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fi UInero
NQ2
Abr/MaiIJun 1999
6 27
Rel;!ortagem Tema de Ca~a
Escola Nacional de Artes e Reabilitação Urbana
Ofícios no Mosteiro da Lisboa é um Laboratório
Batalha entrevista com António Abreu,
Mestres de Cantaria para o vereador da Câmara Municipal
Futuro de Lisboa

q 31
Tema de Ca~a
Entrevista Divisãode Apoio Técnicoda
Presidente do IPPAR C.M.L.
110Património deve estar no
Ministério da Cultura" A Salvaguardada identidade
cultural

13 33
Rel2ortagem Tecnologia
Programade Reabilitação Análise de alguma
Urbanarevitalizanúcleo
documentação sobre Lisboa
Histórico de Almada
pós- terramoto

Vítor Cóias e Silva

15
Caso de Estudo 38
Quarteirãono Castelo:Becoe O~inião
Ruado Recolhimento A reabilitaçãonos Estados
João Appleton Unidos: uma abordagemde
casosde estudo
NunoGil
19
Tecnologia 41,42,43,44,45,46,
o parquehabitacionalantigo e 47
os sismos
Carlos Sousa Oliveira
Notícias

48
22 Agenda ~j
Divulgação
URBE:Organizaçãonão
Governamentalpara o
AmbienteUrbano
49,50,51,52,53
Livros
NO , Urna...d, oua,,...",.,..

24 54
°l?inião
Reabilitação e Restauro PersI;1ectivas
Urbano: Patrimónioem perigo
TeotónioPereira
Um Livro de Urbanismonum
Alfarrabistade Londres
JoséCornélio da Silva
O "fachadismo" ganha foros de movimento a seguir à
segunda guerra mundial, traduzindo uma transposição
para a Europa do american way of life e, na prática, uma
cedência aos interesses do grande negócio imobiliário. Nesta
tendência, dos antigos edifícios aproveita-se apenas a carcaça,
que é preenchida com uma estrutura de materiais modernos,
aço ou betão. Exigênciasfuncionais e argumentos de segurança
são invocados para justificar este cortar a direito do arquitecto-
taxidermista.
A capital belga é apontada por alguns como o exemplo desta
abordagem da renovação urbana. Para grande sofrimento dos
nossos amigos belgas, aparece, até, cunhado o termo
"bruxelização".
Ao contrário, operar no tecido urbano vivo exige mãos sensíveis,
espírito criativo e multidisciplinaridade.. Infelizmente para os
mais apressados,pressupõe muito estudo e dá muito trabalho!
Os dividendos desta postura, em que a estrutura e os materiais
originais dos edifícios sãorespeitados,já são,hoje, patentes para
o grande público (incluindo os clientes das imobiliárias). Tanto
é certo, que muitos foram os centros históricos italianos que
por ela optaram. Mesmo na Dubrovnik dilacerada pelos
recentesbombardeamentos e incêndios, apesar dos edifícios se
apresentarem esventrados, se optou por reconstituir o seu
interior em respeito da antiga traça e dos antigos materiais.
Não sem alguns sobressaltose hesitaçõesé esta, por ventura, a
tendência que, entre nós, prevalece. O centro histórico do Porto
trilha essecaminho e (esperemos),a Baixa Pombalina de Lisboa
será disso exemplo. Amen.

\~~ .a.
v: Cóiase Silva
(Director)
oucas escolas no mundo podem
orgulhar-se de ter instalações como
a Escola Nacional de Artes e Ofíci-
os Tradicionais da Batalha. O
Mosteiro de Santa Maria da Vitória,
ou Mosteiro da Batalha, acolhe ac-
tua1m~nte cerca de 90 alunos, apos-
tados em revitalizar as artes tradi-
cionais. Aliás, a confiança dada pelo
Instituto Português do Património
Arquitectónico (IPPAR), que cede as
instalações, é também visível nas
recentes autorizações que dá aos
alunos para que desenvolvam as
suas Provas de Aptidão Profissi-
onal, substituindo algumas peças
destruídas do imponente Mosteiro.
Confiança na formação ministrada,
nos alunos, no Mestre Canteiro que
os orienta e no acompanhamento
dos trabalhos pelos conservadores
do Mosteiro.
A Escola nasceu em 1992, por
Contrato-Programa celebrado en-
tre o Programa de Artes e Ofícios nesta Escola. "De uma forma geral,
Tradicionais, a Câmara Municipal posso afirmar que alguns alunos
da Batalha, o Instituto de Apoio às escolhem este curso porque é uma forma
Pequenas e Médias Empresas e ao de completarem o 12Qano", lamenta
Investimento (IAPMEI), o então Luís Jordão, Director da Escola. "É
intitulado Gabinete de Educação preciso não esquecer que estamos a falar
Tecnológica, Artística e Profissional de uma profissão algo desconhecida e
(GETAP) do Ministério da Educação e que, muitas vezes, nem sequer faz parte
o fustituto Português do Património do vocabulário dos jovens. Sabem o que
Arquitectónico e Arqueológico é um chip, um mega byte, um disco
(IPPAR). rígido, mas um canteiro é um espaço
O curso de Mestre de Cantaria - para colocar flores! Acredito que muitos
Técnico Empresário, com duração de vêm por arrasto e acabam, ou por se
três anos e equivalência ao 12Qano,. apaixonar pela actividade, ou por
foi o primeiro a ser ministrado detestá-Ia. Não há um meio termo. A
maioria tem-se apaixonado", obrigatoriamente,possuirconhecimentos contribuem para a credibilização e
congratula-se. de ordem técnica, do domínio do saber valorização dos seus alunos. A
Ao terminarem o curso os alunos faZe1;mas também do sabergerir. Não primeira grande intervenção teve
podem optar por quatro vias. Uma formamos contabilistas,maspessoascom lugar na Alemanha, em Setembro
delas é o ingresso no ensino supe- capacidade para dar resposta às de 1997. "Fomosconvidados parafazer
rior, embora essa não seja a princi- necessidades contabilísticas de uma partedeum grupo detrabalho,durante
pal vocação da Escola. "0 empresa desta dimensão", acrescenta um mês, para restauro de umas janelas
investimento que fazemos nesta área o director da Escola. góticas do Mosteiro de Bentlage, em
tem em vista o exercício quaseimediato A maioria dos alunos estão, Rheine. Foi uma experiência que deu
da profissão. Mas é bom, e até certo efectivamente, a trabalhar na área grande força à nossa Escola, devido à
ponto emblemático para a Escola, que para a qual foram formados, exigência de trabalho por parte dos
alguns se especializem na área da "alguns como desenhadores, outros alemães que dirigiam a obra", recorda
escultura ou das artes plásticas, o que como técnicos, mas estão quase todos o nosso interlocutor.
tem, efectivamente,acontecidonalguns ligadosà pedra". A própria Associação Actualmente, está em fase de
casos",sublinha Luís Jordão.
Parte dos alunos optam, por outro
lado, por fazer parte de equipas de
conservação e restauro, "não
obstante sermos uma escola de
canteiros, e não de restauro de cantaria.
Mas aformação que adquirem permite-
-lhes desempenharem um importante
papel nessasequipas de restauro, que
integram historiadores, biólogos,
químicos e, claro, canteiros". Alguns
dos alunos que já concluiram o curso
estão a desenvolver importantes
trabalhos de conservação no
Mosteiro da Batalha.
Outros ainda, integram-se em
empresas já existentes.
Uma outra vocação da Escola de
Artes e Ofícios da Batalha é a
formação de jovens empresários,
dinamizadores de microempresas
enquadradas neste específico sec-
tor de actividade. Para tal, criou
uma Unidade de Inserção na Vida
Activa (UNNA), que desenvolve todo Portuguesa dos Industriais de conclusão a reconstrução da
o trabalho de encaminhamento dos Mármores, Granitos e Ramos abóbada da Igreja de Nossa
alunos no processo de criação de Afins (ASSIMAGRA), mostrou-se Senhorada Gaiola,em Corte, que
estruturas empresariais. "Está recentemente interessada em teve início há dois anos. "Sãomais
provado que o futuro da economia de um celebrarum protocolo com a Escola, de 100 metros de ogiva, nove fechos com
país assenta muito na microempresa. para que os alunos finalistas cerca de 600 quilos cada, tudo isto
Além disso, esteé um dos concelhosdo possam realizar estágios em colocadoa 12 metros de altura. É uma
nosso país com menor taxa de contexto de trabalho, nas empresas obraque envolvecanteiros,engenheiros,
desemprego,o que constitui um suasassociadas."É fundamentalque arquitectos e um mestrecarpinteiro que
incentivo, um bom ponto de partida os alunos tenham num horizonte fez um trabalho notável ao nível das
para os alunos que aceitam o desafio de próximo perspectivas de saídas estruturas".
criar o seu próprio negócio", acredita profissionais",sublinha Luís Jordão. Vários pórticos de igrejas da região
Luís Jordão. Um outro acordo em vias de ser têm sido recuperados pelos alunos,
Para formar jovens empresários, a firmado tem em vista a formação e até a Ponte da Boutaca, na
Escola aposta não só na de base conjunta, com a Escola Batalha, está a ser parcialmente
componente prática do curso, mas Profissional de Capelas,nos Açores. reconstruída pelos futuros Mestres
também na formação teórica ao Actualmente, dois jovens formados Canteiros, devido a um acidente
nível da gestão empresarial. Das na Escola da Batalha estão já a rodoviário que destruiu parte das
1200 horas de formação anual, 50% ministrar formação na área da grelhas desta ponte, datada do séc.
são constituídas por vertente cantaria, nesta escolaaçoreana. XVI.
prática e as restantes 600 horas por O sucesso da Escola deve-se Imperativa, para conclusão do
formaçãoteórica. "Para organizar a também às inúmeras intervenções curso, é a realização de uma Prova
sua microempresa,oformando tem que, que tem realizado, e que de Aptidão Profissional (PAP), que
deve retratartoda a aprendizagem Há mesmoquem diga que ninguém num trabalho desenvolvido pelo
desenvolvida ao longo dos três conhece o Mosteiro da Batalha Programa de Artes e Ofícios sobre as
anos de formação. ';4.PAP exigeum como este homem de 67 anos. Foi lojas tradicionais. Hoje, o curso está já
trabalho de investigaçãohistórica da ali criado e os canteiros da família no segundo ano de funcionamento e a
vão, pelo menos, até à 5@geração. ter algum sucesso", refere Luís
"Estamos numa zona privilegiada para Jordão. Também nesta área, os
se começar a aprender. O calcário que alunos terminam o curso com a
se encontra na zona centro pode ser qualificação profissional de Nível 3
bastante homogéneo, macio, semi- da União Europeia, equivalente ao
rígido, duro, enfim, escolhemosa pedra 12Qano de escolaridade. Este ano,
que queremostrabalhar.É uma pedra os formandos estão já a realizar
que ajuda o aluno a fazer um trabalho estágios em contexto de trabalho,
que,em poucotempo,já é visível. Em começando a pôr em prática a
contrapartida, é uma matéria-prima componente teórica adquirida.
comgrandesexigênciasem termosde A aguardar a altura oportuna para
qualidade e perfeição do trabalho", arrancar está o Curso de Vitral, já
refere Alfredo Ribeiro. aprovado pelo Ministério da
As aulas teóricas são agora Educação. '~pesar de em Portugal não
ministradas em instalaçõescedidas encontrarmos muitos vitrais, pensamos
pela Câmara Municipal da Batalha que é importante despoletareste curso,
e asaulaspráticasno Mosteiro, uma perfeitamente integrado nesta área",
exigência do significativo aumento justifica o Director da Escola.
do número de alunos. Em conjunto com os Arquivos
Actualmente, e para além do curso Distritais nacionais, está ainda a ser
de Mestre de Cantaria - Técnico ultimada urna proposta para um
Empre;sário, a Escola Nacional de curso de Recuperação de Livro e
Artes e Ofícios Tradicionais da Cartografia Antiga. '~ nossa princi-
Batalha oferece um curso inovador pal preocupação é propôr e desenvolver
em Portugal: o Curso de Lojista - cursos que tenham sempre como base
Técnico de Comércio Tradicional. " a filosofia da revitalização das artes e
É um curso que se insere no âmbito da dos ofícios tradicionais. As escolasque
revitalização de um ofício: a arte de o extinto Programa de Artes e Ofícios
saber vender, a arte de contactar. Tradicionais deixou têm comoobrigação
Fizemosuma proposta ao Ministério da manter essafilosofia", conclui Luís
Educação, que foi aprovada, baseada Jordão.
.
peça que vai ser construída, de análise
da pedra a utilizal; o desenho, o projecto,
o molde, o orçamento... enfim, reúne um
conjunto de matérias que resulta num
trabalho sem o qual o aluno não conclui
o seu curso", refere Luís Jordão.
Motivo de orgulho para alunos e
professores foram os resultados
alcançados na edição de 1999 do
Concurso Nacional de Formação
Profissional, promovido pelo
Instituto de Emprego e Formação
Profissional, no qual dois alunos
alcançaram os dois primeiros
lugares. Os responsáveis pela
Escolaestãoconfiantes de que estes
alunos vão trazer um bom resultado
da final mundial, que terá lugar no
Canadá.
Para a valorizaçãodos alunos,muito
tem contribuídoacomplementaridade
entre as matérias leccionadaspelos
professores responsáveis pelas
disciplinas teóricas, e pela prática
ensinada pelo Mestre Alfredo Ribeiro.
- restesa completar quatro anos comopresidente do
IPPAR, Luis Ferreira Calado concedeuà Pedra & Cal
a quarta entrevista do seu mandato, a um órgão de
comunicaçãosocial. Do muito que nos contou, aqui fica
o que o espaçodisponívelpermitiu.

Pedra & Cal - Acha que se justifica a sociedade.O que não quer dizer que
existência de dois organismos, a quando houver maior capacidadede
DGEMN e o IPPAR, na área do resposta que não devamos entrar
pa trimónio ar~tectónico? noutro tipo de património que, não
Luis FenoeiraCalado - É uma pergunta estandoclassificadonão deixa de ser
delicada neste momento. No meu património a preservar.
ponto de vista e directamente, E fazemo-lo sobretudo em 3 áreas:
respondo que não! Acho que o em termos da preservação, os
'património deve ter uma única tutela, chamados licenciamentos ou
que deve ser na área da cultura. pareceresvinculativos que o IPPAR
P&C - Há alguma articulação, dá para intervençõesem património
actualmente, entre os dois organismos? classificadoe em zonasde protecção,
LFC - Nós não temos obras em o que nem sempreé respeitado.Devo
conjunto. O IPPAR faz obras, a dizer que há muitos organismos,
DGEMN tem vindo a fazer algumas mesmodo Estado,que não respeitam
obras, também em monumentos esseparecervinculativo do IPPAR.
classificados. Portanto, onde está a Actuamosem termos de intervenção,
DGEMN não está o IPPAR, não nos na recuperaçãodo próprio património
vamos sobrepor...eu diria que há que está afecto ao IPPAR, ou
mais uma complementaridade. património que, sendodo Estadoou
P&C - Refaço a pergunta. De que de outras entidadesnós estejamosa
forma define o papel de uma e outra apoiar.Esta:mos aliás,nestemomento,
entidade? a apoiar um número significativo de
LFC - Neste momento, não sou recuperaçõesde património da igreja
capaz de lhe dar uma resposta. e das misericórdias,em colaboração
P&C - Qual é então a função do com os municípios. E, numa terceira
IPPAR? vertente, a função do IPPAR é
LFC - A função primordial do IPPAR investigar,valorizar e divulgar, para
é zelar, preservar o património. além de proceder a uma gestão
Quando falamos em património integrada de todo estepatrimónio.
falamos numa abrangência, na P&C - O IPPARtem um levantamento
concepção global do património que do património arquitectónico
terá que ser obviamente classificado. classificado?
E o ser classificado é um acto LFC - É o IPPAR que o classifica.
adminishâtivo, que é o reconhecimento Portanto, ninguém melhor que o
do interessedesse património para a IPPAR para ter essa informação.
Podemosou não pô-Io na Internet, abriram frentes de trabalho em todo Nós não estamosmuito interessados,
podemos colocá-loou não em livros o resto do país, em património que para já, em exteriorizar o inventário
mas, de facto, o levantamento está até agora estava perfeitamente do IPPAR, porque para nós é
no IPPAR. esquecido e alguns até com fundamental que esse inventário
processos, que se arrastavam há contemple também a perspectivada
alguns anos, de reclamação, de ficha clínica.
contestação P&C - Concorda que há falta de
P&C - E quanto ao património não informação do IPPAR, junto dos
classificado? profissionais do sector e do próprio
LFC - É uma áreaque nos preocupa, público em geral que se interessa
obviamente,...não deixa de ser pela "coisa" do patrimómo?
património. Preocupa-nos mas, de LFC - É verdade! É uma crítica que
facto, nós teremosque privilegiar, na nos é feita e que eu tenho que aceitar.
medidaem quenão temososrecursos Estamos a fechar um ciclo, que
suficientes,a área classificada,o sub correspondeà legislatura e eu penso
conjunto do património que está que quem ficar no IPPAR na
Mosteiro dos Jerónimos - porta sul classificado. As classificações têm legislatura seguinte terá que rever
vindo siStematicamente a ser abertas, essasituação.
P&C - E há uma actualização do há bastante pressão por parte dos Tenho consciênciade que corremos
estado dessepatrimónio? autarcase das populaçõespara que riscos, designadamente em termos
LFC - Constante! Nós temos neste as classificações~vancem. de comunicaçãosocial onde somos
momento 5 Direcções Regionais a P&C - Falou das autarquias.Até que muito facilmente criticáveis. Ou é
funcionar em pleno. Estão já mais ponto há colaboraçãoentre o 1PPAR porque sedeixaconstruir, ou porque
duas criadas, em Castelo Branco e e as autarquias? não se deixa construir, se está a cair
VIla Real,que em breve, entrarão em LFC - A colaboração com as
funcionamento. autarquias tem sido excelente.
TemosprocuradQdotar as Direcções Sobretudo com a Associação de "Não enjeitoa
Regionais de capacidade para, Municípios com Centros Históricos. hipótesedo IPPAR
sistematicamente,estar em cima do Não queremos ter uma atitude de
acontecimento e poder actualizar a donos do património, o IPPARnão ser completamente
informação sobreo estadocrítico em é dono do património. O património reformulado..."
que o nossopatrimónio está.Eu sou é colectivo, é da sociedade e cada
talvez parte suspeitapara fazer esta vez que haja oportunidade, que se --
afirmação mas, nestes 4 anos, tem justifique envolver a sociedadequer é o IPPAR que não intervém, os
havido passos significativos, tem do ponto de vista colectivo, quer do motards andam na via romana e o
havido trabalhos sistemáticos de ponto de vista da comunidade IPPAR não faz nada. Ou por
leyantamento da situação do científica, nós envolveremos. exemplo, os graffities que nós
património, relatóriosda situaçãoem P&C - Temrecursos,nomeadamente retiramos num monumento e no dia
pessoalqualificado, para promover seguinte estão lá outra vez. Não
um Inventário do Património podemos colocar um polícia junto a
Arquitectónico Nacional? cada monumento. O que temos que
LFC - Quando sefala em inventário, fazer,nós sociedade,é começarpela
temos que ter os pés bem assentes escola,em acçõespedagógicas,ainda
na terra. Geralmente diz-se que o que os serviços educativos não
inventário não existe.Eu não afirmo, estejam totalmente apetrechados e
tão peremptoriamente, que o dependam das equipas, das
inventário português do património dinâmicas, da exigência que é feita
não exista: quando falamos do pelas escolas em determinados
Mosteiro de S.Joãode tarouca- vista geral inventário,gemlmentehá o inventário monumentos. Porque o património
do património arquitectónico, o é uma questão de cidadania e de
que seencontram,procedimentosde inventário do património móvel e cultura, daí que eu defenda, sem a
recuperação de património e tem tambémo de outrotipo de património. menor dúvida, que o património
havido um alargamento de frentes Eu considero que o inventário está deve estarno Ministério da Cultura.
de trabalho em todo o país. Paralhe significativamente feito, pode é não P&C - Depreende-se então que a
dar um exemplo, quando esta estar feito com uma estrutura natureza da DGEMN, à partida, não
direcção tomou posse,o PIDAC do equilibrada, pode não estar feito na é a mais correcta?
IPPAR,localizava-sesobretudo nos sua totalidade. Admito que sim mas LFC - Repare, eu não tenho
distritos de Lisboa e Porto, o que a igreja sabeo que tem, o Estadosabe legitimidade,nem o quero fazer,para
significava que 65 a 68% do total do o que tem, os privados sabemo que me pronunciar sobre outras
investimento era feito nestes dois têm...portanto o inventário, nessa entidades, designadamentesobre a
distritos. Nestemomento, para estes perspectiva, está mais ou menos DGEMN, que é uma entidade que
mesmosdistritos, estamosna ordem identificado, chame-se a isto eu respeito,que é uma entidade que
dos trinta e pouco por cento, o que inventário sumário, chame-se tem bons técnicos.Possoé emitir a
quer dizer que se alargou 'e se inventário mais sofisticado. opinião de qual é a estruturaçãoque
vindo a melhorar, fazendo-se, nós não sabemos onde é que vai
reconhecidamente, boas intervenções. parar. Até ágora a folga dos 50%
Há uma maior preocupação para se permite enquadrar essestrabalhos
apetrecharemtecnicamentee formarem mas, com uma folga menor,
técnicos para intervirem na área do provavelmente vai ser mais
património. Tem havido gr~ndes complicado.
progressos, em termos das empresas, P&C - Neste âmbito, da intervenção
na qualidade das intervenções pelo das empresas,como vê o papel do
~"=,~-=,-
que me é dado observar, não como GECoRPA?
Miróbriga - aspecto do hipocausto especialista, mas pelos relatórios de LFC - Eu consideroque é positivo as
especialistas que me vão chamando empresasestarem associadas,terem
me parece mais razoável, por estas a atenção para a melhoria da um fórum onde possam discutir os
razões, em relação ao aparelho de qualidade. seus problemas, porque quando eu
Estado para o património. Claro que Gostava no entanto que essas vou ao mercado, quero que haja
sei que é um assunto delicado. empresas fossem ganhando "back- agentes,do lado da oferta,capazesde
Inclusivamente devo dizer que não ground" através de intervenções responderem com qualidade e
enjeito a hipótese de o IPPAR ser menos exigentes para fazerem preocupados, profissional e
completamente reformulado, isto currículo. Na verdade, também não tecnicamente,com aquilo que estãoa
para não haver aqui uma questão de é bom para quem gere uma carteira fazer.O património só tem a ganhar
fusão, de disputa... de projectos, que apareçam com isso.
P&C - Reformulado em qu~ sentido? sistematicamente as mesmas
LFC - Seo n:>PARtiverque desaparecer
empresas.
e apareceroutra entidade, não me choca P&C}" A legislação define o tipo de
absolutamente nada. empresas, nomeadamente no que se
Não é possível gestõesintegradas entre refere aos alvarás, a categorias dos
organismoscom tutelasdiferentese com alvarás...
perspectivas diferentes. LFC - A questão dosalvarás sempre
P&C - Que comentário faz à relação foi um assunto muito delicado. E é
património arquitectónico/turismo? um assunto do qual o IPPAR sempre
LFC - Acho que é importante e cada esteve afastado. Se alguma coisa não
vez mais a relação entre o património está bem, no que respeita aos alvarás,
eu penso que terão que ser as
empresas a procurar a sua resolução Mas, como já afirmei noutras
e não o IPPAR. É evidente que essa ocasiões, não gostaria de ter uma
questão nos preocupa, como nos ligação muito directa com as
preocupa a legislação que saiu empresas...
relativamente aos "trabalhos a mais" , P&C- Mas o papel de uma associação
em que, dos 50% passa-sesalvo erro, deste tipo é exactamente,facilitar a
e o turismo pela simplesrazãode que para os 25% (ainda não tive relação, intervindo em nome do
não serecuperaum património para oportunidade de a ler em pormenor). colectivo.
estar numa redoma. O património Do ponto de vista teórico, tenho a LFC - Isso é verdade, e foi essa a
tem que ser utiliZado, tem quer ser impressão que esta é uma medida disponibilidade que eu coloquei
vivido. positiva. As coisas, quando são desde o início e que agora, renovo. É
Há contudo uma coisafundament~: orçamentadas,para não haver distorção evidente que, a partir do momento
o património arquitectóniconão é do do mercado, da concorrência, exigem em que a associaçãoestá constituídar,
turismo.O pabimónioé do pabimónio em que já tem já um lastro de trabalho
e tem que ser tratado, zelado e e de estabilidade, o IPPAR está,
preselVadona óptica patrimonial, na "...0 IPPAR está, também, disponível, e mesmo
óptica da cultura, na óptica da interessado em dialogar com a
sociedade. Se for usufruído do também,disponível, associaçãoque é representativa dessas
ponto de vista turístico tanto melhor, e mesmointeressado empresas e que tem uma preocupação
mas o turismo tem a sua função e o comum à nossa.
património tem a sua função. em dialogar com a P&C - Quer comentar a nova lei do
Há no entanto uma perfeita
convergência de interesses e de
associação património?
LFC - Penso que é um pouco
posições pelo que, pode dizer-se, prematuro, neste momento, tecer
património e turismo, estão em regras concretase portanto quanto mais comentários sobre a nova lei do
sintonia. se reduzir a margem de trabalhos a património. Só espero é que não haja a
P&C - Como vê hoje a oferta de mais, maior disciplina há na altura do eIalx>ração de uma lei do património feita
empresaspara trabalhar na área da concurso. Mas a especificidade do a retalho. A lei do património tem que
conservaçãoe restauro? património, nós sabemos que não é ter coerência,tem que serfeita com uma
LFC - Eu acho que tem havido essa. Por vezes intervem-se no equipa, com princípios definidos. Uma
grandesprogressos.As empresastêm património e verifica-se que as coisas lei de património feita a retalho é o pior
vindo a progredir, eu diria que têm estão de tal maneira degradadas, que quenóspodemos
ter: .
- ' centro histórico de Al-
mada está empenhado numa
missão requalificadora, iniciada
ainda no âmbito do primeiro Qua-
dro Comunitário de Apoio, através
da Operação Integrada de Desen-
volvimento da Península de
Setúbal. Deste projecto inicial re-
sultou a recuperação de um conjun-
to de quarteirões habitacionais,
nomeadamente, ao nível das cober-
turas e fachadas dos edifícios, e
ainda a aquisição e reabilitação da
Casa da Cerca, onde desde 1993
funciona o Centro de Arte Contem-
porânea.
Já no âmbito do segundo pacote de
financiamentos, a Câmara Munici-
pal de Almada elaborou e viu apro-
vada uma candidatura ao Progra-
ma de Reabilitação Urbana (PRU),
gerido pela Direcção Geral do
Desenvolvimento Regional. O pro-
jecto, baptizado NovaAlmada Ve-
lha, constituiu "uma nova oportuni-
dade de intervir no núcleo histórico,
dando continuidade à política de valo-
rização desta zona da cidade. Agora, a instalações da Academia AI- das em quatro "Medidas", que de-
intervenção é mais abrangente, não madense em direcção a Cacilhas, finem os objectivos estratégicos
circunscrita à recuperação do património até à Rua Cândido dos Reis.. O para a zona.
edificado", refere Femanda Marques, objectivo geral que norteia asdiver- A Medida 1 engloba projectos de
Técnica da Direcção de Projecto de sasintervenções previstas e já rea- recuperação patrimonial e requali-
Reabilitação Urbana. lizadas, consiste na identificação e ficaçãodo ambiente urbano. A obra
O programa assenta na inter- desenvolvimento do potencial aguardada com maior expectativa,
venção no núcleo de Almada Anti- turístico e recreativo, integrado nos e que tem vindo a ser acompa-
ga, que se estende da Rua Capitão recursos patrimoniais existentes. nhada com alguma curiosidade por
Leitão para norte, até ao rio, e das Essasintervenções foram agrupa- parte da população é a construção
do Elevador da Boca do Vento. PRU. Um outro objectivo desta relação privilegiada com o rio, com
"Queremos levar a Cidade ao Rio, ou primeira "Medida"é criar condições boas condições ao nível do tecido
seja, fazer a articulação entre o Cais para a fixação de actividades de edificado e onde não há população
do Ginjal e Almada, que até agora estão turismo, recreio e lazer no Cais do residente.
separadospela imponente Escarpa GinjaL evitando os prejuízos de A Medida 3 visa o apoio à inserção
Ribeirinha", explica Fernanda confli- tualidade com a população social e profissional, adequando as
Marques. Este cais foi dinamizado, residente em Almada Velha. políticas de formação às necessi-
até meados do nosso século, por A diversificação da base económi- dades das intervenções previstas. O
uma actividade industrial intensa, ca é, precisamente, a intenção da conjunto de valores patrimoniais
que não exigia ligação à urbe. Mas Medida 2 do NovAlmadaVelha. legados por povos que por ali
o declínio dessa actividade e a in- Neste sentido, a autarquia vai passaram, nomeadamente Feníci-
tenção de fixar aí esb"uturasturís- desenvolver o modelo de "ninho de os, 'permitiram a realização de
ticas e de lazer, tornou a questão da empresas", um espaço onde os acções de formação em Arqueolo-
gia de Campo, tendo em vista a
valorização e divulgação do
património arqueológico. O núcleo
histórico possui um laboratório de
arqueologia, que trabalha regular-
mente no restauro de peças encon-
tradas nas escavações. Parte desse
espólio será exposto no Museu de
Sítio, actualmente em fase de mu-
sealização. Ainda no âmbito da
Medida 3 e tendo como objectivo
atrair população jovem para Alma-
da Velha, foram criados Centros de
Documentação e Museologia, e or-
ganizados, na Casa Municipal da
Juventude, ateliers nas áreas da
dança, expressão dramática, músi-
ca moderna e fotografia.
Finalmente, a Medida 4 tem em
vista a promoção de equipamentos
culturais. "O nosso objectivo é criar
ac~ssibilidade prioritária. De acor- pequenos investidores podem um circuito cultural que integre um
do com Fernanda Marques, "para instalar-se e permanecer durante, conjunto de pólos atractivos", refere
além de cumprir funcionalmente o seu aproximadamente, três anos, com Fernanda Marques. Desse circuito
objectivo, o elevador panorâmico vai, condições aliciantes em termos de fazem parte o Centro de Arte
por certo, constituir uma atracção custos e apoio técnico à concepção Contemporânea, a funcionar na
turística por si só, tornando-se quase o dos respectivos projectos de inves- Casa da Cerca; um jardim botânico,
emblema da intervenção". A construção timento. Após o chamado "perí-odo a ser construído numa propriedade
do elevador foi, obviamente, ante- de incubação", a empresa deve a poente deste edifício; o Museu de
cedida pela estabilizaçãoe consoli- relocalizar-se, preferencialmente Sítio, cuja inauguração está prevista
daçãodestaescarpaviva. O Cais do no interior do núcleo histórico. ainda para este ano e a Estação
Ginjal, praticamente votado ao "Tanto o parque habitacional como o Arqueológica da Quinta da Almaraz.
abandono, vai agora beneficiar de aparelho comercial desta zona estão Também no quadro desta medida,
obras de repavimentação e ilumi- muito envelhecidos, e após a inter- está prevista a construção de uma
nação pública, o que permitirá a venção de qualificação de parte do teci- Unidade de Apoio à População
criaçãode um passeiojunto ao Tejo, do edificado que teve lugar no final da Idosa.
com a Grande Lisboa como pano de décadade 80, a reacçãoimediatafoi uma O NovAlmadaVelha termina,
fundo. A Fonte da Pipa vai ser res- grande procura do núcleo histórico para formalmente, em Dezembro de
taurada, e os espaçosexteriores de instalaçãode actividadesnocturnas", 1999, embora algumas obras estejam
Almada Velha serão alvo de reabi- relembra Femanda Marques. Este ainda em fase de lançamento, o que
litação. "ninho de empresas" pretende obrigará ao seu prolongamento du-
'& nossas expectativas apontam para demonstrar que Almada Velha tem rante o próximo ano. A candidatura
uma nova dinamização de todo o nú- condições para instalar outro tipo inicial ao Programa da Reabilitação
cleo histórico, que incentive os particu- de actividades, ao mesmo tempo Urbana previa um investimento glo-
lares a investir no seu património, já que incentiva ao desenvolvimento bal de 1 milhão e 300 mil contos, um
que, no quadro do PRU, não é possível das estruturas de animação noctur- valor que já foi ultrapassado em cerca
intervir em propriedade privada", na numa zona, o Cais do Ginjal, de 300mil contos,garantidospela
sublinha a Técnica da Direcção do onde é possível estabelecer uma CâmaraMunicipaldeAlmada..
- --- intervenção decidida século XVIll, embora não seja de
para o pequeno quarteirão excluir a sua origem anterior.
delimitado pela Rua e pelo Becodo O trabalho de projecto iniciou-se
Recolhimento, no Castelo de S. naturalmente com o levantamento
Jorge, em Lisboa, no âmbito do arquitectónico e estrutural e com a
Projecto Integrado do Castelo,uma realização de um estudo de
das mais importantes operaçõesde diagnóstico acerca do estado de
reabilitaçãourbana actualmente em conservação e segurança da estrutura,
curso, coloca algumas interessantes complementando uma avaliação
questões, dadas as características quanto àscondiçõesde utilizaçãodos
específicasdos edifícios envolvidos. diversosfogose às características
dos
Na verdade, trata-se de um agregadosfamiliaresque osocupam.
quarteirãocompleto objecto de uma Estestrabalhos permitiram ter uma
só intervenção, que parece identificação que se julgou
deslocado no Castelo, dado que o suficientemeDte clara acerca das
muito reduzido porte dos edifícios, características construtivas do
apenas com um ou dois pisos, edifício e das suas condições de
transforma este conjunto numa conservação,juízo que permitiu a
espécie de ilhota de província definição, desde logo ao nível de
mesmo no coração da capital do estudo prévio, das medidas de
País; esta circunstância específica, intervenção de reparação, reforço
tão distintiva de muitos outros e substituição de elementos
edifícios mesmo ali à beira, permite danificados.
encarar com alguma tranquilidade Estabeleceu-seassim uma filosofia
uma reabilitação que, do ponto de de intervenção que veio a manter-
vista estrutural, geralmente se ao longo de todo o processo de
tão limitativo, não apresenta elaboração dos projectos, segundo
condiciGnamentos particulares, já a qual se definia a preservação de
que os sismos não parecem tão todas as principais paredes de
assustadores para tão pequenos alvenaria ordinária (de pedra, por
edifícios. vezes miúda, mal argamassada)e a
demolição generalizada dos
Os edifícios. Sua constituição e pavimentos e coberturas de
estado de conservação madeira, bem como de quasetodas
Sãoedifícios conscruídos,ao que se as paredes interiores, de frontal
sabe, essencialmente a partir do tecido e de tabique de prancha ao
alto. de modo a constituirem autênticos e enchimentos à base de materiais
Refira-sea propósito que,parecendo reticulados estruturais monolíticos, idênticos;a ronstataçãoda existência
esta posição demasiado pessimista, capazes de se comportarem como de desaprumos de paredes
ela veio a revelar-se,pelo contrário, um todo. exteriores, ou a fendilhação na
ajustada, sendo mesmo necessário Nos pavimentos recorreu-se a ligação entre paredes orto-
substituir algumas paredes quando vigamentos de pinho marítimo, gonais, evidenciando quebra de
estas, depois de removidos os estabilizado em autoclave e monolitismo e até eventual risco de
rebocos, se revelaram muito mais imunizado contra ataques de colapso, levaram a que se tivesse
degradadas do que a inspecção fungos e insectos; o recurso previsto a execução de pregagens
visual fazia prever; importa sistemático a vigas com secção metálicas de ligação entre paredes,
salientar a este respeito que as transversal constante e igual a 0.08 possibilitando a conservação dos
decisõestomadas pelos projectistas m x 0.16 m deriva da necessidade desa.prumos anteriores, eles
não foram apoiadas em qualquer de normalização dimensional que próprios sinais evidentes da
trabalho experimental, baseando-se significa economia de meios. Em história e não comprometedores da
exclusivamente nos resultados da zonas localizadas reforçou-se a segurança das estruturas, uma vez
observação directa e no registo estrutura de madeira com vigas de executadosos respectivos reforços.
de anomalias, nomeadamente aço, solução que chegou a ser Anote-se que algumas destas
deformações de pavimentos e encaradatambém para a construção paredes tiveram de ter funda-
paredes, fendilhações de rebocos, da estrutura de pisos de zonas ções recalçadas, na sequência do
sinais de apodrecimento de húmidas, áreas onde o usual rebaixamento da cota de certos
madeiras, etc. revestimento de soalho foi pavimentos térreos; a existência de
substituído por outros materiais fundações quase superficiais,
A intervenção projectada menos sensíveisà acçãoda água. permitidas pelo pequeno porte dos
A intervenção projectada teve Nas coberturas, sujeitas a algumas edifícios e pela ocorrência a
naturalmente como ponto de operaçõessuavesde reconfiguração, reduzida profundidade de solos
partida a necessidade de garantir destinadas a eliminar soluções aptos para fundações, obrigaram a
condições funcionais e de segurança pouco curiais e/ou a melhorar esta delicada operação, realizada
que recolocassem estes edifícios em localmente as condições de por pequenos troços e utilizando
condições de plena satisfação dos habitabilidade do piso elevado, as para o efeito betões ciclópicos, ou
seus utiliza dores, o que im- estruturas de madeira baseadasno seja, materiais muito semelhantes
plicou, nomeadamente, algumas mesmo tipo de vigamentos antes às alvenarias existentes.
reorganizações espaciais e a criação referidos (constituindo asnas nas As paredes interiores não
sistemática de zonas de cozinhas e coberturas de mais de uma água) preservadas, ou seja as que não
de instalações sanitárias. A foram revestidas com uma "sub- eram feitas de alvenaria ordinária,
recuperação do espaço de um telha" de chapas perfiladas de aço foram classificadasem dois grupos,
saguão interior, entretanto ocupado galvanizado, constituindo base consoante eram ou não relevantes
por construções espúrias e o ganho de estanqueà água para a aplicaçãode as suas funções de resistência a
pés direitos de alguns compartimentos novos revestimentos de telha de cargas verticais. Deste modo, as
do fés,-do-chãosão também alterações canudo formando os tradicionais paredes que recebem cargas de
arquitectónicas relevantes que vieram telhados com capas e canais de pavimentos e coberturas foram
beneficiar de modo significativo a material cerâmico. Também a projectadas em frontal tecido com
qualidade dos espaçosinteriores. colocaçãode uma camada isolante o espaço entre os elementos de
Do ponto de vista construtivo e térmica garante uma considerável madeira preenchido com alvenaria
estrutural a opção escolhida foi a de se melhoria do desempenho das de tijolo maciço tradicional tipo
recorrer a materiais e processos novas coberturas, assegurando em "baldosa"; as ligações entre as
tradicionais, com naturais inovações conjunto com as outras medidas diferentes peças de madeira -
que correspondem ao próprio sinal referidas níveis de conforto
dos tempos. A madeira foi elei- compatíveis com as necessidades
ta como material estrutural dos utentes destes fogos.
fundamental, com ela se construindo A intervenção nas paredes é muito
pavimentos, coberturas e paredes relevante e variada. Nas paredes
"resistentes" e "não resistentes'; como mestras de alvenaria ordinária, por
na generalidade dos edifícios antigos vezes de qualidade deficiente,
as alvenarias continuam a objecto de diversas alterações
desempenhar papel de relevo, tanto anteriores, por vezes muito
nas novas paredes "resistentes", de descaracterizadorase até perigosas
frontal tecido preenchido com - o desbaste destas paredes para
alvenaria de tijolo maciço, como na alargamento de espaçosou encaixe
recuperação e integral aproveitamento de mobiliário e equipamentos, por
das paredes resistentes de alvenaria exemplo, era frequente -, sendo
ordinária, conservadas e consolidadas necessárioprocedera reconstituiçães
prumos, travessas e escoras - são acção de águas acumuladas pequeno quarteirão e cuja execução
samblagenstradicionais auxiliadas superficiais, a experiência mostra se aproxima da fase final de
por pregagens. que a humidade do solo é suficiente acabamentos, revelou-se uma
Um segundo grupo é constituído para que se acelere muito a experiência muito interessante,
por paredes de compartimentação deterioração dos elementos de sobretudo porque veio tomar clara
que não desempenham papel madeira mais próximos da base, a possibilidade de se pensarem
relevante na resistência a cargas por acção de fungos de podridão. recuperações do património
verticais; estes tabiques são Para evitar tais situações criou-se na habitacional histórico subordinadas
constituídos por uma estrutura de base destas paredes um soco de a uma lógica pouco h~bitual, em
madeira semelhanteà antesdescrita alvenaria hidráulica devidamente que à suavidade das soluções
mas mais simples em termos de protegido da ascensão capilar da propostas se soma uma grande
técnicas de ligações e os espaços água do solo, a partir do qual se preocupação de requalificação
entre elementos de madeira são dava início à construção do frontal. urbana, arquitectónica, construtiva
simplesmente preenchidos com Os revestimentos e acabamentos e estrutural, no respeito profundo
assumem-se igualmente como mas não reverente pelos materiais e
tradicionais, embora se tenha técnicastradicionais.
proposto o uso de rebocos de É apenasnecessárioque projectistas
argamassa bastarda, com a camada e construtoresolhem de forma mais
final com composição mais rica em positiva e menos complexada para
cal aérea, em vez dos também os materiais e técnicastradicionais, hoje
possíveis, e para alguns desejáveis, infelizmentetãodesprezadas
masque
rebocos de argamassa de cal. A afinal serviram para construir miIhares
vantagem de as argamassas e milhares de edifícios com uma
bastardas estarem mais testadas eficácia comprovada por centenas
em laboratório e já experimentadas de anos de vida e de uso. A
com sucesso em diversas obras humildade de encararessesedifícios
pesou na decisão assumida no e os seus materiais constituintes
projecto. com um olhar de curiosidade que
Destaca-se ainda o uso, no interior, precede a compreensão e a
de revestimentos dos frontais com disponibilidade para estudar temas
painéis de gesso cartonado, em vez de que as escolas têm andado
dos mais tradicionais estuques arredadas são os passos seguintes
sobre fasquiado de madeira; aqui no trilhar de um percurso em que
foi a facilidade de execução, se chega ao fim com satisfação e
associada à possibilidade de se com tranquilidade. .
afastar o revestimento da estrutura
do tabique, criando um espaço

técnico para inserção de tubagens,


a impor a escolha.
A caixilharia foi generalizadamente

refeita mas mantendo as soluções

de madeira, mesmo nas guarnições

e aros de alguns vãos exteriores, e

geometrias, apenas pontualmente


melhorando localizações quando
tal se revelava manifestamente

conveniente.

Naturalmente, as diversas redes e

instalações, de abastecimento de
águas, de esgotos residuais pluviais
e domésticos, de gás, de electricidade

e de telefones, foram inteiramente

refeitas, tão incipientes e obsoletas

mantasdelã mineralqueconferem eram as comodidades existentes,


às paredes o adequado nível de havendo então a oportunidade de
isolamentoacústico. criar instalações seguras e funcionais,

Uma nota interessante e que simples mas respeitando todas as


merecedestaque diz respeito ao modernas exigências.
"arranque" das paredes ao nível
térreo; nestas zonas, mesmo Conclusões
perantepisossecos,não sujeitosà A intervençãoproiectadaparaeste
.Introdução
É sabido que os edifícios antigos de Benavente de 1909 uma despesa
de alvenaria de pedra apresentam de 213 contos (a preços da época); já
em média pior comportamento o valor das perdas devido ao sismo
sísmico do que outros de porte de 1980 dos Açores (Terceira/São
semelhante com estrutura em Jorge/Graciosa) poderá ter atingido
betão armado. São inúmeros os a cifra dos 150 milhões de contos (a
exemplos que ilustram estes preços actuais) e o do FaiaVPico/São
factos, conforme ficou bem claro Jorge de 1998 uns 20 a 30 milhões de
aquando do recente sismo do contos. Mesmo que estes últimos
Faial de 9 de Julho de 1998.Este números possam ser considerados
pior comportamento deve-se razoáveis face aos investimentos
essencialmente à falta de ligação actualmente praticados, deve dizer-
entre os diversos elementos se que eles correspondem a uma
resistentes que compõem as percentagem elevada dos Produtos
estruturas antigas. O nosso Internos Brutos das respectivas
parque habitacional antigo, por áreas, constituindo um grande
estar em geral muito degradado, esforço para as suas comunidades.
apresenta um comportamento Este esforço, para repôr uma situação
substancialmente mais agravado. semelhante à e)Óstenteanteriormente ao
Em termos muito genéricos pode sismo, foi exercido durante vários anos.
dizer-se que a nível mundial, nos A pergunta que se coloca agora é o que
últimos 50 anos, a percentagem poderá acontecer ao parque mais
de vítimas ocorridas em edifícios antigo existente em zonas de maior
de alvenaria afectados pelos risco do Continente e dos Açores,
sismos atingiu os 60%, enquanto caso venha a ocorrer um sismo de
que a proveniente dos edifícios dada intensidade. E na continuação
de betão armado foi de 20%. desta questão, o que poderá a
Contudo, quando mal construídos, sociedade fazer para reduzir o
estesúltimos podemtornar-semuito impacto dessesismo, como fazê-Io e
frágeispara asacçóessísmicas. a que preço, e quanto se vai
Em Portugal,quer no Continente beneficiar com uma política de
quer nos Açores, os sismos têm intervenção?
feito um grande número de É a estaimportante matéria,abordada
vítimas ao longo da história. com algum desenvolvimento por
Deixando de lado o grande Oliveira et alo(1995),que vamos dedicar
terramoto de 1755, cuja mais algumas linhas, deixando para
probabilidade de repetição é outra ocasião a análise de edifícios
reduzida, e analisando apenas novos, do parque industrial, das
sismoscom maior taxa de redes, etc., que importa estudar
recorrência, podem adiantar-se também na perspectiva sísmica
alguns dados económicos muito (Duarte,1998).
interessantes que nos dão uma
ordem de grandeza sobre custos Estudos de impacto sísmico
provocados pelos sismos. Assim, O Concelho de Lisboa tem sido
o sismo que afectou em 1841 a objecto de diversos estudos, alguns
Praia da Vitória na Ilha Terceira de bastante pormenor, com vista a
causou 78 contos de despesase o definir aszonas de maior impaçto no
de Informação Geográfica, é (Lourenço,1996)quer experimentais
possível calcular as perdas sofridas (Lopes et al., 1997)sofisticadas,que
por acçãodos sismosem termos de sórecentementederam osprimeiros
impacto sobre a população (nQde passos.Talatrasopode serimputado'
mortos, feridos graves, feridos à falta de interesseda comunidade
ligeiros, desalojados) e sobre o em geral nas matérias ligadas ao
património (nQde casascolapsadas, património. As novastecnologiasde
gravementeafectadas,percentagem intervenção com materiais menos
de danos infligidos, etc.). Contudo, agressivos para as alvenarias
as incertezas nos valores finais são existentes, a maior facilidade de
extremamente elevadas devido ao aplicac;ãode técnicasnão intrusivas
enorme desconhecimento ainda com.o seja o caso de cabos no
existente sobre as matérias que interior de paredes (D' Ayala, 1997),
constituem cada uma das tarefas a facilidade de execução de
atrás referidas. Por exemplo, sistemas de apoio, etc., são
estimativas feitas para o Concelho elementos fundamentais para se
de Lisboa no caso de um grande poder actuar com segurança.
sismo (semelhantea 1755)apontam Após o sismo de 28 de Fevereiro de
para danos superioresa 25-50%em 1969,a introdução de uma cinta de
toda a zona da Baixa e Avenidas betão armado no coroamento das
Novas (Paiset aI., 1996), enquanto paredes periféricas, de 20'30 cm
que, tendo em consideraçãotoda a com 5/6 ferros f 8 e estribos f 6
caso da ocorrência de sismos. actividade sísmica possível espaçados de 25 cm foi técnica
Estudos deste tipo foram também convenientemente probabilizada, utilizada sistematicamente na
realizados de forma muito os valores médios de danos em 50 reparação de mais de 150 igrejas
preliminar para Área Metropolitana anos são da ordem de apenas 5% afectadaspor todo o sul do País.Este
de Lisboa, para o Algarve e para o (Sousaet al., 1997). tipo de medida deve ter sido
País em geral, como forma de Para melhorar o grau de confiança também recomendada na
estabelecer comparações sobre os nestesnúmerostorna-seindispensável reconstrução de estruturas
riscos associados. Para a sua proceder a estudos mais profundos danificadas em 1973no Pico e Faial.
concretização, exigem a realização de respeitantesa cadauma das diversas A experiência de casosrecentes de
inúmeras tarefas das quais importa tarefasreferidas.Um passoimportante sismosactuando sobreparques que
salientar as seguintes: está em curso atravésde um novo foram sujeitos a algum tipo de
. Definição dos sismos potenciais projecto de grande envergadura, reforço mostra que nem sempre
e seus efeitos em diferentes locais do lançado pelo Serviço Nacional de esses reforços foram bem
território, utilizando ocorrências quer Protecção Civil para toda a Área sucedidos, como foi o caso de
determinísticas (cenários) quer de Metropolitana de Lisboa, visando Umbria-Marche no centro de Itália,
índole probabilística (vários sismos um aprofundamento dos 1997, ou em alguns casos mal
possíveis, cada qual com a sua conhecimentos existentes e a executadosno Faial em 1998.
probabilidade de ocorrência). elaboração de um Plano de Para conhecer melhor a forma de
. Classificação dos solos tendo em Emergência para a região (Oliveira, proceder, deveriam ser ensaiadas
consideração as características 1999).Tema participaçãode diversas técnicasde reforço simplese eficazes,
geotécnicas (podem alterar instituições de investigação, a devidamente comprovadas através
significativamente a acção sísmica). colaboração dos municípios de ensaios realizados in situ e em
. Classificação
das tipologias envolvidos e de um largo conjunto laboratório (Correia Guedes,
construtivas tendo em consideração de entidades, empresas, etc., que 1999; Costa, 1999; Pompeu dos
as épocas de construção e as obras operam na zona. Santos, 1998):
posteriores, as características dos Reforço/reparação das estruturas 1) In situ, utilizando estruturas
materiais, a altura, etc.Estabelecimento O reforço das estruturas existentes em fase de demolição total ou
de funções de vulnerabilidades para constitui a política alternativa para parcial, ensaiando soluções
diferentes valores da acção sísmica de a minimização dos impactos. No alternativas de reforço;
input entanto, para se poder avançar de aproveitar o elevado número
. Caracterização das existências por forma segura nesta matéria que de casasem muito mau estado
tipologias construtivas, através de outros países já iniciaram, torna-se resultantes do sismo do Faial
inquéritos especialmente dirigidos necessáriodominar sem receiosesta de Julho de 1998, deverá
ou recorrendo aos CensQs da matéria.O estudodo comportamento constituir uma prioridade para
Habitação e População (Cabrita et sísmicode estruturasde alvenaria de ensaiar soluções.
al., 1990; INE 1994). pedra rolada, que constituem a 2) Em laboratório, recorrendo a
Com base em toda a informação maioria do nossopatrimónio antigo, ensaios bem controlados
acima referida, hoje em dia já são muito complexos, exigindo aplicando cargas alternadas,
tratada em ambiente de Sistemas ferramentas quer analíticas estáticas e dinâmicas, sobre
partes estruturais ou estruturas
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!
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situadas nas imediações do e Gestãode EmergênciaSísmicana CidadedeLisboa.Revista ProtecçãoCivil, Vlll, fi
epicentro as que irão sofrer mais. Série,nQ9, pp 28-35.
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prática continuada de reforço das para a Avaliação de PerdasCausadaspor Sismos:Aplicação à Cidade de Lisboa,
estruturas situadas em zonas de Proceedings,3QEncontro Sobre Sismologia e Engenharia Sísmica, IS1; Lisboa,
maior perigosidade sísmica (Cóias Dezembro de 1997.
e Silva et al., 1997).
Tal prática tem já sido seguida

política em Los Angeles.Na Cidade edifícios antigos, que permitisse


de Berkeley,na Califórnia, o Estado uma redução significativa nos
recuperou na última década prémios desde que houvesse
diversos edifícios do Campus efectiva aplicação de reforços.
Universitário, colocando nova
Nota Final
estrutura resistente à volta da já Felizmente, começa a haver entre
existente. nós uma cultura técnico/científica
Este procedimento enquadra-se na importante nestamatéria.Ao fim de
bem conhecida política de exigir três gerações,a sementelançadapor
obras de reforço por sectoresmais Fer;y Borges tem expressãoa nível
expostos.Na Califórnia começou-se nacional graçasao desenvolvimento
com o "School Act" na décado de cultural e educacional do meio
30, passando-sena década de 80 ao técnico. Infelizmente, não parecem
alguns países onde se realizaram "Hospital Act" em que se dava um ter a mesmapostura os homens e as
obras de reforço em estruturas de prazo para o reforço de Hospitais. instituiçõesque lideram osprocessos
edifíciosimportantes, monumentos, Entre nós poderia começar-se,por de licenciamento,sejamelesligados
escolas,etc., por meio de técnicas exemplo, por exigir o reforço para às câmarasmunicipais, às agências
sofisticadas, como seja por acções sísmicas de estruturas que promotoras de imobiliário e de
introdução de novas estruturas fossem sujeitas a obras de investigação, etc., pela visão
exteriores,e em edifíciosvulgares de manutenção ou reparação. Um redutora que têm destesproblemas,
habitação com a aplicação de outro casoseria aplicar uma política pois deveriam sem medos avançar
estica dores metálicos, como foi de seguros selectiva para os nestas matérias. .
, espírito que presidiu
sobriedade das intervenções da
ao nascimento da associaçãofoi o associaçãono domínio público; um
de juntar num espaço não formal, investimento decidido na
nem representativo do ponto de "regionalização" da associação,que
vista profissional ou ideológico, conta hoje com núcleos sólidos nos
pessoascom gosto pelas questões distritos de Santarém, Setúbal,
da urbanidade e disponíveis para Porto, Braga e Vila Real de Trás-os-
Núcleos Urbanos de Pesquisae Intervenção de tempos a tempos fazerem Montes - estesúltimos dois já com
qualquer coisa que possamelhorar sede; relações institucionais
o Ambiente Urbano nas cidades saudáveis e de colaboraçãocom as
portuguesas. entidades públicas e privadas com
Passadosonze anos,podemos dizer responsabilidades no domínio
que a Urbe é uma história de urbano; um conjunto crescente de
sucessoassociativo em Portugal, a associados institucionais, de que
caminho de um milhar de fazem parte empresas, autarquias
associados,com as suas edições e e institutos públicos, que desse
conferências,a sua sedenacional na modo usufruem do nosso apoio
rua do Conde Redondo, 117, em consultivo e o nosso investimento
Lisboa, onde dezenas de jovens permanente num modelo
pesquisam todas as semanas pela associativo não dependente dos
Internet sites importantes para dinheiros públicos.
quem trabalha em urbanismo e A Urbe é essencialmente, três
ambiente urbano - que podem ser coisas. É uma "rede" de âmbito
consultados no nosso site: nacional (que funciona basicamente
www.urbe-nupi.pt . por Internet) entre profissionais,
A Urbe soube manter ao longo da empresários e investigadores que
década já decorrida desde a sua trabalham ou se interessam
fundação alguns elementos que pessoahnentepor matérias do foro
hoje fazem parte do seu urbano, tão diferentes como a
património: grande investimento sustentabilidade sociale ambiental,
das pessoasque a têm dirigido em o urbanismo, a economia urbana, a
assegurar o rigor, a isenção e a arquitectura ou especificamente a
reabilitação e a requalificação de experiências; obtenção de estágios e aos departamentos da Associação
áreasurbanas. técnicos e profissionais (para os executar as decisõesaí tomadas.
É um espaço de convívio e jovens associados da Urbe); Há dois departamentos
aculturaçãopara jovens estudantes relações internacionais com profissionalizados na Urbe - o
do ensino superior que pretendem instituições interessadas nas Departamento de Edições,
qualificar-se em questões urbanas, mesmasmatérias; contraprojecto - Finanças e Administração, sediado
tendo na Urbe a possibilidade de
aceder ao que se passa de mais
avançado no Mundo nestes
domínios, através de pesquisasque
são efectuadas nos momentos
livres, via Internet, com orientação
qualificada.
E uma instituição referência em
matérias urbanas, donde emanam
novas perspectivas veiculadas
através das nossas edições
especializadas, pareceres
solicitados por entidades públicas,
estudos levados a efeito por
solicitação dos nossos associados
institucionais ou por iniciativa
voluntária de grupos de associados.
Podeassimresumir-se a Urbe como
um espaçoconstituído por pessoas
interessadas em conviver com
outras que têm em comum o áreadestinada a contrapor soluções em Lisboa e o Departamento de
interesse científico, técnico ou urbanas mais adequadas perante Formação, sediado em VIla Real de
meramente cultural pela evolução projectos públicos e privados Trás-os-Montes, ambos com
da Cidade. sujeitos a debate público; relações intervenção de âmbito nacional.
O projecto associativo da Urbe é públicas e marketing. O orgão supremo da Urbe é
contribuir paramelhorara qualidade A estrutura interna da Urbe - única naturalmente a Assembleia Geral.
urbanadascidadesportuguesasepara em Portugal - assegura a integral A Urbe é uma ONG de Ambiente e
o desenvolvimento dos seus autonomia de decisãode cadanúcleo encontra-se como tal registada no
associados,nas vertentes técnica e de projectoe centralizaintegralmente Instituto de Promoção Ambiental.
científica,nos diversos domínios do as matérias financeiras, fiscais, É também uma associaçãonacional
Ambiente Urbano. administrativase de abasteàmentode de juventude, estando como tal
Para esse efeito, tem um projecto materiaisnecessários à prossecução
de registada no registo nacional das
de desenvolvimento estrutural que projectos,pennitindo destemodo que associações de juventude, no
tem vindo a ser levado a efeito à qualquer grupo de pessoas que Instituto Português da Juventude.
queiram ter actividade associativa Convido-o a visitar-nos. Se quiser
em qualquer parte do Paíso possam conhecer-nos melhor, sugiro-lhe
fazer sem se atolarem nas uma consulta ao nossosite e coloco-
burocracias que dificultam entre -me à sua disposição através do
nós a prestação voluntária das e:-mail rogeriog@mail.telepac.pt
pessoasem prol das suas cidades.
A Urbe encontra-seorganizada por
núcleos, que quaisquer associados
são livres de constituir, tendo por
base a vontade de realizar um projecto
concreto ou uma identidade regional.
NúcleosUrbanosde Pesquisae Intervenção Os núcleos da UIbe existentesem cada
momento dirigem efectivamente a
associação,mediante as decisõesque
medida que ascircunstâncias o têm tomam no Colégio lnternúcleos,
permitido, com nove áreas de orgãode naturezacolegialque reúne
projecto: edições; conferências e trimestralmente e onde são * Texto da autoria de
seminários; pesquisa Internet; decididas todas as questõesque se Rogério Gomes
pesquisa e intervenção mediante colocam na vida da Ass<;lciação, Presidente da Urbe
projectos de voluntariado; designadamente as financeiras,
intercâmbio internacional de competindo à Comissão Nacional
- - uma recente viagem a desde logo podemos sublinhar:
Londres, procurando nos alfarrabistas 1. Preservação dos perfis e eixos
bibliografia esgotada, vim a conseguir naturais, bem como das tipologias,
uma obra muito interessante com o resultando na consolidação da
título "Urban development in unidade urbana.
Southern Europe: Spain and 2. Unidade e continuidade de
Portugal", da autoria de E.A. Gutkind, materiais e texturas que
tratando-se do m volume da colecção possuem envelhecimento sem
"lnternational History of City caducidade.
Development, uma edição da Free 3. Ausência das actuais grandes
Pressde N.Y, datando de 1967. pressões especulativas e
Das 534 páginas que compõem a tecnológicas: construção
obra, cerca de 113 são dedicadas inadequada e "experimentall/,
só a Portugal, incluindo fotografias tráfego, publicidade, sinalética,
a preto e branco, vários mapas e antenas,caboselétricos,armaduras
gravuras. Embora já tivesse de iluminação, caixas do ar-
conhecimento do livro por referência -condicionado, etc.
bibliográfica, só nesta ocasião pude Na verdade, folheando as páginas
efectivamente folhear e posteriormente do livro, as imagens, de grande
adquirir a obra. O que me agradou interesse para o restauro urbano,
partia1larmente foram as imagens que conseguemcaracterizarbastantebem o
se reportam a uma unidade urbana e nosso universo edificado. Destacam-se
patrimonial infelizmente perdida. O as superfícies nítidamente caiadas,
estudo aborda o urbanismo sob a contrastadas com as texturas das
perspectiva geográfica, climatérica, calçadas e dos telhados de telha de
demográfica e histórica. Assentando a canudo. A arquitectura revela-se
análise numa continuidade histórica tanto nas suas formas mais eruditas,
de que resultariam as várias como numa grande nobreza da
implantações urbanas e a arquitectura, arquitectura anónima e/ou popular.
deste modo caracterizando o contexto Apercebemos a riqueza dos
peninsular, todavia separando-o com pormenores da arquitectura,
grande evidência. patentes desde os rebocos e suas
As imagens são inconfundíveis, texturas, à caixilharia variada, às
caracterizando bem de per si a ferragens das varandas, às gelosias,
personalidade urbana das vilas e beirados, etc.
cidades representadas. Retirando deste facto o que nele
A razão é bem patente à leitura, e importa de relevante para o nosso
comentário, resulta afinal o enorme infraestruturar e contidamente "reabilitar", aplica-se hoje cada vez
contraste existente entre as reparar, mas readequirir uma unidade mais à recuperação dos grandes
morfologias urbanas aí descritas e a urbana que representa afinal um vazios provocados na malha urbana
realidade dê hoje. Ocorrendo de património e um acto de cultura que por indústrias obsoletas ou
imediato a pergunta: Porque razão caracteriza um povo. Não é o reflexo inadequadas a uma centralidade na
a reabilitação urbana e sobretudo o da globalização na actual vida cidade, terrenos poluídos, etc.
restauro urbano não consegue urbana, que caracteriza melhor uma De um modo geral as intervenções
atingir os padrões desejados e com cultura, à semelhança de um de "reabilitação urbana" a que
os quais nos identificamos? concheiroarqueológico obra reflexo do estamos habituados a testemunhar
A evolução urbanística nos últimos 30 acaso, mas bem mais do que isso repetem cronicamente o seguinte:
anos dispersou as personalidades representa a obra de vontade e de 1. Picagem indiferenciada de
urbanas, unindo-as num aglomerado, intenção. Como tal, a atitude de rebocos existentes,sem raspagem
talvez justificando-se pelas razões prévia, com evidente perda de
funcionais, alheando- se em termos rebocos e informação cromática e
culturais das matrizes históricas e frequentemente de pinturas
tipológicas. As novas intervenções, decorativasquando em interiores;
fizeram da unidade urbana inicial 2. Substituição das coberturas com
tabula rasa e serviram-se da cidade colocação de sistemas de telhas
como laboratório descartável. Em diferentes do tradicional, tanto
resultado destas opções, facilmente na forma como no cromatismo,
manipuláveis pela especulação resultando em perversas
urbana, atingiram-se níveis de alterações das formas de
degradação do espaço urbano com cobertura e beirais;
evidente perda da suas qualidades 3. Substituição indiscriminada da
mais evidentes, tendo como resultado caixilhariaoriginal ou inbudução de
directo a descaracterizaçãoe perda de modelos inadequados;
referencial, de memória urbana. A 4. Má aplicação de madeiras, de
necessidadede preservaçãodo núcleo, medíocre qualidade e sem um
do "centro histórico", surgiu como sério tratamento contra xilófagos
alternativa última na impossibilidade de (não é a simples demão
imposição de uma regra urbana e de a de produto que protege
fazer cumprir. Como se não fosse efectivamente a madeira)
ideal o" centro histórico" poder que denigrem um material
estender-se à matriz mais ampla da excelente;
cidade.No entanto estaindividualização S. As normas de implemen-
surge hoje como uma real proposta de tação das infraestruturas-
trabalho e como tal devemos preservá- electricidade, água, esgotos, gás,
-Ia e ao colher dela melhores AVAC, telecomunicações, etc. -
ensinamentos, fazer deles uso representam habitualmente uma
progressivo para o resto da cidade. violência na arquitectura, pelas
O abandono a que foram chegando destruições que provocam nas
alguns "bairros históricos" das estruturas e nos interiores dos
cidades, onde existe de um modo edifícios de características
geral, deficientes e envelheci das tradicionais;
infraesh"uturas, fracas acessibilidades 6. Aplicaçãomonótona e repetitiva de
ao tráfego de hoje, falta de coresindustriais cujos pigmentos
parqueamento e grande ero- não oferecem suficiente
são humana, em resultado de estabilidade cromática, nem
superpopulação, conduziu a uma apresentam capacidade de
urgente necessidade de intervenção. progressivo envelhecimento sem
Esta pressão releva igualmente da caducidade;
insatisfaçãodaspopulaçõesaí residentes 7. As obras e reparações efectuadas
que, embora cidadãos iguais perante a restaurourbano visa, para além da não têm em conta a arquitectura
lei, muitas vezes não dispõem de reposiçãodas qualidades padrão de e arquitecturas existentes,
elementares níveis de habitabilidade, habitabilidade e de uma recolocação limitando-se a consolidar pré-
considerando os actuais padrões da eficiência dos materiais existências,na grande maioria dos
urbanos. constructivos, assumir como casos,defectíveis introduções que
As intervenções pautam-se de objectivos a reintegração de uma contribuem à dissipação da
um modo geral por motivações personalidade urbana, que resulta imagem urbana e ao surgimento
frequentemente bem distantes do dessafusão entre o mineral e a vida. de uma leitura caótica do
objectivoprincipal, limitando-se a serem Já há muito que chegou o tempo de espaço.
"reabilitações" em lugar de restauras invertermos essa tendência de Nestes sete pecados mortais se vai
urbanos.É que a diferença vale tudo, "reabilitar", substituindo-a pelo consolidando o aforismo de John
pois não se trata tão básicamente restaurourbano.Aliás esta expressão Ruskin: sendo preferível deixar o
original desaparecer numa ruína recuperar. desníveis e zonas baixas.
digna do que ser restaurado. No que respeita às caixilharias e Ao nível do R/C dos edifícios e do
Em Lisboa obtemos um amplo portadas, na maior parte dos casos visível urbano do passante, torna-se
quadro desta situação. Quem do acabamumas no entulho e asoutras relevante devolver tanto quanto
Largo das Portas do Sol se debruçe servindo de "taipal" ou tábua de possível essa unidade urbana
sobre Alfama, verá a profanação de cofragem, exibindo ferragens e procurada em lugar de se contribuir
uma imagem extraordinária, que a madeirasde rara qualidade,tanto no de forma persistente à sua
cidade possuía, dos seus telhados e material como na mão de obra. Do atomização. Cuidar ainda de reduzir
da riqueza de texturas e côres pardas. desenho da caixilharia antiga (tão e integrar o excesso de acessórios e
Recordar-se-á mais certamente do condicionante da arquitectura), sinalética que prejudicam a leitura
comentário de Eça de Queiroz perd~m-se os originais, sendo arquitectónica.
perante a visão de Paris tomada do substituídos por uma nova A intervenção de "reabilitaçãoll que
Sacré-Coeur: ...parece um monte de uniformização, tal como já sucedeu amplamente vamos conhecendo um
entulho!... Com efeito, longe de se pouco por todo o país, salvo casos
conseguir unidade e riqueza de extraordinários como o centro
textura, por deficiente aplicação e histórico de Guimarães, de Évora, de
dispersão de materiais, mais nos Miranda do Douro, e poucos mais,
lembra efectivamente da mancha vai-nos demonstrando quanto
cromática dos restos sobrantes das importa passar de uma IIfase
construções. Mas não é só daquele burocrática da reabilitaçãoll para uma
ponto alto, outros locais nos dão a verdadeira atitude de restauro
mesma impressão como o miradouro urbano, versão mais sensível e
de S.Pedro de Alcântara, da Graça, da integrada. Porque para além de
Senhora do Monte, etc. favorecer de modo evidente uma
Mas outro aspecto se revela já com solução frutuosa para o reencontro
bastante evidência, são as zonas de dessa unidade patrimonial urbana
bairros "ocre-amarelo" (que não é perdida, reforçaria o mercado tanto
ocre, sendo mais um opaco amarelo!) pelo lado pedagógico da intervenção,
e o "rosa-antigo" (que não é rosa e como ainda, o que não é menos,
muito menos antigo!). O defeito na favoreceria a recuperação de
mancha e na luz da cidade, tecnologias tradicionais da
provocado por tintas que são construção, excluídas pela intromissão
estranhas à actividade que se inadequada da produção industrial.
pretende implementar, ainda mais Na verdade, se quisermos ver na
afasta a unidade urbana que se recuperação urbana, ou melhor, no
procurava encontrar. restauro urbano, um vector
Se pretendermos olhar agora à verdadeiramente social, este estará
escala do edifício, resulta evidente o presente tanto na dignidade
deficiente conhecimento das técnicas reencontrada na qualidade do
de representação arquitectónica do habitar, mas também nas economias
passado e em particular o cabal de escala que daí resultam em
desconhecimento na aplicação técnicas tradicionais de intervenção.
evidente ou subentendida das Poderemos assim, indo por esta via,
ordens clássicase ainda da cultura do vislumbrar uma viabilidade
edificar tradicional. Com frequência económica na recuperação de
as picagens de reboco são há cercade 100anosatrásquando se mesteres e produções artesanais
indiferentes às marcações e substituiram muitas das janelas de complementares à indústria da
pormenores arquitectónicos que vidros de menor dimensãodo século construção, que são efectivamente
posteriormente, quando se XVIII pelasgrandesvidraças.Hoje os fundamentais para a conservaçãoe o
reconstruem, se fazem com erros tão caixilhos industriais ou titubeantes restauro.É absurdo quando o restauro
evidentes que chegam à inversão dos idealizações,vão terminando aquilo de uma zona urbana histórica vira as
elementos. As composições das que a clemência do tempo tinha costas para os mesteres tradicionais
fachadas explícitas nas cimalhas, preservadoe permitia reconstruir. que na maior parte das vezes foram
pilastras, cornijas, coroamentos, Ficamos pois surpreendidos com o os verdadeiros conservadores dessa
embasamentos, demarcações de malogrado resultado: insuficiente! autenticidade.
pisos e texturas, etc. resultam em Acrescea total indiferença ao espaço Por isto mesmo me deu grande
estranhas descontinuidades que, urbano interstidal, às suastexturas, satisfação reencontrar as imagens
depois, a indiscriminada pintura planos e revestimentos de aspectos urbanas perdidas, que reflectem afinal
ainda mais acentua. É de facto muito morfológicos muito alterados.Até a uma unidade urbana entre o mineral
frequente a inversão das côres na velha calçada deixou de ser e a vida, enquanto personalidades
marcação dos atributos, até à execução permeável, ensopando os pés dos urbanas, nesse livro de Gutkind, sob
de delgadíssimas "pilastras" nos transeuntes,quando a suafunção era um céu plúmbeo e chuvoso
cunhais, erros que clamam falsidades de permitir a progressivainfiltração londrino... apesar das fotografias
e perdas do original, que importa num espaço urbano cheio de serem a preto e branco... .
--J iAbreu,ementrevistaà Pedra& Cal,
define a reabilitaçãourbana como uma corrida de Ii

fundo". Entre outras interessantesrevelaçõese


afirmações,o vereadorda CâmaraMunicipal de
Lisboa diz que a sua cidade constitui hoje um
laboratório importante de experiências práticas, que
sustentaminovaçõeslegislativas,apesarda falta
de meioshumanos.
Pedra & Cal - Que balanço faz da velocidade de reabilitação para
reabilitação urbana em Lisboa? 1200fogos por ano. Eu penso que
António Abreu - Se estivéssemosa é uma tarefa muito difícil,
falar em linguagem desportiva, porque continuamos carentes, de
diria que é uma corrida de fundo e recursos humanos. De qualquer
não uma corrida de velocidade. forma, o programa que temos
Mas é uma corrida na qual temos apontaparaum período que eu diria
que asseguraruma certavelocidade. de 10 anos para completar este
No conjunto dos bairros a que ciclo de reabilitação.
chamamos bairros históricos de É evidente que quando eu disseque
Lisboa, que estão abrangidos por identificámososfogosou osedifícios
uma legislação especial que que necessitam de reabilitação,
permite ao município ter uma quando chegarmos ao final deste
intervenção particular que não períodode reabilitação,já outrosterão
pode ter noutras circunstâncias, necessidades de intervenção.
existe um número assinalável de O processonão diz respeito apenas
fogos, de edifícios que carecem de à reabilitaçãofísica,de reconstrução
reabilitação. Nós identificámos, há a partir do existente (que é o
cerca de 10 anos, esseconjunto de aspecto certamente mais notório),
edifícios e prevemos que, neste mas tem associadoum processode
período de 10 anos, teremos fixação das populações residentes,
reabilitado cerca de 25% daquilo o que implica também,intervenções
que então identificámos. Estamos na área económica,sociale cultural,
a tentar criar condiçõesde natureza aspectosque não sãoimediatamente
financeira e de reforço dos meios reclamados pelas pessoas porque
técnicos dp Câmara, porque temos naturalmente,estãomaispreocupadas
pouca gente a trabalhar nesta área com as suascondiçõesde habitação.
actualmente, para aumentar esta Implica a reabilitação de alguns
conjuntos notáveis nestesbairros fazemos.
que possampor si funcionar como Urna boa parte deste dinheiro
pólos geradorese animadoresde destina-se à iniciativa própria do
um processode reabilitação. É o município em reabilitar edifícios
casodo Convento das Bemardas, que ou são do próprio munidpio,
que vai começar agora a ser ou de particulares que não tiveram
reabilitado, como foi o caso da condiçõesou não quiseramreabilitar,

"Nósjá começamosa ter


um conjunto de
empresasque actua de
acordo com a
especijicidadedeste

..
sector da reabilitação..."

construção da Casa do Fado, como e a Câmara tem que intervir numa


é o caso de todo o processo de determinada fase do processo,
reabilitação da freguesia do fazendo ela própria as obras. Em
Castelo. Para além de cada edifício teoria, os proprietários deveriam
individualmente, a que temos que reembolsar a Câmara, nesta fase
acorrer dentro de uma lista de posterior, facto que, na prática
prioridades, temos alguns pólos raramente acontece. Há também
bem definidos de conjuntos que são comparticipação nos processos
notáveis, sob vários pontos de vista, "Recriá' e "Reabitá' , em que a Câmara,
e cujo processo de reabilitação pode conjuntamente com o Estado e os
contagiar, junto de particulares, a particulares,juntam o investimento
iniciativa própria para a reabilitação, necessáriopara fazer a obra.
quer aproveitando os diplomas Procuramos, além dos fundos que nos
legislativos que actualmente são próprios, juntar financiamentos
existem, como o RECRIA, mas de programas governamentais e
também podendo utilizar, se a nova programas comunitários que sejam
legislação for aprovada, novos aplicáveis, para viabilizar a
recursos para intervir na reabilitação. reabilitasão de alguns conjuntos.
P&C - Tudo isto, com que orçamento? P&C - E significativo o volume
AA - O nosso orçamento neste financeiro que é pago por
últimos anos tem variado entre 3 e expropriações a proprietários de
6 milhões de contos. Isto implica imóveis?
dinheiro para reconstruir e reabilitar M - No conjunto, adquire um certo
directamente, porque este processo valo!: Nós não estamos interessados
de intervenção no edificado em ser proprietários. Acabamos por ser
caracteriza-se por aproveitar e ter obrigados a issoporque a determina:da
uma intervenção sobre o que já altura é a única forma que nos resta,já
existe, não é deitar abaixo e numa fase ternlinal dos processos de com o valor estabelecido. Chegam-
construir de novo. Este processo de degradação dos edifícios, em que -nos, por ano, mais ou menos 400
reabilitação respeita as chamadas temos que intervir. Isto significa, direitos de preferência mas nós
pré-existências, que utiliza materiais desse orçamento, talvez uns 10% do exercemosapenas 10%.
preferencialmente que foram conjunto da despesa. Expropriações, Eu preferia que a Câmara não
utilizados no passado na construção aquisições feitas negociadamente tivesseque adquirir, porque depois
destes edifícios, que respeita a traça com os proprietários, ou então é o fica proprietário de edifícios e de
e outros aspectos arquitectónicos puro e simples exerácio do direito de fogos individuais, por vezesaté em
dos edifícios que existem. Evitamos preferência, que é uma prerrogativa situações de condomínio, o que é
ao máximo deitar abaixo, embora em que a Câmara tem nestes bairros extremamente complexo. Mas
casos últimos de degradação históricos, quando um particular reconheço que há situações onde,
tenhamos, por razões de segurança, decide pôr à venda um fogo ou um se nós não intervirmos, o que se
que destruir um ou outro edifício edifício, em que tem o direito a ser prevê é a derrocada do edifício e a
mas, regra geral, não é isso que o comprador, se estiver de acordo pura e simples perda do direito da
administrativo. Hoje, o nosso tempo que o peso relativo da
quadro de pessoalnão responde às reabilitaçãoface à construçãode
necessidades que temos. Não só habitaçãoé superiorao nosso.
por insuficiência financeira, mas P&C - Consideraque o panorama
também por uma questãode gestão actualdasempresasé satisfatório?
de pessoal,que temos que resolver M - Nós já começamosa ter um
de uma forma mais satisfatória. conjuntode empresasqueactuade
Nós às vezes até temos dinheiro, acordocoma especificidadedeste
simplesmente os processos de sectorda reabilitação.Jáexisteum
empreitadas de construção civil ..
na administração pública são
extremamente complexos, longos, '~Hoje o nossoquadro de
burocráticos, pesados. Paravencermos pessoal não responde às
este caminho, esta cruz que é fazer necessidadesque temos. /I
medições, elaborar um caderno de
encargos, fazer os concursos,
seleccionar os concorrentes,
adjudicar, fazer a escritura, iniciar conjunto de empresas que são
a obra... é um processo que às vezes capazes de encarar este processo
leva dois anos. Se nós não temos os que tem estas especificidades dos
técnicos necessários para instruir materiais, da relação entre o que se
todos estes processos e para vai encontrar no início da obra e
fiscalizar as obras que as empresas aquilo que inicialmente se tinha
iniciam, não podemos avançar com concebido, que tem a ver até com o
a velocidade que desejamos. processode contratação de pessoal
Penso que este processo de a nível local como forma de
reabilitação urbana com o objectivo reabilitação económica e social dos
de manter o edificado, as suas bairros, o recuperar de certas
características essenciais e as profissões antigas... Há de facto já
populações, renovando a identidade um conjunto de empresas, mas
cultural destes bairros, é um processo temos que investir mais. O peso
que hoje tem um acolliimento geral na que a reabilitação urbana tem hoje
sociedade. Não só foi um processo no conjunto da actividade da
avançado pelas populações no final da
década de 80, mas também hoje é
um estilo de intervenção que
ganhou aprovação de muita gente
da nossa cidade.
Antes, deitar abaixo o Bairro de
Alfama para construir edifícios
novos era aceitável para algumas
cabeças, porque é moderno, porque
a vida passa e os edifícios também
morrem como as pessoas. Hoje toda
a gente sabe, ou pode saber, que a
manutenção da identidade cultural
e humana de determinados bairros
habitação por pessoasque lá estão, da cidade de Lisboa é fundamental,
e que nalguns casoslá permanecem sob vários pontos de vista. habitação não é correspondente às
com os proprietários a permitirem, A outra necessidade que eu vejo é que nossasnecessidades.
propositadamente, a degradação todo este processo de reabilitação P&C - Reabilitar é importante, mas
do edifício. mbana sejaencarado à escalanacional, depois há que garantir a
P&C - No âmbito geral da actividade mesmo em termos de aplicação de manutenção. Como é que estamos
de reabilitação,o que é que achaque fundos comunitários, com um valor em Lisboa a essenível?
deveria mudar para haver mais próprio, à parte, e que sejam mais AA - O nível da manutenção
eficiência e para que se consigam apoiados no seu conjunto. Isto tem continua a ser insatisfatório. Em
atingir melhor os objectivos? implicações financeiras, de pessoal geral, há certas regras básicas na
M - Em termos do município, uma e outras. Em Portugal ainda manutenção dos edifícios que têm
primeira, era que houvesse muito continuamos a dar prioridade ao que ser salvaguardadas, e que são
mais técnicos, engenhe.iros, deitar abaixo para construir de frequentemente ignoradas, como é
arquitectos, fiscais! até pessoal novo, noutros países há muito o caso,. por exemplo, do bom
necessidades de trabalho.
É evidente que quando há situações
onde há intervenção de outros
parceiros que não a administração
"Em teoria, os local, porque há outros que têm
capacidade de intervir, é óptimo.
proprietários deveriam Mas infelizmente, na cidade de
reembolsar a câmara... 11
Lisboa, isso não acontece. Temos
muito poucos meios para além dos
meios do Estado, neste caso da
administração local, a intervir. Temos
proprietários descapitalizados ou
com uma atitude meramente
especulativa, com fraca iniciativa no
processo de reabilitação e isto exige
tratamento regular das coberturas. à habitação e as condições de vida intervenções superiores de estímulo
As patologias ou o estado de das pessoas. aos próprios para que intervenham.
degradação dos edifícios em geral, P&C - Quer no aspecto financeiro, Mas quando esse estímulo não
que depois se traduzem em quer no aspecto prático, como é a resulta, o município tem que criar as
infiltrações de maior ou menor relação da autarquia com o poder condições para intervir, mesmo nos
gravidade nos sucessivosandares central? processos que são conduzidos pelos
do edifício, têm a sua origem M - A relação é satisfatória. A particulares, para que ninguém
principal na água a partir da cidade de Lisboa é um laboratório desapareça do circuito quando, por
cobertura. importante de experiências práticas exemplo, num processoRecria,em que
Existe outro tipo de razões mas se, que sustentam inovações legislativas, a Câmara intervém financeiramente e
por exemplo, uma vigilância e temos procurado influenciar as o Estado intervém também, que a obra
regular das coberturas por parte decisões da administração central no seja exclusivamente conduzida pelo
dos proprietários como apoio da que respeita a estes processos de proprietário até ao final. Os inquilinos,
Câmara, ou com o conjunto dos reabilitação urbana. Efectivamente, a naturalmente, solicitam a intervenção
inquilinos em articulação com a maior parte dos Recrias é feita na do município para verificar se as obras
autarquia e, eventualmente, as cidade de Lisboa, e dentro da cidade foram feitas, e isto significa trabalho de
juntas de freguesia, pudesse ser de Lisboa uma grande percentagem
feita, não teríamos o estado de deles são feitos nestes bairros
degradaçãodos edifícios que temos. históricos. O pacote legislativo, por
Ainda em termos de conservação, exemplo, que tem estado em debate
estamos aquém do ideal. Eu estou público nos últimos meses, exige
convencido que à medida que a uma consulta muito estreita à
reabilitação urbana adquira outra experiência da Câmara de Lisboa,
força na consciência das pessoas, não por entendermos que temos
esta preocupação com a especiais direitos em relação a outras
conservaçãoserá mais frequente. câmaras, mas porque efectivamente
P&C - Qual o montante financeiro é aqui que os processosde reabilitação
que a autarquia movimenta, sópara urbana se têm desenvolvido.
a reabilitação urbana? A relação com a administração
AA - Nestes bairros, no ano central tem sido satisfatória, por
passado, terá sido da ordem dos 4 vezes com momentos de intervenção
milhões de contos. Mas há também mais crítica. Temos procurado no
reabilitaçãourbananoutrosbairrosda entanto que a crítica seja sempre
cidade, onde a Câmara tem outras acompanhada de medidas práticas.
possibilidadesde intervenção,masno Por exemplo, foi assim que surgiu o
conjunto da cidade a Câmara é processo Reabita, que traz ao gente. Não é sópegarno dinheiro do
chamadaa intervir quer em apoio de município novos estímulos à Estado e passá-Io para a mão do
processos Recria,em queo proprietário intervenção nestes bairros históricos, proprietário.Há um processomuito
entra com uma parte, o Estadoentra que foi desenvolvido através de uma mais compl~xo de intervenção pelo
com outra e a Câmaracom outra. Ou proposta nossa, que depois foi meio. E ainda bem que há, porque
então é chamado, tal como nestes adoptada pelo governo, e que depois esta relação com as pessoas é
bairros, a fazer as chamadas nós não aplicámos suficientemente, fundamental para o processo de
intervenções coercivas- como mais porque há a tal questão que coloquei reabilitação urbana. Ou as pessoas
ninguém avança,a Câmaratem que no início, da necessidade de participam no processo,ou então o
intervir, para salvaguardar o direito adaptarmos a nossa estrutura às processo está sempre coxo. .
Divisão de A}2oio Técnico da C.M.L.

o s prinápios
sustentam abásicos
génese que
da intervenção se estendem por nove
núcleos históricos: Alfama/Colina do
Reabilitação Urbana na Castelo, Mouraria, Bairro Alto/Bica,
cidaQe de Lisboa, de Madragoa, Carnide, Paço do Lumiar,
acordo com Mendonça Rua do Lumiar, Ameixoeira e Olivais-
Dias, chefe da Divisão Velho e, dispersos por estas áreas,
de Apoio Técnico, cerca de cem Pátios e VIlas. Uma das
prendem-se com o indissodável fador suas funções é envolver a população
humano. Os edifícios dos bairros para que, em conjunto, sejam
históricos são maioritariamente encontradas alternativas, sendo os
ocupados por pessoas idosas, próprios residentes a indagar
grande parte delas desfavorecidas soluções de alojamento alternativo
economicamente. Uma realidade junto de familiares. Casos há em que
com que os serviços camarários são concedidos apoios às familias
contactam mais de perto, no caso de para encontrarem um alojamento
se tratar de um edifício municipal. durante o período da intervenção
Todavia, as intervenções também são física. No caso de pessoas idosas,
realizadas sobre propriedade extractos populacionais que requerem
privada, quando as intimações aos cuidados vários, podem ser
proprietários não surtem efeito. provisoriamente orientadas para um
Neste caso, de intervenção coerciva, lar, ou assegurados os seus laços com bairro onde as precárias condições de
caberá ao Gabinete Técnico Local, da os centros de dia, não se diluindo o habitabilidade estão ultrapassadas, é
zona onde o edifício está localizado, contacto social com os vizinhos. São facto r de motivação para que a
proceder ao levantamento exaustivo ainda acauteladas situações, dinâmica dessa comunidade ganhe
da população, quer residente, quer nomeadamente em relação às um novo fôlego. Os equipamentos
com actividades comerciais, e crianças, garantindo a sua continuação e as infraestruturas sociais de apoio
promover a discussão, no sentido de na escolado bairro. são fundamentais, valendo o esforço
encontrar soluções de realojamento Todoestetraballio de acompanhamento concertado com outros parceiros
temporário. Existe, de facto, um implica, também, proporcionar às institucionais, nomeadamente, o
centro de realojamento provisório, pessoas desloca das do bairro de Departamento de Acção Social da
situado na Quinta do Ourives, mas origem o conhecimento da evolução Câmara Municipal de Lisboa, a Santa
cuja bolsa de realojamento é limitada de toda a intervenção. De um modo Casa da Misericórdia, em articulação
face às reais necessidades. São geral, afirma Mendonça Dias "todo o com programas como o Rendimento
apenas setenta e sete fogos(22 períododeexpectativaqueas pessoastêm Mínimo Garantido.
monoblocos pré-fabricados e 55 em relaçãoaofogo de chegada,passapor Em dez anos de trabalho na
apartamentos em três lotes em um processode maturação,culminando Reabilitação Urbana, foi desenvolvido
banda), quando a velocidade de num momentode satisfaçãoaquandoda um conhecimento intrínseco de toda
reabilitação física implica intervir em entrega da chave da residência, a área de intervenção e a experiência
cerca de mil e duzentos, por ano. constatando-se, simultaneamente, a desenvolvida em campo de trabalho
Actualmente, 50% das pessoas que disponibilidade expontâneade encarar a permitiu redimensionar métodos de
ocupam a Quinta do Ourives, já aí apropriação e utilização do espaçocom actuação pelo que, neste momento,
se encontram há mais de quatro alguma atenção, o que muitas vezes, na opinião de Mendonça Dias, não há
anos, quando o período óptimo de compreende-se, não era levadoem conta, grandes resistências ao processo, até
ocupação seria de dois a três anos. face à própria ambiência do estado de pelo contrário, diz," hásaltosemtermos
Na Quinta do Ourives estão degradação em que se enamtrarnm a residir". de formação de mentalidade e neste
realojados agregados familiares É por isso tarefa importante incutir a momento já todos sabemo quão importante
oriundos, essencialmente, dos ideia de que não é só do serviço público é a preservação do património e sua
bairros de Alfama e Mouraria, a responsabilidade da preservação participação".ParaMendonça Dias esta
porque foram estes os primeiros a destes espaços. E, de acordo com é uma tarefa gratificante em termos
serem observados pelos Gabinetes Mendonça Dias, é junto dos extractos de desafio mas que requer muita
Técnicos Locais para efeitos de mais jovens que esta mensagem é dedicação, já que "o processo de
reabilitação. Ao todo, são cinco os melhor interiorizada, induzindo a reabilitação é feito por pessoas, para
Gabinetes Locais, cujas áreas de -
uma nova postura retornar a um pessoas".
.
5. Materiais

o uso dos ligantes hidráulicos foi aparecenos escritossobre conshuções.


iniciado pelos romanos no século -li Mathias da Silvad'Eça, por exemplo,
com a descoberta das propriedades de dá grande relevo à cal feita com o
certosmateriais naturais como o pulvis compacto liós, a melhor que se
puteolanus, dos estratos vulcânicos podia obter [Eça, 1770].
da região de Puteoli, em Itália, [De Por alturas do terramoto, o inglês
Camp, 1993] ou artificais, como o John Smeaton [Watson, 1989],
pó de tijolo. O uso desses materiais, redescobre um ligante capaz de
hoje designados por pozolanas, fazer presa debaixo de água,
perdeu-se na idade média, e os experimentando misturas de cal
portugueses desses tempos, apesar com uma pozolana, o "trass"
de deixarem obra durável em todas as importado da Holanda, que emprega,
partidas do mundo, não os utilizavam com sucesso,na conshução do farol de
correntemente2 . Eddystone. A patente do equivalente
Francisco e Diogo de Arruda, por ao actual cimento Portland só vem a
exemplo, em carta de Mazagão, ser registada em 1824, por outro
data de de 31 de Maço de 1514, inglês. Em Portugal, só em 1866 é
pediam ao rei D. Manuel que lhes instalada, no vale de Alcântara, a
fizesse chegar cal de qualidade: primeira fábrica de cimento.
[Viterbo,1902]: A propósito de materiais, vale a
".. .Asy,senho~ que para vosa alteza pena consultar o tratado prático de
fazer obra durauell convem que seja ao Valério Martins de Oliveira:
menososalicerces
decalldePurtugall 'Mverência aos modemos" [Oliveira,
e pera ser acabada na forma que vosa V.M.,1748].
alteza ordenou mandenos dous mill Este autor cita os principais materiais
moyos de call e faremos obra como utilizados em meados do século XVIII
compreaoseruiçodevosaalteza..." nos diferentes elementos conshutivos.
A cal foi o grande ligante dos Apresenta-se,no Quadro 11,um
portugueses e é ela, sobretudo, que resumodessasdescrições.

* Segunda e última parte do texto iniciado no nQ 1. Pontos anteriores: l-Introdução,


2-Regu1amentação, 3-0 acto de construir e os seus agentes, 4-Formação.
2 A análise petrográfica feita sobre amostras de argamassado forte português do Bahrain,
revelou, no entanto, a existência na composição de cinzas vulcânicas, que poderiam ter a
função de lhe conferir hidraulicidade [Silva, 1990].
ADVERTENCIAS
~os
MODERNOS,
Que aprendem0$ Officios
OB
PEDREIRO
E
C.l.~RPINTEIRO,
OfJ~tc,Ja'
AOSENHOP..
S. JOSEPH,
PATRONODO MK.~MOOfFICI().
".'-.,., .~
1i J. L..sM4.
POR
V _~LBR.
Os contratos das casasda Fábricada Sedacontêm, elespróprios, indicações
.Na Offic.de
LISBOA,-~
AN'fO~IO
quanto aos materiais prescritos, que se apresentam no Quadro m.
~ --- DA SVr...VA.

Anno 17'f1.
fim :,t4s iS lI'&:l1:f.s !I,ç~J_ri"t.

o já mencionado vale de Alcântara,


também referido neste quadro,
agrupa, na altura do terramoto, um
importante conjunto de indústrias,
incluindo um grande número de
fornos de cal. Estaactividade cresce
ainda mais apóso sismo,estimulada
pelas exigênciasda reconstruçãoda
cidade. Guilherme Stephens, por
exemplo, requere, em 1756,licença
para construir uma nova fábrica de
cal, com dezasseisfornos [Oliveira, Pombaliná'),asprimeirasintervenções o contratodasobrasa realizarno
G.B., 1995].Os fomos existentesno foram no sentidode~tazr (escorar), Mosteirode CheIas,celebradoem
vale eram alimentados de bom liós as construções enfraquecidas pelo 21 de Agostode 1756(ver Quadro
das pedreiras existentes nas sismopara permitir a circulaçãoe os I), é elucidativo das técnicas de
cercanias e recebiam, por via trabalhos com um mínimo de reabiltação estrutural postas em
fluvial, os tojos e as lenhas segurança. prática no pós-terramoto: são
procedentes do Ribatejo. Também referidasactividadescomo:
na zona de Oeiras e Paço de Arcos ... fazer uma parede q. se acha
se explorava, no pós-terramoto, o arruinada do ponto dos arcos para
liós para a construção e para o cIma...
fabrico de cal, materiais que eram ... consertar alguns pedassos de
transportados para Lisboa por paredese algumas janelas de pedraria
barco. q. se achãoarruinadas...
. .. meter umas linhas de ferro nos
topos do dito Coro...
6. Tecnologiaconstrutiva ... os madeiramentosfeitos de novo...
... fazer hum campanario de madeira..
por estar o outro arruinado...
6.1 Recuperaçãode construções
... reparar o Noviciado abaichando
existentes
mais as paredes das q. se achão
Paraalém dasgrandesdemolições A Fig. 7 mostra o que restou da Casa arruinadas.. .
feitas sobretudo na zona de da Opera, a seguir ao sismo de 1755. O contrato de empreitada de uma
intervenção do novo plano de Nota-se que algumas das paredes casa às Olarias, celebrado em 28 do
reconstrução (a actual "Baixa se apresentam escoradas. mesmo mês e ano, cita actividades
como: construções foram demoli-
...telhados todos novos... das, o traçado dos arruamentos
. . .tapar e consertar todas as rachas... redesenhado,e surgiu um edificado
.. .encher e endireitar os frontais... totalmente novo. A descrição dos
.. .desmancharefazer de novo o bocado vários aspectos construtivos e
de parede athe a ultima racha... estruturais dos novos edifícios foi
. . .desmanchara parede athe ao ultimo objecto de outras publicações e de
sobradoda p.e da.rua, endireitandosse um vídeo [Oz, 1995].
vergas,e ombreiras, e grossosda parede Em aditamento ao mencionado no
q. necessarioforem para segurança e Quadro 111,a Fig. 8 mostra os três
firmamento de hum frontal... tipos de frontal encontrados, e a
...meteras linhas deferroq. o senhorio Fig. 9 a disposição do gateamento
quizer ... das ombreiras e os diversos
"deforma q. tudo por dentro e por fora dispositivos de ligação madeira!
fique muito bemfeito e bem reparado e alvenaria e de confinamento desta
forte, e seguro..." última.
Também, por aqui, se verifica que
a construção era reabilitada
estruturalmente desmanchando
e fazendo de novo ou construindo
elementos adicionais de material
idêntico ao original, usando,
possivelmente, uma técnica que os
italianos designam por "scuci-cuci"
(descose e cose). Apenas surgem,
como elementos diversos dos
materiais tradicionais, as linhas de
ferro, ou tirantes.
A madeira é, nas construções
antigas portuguesas, o segundo
L
material estrutural. Até à
vulgarização do betão armado, os
pisos e as coberturas eram, nos
edifícios correntes, construídos
neste material.
As intervenções de reabilitação
eram feitas por substituição das
peças deterioradas, recorrendo, por
vezes a elementos de ferro. Uma
estrutura bem concebida deveria
possuir uniões que permitissem a
substituição parcial, sem
necessidade de desmontar toda a
estrutura para eJimjnar os elementos
deteriorados. Note-se, no entanto, que as casas
Alvernaria e carpintaria eram, assim,. da Fábrica da Sedasãoconstruções
asartes fundamentais daesh"uturadas pouco importantes, logo, as
disposições construtivas " anti-
construções portuguesas antigas,
desde o século XVI até à vulgarização sísmicas" não teriam a mesma
do betão armado. expressão que nos edifícios, de
Os contratos de construções novas e maior porte, da Baixa Pombalina.
de reabilitação de construções
danificadas pelo terramoto de 1755
atestan}-no com clareza, como 7. Equipamentos
mostram os exemplos resumidos Os equipamentos utilizados na
no Quadro 11e no Quadro III. construção não variaram muito ao
longo dos séculosque precederam
6.1.1 Construção nova "anti- a época em estudo.
sísmica" Tratava-se,sobretudo, de engenhos
Na zona que hoje se designapór construídos por carpinteiros,
"Baixa Pombalina" as antigas alguns dos quais chegaram quase

~
até aos nossos dias. A Fig. 10,
reproduzida do livro do tenente
Luiz Augusto Leitão, [Leitão,1896],
mostra alguns equipamentos ainda
utilizados nessa altura (a par de
outros de construçãometálica,mais
recentes),em obras de vulto.
A maior parte destes engenhos
são em tudo idênticos aos
minuciosamente desenhados no
livro degravurasdeJ.R. Perronet, B
cerca de um século antes, ou aos
das gravuras da versão de Vitrúvio
por Perrault, recuando mais um
século [PressesPonts et Chaussées,
1987]. b) Cademais
Em iluminuras dos primeiros
séculosdo milénio (ver Fig. 10),ou,
mesmo, em baixo-relevosromanos
[De Camp, 1993],surgem figurações
de alguns equipamentos que deles f) Cábrea
não diferem muito.

g) Bate-estacas de tiradores

c) Estralheiras: o esforço é dividido Fig. 11 - Diversos equipamen-


pelo número de cordões (6, na
tos utilizados na construção,
figura) reproduzidos do livro do tenente
Luiz Augusto Leitão, [Leitão,1896].

8. Conclusão
Os dez contratos de empreitada,
trazidos a público apósmais de dois
séculos, foram pretexto para uma
~ breve excursão no tempo, numa
tentativa de ajudar a compreender
d) Sarilho
como é que seconstruía de novo ou
se recuperavam as construções em
Lisboa, na esteira do grande sismo
de 1755.
Os limitados meios tecnológicos
então disponíveis levavam a que as
a) Roda (de cavilhas): o diâmetro intervenções em construções
ia até 6m, o que permitia levantar existentes fossem feitas com
1 000 kg com um só homem e) Cabrestante recurso às mesmas técnicas e
materiais originais. Issopossibilitou
a lenta consolidação do carácter
daquilo que, para as actuais e
futuras gerações, constitui um Referências
precioso património cultural.
Barucci, C., TecnicheCostruttiveAntisismicheNell' Edilizia Storica
O fenómeno "betão armado" della Calabria Meridionale, Roma, ARCO - Manutenzione e
alterou completamente este
cenário,sobretudo a partir dos anos Recupero Nella Città Storica, 1993
30 do século que ora termina. Com Carriere, J.B.B., PanoramadeLisboano ano de 1796,Presidência
ele, as intervenções não só se do Conselho de Ministros, Secretariade Estado da Cultura.
tornaram, muitas vezes, Biblioteca Nacional, Lisboa, 1989
atentatórias da originalidade dos Croci, Giorgio, The collapsesoccurred in lhe basilica of Si.
velhos edifícios e monumentos, Francis of Assisi and in lhe cathedral of Noto, CIMNE,
como assumiram aspectos muito Barcelona, 1998
mais traum'áticos, deixando, De Camp, L.S., The ancient engineers. Barnes & Noble, New
frequentemente, as construções York,1993 .
com um prognóstico reservado face
Eça, Mathias da Silva d', Problemadearchitetura civil, Lisboa,
à possibilidade de ocorrência de
outros abalos sísmicos intensos. 1770
Conhecer as antigas tecnologias e Ferrão, Leonor, A RealObra deNossaSenhoradasNecessidades,
materiais é um primeiro passopara Quelzal Editores, Lisboa, 1994
o respeito e a salvaguarda do França,José-Augusto,LisboaPombalinae o Iluminismo. Lisboa,
património arquitectónicoe viabiliza Bertrand Editora, 1987
uma mudançade atitude que,hoje,se Leitão, Luiz Augusto, CursoElementardeConstruções. Arma de
torna urgente. Engenharia. Lisboa, Imprensa Nacional, 1896
ata-se, para concluir,a declaraçãode Oliveira, Eduardo Freire de Oliveira, Gil Brás de Oliveira,
prinápios do GECoRPA- Grémio das
Valerio Martins, Elementosparaa história do municípiodeLisboa.
Empresasde Conservaçãoe Restauro
Typographia Universal, Lisboa, 1889
do PatrimónioArquitectónico:
Sendoo~trimónio arquitectóniroobrados
/I A indústria portuguesado cimento.Cimpor,Lisboa, 1995
antigosmestresamstrutores, são os seus Advertência aos modernos, que aprendem os ofícios de Pedreiro e
sucessores, os construtores de hoje, Carpinteiro.Lisboa, 1748
organizados em empresasdevidamente BaixaPombalina- Modelodescritivotridimensionalda estrutura de
estruturadas,quemestámelhor1XJSicionado um quarteirão(video realizado para a Câmara Municipal de
para realiza?;em obra, as intervenções Lisboa) pela Oz Lda.
necessárias para a sua conservação e PressesPonts et Chaussées,ConstruiredesPontsau XVIIIe Siécle
restauro. L'oeuvredeI.R. Perronet(facsimile), PressesPonts et Chaussées,
Estas intervenções não podem, no
Paris, 1987
entanto, ser abordadas pelos métodos
Rossa, Walter, Além da Baixa. Indícios de planeamento urbano na
actualmente vulgarizados da
Construção Civil e Obras Públicas,
Lisboa setecentista.Ministério da Cultura, IPPAR, 1998
antes fazem apelo a um conjunto Silva, v: Cóias, TécnicasAvançadas de Apoio ao Diagnóstico em
específicode disciplinas e a uma postura PatologiaEstrutural-2~s.JornadasPortuguesasde Engenharia
substancialmente diferente,envolvendo de Estruturas,Lisboa,1990
maioramtenção,rigor eres1XJ nsabilidade." Silva,v: Cóiase Soares,Iolanda,Vulnerabilidade
sísmicados
As empresas que, hoje, se dedicam edifícios "Gaioleiros" de Lisboa e medidas possíveis para a reduzir
à conservação e restauro do 3Q.Encontro sobre Sismologia e Engenharia Sísmica.SPES-
património arquitectónico são as SociedadePortuguesa de Engenharia Sísmica.Lisboa,
principais depositárias do saber /I

Dezembro de 1997
fazer" que ainda resta e que
Sumanov, Lazar, Evaluationof seismichazardsrelatedto existing
constitui, ele próprio, património
cultural da sociedade. Justifica-se, buildingsand protectionof cultural heritageand monumentsin
portanto, a valorização do seu seismicpronearfas.SeminárioStap/Ordemdos Engenheiros,
contributo. . 1996
Nota: O livro de Carvalho Negreiros "Re~ento
Viterbo, Sousa,Dicionáriohistóricoe documentaldosarquitectos,
para o Real Corpo de Engenheiros Civis",
publicado em 1797;é dedicaáo ao Rei apesar de,
engenheiros e construtores portugueses. 1902(fac-símile),
nesta data, o Rei ser uma Rainha, D. Maria I. INCM, Lisboa, 1988
Todavia, desde Fevereiro de 1792, a govemação
estava a cargo do príncipe D. João que, sete anos Watson, Garth, TheSmeatonians - Thesocietyof civil engineers.
mais tarde, a 15 de Julho de 1799, assumiu a
regência de direito e até ao final do impedimento Thomas Telford, London1989
de D. Maria I, em 1816.Apenas este facto pode
explicar a dedicatória "anacrónica" do livro de
Carvalho Negreiros...
4. Outros Exemplos
Não procurando ser extensivo, privada, por exemplo, e em pleno
muitos outros exemplos de coração do intensamente edificado
reabilitação e conservação do Silicon Valley, a Sun Microsystems,
património mereceriam ser referidos. está a tentar converter o complexo
Recentemente, um apelo público foi edificado de um antigo hospital
feito no sentido da angariação de estatal, datado de 1908 e en-
fundos para a preservação do Forte cerrado em 1995, num centro de
Alamo no Texas, símbolo da investigação e desenvolvimento
liberdade no Texas e onde David para 3600 trabalhadores. O
Crockett faleceu na famosa batalha conjunto de 49 edifícios em estilo
de Março de 1836.O Forte, vífuna de missionário e disposto numa malha
décadas de esquecimento, enfrenta urbana tranquila e bordejada de
problemas graves de erosão da pedra palmeiras, espalhada por 85 acres,
calcária, devido a problemas de sofreu danos pesados no sismo de
humidade ascendente. Algumas 1906, tendo então sido restaurado.
medidas para cravar a erosão já foram Do evento sísmico no princípio do
tomadas, nomeadamente a mudança século resultou a morte de 119
radical do coberto vegetal adjacente ao doentes, conduzindo à proibição da
monumento e a sua substituição por consh"uçãode esh"uturasem alvenaria
gravilha e areia, a limpeza da pedra, o não reforçada em edifícios públicos, no
restauro do telhado e a aplicação de Estado da Califórnia. O facto da Sun
um revestimento metálico às pretender a preservação de apenas
fundações. A vida útil do monumento quatro dos edifícios mais significativos,
é hoje esfunada em mais de 200 anos, alegando a incompatibilidade das
podendo ser alargada a 1000 anos, restantes esh"uturascom as exigências
através da execução dum extenso funcionais actuais para edifícios que
programa de restauro em fase de alberguem centros de investigação é,
concepção, compreendendo, entre no entanto, visto como um grande
outras medidas, operações de entrave à execução do projecto. Os
consolidação da pedra calcária. responsáveis do Município de Santa
Igualmente, o Forte Apache, no Clara defendem, pelo menos, a
Arizona, encontra-se na lista de preservação de 16 edifícios (Hoover,
património mundial em risco, 1997).
do World Monuments Fund Recentemente, o Município de Los
(Verhovek, 1997). Angeles aprovou uma directiva
Do ponto de vista da iniciativa voluntária, aconselhando ao reforço

1 Nuno Gil encontra-sepresentementea frequentar o programade doutoramentoem


Engenharia da Construção e Gestão, na Universidade de Berkeley, Califórnia. É mestreem
conservaçãodo património edificado,pelaUniversidadedeLeuven,Bélgica.Os seusinteressesde
investigação incidem sobre a temática da reabilitação e gestãodo património edificado e pela
coordenaçãodeparceirosintervenientesno processodeconcepçãoe execuçãode empreendimentos,
com especialdestaquepara o uso de novas tecnologiasde informação e motores de simulação.
Temvárias publicaçõese experiênciaprofissionalnas áreasreferidascomo consultor.
N gil@uclink4.berkeley.edu
h ttp://www.berkeley.ce.edu/-nunogil
. Segunda e última parte do texto iniciado no nQ 1. Pontos anteriores: Introdução, 1-0
Programa de Reabilitação da Rua 42, em Manhattan, Nova Iorque, 2-A Reabilitação do
Centro Cívico de S. Francisco, Califórnia, 3-0 programa de Reforço Sísmico do Campus
Escolar de Berkeley, Califórnia.
de qualidade e segurança estrutural
de sempre.
A evolução tecnológica no campo do
conhecimento do comportamento
estrutural dos edifícios oferece-nos
presentemente várias soluções de
reforço reversíveis, as quais não
violam a autenticidade física,
histórica e arquitectural das
estruturas a reforçar. No entanto, a
extensão do nosso património
edificado apela a um investimento
financeiro incomportável para o
Estado, seja a médio ou longo
prazo. Assim, a solução passa
obrigatoriamente pela exploração do
potencial de novas fórmulas de
engenharia financeira e intensificação
dos incentivos financeiros e fiscais, do
mecenato cultural e da criatividade
humana na descoberta de novos usos
para esse património.
A conservação do património está
sísmico de mais de 20 mil edifícios reflexão mais profunda sobre os provada que pode ser um motor da
de habitação, com estrutura de mecanismos eficazesde a empreendeJ: economia de um país, um forte
madeira, e consideradosvuJneráveisdo Portugal, país com um extenso veículo canalizador do investimento
ponto de vista sísmico, dentro do património edificado mas de limitados privado, e da melhoria da qualidade
conjunto de 47 mil edifícios, com recursos financeiros, precisa de de vida. O legado patrimonial nas
estrutura de madeira, na cidade. O explorar cada vez mais as nossas mãos, e ruja transmissão nos
custo estimado do reforço, por edifício, possibilidades abertas de formas compete às gerações vindouras, é
é superior a 40 mil contos. Um criativas de engenharia financeira, demasiado valioso para o deixar
programa de incentivos fiscaise baixas conquistando desta forma o interesse degradar-se à mercê das forças
taxas de juro para empréstimos dos capitais privados. A reabilitação impiedosas da natureza e da
bancários com o fim da reabilitação foi integrada por áreas, agrupando e imparávelmarchado tempo..
posto em marcha. As linhas gerais de coordenando grupos de interesse
reforço apontam no sentido da diversificados e captando capitais
construção de uma estrutura resistente públicos e privados, em alternativa a
metálica ao nível dos pisos enterrados, esforços isolados de conservação de
com continuidade vertical nos outros edifícios monumentais como tem sido
pisos, através da rigidificação, por a prática mais corrente em Portugal,
contraventamento de alguns vãos da deverá ser o caminho a seguir. A
estrutura de madeira, com paneis decadente Baixa Lisboeta constitui
resistentes. deste ponto de vista, uma zona
histórica potencial para a execução
Considerações finais de um vasto plano piloto de
O pesoda componenteeconómica reabilitação e conservação urbana.
e financeira nos projectos de Por outro lado, muito trabalho há
reabilitaçãonos EstadosUnidos é ainda a fazer no sentido de
claramente superior àquele nos construir uma forte consciêncià
proj ectos de reabilitação em Portugal. social para a necessidade do reforço
Os Estados Unidos, país com sísmico do património edificado, seja
consideráveisrecursosfinanceiros e ele de natureza monumental ou
um património edificado com habitacional, público ou privado. A
dimensãosignificativamenteinferior natureza da nossa sismicidade
ao Europeu, abraçaram a aposta da continental, intensa mas muito
suaconservação deuma fonnaintensa espaçadano tempo, é a mais traiçoeira
e apaixonada.Paralelamente,em de todas. Os ensinamentos absorvidos
Portugal, se é hoje uma verdade de 1755 depressa esmoreceram no
inquestionável a importância da tempo. E no princípio deste século,
conservaçãodo nossopatrimónio a construção habitacional em
edificado, cabe ainda fazer uma Lisboa atingia os mais fracos níveis
O Gabinéteda Zona Oassificada As quatro palestrasque completaram
de Angra do Heroísmo o programa versaram temas ligados
(GZCAH) e o GECoRPA à problemática da intervenção no
promoveram nos passadosdias 17 património cultural imóvel, aos
e 18 de Abril, no Palácio dos materiais e técnicas e à vivência do
Capitães Generais em Angra do património nas cidadesdo futuro.
Heroísmo, o "Dia Internacional dos Simultaneamente,ocorreram visitas
Monumentos e Sítios-Mostra de a dois locais onde empresas
Técnicase Materiais de Restauro". associadas do GECoRPA desen-
Esta "mostra" foi o primeiro volvem trabalhos de conservação
certame do género a ter lugar nos de monumentos: a Igreja da
Açorese incluiu, a par da exposição, Misericórdia de Angra e asMuralhas
um dia de palestrase visitas a locais e baluartes da fortaleza de S. João
onde actualmente se desenvolvem Baptista voltadas à baía de Angra.
trabalhosde restauro do património A realização deste evento nos
arquitectónico. Açores acaboupor resultar também
A iniciativa, que contou com a numa frutífera divulgação do
presença do Secretário Regional GECoRPA,assim como de algumas
da Educação e Assuntos Sociais, das empresas que o constítuem
Álamo Menezes, pretendeu e permitiu, igualmente, uma
comemorar construtivamente o Dia importante troca de conhecimentos
Internacional dos Monumentos e para a realizaçãode projectosfuturos
Sítios através da divulgação de na áreado PatrimónioArquitectónico
técnicas,materiais e procedimentos e ConstruçõesAntigas.
de intervenção em Património
Arquitectónico e Construções
Antigas.
A importância da modernizaçãoe da
actualizaçãodas intervençõesque se
fazem no património arquitectónico
nos Açores e, em especial, no
conjunto classificado da Zona
Central de Angra do Heroísmo, foi
outro dos aspectos focados, tendo
sido mobilizadas empresas e
população para um debate positivo
conducenteà valorizaçãoda herança
cultural.
Esta iniciativa pretendeu contribuir
igualmente para o desenvolvimento
de parcerias empresariais ou de
outro tipo que tenham como pano
de fundo e base de trabalho o
património cultural edificado,
nomeadamente, o conjunto
classificado de Angra.
E m Junho próximo deverá ficar concluída a obra de conservação e
restauro que a Edicon em consórcio,tem vindo a desenvolver desde
Outubro de 1996no Palácio Nacional de Mafra.
Esta obra, que a empresa da Pontinha (Lisboa) levou a cabo para o
IPPAR-DelegaçãoRegional de Lisboa, foi orçada em um milhão e trinta
mil contos e inclui entre outras, intervenções nas cantarias,
nomeadamente na limpeza com processo tipo" gommage", com
projecção de partículas de silicato d~ ,alumínio, aplicação de fungicida,
execução de juntas entre cantaria, restauro com argamassas e
reposicionamento de pedras, nas alvenarias com picagem de reboco
até ao osso, execução de salpico, emboço e reboco e execução de
barramento com óxido de ferro.
As intervenções passam ainda pela substituição de madeiras ou vãos
degradados, decapagens, pintura a tinta de óleo, reassentamento de
vidros, reparação e fornecimento de ferragens.
Na área da serralharia, procedeu-se ao desmonte de gradeamentos e
guardas, decapagem, metalização, pintura a tinta de óleo, montagem
com apoios encastradosem chumbo e restauro de cantarias.
I Edicom estáa
terminar
I
1
intervenção
no Palácio N aciona!.
de Mafra

E m Fevereiro, o GECoRPA foi recebido pela então Comissão de


Alvarás-Conselho de Mercado de Obras Públicas e Particulares. Na
base desta reunião esteve a necessidade de implementar uma
possível colaboração entre o GECoRPA e a Comissão de Alvarás sobre
assuntos do PA&CA, em particular no que diz respeito à necessidadede
ser criada uma categoria de alvarás especificamente sobre o PA&CA.
O GECoRPA está actualmente a preparar uma proposta concreta sobre
este assunto para apresentar à CAEOPP (Comissão de Alvarás de
Empresas de Obras Públicas e Particulares).
GECORPA reuniu
com CAEOPP

A Fundação Antero de Quental Centro de Estudos Municipais e de


Acção Regional (CEMAR) promove uma acção de formação de
Técnicos Auxiliares em Reabilitação Urbana e Requalificação
Ambiental, com início previsto para o segundo semestrede 1999.
Esta acçãode formação pretende qualificar recursos humanos (nível Ill)
de modo a permitir o enquadramento de jovens na vida activa na
qualidade de técnicos de uma área profissional com elevadas
perspectivas de emprego.
No final do curso, os formandos vão estar aptos a conhecer asprincipais
técnicas, metodologias e práticas, incluindo os mais modernos meios
informáticos, no âmbito da reabilitação urbana e da requalificação
Fundação Antero ambiental vão estar, igualmente, disponíveis para apoiar os técnicos
de Quental superiores que exercem a sua actividade nestas áreas.
promove Acção de
Formação
O GECoRPA realiza no próximo construções existentes envolvam artístico,científico,socialou técnico).
dia 2 de Julho, no Porto, um uma elevada especificidade e uma Dentre as várias profissões
encontro' subordinado à complexidade bastante maior do chamadas a dar um contributo
temática 'kquitectura e Engenharia que a construção corrente, exigindo nestas áreas sobressaem os
avi!: Qualificação para a Reabilitação das empresasque a elassededicam arquitectos e os engenheiros civis,
e a Conservação", que pretende embora a sua formação seja
juntar entidades ligadas à formação direccionada, sobretudo, para a
da -arquitectura e da engenharia e construção nova, não tendo a
respectivos estudantes, associações reabilitação e a conservação,nos
profissionais, técnicos envolvidos respectivos curriculos, peso
nesta área, donos de obra, proporcional àquele que esse
autarquias,projectistas,empreiteiros ! segmento de actividade já hoje
e, de uma forma geral, instituições : tem no conjunto do sector da
ligadas à utilização do pahirnónio. construção civil e obras públicas~
Até ao femo desta edição, estavam Uma realidade que leva as
confirmadas as participações da empresasfiliadasdo GECoRPA, que
Ordem dos Engenheiros, da Ordem se dedicam à área específica da
dos Arquitectos, da Associação reabilitação e conservação, a
Portuguesa de Projectistas e sentirem particularesdificuldades,
Consultores, da Faculdade de em virtude deste desajustamento
Engenharia da Universidade do curricular.
Porto, da Faculdade de Arquitectura No que respeita à conservaçãoe
da Universidade do Porto, da restauro dos monumentos e
Delegação do Porto do IPPAR, da edifícios históricos, não restam
Delegação do Porto da DGEMN e dúvidas quanto à necessidade
do ICOMOS Portugal. Ultima-se, de assegurar uma adequada
presentemente, a participação de qualificação dos técnicos
alguns convidados estrangeiros e envolvidos. Quanto à reabilitação
de outras entidades da área. das construçõesantigas, também
A cidade invicta foi o local já sãohoje patentes,mesmoparao
escolhido para a realização deste grande público, as vantagens das
encontro devido à recente intervençõesem que a estrutura
classificação do seu Centro e os materiais originais dos
Histórico como Património edifícios são respeitados, por
Mundial da UNESCO e dos oposição ao fachadismo com
esforços em curso com vista à sua que se têm embalsamado,
valorização. irremediavelmente, os centros
De entre as muitas razões históricos de algumas cidades
apontadas pelo GECoRPA para a - europeias.
oportunidade deste encontro, Justifica-se, portanto, uma
pode destacar-se a deslocação do maior capacidadetécnica e rigor de reflexão sobre esta matéria,
centro de gravidade do sector da execução. Se a especificidade e a importantenão sóparaasempresase
construção civil e obras públicas, da complexidade são notórias no para aquelas duas classes de
execução de construções novas para domínio da reabilitação de profissionais, mas também para o
os trabalhos de reabilitação das construçõesantigas,multiplicam-se país. O debate que o GECoRPAvai
construções existentes. Fadores de quando estáem causao Património promover torna-se ainda mais
natureza cultural e ambiental Arquitectónico (monumentos, oportuno dadas as recentes
motivam essadeslocação, em\Jora as conjuntos arquitectónicose sítiosde alterações do regime de
intervenções de reabilitação de interesse histórico, arqueológico, empreitadas.
O GECoRPA tomou a iniciativa de promover a criação do Prémio GECoRPA de Conservaçãoe Restauro
do Património Arquitectónico, destinado a galardoar asempresasportuguesas que mais sedistinguiram
anualmente neste domínio. A ideia foi apresentada no passado mês de Novembro e desde então tem
conhecido uma boa evolução. O Júri lnstituicional é composto pela Ordem dos Engenheiros, pela Ordem
dos Arquitectos, pelo ICOMOS/Portugal, por duas individualidades da área do Património Arquitectónico
e Construções Antigas e pelo próprio GECoRPA.
Aguarda-se no entanto, a confirmação das duas individualidades convidadas para pertencerem ao Júri do
Prémio, assim como a redacção do regulamento final com as alteraçõespontuais entretanto surgidas.

O EngQ Francisco Sousa Soares, Bastonário da Ordem dos

Engenheiros, recebeu o GECoRPA no passado mês de Fevereiro,

a fim de definir os moldes de participação da Ordem na instituição


do Prémio Nacional de Conservação e Restauro em Património
Arquitectónico promovido pelo Gecorpa.
Nesta reunião, foi abordada também a possibilidade de firmar um
protocolo de colaboração entre as duas instituições por forma a
promover a qualificação dos engenheiros civis, no que respeita a
intervenções patrimoniais e simultaneamente, organizar e divulgar
iniciativas, publicações e conferências que abordem a questão do
GECoRPA Recebido PA&CA.
pela Ordem dos
Engenheiros

N o passadodia 7 de Abril teve lugar ,em Lisboa, o 52Encontro SPPC,


dedicado ao Templo Romano de Evora.
A organização procurou-se juntar neste Encontro, investigadores
e gestores do património cultural que têm dedicado o seu trabalho a
este monumento romano. Foram abordados temas como a estrutura, o
tipo e a forma do templo, bem como a Évora romana em que seintegrava.
Durante o Encontro foram também referidos os resultados dos mais
recentes trabalhos sobre a morfologia do templo e alguns problemas
da sua conservação tendo em conta que grande parte do referido
monumento está enterrada. Procurou-se, ainda, conhecer a opinião de
técnicos e gestores do município de Évora quanto a propostas de
conservaçãoe valorização futuras.
~
Templo Romano de Das várias palestrasapre~entadasdestaca-sea do Eng2Luís Aires-Barros
Evora em Análise no sobre a problemática das soluçõespara a conservaçãode monumentos
enterrados, referindo-se não somente ao caso de Évora, mas também
5QEncontro SPPC ao de Santa-Clara-a-Velhaem Coimbra.
Por outro lado, o Prof. Pedro Fialho de Sousa apresentou uma
interessante reconstituição virtual do Templo baseada nos resultados
das escavaçõesarqueológicas realizadas. Aliás, a reconstituição virtual
de monumentos foi defendida como uma dasvias para uma conservação
plena dos edifícios, uma vez que permite o conhecimento e o "acesso"
por parte do público ao monumento em si mesmo e, simultaneamente,
abre o caminho aos técnicos para uma solução de preservação apenas
condicionada pelas necessidadesdo edifício em si mesmo.
D esdeMarçodo anocorrentequea Pedramalba estáa intervir numa
obrade conservação e restaurono Conventode Mafra,utilizando
tecnologiaúnicaem Portugal.A intervençãoconsistena remoção
das camadasde alcatrãoque até então cobriamuma dasvarandasdo
Convento.
Um trabalhojá experimentadopor váriasempresasinternacionaisda
área,masque só agora,com a colaboraçãoda empresaportuguesa,foi
conseguidoem pleno. VascoSoares,gerenteda Pedramalba,atribuiu o
sucessoda intervençãoa um produto inovador desenvolvidopor um
laboratório,do qual a empresaé representantee que recebeu,por seu
intermédio, amostrasdo referido alcatrão,assimcomo da pedra- lioz,
que revestea varanda.Com estasamostraso laboratóriodesenvolveu
um produto que permitiu reduzir a espessurado alcatrão.Numa fase
seguinte,a Pedramalbautilizou máquinasde limpezade pedra a baixa
Pedramalba pressãoque permitiu remover o que restavadessamatéria. "Toda a
utiliza tecnologia intervençãofoi realizadasem afectara pedra inicial", asseguraVasco
inovadora no Soares.
Apesar deste tr~balho já estar concretizado,a Pedramalbaainda se
Convento de encontraa intervir no Conventode Mafra.A empresaportuguesaestá
Mafra actualmentea procederà aberturadasjuntas e à remoçãodos diversos
tipos de massasaí colocados.A fase seguintepassarápela colocação
nessasjuntas do mesmotipo de massautilizado em todasas obrasde
restaurono Convento.A intervençãodeveráestarconcluídano final
do mêsde Maio.

O LNEC- Laboratório Nacional de Engenharia Civil, vai realizar para


a Stap um conjunto de ensaios destinados a testar a eficácia de
um sistema inovador de reforço sísmico de paredes de alvenaria
de edifícios antigos.
Trata-seduma tecnologia que tem permitido avanços importantes em
engenharia aeronáutica, permitindo estruturas mais leves e resistentes,
para além de uma maior flexibilidade de formas.
LNEC realiza O facto destes materiais apresentarem resistências da ordem de 5 a 10
.
ensaIOSpara a vezes a do aço e serem 4 vezes mais leves cria, no sector dos edifícios,
um conjunto de possibilidades novas de intervenções de reforço
Stap estrutural" secas",isto é, sem recurso ao cimento portland e ao betão,
pouco invasivas e reversíveis. Prestam-se, por outro lado, a uma
utilização em conjunto com outros tipos de solução,como os dispositivos
de dissipação de energia.
Estassoluçõessãoparticularmente bem-vindas no casode edifícios com
relevância arquitectónica, casoda baixa pombalina, mas sãoigualmente
IÍteis em edifícios correntes dado que reduzem a perturbação e o
lncómodo causadosaos utentes, possibilitando que as intervenções de
reabilitação se façam sem que seja necessáriodesalojá-los.
A Construtora VIla Franca facturou no ano passado um milhão e
trezentos mil contos, um valor que representa um crescimento
superior a 50% em relação a 1997.Para este cresci~ento, muito
terão contribuído os trabalhos de restauro arquitectônico e arquelôgico
para o IPPAR- Instituto Português do Patrimônio Arquitectónico e para
a DGEMN - DirecçãoGeraldos Edifíciose MonumentosNacionais.A
vertente recuperação de património arquitectónico e arqueológico
representou 70% do volume total de facturação.
Embora com constituição legal desde 1937,a empresa foi adquirida há
dez anos pelos actuais sócios que decidiram apostar na vertente de
restauro e recuperação de património arquitectónico;como alternativa
à actividade convencional de construção.
Loja no Parlatório do Mosteiro de
Alcobaça - uma das obras da A uma Clara opção pela especializaçãodos seus quadros técnicos nos
Construtora VIla Franca últimos anos correspondeu um significativo aumento de obras em
imóveis de grande valor histórico e arquitectónico, de que são exemplo
Construtora
- Vila o Mosteiro de Alcobaça,PalácioNacional de Queluz, Castelo de S.Jorge
. tranca e um considerável número de igrejas, onde a empresa tem efectuado
IIcresce" na obras de restauro e conservação das coberturas.
Por outro lado, ta:mb~mno arquipélago dos Açores e em consórcio com
vertente
. " . a Ensul, a Construtora VIla Franca está a levar a cabo um conjunto de
obras de restauro, nomeadamente nas fortalezas de S. João Batista e S.
patnmomo Sebastiãoem Angra do Heroísmo.
Com o objectivo de preparar novas etapas de crescimento, para além
de continuar a investir nos recursos humanos, os dez anos da empresa
vão ser assinalados até ao final deste ano, com a construção de novas
instalações, em Santa Iria da Azoia.

T eve lugar no passadodia 29 de Março o Congresso"Lisboa, Casase


Gente", promovido pela Associação Lisbonense de Proprietários
com o apoib da Câmara Municipal de Lisboa.
Dos oradores presentes, entre os quais se incluem diversos especialistas
estrangeiros, destaca-sea palestra da D~ Sofia Galvão subordinada ao
tema "Balançosde uma política por fazer: a área metropolitana de Lisboa
como paradigma", na qual foi apresentado um interessante conjunto
de números caracterlzadores da actual situação urbanística da Grande
Lisboa.
De realçar, também, a intervenção do Prof. Doutor Mário Patinha Antão:
este reconhecido economista sugeriu uma nova solução tripartida para
o problema do mercado dos direitos de propriedade e que consiste,por
Associação um lado, na construção em altura para a recuperação de edifícios
Lisbonense de degradados, por outro lado, na liberalização dos direitos de opção do
senhorio e do arrendatário e, finalmente, na abertura de concursos
Proprietários públicos para a recuperação de bairros ou conjuntos habitacionais
promove degradados por forma a tornar este tipo de empreitada apelativa para
Congresso "Lisboa, as grandes empresas construtoras. Esta solução passa assim pela
Casase Gente" liberalização do mercado e por uma progressiva autonomia
relativamente ao papel controlador do Estado.
Todavia, alguns dos presentes contestaram a proposta de construção
em altura e a intervenção dos empreiteiros generalistas sem
especializaçãona área do PA&CA, baseando a sua argumentação nos
critérios de conservação e restauro mundialmente reconhecidos.
1- S.'IA.E- Rep.Cans.e Mod. de Estruturas, 11- FN - Frederico NascimentD, Lda. 22 - acre - Soc. de Comércio de Arte e
SA. Principal actividade: Arquitectura. Projectos Restauro, Lda.
Principal actividade: Materiais para Te!. (065) 53 52 92 - Fax (065) 53 52 17 Principal actividade: Conservação e restauro
intervenções de conservação e restauro em de pintura mural e de cavalete, taJhadourada
construções antigas. Consolidação de 12 - Fradical- Fábrica de Transfonnação e escultura policromada. Levantamentos e
fundações. Recuperação e consolidação deCal,Lda. estudos
estrutural Principal actividade: Fabrico e comercialização Te!. (01)88811 00- Fax (01) 8881087

'lei. (01)3116479- Fax (01)3148628 de cal para intervenção em construções antigas


TeI.(01)46) 1980- Fax (01)46) 1980
-
23 Augusto de Oliveira Ferreira & a., Lda.

-
2 OZ - Diag. , Lev e Controlo de Est. e Principal actividade: Conservação e restauro
Fundações, l.da. 13 - Mural da História - Restauro de Pintura de construções antigas. Cantarias e alvenarias.
Pinturas. Carpintarias
Principal actividade: Levantamentos. Mural, Lda.
Tel (O53)253614-Fax(O53)618616
Fotogrametria. Ensaios não destrutivos. Estudo Principal actividade: Conservação e restauro de
e diagnóstico pintura muraL rebocos, estuques e marmoreados -
24 Bleu Une - Conservação e Restauro
Tel.(Ol)3563317 -Fax (01) 3153550 TeI. (01) 34700 32 - Fax (01) 347 5918
Principal actividade: Materiais para
intervenções de conservação e restauro em
3 -Edicon - Construções Civis e obras 14-ArnaldoMoisáo- Douradol;Pinturas
construções antigas. Limpeza e restauro de
Públicas, Lda. e Dec., [.da. cantarias e esculturas
Principal actividade: Recuperação e Principal actividade: Conservação e restauro de 'fel (01)3224461- Fax (01)3224489
consolidação estrutural. Reparação de talha dourada, pintura mural e marmoreados
coberturas. Impem1eabilização TeI. (01) 983 48 93 - Fax (01) 397 ÇX)49

1el.(Ol)4782417 -Fax (Ol) 4782468 25 - Pintanova - Pinturas para a Construção


-
15 Pedramalba -Recuperação de Mármores, Civil, ida.
-
4 Quinagre - Estudos e Construções, Lda. Lda. Principal actividade: Conservação e restauro
Pincipal actividade: Construção e reabilitação Principal actividade: Limpeza e restauro de de rebocos, estuques e cantarias, pinturas
de edifícios. Recuperação e consolidação cantarias. Materiais para intervenções de Te!. (01) 7572856- Fax(Ol) 75774 72
estrutural conservação e restauro em construções antigas.
Th1.(Ol)7936116-Fax(Ol)7935574 Levantamentos e estudos 26 - E.M.J. - Empresa de Manutenção e
Th1(01)4951005- Fax (01)4951005 Jardins, Lda.
5 - CVF - Construtora Vila Franca, Lda. Principal actividade: Consolidação estrutural
Principal actividade: Conservação e restauro -
16 Poliobra - Construções Civis, [.da. Rebocose estuques. Serralharias.Carpintarias.
de rebocos e estuques. Recuperação e Principal actividade: Construção civil. Arranjos e jardins
consolidação estrutural. carpintarias e Tel (009)39 7625 - Fax (009)399395
Recuperação de edifíáos. Serra1hariase pinturas
coberturas TeI. (01) 7620550- Fax (01) 7ffi7907
1el. (Ol)3873401-Fax(Ol)387 4586
-
27 Rodrigues, Cardoso & Sousa, Lda.

17 -Junqueira 220 - SoCode Conservação, Principal actividade: Conservação


reabilitação de edifícios. Construção civil
e
6- L.N. RI"beiro Construções, Lda. Restauro e Arte Tel. (055) 551315 - Fax (055) 551723
Principal actividade: Construção e Principal actividade: Restauro de pinturas e
recuperação de edifícios. consolidação de taIhadourada 28 - SO-PR - Socode construçõese Prom.
fundações 1el (01) 3639163- Fax (01) 3633803
Te\. (01) 415 35 2D - Fax (01) 415 35 2B
Imob.,Lda.
Principal actividade: Conservação e restauro
18-A.LudgeroCashu,Lda. de rebocos e estuques. Recuperação e
-
7 José Neto & Filhos, Lda.
Principal actividade: limpeza, consolidação e consolidação estrutural. Construção civil
Principal actividade: Construção civil. reabilitação de edifícios. Conservação e restauro TeI.(01)84728 00 - Fax (01)8472737
conservação e restauro de rebocos e estuques. de artes decorativas. Construção civil
CaIpintarias Th1. (02) 9511116- Fax (02) 9517517 29 -Somafre -Construções, !.da.
Tel. (009)412D71-Fax(009)415845
Principal actividade: Conservação e
19 - Listorres - Socode Construção Civil e reabilitação de edifícios. Serralharias,
8 -Monurnenta - Cans.e Restauro
Comércio, [.da. carpintarias e pinturas. Construção civil
do Pal Arq., Lda. Principal actividade: Construção civil. Te!. (01) 7112.370-Fax(01)7112389
Principal actividade: Conservação e Recuperaçãode edifícios
reabilitação de construções antigas. Th1 (049) 72 5219 - Fax (049) 717170 -
30 -Cruzeta Escadarias,Cantarias
Consolidação estrutural. Limpeza e restauro e Restauros, Lda.
de cantarias e alvenarias -
2D Certar -Sociedade de Construções, Lda. Principal actividade: Conservação e
1el (01)31164 79- Fax (01)3148628 Principal aclividade: ConSelVação e reabilitação reabilitação de construções antigas. Limpeza
de construções antigas. Construção civil e restauro de cantarias, alvenarias e esculturas
9 - Lourenço, Simões & Reis, Lda.
Te!. (0l)3522849-Fax(Ol)3523177 Tet. (01) 715 0130
Principal actividade: Recuperação e
consolidação estrutural 21- Miu - Gab.Térnicode Engenharia,Lda. 31- Ensul- Emp. Norte Sul, SA
Tel (01)3542137 .Fax (01)3570001 Principal actividade: Construção civil.
Principal actividade: Construção civil.
Conservação e reabilitação de construções
Conservação e reabilitação de construções
-
10 Brera - Soc. de Construções e Rep., Lda.
antigas. Conservaçãoe restauro de rebocos, antigas. CaIpintarias
Principal actividade: Conservação e Tel(Ol) 2558900- Fax (01)2558976
estuquese pinturas
reabilitação de construções antigas. Construção
civil
Tel. (01) 8126144- Fax (01) 81448 32 -
32 Gilberto Ferreira 'Arte Sacra"
Tel. (01) 472 54 70 - Fax (01) 472 54 71 Principal actividade: Conservação e restauro
de talha dourada, pintura mural, rebocos,
estuquese rnannoreados
Tel. (096) 652949 - Fax (096) 65 29 49
O 2 emeCongresInternacional"Pour Ia sauvegarde du patrimoine culturel
dans les pays du bassin méditerranée", procurará definir o ponto da
situação actual relativamente à ciência e à tecnologia destinadas à
conservaçãodo Património Cultural nos paísesda bacia mediterrânica.
Pretende-setambém, abordar o problema concreto do restauro e da animação
das cidades e das vilas situadas junto ao mar mediterrânico.
A realização deste congresso está a cargo do Centre National de Ia Recherche
Scientifique (França) e do Consiglio Nazionale delle Ricerche (Itália).

5 a 9 de Julho, 1999 - Paris, Fran~a

T he RILEM activities aim at deveIoping the knowIedge of properties of


materiaIs and performance of structures, at defining the means for their
assessmentin Iaboratory and service conditions anda at unifying meas-
urement and testing methods used to this end.
The syrnposium wi11emphasize the following themes:
Trends and design of tirnber structures
Tirnberconnections
Fracture and creep of timber
Testing of tirnber
(Email: rilem@congrex.se)

Stockholm, Sweden, September, 13-15,1999

C onsiderado como uma fonte de receita, o património é, presentemente,


um factor de desenvolvimento económico e social. Todavia, o uso que
lhe é conferido deve respeitar o monumento em si mesmo assim como o
conjunto edificado, natural e cultural no qual se insere. Esta Assembleia do
ICOMOS pretende pois encontrar formas de acção no contexto social e
económico que vigorem durante os anosvindouros e permaneçam adaptáveis
às transformações em curso nesta área, neste final de milénio.
Áreas Temáticas:1) Património e Conservação; 2) Património e Sociedade; 3)
Património e Território; 4 Património e Desenvolvimento.
Informações: http://www.international. icomos.org

Guadalajara, México -17-23 de Outubro, 1999

ou transmita este cupão (ou


fotocópia) através do
Fax (01) 31579 96 para fazer a
sua assinatura da Pedra & Cal.
Em alternativa, poderá enviá-Io
pelo correio para Rua Pedro
Nunes , nQ27 -IQ DtQ
1050-170
Lisboa
Paraencomendar esteslivros utilize a "Nota de Manual do Pedreiro ~
Encomenda" na página 52 J.paz Branco
Manual do Pedreiro
Ed. LNEC, 1981
I Qualidade na Construção
Preço: 2.100$00
Curso 167
Código: LN.M.2
J.Ferry Borges
Ed. LNEC, Reimpressão em 1991
o caminho percorrido por.
(1~ed.1988)
grande parte dos trabalhadores
Preço: 2.625$00 para atingir uma qualificação
Código: LN.M.3
profissional satisfatória tem ~~
sido, e continua a ser penoso e
o tema qualidade naconsttução difícil. Tudo o que sabem, resulta da observação
- ."
é tratado dentro dos largos
directa de actuações.Estelivro pretende ser um "novo
conceitosde garantia de qualidade.
companheiro" para o pedreiro já feito e um auxiliar
De entre os principais problemas abordados,
amigo para os que pretendam fazer a sua
mencionam-se as lições da experiência, o cenário de
aprendizagem com mais segurança. Pretende
acidente e a análise e gestão de risco. Discutem-se as
oferecer a ambos alguns conhecimentos que lhes
atribuições e responsabilidades dos participantes
permitam encontrar o porquê de resultados já seus
no acto de construir e, bem assim, o papel
conhecidos e prever com segurança outros, face a
desempenhado pela normalização, certificação situações novas.
e regulamentação e controle de qualidade. Dá-se
especial relevo aos aspectos éticos e legais. Analisa-
se a esttutura da actividade seguradora e os modos A Leitura da Imagem de
segundo os quais é praticada na construção. O uma Area Urbana como
profissionalismo e a psicologia do trabalho são Preparação para o
considerados pela sua influência na qualidade. Planeamentol Acção da
Finalmente, chama-se a atenção para o papel sua Reabilitação
desempenhado pela investigação e desenvolvimento Luz Valente Pereira
para o progresso da consttução e discute-se os modos LNEC,1996 (1!ed.1994)
segundo os quais a garantia de qualidade deverá ser Preço: 2.300$00 ~
implementada. Código: LN.E.2
Descreve-se um método de ",".

leitura da imagem de uma área urbana considerado


adequado para iniciar o seu conhecimento e tendo em
vista proceder à sua avaliação global e crítica, ao
diagnóstico dos problemas e potencialidades e à
Conservation 01 Granitic elaboraçãode propostas de intervenção que efectivem
Rocks a sua reabilitação e o desenvolvimento da comunidade
Edited by J. Delgado Rodrigues nela territorializada. Como exemplos de propostas de
e D. Costa intervenção, apresentam-se os casos da Madragoa/
Ed. LNEC, 1996 Lapa e Benfica, o Núcleo Antigo de Sacavém,a VIla do
Preço: 2.100$00 Porto de SantaMaria e a VIla de SantaCruz da Graciosa.
Código: LN.E.4

Contém um conjunto de
- I comunicações produzidas no Engenharia Civil em
âmbito de um projecto de
Portugal
investigação sobre conservação de rochas graníticas. J.Laginha Serafim
É abordado o aspecto relativo à influência das LNEC, 1992 (1!ed. 1986)
características herdadas sobre o comportamento em
Preço: 3.150$00
obra e são desenvolvidos alguns temas relativos a Código: LN.E.5
tratamentos de conservação. Como assuntos de
carácter geral, apresentam-se estudos sobre A primeira edição deste livro foi
identificação da distribuição espacial de consolidantes,
baseada numa palestra
por Laginha Serafim.proferida
Nesta -
ocorrência e caracterização de interfaces, análise das

potencialidades das propriedades hídricas para estudo


edição revista, agora bilíngue para maior facilidade de
de tratamentos e sobre medição da cor em rochas
divulgação, acrescentou-se um epílogo no qual se
heterocromáticas. Como assuntos específicos,
pretendeu historiar o desenvolvimento da Engenharia
incluem-se estudos sobre eficácia, grau de nocividade
Civil portuguesa no século XX, bem como a acção de
e durabilidade de hidrófugos e consolidantes. alguns dos seus mais ilustres impulsionadores.
-
Antas-Capelas e Capelas Santuário do Senhor
junto a Antas no Território Jesus da Pedra - Óbidos
Português (Monografia Histórica)
Jorgede Oliveira, Panagiotis SérgioGorjão
Sarantapoulose Carmen Ed. Colibri, 1998
Balesteros Preço:2.100$00
Ed. Colibri, 1997 Código:COL.E.4
Preço:840$00
Código:COL.E.2 Apresenta-se o tema do barroco
aplicado à realidade do Santuário do
As antas, foram, são e Senhor Jesus da Pedra, na ,»'w
provavelmente continuarão a ser objecto das mais perspectiva da história e da história da arte, focando aspectos
variadas interpretações, sempre conotadas com o como a incidência do reinado de D. João ~ a Feira de Santa
mundo mágico e religioso. Ou mediante uma Sruz, a arquitectura e o artistas do Santuário. Insere-se este
apropriação cristã de um edifício pré-existente, ou trabalho num espírito de promoção, conhecimento e defesa
através da construção de um edifício de raiz do património do concelho de Óbidos e, muito
conservando-se, contudo, o seu interior, as antas- especificamente,integra-se na programação das celebrações
-capelase as capelasjunto a antas pontuam o território dos 250 anos da inauguração deste Santuário.
português. O presente inventário surge assim dividido
em três grupos, o das antas transformadas em capelas, A Lisboa Turística, entre "",.,.,"""""",... IP
o das capelas construídas nas imediações de antas e o o Imaginário e a Cidade -
LISBOA WRISTlCA
de outras reutilizações de antas com fins religiosos, A Construção de um """""..".""""cw"""

totalizando 20 monumentos cuidadosamentedescritos. Lugar TurístIco Urbano


Eduardo Brito Henriques
As Cerâmicas Átlcas do Ed. Colibri, 1996
Castelo de Castro Marlm Preço: 2.100$00
At (iRAMICAt
Á'fI(At
no Quadro das Código: COL.E.3
JItI~..m~g!'!~ff~
,.. Exportações Gregas
para a Península Ibérica.
Ana Margarida Arruda
Eduardo Henriques apresenta- L.
-nos o resultado de uma viagem -
Ed. Colibri, 1997 guiada através das paisagens da cidade, reais e
Preço: 2.100$00 imaginadas, vista por aquelesque a visitam. Mas é também,
Código: COL.E.6 como indica o subtítulo, o estudo do modo como seconsh"Ói
um lugar turístico, das forças e das estratégias que entram
Este estudo aborda a cerâmica ática em jogo nesseprocesso,da forma, em suma, como a cultura
aparecida nas escavaçõesque a autora dirigiu no Castelo de e a geografia, os mitos e os factos da vida material, os mapas
Castro Marim, apresentando uma série de espécimes que mentais e a realidade urbana se combinam, definindo os
vêm confinnar o que tem sido sucessivamente constatado contornos e dando o conteúdo a essaouhâ Usboa depurada
ao longo da orla marítima do país: a entrada dos vasosgregos para consumo estético - a Usboa turística.
fazia-se pela embocadura dos grandes rios. Deparamo-nos,
neste livro, com um método seguro de análise, um espírito
o Barroco e o Mundo
critico enquadrado na Nova Arqueologia apresentando
Ibérico Atlântico
Coordenação de
novidades de material que o tornam numa das mais
Maria da Graça Ventura
importantes obras publicadas nesta área em Portugal.
Ed. Colibri, 1998
Mãos Preço: 3.150$00
Revista do CRAT Código: COto A.l
Preço: Assinatura anual
1.000$00 Durante os dias 8 a 11 de Maio de
Codigo: CRAT.PP.1 1997 celebraram-se, em Portimão,
as III Jornadas de História Iberoamericana. O
~ Uma publicação
programa científico deste congresso, organizado pelo
trimestral,

propriedade do
Instituto de Cultura !bero-Atlântica com o patroánio da
Centro Regional

de Artes 'li'adicionais, onde pode Câmara Municipal de Portimão, dividiu-se em três grandes
encontrarreportagens,entrevistas, sessões: "Estado e Poderes: afirmações, resistência e
artigos de opinião sobre as artes e ofícios, e técnicas rupturas"; 'Me: estética e sentimentos" e "Literatura:
tradicionais, enquadrados também na prática de efemérides e transcendência". Do conjunto das palestras
conservaçãoe restauro."Mãos' constituiaindaum meio de proferidas destacam-seasde Vítor Serrão'~ cultura artística
consulta para quem queira estarinformado sobrefeiras, portuguesa dos séculos XVI e xvm e a sua expressão nas
eventosou cursosde formação,directaou indirectamente Américas: alguns testemunhos plásticos" e de Magno Mello
relacionadoscom Artese Ofícios'ftadicionais. '~morfologia da pintura decorativa: O Nordeste Brasileiro".
Madeira para Construção Pratica da Conservação e ~
LNEC,1997 Restauro do Patrimonio ~

o conjunto destas 10 fichas visa


Arquitectónico
Ed. GECoRPA, 1999
Preço: 7.000$00
~ c .
;'
,~

divulgar especificações e sintetizar ~


Código: GE.A.1 ~ im
--."
I ;:iik~
i
I informação geral sobre madeira WC

Reunem-se as comunicações da j
- I paraconsh"ução.
Jornada de Seteais promovida 1-
Ml - Especificação de madeiras
pelo GECoRPA em Outubro de :~77 ,--;,It,,;,--,,""
para esh"uturas(preço: 525$00;código: LN.M.4) 1998.Disponibilizam-se assim os testemunhos de uma
M2 - Pinho bravo para estruturas troca de ideias acercadas questõesrelacionadas com a
conservaçãoe o restauro do Património Arquitectónico
(preço: 525$00;código: LN.M.5) e das Construções Antigas e de uma reflexão sobre os
M3 - Câmbala (preço:315$00;código: LN.M.6) desafios que se colocam às empresas na prática desta
M4 - Casquinha (preço :420$00;código LN.M.7) actividadeoDestacam-se, entre outras,as conbibuiçóesde
Luigia Binda "Levantamentoe Diagnóstico",que foram
M5 - Criptoméria (preço: 315$00;código: LN.M.8)
objectode traduçãoúnicaparaportuguês."Monitorageme
M6 - Eucalipto comum (preço: 315$00; gestãode informação sobreo património arquitectónico"
de Pier E Rossio
código: LN.M.9)
M7 - Tola branca (preço:315$00;código: LN.M.10)
M8 - Undianuno (preço: 315$00;código:LN.M.11) Monumentos
Revista da DGEMN
M9 - Humidade da madeira (preço: 420$00;
Preço: 2.000$00
código: LN.M.12) Código:DG.PP.l
MIO - Revestimentos por pintura de madeira para
Revista semestral, técnico-
exteriores (preço: 525$00;código: LN.M.13) -científica destinada à divulgação
do património arquitectónico,com I

informações sobre as actividades


dos serviços, trabalhos de
investigação e artigos sobre
processos e técnicas de intervenção em imóveis de
Caracterização e reconhecido interesse.Paraalém do Dossier e de vários
Avaliação do Mercado artigos científicos constituem secçõespermanentes da
da Manutenção e revista, o Inventário do Património Arquitectónico;
Reabilitação de Intervenções no Património; Cursos; Conferências e
Edifícios e da Colóquios;Exposições e Publicações.
Conservação do
Património
Arquitectonico em Espaço: Cultura e
Portugal Arquitectura
Ed. GECoRPA, 1999 Dissertação sobre a ~,
do""-'"
Nado...
C",,

Preço: 9.000$00 Perspectiva


Código: GE.E.1 Interdisciplinar entre
Ciências Sociais e
Um dos objectivos do jovem GECoRPA é a Arquitectura
disponibilização de informação e documentação Marluci Menezes
técnica especializada. Nesse sentido, recorreu à LNEC, 1993
colaboraçãodo Dr. António Manzoni de Sequeiraque, Preço: 3.950$00 -=~
há vários anos, se preocupa com a recolha e Código: LN.E.3
interpretação de informação económica no sector da
Amplamente ilustrada, esta obra apresenta uma
construção, para tentar lançar alguma luz sobre o que
discussão sobre a perspectiva interdisciplinar entre
é o mercado da reabilitação e da conservaçãoe restauro
CiênciasSociaise Arquitectura, de forma a contextuallzar
do património arquitectónico em Portugal. tematica e empiricamente o trabalho de Engenharia,
Um documento de orientação e de trabalho para as numa tentativa de construir uma grelha de orientação
empresase, em geral, para todos quantos seinteressam analítica relacionada com a área da Antropologia do
pelos aspectos económicos desta nobre área de Espaço. Como exemplo tipo, foca o caso da "micro-
actividade dentro do sector da construção. realidade florentina", a Igreja de SantaCroce.
Guião de Apoio à Reabilitação de 22 ENCORE - Encontro sobre
Edifícios Habitacionais Conservação e Reabilitação de Edifícios
ijosé Aguiar, A.M.Reis Cabrita, João Appleton) Edição LNEC, (2 vols.) 1~edição 1994,2~edição 1997
Edição LNEC, (2 vols.) 3! edição 1997 Preço: 10.500$00
Preço: 7.140$00 Código LN .A.1
Código LN.M.1

Estuques Decorativos do Norte de


A Componente Acústica na Reabilitação Portugal
de Edifícios Edição CRAT 1991
(P.Martins da Silva) Preço: 1.300$00
Edição LNEC, N!! 5, Colecção Edifícios, 1998 Código CRAT.E.2
Preço: 2.100$00 Arqueologia & Indústria
Código LN.E.1
Revista semestral da Associação Portuguesa de
Arqueologia Industrial
Diálogos de Edificação - Estudo de Edição Colibri 1998,N!! 1
Técnicas Tradicionais de Construção Preço: 2.100$00
(Gabrielade BarbosaTeixeira,Margarida da Cunha Código COL.PP.1
Belém)
EdiçãoCRAT Plano Verde de Lisboa - Componente do
Preço:6.500$00 Plano Director Municipal de Lisboa
CódigoCRA1:E.l
(Coordenação de Gonçalo Ribeiro Telles)
Edição Colibri 1997
Os Dez LIvros de Arquitectura de
Preço: 3.990$00
Vitrúvio Codigo COL.E.1
(Helena Rua)
Edição 1ST 1998
Preço: 7.000$00
Código IS1:E.1
NOTA DE ENCOMENDA
NOME
ENDEREÇO -
CÓDIGOPOSTAL LOCALIDADE

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NÚMERO DE ASSOCIADO DO GECORPA (10% de desconto)

ASSINANTE DA REVISTA "PEDRA & CAL" (10% de desconto) SimD NãoD

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(**) ao valor de cada livro deverá ser acrescentado500$00de portes de correio.
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FORMA DE PAGAMENTO:Opagamentodeverá ser efectuadopor chequeà ordem de GECoRPAe enviado


juntamente com a nota de encomendapara Rua PedraNunes, 27, 1QD~, 1050-170Lisboa.
Junto envio chequenQ no valor de $ - à ordem de GECoRPA
D Autorizo débito no meu cartão de crédito IZ D [80 NQ

. Data Assinatura .
CECRA AL-madan
Boletim semestral do Centro Revistado Centro de
de Estudo, Conservação e Arqueologiade Almada
Restauro dos Açores.
Al-madan é uma publicação
Com o primeiro número
anual que tem como objectivos
publicado em 1998,o boletim
informar, debater e divulgar
CECRA,pretende divulgar as
temas relacionados com
actividadesdo Centro, através
arqueologia, património e
de artigos ilustrados sobre
história local. Pretende atingir
intervenções concretasde conservaçãoe restauro.
um público diversificado,o que pressupõediferentes
Não se propõe ser um Boletim temático,acolhendo
perspectivas de abordagem e a conciliação do
as contribuiçõesdos profissionais da área sobre os
indispensável rigor científico com uma escrita que
assuntos que entendam divulgar. O CECRA está
garantaa acessibilidadea não especialistas.
sediadona cidade de Angra do Heroísmoe apoia a
O presente nQ7é dedicado à Arqueologia do Mar
prospecção, a preservação e a intervenção no
focando, também,entre outros assuntos,o tema da
património móvel, dasnove ilhas do arquipélago.
Arqueologiana perspectivamuseológica.

Rua Paulo Renato, 3C e O - Linda-A-Velha


2795-047 Linda-A-Velha - Tel.: 415 35 20 - Fax 415 35 28
iminente: ausência de cortinados Parece que o Governo está a
nas janelas, muitas vezes com as preparar legislação no sentido de

portadas fechadas, vidraças incentivar obras de manutenção de

quebradas ou caixilhos abertos aqui edifícios residenciais nas cidades.

e ali, botoneiras das campaínhas Mas não se podem confundir duas

destruídas; e à noite, iluminado situações radicalmente distintas:

apenas um dos trinta andares de por um lado, os prédios que


que se compõe o conjunto. Algumas carecem de obras urgentes para as
placas colocadas nas portas quais os senhorios não dispõem de
anunciam a existência de escritórios: recursos em consequência de
mas numa delas estava escrito que a arrendamentos antigos; por outro,

empresa havia transitado para novas os casos em que os proprietários, ao

instalações. A conclusão não pode não colocarem no mercado os


ser mais evidente: os prédios estão andares vagos, apostam na
a ser esvaziados dos seus últimos especulação fundiária com enormes
inquilinos, provavelmente a troco prejuízos sociais, económicos e
de indemnizações.
Consultado o Plano Director de
Lisboa, verifica-se que este
conjunto de prédios está registado
no Inventário do Património - e
com toda a razão. E é até possível
que esteja em vias de classificação
pelo IPPAR, como testemunho
significativo da arquitectura das
chamadas Avenidas Novas. Mas
- ---'o descer a avenida nada disso oferece garantias de que
Duque de Loulé, em Lisboa, não seja demolido para dar lugar a
deparamos do lado direito com novos edifícios. Na melhor das
uma extensa frente de prédios que hipóteses, poderão ser preservadas
representam o que de melhor se as fachadas, mas destruído todo o
construiu na cidade nos princípios interior, com os seus soalhos
deste século: sólidas paredes de provavelmente de madeiras exóticas,
alvenaria com um soberbo tectos de estuque trabalhado e
embasamento de lioz almofadado magníficas carpintarias de casquinha.
e cunhais, platibandas e sacadas É natural que as habitações existentes
também de cantaria, coroadas por não ofereçam as melhores condições
um andar amansardado que dá um para asnecessidadesactuais,com áreas
toque parisiense ao conjunto, excessivas,longos corredores, janelas patrimoniais.
reforçado pelas elegantes grades abrindo para saguões e instalações Ao apontar-se este exemplo de
Art Noveau das janelas térreas. obsoletas. Mas porquê então não pahimónio em perigo, escolheu-se
Trata-sede um bloco de três prédios subdividir os fogos e renovar os apenas um caso entre os muitos
com os nQs86/ 90 e 94/ tornejando equipamentos, como se laz milhares que nas nossas cidades,
para a rua Luciano Cordeiro, correntemente lá fora? Porquê esta com especialincidência em Lisboa
construídos po~ volta de 1910 e prática obsessiva de demolição (onde o número de fogos
constituídos por cave, r/chão e sistemática, ruinosa até em termos desocupadosultrapassa os 30 mil),
quatro andares divididos em de racionalidade económica, ao estão em idêntica situação e cuja
esquerdo e direito. destruir 11.000 m2 de construção de destruição tem contribuído par~ o
No entanto, depois de um primeiro qualidade, a que acresce o valor esvaziamentoe a descaracterização
sentimento de surpresae admiração patrimonial?Enestecasoasubdivisão das zonas centrais. Para quando
por tão excelenteconstrução,notam- oferece até condições excelentes,dado uma lei e uma prática que acabem
se, a um olhar mais demorado, que as traseiras dos prédios são com esta hecatombe anti-social,
preocupantes sinais de abandono desafogadas, abrindo para um anti-económica, anti-pahimonial e
que prenunciam uma morte frondosoarvoredo. até anti-ecológica?

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