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Ficha 2

Lê o texto e responde aos itens.

Representamos as últimas gerações que


ainda leem – somos uma espécie em vias de
extinção. As tecnologias sem as quais já não
vivemos, seja através dos conteúdos em
5 streaming ou das aplicações que nos injetam
dopamina no sistema nervoso, não foram
concebidas para lhes resistirmos. Pelo contrário.
Por isso, urge agir […]. As consequências no
que respeita ao futuro das novas gerações já se
1 anteveem.
0 Nos países ocidentais, porque as crianças de 2 anos passam em média 3 horas em
frente a ecrãs, as que têm idades entre os 8 e os 12 anos perto de 5 horas e os jovens
entre os 13 e os 18 quase 7 horas por dia, as gerações que estamos a educar –
constituídas pelos chamados “nativos digitais” – vão ser as primeiras nas décadas
recentes a ter valores de QI inferiores aos dos pais. […] Um artigo do professor francês
1 Christophe Clavé tornou-se viral nas redes sociais há uns meses por alertar para o
5 mesmo: o QI médio está a diminuir desde o começo do século. São valores médios e
concernentes a países onde se lê muito, como a Noruega, a Dinamarca, a Finlândia, os
Países Baixos e a França. Não abarcam Portugal. Temamos, portanto, o momento em
que, um destes dias, tivermos de nos confrontar com a evidência estatística que a empiria
já permite constatar.
2 Mergulhando as crianças nos ecrãs, condicionamos-lhes o desenvolvimento motor,
0 social e intelectual. Lendo menos livros, elas adquirem menos vocabulário, menor
capacidade de concentração, desenvolvem dificuldades de expressão das emoções e das
ideias, dá-se nelas a simplificação do pensamento. […]
Face a este cenário, não é difícil perceber que, se nada fizermos, o livro tem os dias
contados enquanto objeto de interesse para o grande público e que aquilo que ele tem a
2 oferecer será aproveitado por muito poucos. A capacidade de concentração, a atenção a
5 uma só coisa, está a desaparecer. As crianças, e muitos adultos, vivem em contexto de
estímulo permanente, prestando a atenção possível a várias coisas, e dependentes da tal
bombinha de dopamina que transportam no bolso para todo o lado e a que se vulgarizou
chamar smartphone. Há dias, ouvi um outro autor meu, da área da psicologia, o professor
Luís Fernandes, explicar numa entrevista que muitos adultos desenvolvem estados de
3 ansiedade, até com resposta física, se não estiverem com o telemóvel. Como será com as
0 crianças?
Ficará na história o governante que, através de uma política pública tão inesperada no
quadro das que têm mudado o rumo das nações, tiver a lucidez e a visão necessárias
para reescrever e dar a ler o nosso futuro através de medidas que façam da leitura um
desígnio nacional. Não é nada senão isso aquilo que é preciso fazer.
3 Rui Couceiro, “Leitor, uma espécie em vias de extinção”, in http://visao.sapo.pt/
5 (texto com supressões, consultado a 15/11/2021)
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1. Através da expressão “somos uma espécie em vias de extinção” (linhas 2 e 3), Rui Couceiro
(A) desconsidera o valor das gerações que apreciam a cultura.
(B) destaca o desprezo a que a sociedade votou a leitura.
(C) evidencia a situação de apogeu cultural que se vive na atualidade.
(D) contrasta o nível cultural da sociedade em função da leitura.

2. De acordo com a informação presente no segundo parágrafo, a relação entre tempo de exposição a um
ecrã e o QI da pessoa é de
(A) exemplo-demonstração.
(B) parte-todo.
(C) argumento-exemplo.
(D) causa-efeito.

3. No contexto em que ocorre, o vocábulo “empiria” (linha 20) prende-se com


(A) observação experimental.
(B) dedução lógica.
(C) argumentação.
(D) análise conceptual.

4. Relativamente às crianças, nas linhas 21 a 24, o autor


(A) apresenta as possibilidades para obstar ao uso da tecnologia.
(B) considera as vantagens da utilização que fazem da tecnologia.
(C) enumera os efeitos do seu excesso de exposição aos ecrãs.
(D) desvaloriza a possibilidade dos efeitos nefastos da tecnologia.

5. Perante o cenário a que Rui Couceiro alude, a expressão “o livro tem os dias contados” (linhas 25 e 26)
implica uma ideia de
(A) consequência.
(B) causa.
(C) demonstração.
(D) exemplificação.

6. A referência a Luís Fernandes (linha 32) constitui


(A) uma apreciação crítica apreciativa.
(B) uma opinião fundada em factos.
(C) um exemplo de um argumento.
(D) um argumento de autoridade.
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7. Através da interrogação “Como será com as crianças?” (linhas 33 e 34), o autor


(A) confirma a sua total descrença perante a inevitabilidade de um fenómeno irreversível.
(B) manifesta a sua preocupação relativamente a uma situação que afeta outro grupo etário.
(C) constata a dúvida de se questionar perante a dificuldade em resolver um problema.
(D) contrasta a perspetiva de uma faixa da sociedade com a visão de outra geração.

8. No último parágrafo, é evidente


(A) a esperança perante a mudança em curso na sociedade.
(B) a raiva e esmorecimento do autor pela impossibilidade da mudança.
(C) o tom didático e assertivo perante a necessidade da mudança.
(D) o desalento do autor face à inevitabilidade da situação apresentada.
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Soluções
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Ficha 2
1. (B);

2. (D);

3. (A);

4. (C);

5. (A);

6. (D);

7. (B);

8. (C).

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