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nente de armar todas as instituigdes para esse fim e Prepa-
rar todas as populagées, mas sem o imperativo de mobilizar
uma “comunidade do povo” na qual estariam fundidos todos
, € sobre esse ponto que se obser.
os individuos. Sem duvi
va a maior diferenca, il
a democracia liberal e ao respeito dos direitos da pessoa —
mesmo aquele que acende o fogo do nacionalismo e do racis-
mo da forma mais chauvinista e violenta, como fez Trump -,
fazer dele um “homem novo” ou encontrar nele o “homem.
arcaico” da raga superior. Estamos muito longe do projeto de
renovacgao do homem que anima o fascismo italiano ou do
projeto nacional-socialista de retorno a “pureza primaria” de
uma “esséncia alema original” (Chapoutot, 2020a, p. 204-5).
Além disso, querendo deixar 0 cuidado dos negocios sérios
aos experts, aos homens de negécio ou burocratas, Trump
rejeita a organizagao das massas sob a forma disciplinada e
arregimentada que o fascismo histdrico oferece. Certamente,
como mostrou a invasao do Capitélio em 6 de janeiro de 2020,
ele nao hesitou em instrumentalizar, na ocasiao, milicias fas-
cistas ou supremacistas ja constituidas, como os Proud Boys,
mas nao chega a criar do nada milicias reunidas pelo culto de
sua pessoa, 0 que constitui, em si, uma diferenga decisiva. Em
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disciplina férrea, seja a “comunidade do front” (Frontgemeins-
chaft) do nazismo, seja a comunidade da nagao, compreen-
dida como organismo celebrado pelo fascismo (Chapoutot,
2020a, Pp. 130). Ao contrario, ele exalta o individuo, coloca-0
acima do sentido comum, do interesse geral, incensa todas as
manifestagdes de sua liberdade, suas iniciativas, suas esco-
lhas, sua vontade de ser o melhor e de explorar suas “poten=
cialidades”. A maneira pela qual Trump e Bolsonaro “gerita™
a crise da pandemia, encorajando os individuos a desprezar
as orientagdes de protegio, notadamente o uso de ™
fala muito sobre a representacéo que fazem das relagoes eh”
cara,