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1 INTRODUÇÃO
O uso de explosivos e seus acessórios na indústria da mineração são indispensáveis
como ferramenta da engenharia para o desmonte de rochas, necessário para a fragmentação do
maciço. A técnica de desmonte de rochas por explosivos vai ser utilizada sempre que a
resistência da rocha inviabilize o desmonte por equipamentos de escavação. Esse tipo de
fragmentação pode ser aplicado na implosão de prédios, nas aberturas de estradas, túneis,
projetos subterrâneos, entre outros.
O desmonte de rochas com o uso de explosivos em áreas urbanas provoca inevitáveis
impactos ambientais e desconforto para as populações do entorno, as quais estão expostas
cotidianamente aos seus efeitos. Dallora Neto (2004) destaca que os principais efeitos
ambientais se fazem sentir são: ultralançamento de fragmentos, da geração de vibrações no
terreno, de sobrepressão atmosférica, da emissão de materiais particulados (poeira) na
atmosfera, do aumento dos níveis de ruído, do assoreamento de áreas e/ou de drenagens
adjacentes às minerações, além da alteração visual e paisagística. O controle e a minimização
desses efeitos é uma prática importante que deve acompanhar o planejamento e a execução
dos trabalhos de desmonte de rocha em áreas habitadas (SANCHEZ, 1995).
Esses problemas podem ser reduzidos a um nível aceitável a partir de uma metodologia
que busque privilegiar o advento de materiais e ferramentas e, principalmente, a adaptação do
plano de fogo as características geomecânicas e geotécnicas do maciço rochoso.
Diante do exposto, propõem-se um trabalho baseado em resultados de práticas de
campo e pesquisas teóricas sobre o tema desmonte de rochas por explosivo em áreas urbanas
dando ênfase principalmente as questões ambientais e ajuste do plano de fogo ao maciço. As
práticas desse trabalho foram realizadas na empresa Estrondo Explosivos Ltda. localizada em
Parauapebas-Pa. O principal objetivo desse desmonte era fragmentar um morro de derrame
basáltico para futura edificação de um galpão onde funcionará uma rede de supermercado. Os
custos operacionais dessa atividade são justificados pela alta especulação imobiliária
praticado na cidade desde 2000, quando esse problema começou a desdobrar-se, já havia um
déficit total de 5.949 residências, onde viviam 22.219 habitantes (IBGE, 2010).
1.3 MOTIVAÇÃO
Um dos principais problemas enfrentados quando da execução de desmonte de rocha
estão relacionados a acidentes, que, além de causarem danos à obra, também afetam os
vizinhos do empreendimento. Conforme ressalta ABNT- NBR 9653(2005) a depender da
gravidade, problemas desse tipo podem, inclusive, incorrer em acionamentos legais cíveis e
criminais.
A prática do desmonte de rochas por explosivos é muito comum em pedreiras para
produção de agregados por ser uma técnica eficiente, segura e de baixo custo (IBRAM, 2012).
No entanto, para se obter esses benefícios é necessário o perfeito manuseio e aplicação destes
explosivos, caso contrário esta prática deixa de ser segura e passar ser uma técnica de
potencial risco ao empreendimento e as comunidades adjacentes.
Preocupando-se com esses eventos indesejáveis a proposta desse trabalho visa, na
prática, tentar otimizar o desmonte em relação à granulometria e, principalmente, realizar um
desmonte em área urbana buscando minimizar os impactos ambientais e melhorar a segurança
do ambiente de trabalho do empreendimento.
18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O DESMONTE DE ROCHA NO CENÁRIO BRASILEIRO
No Brasil, o mercado da mineração vem desempenhando um papel de grande
importância na retomada do crescimento econômico nos últimos anos. O Brasil está entre os
países com maior potencial mineral do mundo conforme o Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM, 2011).
Em meio ao mundo da mineração, o desmonte de rochas é tido como umas das
operações unitárias que vão influência de forma direta nos custos da lavra. Esta forma de
fragmentação do maciço pode ser subdividida em: desmonte manual, hidráulico, mecânico e
por explosivos. (CAMERON, 1996).
Os desmontes de rochas podem ter várias finalidades, tais como: produzir brita, abertura
de estradas, abertura de tuneis, derrocamento de pedrais, desmonte de morros para construção
civil, entre outras. Dependendo da finalidade, os problemas ambientais podem ser agravados
caso não exista uma preocupação com os efeitos maléficos gerados por essa atividade,
principalmente se esta estiver locada em uma área urbana.
Os principais problemas que a atividade de desmonte pode gerar a comunidade do seu
entorno são ultralaçamento, ruído, poeira e vibração. Para a minimização desses impactos é
imprescindível o conhecimento da geologia local para melhor ajuste do plano de fogo, além
da aquisição de algumas ferramentas e materiais que possam minimizar esses impactos
(SÁNCHEZ, 2008).
domínio. Ainda, com maior extensão no domínio define-se o Complexo Xingu, composto por
ortognaisses tonalíticos, granodioríticos e trondhjemíticos, migmatitos e granitoides,
configurando-se como encaixantes das sequências de greenstone belts e granitoides
neoarqueanos (TEIXEIRA et al., 1989).
Os Greenstone Belts são representados pelo Grupo Grão Pará (Formação Parauapebas e
Formação Carajás, cuja geologia remete a rochas vulcânicas máficas e jaspilitos com minério
de ferro), além de grupos constituídos de sequências metavulcanossedimentares arqueanas,
geralmente metamorfisadas em fácies de xisto verde a anfibolito. Vale ressaltar importantes
depósitos metálicos nessas unidades. O Grupo Igarapé Pojuca (extremo norte da Serra dos
Carajás) contém depósitos de Cu-Zn; o Grupo Rio Novo (região de Serra Pelada) contém
depósitos de Au, Cu-Au e Mn; o Grupo Aquiri (extremo oeste da Serra dos Carajás) tem
ocorrências de Fe e Au; o Grupo São Félix (Serra de São Félix e do Eldorado) e o Grupo São
Sebastião (extremo noroeste do Domínio Carajás) contêm depósitos de Fe e ocorrências de
Au (TEIXEIRA et al., 1989).
Ocorrem ainda corpos granitoides caracterizados como granitos de alto K. Ao sul da
rodovia Serra Norte-Marabá (atual PA-275) há rochas granitoides deformadas e
gnaissificadas, agrupadas no chamado Complexo granítico Estrela. São em geral
monzogranitos, tonalitos, granodioritos e sienogranitos de idade 2.7 Ga. Outros, como os
granitos Planalto e Serra do Rabo, seguem a estruturação regional (E-W, NW-SE) (JORGE
JOÃO et al., 1982).
Na região da Rodovia PA-257 (Eldorado do Carajás – Parauapebas) foram descritas
rochas representantes de eventos de magmatismo máfico-ultramáfico, no chamado Complexo
Luanga. São cromititos associados a rochas máfico-ultramáficas, de forma acamadada e têm
destaque por conter uma jazida de Cr-EGP, orientados segundo a direção NE-SW. Outros
exemplos desse magmatismo dentro do domínio são a Suíte Intrusiva Cateté e o Gabro Santa
Inês (JORGE JOÃO et al., 1982).
A Cobertura sedimentar na região próxima a Parauapebas foi caracterizada como
Formação Águas Claras, de idade arqueana e composição siliciclástica, não metamorfisada,
distribuída amplamente na porção central da estrutura sigmoidal da Serra dos Carajás
(JORGE JOÃO et al., 1982).
A Suíte Granítica Serra dos Carajás engloba corpos graníticos tipo-A (granitos Serra
dos Carajás, Cigano, Pojuca e Rio Branco). Estes corpos intrudem tanto rochas do
embasamento como sequências metavulcanossedimentares, granitoides e rochas sedimentares
arqueanas. Javier Rios et al. (1995a) relatam a existência de diques de microgranitos,
20
pegmatitos e veios com anfibólio e biotita, além de rochas alteradas e veios hidrotermais na
porção norte do Granito Serra dos Carajás.
cava está abaixo da cota topográfica original, tornando a mina um grande reservatório,
necessitando-se de bombeamento para esgotamento da água.
O uso de explosivos e sua correta aplicabilidade é que vão proporcionar a fragmentação
da rocha na granulometria desejada e permitir a conformação das bancadas e demais
parâmetro inerentes a este método (HARTMAN, 1968).
As perfuratrizes Rotativas são montadas sobre uma plataforma, permitindo uma maior
facilidade de locomoção e não há percussões, pois a perfuratriz transmite à broca somente
movimento de rotação, podendo demolir a rocha por corte, abrasão e esmagamento, como
pode ser visto na figura 3. São utilizadas para furos de grandes profundidades, como
prospecções geológicas, poços artesianos, prospecção e exploração de poços petrolíferos.
Também utilizados para perfuração das rochas para a introdução de explosivos (RICARDO;
CATALANI, 2007).
Figura 3: Perfuratriz rotativa
Ao contrário da perfuratriz percussiva que apresenta porte menor e tem rotação da broca
descontínua, as perfuratrizes percussivo-rotativas (figura 4) possuem percussões sobre a
broca, além da rotação contínua. Geralmente utilizada para perfuração de diâmetro maior (38
mm a 89 mm), podendo chegar a 125 mm. O movimento da rotação pode ser produzido por
motor de pistões, colocado no cabeçote do equipamento ou por motor independente. Ambos a
rotação é reversível, facilitando, assim, o alongamento da broca e a retirada da perfuração
(RICARDO; CATALANI, 2007).
25
2.6 EXPLOSIVOS
Segundo Hartmam (2002), os explosivos são substâncias ou misturas de substâncias
capazes de se transformar quimicamente em gases, com extraordinária rapidez e
desenvolvimento de calor, produzindo elevadas pressões e considerável trabalho.
Segundo Ricardo; Catalani (2007), para que se possa escolher o tipo de explosivo certo,
é necessário levar em consideração alguns fatores, como:
Dureza da rocha (dura, média, branda);
Tipo de rocha (ígnea, metamórfica, sedimentar);
Natureza da rocha (homogênea fraturada);
Presença de água;
Região a que se destina (carga de fundo, carga de coluna);
Diâmetro dos furos;
Custo.
Além das informações dos folhetos técnicos, é bom procurar informações que
permite uma previsão do desempenho do explosivo, como:
Pressão de explosão;
Velocidade de detonação;
Volume de gases;
Energia absoluta;
Energia relativa;
Razão linear de energia;
Potência disponível.
Outro fator importante é testar o explosivo com a rocha a ser escavada e comprovar a
sua eficiência antes de comprar uma grande quantidade.
28
“Bencher” 2 1/4”
de ( 1)
34
(3)
(5)
(6)
VF = S x H (8)
(10)
(11)
(12)
2.10.2 Impacto de Ar
Impacto de ar é uma onda de choque transportada pelo ar que resulta da detonação de
explosivos. A severidade de um impacto de ar depende da carga do explosivo, da distância e,
especificamente, do confinamento dos explosivos.
(13)
40
A pressão acústica, medida além da área de operação, não deve ultrapassar o valor de
100 Pa, o que corresponde a um nível de pressão de 134 dBs pico, segundo as especificações
da ABNT – NBR – 9653 – 21/10/2005.
3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desse trabalho foi feito constantes visitas, em cada etapa do
processo, onde foi possível observar os aspectos teóricos e práticos a partir dos registros
fotográficos, filmagem, entrevista com operadores da área, descrição topográfica, marcação
dos furos, execução dos furos, escorva, carregamento com explosivo, tamponamento,
amarração dos furos, detonação dos explosivos e análise de fragmentação.
Com relação à sequência de detonação, optou-se por uma amarração na diagonal onde
dois sistemas de retardo foram adotados. O primeiro foi usando o sistema de retardo em linhas
(Figura 17) e o outro com sistema de retardo por furos (Figura 18).
O transporte foi feito por meio de 6 caminhões rodoviários basculantes do tipo SCANIA
P420.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um dos problemas observados nesta fase foi com relação a retilinidade dos furos (figura
22), uma vez que o maciço rochoso era extremamente resistente, além disso, apresentava
fraturas as quais proporcionaram desvios acentuados convergindo as cargas de fundo para um
ponto mais concentrado. Somado a isso, a perfuratriz a PW-5000 usada, segundo a
bibliografia consultada, dependendo da profundidade e da resistência da rocha, pode gerar
esses desvios de forma natural. Para obter-se uma perfuração com o mínimo de desvios a
melhor perfuratriz a ser utilizada seria a Percusiva-Rotativa, no entanto os custos de aquisição
e operacional deste equipamento inviabilizaria o empreendimento.
Nos furos onde sofreram esses desvios, comprovados pelo inclinômetro, reduziu-se a
carga de fundo com o intuito de diminuir a carga por detonação. Percebeu-se ainda, que nos
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desmontes onde ocorreram esses desvios acentuados, o produto do processo foi uma pilha
espalhada com grandes quantidades de matacoes e ultrafinos, geração de um maior nível de
ruído e vibração, e teria gerado ultralançamentos se não fosse a manta protetora para
desmonte.
A amarração na diagonal usando a sequência de detonação com retardos por linhas
(Figura 19) não geraram resultados satisfatórios com relação ao controle da vibração, uma vez
que com esse sistema, ocorrem detonações em um intervalo de tempo muito curto
favorecendo a sobreposição de ondas, fato que propiciou vibrações excessivas no solo. Com
relação a fragmentação, foi satisfatório com uma pilha bem homogenia.
A sequência que melhor se adaptou aos objetivos do plano de fogo foi a que utilizou
uma amarração na diagonal com sistema de retardos por furos, como mostra a figura 18. Com
esse sistema, a fragmentação não foi tão eficiente quanto o da sequência por linhas, no
entanto, os níveis de vibração e ruídos foram de menor intensidade. Apesar deste sistema ser
menos eficiente na fragmentação ele foi escolhido devido a preocupação com os impactos de
gerados ao meio.
Observou-se que os níveis de vibração diminuíram ao passo que as cargas detonadas
foram individualizadas evitando a sobreposição de ondas por cargas mais densas. Outro fator
que influenciou na escolha desta sequência foi relacionado a granulometria do material, uma
vez que não ouve a necessidade de um controle tão apurado da fragmentação, já que o
mesmo seria usado para aterramento de uma das áreas de várzeas da cidade.
8000
Vp(mm/s)
6000
4000
2000
Pressão acústica
k = 3.33, B = -1.2, Q = 25
500
400
P(kpa)
300
200
100
pressão acústica de 25 KPa,comparando essa pressão com a tabela 4, constatou-se que nessa
faixa de pressão não houveram danos significativos as estruturas adjacentes, no entanto, os
incômodos com os barulhos gerados com as detonações (120 dB) foram inevitáveis, mesmo
com o uso dos abafadores. Para uma distância de 20 m a pressão acústica aumenta para 100
KPa, esta distância marca o limite da ausência de danos. A uma distância de 10 metros da
detonação, tem-se uma pressão próxima de 210 kPa e 140 dB, intensidade suficiente para
gerar danos nas estruturas mais próximas, inviabilizando o empreendimento.
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5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
REFERÊNCIAS
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