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Rev3 - Património e Economia
Rev3 - Património e Economia
JuVA~o/Set 1999
6 23
Leitores Tema de Cap;a- Op;inião
Custos e proveitos da autenticidade
~ Cóiase Silva
7
Rel2ortagem
Escola Profissional Bento de Jesus 25
Caraça - Delegação de Mértola Tema de Cal:!a- Caso de Estudo
O Mosteiro de Santa Maria de Flor da
Rosa: discussão de uma intervenção
11 JorgeRodrigues
Actualidade
Criada categoria específica para a 27
área do Património Arquitectónico Tema de Capa - Qpinião
Cultura e turismo:
para uma economia de mercado
12 Valérv Patin
Recortes
31
13 Tema de Capa - Opinião
Reportagem O "mistério" da reabilitação em
Exposição Caminhos do
Portugal
Património Ant6nio Manzoni de Sequeira
-i i-
:;JI ~ 17 37
Opinião
~~*. Forum
Divulg:a~ão
UNESCO
Desmentido ao artigo
Fomm UNESCO "Havia uma casa setecentista no
Univenldodee Património
quarteirão do Largo do Colégio"
18 Rui RamosLoza
Tema de Capa - QJ2inião
Mecenato Cultural em Portugal 41.42.43. 4,t), 46 47 ,t)O
Anabela Carvalhoe IsabelCordeiro
Notícias
20 12
Tema de Ca~a - Actualidade Agenda
Fundo de Turismo promoveu
debate sobre Património e Turismo
51,52,53
LiYIQQ
21
Tema de Ca~a - O~inião
.5.4
~ EUROPA
Cinco ideias simples
Pers~ectivas
~
Enunciadas pelo Príncipe-Consorte
Património em perigo
NOSTRA da Dinamarca, Presidente da
Europa Nostra
Nuno Teot6nioPereira
Património e turismo:
um casamento
8A 8
de
convemencla
\~} a.
.
v: Cóiase Silva
(Director)
t o meu aplauso pela frontalidade pensem também nos estudantes
expressa no Editorial da revista que, como'eu, possamler a Pedra
Pedra & Cal n° 1 e pela clareza do & Cal.
diagnóstico dos insucessosque pro-
liferam na área em questão. Votos AlbertoSousa Gomes
de sucessopara a publicação. Estudante
Almada
Pedro Tavares
Gerente da
Lisboa
qualificação dos
empreiteiros
porOáudia Veloso
Criar uma redede trabalho internacional entrediferentes universidadesde todo o mundo com o
objectivo de treinar futuros especialistasna área do património cultural, coordenando,para tal,
as actividades de alunos e professoresdo ensino superior, numa missão de salvaguarda e
recuperaçãodo património de cada povo, de todos nós.
F oi este o desafio que fez nascer, a criação de uma rede internacional universidade ao património" - reforça
a 19 de Abril de 1995, o Forum de trabalho, indutora do intercâmbio Nuno Santos Pinheiro. Assiste-se,
UNESCO - Universidade e de conhecimentos através da pois, não só à multiplicação desta
Património Cultural, através de um realização de jornadas de trabalho, consciência pelas cidades, países e
I
protocolo de colaboração firmado de seminários, de conferências, de continentes, como à sua consolidação
entre a Divisão de Património Cul- viagens de estudo e da coordenação no espaço nacional, na defesa do
tural da Organização das Nações de pesquisas, no âmbito do património português. Sinal desta
Unidas para a Educação, Ciência e património cultural. Nuno Santos intenção plural, o Forum UNESCO I
de 1997, na Universidade Lusíada, estamosa caminhar também vara a vaz com interesse na salvaguarda do seu
e ainda na Austrália e no Quebec. entre os homens, porque há uma tentativa património histórico urbano,
de entrega de um conhecimento,o que carente de intervenções ao nível da
I:
8: levará a um bem estar entre todos". recuperação e manutenção. Duas
O projecto de recuperaçãoda ilha de vezes por ano, os signatários deste
Moçambique, dirigido por Nuno acordo promoverão reuniões por
SantosPinheiro, mas executadopor forma a gerir e orientar as actuações
alunos da Umversidade Politécnica consignadas no mesmo, tal como a
de Valência,é um exemplo claro da contribuição científica e tecnológi-
interacçãocultural pela salvaguarda ca do Forum, através do Centro
do patrimómo de uma nação que, Lusíada de Estudos Tecnológicos da
sem esta umão de esforços,poderia Arquitectura (CLETA) e do Núcleo
deixar-se adormecer na erosão dos Lusíada de Estudo e Salvaguarda do
novos tempos.Após esteprojecto de Património (NULESPA).
recuperação,o Forum UNESCOPor- Esta cooperação deverá traduzir-
tugal classificou-seem segundo lu- se igualmente na criação de con-
gar no Concurso Internacional para dições que permitam uma maior di-
a recuperaçãodo Kasbah de Argel. vulgação do património e, se pos-
Estestrabalhos, como o da Medina sível, contribuir para uma formação
de Constatinee dasigrejasda cidade tecnológica de quadros que garan-
de Belém, são executados ao nível tam, no futuro, uma melhor sal-
umversitário com apoio de outras vaguarda e manutenção do
universidades estrangeiras com as património.
quais o Forum tem protocolos de Também na área da formação, o Fo-
Propõe-seesteorganismocriar uma cooperação.Através de cursos,visi- rum UNESCO tem dirigido a sua
atmosfera de reflexão e de inter- tas de professorese de alunos, e da actuação, em articulação com outros
-ajuda na defesa dos bens execuçãode trabalhos em conjunto, organismos, nomeadamente o
patrimoniais de cada país, assente os intercâmbiossãojá uma realidade CENFIC - Centro de Formação
na necessidadede concretizar um entre universidades,com protocolos Profissional da Indústria da
conjunto de medidas específicas, estabelecidos na Argélia, Brasil, Construção Civil e Obras Públicas
integradasno quadro universitário, Bulgária, Chile, Colombia, Espanha, do Sul. Em Março do ano corrente,
pelo que uma das principais linhas Honduras, Itália, Macau e México, decorreu em Santarém o I Curso
orientadorasdo Forum UNESCOé "numa vontadeineauívocade liqar a Internacional sobre Património.
~ estudo sobre10 anos que os mecenasassociamao inves-
de mecenato em Portugal (1986- timento realizado.
1996) realizado pelo Observatório A publicação da Lei do Mecenato e
das Actividades Culturais e recen- a consequente criação de benefí-
temente publicado, demonstra que cios fiscais de incentivo à activida-
no cômputo das acçõesmecenáticas de mecenática constituiu um pas-
empreendidas relativamente ao so importante para cativar o inte-
conjunto das actividades culturais, ressedas empresas.Mas, mais im-
poucos sectoresultrapassam o pa- portante do que as vantagens con-
tamar dos 10% de captação de cedidas e legalmente consignadas,
apoios. O sector da Música consti- é o facto do apoio a actividades cul-
tui a grande excepção, reunindo turais representar um reforço da
36,4% dos apoios relativamente às imagem de prestígio do mecenas,
outras áreas de actividade, que assim vê a notoriedade da sua
designadamente o Património, que instituição ganhar dimensão.
detém no período considerado ape- No caso concreto dos museus, nos
nas 5,3% da captaçãode apoios, as últimos anos, foi a alteração'da sua
Artes Plásticascom 15,2%, o Teatro imagem decorrente das acções
com 7%,o sector do Impresso e Lei- efectivamente concretizadas e de
tura com 3,5%, o Cinema e um dinamismo que não passou
Audiovisual com 2,1%. O que pa- despercebido junto da opinião pú-
receconstituir uma nítida apetência blica e dos meios de comunicação
pelo sector da Música, que concen- social que veio contribuir para uma
tra grande parte dos apoios, é alteração significativa dos apoios
explicado no referido estudo como obtidos.
estando associado à maior exposi- Com efeito, ao longo destesúltimos
ção pública associadaaos aconteci- anos, pode verificar-se uma gra-
mentos, estreitamente relacionada dual alteração da atitude do
com a acrescida dimensão dos pú- mecenas face às actividades do
blicos-alvo e com o maior benefício museu, através de uma ligação
-
1 Concorrênciacultural
Assiste-sejá, e assistir-se-ámais no é ofender os seussentimentose a
futuro, a uma competição entre suainteligênciae, talvez,afastá-Io
destinos culturais, competição que para sempre.É pois evidenteque,
é facilitada pela crescente mobili- em conservaçãoe restaurodo pa-
dade das pessoas.A resposta a esta trimónio arquitectónico,a qualida-
crescentenecessidadedos destinos de não existesemautenticidade.
culturais melhorarem a sua
competitividade encontra resposta 2 -Autenticidade
na busca da qualidade. Os limitados meios tecnológicos
O Grupo Europeu do Património disponíveis levavam, no passado,
(GEP) - associação que agrupa a a que as intervenções em constru-
generalidade das organizações ções existentes fossem feitas co~
profissionais europeias activas na recurso às mesmas técnicas e ma-
salvaguarda do património cultu- teriais originais. Isso possibilitou a
ral - estima que, em termos lenta consolidação do carácter da-
médios europeus, cercade 30% das quilo que, para as actuais e futuras
motivações e dos consumos turís- gerações,constitui um precioso pa-
ticos são induzidos directa e indi- trimónio cultural.
rectamente pelo património. O O fenómeno I/betão armado" alte-
Conselho Mundial do Turismo, ci- rou completamente este cenário,
tado pelo GEp, estima que, a nível sobretudo a partir dos anos 30 do
internacional, 37% das viagens te- século que ora termina. Com ele, as
nham uma conotação cultural. intervenções tomaram-se, frequen-
Nestas condições, oferecer ao temente/ atentatórias do carácter
vistante um produto de autentici- dos monumentos e dos centros his-
dade duvidosa ("gato por lebre"), tóricos.
1 Vítor Cóias e Silva, Engenheiro Civil, Presidente do GECoRPA - Grémio das Empresas de
Conservação e Restauro do Património Arquitectónico.
As figuras 1 e 2 mostram exemplos materiais, de matérias primas e de da intervenção ou a redução da sua
de perda de autenticidade, do pon- energia. Os mais de 50 milhões de intrusividade são critérios que ten-
to de vista da estrutura e dos ma- toneladas de inertes são extraídos dem a reduzir os custos,aumentan-
teriais utilizados. em pedreiras a céu aberto, com do benefícios.
uma enorme degradação da paisa- Os custos da autenticidade são,
gem, de leitos de rios e lagos e das portanto, a disciplina, contenção e
muitas vezes renúncia que ela en-
praias.
O fabrico industrial de materiais volve. Os proveitos serão, sobretu-
como o cimento, além da extracção do, para as futuras geraçõesde vi-
da pedra em pedreiras, obriga ao sitantes - que poderão receber a
consumo de grandes quantidades mensagem das velhas pedras - e
de energia. de usufrutuários - que poderão,
Estima-se que, em Portugal, sejam além disso, continuar a retirar be-
produzidos anualmente cerca de nefícios económicos do importan-
10 Mt de entulhos da construção. te recurso que é o património ar-
Um tal volume de detritos cria pro- quitectónico. Mas são-no,também,
blemas graves de depósito e não é para a actual geração, porque os
por acasoque no país proliferam os proveitos de uma sábia política de
vazadouros clandestinos, ao longo autenticidade - ou custos de uma
das estradas e caminhos, ribeiras, má - estarão à vista a prazo relati-
matas e baldios. vamente curto.
A opção pela reabilitação das cons- Mas não ficam por aqui os provei-
truções existentes em vez da sua tos da salvaguarda da autenticida-
demolição e reconstruçãoreduziria de. Se,em nome de uma maior au-
drasticamente quer o consumo de tenticidade, seoptar por reabilitar e
materiais novos quer a produção de reutilizar em vez de demolir e re-
entulhos. construir, promover-se-áa valoriza-
Segundo os Censos 81, existiam ção do património construído e, ao
em Portugal 1 125 850 edifícios mesmo tempo, evitar-se-á a desva-
construídos antes de 1945, repre- lorização
dopatrimónionatural. .
sentando cerca de 45% do total de
edifícios. Existe, portanto, um
vastíssimo "stock" edificado, que
abre grandes possibilidades à
reabilitação. Paradoxalmente, a
actividade nesta área é, em Portu-
gal, diminuta: em 1997,o peso da
"Reabilitação e Manutenção" no
conjunto da actividade da Cons-
trução Civil e Obras Públicas era,
em Portugal, de apenas 4%, con-
tra 45,9 em Itália e 43,3 em Fran-
ça...
Porquenão promover a valoriza-
Um dos critérios hoje seguidos na çãodopatrimónio construídoe,ao
concepção das intervenções é a re- mesmotempo, evitar a desvalori-
dução da sua Invasividade: A in- zaçãodo património natural?
tervenção deve ser o menos
invasiva possível, isto é, deve en- 4 - Património Construído e
volver a mínima perturbação pos- Património Natural
sível da integridade e da estabili- O desejo de usufruir o património
dade da construção. natural e o património cultural
constitui a mais nobre motivação
3 - Betonização da paisagem ou do turismo. Em resultado da cres-
reabilitação das construções? cente difusão da cultura, é cada vez
A construçãoé uma das actividades maior a sua importância como mo-
com maior impacto ambiental. Esse tivação do turismo.
impacto está,sobretudo, associado As intervenções mais criteriosas
à construçãonova, e resulta do con- não são,necessariamente,mais ca-
sumo de enormes quantidades de ras. Ao contrário: a minimalização
de estudo
intervenção
por Jorge Rodrigues1
Historiador da Arte
- tem frequen-
temente um sentido ambivalente
quando o seu objectivo é o da visi-
ta de sítios arqueológicos e monu-
mentais ou de museus. Por um
lado, é considerada çómo um fac-
tor privilegiado de educação e de
sociabilidade: conduz o visitante a
uma maior compreensão das par-
ticularidades culturais das comuni-
dades que o acolhem. Por outro
lado, a viagem é identificada como
um risco, em particular quando se
trata de locais sobre-frequentados
ou locais frágeis em termos de con-
dições de acolhimento. Por estes
motivos, alguns denunciam a ex-
cessiva exploração turística destes
sítios, que pode conduzir a uma
expoliação dos autóctonesdos seus
próprios pontos de referência tra-
dicionais bem como a uma perda,
por parte dos monumentos, da sua
autenticidade, isto é, do seu senti-
I Tradução de um texto do "Courrier de
l'UNESCO", Julho/Agosto 99. Valery Patin é
doutor em sociologia, administrador do Comité
Internacional do Turismo Cultural do ICOMOS.
do. É este o caso quando se tenta, frequência ultrapassa regularmen-
através de meios descritivos dema- te as500 000visitas. A exposição de
siado generalistas,satisfazer a todo Monet, apresentada em Londres
o custo o visitante apressadoou in- em 1999,bateu o recorde de entra-
quieto por não conseguir ver "tudo das de uma exposição temporária,
o que havia para ver". contabilizando mais de 8 500 visi-
.
"Museusforam remode-
lados: mais de 6 mil mi-
lhões de francos (200 mi-
lhões de contos)foram
consagradosà renovação
do Museu do Louvre".
~
~
ção que, num número significativo
de casos,corresponde à reabilitação
de fogos existentes;
c) A dimensão quantitativa do par-
que degradado a exigir uma inter-
venção de urgência;
d) As políticas públicas de apoio à
reabilitação. De referir a propósito
que as Grandes Opções do Plano
(GOP's) consagram que " a reabili-
tação do parque habitacional deverá,
assim, no ano de 1999, ser considera-
da como um novo eixo prioritário de in-
tervençãono sectorda construção"..
Fonte: Euroconstruct
Desmentido ao artigQ;
4- Conclusão
Estamos perante uma obra da Câ-
mara Municipal do Porto, prepara-
da e gerida pelo CRUARB, projec-
tada por um arquitecto com quali-
ficação para tal.
Poderá questionar-se, ainda assim,
sea obra está perfeita, ou se o con-
ceito que a determinou é consen-
N o documentode trabalhoela-
borado para este Encontro
pode ler-se:
De entre as várias profissõeschamadas
a dar o seu contributo na reabilitação
das construções antigas e na conser-
vaçãodo património arquitectónico so-
bressaemos arquitectos e os engenhei-
ros civis. Os arquitectos porque é a eles
que compete conceber e planear as gran-
des linhas que devem orientar as inter-
venções; os engenheiros civis, porque
sãoelesque se encarregamde viabilizar
essasintervenções ao nível das estru-
turas e das instalações e são eles, tam-
bém,que dirigem os estaleirose as obras.
No entanto, a formação destestécnicos
tem sido direccionada, sobretudo, para
a construção nova, não tendo a reabili-
tação e a conservação, nos respectivos
curricula, pesoproporcional àqueleque
essesegmentode actividade já hoje tem
no conjunto do sector da construção ci-
vil e obras públicas. Mantendo-se as
actuais estruturas curriculares, este portuguesa ésubstancialmente diferen- sidade urgente de uma modificação
desajustamento tenderá a agravar-se te da de outros países europeus, como na estrutura dos cursos de enge-
num futuro próximo. por exemplo a Itália, onde a teoria da nharia e de arquitectura. "Talvez seja
Durante o Encontro, subordinado conservação e restauro assume uma necessária uma componente maior a
à temática "Arquitectura e Enge- importância substancial nos currícula nível da história dos materiais, da his-
nharia Civil: Qualificação para a dos cursos e na formação de todos os tória da tecnologia e da história da cons-
Reabilitação e Conservação", que novos arquitectos. Esta situação por- trução", referiu o Presidente do
teve lugar no Edifício da Alfânde- tuguesa é muito paradoxal, pois trata- GECoRPA. "Deve dar-se mais pesoà
ga, no Porto, no passado dia 2 de se de uma das poucas áreasque a legis- construção antiga, e não só à constru-
Julho, o GECoRPAcelebrou com a lação estabelececomo de actuação obri- ção nova. Já existe construção sufi-
Ordem dos Engenheiros um proto- gatória do arquitecto na prática profis- ciente, até de sobra,e esperochegarmos,
colo que proporcionará estágios sional". em breve, ao ponto em que as pessoas
nas empresas suas associadas, a jo- Vítor Cóias e Silva referiu que "em seconsciencializemquejá não é preciso
vens engenheiros em início de muitos paísesdesenvolvidos os empre- construir mais, mas sim aproveitar toda
actividade profissional. (cf. notícia gadores lamentam que os recém chega- a massaconstruída, recuperá-Iaem ter-
da pág 43). dos à vida activa, emboradotadosde um mos de conforto, de habitabilidade e de
A Presidente do Conselho Directivo excelentenível de conhecimentosna sua segurança. Isso obriga a uma compo-
da Ordem dos Arquitectos, mos- especialidade,estejam mal preparados nente maior em termos da história, do
trou igualmente interesse em cele- para as realidades do terreno, tenham conhecimento das antigas tecnologias,
brar, em breve, idêntico protocolo falta de cultura geral, de criatividade e dos antigos materiais. Os cursos, sem
com o GECoRPA. OlgaQuintanilha de flexibilidade. O sistema educativo deixarem de ser generalistas e
sublinhou, na sua intervenção que está desarticulado da realidade do mer- abrangentes,devemincorporar mais
"a maior parte daformação ministrada cadode trabalho,porquenemavaliaas material dessa área antiga. O que tam-
em Portugal continua a dirigir-se, de necessidadessentidas pelos empregado- bém pode acontecer é, na parte final dos
modo quaseexclusivo, para a prática do res, nem prevê as competênciasa desen- cursos ou numa formação complemen-
projecto novo, pouco integrando as im- volveraosestudantes antesde proceder tar, haver uma maior especialização. O
plicações teóricas e metodológicaspara à aprovaçãodos conteúdosdos cursos". estágio profissional é também uma peça
a conservação e restauro. A situação Do Encontro,concluiu-sea neces- fundamentalnesteprocesso".
o Secretário de Estado do Ensino
Superior, Alfredo Jorge Silva, defen-
A s intervenções de reabilitação
de construções existentes e de
deu que "as universidades e institu-
conservação do património ar-
tos politécnicos podem ter um impor- quitectónico envolvem uma elevada
tante papel na própria execuçãoe solu- especificidade, e uma complexidade
ção de problemas que se colocam ao ní- bastante maior do que a construção
vel do restauro e da conservação do corrente, exigindo uma muito maior
património arquitectónico. Mas devem minúcia e rigor, quer de planeamen-
ter uma humildade universitária, no to, quer de projecto, quer de execu-
sentido da complementaridadecom o sis- ção. Nelas se recorre, frequentemen-
te, a técnicas e materiais que diferem
temaprodutivo eempresarialenvolvente,
dos que são normalmente utilizados
naquilo que podem ser parcerias inteli-
na construção.
gentes,quer a nível da investigação,quer Por outro lado, a regulamentação e a
a nível do desenvolvimento experimen- legislação aplicável ao projectos e às
tal, para a procura' de novos materiais, obras de construção nova não se
novas metodologias, novos tipos de in- adaptam aos projectos e às obras de
tervenção e naturalmente na prestação reabilitação e de conservação. Toda-
de alguns serviços qualificados". via, a especificidade desta área e a
A Cidade Invicta foi o local escolhi- grande diversidade de situações não
permite a elaboração de regulamen-
do para a realização deste Encon-
tos suficientemente precisos e
tro devido à recente classificação do
seu Centro Histórico como Patrimó- abrangentes.
Dado ao actual enfeudamento ao
nio Mundial pela UNESCO e aos "betão armado" as intervenções tor-
esforços em curso com vista à sua nam-se, frequentemente, demasiado
valorização. De entre as mwtas ra- pesadas, intrusivas e atentatórias da
zões apontadas pelo GECoRPA originalidade dos velhos edifícios e
para a oportunidade deste Encon- monumentos, para além da sua efi- damente estruturada e regulamenta-
cácia ser, muitas vezes, duvidosa. da. Tal especialização deverá incluir
tro, destacou-se a crescente impor-
Nestas condições, o exercício da acti- estágios em obra de duração suficien-
tância atribuída aos trabalhos de te e devidamente planeados e acom-
vidade profissional na área da reabi-
reabilitação das construções existen-
litação e da conservaçãodeverá ser re- panhados.
tes, em detrimento da execução de servado a técnicos para tal especifi- O conceito de formação contínua
construções novas. camente qualificados. Este princípio (ou recorrente) adapta-se bem à
O Encontro" Arquitectura e Enge- aplica-se à elaboração dos projectos, especificidade e à constante evolução
nharia Civil: Qualificação para a quer de arquitectura, quer de estru- da áreaem apreço.Esta formação con-
tura, à direcção das obras, à presta- tínua não é exclusiva da universida-
Reabilitação e a Conservação" con-
ção de serviços de consultoria e fis- de, podendo ser cometida a outras
tou ainda com importantes inter- instituições detentoras do saber nesta
calização, e ao exercício de funções
venções de Giorgio Croci, da Uni- de supervisão, planeamento ou ou- área, como associaçõesou empresas,
versidade de Roma; Daniela tras afins. para tal acreditadas.
Lamberini, da Universidade de Flo- A universidade continua a ter um As Ordens dos Arquitectos e dos En-
rença; Walter Rossa, do ICOMOS papel fundamental na qualificação genheiros poderão ter um papel im-
Portugal; Lino Tavares Dias, do dos futuros profissionais de arquitec- portante na qualificação dos respecti-
tura e de engenharia civil desta área, vos profissionais que queiram exercer
IPPAR Porto; José Marques da Cos-
devendo conferir-lhes uma sólida for- actividade na área em apreço, através
ta, da DGEMN Porto; Am'bal Cos- do sistema de especialidades.
mação de base.A actual formação dos
ta, da Faculdade de Engenharia da engenheiros de estruturas é dema- Para tal, deverá ser criada uma espe-
Universidade do Porto; Carlos Gui- siado centrada na análise estrutural. cialidade de reabilitação e conserva-
marães, da Faculdade de Arquitec- A formação de arquitectos e enge- ção, que deverá obedecer aos seguin-
tura da Universidade do Porto; José nheiros civis para esta área deverá ser tes princípios:
António Rocha de Almeida, da As- mais generalista e diversificada, va-
lorizando, em termos de conteúdo, as Avaliação objectiva da experiên-
sociação Portuguesa de Projectistas cia profissional individual
técnicase materiais tradicionais, a in-
e Consultores; Vítor Dias, do tervenção em construções existentes Esquema de equivalência entre
CENFIC e Rui Loza, do CRU ARB- e, em termos metodológicos, o con- qualificação académica e expe-
Projecto Municipal para a Renova- tacto com a obra, a multidisciplinari- riência profissional
ção do Centro Histórico do Porto. dade, o trabalho em equipa, a criati- Acessibilidade diversificada: por
No fim do Encontro alguns dos par- vidade, a comunicação e o acesso a currículo ou por exame
ticipantes aproveitaram a visita fontes de informação externas, de- Renovação periódica
vendo o formando assumir um papel Obrigatoriedade (através de pro-
guiada pelo Arqo. Humberto Vieira, tocolos com as entidades tutela-
activo.
um dos projectistas responsáveis Esta formação de base deverá ser res do P.A., com as autarquias, e
pela intervenção de reabilitação e completada através de uma especia- mediante a publicação de legis-
renovação em curso no nobre edi- lização no domínio em apreço, devi- lação apropriada).
fício oitocentista.
A revista "Pedra & Cal" obteve recentemente, por despacho do
Ministério da Cultura, o estatutode publicaçãode manifesto interes-
se cultural, ao abrigo da Lei do Mecenato.
As entidades patrocinadoras da revista têm agora a satisfaçãoreforçada
de associaro seu nome a uma actividade cultural de reconhecida quali-
dade e de relevante interessepara a sociedadecom o retomo resultante
de tal associação,em termos de imagem e prestígio.
Acrescem os benefícios fiscais previstos no Estatuto de Mecenato apro-
vado pelo Dec-Lei n.o 74/99 de 16 de Março e cujo regime legal está em
vigor desde 1 de Janeiro de 1999.
Pedra & CQ Assim, as entidades públicas ou privadas patrocinadoras desta publica-
ção, cuja actividade consista predominantemente na realização de ini-
lbrigo da L ,eido ciativas culturais, têm a possibilidade de apresentar,em sede de Impos-
. Me~f ~l1.ato to, como custos ou perdas do exercício, até ao limite de 5 por mil do
volume das vendas e dos serviços prestados, dos donativos concedidos,
majorados em 20%.
No caso de donativos atribuídos ao abrigo de contratos plurianuais ce-
lebrados para fins específicos,onde se fixem os objectivos a prosseguir
pelas entidades beneficiárias e os montantes a atribuir pelos mecenas,a
majoração passa para 30%.
No casode pessoassingulares, poderão deduzir à colecta,dos donativos
concedidos e majorados nos termos do regime aplicável às pessoasco-
lectivas, com valor correspondente a 25%.
A Direcção da "Pedra & Cal" convida assim todos os interessados pela
salvaguarda do Património Cultural e Natural do nosso país, a associa-
rem-se a esta iniciativa enobrecedora.
Para mais informações contactar info@gecorpa.pt
ou sgdirpmc@mail.telepac.pt (Divisão de Informação e Relações
Públicas do Ministério da Cultura).
10-15March, 2000
Bethlehem (Palestine), Unesco (Paris, France)
Para encomendar, utilize a "Nota de Encomenda"
- --
na
Lisboa em Obras
págilia 53 José Manuel Femandes
Boletim Monumentos - em Preço: 3.500$00
Código: HT.E.2 ~~~~
Cd Rom
Ed. DGEMN Este livro apresenta uma colec-
Preço: 10.000$00 tânea de textos publicados na sua
Código: DG.CDR.1 maioria em jornais e publicações
diversas.
"A reedição dos Boletins da Os temas1undamentais desta
DGEMN em suporte digital CD- abordagem sãoos do urbanismo, -
ROM, com o aproveitamento de da arquitectura e do património
algumas potencialidades da construído, centrados na cidade. ~
tecnologia multimédia, constitui de Lisboa.
- um reconhecimento pelo trabalho São assim referidos e analisados temas concretos, conceitos
dosque, no passado,forilm prestigiando esta casa,uma res- e questõesgerais ou acontecimentos "jomalísticosll, que pela
posta ao crescenteinteresse pela história do nosso patrimó- actualidade ou pertinência de que continuam revestidos,
nio construído e um elo de ligação com o trabalho de divul- surgem como apelativos, numa edição conjunta e agora or-
gaçãoe valorização do partimónio arquitectónico que nesta denada em livro.
décadatemos desenvolvido. Os temas da obra apresentam-seagrupados em setecapítu-
Acreditamos que só a devolução à comunidade dos conhe- los principais: A CIDADE - VISÕES; HISTÓRIA(S); O VE-
cimentos obtidos com o estudo e a interpretação dos regis- LHO CENTRO; AS NOVAS PERIFERIAS;LISBOA ORIEN-
tos histórico-documentais garantirá uma eficaz defesa do TAL; ARQUITECTOS E OBRAS; ECOLOGIA E PATRIMÓ-
nossopatrimónio. Só a difusão do conhecimento pode ga- NIO.
rantir a construção de uma sociedade mais exigente".
Edifícios e Monumen-
tos Notáveis do Conce- Casas Acariciadoras
lho de Alcochete Preço: 1.185$00
Preço:3.465$00 Código: FD.C.4
Código: CMA.E.l
"Durante três anos percorre-
Lugar de muitos usufrutos mos a República Mexicana fa-
paisagísticos,Alcochete de- lando com camponeses, gra-
fende as suastradições com vando as sua vozes, levantan-
autenticidade e empenha- do as plantas das suas casas e
mento. O concellio não tem tirando fotografias. Queriamos
- o gigantismo dos seus vizi- saber o que pensavam das suas
nhos e talvez por isso tenha casas, que nos explicassem -
mais espaço para vigiar o seu desenvolvimento e persistir como as constroem, que coisas funcionam bem, o que lhes
naquilo que é a sua originalidade. Possui monumentos que dá problemas e que modificações fariam para as melhorar.
chegam para uma referência cultural e situações onde o ur- Este catálogo reúne as imagens e os textos dessa experiên-
bano-rural se carregou de tradição. O presente traballio cor- cia, retratando a habitação camponesa tradicional do Méxi-
responde a uma inventariação dessepatrimónio. co, na perspectiva dos seus materiais consqtutivos".
Estuques e Esgrafitos de cessosalcançadospelos diversosinvestigadores,quer na
Évora recuperação do uso deste material, quer na redescoberta
das técriicas tradicionais da sua colocação em obra.
Preço:1.350$00
Código:DG.C.1 A elevada qualidade das comunicações, transforma este
volume num importante manancial de informação que per-
A inexistência de um levantamen-
mitirá actualizar o conhecimento dos nossostécnicos,e levá-
to de todo e qualquer facto ou éle- -los à desejada experimentação.
mento histórico, constitui o maior
passo para a perda total desse Monumentos
evento, interrompendo-se assim o
Revista da DGEMN
encadeamento da história na evo-
Preço: 2.000$00
- lução dos povos, negando-se às
gerações vindouras a história que lhes pertence e que cabe Código:DG.PP.l
aos presentes a obrigação de preservar.
Estuques e Esgafitos são as Artes Decorativas aqui aborda- Revista semestral, técnico-
das. Este livro é uma chamada de atenção para uma arte em -científica destinada à divul-
vias de extinção, nomeadamente o Esgrafito que vem cain- gação do património arqui-
do no esquecimento.
tectónico,com informaçõessobre
as actividades dos serviços, tra-
balhos de investigação e artigos
A Igreja da Memória sobre processos e técnicas de
Preço: 3.000$00 intervenção em imóveis de reconhecido interesse. Para
Código: DG.E.l além do Dossier e de vários artigos cientifícos constituem
secçõespermanentes da revista, o Inventário do Património
A Igreja da Memória, cons- Arquitectónico; Intervenções no Património; Cursos; Con-
truída em pleno período jo- ferências e Colóquios; Exposições e Publicações.
séfico, é, a vários títulos, um
dos exemplares mais curio-
sos da arquitectura do início
da segunda metade do sécu-
lo XVIII. Erguido a par das -
grandes obras pombalinas,
de reconstrução de Lisboa, o pequeno templo, 1lão se en-
quadra no entanto nelas, reflectindo um diferente gosto e
outra situação que, de certa forma, não teve continuidade, 22 ENCORE - Encontro sobre Conservação e
pemanecendo apenas como "memóriaJl de uma outra ar-
quitectura, que poderia ter sido a do reinado do "reforma- Reabilitação de Edifícios (2 vols.)
dorJl, mas que diversos factoresconjunturais tomaram im- Edição LNEC, 1" edição 1994,2" edição 1997
possível. Preço: 10.500$00
O documento que agora se publica, historia e esclarecea Código LN.A.1
intervenção efectuada. O notável trabalho desenvolvido no
restauro da Igreja da Memória, entretanto objecto de apre- Guião de Apoio à Reabilitação de Edifícios
ciação a nível internacional, foi distinguido pela Europa Habitacionais (2 vols.)
Nostra, que o premiou. (JoséAguiar, A.M.Reis Cabrita, João Appleton)
Edição LNEC, 3" edição 1997
Preço: 7.140$00
7i! Conferência Interna- Código LN.M.1
cional sobre o Estudo e
Conservação da Arquitec- A Componente Acústica na Reabilitação de
tura na Terra Edifícios
Preço: 10.000$00 N° 5, Colecção Edifícios (P. Martins da Silva)
Código: DG.A.1 Edição LNEC 1998
Preço: 2.100$00
"Terra 93" constitui-se como Código LN.E.1
corolário de um conjunto de
acções visando o aprofunda- Estuques Decorativos do Norte de Portugal
mento e divulgação dos conhe- Edição CRAT 1991
cimentos sobre as técnicas Preço: 1.300$00
inerentes à conservação e uso deste material de constru- Código CRAT.E.2
ção.
O crescente interesse pela recuperação e reutilização da Plano Verde de Lisboa - Componente do Plano
Arquitectura de Terra em Portugal, reforça a ideia de que a
linguagem da Arquitectura é fortemente influenciada pela Director Municipal de Lisboa
realidade cultural. Coordenação de Gonçalo Ribeiro Telles
A compilação em livro das comunicaçõesapresentadaspara Edição Colibri 1997
cada um dos setstemas propostos, permite estabeleceruma Preço: 3.990$00
análise comparada sobre as direcções da pesquisa e dos su- Codigo COL.E.1
Títulos mencionados na Pedra & Cal n° 2 Caracterizaçãoe Avaliação do Mercado da Manu-
tenção e Reabilitação de Edifícios e da Conserva-
Antas-Capelas e Capelas junto a Antas no Territó- ção do Património Arquitectonico em Portugal
rio Português Ed. GECoRPA, 1999
Jorge de Oliveira, Panagiotis Sarantapoulos e Carmen Preço: 9.000$00
Código: GE.E.1
Balesteros
Ed. Colibri, 1997
Pratica da Conservação e Restauro do Patrimonio
Preço:840$00
Código: COL.E.2 Arquitectónico
Ed. GECoRPA, 1999
Preço: 7.000$00
As CerâmicasÁticas do Castelo de Castro Marim
Código: GE.A.1
no Quadro das Exportações Gregas para a Penín-
sula Ibérica A Lisboa Turística, entre o Imaginário e a Cidade
Ana Margarida Arruda - A Construção de um Lugar Turístico Urbano
Ed. Colibri, 1997
EduardoBrito Henriques
Preço:2.100$00
Ed. Colibri, 1996
Código: COL.E.6
Preço:2.100$00
Código: COL.E.3
Vilas e Cidades