Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gestao Do Conhecimento em Organizacoes Orientadas
Gestao Do Conhecimento em Organizacoes Orientadas
net/publication/284194550
CITATIONS READS
10 723
3 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Roberto Sbragia on 07 August 2016.
RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo que identificou os conhecimentos relevantes sobre o processo de gestão de projetos,
os fatores que influenciam esse processo e as práticas de gestão do conhecimento (GC) em três organizações
brasileiras. O estudo concluiu que a GC é impactada positivamente mais pelo contexto do que pelas práticas; além
disso, parece não haver melhores práticas de GC de forma genérica. Há melhores práticas para cada contexto
organizacional. Espera-se que este estudo adicione conhecimentos ao campo de Gestão do Conhecimento em Projetos
(PKM – Project Knowledge Management) e indique direções para estudos futuros sobre esse tema.
Palavras chave: Gestão do Conhecimento, Gestão de Projetos, Organizações Orientadas para projetos
ABSTRACT
This paper presents a study that identified the relevant knowledge about the project management process, the factors
that influence this process and knowledge management practices (GC) in three Brazilian organizations. The study
concluded that the GC is positively impacted more by context than by the practice; Furthermore, there seems to be
best KM practices generically. There are best practices for each organizational context. It is hoped that this study add
to knowledge Knowledge Management Field Project (PKM - Project Knowledge Management) and indicate directions
for future studies on this topic.
1
Mestre em administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo
- FEA/USP. Brasil. E-mail: carol.shinoda@usp.br
2
Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo - USP. Professor da Universidade de São Paulo - USP.
Brasil. E-mail: maximin@usp.br
3
Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo - USP. Chefe do Departamento de Administração da
Universidade de São Paulo - USP. Brasil. E-mail: rsbragia@usp.br
_____________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO Revista de Gestão e Projetos - GeP
SBRAGIA
95 Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
FATORES
INFLUENCIADORES - LITERATURA
CONSOLIDADOS
ESTRATÉGIA / APOIO Nonaka; Takeuchi, 1997; Von Krogh et al, 2001; Koskinen; Pihlanto,
DA ALTA DIREÇÃO 2008; Joia; Lemos, 2010; Chiri; Klobas, 2010.
CULTURA / Nonaka; Takeuchi, 1997; Von Krogh et al, 2001; Prencipe et al, 2005;
AMBIENTE Koskinen; Pihlanto, 2008; Joia; Lemos, 2010; Chiri; Klobas, 2010
Nonaka; Takeuchi, 1997; Von Krogh et al, 2001; Prencipe et al, 2005;
ESTRUTURA / PAPÉIS
Koskinen; Pihlanto, 2008; Joia; Lemos, 2010
PROCESSOS /
Nonaka; Takeuchi, 1997; Von Krogh et al, 2001; Prencipe et al, 2005.
TECNOLOGIA
FATORES Nonaka; Takeuchi, 1997; Von Krogh et al, 2001; Koskinen; Pihlanto,
INDIVIDUAIS 2008; Chiri; Klobas, 2010.
Além dos fatores influenciadores, a gestão organização. A primeira entende que organização
do conhecimento é estudada sob a perspectiva das projetizada é aquela que se estrutura
práticas em cada projeto (intraprojeto) e no conjunto deliberadamente em torno de projetos, sejam eles
dos projetos (interprojetos). Por exemplo internos ou vendidos a clientes da organização.
(KOTNOUR, 2000; LÍCIO, 2005; HANISCH et al, Sendo assim, a estrutura organizacional interna
2009; PRENCIPE et al, 2005; TAMINIAU et decorre de uma escolha estratégica e não fruto da
al,2009): necessidade de negócio. A segunda entende que
empresa projetizada é aquela que depende
Práticas intraprojeto: identificação e registro essencialmente da comercialização de projetos: a
das melhores práticas, consulta a dados de estrutura, portanto, é exigência de negócio. Neste
projetos encerrados, avaliação de ideias de estudo, foram observadas as práticas de gestão do
projetos com base na experiência; conhecimento em estruturas orientadas para
identificação e análise de lições aprendidas. projetos, independentemente do motivo para a
Práticas interprojetos: treinamento de novas projetização (ou projetificação).
pessoas nas equipes, avaliação de sinergias As organizações orientadas para projetos têm
em projetos paralelos, reuniões desafios para realizar a gestão de seus
interprojetos, comunidades de prática, conhecimentos, que decorrem da natureza de suas
grupos de estudos. atividades. Esse aspecto é discutido por Pinto (2005,
p. xi), que questiona: “Como podemos
2.3 GC em organizações orientadas para projetos institucionalizar e tornar essas práticas sistemáticas,
quando em sua própria natureza a gestão de projetos
Há diversas designações para a organização representa um empreendimento único, no qual não é
projetizada: orientada para projetos, baseada em dirigido ao longo prazo, mas em todos os sentidos
projetos, estruturada por projetos, entre outros. De temporário?” Singularidade e temporalidade,
acordo com o PMI (2008, p. 30), a maior parte dos indicadas por esse autor, são essenciais para a
recursos da organização projetizada está envolvida compreensão da dificuldade de gerenciar
no trabalho dos projetos e os gerentes de projeto conhecimentos em organizações orientadas para
desfrutam de grande independência e autoridade. As projetos. Temporalidade significa começo e fim
organizações orientadas para projetos têm definidos: o projeto necessariamente termina em
departamentos, mas se reportam diretamente aos algum momento, mesmo que demore anos. A
gerentes de projetos ou oferecem serviços de suporte Catedral de Colônia consumiu 600 anos... e está em
aos vários projetos. Para Anselmo (2009, p. 34) há permanente renovação. A singularidade está
duas conceituações principais sobre esse tipo de relacionada à criação de produto, serviço ou
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 97 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
resultado exclusivo. É possível que alguns elementos empresa que tem uma repetição constante dos
sejam repetitivos (alguns membros da equipe, elementos, como uma linha de montagem ou uma
processos, materiais), mas isso não muda a rotina dentro de uma área funcional.
característica única de um projeto. Esse aspecto A Figura 2 detalha os desafios da natureza dos
difere de atividades ligadas à operação de uma projetos (temporários e singulares) para a GC:
TEMPORALIDADE SINGULARIDADE
Figura 2 – Desafios da natureza dos projetos para a gestão do conhecimento (adaptado de KOSKINEN;
Pihlanto, 2008; LOVE et al, 2005; TURNER, 2005).
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 98 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
FATORES INFLUENCIADORES
PROJETOS
ESTRATÉGIA / APOIO DA ALTA DIREÇÃO
PRÁTICAS INTRAPROJETO
FATORES INDIVIDUAIS
Criação e Comparti- Armazena-
Recuperação
Aquisição lhamento mento
CONHECIMENTO
CONHECIMENTO
PRÁTICAS INTERPROJETOS
ORGANIZAÇÃO
indicados por pessoas da própria organização, em empresa, possibilitando identificar as áreas que
situação de senioridade. deveriam ser analisadas e as possíveis pessoas a
serem entrevistadas. A seguir, foram agendadas
3.3 Coleta e análise de dados entrevistas por e-mail com essas pessoas que foram
indicadas. A coleta propriamente dita dos dados foi
Para a coleta dos dados, foi preparado um realizada por meio das entrevistas, de observação
protocolo dos estudos de casos. O protocolo incluiu direta e de análise de documentos. Em seguida, o
os seguintes campos: procedimentos iniciais (dados caso foi redigido e enviado a cada um dos
de identificação do estudo, dados básicos de entrevistados para avaliação, de forma a se fazer
caracterização das organizações, critério de escolha eventuais ajustes. Após a conclusão e validação dos
das organizações, critérios para a entrevista, número três estudos de casos foi realizada a análise
de entrevistas, possíveis fontes de evidências), integrada.
trabalho de campo, roteiro de perguntas, previsão da Para analisar os casos, foi utilizada a técnica de
análise de dados e guia para elaboração do relatório. análise de conteúdo. A análise de conteúdo utiliza
Esses campos são baseados nas sugestões feitas por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição
Gil (2009) e Yin (2010). do conteúdo das mensagens e dos indicadores
Com base no protocolo, foram realizadas (quantitativos ou não) que permitem a inferência de
entrevistas preliminares com dois profissionais de conhecimentos relativos às condições de
uma empresa de consultoria (não um dos estudos de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas
caso), para avaliar se o objetivo do estudo estava mensagens (BARDIN, 2008, p. 44). Foi realizada
claro, se o roteiro contemplava os principais tópicos uma pré-análise do texto, seguida da exploração do
que poderiam ser explorados sobre o tema e até material e, finalmente os dados foram categorizados
mesmo se o tema era relevante para a organização. e os resultados foram obtidos por meio de
Essas entrevistas mostraram a necessidade de os inferências, por meio da ferramenta analítica
entrevistados saberem que tipo de conhecimento se retratada na Figura 4. “AAA” identifica um tipo de
queria analisar. Definiu-se então que os conhecimento relevante, por exemplo,
conhecimentos a estudar seriam relativos aos “conhecimento técnico”; a coluna “número” indica
processos de recuperar, criar, compartilhar e quantas vezes esse conhecimento foi mencionado;
armazenar conhecimentos. A coleta de dados “aaa” revela a maneira como o conhecimento foi
envolveu, inicialmente, uma conversa com uma mencionado na entrevista; “x” mostra qual
pessoa da administração superior das empresas entrevistado tratou desse conhecimento.
escolhidas. Essa pessoa forneceu uma visão geral da
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 100 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
A Cia de Talentos (CT) é uma empresa de A análise integrada dos casos permitiu
recrutamento e seleção de trainees e estagiários, que identificar oito tipos de conhecimento relevantes
pertence ao grupo DMRH. Esse grupo começou em para as organizações participantes do estudo. Esses
1988 com a fundação da DM (Decision Making), são conhecimentos que os entrevistados afirmaram
uma consultoria especializada no recrutamento e ser importantes para serem gerenciados, ou seja,
seleção de gerentes e altos executivos. A Cia de devem ser foco da Gestão do Conhecimento em suas
Talentos tem atualmente cerca de 100 funcionários. organizações.
Os projetos têm duração de cerca de cinco meses e A Figura 5 detalha os quatro grupos e os
são bastante similares em termos de processo. oito tipos conhecimentos identificados no estudo. A
numeração não tem nenhuma relação com a ordem
4.3 Estudo de Caso: PromonLogicalis de importância dos conhecimentos. Para cada
organização, os conhecimentos relevantes e o grau
A PromonLogicalis é uma das organizações de importância de cada um podem ser diferentes.
do grupo Promon e atua no setor de tecnologia da
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 101 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
TIPOS DE
GRUPO DESCRIÇÃO
CONHECIMENTO
O “saber como fazer” relacionado às ofertas de
serviço da organização.
Exemplos: saber fazer um modelo econômico
1. Técnico
(Banco Central), um processo seletivo (Cia de
Talentos) ou integração de redes
(PromonLogicalis).
É entender o passo a passo, as etapas do projeto.
CONHECIMENTOS
Exemplos: fases de um projeto de elaboração
RELACIONADOS
2. Processual: fases do de uma nova norma (Banco Central), fases de
AOS PROJETOS
projeto um projeto de seleção (Cia de Talentos) e fases
de um projeto de Data Center
(PromonLogicalis).
É entender o passo a passo das etapas da gestão do
3. Processual: fases do
projeto.
Gerenciamento de
Exemplos: MGPro (Banco Central) e eventos
Projetos
de controle (PromonLogicalis).
CONHECIMENTOS O conhecimento de como fazer análises, negociar,
RELACIONADOS discutir com o cliente, ou seja, saber o que se deve
AO RAMO DE fazer para atuar como consultor.
4. Consultoria
NEGÓCIOS EM Exemplos: “inteligência consultiva” (Cia de
QUE ATUA A Talentos) e “inteligência em avaliar”
ORGANIZAÇÃO (PromonLogicalis).
Conhecimento do mercado em que a empresa se
CONHECIMENTOS situa (fatores críticos de sucesso, dinâmica do setor,
RELACIONADOS players), da empresa em si (estratégia, cultura,
AO CLIENTE 5. Cliente: setor, processo) e do contato (o que a pessoa valoriza, de
PARA O QUAL OS organização e contato que forma gosta de trabalhar).
PROJETOS SÃO Exemplo: entender o mercado de operadoras de
REALIZADOS telefonia, a empresa “Vivo” e o “João”, que é o
contato dentro da Vivo (PromonLogicalis)
Saber quem possui qual tipo de conhecimento
dentro da organização.
Exemplos: Consultores do PMO Corporativo
(Banco Central), Gerentes de Projeto e Gerente
dos Consultores (Cia de Talentos), Titulares
6. Quem sabe o que
dos Centros de Competências, Coordenadores
(Know-Who)
de Disciplinas e Gerentes de Projetos
(PromonLogicalis) e profissionais seniores,
CONHECIMENTOS com muito tempo de permanência na
RELACIONADOS organização (Banco Central, Cia de Talentos e
À ORGANIZAÇÃO PromonLogicalis)
NA QUAL OS Saber quais projetos a organização já realizou no
PROJETOS SÃO passado e quais foram as lições aprendidas.
REALIZADOS 7. Histórico de projetos Exemplos: profissionais seniores, com muito
tempo de permanência na organização (Banco
Central, Cia de Talentos e PromonLogicalis)
Compreender a forma de ser dos profissionais da
organização seja na maneira de fazer o projeto ou
na forma de interagir com o cliente.
8. Cultural
Exemplos: respeito aos candidatos (Cia de
Talentos) e nunca dizer “não é comigo”
(PromonLogicalis)
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 102 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
FATOR
COMO INFLUENCIA A GESTÃO DO CONHECIMENTO?
INFLUENCIADOR
Quanto maior o porte da organização (número de funcionários), maior a
1. PORTE necessidade de formalização de processos e documentação de
conhecimentos.
Fatores como intensidade da concorrência, grau de confidencialidade e
2. SETOR sazonalidade podem impactar a inovação e o compartilhamento de
conhecimentos.
Quanto mais variados forem os tipos de projetos realizados / ofertados
3. VARIABILIDADE DE
pela organização, maior a necessidade de organização do conhecimento
PROJETOS
por segmentos e maior a dificuldade de reaproveitamento.
O modelo de contratação influencia a relação do profissional com a
4. MODELO DE empresa, podendo impactar no seu tempo de permanência na
CONTRATAÇÃO organização, bem como interferir em suas atitudes no compartilhamento
de conhecimentos.
A forma de organizar as equipes dos projetos – área de especialidade ou
5. ESTILO DE
geral, compartilhamento de recursos entre projetos, multiplicidade de
ORGANIZAÇÃO DAS
papéis – influencia o grau de especialização e de compartilhamento de
EQUIPES DE PROJETO
conhecimentos.
O esforço da organização em alocar pessoas que trabalharam em
6. ALOCAÇÃO determinados projetos / clientes anteriormente ou em priorizar a rotação
influencia o grau de especialização do conhecimento e a inovação.
A atitude individual das pessoas (por exemplo, pró-compartilhamento ou
7. FATORES
de guardar a informação consigo) influencia o grau de abertura para
INDIVIDUAIS
realizar os processos de Gestão do Conhecimento.
Porte, variabilidade dos projetos, estilo de identificados por Prencipe et al (2005) ao estudar as
contratação das equipes e alocação já haviam sido condições para evolução da aprendizagem
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 103 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
interprojetos. Os fatores individuais também haviam contratação tradicional). Este fator não foi apontado
sido identificados por Chiri e Klobas (2010), que nos estudos analisados.
analisaram fatores influenciadores no
compartilhamento de conhecimento pelos 4.4.2 Fatores facilitadores
indivíduos, e por Koskinen e Pihlanto (2008)
relacionado à motivação para o compartilhamento de Os fatores facilitadores da Gestão do
conhecimento. Conhecimento, identificados nos estudos de casos,
O modelo de contratação foi identificado no encontram-se consolidados na Figura 7. A ordem em
estudo devido às peculiaridades das organizações que os fatores foram listados não está relacionada ao
pesquisadas (no Banco Central os funcionários são grau de importância de cada fator, até mesmo porque
servidores públicos e na PromonLogicalis grande se constatou que é a composição dos diversos fatores
parte é acionista, dois modelos que têm que facilita a gestão do conhecimento nas
características bastante diferenciadas do modelo de organizações pesquisadas e não um único fator de
destaque.
Grande parte dos facilitadores catalogados Chiri e Klobas (2010), Joia e Lemos (2010),
no estudo foi também identificada em estudos Koskinen e Pihlanto (2008), Nonaka e Takeuchi
anteriores. A cultura facilitadora foi apontada por (1997) e Von Krogh et al (2001). A estrutura
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 104 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
horizontal foi discutida por Joia e Lemos (2010) e Walsh e Ungson (1991) em seus estudos sobre
Von Krogh et al (2001). A proximidade física, por memória organizacional.
sua vez, foi analisada por Koskinen e Pihlanto No entanto, a competência dos profissionais
(2008) e Von Krogh et al (2001). Olivera (2000) e e o tempo de permanência associados aos
Prencipe et al (2005) já haviam comentado sobre os facilitadores da GC não foram encontrados nos
papéis na organização. estudos resenhados.
Kotnour (2000) discutiu as práticas de
Gestão de Projetos como facilitadoras da GC e 4.4.3 Fatores dificultadores
Hauskecht et al (2009) referiu-se ao prestígio
organizacional como forma de retenção de pessoas Os fatores dificultadores para a Gestão do
nas organizações. Os projetos foram apresentados Conhecimento identificados a partir da análise dos
como facilitadores da GC por Schindler e Eppler casos foram consolidados na Figura 8. A ordem dos
(2003). Por fim, os sistemas e arquivos digitais fatores listados também não tem relação com o grau
também foram apontados por Olivera (2000) e de importância, pois isso depende do contexto de
cada organização.
FATOR
COMO INFLUENCIA A GESTÃO DO CONHECIMENTO?
DIFICULTADOR
Faz com que o conhecimento se concentre nas pessoas da organização,
1. Resistência cultural à
de forma que elas precisam sempre ser acessadas por aqueles que
documentação
necessitam de seu saber.
A entrega de projetos ou as atividades do dia a dia são o foco dos
2. Não priorização da
profissionais, de forma que o registro, recuperação, compartilhamento e
Gestão do
até mesmo reflexão sobre os conhecimentos recém-adquiridos fica em
Conhecimento
segundo plano.
3. Falta de integração entre Dificulta o compartilhamento de conhecimento cross áreas ou entre
áreas processos (proposta e execução do projeto, por exemplo).
Dificulta o acúmulo de conhecimentos ao longo do tempo e causa a
4. Rotatividade de pessoas perda de eficiência nos projetos (precisam investir tempo para ensinar as
novas pessoas do time o que o integrante que deixou a empresa já sabia).
A resistência à documentação já havia sido e Viscio (1998, apud Dunford, 2000, p. 44): “quando
apontada por Olivera (2000) e Taminiau et al (2009), uma pessoa deixa a organização, uma massa de
indicando que os consultores não gostam de fazer conhecimento sai diretamente pela porta com ela.”.
registros e que continuam procurando as pessoas A análise da falta de integração entre áreas como
para obter informações antes de ir em busca em dificultador da GC não foi encontrada nos estudos
sistemas. A não priorização da Gestão do analisados.
Conhecimento, por sua vez, foi discutida por Lício
(2005) e Taminiau et al (2009), na medida em que as 4.4.4 Práticas intraprojeto de gestão do
atividades de GC em geral não são pagas pelo cliente conhecimento
(como são os projetos), de forma que o foco maior
está na entrega de projetos. A rotatividade também As práticas intraprojeto, ou seja, aquelas que são
foi discutida por autores como dificultador da Gestão realizadas ao longo de um projeto, estão
do Conhecimento. Conforme a citação de Pasternack consolidadas na Figura 9.
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 105 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
Reuniões de tomada de
decisão sobre proposta
ou projeto
Passagem de bastão
(time comercial para
Alocação de time de entrega)
profissional com Kick-off (no time / com
experiência anterior cliente)
Desenvolvimento da
Apoio de Capacitações (on the
Proposta / Plano do
profissional job, formais, informais)
Projeto Time do projeto
experiente (formal / Comunicações
Detalhamento do Templates e
informal) informais
Plano do Projeto documentos
Consulta a materiais Reuniões ou Relatórios
Novos profissionais referência
de referência de de Status
Benchmarkings Rede do projeto
projetos anteriores Interações com cliente
(internos / externos)
Consulta a Reuniões de
Consultorias
profissionais chave alinhamento do time
para indicação de Reuniões de trabalho
materiais ou pessoas Divulgação de notícias
do projeto
Reuniões ou Relatório
de Encerramento
Pesquisa de satisfação
de clientes
Figura 9 – Práticas intraprojeto de gestão do conhecimento
As práticas interprojetos de gestão do conhecimento, identificadas nos casos, estão consolidadas na Figura
10.
Armazenamento /
Criação / Aquisição Compartilhamento
Recuperação
Reuniões Técnicas
Eventos organizacionais
Reuniões de acompanhamento
do portfólio
Segmentação da carteira de Reunião de alocação
Reuniões de análise do
projetos ou de clientes Projetos internos
portfólio
Metodologia de Gestão de Comitê, Evento e Portal de
Reunião de análise das
Projetos Inovação
pesquisas de satisfação
Manuais de Procedimentos / Participação em Congressos
Treinamentos (corporativos /
Metodologia do Projeto Entrada de novos
técnicos)
Sistema ou Rede dos Projetos profissionais na empresa
Formação dos profissionais
Conversas informais
Troca de e-mails
Informações de mercado
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 106 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
p. 14-19, 1983 apud YIN, R. K. Estudo de Caso: Pasternack, B. A.; Viscio. The Centerless
Planejamento e Métodos. 4. ed. Porto Alegre: Corporation: a new model for transforming your
Bookman, 2010. organization for growth and prosperity. New
York: Simon & Shuster, 1998 apud Dunford, R.
Joia, L. A.; Lemos, B. Relevant factors for tacit Key challenges in the search for the effective
knowledge transfer within organizations. Journal management of knowledge in management
of Knowledge Management, vol. 14, no. 3, p. consulting firms. Journal of Knowledge
410-427, 2010. Management, vol. 4, no. 4, p. 295-302, 2000.
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 109 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015
Gestão do Conhecimento em Organizações Orientadas para Projetos
_____________________________________________________________________________
Von Krogh, G. et al. Facilitando a criação de Walsh, J. P.; Ungson, G. R. Organizational memory.
conhecimento: reinventando a empresa com The Academy of Management Review, vol.16,
poder da inovação contínua. Rio de Janeiro: no. 1, p. 57 – 91, 1991.
Campus, 2001.
Yin, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos.
4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
_________________________________________________________________________________
SHINODA/ MAXIMIANO
SBRAGIA 110 Revista de Gestão e Projetos - GeP
Vol. 6, N. 1. Janeiro/Abril. 2015