo Mercadorias Vendidas 5.700 100 6.100 107 7.800 137

( = ) Lucro Bruto 7.400 100 8.700 118 13.400 181

( - ) Despesas Comerciais 2.100 100 2.600 124 3.960 189

( - ) Despesas Administrativas 1.100 100 1.100 100 1.200 109

( - ) Despesas Gerais 850 100 700 82 800 94

( = ) Res. Antes das Desp. Rec. 3.350 100 4.300 128 7.440 222
Financeiras

( - ) Despesas Financeiras 1.450 100 1.150 79 1.100 76

( + ) Receitas Financeiras 50 100 80 160 70 140

( = ) Res. Antes dos Tributos sobre 1.850 100 3.070 166 6.270 339
o Lucro

( - ) Provisão p/IR e Contribuição 690 100 1.130 164 1.860 270


Social

(=)Lucro Líquido do Exercício 1.160 100 1.940 167 4.410 380

Contabilidade Financeira
66

2010 2011 2012

ATIVO 9.600 100% 10.100 105% 11.300 118%

Ativo Circulante 5.000 100% 4.200 84% 4.500 90%

Caixa e Bancos 500 100% 700 140% 400 80%

Clientes 3.500 100% 1.500 43% 2.600 74%

Estoques 1.000 100% 2.000 200% 1.500 150%

Ativo Não Circulante 4.600 100% 5.900 128% 6.800 148%

Clientes Longo Prazo 1.600 100% 800 50% 400 25%

Investimentos 1.500 100% 2.500 167% 2.400 160%

Imobilizado 1.500 100% 2.600 173% 4.000 267%

PASSIVO 9.600 100% 10.100 105% 11.300 118%

Passivo Circulante 2.000 100% 1.800 90% 2.000 100%

Empréstimos 500 100% 600 120% 400 80%

Fornecedores 1.000 100% 700 70% 1.100 110%

Salários a pagar 300 100% 300 100% 400 133%

Impostos a receber 200 100% 200 100% 100 50%

Passivo Não Circulante 3.500 100% 2.900 83% 2.100 60%

Financiamentos 3.500 100% 2.900 83% 2.100 60%

Patrimônio Líquido 4.100 100% 5.400 132% 7.200 176%

Com os demonstrativos estruturados da forma acima, podemos fazer diversas


análises comparativas, tanto da variação dos valores de cada conta ou grupo de contas
ao longo dos exercícios, quanto da variação dos índices apresentados pela empresa nos
períodos analisados.
A análise horizontal dos índices possui a grande vantagem de dispensar a
preocupação do analista quanto aos patamares de inflação do período considerado, uma
vez que os índices são resultados de comparações de grandezas de uma mesma data.

Contabilidade Financeira
67

1. ANEXOS
QUADRO-RESUMO DE ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
SÍMBOLO ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO

Estrutura de Capital

Quanto a empresa tomou


Relação entre as de capitais de terceiros Quanto menor,
RFR
fontes de recursos para cada $100 de capital melhor
Capitais de Terceiros x 100 próprio
Patrimônio Líquido

Quanto a empresa tomou


Quanto menor,
EG Endividamento Geral de capitais de terceiros
melhor
Capitais de Terceiros x 100 para cada $100 de Ativo
Ativo

Qual o percentual de
Composição das obrigações a curto prazo Quanto menor,
CE
Exigibilidades em relação às obrigações melhor
Passivo Circulante x 100 totais.
Capitais de Terceiros

Quantos reais a empresa


Imobilização do aplicou no Ativo que
Patrimônio Líquido Aplicações Permanentes x 100 Quanto menor,
IPL representam aquisições
melhor
Patrimônio Líquido Permanente para cada
$100 de Patrimônio Líquido
Aplicações Permanentes = (Investimento
+ Imobilizado + Intangível)
Ou = ANC - ARLP

Liquidez

Quanto a empresa possui


de Ativo Circulante +
LG Liquidez Geral Realizável a Longo Prazo Quanto maior, melhor
para cada $ 1 de dívida
Ativo Circulante+Realiz. L. P total
Passivo Circulante + PNCirculante

Quanto a empresa possui


de Ativo Circulante para
LC Liquidez Corrente Quanto maior, melhor
cada $ 1 de Passivo
Ativo Circulante Circulante
Passivo Circulante

Quanto a empresa possui


LS Liquidez Seca de Ativo Líquido para cada Quanto maior, melhor
Ativo Circulante – Estoques $ 1 de Passivo Circulante
Passivo Circulante

Contabilidade Financeira
68

SÍMBOLO ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO

Rentabilidade

Quanto a empresa obtém de


Rentabilidade do lucro para cada $ 100 de capital
RPL .Resultado Líquido x 100 Quanto maior, melhor
Patrimônio Líquido próprio investido, em média, no
Patrimônio Líquido exercício

Quanto a empresa obtém de


MB Margem Bruta lucro bruto para cada $ 100 da
Receita Operacional Líquida
. Lucro Bruto x 100

Receita Líquida

Quanto a empresa obtém de


Margem Operacional
MOL lucro operacional para cada $ 100 Quanto maior, melhor
Líquida
. Resultado operacional x 100 da Receita Operacional Líquida

Receita Líquida

Quanto a empresa obtém de


ML Margem Líquida de Lucro lucro Líquido para cada $ 100 de Quanto maior, melhor
Receita Operacional Líquida.
. Resultado Líquido x 100

Receita Líquida

Quanta vezes girou, durante o


RA Rotação do Ativo período, o Ativo Total Quanto maior, melhor
comparando com o faturamento.
. Receita Líquida x 100

Ativo Total

Quanto a empresa obtém de


Rentabilidade dos
RI lucro para cada $ 100 de Quanto maior, melhor
investimentos
Resultado Líquido x 100 investimento total

Ativo Total

Indicadores de Prazos Médios

Número de dias que decorre,


PMC Prazo Médio de Compras em média, entre a compra e o Quanto maior, melhor
Fornecedores CP e LP x 360 respectivo pagamento

Montante de Compras

Número de dias que decorre,


PME Prazo Médio de Estoque em média, entre a compra e a Quanto menor, melhor
. Estoques x 360 venda

Custo Produtos Vendidos

Número de dias que decorre,


Prazo Médio de
PMR em média, entre a venda e o Quanto menor, melhor
Recebimentos
Clientes (curto e longo prz) x 360 efetivo recebimento

Receita Bruta – Devoluções

Número de dias que decorre,


em média, entre a compra das
CO Ciclo Operacional PME + PMR Quanto menor, melhor
matérias primas ou
mercadorias e o recebimento

Número de dias que decorre,


PME + PMR - PMC em média, entre o pagamento
CF Ciclo Financeiro Quanto menor, melhor
ou CO - PMC aos fornecedores e o
recebimento pelas vendas

Capitais de Terceiros PC + PNC

Permanente Investimento + Imobilizado + Intangível

Contabilidade Financeira
69

7. SLIDES

Contabilidade Financeira
70

CONTABILIDADE FINANCEIRA

Por Ewerson Moraes, MSc.

Critérios de Avaliação

. Prova peso 7,0


.Trabalhos e participação em sala de aula peso 3,0
71

Conteúdo
Contabilidade

• Introdução

• Demonstrações Contábeis

• Indicadores Econômico /
Financeiros

• Análise das Demonstrações

O CENÁRIO ATUAL

4
72

Sistema “Contábil”
• Características
– Diversos Usuários
– Normas, Regras e Procedimentos
– Enfoque Temporal
– Controle e Gestão

• “Accountability” (Prestação de Contas)

• “Disclosure” (Evidenciação, Transparência)

SISTEMA “CONTÁBIL”
A
C Estratégica Internacional
C D
O I
U S
N Gerencial Social C
T L
A O
B S
I Empresarial Tributária U
L R
I E
T
Y Setorial
73

Conceitos Básicos de
Contabilidade
PATRIMÔNIO
Conjunto dos bens, direitos e obrigações
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Conjunto dos bens, direitos menos as
obrigações

CONTABILIDADE
Campo de atuação

O Patrimônio das pessoas físicas e


jurídicas, públicas e privadas.
74

PATRIMÔNIO

É o conjunto de BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES


avaliáveis em MOEDA vinculados a uma pessoa ou a
uma entidade com um fim específico

CONTABILIDADE
Conceito
É a ciência que estuda e controla o patrimônio, em seus
aspectos quantitativos e qualitativos, e as variações pôr ele
sofridas.
Objetivos
Os objetivos principais são captar, registrar, acumular,
resumir e interpretar os fenômenos que afetam o patrimônio,
tanto das pessoas físicas quanto das pessoas jurídicas.
Nesse sentido, a contabilidade manuseia dados e informações
diversas sistematizadas de maneira a proporcionar meios de
avaliação da situação econômico - financeira da empresa
pelos usuários externos. Esse “sistema de informação” deverá
ser capaz de tratar, de forma a permitir a gerência dos
usuários conforme as suas necessidades. Essas necessidades
variam quanto ao tempo e finalidade.
75

CONTABILIDADE
Quanto à Finalidade Controle
É o processo pelo qual a administração se certifica de que as
diretrizes, planos e políticas estão sendo cumpridas pela
organização.
• Os Relatórios Contábeis Informam à administração sobre o
desempenho da organização, possibilitando, assim, a tomada
de decisões;
• Possibilitam, ainda, a verificação da qualidade dos serviços
executados pelos empregados.

CONTABILIDADE
Campo de atuação da Contabilidade

O campo de ação da contabilidade é, basicamente, o


patrimônio das pessoas físicas e jurídicas privadas
(entidades não lucrativas, empresas em geral) ou públicas
(união, estado e municípios).
76

Usuários das informações contábeis


SÓCIOS E ACIONISTAS

BALANÇO ADM. E DIRETORES


I
PATRIMONIAL
N INST. FINANCEIRAS U
F S
O DEMONSTRAÇÃO GOVERNO
DO RESULTADO U
R Á
PESSOAS FÍSICAS
M R
A DEMONSTRAÇÃO FORNECEDORES I
Ç MUTAÇÕES DO O
Õ PATR. LÍQUIDO CLIENTES
S
E
S AUDITORES
D.F.C. TRIBUTARISTAS

OUTROS

PROCESSO CONTÁBIL

Princípios Fundamentais
Captar BP
Fatos administrativos

Investir Método das


Estocar
Partidas dobradas DRE
Comprar E
Receber OUTROS
Gastar
PROCESSAMENTO

Registrar no
ETC. Diário razão
Apurar saldo
ANÁLISE
feedback
77

Organograma: O Sistema Contábil


Livros Oficiais JUCEMG
Registro
Diário
Arquivo
Transação Documento Escrituração
Razão
Fato Comprovante Registro

BP (Contas
Balancete Patrimoniais)
Classificação

DRE • Consultas
• Publicações
• Órgãos Públicos
Lançto/digit.
DLPA • Usuários em
geral

DMPL
Conciliação

DFC OUTROS
Arquivo

Conceitos Básicos de
Contabilidade
Estática Patrimonial
Superavitária
Nula
Deficitária
78

SITUAÇÕES PATRIMONIAIS
1) ATIVO > PASSIVO ; PL > Ø

P
A
PL

A>P PL > Ø

SITUAÇÕES PATRIMONIAIS
2) ATIVO = PASSIVO ; PL = Ø

A P

A=P PL = Ø
79

SITUAÇÕES PATRIMONIAIS
3) ATIVO = PL ; PASSIVO = Ø

A PL

A = PL P=Ø

SITUAÇÕES PATRIMONIAIS
4) ATIVO < PASSIVO ; PL < Ø

A
P

PL

A<P PL < Ø
80

SITUAÇÕES PATRIMONIAIS
5) Patrimônio Líquido = PASSIVO ; ATIVO

PL P

- PL = P A=Ø

Necessidade da Informação Contábil


“Quanto é que você quer que dê?”

• Conquista do equilíbrio
financeiro:
– Liquidez x Rentabilidade;
– Formação do preço de venda de produtos e serviços;
– Criação de cenários e simulações.

Eduardo Holder
81

Pressupostos Básicos
• Princípio da Competência;
– Incluir receitas e despesas no período da ocorrência;
– A receita deverá ser reconhecida no momento da entrega do bem.

• Princípio da Continuidade;
– A continuidade da organização influencia o valor contábil dos ativos e
passivos.

Características Qualitativas
• Compreensibilidade;
– Pronto entendimento das informações contábeis.

• Relevância;
– Influência da informação contábil na tomada de decisão.

• Comparabilidade.
– A evolução deve ser medida pelos mesmos critérios e princípios ao
longo do tempo.
82

Características Quantitativas
• Confiabilidade;
– A informação deve retratar adequadamente o que se pretende
evidenciar.
“Primazia da essência sobre a forma”

• Neutralidade – Imparcialidade da
informação apresentada;

• Prudência – Precaução nas estimativas;

• Integridade – A informação deve ser a


mais completa possível.

Partidas Dobradas

• Aplicação de • Origem do capital;


Débito:

Crédito:

capital; • Reduz o valor do


• Aumenta o valor ativo;
do Ativo; • Aumenta o valor do
passivo e do PL.
• Reduz o valor do • A soma de todos os
Passivo e do PL. lançamentos a
débito deve ser
igual a soma de
todos os
lançamentos a
crédito.
83

Relatórios Contábeis
Balanço Patrimonial

Demonstração de Resultados (DRE)

Demonstração das Mutações do Patrimônio


Líquido (DMPL)

Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)

Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Disponibilidades Fornecedores
Contas a receber Empréstimos CP
CT
Estoques Não Circulante
Não Circulante Exigível LP
Realizável LP Resultados de
exercícios futuros
Investimentos
Imobilizado PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Intangível Capital
Diferido Reservas CP
Lucros e Prejuízos
acumulados Eduardo Holder
84

Aplicações •Ativo

•Passivo
Fontes
•Patrimônio Líquido

Ativo
• Aplicação de Recursos:

• Bens e direitos;

• Controle (não necessariamente


propriedade formal);
• Mensurável monetariamente;

• Benefícios econômicos futuros.


85

Ativo
Os grupos de contas são escalonados
em ordem decrescente de liquidez:
• Ativo circulante:
– Seus valores tendem a mudar com frequência;
– Realiza-se no curto prazo.
• disponibilidades (caixa e saldos bancários);
• direitos de curto prazo (clientes, duplicatas a
receber);
• estoques e outros valores de curto prazo a
receber.

Ativo
• Ativo Não Circulante:
– Seus valores não mudam com frequência;
– Representa bens e direitos de vida útil longa;
– É constituído por itens que são meios para atingir seus
objetivos;
– Seus itens são utilizados como meio de produção ou renda,
não se destinando a venda.
86

Ativo
• Ativo Não Circulante:
– Realizável a longo prazo;
– Investimentos:
• Representa as aplicações de recursos em investimentos
de caráter não especulativo.
– Imobilizado:
• Tangíveis;
• Recursos naturais;
• Imobilizado em andamento.

Ativo
• Ativo Não Circulante:
– Intangível:
• Os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos
destinados à manutenção da empresa ou exercidos
com essa finalidade.
• Marcas;
• Patentes;
• Licenças de utilização de softwares;
• Fundos de comércio.
87

Ativo
Devem ser feitas com base na vida
útil econômica dos bens.
• Depreciação:
– Redução do valor dos ativos causada pelo desgaste, uso, ação da
natureza ou obsolescência técnica;
– Deve ser calculada pelo critério que melhor reflita a perda do valor do
bem ao longo de sua vida útil.
Bens não depreciáveis...

Passivo
• Passivo Circulante:
– Seus valores mudam com frequência;
– Valores exigíveis;
– Vencem no curto prazo.
• Fornecedores e empréstimos bancários;
• Salários a pagar;
• Encargos sociais;
• Encargos a recolher.
88

Passivo
• Passivo Não Circulante:
– Seus valores não mudam com frequência;
– Valores exigíveis;
– Vencem no longo prazo.
• Empréstimos e financiamentos bancários;
• Debêntures emitidas;
• Títulos a pagar e outros com características de longo
prazo.

Patrimônio Líquido
É o valor residual dos ativos da entidade
depois de deduzidos todos os seus
passivos.
• Capital Social:
– Ações ou cotas;
• Integralizado;
• À integralizar.
• Reservas:
– De capital;
– De lucro.
89

Reservas
• De Capital:
– Não se originam do resultado do exercício.
– Ex. Ágio na emissão de ações.

• De Lucros:
– Retenção de parte do lucro com finalidade específica.

Demonstração do Resultado do
Exercício (D.R.E.)

Demonstração contábil destinada


a evidenciar a composição do
resultado formado num
determinado período de
operações da Entidade.
90

DRE
Receita Bruta
(-) Deduções
(=) Receita Líquida
(-) Custos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas (Administrativas, Comerciais e Gerais)
(+/-) Outras Receitas e Despesas Operacionais
(+/-) Resultado da Equivalência Patrimonial
(=) Resultado Antes das Despesas e Receitas Financeiras
(+/-) Receitas e Despesas Financeiras
(=) Resultado Antes dos Tributos sobre o lucro
(-) Despesas com Tributos Sobre o Lucro
1 (=) Resultado Após os Tributos sobre o lucro

(+/-) Resultado Líquido das Operações Descontinuadas


(+/-) Tributos sobre as Operações Descontinuadas
2 (=) Resultado Líquido das Operações Descontinuadas Após Tributos

1+2 (=) Resultado Líquido do Período

Deduções das Vendas


• Vendas Canceladas;
• Devoluções de vendas;
• Abatimentos;
• Impostos incidentes sobre as vendas.
– ISS (Imposto sobre Serviços)
– ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias)
– IVVC (Imposto sobre Venda a Varejo de Combustíveis Líquidos ou Gasosos)
91

Custos
• Comércio: CMV – Custo das
Mercadorias Vendidas;

• Indústria: CPV – Custo dos


Produtos Vendidos;

• Serviços: CSP – Custo dos


Serviços Prestados

Despesas
• Administrativas – Relação indireta
com a geração de receita;
– Contabilidade, Recursos humanos...
• Com Vendas – Relação direta;
– Salário e comissão de vendedores, aluguel de loja...
• Financeiras – Relacionadas ao
processo de financiamento
empresarial.
– Juros, IOF...
92

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

• Alterações ocorridas no saldo de Caixa e


Equivalentes de Caixa segregadas por:

– Fluxo das Operações;

– Fluxo dos Financiamentos;

– Fluxo dos Investimentos.

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

• Alterações ocorridas no saldo de Caixa e


Equivalentes de Caixa segregadas por:

– Fluxo das Operações;

– Fluxo dos Financiamentos;

– Fluxo dos Investimentos.


93

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

• Alterações ocorridas no saldo de Caixa e


Equivalentes de Caixa segregadas por:

– Fluxo das Operações;

– Fluxo dos Financiamentos;

– Fluxo dos Investimentos.

O QUE É ANÁLISE FINANCEIRA DE


EMPRESAS?
• Exame minucioso dos dados financeiros
• Várias etapas da análise financeiras
– Coleta, conferência e preparação
– Processamento
– Análise
– Conclusão
94

Análise Vertical Grande importância,


principalmente quando
Metodologia de análise que aplicada à Demonstração de
mostra a participação Resultado do Exercício,
percentual de cada um dos porque possibilita detectar a
itens das demonstrações composição percentual das
financeiras em relação ao receitas e despesas,
somatório de seu grupo evidenciando aquelas que
mais influenciaram na
formação do lucro ou
prejuízo.

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 16.200 100,00%


Análise Vertical Modelo

(-) Impostos sobre faturamento 3.100 -19,14%


(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 13.100 80,86%
(-) Custo das Mercadorias Vendidas 5.700 -35,19%
(=) LUCRO OPERACIONAL BRUTO 7.400 45,68%
(-) Despesas comerciais 2.100 -12,96%
--- ---

(-) Despesas administrativas 1.100 -6,79%


DRE

(-) Despesas gerais 600 -3,70%


(-) Outras REC / Desp. Operacionais 250 1,54%
RESULTADO ANTES DA REC. E DESP. FINANCEIRA 3.350 20,68%
(+) Receitas financeiras 50 0,31%
(+/-) Resultado da correção -220 -1,36%
RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS S/ O LUCRO 3.180 19,6%
(-) Provisão de I:R e Contribuição Social -280 -1,73%
RESULTADO APÓS OS IMPOSTOS 2,900 17,9%
Resultado líquido operações Descontinuadas 690 4,26%
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 2.210 13,6%
95

Indicadores econômico-financeiros
Índices de
Índices Rentabilidade desempenho
global da empresa, em termos de
capacidade de gerar lucro

Índices de Liquidez
medem a posição financeira da empresa,
em termos de capacidade de pagamento

Índices de Estrutura
avaliam a segurança aos capitais
alheios, sua política de obtenção de
recursos
96

Os índices de Liquidez
avaliam a capacidade financeira de
satisfazer os compromissos para
com terceiros. Quanto a empresa
dispõe de bens e direitos em
relação às obrigações. Entre os
mais conhecidos estão:

LC Liquidez Corrente
LS Liquidez Seca
LG Liquidez Geral

A LC (liquidez corrente) é um
dos índices mais conhecidos e
utilizados na análise de balanços. Indica
quanto a empresa poderá dispor em
recursos de curto prazo para pagar suas
dívidas circulante.

AC .

PC
97

AC – Estoques
PC
(LS) Liquidez Seca é
uma medida mais rigorosa na
avaliação da liquidez. Indica o
quanto PODERÁ dispor de
recursos circulantes, sem
vender seus estoques, para
fazer frente as suas obrigações
de curto prazo.

LG (Liquidez Geral) indica o quanto a empresa


PODERÁ dispor de recursos circulantes e de longo prazo
para honrar todos os seus compromissos.

AC + ARLP
PC + PNC
98

A rentabilidade avalia o RPL


Rentabilidade do Patrimônio
desempenho final da empresa. É Líquido

o reflexo da política e das MB


Margem Bruta
decisões adotadas pelos
administradores, expressando o ML
Margem Líquida de Lucro
nível de eficiência e o grau do
êxito econômico-financeiro
RI
Rentabilidade dos Investimentos

atingido.

RPL (Rentabilidade do Patrimônio Líquido)


mede a remuneração dos capitais próprios. Do ponto de vista
de quem investe em uma empresa, este deve ser o índice
mais importante.

. Lucro Líquido X 100


Patrimônio Líquido
99

_____ Lucro Bruto X 100


Receita Líquida

MB(Margem Bruta)
é uma medida da lucratividade obtida pela empresa
considerando apenas os custos para a fabricação de seus
produtos ou prestação de serviços

Índice de Rentabilidade

Lucro Líquido X 100


Receita Líquida

ML(Margem Líquida de Lucro) é


uma medida da lucratividade obtida pela
empresa. Este índice reflete o ganho
líquido da empresa em cada unidade de
venda.
100

RI (Rentabilidade dos Investimentos) evidencia o potencial


de geração de lucros, isto é, quanto a empresa obteve de lucro
líquido para cada real de investimentos totais. Verifica o tempo
necessário para que haja retorno dos Capitais Totais (Próprios
e de Terceiros) investidos na empresa.

Lucro Líquido X 100


Ativo Total

Indicadores de Prazos Médios


Os indicadores de Prazos
Médios ou de atividade, PMC – Prazo médio de compras
indicam a dinâmica de
PME - Prazo médio de estoque
algumas verbas do
PMR – Prazo médio de recebimento
patrimônio, isto é, quantos
dias elas levam para girar CO – Ciclo Operacional
(Rotação). Não devem ser
CF – Ciclo Financeiro
analisados individualmente,
mas sempre em conjunto.
101

PMC (Prazo Médio de Compras)


exprime o prazo obtido dos Utilizar a média da
fornecedores para pagamentos das conta Fornecedores.
compras de matérias-primas e/ou
Caso não fornecido
mercadorias
o montante de
compras, este valor
Fornecedores (Curto e Longo prazo) X 360 poderá ser estimado
Montante de Compras da seguinte forma:

MC = CPV + Estoque Final – Estoque inicial

PME (Prazo Médio de


Estoques) Exprime o número
de dias, em média, em que
os estoques são renovados
(ou vendidos).

Estoques X 360
Utilizar a média da conta
Estoques para comparar com o
CPV
Custo dos Produtos Vendidos
102

PMR (Prazo Médio de


Recebimento) das
Utilizar a média da conta vendas totais da
Clientes para comparar empresa, indicando o
com as Vendas tempo decorrido entre a
(Receita Operacional Bruta – ROB) venda de seus produtos e
o efetivo ingresso de
recursos.

Clientes (curto e longo Prazo) X 360


Receita Op. Bruta - Devoluções

CO (Ciclo Operacional) tempo decorrido entre a


aquisição das matérias-primas/mercadorias e o recebimento do
dinheiro relativo às vendas. Graficamente, assim pode ser
representado
103

Ciclo Operacional

Compra de Início da Fim da Venda Recebimento


Matéria-prima Fabricação Fabricação da Venda

PME(Mp) PMF PMV PMC

PME(Mp) = Prazo Médio de Estocagem de Matéria-prima


PMF = Prazo Médio de Fabricação
PMV = Prazo Médio de Venda
PMC = Prazo Médio de Cobrança

Ciclo Financeiro e Econômico


Compra de Início da Fim da Venda Recebimento
Matéria-prima Fabricação Fabricação da Venda
PME(Mp) PMF PMV PMC

PMPF

Ciclo Operacional

Ciclo Financeiro (Caixa)

Ciclo Econômico
104

Índice de Estrutura Patrimonial


Os índices de estrutura patrimonial
avaliam a SEGURANÇA

Endividamento Geral EG

Composição das Exigibilidades CE

Imobilização do Patrimônio Líquido IPL

Índice de Estrutura Patrimonial

EG (Endividamento Geral), estabelece a relação percentual


entre os recursos de terceiros (PC + PNC) e os recursos
totais (Ativo) aplicados na empresa.

Quanto
melhor

PC + PNC X 100
Ativo
menor
menor
105

Índice de Estrutura Patrimonial

CE (Composição do Endividamento) Compara o montante de


dívidas no curto prazo com o endividamento total.

Quanto

melhor
__ PC x 100
PC + PNC

menor

Índice de Estrutura Patrimonial

IPL (Imobilização do Patrimônio Líquido) quanto do Ativo


Permanente é financiado pelo seu Patrimônio Líquido, evidencia,
dependência dos recursos de terceiros.

Quanto
melhor

Permanente (*) X 100


PL
menor

(*)Permanente = Investimento + Imobilizado + Intangível


106

Análise das Demonstrações


Contábeis

Análise da Necessidade de Capital de


Giro

• NCG - Necessidade de Capital de Giro


• CDG - Capital de Giro
• SD - Saldo de Tesouraria
107

Aplicações Fontes
Duplicatas a receber Duplicatas a pagar
Estoques Salários e Encargos
Outras contas Impostos ligados a
operacionais produção
Outras contas
operacionais
108

Análise das Demonstrações


Contábeis
Saldo de Tesouraria

(TA) Tesouraria do Ativo - (TP)Tesouraria do Passivo


TA = Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras
TP= Empréstimos, Financiamentos, Juros e Dividendos

Análise das Demonstrações


Contábeis
NCG
(AO) Ativo Operacional - (PO) Passivo Operacional
AO = Ativo Circulante - Saldo de Tesouraria Ativa
PO = Passivo Circulante - Saldo de Tesouraria Passiva

AO = Ativo Operacional → AC – (s TA)


PO = Passivo Operacional → PC – (s TP)
109

ACO>PCO
É a situação normal da maioria das empresas. Há uma
NCG para a qual a empresa deve encontrar fontes
adequadas de financiamento.

ACO=PCO
Nesse caso a NCG é igual a zero e portanto a empresa
não tem necessidade de financiamento para o giro.

ACO<PCO
A empresa tem mais financiamentos operacionais do
que investimentos operacionais. Sobram recursos das
atividades operacionais, os quais poderão ser usados
para aplicação no mercado financeiro ou para expansão
da planta fixa.
110

Análise das Demonstrações


Contábeis
CDG
(ANOP) Ativo NÃO Operacional - (PNOP) Passivo NÃO
Operacional
ANOP = Realizável a Longo Prazo + Permanente
PNOP = Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido
111

Análise das Demonstrações


Contábeis

ATIVO PASSIVO
TA TP
Saldo de Tesouraria
Necessidade de Capital de Giro
AO PO
Capital de Giro

ANOP PNOP

Análise das Demonstrações


Contábeis
ATIVO PASSIVO

CDG PERFIL DE LIQUIDEZ


NCG
112

GESTÃO FINANCEIRA
Ciclo econômico
Compras Estoque
Vendas
(PMP) (PME) (PMRV)

Crédito de Ciclo Crédito a


fornecedore financeiro clientes
s

Dinâmica de empresa

Análise das Demonstrações


Contábeis
INDICADORES DE DESEMPENHO
T .

LIQUIDEZ
NCG
113

SUA EMPRESA
GERA DINHEIRO ?

$
SERÁ QUE EMPRESÁRIOS E ADMINISTRADORES
TÊM CONDIÇÕES DE RESPONDER A ESTA
PERGUNTA ?
E B I T D A

Lucro Antes de:

Juros

Impostos

Depreciações

Amortizações
114

Ewerson Moraes

eweson.silva@globo.com
(31) 99606-6118

Muito Obrigado !!
115
FÓRMULAS PARA OBTENÇÃO DOS
INDICADORES/ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS

I - ÍNDICES DE LIQUIDEZ
 CAPITAL CIRCULANTE = Ativo Circulante – Passivo Circulante
LÍQUIDO

Disponível + Realizável a Curto Prazo + Despesas


 CAPITAL CIRCULANTE =
do Exercício Seguinte

 LIQUIDEZ CORRENTE OU = Ativo Circulante


COMUM Passivo Circulante

Ativo Circulante – Estoques


Passivo Circulante
 LIQUIDEZ SECA = ou
(Ativo Circulante + Duplicatas Descontadas) –Estoque
Passivo Circulante + Adiantamento aos Fornecedores

Disponível
 LIQUIDEZ IMEDIATA =
Passivo Circulante

Ativo Total
 LIQUIDEZ TOTAL =
Exigível Total

Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo


 LIQUIDEZ GERAL =
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Ativo Total
 SOLVÊNCIA = Passivo Exigível (Passivo Circ. e Exig. a Longo Prazo)

Ativo Circ. + Receita Provável do Exercício Seguinte


 CASO ESPECIAL =
Passivo Circ. + Despesa Provável do Exerc. Seguinte

II - ÍNDICES DE ROTAÇÃO
Custos das Mercadorias Vendidas
Estoques
 ROTAÇÃO/GIRO DE ou
ESTOQUES =
Custo da Receita Líquida
Estoque Médio

 ESTOQUE MÉDIO = (Estoque Inicial + Estoque Final)  2

 ROTAÇÃO DO ATIVO = Vendas


TOTAL Ativo Total
116
Vendas
 ROTAÇÃO DO ATIVO FIXO =
Estoques

 ROTAÇÃO DO CAPITAL = Vendas


DE GIRO Capital de Giro

 ROTAÇÃO DOS ESTOQUES = Matéria-Prima Utilizada


DE M. PRIMAS Estoque Médio Matéria Prima

 PERÍODO MÉDIO DE = Duplicatas a Receber


COBRANÇA Vendas Médias Diárias

 PERÍODO MÉDIO DOS = 360


ESTOQUES Giro dos Estoques

 VENDAS MÉDIAS DIÁRIAS = Vendas Anuais


360
 PERÍODO MÉDIO DE = Duplicatas a Pagar
PAGAMENTO Compras Médias Diárias

 COMPRAS MÉDIAS = Compras Anuais


DIÁRIAS 360 Dias
 FÓRMULA PRÁTICA DE 360 x Estoque Médio
ROTAÇÃO DE ESTOQUES = Custo da Receita Líquida

 CÁLCULO DAS COMPRAS = Custo das Vendas + Diferença dos Estoques

 ROTAÇÃO DO =
Receita Líquida
INVESTIMENTO Ativo

Receita Líquida
 ROTAÇÃO PERMANENTE = Ativo Permanente

 ROTAÇÃO DO =
Receita Líquida
IMOBILIZADO Ativo Imobilizado

Custo das Mercadorias / Produtos Vendidos


 GIRO DE ESTOQUES =
Estoques Médios de Mercadorias / Produtos

 ROTAÇÃO DOS ESTOQUES = Matéria-Prima Utilizada


DE M. PRIMAS Estoque Médio Matéria Prima

 GIRO DE DUPLICATAS A = Vendas Anuais a Crédito/Prazo


RECEBER Saldo Médio de Dupl. a Receber

 GIRO DO CAP. CIRC. =


Vendas Líquidas
LÍQUIDO Capital Circulante Líquido Médio
117

III - ÍNDICES DE RENTABILIDADE / LUCRATIVIDADE:


Vendas
 GIRO DO ATIVO =
Ativo Médio

 RENTABILIDADE DO = Lucro Líquido


ATIVO Ativo Médio

 RENTABILIDADE DO = Lucro Líquido


PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio Líquido Médio

 RENTABILIDADE DO =
Lucro Operacional x 100
INVESTIMENTO GLOBAL Ativo

 LUCRO PRODUZIDO PELO = (Lucro Operacional + Despesas Financeiras) x


CAPITAL PRÓPRIO (Proporção do Capital Próprio)

 RENTABILIDADE DO = Lucro Produzido do Capital Próprio


CAPITAL PRÓPRIO Capital Próprio

 LUCRO PRODUZIDO PELO = Lucro Operacional  Lucro Produzido Pelo Capital


CAPITAL ALHEIO Próprio

 LUCRO BRUTO = Vendas – Custo dos Produtos Vendidos

 VENDAS = Resultado Operacional Líquido

 MARGEM DE LUCRO = Lucro Bruto


BRUTA Vendas

Lucro Operacional Líquido


 MARGEM OPERACIONAL =
Vendas

Lucro Líquido Após o Imposto de Renda


 MARGEM LÍQUIDA =
Vendas

Lucro Operacional x 100


 MARGEM DE LUCRO =
Receita Líquida
 RETORNO SOBRE
INVESTIMENTOS Lucro Operacional Líquido
= Ativo Total
(OU SOBRE ATIVOS)
 TAXA DE RETORNO = Lucro Líquido Após o Imposto de Renda
SOBRE ATIVO TOTAL Ativo Total

 TAXA DE RETORNO S/ O = Lucro Líquido Após o Imposto de Renda


PATRIM. LÍQUIDO Patrimônio Líquido

 LUCROS SOBRE A = Lucro Líquido Após Impostos


CAPITALIZAÇÃO Capitalização Total
118
 RETORNO SOBRE O
PATRIMÔNIO DE Lucro Líquido Após Impostos
=
ACIONISTAS Patrimônio dos Acionistas

Lucro Disponível Acionistas de Ações Ordinárias


 LUCRO POR AÇÃO (LPA) =
Número de Ações Ordinárias Emitidas

Preço do Mercado da Ação Ordinária


 ÍNDICE DE PREÇO/LUCRO = Lucro por Ação

 RENTABILIDADE = Lucro Operacional


OPERACIONAL Patrimônio Líquido

 RETORNO DO ATIVO = Rotação dos Estoques + Recebimento da Receita


CIRCULANTE Líquida

 RESULTADO FINANCEIRO =
Receitas Financeiras – Despesas Financeiras +
LÍQUIDO Variações Monetárias e Cambiais

Prêmios Ganhos – Sinistros – Despesas de


 LUCRO BRUTO =
Comercialização

Receita Operacional Líquida – Custos dos Produtos


 LUCRO BRUTO = e/ou Serviços Vendidos

Lucro Após o Imposto de Renda – Participação dos


 LUCRO LÍQUIDO =
Empregados Administradores e Beneficiários

 RESULTADO
OPERACIONAL = Receitas Operacionais – Despesas Operacionais

Receita Operacional Bruta (Faturamento) – Impostos


 RECEITA OPERACIONAL = Incidentes Sobre Vendas e Serviços – Devoluções e
LÍQUIDA Abatimentos

 RENTABILIDADE DO Lucro Antes da Correção


PATRIMÔNIO POR LUCRO = Total dos Investimentos
ANTES DA CORREÇÃO

IV - ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO OU DE ESTRUTURA:


Exigível Total
 ENDIVIDAMENTO GERAL =
Ativo Total

 ENDIVIDAMENTO A = Passivo Circulante


CURTO PRAZO Patrimônio Líquido

 ENDIVIDAMENTO A = Exigível a Longo Prazo


LONGO PRAZO Patrimônio Líquido

Pass. Circulante + Exigível Longo Prazo


 ENDIVIDAMENTO TOTAL =
Ativos Totais (Ativo Total)
119
Lucro Antes dos Juros e do Imposto de Renda
 COBERTURA DE JUROS = Despesa Anual em Juros

 PRESSÃO DO EXIG. A = Exigível A Longo Prazo


LONGO PRAZO Capital Circulante Líquido

 COBERTURA ENCARGOS =
Result. Exerc. Anter. I. R. + Desp. Fin.
FINANCEIROS Despesas Financeiras

V - ESTRUTURA DE CAPITAL
Exigível a Longo Prazo
 ESTRUTURA DE CAPITAL =
Patrimônio Líquido

 PARTICIPAÇÃO DE = Capitais de Terceiros


CAPITAIS DE TERCEIROS Patrimônio Líquido

 COMPOSIÇÃO DO = Passivo Circulante


ENDIVIDAMENTO Capitais de Terceiros

 IMOBILIZAÇÃO DO =
Ativo Permanente
PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio Líquido

 IMOBILIZAÇÃO DOS Ativo Permanente


RECURSOS NÃO =
Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo
CORRENTES
 CAPITAL PRÓPRIO = Patrimônio Líquido + Resultados de Exercícios Futuros

 CAPITAL ALHEIO = Passivo Circulante + Exigível A Longo Prazo

 ÍNDICES DE ORIGEM DE =
Capital Próprio
CAPITAIS Ativo

 PARTICIPAÇÃO DE = Pass. Circ. + Exig. a Longo Prazo


TERCEIROS Passivo Total – Ativo Diferido

 PARTICIPAÇÃO DE = Patrimônio Líquido


PROPRIETÁRIOS Passivo Total – Ativo Diferido

 GRAU "IMOBILIZAÇÃO" = Imobilizado


DO ATIVO Ativo Total

 ESTRUTURA DO =
Imobilização / Investimento / Diferido
"PERMANENTE" Permanente

 ÍNDICES DE CAPITAL =
Patrimônio Líquido + Resultados de Exercícios Futuros
PRÓPRIO ou At – [Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo]

 ÍNDICES DE PARTICIPAÇÃO =
Capital Próprio
DO CAPITAL PRÓPRIO Ativo
120
 ÍNDICES DE =
Capital Próprio
IMOBILIZAÇÃO DO ATIVO Ativo

 ÍNDICES DE =
Ativo Permanente
IMOBILIZAÇÃO DO ATIVO Ativo

 ÍNDICES DE CAPITAL DE (Capital Próprio + Financiamentos de Terceiros para o


GIRO PRÓPRIO = "Permanente") – Ativo Próprio

 ÍNDICES DE Ativo Permanente – Financiamentos de


IMOBILIZAÇÃO DO = Terceiros para o "Permanente"
CAPITAL PRÓPRIO Capital Próprio

Recursos Próprios + Recursos de Acionistas +


 ORIGEM DOS RECURSOS = Recursos de Terceiros

 MULTIPLICADOR DE
ALAVANCAGEM Ativo Total
=
FINANCEIRA Patrimônio Líquido

VI - ÍNDICES DE ATIVIDADES
 CAPITAL DE GIRO = Ativo Circulante

 CAPITAL EM GIRO = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo

 CAPITAL EM GIRO = Ativo Circulante – Passivo Circulante


LÍQUIDO
 CAPITAL EM GIRO PRÓPRIO = Patrimônio Líquido – Ativo Permanente

 COBERTURA DO GIRO = Capital em Giro Próprio


POR CAPITAL PRÓPRIO Capital em Giro Líquido

Estoque Final + Custos de Mercadorias Vendidas –


 COMPRAS =
Estoque Inicial

 PREÇO MÉDIO DE =
Estoque Médio x 360
ESTOQUES Compras

 PRAZO MÉDIO DE = Cliente Médio x 360


VENDAS À CLIENTE Receita Operacional Bruta

 PRAZO MÉDIO COMPRAS =


Fornecedor Médio x 360
DE FORNECEDORES Compras

 COBERTURA DE GIRO POR = Preço Médio De Compras x 360


FORNECEDORES Ciclo Operacional

 CICLO FINANCEIRO = Ciclo Operacional – Período Médio de Compras

 CICLO OPERACIONAL = Período Médio Estoques + Período Médio Vendas


121

VII - ÍNDICES DE REMUNERAÇÃO


 EM FUNÇÃO DO CAPITAL =
Lucro Líquido x 100
REALIZADO Capital Realizado

 EM FUNÇÃO DO CAPITAL = Lucro Líquido x 100


PRÓPRIO Capital Próprio

 EM FUNÇÃO DO VALOR = Lucro Líquido por Ação


DE MERCADO Cotação da Ação

Cotação da Ação
 ÍNDICE PREÇO/LUCRO =
Lucro Líquido por Ação

 RECEBIMENTO DA =
Duplicatas a Receber x 360
RECEITA LÍQUIDA Receita Líquida

VIII - ANÁLISE VERTICAL


Conta (ou Grupo de Contas) x 100
Ativo (Ou Passivo)
 CÁLCULO = ou
Conta x 100
Total do Grupo

 DEMONSTRAÇÃO DO Conta x 100


RESULTADO =
Receita

IX - ANÁLISE HORIZONTAL
Valor Atual do Item x 100
 CÁLCULO =
Valor do Item no Ano-Base

X - OUTROS ÍNDICES
 PROPORCIONALIDADE =
Despesas .....................................
DAS DESPESAS Lucro Bruto (ou Vendas etc.)

 DISTRIBUIÇÃO DE =
Dividendos
DIVIDENDOS Lucro Líquido

 ÍNDICES DO =
Lucro Operacional x 100
INVESTIMENTO TOTAL Ativo

 ÍNDICES DAS VENDAS =


Lucro Operacional x 100
(MARGENS DE LUCRO Vendas
122
(Lucro Operacional + Despesas Financeiras) x
 ÍNDICES DO CAPITAL (Capital Alheio / Ativo Total) – Despesas Financeira
ALHEIO =
Capital Alheio

 ÍNDICES REMUNERAÇÃO = Lucro Líquido x 100


DO CAPITAL PRÓPRIO Capital Próprio

 GARANTIA DE CAPITAL = Patrimônio Líquido e Resultado de Exercícios Futuros


DE TERCEIROS Passivo Exigível

 PATRIMÔNIO LÍQUIDO = Bens + Direitos – Obrigações

 ATIVO CIRCULANTE = Capital Circulante

 ATIVO OPERACIONAL
LÍQUIDO = Ativo Total - Ativo Permanente Diferido

 LUCRO = Patrimônio Líquido Final – Patrimônio Líquido Inicial

Patrimônio Líquido do Balanço + Resultados de


 PATRIMÔNIO LÍQUIDO =
Exercícios Fundos – Ativos Permanente Diferido

 EXIGÍVEL TOTAL = Passivo Circulante + Passivo Exigível Longo Prazo

 APLICAÇÕES DO =
Aquisições do Permanente
PERMANENTE/ORIGEM Total das Origens dos Recursos

 AQUISIÇÕES DO Aquisições em Investimentos e Imobilizado no


PERMANENTE = Exercício

Total do Ativo Declarado no Balanço Patrimonial –


 ATIVO REAL = Despesas Antecipadas – Ativo Diferido – Relações de
Interdependências

Patrimônio Líquido Declarado no Balanço + Resultado


 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Exercícios Futuros – Ativo Diferido – Despesas
REAL =
Antecipadas.

Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo +


 PASSIVO REAL = Patrimônio Líquido Real

Patrimônio Líquido Declarado + Resultado de


 PATRIMÔNIO LÍQUIDO = Exercícios Futuros – Ativo Diferido – Despesas do
REAL Exercícios Seguintes
ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO 123

Índice de participação = Passivo exigível total


De terceiros sobre os recursos totais. Ativo total

Grau de endividamento = Passivo exigível total


Patrimônio líquido

Composição do endividamento = Passivo circulante


Passivo exigível total

ÍNDICES DE EFICIÊNCIA OU ROTATIVIDADE

Giro dos estoques = custo das mercadorias vendidas


Estoque médio

onde: estoque médio = estoque inicial + estoque final


2

Prazo médio de renovação de estoque = ____360_______


Giro dos estoques

Giro do contas a receber = vendas líquidas


Contas a receber médio

onde: contas a receber médio = contas a receber inicial + contas a receber final
2

Prazo médio de recebimento = 360


Giro do contas a receber

Giro do contas a pagar = compras


Conta de fornecedores médio

onde:
Fornecedores = fornecedores no início do exercício+ fornecedores no final do exercício
2

Compras = CMV + estoque final – estoque inicial

Prazo médio de pagamento = 360


Giro do contas a pagar

Posicionamento relativo = Prazo médio de recebimento


Prazo médio de pagamento

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