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Rev2 - Reabilitação Urbana
Rev2 - Reabilitação Urbana
fi UInero
NQ2
Abr/MaiIJun 1999
6 27
Rel;!ortagem Tema de Ca~a
Escola Nacional de Artes e Reabilitação Urbana
Ofícios no Mosteiro da Lisboa é um Laboratório
Batalha entrevista com António Abreu,
Mestres de Cantaria para o vereador da Câmara Municipal
Futuro de Lisboa
q 31
Tema de Ca~a
Entrevista Divisãode Apoio Técnicoda
Presidente do IPPAR C.M.L.
110Património deve estar no
Ministério da Cultura" A Salvaguardada identidade
cultural
13 33
Rel2ortagem Tecnologia
Programade Reabilitação Análise de alguma
Urbanarevitalizanúcleo
documentação sobre Lisboa
Histórico de Almada
pós- terramoto
15
Caso de Estudo 38
Quarteirãono Castelo:Becoe O~inião
Ruado Recolhimento A reabilitaçãonos Estados
João Appleton Unidos: uma abordagemde
casosde estudo
NunoGil
19
Tecnologia 41,42,43,44,45,46,
o parquehabitacionalantigo e 47
os sismos
Carlos Sousa Oliveira
Notícias
48
22 Agenda ~j
Divulgação
URBE:Organizaçãonão
Governamentalpara o
AmbienteUrbano
49,50,51,52,53
Livros
NO , Urna...d, oua,,...",.,..
24 54
°l?inião
Reabilitação e Restauro PersI;1ectivas
Urbano: Patrimónioem perigo
TeotónioPereira
Um Livro de Urbanismonum
Alfarrabistade Londres
JoséCornélio da Silva
O "fachadismo" ganha foros de movimento a seguir à
segunda guerra mundial, traduzindo uma transposição
para a Europa do american way of life e, na prática, uma
cedência aos interesses do grande negócio imobiliário. Nesta
tendência, dos antigos edifícios aproveita-se apenas a carcaça,
que é preenchida com uma estrutura de materiais modernos,
aço ou betão. Exigênciasfuncionais e argumentos de segurança
são invocados para justificar este cortar a direito do arquitecto-
taxidermista.
A capital belga é apontada por alguns como o exemplo desta
abordagem da renovação urbana. Para grande sofrimento dos
nossos amigos belgas, aparece, até, cunhado o termo
"bruxelização".
Ao contrário, operar no tecido urbano vivo exige mãos sensíveis,
espírito criativo e multidisciplinaridade.. Infelizmente para os
mais apressados,pressupõe muito estudo e dá muito trabalho!
Os dividendos desta postura, em que a estrutura e os materiais
originais dos edifícios sãorespeitados,já são,hoje, patentes para
o grande público (incluindo os clientes das imobiliárias). Tanto
é certo, que muitos foram os centros históricos italianos que
por ela optaram. Mesmo na Dubrovnik dilacerada pelos
recentesbombardeamentos e incêndios, apesar dos edifícios se
apresentarem esventrados, se optou por reconstituir o seu
interior em respeito da antiga traça e dos antigos materiais.
Não sem alguns sobressaltose hesitaçõesé esta, por ventura, a
tendência que, entre nós, prevalece. O centro histórico do Porto
trilha essecaminho e (esperemos),a Baixa Pombalina de Lisboa
será disso exemplo. Amen.
\~~ .a.
v: Cóiase Silva
(Director)
oucas escolas no mundo podem
orgulhar-se de ter instalações como
a Escola Nacional de Artes e Ofíci-
os Tradicionais da Batalha. O
Mosteiro de Santa Maria da Vitória,
ou Mosteiro da Batalha, acolhe ac-
tua1m~nte cerca de 90 alunos, apos-
tados em revitalizar as artes tradi-
cionais. Aliás, a confiança dada pelo
Instituto Português do Património
Arquitectónico (IPPAR), que cede as
instalações, é também visível nas
recentes autorizações que dá aos
alunos para que desenvolvam as
suas Provas de Aptidão Profissi-
onal, substituindo algumas peças
destruídas do imponente Mosteiro.
Confiança na formação ministrada,
nos alunos, no Mestre Canteiro que
os orienta e no acompanhamento
dos trabalhos pelos conservadores
do Mosteiro.
A Escola nasceu em 1992, por
Contrato-Programa celebrado en-
tre o Programa de Artes e Ofícios nesta Escola. "De uma forma geral,
Tradicionais, a Câmara Municipal posso afirmar que alguns alunos
da Batalha, o Instituto de Apoio às escolhem este curso porque é uma forma
Pequenas e Médias Empresas e ao de completarem o 12Qano", lamenta
Investimento (IAPMEI), o então Luís Jordão, Director da Escola. "É
intitulado Gabinete de Educação preciso não esquecer que estamos a falar
Tecnológica, Artística e Profissional de uma profissão algo desconhecida e
(GETAP) do Ministério da Educação e que, muitas vezes, nem sequer faz parte
o fustituto Português do Património do vocabulário dos jovens. Sabem o que
Arquitectónico e Arqueológico é um chip, um mega byte, um disco
(IPPAR). rígido, mas um canteiro é um espaço
O curso de Mestre de Cantaria - para colocar flores! Acredito que muitos
Técnico Empresário, com duração de vêm por arrasto e acabam, ou por se
três anos e equivalência ao 12Qano,. apaixonar pela actividade, ou por
foi o primeiro a ser ministrado detestá-Ia. Não há um meio termo. A
maioria tem-se apaixonado", obrigatoriamente,possuirconhecimentos contribuem para a credibilização e
congratula-se. de ordem técnica, do domínio do saber valorização dos seus alunos. A
Ao terminarem o curso os alunos faZe1;mas também do sabergerir. Não primeira grande intervenção teve
podem optar por quatro vias. Uma formamos contabilistas,maspessoascom lugar na Alemanha, em Setembro
delas é o ingresso no ensino supe- capacidade para dar resposta às de 1997. "Fomosconvidados parafazer
rior, embora essa não seja a princi- necessidades contabilísticas de uma partedeum grupo detrabalho,durante
pal vocação da Escola. "0 empresa desta dimensão", acrescenta um mês, para restauro de umas janelas
investimento que fazemos nesta área o director da Escola. góticas do Mosteiro de Bentlage, em
tem em vista o exercício quaseimediato A maioria dos alunos estão, Rheine. Foi uma experiência que deu
da profissão. Mas é bom, e até certo efectivamente, a trabalhar na área grande força à nossa Escola, devido à
ponto emblemático para a Escola, que para a qual foram formados, exigência de trabalho por parte dos
alguns se especializem na área da "alguns como desenhadores, outros alemães que dirigiam a obra", recorda
escultura ou das artes plásticas, o que como técnicos, mas estão quase todos o nosso interlocutor.
tem, efectivamente,acontecidonalguns ligadosà pedra". A própria Associação Actualmente, está em fase de
casos",sublinha Luís Jordão.
Parte dos alunos optam, por outro
lado, por fazer parte de equipas de
conservação e restauro, "não
obstante sermos uma escola de
canteiros, e não de restauro de cantaria.
Mas aformação que adquirem permite-
-lhes desempenharem um importante
papel nessasequipas de restauro, que
integram historiadores, biólogos,
químicos e, claro, canteiros". Alguns
dos alunos que já concluiram o curso
estão a desenvolver importantes
trabalhos de conservação no
Mosteiro da Batalha.
Outros ainda, integram-se em
empresas já existentes.
Uma outra vocação da Escola de
Artes e Ofícios da Batalha é a
formação de jovens empresários,
dinamizadores de microempresas
enquadradas neste específico sec-
tor de actividade. Para tal, criou
uma Unidade de Inserção na Vida
Activa (UNNA), que desenvolve todo Portuguesa dos Industriais de conclusão a reconstrução da
o trabalho de encaminhamento dos Mármores, Granitos e Ramos abóbada da Igreja de Nossa
alunos no processo de criação de Afins (ASSIMAGRA), mostrou-se Senhorada Gaiola,em Corte, que
estruturas empresariais. "Está recentemente interessada em teve início há dois anos. "Sãomais
provado que o futuro da economia de um celebrarum protocolo com a Escola, de 100 metros de ogiva, nove fechos com
país assenta muito na microempresa. para que os alunos finalistas cerca de 600 quilos cada, tudo isto
Além disso, esteé um dos concelhosdo possam realizar estágios em colocadoa 12 metros de altura. É uma
nosso país com menor taxa de contexto de trabalho, nas empresas obraque envolvecanteiros,engenheiros,
desemprego,o que constitui um suasassociadas."É fundamentalque arquitectos e um mestrecarpinteiro que
incentivo, um bom ponto de partida os alunos tenham num horizonte fez um trabalho notável ao nível das
para os alunos que aceitam o desafio de próximo perspectivas de saídas estruturas".
criar o seu próprio negócio", acredita profissionais",sublinha Luís Jordão. Vários pórticos de igrejas da região
Luís Jordão. Um outro acordo em vias de ser têm sido recuperados pelos alunos,
Para formar jovens empresários, a firmado tem em vista a formação e até a Ponte da Boutaca, na
Escola aposta não só na de base conjunta, com a Escola Batalha, está a ser parcialmente
componente prática do curso, mas Profissional de Capelas,nos Açores. reconstruída pelos futuros Mestres
também na formação teórica ao Actualmente, dois jovens formados Canteiros, devido a um acidente
nível da gestão empresarial. Das na Escola da Batalha estão já a rodoviário que destruiu parte das
1200 horas de formação anual, 50% ministrar formação na área da grelhas desta ponte, datada do séc.
são constituídas por vertente cantaria, nesta escolaaçoreana. XVI.
prática e as restantes 600 horas por O sucesso da Escola deve-se Imperativa, para conclusão do
formaçãoteórica. "Para organizar a também às inúmeras intervenções curso, é a realização de uma Prova
sua microempresa,oformando tem que, que tem realizado, e que de Aptidão Profissional (PAP), que
deve retratartoda a aprendizagem Há mesmoquem diga que ninguém num trabalho desenvolvido pelo
desenvolvida ao longo dos três conhece o Mosteiro da Batalha Programa de Artes e Ofícios sobre as
anos de formação. ';4.PAP exigeum como este homem de 67 anos. Foi lojas tradicionais. Hoje, o curso está já
trabalho de investigaçãohistórica da ali criado e os canteiros da família no segundo ano de funcionamento e a
vão, pelo menos, até à 5@geração. ter algum sucesso", refere Luís
"Estamos numa zona privilegiada para Jordão. Também nesta área, os
se começar a aprender. O calcário que alunos terminam o curso com a
se encontra na zona centro pode ser qualificação profissional de Nível 3
bastante homogéneo, macio, semi- da União Europeia, equivalente ao
rígido, duro, enfim, escolhemosa pedra 12Qano de escolaridade. Este ano,
que queremostrabalhar.É uma pedra os formandos estão já a realizar
que ajuda o aluno a fazer um trabalho estágios em contexto de trabalho,
que,em poucotempo,já é visível. Em começando a pôr em prática a
contrapartida, é uma matéria-prima componente teórica adquirida.
comgrandesexigênciasem termosde A aguardar a altura oportuna para
qualidade e perfeição do trabalho", arrancar está o Curso de Vitral, já
refere Alfredo Ribeiro. aprovado pelo Ministério da
As aulas teóricas são agora Educação. '~pesar de em Portugal não
ministradas em instalaçõescedidas encontrarmos muitos vitrais, pensamos
pela Câmara Municipal da Batalha que é importante despoletareste curso,
e asaulaspráticasno Mosteiro, uma perfeitamente integrado nesta área",
exigência do significativo aumento justifica o Director da Escola.
do número de alunos. Em conjunto com os Arquivos
Actualmente, e para além do curso Distritais nacionais, está ainda a ser
de Mestre de Cantaria - Técnico ultimada urna proposta para um
Empre;sário, a Escola Nacional de curso de Recuperação de Livro e
Artes e Ofícios Tradicionais da Cartografia Antiga. '~ nossa princi-
Batalha oferece um curso inovador pal preocupação é propôr e desenvolver
em Portugal: o Curso de Lojista - cursos que tenham sempre como base
Técnico de Comércio Tradicional. " a filosofia da revitalização das artes e
É um curso que se insere no âmbito da dos ofícios tradicionais. As escolasque
revitalização de um ofício: a arte de o extinto Programa de Artes e Ofícios
saber vender, a arte de contactar. Tradicionais deixou têm comoobrigação
Fizemosuma proposta ao Ministério da manter essafilosofia", conclui Luís
Educação, que foi aprovada, baseada Jordão.
.
peça que vai ser construída, de análise
da pedra a utilizal; o desenho, o projecto,
o molde, o orçamento... enfim, reúne um
conjunto de matérias que resulta num
trabalho sem o qual o aluno não conclui
o seu curso", refere Luís Jordão.
Motivo de orgulho para alunos e
professores foram os resultados
alcançados na edição de 1999 do
Concurso Nacional de Formação
Profissional, promovido pelo
Instituto de Emprego e Formação
Profissional, no qual dois alunos
alcançaram os dois primeiros
lugares. Os responsáveis pela
Escolaestãoconfiantes de que estes
alunos vão trazer um bom resultado
da final mundial, que terá lugar no
Canadá.
Para a valorizaçãodos alunos,muito
tem contribuídoacomplementaridade
entre as matérias leccionadaspelos
professores responsáveis pelas
disciplinas teóricas, e pela prática
ensinada pelo Mestre Alfredo Ribeiro.
- restesa completar quatro anos comopresidente do
IPPAR, Luis Ferreira Calado concedeuà Pedra & Cal
a quarta entrevista do seu mandato, a um órgão de
comunicaçãosocial. Do muito que nos contou, aqui fica
o que o espaçodisponívelpermitiu.
Pedra & Cal - Acha que se justifica a sociedade.O que não quer dizer que
existência de dois organismos, a quando houver maior capacidadede
DGEMN e o IPPAR, na área do resposta que não devamos entrar
pa trimónio ar~tectónico? noutro tipo de património que, não
Luis FenoeiraCalado - É uma pergunta estandoclassificadonão deixa de ser
delicada neste momento. No meu património a preservar.
ponto de vista e directamente, E fazemo-lo sobretudo em 3 áreas:
respondo que não! Acho que o em termos da preservação, os
'património deve ter uma única tutela, chamados licenciamentos ou
que deve ser na área da cultura. pareceresvinculativos que o IPPAR
P&C - Há alguma articulação, dá para intervençõesem património
actualmente, entre os dois organismos? classificadoe em zonasde protecção,
LFC - Nós não temos obras em o que nem sempreé respeitado.Devo
conjunto. O IPPAR faz obras, a dizer que há muitos organismos,
DGEMN tem vindo a fazer algumas mesmodo Estado,que não respeitam
obras, também em monumentos esseparecervinculativo do IPPAR.
classificados. Portanto, onde está a Actuamosem termos de intervenção,
DGEMN não está o IPPAR, não nos na recuperaçãodo próprio património
vamos sobrepor...eu diria que há que está afecto ao IPPAR, ou
mais uma complementaridade. património que, sendodo Estadoou
P&C - Refaço a pergunta. De que de outras entidadesnós estejamosa
forma define o papel de uma e outra apoiar.Esta:mos aliás,nestemomento,
entidade? a apoiar um número significativo de
LFC - Neste momento, não sou recuperaçõesde património da igreja
capaz de lhe dar uma resposta. e das misericórdias,em colaboração
P&C - Qual é então a função do com os municípios. E, numa terceira
IPPAR? vertente, a função do IPPAR é
LFC - A função primordial do IPPAR investigar,valorizar e divulgar, para
é zelar, preservar o património. além de proceder a uma gestão
Quando falamos em património integrada de todo estepatrimónio.
falamos numa abrangência, na P&C - O IPPARtem um levantamento
concepção global do património que do património arquitectónico
terá que ser obviamente classificado. classificado?
E o ser classificado é um acto LFC - É o IPPAR que o classifica.
adminishâtivo, que é o reconhecimento Portanto, ninguém melhor que o
do interessedesse património para a IPPAR para ter essa informação.
Podemosou não pô-Io na Internet, abriram frentes de trabalho em todo Nós não estamosmuito interessados,
podemos colocá-loou não em livros o resto do país, em património que para já, em exteriorizar o inventário
mas, de facto, o levantamento está até agora estava perfeitamente do IPPAR, porque para nós é
no IPPAR. esquecido e alguns até com fundamental que esse inventário
processos, que se arrastavam há contemple também a perspectivada
alguns anos, de reclamação, de ficha clínica.
contestação P&C - Concorda que há falta de
P&C - E quanto ao património não informação do IPPAR, junto dos
classificado? profissionais do sector e do próprio
LFC - É uma áreaque nos preocupa, público em geral que se interessa
obviamente,...não deixa de ser pela "coisa" do patrimómo?
património. Preocupa-nos mas, de LFC - É verdade! É uma crítica que
facto, nós teremosque privilegiar, na nos é feita e que eu tenho que aceitar.
medidaem quenão temososrecursos Estamos a fechar um ciclo, que
suficientes,a área classificada,o sub correspondeà legislatura e eu penso
conjunto do património que está que quem ficar no IPPAR na
Mosteiro dos Jerónimos - porta sul classificado. As classificações têm legislatura seguinte terá que rever
vindo siStematicamente a ser abertas, essasituação.
P&C - E há uma actualização do há bastante pressão por parte dos Tenho consciênciade que corremos
estado dessepatrimónio? autarcase das populaçõespara que riscos, designadamente em termos
LFC - Constante! Nós temos neste as classificações~vancem. de comunicaçãosocial onde somos
momento 5 Direcções Regionais a P&C - Falou das autarquias.Até que muito facilmente criticáveis. Ou é
funcionar em pleno. Estão já mais ponto há colaboraçãoentre o 1PPAR porque sedeixaconstruir, ou porque
duas criadas, em Castelo Branco e e as autarquias? não se deixa construir, se está a cair
VIla Real,que em breve, entrarão em LFC - A colaboração com as
funcionamento. autarquias tem sido excelente.
TemosprocuradQdotar as Direcções Sobretudo com a Associação de "Não enjeitoa
Regionais de capacidade para, Municípios com Centros Históricos. hipótesedo IPPAR
sistematicamente,estar em cima do Não queremos ter uma atitude de
acontecimento e poder actualizar a donos do património, o IPPARnão ser completamente
informação sobreo estadocrítico em é dono do património. O património reformulado..."
que o nossopatrimónio está.Eu sou é colectivo, é da sociedade e cada
talvez parte suspeitapara fazer esta vez que haja oportunidade, que se --
afirmação mas, nestes 4 anos, tem justifique envolver a sociedadequer é o IPPAR que não intervém, os
havido passos significativos, tem do ponto de vista colectivo, quer do motards andam na via romana e o
havido trabalhos sistemáticos de ponto de vista da comunidade IPPAR não faz nada. Ou por
leyantamento da situação do científica, nós envolveremos. exemplo, os graffities que nós
património, relatóriosda situaçãoem P&C - Temrecursos,nomeadamente retiramos num monumento e no dia
pessoalqualificado, para promover seguinte estão lá outra vez. Não
um Inventário do Património podemos colocar um polícia junto a
Arquitectónico Nacional? cada monumento. O que temos que
LFC - Quando sefala em inventário, fazer,nós sociedade,é começarpela
temos que ter os pés bem assentes escola,em acçõespedagógicas,ainda
na terra. Geralmente diz-se que o que os serviços educativos não
inventário não existe.Eu não afirmo, estejam totalmente apetrechados e
tão peremptoriamente, que o dependam das equipas, das
inventário português do património dinâmicas, da exigência que é feita
não exista: quando falamos do pelas escolas em determinados
Mosteiro de S.Joãode tarouca- vista geral inventário,gemlmentehá o inventário monumentos. Porque o património
do património arquitectónico, o é uma questão de cidadania e de
que seencontram,procedimentosde inventário do património móvel e cultura, daí que eu defenda, sem a
recuperação de património e tem tambémo de outrotipo de património. menor dúvida, que o património
havido um alargamento de frentes Eu considero que o inventário está deve estarno Ministério da Cultura.
de trabalho em todo o país. Paralhe significativamente feito, pode é não P&C - Depreende-se então que a
dar um exemplo, quando esta estar feito com uma estrutura natureza da DGEMN, à partida, não
direcção tomou posse,o PIDAC do equilibrada, pode não estar feito na é a mais correcta?
IPPAR,localizava-sesobretudo nos sua totalidade. Admito que sim mas LFC - Repare, eu não tenho
distritos de Lisboa e Porto, o que a igreja sabeo que tem, o Estadosabe legitimidade,nem o quero fazer,para
significava que 65 a 68% do total do o que tem, os privados sabemo que me pronunciar sobre outras
investimento era feito nestes dois têm...portanto o inventário, nessa entidades, designadamentesobre a
distritos. Nestemomento, para estes perspectiva, está mais ou menos DGEMN, que é uma entidade que
mesmosdistritos, estamosna ordem identificado, chame-se a isto eu respeito,que é uma entidade que
dos trinta e pouco por cento, o que inventário sumário, chame-se tem bons técnicos.Possoé emitir a
quer dizer que se alargou 'e se inventário mais sofisticado. opinião de qual é a estruturaçãoque
vindo a melhorar, fazendo-se, nós não sabemos onde é que vai
reconhecidamente, boas intervenções. parar. Até ágora a folga dos 50%
Há uma maior preocupação para se permite enquadrar essestrabalhos
apetrecharemtecnicamentee formarem mas, com uma folga menor,
técnicos para intervirem na área do provavelmente vai ser mais
património. Tem havido gr~ndes complicado.
progressos, em termos das empresas, P&C - Neste âmbito, da intervenção
na qualidade das intervenções pelo das empresas,como vê o papel do
~"=,~-=,-
que me é dado observar, não como GECoRPA?
Miróbriga - aspecto do hipocausto especialista, mas pelos relatórios de LFC - Eu consideroque é positivo as
especialistas que me vão chamando empresasestarem associadas,terem
me parece mais razoável, por estas a atenção para a melhoria da um fórum onde possam discutir os
razões, em relação ao aparelho de qualidade. seus problemas, porque quando eu
Estado para o património. Claro que Gostava no entanto que essas vou ao mercado, quero que haja
sei que é um assunto delicado. empresas fossem ganhando "back- agentes,do lado da oferta,capazesde
Inclusivamente devo dizer que não ground" através de intervenções responderem com qualidade e
enjeito a hipótese de o IPPAR ser menos exigentes para fazerem preocupados, profissional e
completamente reformulado, isto currículo. Na verdade, também não tecnicamente,com aquilo que estãoa
para não haver aqui uma questão de é bom para quem gere uma carteira fazer.O património só tem a ganhar
fusão, de disputa... de projectos, que apareçam com isso.
P&C - Reformulado em qu~ sentido? sistematicamente as mesmas
LFC - Seo n:>PARtiverque desaparecer
empresas.
e apareceroutra entidade, não me choca P&C}" A legislação define o tipo de
absolutamente nada. empresas, nomeadamente no que se
Não é possível gestõesintegradas entre refere aos alvarás, a categorias dos
organismoscom tutelasdiferentese com alvarás...
perspectivas diferentes. LFC - A questão dosalvarás sempre
P&C - Que comentário faz à relação foi um assunto muito delicado. E é
património arquitectónico/turismo? um assunto do qual o IPPAR sempre
LFC - Acho que é importante e cada esteve afastado. Se alguma coisa não
vez mais a relação entre o património está bem, no que respeita aos alvarás,
eu penso que terão que ser as
empresas a procurar a sua resolução Mas, como já afirmei noutras
e não o IPPAR. É evidente que essa ocasiões, não gostaria de ter uma
questão nos preocupa, como nos ligação muito directa com as
preocupa a legislação que saiu empresas...
relativamente aos "trabalhos a mais" , P&C- Mas o papel de uma associação
em que, dos 50% passa-sesalvo erro, deste tipo é exactamente,facilitar a
e o turismo pela simplesrazãode que para os 25% (ainda não tive relação, intervindo em nome do
não serecuperaum património para oportunidade de a ler em pormenor). colectivo.
estar numa redoma. O património Do ponto de vista teórico, tenho a LFC - Isso é verdade, e foi essa a
tem que ser utiliZado, tem quer ser impressão que esta é uma medida disponibilidade que eu coloquei
vivido. positiva. As coisas, quando são desde o início e que agora, renovo. É
Há contudo uma coisafundament~: orçamentadas,para não haver distorção evidente que, a partir do momento
o património arquitectóniconão é do do mercado, da concorrência, exigem em que a associaçãoestá constituídar,
turismo.O pabimónioé do pabimónio em que já tem já um lastro de trabalho
e tem que ser tratado, zelado e e de estabilidade, o IPPAR está,
preselVadona óptica patrimonial, na "...0 IPPAR está, também, disponível, e mesmo
óptica da cultura, na óptica da interessado em dialogar com a
sociedade. Se for usufruído do também,disponível, associaçãoque é representativa dessas
ponto de vista turístico tanto melhor, e mesmointeressado empresas e que tem uma preocupação
mas o turismo tem a sua função e o comum à nossa.
património tem a sua função. em dialogar com a P&C - Quer comentar a nova lei do
Há no entanto uma perfeita
convergência de interesses e de
associação património?
LFC - Penso que é um pouco
posições pelo que, pode dizer-se, prematuro, neste momento, tecer
património e turismo, estão em regras concretase portanto quanto mais comentários sobre a nova lei do
sintonia. se reduzir a margem de trabalhos a património. Só espero é que não haja a
P&C - Como vê hoje a oferta de mais, maior disciplina há na altura do eIalx>ração de uma lei do património feita
empresaspara trabalhar na área da concurso. Mas a especificidade do a retalho. A lei do património tem que
conservaçãoe restauro? património, nós sabemos que não é ter coerência,tem que serfeita com uma
LFC - Eu acho que tem havido essa. Por vezes intervem-se no equipa, com princípios definidos. Uma
grandesprogressos.As empresastêm património e verifica-se que as coisas lei de património feita a retalho é o pior
vindo a progredir, eu diria que têm estão de tal maneira degradadas, que quenóspodemos
ter: .
- ' centro histórico de Al-
mada está empenhado numa
missão requalificadora, iniciada
ainda no âmbito do primeiro Qua-
dro Comunitário de Apoio, através
da Operação Integrada de Desen-
volvimento da Península de
Setúbal. Deste projecto inicial re-
sultou a recuperação de um conjun-
to de quarteirões habitacionais,
nomeadamente, ao nível das cober-
turas e fachadas dos edifícios, e
ainda a aquisição e reabilitação da
Casa da Cerca, onde desde 1993
funciona o Centro de Arte Contem-
porânea.
Já no âmbito do segundo pacote de
financiamentos, a Câmara Munici-
pal de Almada elaborou e viu apro-
vada uma candidatura ao Progra-
ma de Reabilitação Urbana (PRU),
gerido pela Direcção Geral do
Desenvolvimento Regional. O pro-
jecto, baptizado NovaAlmada Ve-
lha, constituiu "uma nova oportuni-
dade de intervir no núcleo histórico,
dando continuidade à política de valo-
rização desta zona da cidade. Agora, a instalações da Academia AI- das em quatro "Medidas", que de-
intervenção é mais abrangente, não madense em direcção a Cacilhas, finem os objectivos estratégicos
circunscrita à recuperação do património até à Rua Cândido dos Reis.. O para a zona.
edificado", refere Femanda Marques, objectivo geral que norteia asdiver- A Medida 1 engloba projectos de
Técnica da Direcção de Projecto de sasintervenções previstas e já rea- recuperação patrimonial e requali-
Reabilitação Urbana. lizadas, consiste na identificação e ficaçãodo ambiente urbano. A obra
O programa assenta na inter- desenvolvimento do potencial aguardada com maior expectativa,
venção no núcleo de Almada Anti- turístico e recreativo, integrado nos e que tem vindo a ser acompa-
ga, que se estende da Rua Capitão recursos patrimoniais existentes. nhada com alguma curiosidade por
Leitão para norte, até ao rio, e das Essasintervenções foram agrupa- parte da população é a construção
do Elevador da Boca do Vento. PRU. Um outro objectivo desta relação privilegiada com o rio, com
"Queremos levar a Cidade ao Rio, ou primeira "Medida"é criar condições boas condições ao nível do tecido
seja, fazer a articulação entre o Cais para a fixação de actividades de edificado e onde não há população
do Ginjal e Almada, que até agora estão turismo, recreio e lazer no Cais do residente.
separadospela imponente Escarpa GinjaL evitando os prejuízos de A Medida 3 visa o apoio à inserção
Ribeirinha", explica Fernanda confli- tualidade com a população social e profissional, adequando as
Marques. Este cais foi dinamizado, residente em Almada Velha. políticas de formação às necessi-
até meados do nosso século, por A diversificação da base económi- dades das intervenções previstas. O
uma actividade industrial intensa, ca é, precisamente, a intenção da conjunto de valores patrimoniais
que não exigia ligação à urbe. Mas Medida 2 do NovAlmadaVelha. legados por povos que por ali
o declínio dessa actividade e a in- Neste sentido, a autarquia vai passaram, nomeadamente Feníci-
tenção de fixar aí esb"uturasturís- desenvolver o modelo de "ninho de os, 'permitiram a realização de
ticas e de lazer, tornou a questão da empresas", um espaço onde os acções de formação em Arqueolo-
gia de Campo, tendo em vista a
valorização e divulgação do
património arqueológico. O núcleo
histórico possui um laboratório de
arqueologia, que trabalha regular-
mente no restauro de peças encon-
tradas nas escavações. Parte desse
espólio será exposto no Museu de
Sítio, actualmente em fase de mu-
sealização. Ainda no âmbito da
Medida 3 e tendo como objectivo
atrair população jovem para Alma-
da Velha, foram criados Centros de
Documentação e Museologia, e or-
ganizados, na Casa Municipal da
Juventude, ateliers nas áreas da
dança, expressão dramática, músi-
ca moderna e fotografia.
Finalmente, a Medida 4 tem em
vista a promoção de equipamentos
culturais. "O nosso objectivo é criar
ac~ssibilidade prioritária. De acor- pequenos investidores podem um circuito cultural que integre um
do com Fernanda Marques, "para instalar-se e permanecer durante, conjunto de pólos atractivos", refere
além de cumprir funcionalmente o seu aproximadamente, três anos, com Fernanda Marques. Desse circuito
objectivo, o elevador panorâmico vai, condições aliciantes em termos de fazem parte o Centro de Arte
por certo, constituir uma atracção custos e apoio técnico à concepção Contemporânea, a funcionar na
turística por si só, tornando-se quase o dos respectivos projectos de inves- Casa da Cerca; um jardim botânico,
emblema da intervenção". A construção timento. Após o chamado "perí-odo a ser construído numa propriedade
do elevador foi, obviamente, ante- de incubação", a empresa deve a poente deste edifício; o Museu de
cedida pela estabilizaçãoe consoli- relocalizar-se, preferencialmente Sítio, cuja inauguração está prevista
daçãodestaescarpaviva. O Cais do no interior do núcleo histórico. ainda para este ano e a Estação
Ginjal, praticamente votado ao "Tanto o parque habitacional como o Arqueológica da Quinta da Almaraz.
abandono, vai agora beneficiar de aparelho comercial desta zona estão Também no quadro desta medida,
obras de repavimentação e ilumi- muito envelhecidos, e após a inter- está prevista a construção de uma
nação pública, o que permitirá a venção de qualificação de parte do teci- Unidade de Apoio à População
criaçãode um passeiojunto ao Tejo, do edificado que teve lugar no final da Idosa.
com a Grande Lisboa como pano de décadade 80, a reacçãoimediatafoi uma O NovAlmadaVelha termina,
fundo. A Fonte da Pipa vai ser res- grande procura do núcleo histórico para formalmente, em Dezembro de
taurada, e os espaçosexteriores de instalaçãode actividadesnocturnas", 1999, embora algumas obras estejam
Almada Velha serão alvo de reabi- relembra Femanda Marques. Este ainda em fase de lançamento, o que
litação. "ninho de empresas" pretende obrigará ao seu prolongamento du-
'& nossas expectativas apontam para demonstrar que Almada Velha tem rante o próximo ano. A candidatura
uma nova dinamização de todo o nú- condições para instalar outro tipo inicial ao Programa da Reabilitação
cleo histórico, que incentive os particu- de actividades, ao mesmo tempo Urbana previa um investimento glo-
lares a investir no seu património, já que incentiva ao desenvolvimento bal de 1 milhão e 300 mil contos, um
que, no quadro do PRU, não é possível das estruturas de animação noctur- valor que já foi ultrapassado em cerca
intervir em propriedade privada", na numa zona, o Cais do Ginjal, de 300mil contos,garantidospela
sublinha a Técnica da Direcção do onde é possível estabelecer uma CâmaraMunicipaldeAlmada..
- --- intervenção decidida século XVIll, embora não seja de
para o pequeno quarteirão excluir a sua origem anterior.
delimitado pela Rua e pelo Becodo O trabalho de projecto iniciou-se
Recolhimento, no Castelo de S. naturalmente com o levantamento
Jorge, em Lisboa, no âmbito do arquitectónico e estrutural e com a
Projecto Integrado do Castelo,uma realização de um estudo de
das mais importantes operaçõesde diagnóstico acerca do estado de
reabilitaçãourbana actualmente em conservação e segurança da estrutura,
curso, coloca algumas interessantes complementando uma avaliação
questões, dadas as características quanto àscondiçõesde utilizaçãodos
específicasdos edifícios envolvidos. diversosfogose às características
dos
Na verdade, trata-se de um agregadosfamiliaresque osocupam.
quarteirãocompleto objecto de uma Estestrabalhos permitiram ter uma
só intervenção, que parece identificação que se julgou
deslocado no Castelo, dado que o suficientemeDte clara acerca das
muito reduzido porte dos edifícios, características construtivas do
apenas com um ou dois pisos, edifício e das suas condições de
transforma este conjunto numa conservação,juízo que permitiu a
espécie de ilhota de província definição, desde logo ao nível de
mesmo no coração da capital do estudo prévio, das medidas de
País; esta circunstância específica, intervenção de reparação, reforço
tão distintiva de muitos outros e substituição de elementos
edifícios mesmo ali à beira, permite danificados.
encarar com alguma tranquilidade Estabeleceu-seassim uma filosofia
uma reabilitação que, do ponto de de intervenção que veio a manter-
vista estrutural, geralmente se ao longo de todo o processo de
tão limitativo, não apresenta elaboração dos projectos, segundo
condiciGnamentos particulares, já a qual se definia a preservação de
que os sismos não parecem tão todas as principais paredes de
assustadores para tão pequenos alvenaria ordinária (de pedra, por
edifícios. vezes miúda, mal argamassada)e a
demolição generalizada dos
Os edifícios. Sua constituição e pavimentos e coberturas de
estado de conservação madeira, bem como de quasetodas
Sãoedifícios conscruídos,ao que se as paredes interiores, de frontal
sabe, essencialmente a partir do tecido e de tabique de prancha ao
alto. de modo a constituirem autênticos e enchimentos à base de materiais
Refira-sea propósito que,parecendo reticulados estruturais monolíticos, idênticos;a ronstataçãoda existência
esta posição demasiado pessimista, capazes de se comportarem como de desaprumos de paredes
ela veio a revelar-se,pelo contrário, um todo. exteriores, ou a fendilhação na
ajustada, sendo mesmo necessário Nos pavimentos recorreu-se a ligação entre paredes orto-
substituir algumas paredes quando vigamentos de pinho marítimo, gonais, evidenciando quebra de
estas, depois de removidos os estabilizado em autoclave e monolitismo e até eventual risco de
rebocos, se revelaram muito mais imunizado contra ataques de colapso, levaram a que se tivesse
degradadas do que a inspecção fungos e insectos; o recurso previsto a execução de pregagens
visual fazia prever; importa sistemático a vigas com secção metálicas de ligação entre paredes,
salientar a este respeito que as transversal constante e igual a 0.08 possibilitando a conservação dos
decisõestomadas pelos projectistas m x 0.16 m deriva da necessidade desa.prumos anteriores, eles
não foram apoiadas em qualquer de normalização dimensional que próprios sinais evidentes da
trabalho experimental, baseando-se significa economia de meios. Em história e não comprometedores da
exclusivamente nos resultados da zonas localizadas reforçou-se a segurança das estruturas, uma vez
observação directa e no registo estrutura de madeira com vigas de executadosos respectivos reforços.
de anomalias, nomeadamente aço, solução que chegou a ser Anote-se que algumas destas
deformações de pavimentos e encaradatambém para a construção paredes tiveram de ter funda-
paredes, fendilhações de rebocos, da estrutura de pisos de zonas ções recalçadas, na sequência do
sinais de apodrecimento de húmidas, áreas onde o usual rebaixamento da cota de certos
madeiras, etc. revestimento de soalho foi pavimentos térreos; a existência de
substituído por outros materiais fundações quase superficiais,
A intervenção projectada menos sensíveisà acçãoda água. permitidas pelo pequeno porte dos
A intervenção projectada teve Nas coberturas, sujeitas a algumas edifícios e pela ocorrência a
naturalmente como ponto de operaçõessuavesde reconfiguração, reduzida profundidade de solos
partida a necessidade de garantir destinadas a eliminar soluções aptos para fundações, obrigaram a
condições funcionais e de segurança pouco curiais e/ou a melhorar esta delicada operação, realizada
que recolocassem estes edifícios em localmente as condições de por pequenos troços e utilizando
condições de plena satisfação dos habitabilidade do piso elevado, as para o efeito betões ciclópicos, ou
seus utiliza dores, o que im- estruturas de madeira baseadasno seja, materiais muito semelhantes
plicou, nomeadamente, algumas mesmo tipo de vigamentos antes às alvenarias existentes.
reorganizações espaciais e a criação referidos (constituindo asnas nas As paredes interiores não
sistemática de zonas de cozinhas e coberturas de mais de uma água) preservadas, ou seja as que não
de instalações sanitárias. A foram revestidas com uma "sub- eram feitas de alvenaria ordinária,
recuperação do espaço de um telha" de chapas perfiladas de aço foram classificadasem dois grupos,
saguão interior, entretanto ocupado galvanizado, constituindo base consoante eram ou não relevantes
por construções espúrias e o ganho de estanqueà água para a aplicaçãode as suas funções de resistência a
pés direitos de alguns compartimentos novos revestimentos de telha de cargas verticais. Deste modo, as
do fés,-do-chãosão também alterações canudo formando os tradicionais paredes que recebem cargas de
arquitectónicas relevantes que vieram telhados com capas e canais de pavimentos e coberturas foram
beneficiar de modo significativo a material cerâmico. Também a projectadas em frontal tecido com
qualidade dos espaçosinteriores. colocaçãode uma camada isolante o espaço entre os elementos de
Do ponto de vista construtivo e térmica garante uma considerável madeira preenchido com alvenaria
estrutural a opção escolhida foi a de se melhoria do desempenho das de tijolo maciço tradicional tipo
recorrer a materiais e processos novas coberturas, assegurando em "baldosa"; as ligações entre as
tradicionais, com naturais inovações conjunto com as outras medidas diferentes peças de madeira -
que correspondem ao próprio sinal referidas níveis de conforto
dos tempos. A madeira foi elei- compatíveis com as necessidades
ta como material estrutural dos utentes destes fogos.
fundamental, com ela se construindo A intervenção nas paredes é muito
pavimentos, coberturas e paredes relevante e variada. Nas paredes
"resistentes" e "não resistentes'; como mestras de alvenaria ordinária, por
na generalidade dos edifícios antigos vezes de qualidade deficiente,
as alvenarias continuam a objecto de diversas alterações
desempenhar papel de relevo, tanto anteriores, por vezes muito
nas novas paredes "resistentes", de descaracterizadorase até perigosas
frontal tecido preenchido com - o desbaste destas paredes para
alvenaria de tijolo maciço, como na alargamento de espaçosou encaixe
recuperação e integral aproveitamento de mobiliário e equipamentos, por
das paredes resistentes de alvenaria exemplo, era frequente -, sendo
ordinária, conservadas e consolidadas necessárioprocedera reconstituiçães
prumos, travessas e escoras - são acção de águas acumuladas pequeno quarteirão e cuja execução
samblagenstradicionais auxiliadas superficiais, a experiência mostra se aproxima da fase final de
por pregagens. que a humidade do solo é suficiente acabamentos, revelou-se uma
Um segundo grupo é constituído para que se acelere muito a experiência muito interessante,
por paredes de compartimentação deterioração dos elementos de sobretudo porque veio tomar clara
que não desempenham papel madeira mais próximos da base, a possibilidade de se pensarem
relevante na resistência a cargas por acção de fungos de podridão. recuperações do património
verticais; estes tabiques são Para evitar tais situações criou-se na habitacional histórico subordinadas
constituídos por uma estrutura de base destas paredes um soco de a uma lógica pouco h~bitual, em
madeira semelhanteà antesdescrita alvenaria hidráulica devidamente que à suavidade das soluções
mas mais simples em termos de protegido da ascensão capilar da propostas se soma uma grande
técnicas de ligações e os espaços água do solo, a partir do qual se preocupação de requalificação
entre elementos de madeira são dava início à construção do frontal. urbana, arquitectónica, construtiva
simplesmente preenchidos com Os revestimentos e acabamentos e estrutural, no respeito profundo
assumem-se igualmente como mas não reverente pelos materiais e
tradicionais, embora se tenha técnicastradicionais.
proposto o uso de rebocos de É apenasnecessárioque projectistas
argamassa bastarda, com a camada e construtoresolhem de forma mais
final com composição mais rica em positiva e menos complexada para
cal aérea, em vez dos também os materiais e técnicastradicionais, hoje
possíveis, e para alguns desejáveis, infelizmentetãodesprezadas
masque
rebocos de argamassa de cal. A afinal serviram para construir miIhares
vantagem de as argamassas e milhares de edifícios com uma
bastardas estarem mais testadas eficácia comprovada por centenas
em laboratório e já experimentadas de anos de vida e de uso. A
com sucesso em diversas obras humildade de encararessesedifícios
pesou na decisão assumida no e os seus materiais constituintes
projecto. com um olhar de curiosidade que
Destaca-se ainda o uso, no interior, precede a compreensão e a
de revestimentos dos frontais com disponibilidade para estudar temas
painéis de gesso cartonado, em vez de que as escolas têm andado
dos mais tradicionais estuques arredadas são os passos seguintes
sobre fasquiado de madeira; aqui no trilhar de um percurso em que
foi a facilidade de execução, se chega ao fim com satisfação e
associada à possibilidade de se com tranquilidade. .
afastar o revestimento da estrutura
do tabique, criando um espaço
conveniente.
instalações, de abastecimento de
águas, de esgotos residuais pluviais
e domésticos, de gás, de electricidade
!
I Cabrita, A. M. Ri Aguiar, J.i Oliveira, C. S. (1990).Análise do ParqueHabitacional
LNEC deve ter um papel de Lisboa. Levantamentoda Zona Ribeirinha (Sector Ocidental). Doc. 1, Nota
essencial na calibração das técnica 6/90 - NA, LNEC, Lisboa.
técnicas de reforço, que INE (1994). Census91Resultados Definitivos. Lisboa, Instituto Nacional de
deverão permitir averiguar Estatistica.
igualmente sobre a Cóias e Silva, V:, Soares,I. (1997).VulnerabilidadeSísmicadosEdifícios"Gaioleiros"
de Lisboa e Medidas Possíveispara a Reduzir. Proceedings, 3QEncontro Sobre
razoabilidade das soluções
Sismologia e Engenharia Sísmica,IS1; Lisboa, Dezembro de 1997.
preconizadas, o custo, o tempo
Correia Guedes, J. H. (1999).Ensaioà Rotura de ParedesdeAlvenaria Tradicional.
das intervenções e o transtorno Resumo,4QEncontro Sobre Sismologia e Engenharia Sísmica,Universidade do
provocado a quem ocupa a Algarve, Faro.
casa a reforçar. Só assim se Costa, A. G. (1999).Notasa Propósitoda Necessidade de um Projectode Reforçode
poderá ter uma melhor ideia Estruturas deAlvenaria dePedra.Comunicação Pessoal.
do binário custo-beneficio que D' Ayala, D. F.,Spence,R. S., Oliveira, C. S.,Pomonis, A. (1997).EarthquakeLoss
tal operação ~nvolve. Estimationfor Europe's Histonc Town Centres,EarthquakeSpectra,vol.13, n. 4 pp
A política seguida nos Açores 773-794.
Duarte, R. '[ (1998).Regulamentação Anti-Sísmica para o SéculoXXI. Jornadas
relativamente às estruturas
Portuguesasde Engenharia de Estruturas, LNEC, Lisboa, Edição de S.rompeu
existentestem consistido em actuar Santos- Manuel Pipa, pp 53-62.
naquelas que vão sofrendo danos I Lopes, M., Azevedo, J. (1997).Avaliaçãodo ComportamentoSísmicode um Edifício
aquando da ocorrência de sismos, deAlvenariaemLisboa.Proceedings,3QEncontro SobreSismologia e Engenharia
sendo o grau de intervenção Sísmica,IS1; Lisboa, Dezembro de 1997.
praticamente proporcional ao grau Lourenço, ~ (1996). Computational Strategiesfor Masonry Structures. Tese de
de danos infligidos. Esta política Doutoramento, Delft University Press.
tem conduzido a uma selecção Oliveira, C. S.,Azevedo, J., Delgado, R., Costa, A. G., Campos-Costa,A. (1995).
natural no padrão geográfico da O Sismode Northrigde, LosAngeles,de 17 deJaneirode 1994.Ensinamentos para
distribuição de danos: no próximo Portugal. Edição do Instituto da Construção, IST/FEU~
Oliveira, C. S. (1999).ImpactoSísmicosobrea ÁreaMetropolitanadeLisboa.Revista
sismo, serão as casas não
ProtecçãoCivil (para publicação).
intervencionadas e naturalmente Pais,I., Ribeiro, M. J.,Oliveira, C. S.,Teves-Costa,~,Cabral, J. (1996).Planeamento
situadas nas imediações do e Gestãode EmergênciaSísmicana CidadedeLisboa.Revista ProtecçãoCivil, Vlll, fi
epicentro as que irão sofrer mais. Série,nQ9, pp 28-35.
Estepadrão deveria ser modificado rompeu Santos, S. (1998).Comunicação Pessoal.
se se estabelecessedesde já uma Sousa, M. L., Campos-Costa, A., Oliveira, C. S. (1997). ModelosProbabilísticos
prática continuada de reforço das para a Avaliação de PerdasCausadaspor Sismos:Aplicação à Cidade de Lisboa,
estruturas situadas em zonas de Proceedings,3QEncontro Sobre Sismologia e Engenharia Sísmica, IS1; Lisboa,
maior perigosidade sísmica (Cóias Dezembro de 1997.
e Silva et al., 1997).
Tal prática tem já sido seguida
..
sector da reabilitação..."
o s prinápios
sustentam abásicos
génese que
da intervenção se estendem por nove
núcleos históricos: Alfama/Colina do
Reabilitação Urbana na Castelo, Mouraria, Bairro Alto/Bica,
cidaQe de Lisboa, de Madragoa, Carnide, Paço do Lumiar,
acordo com Mendonça Rua do Lumiar, Ameixoeira e Olivais-
Dias, chefe da Divisão Velho e, dispersos por estas áreas,
de Apoio Técnico, cerca de cem Pátios e VIlas. Uma das
prendem-se com o indissodável fador suas funções é envolver a população
humano. Os edifícios dos bairros para que, em conjunto, sejam
históricos são maioritariamente encontradas alternativas, sendo os
ocupados por pessoas idosas, próprios residentes a indagar
grande parte delas desfavorecidas soluções de alojamento alternativo
economicamente. Uma realidade junto de familiares. Casos há em que
com que os serviços camarários são concedidos apoios às familias
contactam mais de perto, no caso de para encontrarem um alojamento
se tratar de um edifício municipal. durante o período da intervenção
Todavia, as intervenções também são física. No caso de pessoas idosas,
realizadas sobre propriedade extractos populacionais que requerem
privada, quando as intimações aos cuidados vários, podem ser
proprietários não surtem efeito. provisoriamente orientadas para um
Neste caso, de intervenção coerciva, lar, ou assegurados os seus laços com bairro onde as precárias condições de
caberá ao Gabinete Técnico Local, da os centros de dia, não se diluindo o habitabilidade estão ultrapassadas, é
zona onde o edifício está localizado, contacto social com os vizinhos. São facto r de motivação para que a
proceder ao levantamento exaustivo ainda acauteladas situações, dinâmica dessa comunidade ganhe
da população, quer residente, quer nomeadamente em relação às um novo fôlego. Os equipamentos
com actividades comerciais, e crianças, garantindo a sua continuação e as infraestruturas sociais de apoio
promover a discussão, no sentido de na escolado bairro. são fundamentais, valendo o esforço
encontrar soluções de realojamento Todoestetraballio de acompanhamento concertado com outros parceiros
temporário. Existe, de facto, um implica, também, proporcionar às institucionais, nomeadamente, o
centro de realojamento provisório, pessoas desloca das do bairro de Departamento de Acção Social da
situado na Quinta do Ourives, mas origem o conhecimento da evolução Câmara Municipal de Lisboa, a Santa
cuja bolsa de realojamento é limitada de toda a intervenção. De um modo Casa da Misericórdia, em articulação
face às reais necessidades. São geral, afirma Mendonça Dias "todo o com programas como o Rendimento
apenas setenta e sete fogos(22 períododeexpectativaqueas pessoastêm Mínimo Garantido.
monoblocos pré-fabricados e 55 em relaçãoaofogo de chegada,passapor Em dez anos de trabalho na
apartamentos em três lotes em um processode maturação,culminando Reabilitação Urbana, foi desenvolvido
banda), quando a velocidade de num momentode satisfaçãoaquandoda um conhecimento intrínseco de toda
reabilitação física implica intervir em entrega da chave da residência, a área de intervenção e a experiência
cerca de mil e duzentos, por ano. constatando-se, simultaneamente, a desenvolvida em campo de trabalho
Actualmente, 50% das pessoas que disponibilidade expontâneade encarar a permitiu redimensionar métodos de
ocupam a Quinta do Ourives, já aí apropriação e utilização do espaçocom actuação pelo que, neste momento,
se encontram há mais de quatro alguma atenção, o que muitas vezes, na opinião de Mendonça Dias, não há
anos, quando o período óptimo de compreende-se, não era levadoem conta, grandes resistências ao processo, até
ocupação seria de dois a três anos. face à própria ambiência do estado de pelo contrário, diz," hásaltosemtermos
Na Quinta do Ourives estão degradação em que se enamtrarnm a residir". de formação de mentalidade e neste
realojados agregados familiares É por isso tarefa importante incutir a momento já todos sabemo quão importante
oriundos, essencialmente, dos ideia de que não é só do serviço público é a preservação do património e sua
bairros de Alfama e Mouraria, a responsabilidade da preservação participação".ParaMendonça Dias esta
porque foram estes os primeiros a destes espaços. E, de acordo com é uma tarefa gratificante em termos
serem observados pelos Gabinetes Mendonça Dias, é junto dos extractos de desafio mas que requer muita
Técnicos Locais para efeitos de mais jovens que esta mensagem é dedicação, já que "o processo de
reabilitação. Ao todo, são cinco os melhor interiorizada, induzindo a reabilitação é feito por pessoas, para
Gabinetes Locais, cujas áreas de -
uma nova postura retornar a um pessoas".
.
5. Materiais
Anno 17'f1.
fim :,t4s iS lI'&:l1:f.s !I,ç~J_ri"t.
~
até aos nossos dias. A Fig. 10,
reproduzida do livro do tenente
Luiz Augusto Leitão, [Leitão,1896],
mostra alguns equipamentos ainda
utilizados nessa altura (a par de
outros de construçãometálica,mais
recentes),em obras de vulto.
A maior parte destes engenhos
são em tudo idênticos aos
minuciosamente desenhados no
livro degravurasdeJ.R. Perronet, B
cerca de um século antes, ou aos
das gravuras da versão de Vitrúvio
por Perrault, recuando mais um
século [PressesPonts et Chaussées,
1987]. b) Cademais
Em iluminuras dos primeiros
séculosdo milénio (ver Fig. 10),ou,
mesmo, em baixo-relevosromanos
[De Camp, 1993],surgem figurações
de alguns equipamentos que deles f) Cábrea
não diferem muito.
g) Bate-estacas de tiradores
8. Conclusão
Os dez contratos de empreitada,
trazidos a público apósmais de dois
séculos, foram pretexto para uma
~ breve excursão no tempo, numa
tentativa de ajudar a compreender
d) Sarilho
como é que seconstruía de novo ou
se recuperavam as construções em
Lisboa, na esteira do grande sismo
de 1755.
Os limitados meios tecnológicos
então disponíveis levavam a que as
a) Roda (de cavilhas): o diâmetro intervenções em construções
ia até 6m, o que permitia levantar existentes fossem feitas com
1 000 kg com um só homem e) Cabrestante recurso às mesmas técnicas e
materiais originais. Issopossibilitou
a lenta consolidação do carácter
daquilo que, para as actuais e
futuras gerações, constitui um Referências
precioso património cultural.
Barucci, C., TecnicheCostruttiveAntisismicheNell' Edilizia Storica
O fenómeno "betão armado" della Calabria Meridionale, Roma, ARCO - Manutenzione e
alterou completamente este
cenário,sobretudo a partir dos anos Recupero Nella Città Storica, 1993
30 do século que ora termina. Com Carriere, J.B.B., PanoramadeLisboano ano de 1796,Presidência
ele, as intervenções não só se do Conselho de Ministros, Secretariade Estado da Cultura.
tornaram, muitas vezes, Biblioteca Nacional, Lisboa, 1989
atentatórias da originalidade dos Croci, Giorgio, The collapsesoccurred in lhe basilica of Si.
velhos edifícios e monumentos, Francis of Assisi and in lhe cathedral of Noto, CIMNE,
como assumiram aspectos muito Barcelona, 1998
mais traum'áticos, deixando, De Camp, L.S., The ancient engineers. Barnes & Noble, New
frequentemente, as construções York,1993 .
com um prognóstico reservado face
Eça, Mathias da Silva d', Problemadearchitetura civil, Lisboa,
à possibilidade de ocorrência de
outros abalos sísmicos intensos. 1770
Conhecer as antigas tecnologias e Ferrão, Leonor, A RealObra deNossaSenhoradasNecessidades,
materiais é um primeiro passopara Quelzal Editores, Lisboa, 1994
o respeito e a salvaguarda do França,José-Augusto,LisboaPombalinae o Iluminismo. Lisboa,
património arquitectónicoe viabiliza Bertrand Editora, 1987
uma mudançade atitude que,hoje,se Leitão, Luiz Augusto, CursoElementardeConstruções. Arma de
torna urgente. Engenharia. Lisboa, Imprensa Nacional, 1896
ata-se, para concluir,a declaraçãode Oliveira, Eduardo Freire de Oliveira, Gil Brás de Oliveira,
prinápios do GECoRPA- Grémio das
Valerio Martins, Elementosparaa história do municípiodeLisboa.
Empresasde Conservaçãoe Restauro
Typographia Universal, Lisboa, 1889
do PatrimónioArquitectónico:
Sendoo~trimónio arquitectóniroobrados
/I A indústria portuguesado cimento.Cimpor,Lisboa, 1995
antigosmestresamstrutores, são os seus Advertência aos modernos, que aprendem os ofícios de Pedreiro e
sucessores, os construtores de hoje, Carpinteiro.Lisboa, 1748
organizados em empresasdevidamente BaixaPombalina- Modelodescritivotridimensionalda estrutura de
estruturadas,quemestámelhor1XJSicionado um quarteirão(video realizado para a Câmara Municipal de
para realiza?;em obra, as intervenções Lisboa) pela Oz Lda.
necessárias para a sua conservação e PressesPonts et Chaussées,ConstruiredesPontsau XVIIIe Siécle
restauro. L'oeuvredeI.R. Perronet(facsimile), PressesPonts et Chaussées,
Estas intervenções não podem, no
Paris, 1987
entanto, ser abordadas pelos métodos
Rossa, Walter, Além da Baixa. Indícios de planeamento urbano na
actualmente vulgarizados da
Construção Civil e Obras Públicas,
Lisboa setecentista.Ministério da Cultura, IPPAR, 1998
antes fazem apelo a um conjunto Silva, v: Cóias, TécnicasAvançadas de Apoio ao Diagnóstico em
específicode disciplinas e a uma postura PatologiaEstrutural-2~s.JornadasPortuguesasde Engenharia
substancialmente diferente,envolvendo de Estruturas,Lisboa,1990
maioramtenção,rigor eres1XJ nsabilidade." Silva,v: Cóiase Soares,Iolanda,Vulnerabilidade
sísmicados
As empresas que, hoje, se dedicam edifícios "Gaioleiros" de Lisboa e medidas possíveis para a reduzir
à conservação e restauro do 3Q.Encontro sobre Sismologia e Engenharia Sísmica.SPES-
património arquitectónico são as SociedadePortuguesa de Engenharia Sísmica.Lisboa,
principais depositárias do saber /I
Dezembro de 1997
fazer" que ainda resta e que
Sumanov, Lazar, Evaluationof seismichazardsrelatedto existing
constitui, ele próprio, património
cultural da sociedade. Justifica-se, buildingsand protectionof cultural heritageand monumentsin
portanto, a valorização do seu seismicpronearfas.SeminárioStap/Ordemdos Engenheiros,
contributo. . 1996
Nota: O livro de Carvalho Negreiros "Re~ento
Viterbo, Sousa,Dicionáriohistóricoe documentaldosarquitectos,
para o Real Corpo de Engenheiros Civis",
publicado em 1797;é dedicaáo ao Rei apesar de,
engenheiros e construtores portugueses. 1902(fac-símile),
nesta data, o Rei ser uma Rainha, D. Maria I. INCM, Lisboa, 1988
Todavia, desde Fevereiro de 1792, a govemação
estava a cargo do príncipe D. João que, sete anos Watson, Garth, TheSmeatonians - Thesocietyof civil engineers.
mais tarde, a 15 de Julho de 1799, assumiu a
regência de direito e até ao final do impedimento Thomas Telford, London1989
de D. Maria I, em 1816.Apenas este facto pode
explicar a dedicatória "anacrónica" do livro de
Carvalho Negreiros...
4. Outros Exemplos
Não procurando ser extensivo, privada, por exemplo, e em pleno
muitos outros exemplos de coração do intensamente edificado
reabilitação e conservação do Silicon Valley, a Sun Microsystems,
património mereceriam ser referidos. está a tentar converter o complexo
Recentemente, um apelo público foi edificado de um antigo hospital
feito no sentido da angariação de estatal, datado de 1908 e en-
fundos para a preservação do Forte cerrado em 1995, num centro de
Alamo no Texas, símbolo da investigação e desenvolvimento
liberdade no Texas e onde David para 3600 trabalhadores. O
Crockett faleceu na famosa batalha conjunto de 49 edifícios em estilo
de Março de 1836.O Forte, vífuna de missionário e disposto numa malha
décadas de esquecimento, enfrenta urbana tranquila e bordejada de
problemas graves de erosão da pedra palmeiras, espalhada por 85 acres,
calcária, devido a problemas de sofreu danos pesados no sismo de
humidade ascendente. Algumas 1906, tendo então sido restaurado.
medidas para cravar a erosão já foram Do evento sísmico no princípio do
tomadas, nomeadamente a mudança século resultou a morte de 119
radical do coberto vegetal adjacente ao doentes, conduzindo à proibição da
monumento e a sua substituição por consh"uçãode esh"uturasem alvenaria
gravilha e areia, a limpeza da pedra, o não reforçada em edifícios públicos, no
restauro do telhado e a aplicação de Estado da Califórnia. O facto da Sun
um revestimento metálico às pretender a preservação de apenas
fundações. A vida útil do monumento quatro dos edifícios mais significativos,
é hoje esfunada em mais de 200 anos, alegando a incompatibilidade das
podendo ser alargada a 1000 anos, restantes esh"uturascom as exigências
através da execução dum extenso funcionais actuais para edifícios que
programa de restauro em fase de alberguem centros de investigação é,
concepção, compreendendo, entre no entanto, visto como um grande
outras medidas, operações de entrave à execução do projecto. Os
consolidação da pedra calcária. responsáveis do Município de Santa
Igualmente, o Forte Apache, no Clara defendem, pelo menos, a
Arizona, encontra-se na lista de preservação de 16 edifícios (Hoover,
património mundial em risco, 1997).
do World Monuments Fund Recentemente, o Município de Los
(Verhovek, 1997). Angeles aprovou uma directiva
Do ponto de vista da iniciativa voluntária, aconselhando ao reforço
-
2 OZ - Diag. , Lev e Controlo de Est. e Principal actividade: Conservação e restauro
Fundações, l.da. 13 - Mural da História - Restauro de Pintura de construções antigas. Cantarias e alvenarias.
Pinturas. Carpintarias
Principal actividade: Levantamentos. Mural, Lda.
Tel (O53)253614-Fax(O53)618616
Fotogrametria. Ensaios não destrutivos. Estudo Principal actividade: Conservação e restauro de
e diagnóstico pintura muraL rebocos, estuques e marmoreados -
24 Bleu Une - Conservação e Restauro
Tel.(Ol)3563317 -Fax (01) 3153550 TeI. (01) 34700 32 - Fax (01) 347 5918
Principal actividade: Materiais para
intervenções de conservação e restauro em
3 -Edicon - Construções Civis e obras 14-ArnaldoMoisáo- Douradol;Pinturas
construções antigas. Limpeza e restauro de
Públicas, Lda. e Dec., [.da. cantarias e esculturas
Principal actividade: Recuperação e Principal actividade: Conservação e restauro de 'fel (01)3224461- Fax (01)3224489
consolidação estrutural. Reparação de talha dourada, pintura mural e marmoreados
coberturas. Impem1eabilização TeI. (01) 983 48 93 - Fax (01) 397 ÇX)49
Contém um conjunto de
- I comunicações produzidas no Engenharia Civil em
âmbito de um projecto de
Portugal
investigação sobre conservação de rochas graníticas. J.Laginha Serafim
É abordado o aspecto relativo à influência das LNEC, 1992 (1!ed. 1986)
características herdadas sobre o comportamento em
Preço: 3.150$00
obra e são desenvolvidos alguns temas relativos a Código: LN.E.5
tratamentos de conservação. Como assuntos de
carácter geral, apresentam-se estudos sobre A primeira edição deste livro foi
identificação da distribuição espacial de consolidantes,
baseada numa palestra
por Laginha Serafim.proferida
Nesta -
ocorrência e caracterização de interfaces, análise das
propriedade do
Instituto de Cultura !bero-Atlântica com o patroánio da
Centro Regional
de Artes 'li'adicionais, onde pode Câmara Municipal de Portimão, dividiu-se em três grandes
encontrarreportagens,entrevistas, sessões: "Estado e Poderes: afirmações, resistência e
artigos de opinião sobre as artes e ofícios, e técnicas rupturas"; 'Me: estética e sentimentos" e "Literatura:
tradicionais, enquadrados também na prática de efemérides e transcendência". Do conjunto das palestras
conservaçãoe restauro."Mãos' constituiaindaum meio de proferidas destacam-seasde Vítor Serrão'~ cultura artística
consulta para quem queira estarinformado sobrefeiras, portuguesa dos séculos XVI e xvm e a sua expressão nas
eventosou cursosde formação,directaou indirectamente Américas: alguns testemunhos plásticos" e de Magno Mello
relacionadoscom Artese Ofícios'ftadicionais. '~morfologia da pintura decorativa: O Nordeste Brasileiro".
Madeira para Construção Pratica da Conservação e ~
LNEC,1997 Restauro do Patrimonio ~
Reunem-se as comunicações da j
- I paraconsh"ução.
Jornada de Seteais promovida 1-
Ml - Especificação de madeiras
pelo GECoRPA em Outubro de :~77 ,--;,It,,;,--,,""
para esh"uturas(preço: 525$00;código: LN.M.4) 1998.Disponibilizam-se assim os testemunhos de uma
M2 - Pinho bravo para estruturas troca de ideias acercadas questõesrelacionadas com a
conservaçãoe o restauro do Património Arquitectónico
(preço: 525$00;código: LN.M.5) e das Construções Antigas e de uma reflexão sobre os
M3 - Câmbala (preço:315$00;código: LN.M.6) desafios que se colocam às empresas na prática desta
M4 - Casquinha (preço :420$00;código LN.M.7) actividadeoDestacam-se, entre outras,as conbibuiçóesde
Luigia Binda "Levantamentoe Diagnóstico",que foram
M5 - Criptoméria (preço: 315$00;código: LN.M.8)
objectode traduçãoúnicaparaportuguês."Monitorageme
M6 - Eucalipto comum (preço: 315$00; gestãode informação sobreo património arquitectónico"
de Pier E Rossio
código: LN.M.9)
M7 - Tola branca (preço:315$00;código: LN.M.10)
M8 - Undianuno (preço: 315$00;código:LN.M.11) Monumentos
Revista da DGEMN
M9 - Humidade da madeira (preço: 420$00;
Preço: 2.000$00
código: LN.M.12) Código:DG.PP.l
MIO - Revestimentos por pintura de madeira para
Revista semestral, técnico-
exteriores (preço: 525$00;código: LN.M.13) -científica destinada à divulgação
do património arquitectónico,com I
TELEFONE FAX
NQCONTRIBUINTE
NÚMERO DE ASSOCIADO DO GECORPA (10% de desconto)
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(*) associadosdo GECoRPA ou assinantesda Revista têm direito a 10% de desconto sobre o valor de cada obra encomendada.
(**) ao valor de cada livro deverá ser acrescentado500$00de portes de correio.
No casoda encomenda ultrapassar as duas obras, os portes de correio fixam-se nos 1 000$00
. Data Assinatura .
CECRA AL-madan
Boletim semestral do Centro Revistado Centro de
de Estudo, Conservação e Arqueologiade Almada
Restauro dos Açores.
Al-madan é uma publicação
Com o primeiro número
anual que tem como objectivos
publicado em 1998,o boletim
informar, debater e divulgar
CECRA,pretende divulgar as
temas relacionados com
actividadesdo Centro, através
arqueologia, património e
de artigos ilustrados sobre
história local. Pretende atingir
intervenções concretasde conservaçãoe restauro.
um público diversificado,o que pressupõediferentes
Não se propõe ser um Boletim temático,acolhendo
perspectivas de abordagem e a conciliação do
as contribuiçõesdos profissionais da área sobre os
indispensável rigor científico com uma escrita que
assuntos que entendam divulgar. O CECRA está
garantaa acessibilidadea não especialistas.
sediadona cidade de Angra do Heroísmoe apoia a
O presente nQ7é dedicado à Arqueologia do Mar
prospecção, a preservação e a intervenção no
focando, também,entre outros assuntos,o tema da
património móvel, dasnove ilhas do arquipélago.
Arqueologiana perspectivamuseológica.