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Capitulo 1 Evolucao histérica dos eventos ao Turismo de Eventos no mundo AS ORIGENS DOS PRIMEIROS EVENTOS Anterior ao surgimento da palavra turismo, os homens haviam descoberto que existia um grande espaco no seu entorno e que nele Poderiam deslocar-se pelos mais diversos motivos. Osser humano sempre foi 4vido por viver situagdes de descober- tas e de grandes acontecimentos. Isso podemos verificar desde a ci- vilizagao antiga, em que encontramos os primeitos registros de des- locamentos de pessoas de uma localidade a outra, em que se reuniam ara tratar de assuntos de interesse de todos. Os primeiros registros que identificaram esses deslocamentos, que podemos considerar como origens do Turismo, mais especifica- mente do Turismo de Eventos, foram os primeiros Jogos Olimpicos da Era Antiga, datados de 776 a.C. Esse tipo de evento acontecia na Grécia de quatro em quatro anos e possufa cardter religioso. No period em que estavam ocor- rendo os jogos, estabelecia-se uma trégua e nenhum tipo de comba- te era travado. Foi a partir dos Jogos Olimpicos que o espirito da hospitalidad: desenvolveu-se. Conta a histéri Pante das reunides e que as O sucesso dos Jogos Olimpicos, realizados em Olimpia, fez com que outras cidades gregas, como, por exemplo, Corinto, passassem organizar seus proprios jogos, concursos ¢ demais atracocs. Outro tipo de acontecimento identificado na Antigitidace foram as Festas Saturndlias, instituidas em 500 a.C., das quais derivam o carnaval O primeiro evento realizado, denominado congresso, aconteceu (m 377 a.C,, em Corinto. Este congresso reunia todos os delegados las cidades gregas, que elegeram Felipe o generalissimo da Grécia lutas contra a Pérsia. Em 56 a.C,, aconteceu o tltimo evento da 4a, que foi Conferéncia de Luca. César, gracas a um grande esforco, conseguiu convocar para Luca, norte da Itilia, 0 evento que tinha por objetivo reconciliar os dois rivais Pompeu e Crasso. O objetivo do evento foi alcangado, César aumentou o poder do Triunvirato e derrubou 0 Se- nado, Com 0 declinio da civilizagao antiga, surgiu 0 Cristianismo. Os nos, incapazes de acabar com o Cristianismo, tentaram buscar io No Crescente néimero de cristaos do Império. Mas, nem todos 08 Cristdios viam com bons olhos o aumento da riqueza e do poder Igreja. A civilizagao ai lurismo de Eventos 0 espirito de hosp s0 @ Os primeiros espacos cle eventos. ga deixou de heranca para o Turismo e para o idade, a infra-estrutura de ICAO_DOS EVENTOS: OS EVENTOS RELIGIOSOS E OS EVENTOS us k Os eventos so acontecimentos que possuem suas origens na ile e que atravessaram diversos periodos da historia da ci- humana, atingindo nossos dias, Nessa trajet6ria, foram ndlo caracteristicas econdmicas, sociais ¢ politicas das so- ivas de cada época rela do Império Romano, o triunfo do Cristianismo eo 2s germanicos em terras que haviam sido ro: ISTORICOS ¢ € a atividade com castelos & mosteiros. Os eventos que aconteceram nese periodo retra ercial, que foi desenvolvida préxima aos am bem essas caracteristicas, como também tendéncias futuras. A Idade Média foi de pouca expressao para o desenvolvimento do Turismo de Lazer em Conseqiiéncia da falta de seguranca nas estradas. Em outros aspec- {05, porém, foi promissora porque propiciou o surgimento de instru: mentos que poderiam facilitar as viagens, como © Guia de Estradas de Charles Estiene (1552), que continha informagées, roteiros e im- Presses sobre viagens, e a publicacaio Of Travel, de Francis Bacon (1612), com uma série de orientacdes para viajantes, Para o Turismo de Eventos, a Idade Média foi bastante significa- tiva, pois praticamente plantou as bases para o desenvolvimento dlesse tipo de turismo, Foi marcada por uma série de eventos religio- Sos € comerciais, que causaram 0 deslocamento de um grande ni- mero de pessoas, como membros do clero, mercadores e outros Os principais tipos de evento que marcaram essa 6poca foram os religiosos (os concilios e as representacdes teatrais) © os comerc (as feiras comerciais). Os membros do clero se deslocavam para participar dos conci- , NOs quais eram discutidos assuntos relacionados a doutrina @ pumas da igreja. Nao se preocupavam com os problemas de se- Buranca, porque representavam a autoridade maxima da época Os mercadores, para participar das feiras, pagavam tributos ao senhor ou clero em troca de protegao, tanto no caminho de ida quanto no de volta das f is ras, Com relacao as representacées teatrais, podemos dizer que ti nham carater religioso. Iniciaram-se no interior d. do algumas passagens da missa para quebrar a monotonia do 1 Posteriormente, comecaram a encenar outras ceriménias e, em f 6a0 do grande ntimero de espectadores que atraiam, as igrejas tor- naram-se pequenas. $6 entao as representacdes teatrais ganharam as ruas & a praca publica O declinio da Idade Média trouxe de volta aos individuos 0 es- lo inve ns 4 + ORGANIZACAO DIE EVEN {4 mostrar o seu trabalho, adquirir experiéncia pro- que viajavam p fissional e também conhecer outras localidades. Dessa época, sao também as viagens conhecidas como Grand Tour, que eram realizadas por jovens da nobreza para complemen- tar 0s seus conhecimentos e adquirir experiencia profissional. Outras realizagées da época que propiciaram o surgimento do Turismo foram 0 aparecimento de meios de hospedagem — albergues ou estalagens ~ e a melhoria das condigdes de viagens, quando as carruagens passaram a oferecer maior conforto e seguranca aos pas- sageiros. Essas realizacoes beneficiaram tanto o Turismo de Lazer quanto 0 Turismo de Eventos, pois com toda essa movimentacao das pessoas em busca de conhecimento, as viagens passaram a ser mais agradé- veis. A Revolugao Industrial operou grandes mudancas na sociedade, transformando a economia manual em mecanizada. O trabalho hu- mano ou animal foi substitufdo por outros tipos de energia, como a maquina a vapor ou de combustao. Essas mudangas causaram trans- formagées também nos transportes e comunicagao. Todas essas mudancas que se processaram refletiram também nos tipos de eventos realizados, causando o surgimento dos eventos ientificos € técnicos. Para Miyamoto, eventos cientificos s40 aqueles promovidos por entidades ligadas aos ramos das ciéncias naturais e biolégicas. Con- forme suas caracteristicas, podem denominar-se: mesas-redondas, simpésios, seminérios, conferéncias, cursos, painéis, congressos € ou 10s. Os eventos técnicos sao aqueles realizados por entidades liga as ciéncias exatas € sociais. O seu desenvolvimento e as d nagdes que recebem sao semelhantes aos dos eventos ci Turismo e 0 Turismo de Eventos como atividade organizada ram no século XIX, quando 0 inglés Thomas Cook organizou a la de um grupo de pessoas para participar de um congress, Nao foram os eventos cientificos e técnicos, portanto, que pro- m0 desenvolvimento do Turismo de Eventos. Esse tipo de Tu- s comerciais da Idade Média, mica eo. mo atividade ec outros ow FUNDAMENTOS ECO» IS DOSEVENTOS «5 como eventos esportivos, feiras de amostras e, principalmente, das exposigdes universais. No século XX, 6 aparecimento do automével causou verdadei- ro impulso ao Turismo. Depois do automédvel é a vez do aviao, que encurtou as distancias, propiciando aos viajantes rapidez, seguranca © conforto. Todas essas facilidades oferecidas pelos avancos tecnolégicos em termos de transporte, comunicagao e comercializacao de bens servigos turisticos so as molas propulsoras do desenvolvimento do Turismo e do Turismo de Eventos. Os eventos religiosos: os concilios ¢ as representagées teatrais Os principais concilios O primeiro concilio registrado nessa época foi o Concilio de E vira. Aconteceu em 300 d.C., foi convocado por S80 Gregorio e nha por missao evangelizar a Arménia. Em 325, 0 Imperador Constantino convocou os bispos de todas as partes do mundo romano para a primeira assembléia de uma sé- rie de vinte e uma. Essa reunido denominou-se Concilio de Nicéia e visava resolver problemas que estavam ocorrendo dentro da rel O evento aconteceu em Nicéia, na Asia Menor, e tinha por objetivo defender a unidade religiosa como fator de forca politica. Como te- sultado da reuniao, foi decretado o exilio de Arius, sacerdote grego de Alexandre, que negava essencialmente a divindade de Cristo, um (a0. dos preceitos da re! Posteriormente, ocorre 0 Concilio d em que se afirmou o dogma da Sai Constantinopla, em 381, sima Trindade, As divergéncias entre os membros da Igreja nao apresentaram nenhum sinal de solucao e, para tentar resolver essas questées pen- dentes, foi convocado, em 431, 0 Concilio de Ffeso, que marcou 0 inicio da grande cisio da Igreja crista, o monofisismo. Esse resultado, contu 9, deixou muitos ocidentais descontentes, © Concilio da Caledonia pa 0 diofisi tentar re F, tendo inici 7387 prok 6 + ORGANIZAGAO DE EVENTOS Adriano |e teve como resultado a condenagao dos iconoclastas, que combatiam o culto das imagens. Em 1095, acontece na Franca 0 Concilio de Clermont, em que © Papa Urbano Il exagerou ao referir-se sobre o perigo que a cristan- dade oriental representava. As divergéncias entre a Igreja romana e a cristandade oriental eram cada vez mais acirradas e, em 1117, préximo a Toulouse, em Saint-Felix de Camaran, foi realizado um concilio por iniciativa de um bispo vindo de Constantinopla. Isso fez com que a Igreja roma- na empreendesse um esforco enorme para combater essa ameaca Em 1179, acontece o Ill Concflio de Latrao, no qual Alexandre Il coloca a necessidade de se usar a forga para combater os hereges. Posteriormente, em 1184, visando reforcar o Ill Concilio de La- trdo e o poder da Igreja, Lticio Ill realiza em Viena um concilio, que criou uma constituica0 proclamada em 4 de novembro, definindo que * 05 condes, os bardes e outros senhores jurassem prestar apoio a Igreja, sob pena de excomunhao; © os habitantes denunciassem ao sacerdote toda pessoa que fos- se surpreendida praticando heresia; * 05 padres visitassem pessoalmente, duas vezes por ano, as ci- dades e as aldeias; * os hereges fossem declarados infames para sempre e despoja- dos de seus cargos. A Igreja, em 1200, convoca 0 Concilio de Avignon, que instituiu que, em qualquer paréquia, seria criada uma comisso composta de um padre e dois ou trés leigos integrados, com promessa e sob jura- mento de denunciar todos aqueles que se tornassem hereges. Em 1215, a Igreja continua sua caminhada. Procurando cada vez mais firmar sua autoridade, realiza em Roma, na Basilica de S40 Joao Latrao, 0 VI Concilio de Latrao, em que Inocéncio Bispo Universal e reuniu um dos mais importantes concilios ecuménicos clos © of assistentes pelo papa. FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS € SOC IS DOS EVENTOS + 7 Esse evento foi a expressdo culminante da supremacia de Ino- céncio III. Foi composto por cerca de 1.200 padres e representantes dos governantes seculares. A Igreja cada vez mais buscava formas para mostrar sua autor dade, ameacando ainda mais sua unidade e, em 1409, foi realizado © Concilio de Pisa, do qual participaram os homens mais destacados da Igreja, para colocar um final ao cisma, ou seja, 0s cristios tinham dois papas: Urbano VI, em Roma e Clemente VII, em Avignon. O concilio aconteceu com a presenga de centenas de religiosos, que ndo reconheceram nenhum dos papas e escolheram um novo. © concilio nao foi reconhecido por nenhum dos pontifices exis- tentes, entdo foi convocado novo concilio para 1414, que ocorreu na cidade de Constanga. O assunto, entretanto, perdurou por varios anos e, em 1431, foi realizado 0 Concilio da Basiléia, na Basiléia, com 0 intuito de por fim ao cisma. Mesmo enfraquecida, a Igreja tenta resolver suas divergéncias e conquistar a posi¢ao perdida: convoca 0 Concilio de Trento, que du- rou 18 anos, de 1545 a 1563. Sob a diregdo dos papas Paulo I I, Ja € Pio IV, promulgaram-se os dogmas contra os protestantes. O VI Concilio de Latrao foi o primeiro evento em que encontra- ‘mos registros que identificam o local onde aconteceu e também o ntimero de participantes. Isso demonstra que naquela época, mesmo nao sendo uma atividade organizada como a que conhecemos atual- mente, ja provocava o deslocamento de um grande ntimero de pes- soas para as localidades que sediavam eventos, gerando, assim, uma série de outras atividades para atender essas pessoas. Representacoes teatrais Com relacao a esse tipo de evento, deve ser ressaltada a mani- festacdo de teatro medieval, que acontece na cidade alema de Oberammergan, desde 1634, que é a encenagao da Paixao de C to. Essa encenacao ocorre em praca ptiblica e, atualmente, chega a receber até 300 mil turistas no decorrer da temporada. {8+ ORGANIZAGAO DE EVENTOS Os eventos comerciais: as feiras comerciais As feiras comerciais eram uma das formas de comércio mais im- portantes da Idade Média. Surgiram em funcao da necessidade dos individuos de comer, vestir-se, armar-se etc. Durante 0 perfodo de rea- lizagao das feiras, eram concedidas liberdades e pr tais como suspensio de hostilidades e das guerras, liberdade para or- ganizar jogos proibidos e outras liberdades para garantir as trocas, assegurando, assim, a subsisténcia. As feiras ofereciam oportunidade de comércio em escala cres- cente, 0 que propiciou o desenvolvimento das atividades produtivas, pois criavam mercado para 0 que fosse produzido. As mais antigas que ocorriam com uma certa regularidade eram as da Regio de Champagne, na Franga, e datam de 427. Essas feiras eram freqden- tadas pela rica clientela flamenga e italiana. As principais feiras da Regido de Champagne sao: * Lagny (Seine-et-Marne) — no més de janeiro; © Bar-sur-Aube (Champagne) ~ na quaresma; * Provins ~ em maio e setembro; * Troyes — em setembro e novembro. Cada feira durava, em média, de seis a sete semanas e movimen- tava o mercado internacional praticamente o ano inteiro. As feiras eram organizadas de tal forma que colocavam 0s pro- dutos e os mercados da Franga, dos Pafses Baixos e do Vale do Reno em contato com os da Provenga, Espanha, Italia, Africa e Oriente, © comércio internacional e atacadista era dominado pelas Fei- ras Regionais. Podemos citar como as de maior importancia as da Franca (Paris, Lyon, Reims e Champagne), da Alemanha (Colénia e Frankfurt, Leipzig e Liibeck) e da Itélia (Ferrara e Parma). Além dessas feiras, outras de menor repercussao ocorriam em le, Ypres, Douai e Bruges), na Turquia, na Espanha, na terra (Londres e Stourbridge), na Austria, na Suiga (Genebra) e FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS E SOCIAIS DOS EVENTOS + 9 esso de intercdmbio interno como também no processo civilizador que acompanha o contato com as novidades. Além das Feiras Regionais, principalmente as da Regio de Champagne, outras comecaram a surgir e, em 629, proximo de Paris, surge uma feira dedicada a St. Denis, com duracao de quatro semanas. J4 € sabido que as feiras eram grandes fontes geradoras de rique- za ea Franga foi um pafs que soube explorar esse tipo de evento. E fato que, além das outras feiras que aconteciam em seu territ6rio, ha- via desde 1110, na cidade de Patis, as feiras dedicadas a St. Lazare, a de St. Germain (desde o século XI Em 1211, a Inglaterra ganha concessao do Rei John para a Feira de Stourbridge. A Franca tanto procurou explorar os beneficios econémicos ge- rados pelas feiras que criou outras tao famosas quanto as que j pos- sufa: Beaucaire (1217) e Nimes (1222). Esse pais sempre foi o paraiso das feiras, mas, durante o reinado de Felipe IV (1285-1314) elas entraram em decadéncia, porque o rei resolveu regulamenté-las, cobrando uma série de taxas, levando-as a uma situagao de pendria que terminou cessando a atividade. Isso fez com que outros pafses comecassem a se destacar no ramo. Apés 0 reinado de Felipe IV, que causou uma certa retracao na atividade em fungao das altas taxas cobradas, surgem outras feiras na Franca, tais como: a Feira de Lyon, em 1463; a de Rouen e Bordeaux, em 1505; a de Toulouse, em 1595; a de S. Lourenco em 1622 e a de S. Ovidio, em 1761 A Franca sempre foi a pioneira na realizacao de feiras, mas ou- tros pafses comecaram a se interessar pelo ramo, porque perceberam que elas eram grandes acontecimentos e possufam um cardter infor- mativo; por seu intermédio, as pessoas entravam em contato com as novidades que estavam sendo produzidas, tanto de origem nacional como internacional, o que propiciava a comercializagio dos produ- tos e gerava riquezas para o pals. AAlemanha instituiu, em 1628, a Feira de Leipzig, que 6 a mais antiga do pafs, famosa até hoje e responsavel por ‘atrair milhdes de turistas todos 0s anos. As feiras realizada |, como também nesse rove 10 + ORGANIZAGAO DE EVENTOS niimero de pessoas interessadas em efetuar negécios, conhecer as novidades e até mesmo estabelecer contatos com outros povos Esse periodo foi muito rico em termos de atividade comercial devido a grande quantidade de feiras que originou. Algumas delas perduram até os nossos dias € so importantes para 0 Turismo de Eventos, porque as bases para seu desenvolvimento comecaram a ser plantadas. Os primeiros eventos cientificas e técnicos: o surgimento do Turismo e do Turismo de Eventos O primeiro congresso cientifico ocorreu em 1681, em Roma. Foi um Congreso de Medicina Geral, que deu inicio a eventos de cunho nao religioso. Posteriormente surgem os eventos técnicos. O primeiro deles foi © Congreso de Viena, que aconteceu em 1815, apés a derrota de Napoleao. Esse congresso reuniu as poténcias européias para elabo- rar um acordo de paz e decidir sobre a redistribuicao dos territérios que haviam sido conquistados por Napoleao na sua politica expan- sionista. As discussdes do congress duraram meses. Em 1841, acontece © Congreso Antialcoslico nas cidades de Leicester e Loughborough. O inglés Thomas Cook, também conhe- cido como 0 pai das viagens organizadas, levou 570 pessoas para participarem do congresso. Foi a partir desse evento que 0 Turismo se iniciou como atividade organizada e também surgiu 0 Turismo de Eventos. Os concilios, eventos originados na Idade Média, continuaram a acontecer e, em 1879, 0 Papa Pio IX convocou 0 Concilio Vatica- no I, no qual se definiram o primado e a infalibilidade do papa. O segundo evento da série, 0 Concilio Vaticano Il, aconteceu no perfo- do de 1962 a 1965, foi iniciado pelo Papa Joao XXill e continuado ap6s sua morte pelo Papa Paulo VI Em 1844, Bismark ¢ Jules Ferry, 0 primeiro Ministro da Franca, convocaram a Conferéncia de Berlim, reuniao internacional das ndes poténci: abelecer algumas regras basicas para 0 FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS F SOCINS DOS EVENTOS + 11 dial, em 1919, acontece a Conferéncia de Paz, em que representan- tes dos poderes aliados reuniram-se em Paris para delinear os termos de paz para a guerra. No periodo entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, varios Outros eventos cientificos e tecnicos aconteceram pelo mundo, mas a sua identificacao nao foi possivel, devido a inexisténcia de registros. A CONSOLIDAGA DO TuRISMO DE EVENTOS ~ SECULO xvi © advento da Revolugao Industrial trouxe um novo impulso para uma atividade comercial que existia desde a Idade Média, a Feira. As feiras tornaram-se verdadeiras organizacées comerciais planejadas, que passaram a motivar ainda mais as pessoas a se deslocarem em busca de informagées e troca de produtos, fazendo com que as via- gens a partir dai passassem a apresentar também interesse profissional Para atender a esse novo tipo de atividade emergente, espacos foram sendo adaptados e construidos e tornaram-se as bases que de- senvolveram 0 Turismo de Eventos. O primeiro espaco foi a Society of Arts, mais tarde rebatizada de Royal Society of Arts, criada em 1754 com o objetivo de estimular as artes e a indtstria, Esse propdsito foi consolidado por meio de con- cursos que visavam ao desenvolvimento ¢ as habilidades em dese- nho, agricultura, silvicultura e produgao industrial A Royal Society of Arts adquiriu os desenhos, 0s modelos e as méquinas premiadas e, em 1761, realizou exposicdo de suas aquisi- 6es. Posteriormente, essa exposi¢ao foi transformada em museu. A seguir, a Franca, em 1797, realizou no Castelo de Cloud uma feira onganizada pelo comissério das Fabricas Reais, Tapecarias Go- belin, Sevres (porcelana) e Sovonneries (tapetes), para acelerar a ven- da dos estoques ¢ diminuir © desemprego entre as pessoas que traba- thavam nas inddstrias. © primeiro pavilhao de feiras e exposicdes do mundo foi 0 Pa- acio de Cristal, em Hyde Park, na Inglaterra, construido em 1851 sediar a primeira de 6 ndes feiras ¢ exposicées na série de g + ORGANIZACAO DE E cagao de novas tecnologias, combinando elementos como vidro, fer- fo, aG0 e concreto armado. Apresentava uma gigantesca estrutura, da qual sobressafa uma imensa ab6bada de vidro, sustentada por uma armagao de ferro. Essa primeira utilizacao de vidro em grande esca- la trouxe notoriedade para seu idealizador, Sir Joseph Paxton, além de representar um progresso considerdvel para a arquitetura da civi- lizagao industrial Para a Exposi¢ao Mundial de Londres, que aconteceu no Palé- cio de Cristal, 0 inglés Thomas Cook organizou uma viagem a fim de levar 165 mil pessoas para assistir ao evento, A construcao do Palacio de Cristal e a visio empreendedora de Thomas Cook formaram 0 casamento ideal, que sedimentou o de- senvolvimento do Turismo de Eventos Ap6s a realizacao da feira, 0 Palacio de Cristal foi transferido do Hyde Park para Sydenham e lé permaneceu até ser destruido por um incéndio em 1936. Posteriormente, outro pavilhiio de feira foi construide em South Kensington, Londres, para sediar a Feira e Exposicao Internacional de 1862. No local, hoje funcionam os Museus de Ciéncia e Histér Natural. m 1853, realizaram, icio semelhante ao Pal va York. Aprimeira Exposi¢o Universal de Paris aconteceu em 1855. Fe ymovida por Napoleae lle tinha por objetivo reforcar o prestigio lo Império & mostrar os produtos da industria francesa para compe- 08 estrangeiros. Para a construgao do edificio que sediaria o Ho, elaboraram um projeto em que predominavam o ferro ¢ o vi- a industria francesa nao estava preparada como a inglesa ler a tais solicitagées. O edificio foi construido em alvena- iz0u © ferro apenas para a cobertura da sala. Recebeu o ps Estaclos Unidos, a construgao de um icio de Cr para sediar a Feira de No- is de 1867 foi organizada no Cam- icio provis6rio, de forma oval, composto mod NDAMENTOS ECONO SRICOS ESOCIAIS DOS EVENTOS « igantesca rotunda com 102 metros de didmetro, obra do arquiteto gles Scott Russel, destinado a sediar a Exposi¢ao Universal Na Franca, 08 edificios do Trocadero foram construidos para a Feira de 1878. Estao localizados no Campo de Marte e serviram pata sediar outras feiras realizadas posteriormente. A principal delas foi a feira comemorativa do centendrio da Revolucao Francesa (1889) Para essa ocasiao, foi construida a Torre Eiffel como o grande atrati- vo da feira. O Grand Palais e 0 Petit Palais e a Ponte Alexandre sio as remi- niscéncias da Grande Feira de 1900. Como podemos observar, apés a realizacao da Exposico Mun- dial de Londres, varias outras exposigdes aconteceram pelo mundo, © que propiciou a construgao de muitos outros pavilhdes de feiras & exposigdes ¢ também a movimentacao de um grande ntimero de pessoas, desenvolvendo cada vez mais o Turismo de Eventos, con- forme é mostrado no quadro na pagina a seguir. Além das exposigées apresentadas no quadro acima, varias ou- tras aconteceram, mas, em virtude da inexisténcia de informagoes sobre elas, iremos identifica-las apenas a titulo de conhecimento. As exposicdes sao: Amsterda (1883), Antuérpia (1885), Nova Orleans (1885), Barcelona (1888), Copenhague (1888), Bruxelas (1888) e Ro- ma (1937), Com a Revolucao Industrial, 0 nimero de feiras & exposicées aumentou cada vez mais, porque era uma forma de mostrar € ven- der os produtos que estavam sendo produzidos pelas indistrias ¢ manter o nivel de emprego. Apés um milénio de sucesso, interrompido pelo poderio sincratico, foram teavivados os Jogos Olimpicos em 1896, pelo Ba- rao de Coubertin. Munido da melhor das intengdes, ele tencionava transportar da Gréci la. A cidade de Atenas se diou a primeira versio dos Jogos Olimpicos da Era Moderna, que ondrio, no qual, além de atletas e pai- ias ligadas ao esporte competem pela. supremacia ios- com 1» ORGANIZAGAO DE EVENTOS : QUADRO 1 EXPOSIGOES MUNDIAIS NO PERIODO DE 1851 A 1967 ANO | LOCAL | EXPOSITORES| AREA m* | N? VISITANTES | 151 | Londres) 13.037 105.222 | 6.039.105 1855 Paris, | 20.839 99.152 | 5.162.330 1862 Londres 28.653 | 91.058 6.211.113 1867 | Paris 43.127 165.927 6.805.969 1873 | Viena 25.760 161.880 | 6.740.000 _ 1976 | Filadélfia, 60.000 | 242.820 | 9.892.625 1878 | Paris 52.835 267.102 | 16.100.000 1879 | Sidney 9.345, 60.705 1.117.536 1880 | Melbourne 12.792 80.940 1.330.279 1886 |_Londres © 52.611 | 5.550.745 1889 Paris 61.722 291.384 | __32.350.197 1893 | Chicago me) 809.400. 21.477.212 1900 | Paris | 900.000 2.221.803 30.000.000 1901 Buffalo 3.500 1.416.450 | 8.120.048 i901 Glasgow oO LE oO 1.559.649 1904 | St, Louis oO 5.147.784 | 19.695.000 1905 | Lidge 16.119 700.131 7.000.000 1908. Londres 13.500 566.580_| 8.396.673 1910 | Bruxelas oO {809.400 | 4.196.939 1915" | Saofrancisco 30.000 | 2.569.845 13.127.103 1924/25 | Wembley 890.340 27.102.498 1926 Filadélfia { | 5.852.783 1931 Paris [2.023.500 33.500.000 1933 | Chicago 1.715.928 | 22.565.859 1935 | Bruxelas | 1.517.625 , 26,000.00 1937__| Paris | 1.011.750 | 34,000.00 1938 Chicago | oO | a 1939/40° | Nova York | 4.921.152 44.932.978 1951 | Londres oO 18.000.000, 1958 Bruxelas 10.000.000 1962 | Seattle 40.000.000 1964/65 Nova York 31.700.000 1967 | Montreal 10.000.000 ir dessas datas em conseqlitn- FUNDAMINTOS ECONOMICOS, HISTORICOS € SOCIAIS DOS EVENTOS inteiro, que se deslocam para o pais-sede para assistir 4s competigées Esse evento somente ocorre no pais que apresenta oferta de meios di hospedagem, transporte, instalagoes esportivas diversas, seguranca outros servigos complementares necessarios para receber todos o participantes. Como podemos verificar, o Turismo de Eventos, para se desenvol ver, nao necessita somente de espacos que possibilitem a realizacai dos eventos, mas também de meios de hospedagem e transportes que sao a base de sustentacao da atividade turistica. QUADRO 2 OLIMPIADAS NO PERIODO DE 1896 A 2000 LOCAL ‘Atenas Paris St. Louis Londres Estocolmo* _Antuérpia Paris ‘Amsterda Los Angeles Berlim* Melbourne Roma Téquio México Munique Montreal Moscou _ Los Angeles Seul Barcelona ‘Allanta Sidney 16 * ORGANIZAGAO OE EVENTOS No século XX, foram instituidas as Feiras de Amostras. A Feira de Leipzig (1894) foi a precursora delas, pois ja havia alcangado repu- taco internacional no fim do século XIX. A Feira de Paris (Feira de Amostra) que foi instituida em 1904, sob a protegaio da Camara de Comércio, é a tinica além da de Leipzig, an- terior a Primeira Guerra Mundial. Nao foi encontrado nenhum regis- tro que identificasse o local onde esta ocorreu. Além das Feiras de Amostras que antecedem a Primeira Guerra Mundial, aconteceu também em Paris, em 1910, 0 Salon d'‘Automne de Paris, que mostrou a arte nova e o modernismo antes da guerra. A Inglaterra s6 iniciou suas atividades na organizacgao de Feiras de Amostras de caréter nacional em 1915. A Feira de Indistrias da Gra-Bretanha teve por objetivo mostrar aos homens de negécios in- gleses ¢ estrangeiros os artigos produzidos no pats, que antes eram importados da Alemanha. As principais Feiras de Amostras realizadas no perfodo de 1916 a 1927, que levaram um grande ntimero de pessoas aos pafses onde estavam ocorrendo, sio mostradas no quadro a seguir. QUADRO 3 FEIRAS DE AMOSTRAS NO PERIODO DE 1916 A 1927 ANO LOCAL FEIRA 1916 Franga - Feira de Lyon 1916 Franga Feira de Bordeaux 1917 Franca Feira de Pari 1917 Espanha Feira de Valencia 1920 Fspanha Feira de Barcelona 1920 Bélgica Feira de Bruxelas 1920 Teheco-eslovaquia Feira de Praga 1926 | Franca Feira de Bordeaux 1927 Franga Feira de Lille ont: MICs As Feiras de Amostras continuaram a acontecer e, em 1935, é a experiéncia, organizando a Feira de Amos- » Nacional de Arquitetura de Milao. FUNDAMENTOS ECONOMICOS, ISTORICOS E SOCIAIS DOS EVENTOS © 17 Em 1939, a Feira de Leipzig (Feira de Amostras) precisou de 24 pavilhdes espalhados pela cidade, tal a grandiosidade que alcangou. Hoje, ela faz parte dos calendarios internacionais de feiras e recebe milhares de pessoas durante a sua realizacao. Em 1922, surgiu na Alemanha a Sociedade Feira de Col6nia, com imével proprio para sediar seus eventos, localizado na regiao central da cidade, préxima ao Rio Reno. Atualmente, além do recin- to de exposigdes, possui instalagdes para congressos e convencées, com capacidade para 12 mil pessoas, esttidio de videoconferéncia, 34 restaurantes com 73 mil lugares, estacionamento para 14 mil vef- culos e 1 heliporto. No ano de 1925, aconteceu em Paris a Exposicao Intemacional de Artes Decorativas de Paris. Em 1928, o Palacio das Exposigdes de Roma apresentou a 1® Mostra de Arquitetura Racional Um evento de grande destaque desde © seu surgimento, em 1930, até hoje, e que muito tem contribuido para o desenvolvimen- to do Turismo de Eventos no mundo é a Copa do Mundo, que sem- pre movimentou um grande ntimero de paises participantes, como também de espectadores para o pais-sede do evento. A Copa do Mundo 6 um evento mundial que envolve uma série de paises, ndo s6 do ponto de vista esportivo, mas também do eco- némico e politico. O quadro a seguir mostra os paises-sede do cam- peonato. Se formos analisar caso a caso, encontraremos sempre uma igac4o com algum momento politico e/ou econdmico importante que fez com que determinado pais fosse escolhido para sediar a Co- pa do Mundo. O Uruguai foi escolhido em 1930 como sede da primeira copa porque sua selecao havia vencido os torneios olimpicos de 1924, em Paris, e de 1928, em Amsterda. Das selecdes européias, apenas a Franga, Bélgica, Roménia e lugoslavia se dispuseram a pegar um na- vio para Montevidéu O evento de 1934 aconteceu na Italia e, para Benito Mussol i, era um ponto de honra ganhar a Copa do Mundo que sediaria, por- que a vit6ria dos italianos seria propaganda do fascismo, regime au- toritério que avancava na Europa. Para garantir o melhor time posst- ‘18 © ORGANIZACAO DE EVENTOS: Com relacao 4 Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil, po- demos afirmar que dois fatos contribuiram para que 0 evento acon- tecesse em nosso pats: um foi a volta de Gettilio Vargas ao poder, ¢ © outro porque era o Unico pais fora da Europa, destruida pela 2° Guerra Mundial, que estava predisposto a sediar 0 campeonato e ti- nha condigdes para isso. A realizacao do evento no Brasil coincidiu com a inauguragao do Estédio Mario Filho, também conhecido co- mo Estédio do Maracana. Mais recentemente, em 1986, 0 México foi palco do campeona- to, em conseqiiéncia da desisténcia da Colémbia de sediar 0 evento em fungao de problemas politicos e de seguranga que afetavam o Pais e que perduram até nossos dias. Mesmo a capital mexicana ten. do sido arrasada por um terremoto em setembro de 1985, 6 pats se Preparou as pressas e tudo correu sem nenhum problema. ‘Copa do Mundo de 1998, realizada na Franga, recebeu duran- te seu acontecimento selecées de 32 pafses, 13 mil jornalistas para cobrir 0 evento e aproximadamente 2,5 milhdes de espectadores, Que contribufram para aumentar o nimero de turistas que visitam o O Turismo de Eventos é uma ativi idade econémica muito impor- tante, pois garante a sobrevivéncia de muitas localidades que vivem do seu desenvolvimento. A Segunda Guerra Mundial foi um periodo de interrupgaio na realizacao de eventos, conseqiientemente do desenvolvimento do Turismo de Eventos, conforme verificamos anteriormente com rela- G0 as Grandes Feiras (em especial as que ocorriam na Alemanha), Olimpiadas e Copa do Mundo. As atividades s6 foram retomadas ap6s 0 término da guerra. Para a Alemanha, a retomada da realizacio das feiras foi de gran- de importncia, por ser a Gnica forma de angariar fundos que o pats encontrou para a reconstru¢ao dos estragos provocados pela guerra, Em 1947, € realizada a Feira de Leipzig, uma das principais feiras atualmente na Alemanha, que recebe um grande niimero de partici- pantes de todo 0 mundo. Dusseldorf iniciou essa nova fase porque jd tinha uma tradi¢ao Hescle 1811 em feiras internacionais, o que contribuiu para que iedacle Noroeste Alema de Exposicées, a NOWEA, cidade na rota inten FUNDAMENTOS FCONOMICOS, HISTORICOS E SOCIAIS DOS EVENTOS « QUADRO 4 PAISES-SEDE DA COPA DO MUNDO NO PERIODO DE 1930 A 1998 ANO Pals 1930) “Uruguai_ _ _ 1934 a _ [ 19388 “Alemanha aes ao eeeees = — 1954 = _Suiga a 1958 [ suécia a 1962 ai 1966 | nglaterra 1970 = __ México - _ 1974 | Alemanha - a 1978 [ Argentina - 1982 Fspanha - 1986 “México 1990 | tala a 1994 | Estados Unidos 1998 Franga Fonte: Fundagao Padre Anchieta ~ TV Cultura Nota: (*) A partir dessa data até 1950, 0s eventos da Copa do Mundo foram suspense fem conseqiéncia da Segunda Guerra Mundial O surgimento dos eventos e do Turismo de Eventos no Brasil antes as que ocorriam na Ida ss0 6, elas aconteciam em locais abertos, onde os com ciantes armavam suas batracas para vender os seus produtos As feiras geralmente aconteciam aos domingos ou em dias tos, em paralelo aos festejos religiosos. Nessas feiras, sempre ha igura do cego cantador, o tirador de quadras, © poeta ist6rias © Os. 120 +s ORGANIZAGAO DE EVENTOS A feira mais famosa que acontecia nesses moldes era a do Largo da Gléria, no Rio de Janeiro, que mais tarde deu origem a um mer- cado. Esse tipo de feira, com o passar do tempo, foi sendo aperfeicoa- do até apresentar a forma das atuais feiras que ocorrem nos grandes pavilhdes de feiras e exposicdes. O primeiro evento que se tem conhecimento, ocorrido em espa- 0 destinado a realizagao de eventos, foi um Baile de Carnaval em 7 de fevereiro de 1840. Esse baile aconteceu nos sal6es do Hotel Itd- ia, depois da proibicao do entrudo, o precursor do Carnaval. Na- quele mesmo més e ano, 0 Café Neville, também no Rio de Janeiro, anunciava 0s seus bailes. ‘Até entao, 0 Brasil nao tinha nenhuma experiéncia em organizar eventos técnicos e cientificos, feiras e exposigdes. Para adquirir co- nhecimentos em termos técnicos e organizacionais no assunto, come- ou a participar das Feiras Internacionais. As principais foram: Exposi¢ao Internacional de Londres (1862); Exposicao Universal de Paris (1867); Exposicao Universal de Viena (1873); Exposicao de Filadélfia (1876); Exposicaio Universal da Antuérpia (1886); Exposicao Universal de Paris (1889); © Exposi¢’o Universal Colombiana de C! ago (1893) Para participar dk pendéncias do Museu Nacional do preparatéria. Em 1908, aconteceu no Pavilhao de Feiras da Praia Vermelha a Exposic¢ao Nacional, que foi um marco importantissimo para a ativi- dade eventos no Brasil, ou seja, foi a primeira feira realizada no pais nos moldes das atuais, sediada no primeiro local construido para re- ceber grandes feiras. © Brasil, porém, s6 se firma mesmo como organizador de feiras 2, quando realiza no Palacio de Festas, no Rio de Janeiro, a Centenario, evento esse que tinha por a tltima exposi¢ao, o Brasil realizou nas de- io de Janeiro uma exposigao FUNDAMENTOS ECONOMICOS, STORICOS F SOCIAS DOS EVENTOS « 21 outros acontecimentos paralelos ocorreram em outros espagos, como na Escola Nacional de Belas Artes. Esse foi um grande passo para o Brasil comecar a desenvolver 0 Turismo de Eventos. A Exposi¢ao Internacional do Centenario contou com a participacao de quatorze paises expositores: Argentina, Esta- dos Unidos, Portugal, Inglaterra, Bélgica, Franca, Noruega, México, Dinamarca, Italia, Suécia, Uruguai, Theco-Eslovaquia e Japao. A ex- posi¢do aconteceu no periodo de 7/9/1922 a 2/7/1923. Ao todo, fo- ram 15 pavilhdes construidos no recinto do evento, que recebeu cer- ca de 3.626.402 pessoas, uma média didria de 12.723 visitantes. Em 1923, foi inaugurado 0 Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, local que passa a abrigar em seus saldes os mais diversos ti- pos de evento, e que atrai um grande ntimero de participantes até os dias de hoje. Ainda na década de 1920, mais especificamente em 1928, 0 Bra- sil realiza o seu primeiro evento de turismo, chamado Convencao Inte- restadual de Turismo, organizado pela Sociedade Brasileira de Turismo, hoje Touring Club do Brasil. Esse evento foi destinado apenas a seus as- sociados, Posteriormente, houve uma segunda convencao em 1932. No final da década de 1930 e inicio dos anos de 1940, ocorre a estagnagao nos diversos segmentos que compoem a atividade eco- némica em decorréncia da Segunda Guerra Mundial. Mesmo o mundo sendo vitima da Segunda Guerra Mundial, a década de 1940 apresentou-se bastante promissora para a hotelaria brasileira. Nesse perfodo foram inaugurados varios hotéis-cassinos. Esses hotéis, além dos jogos, ofereciam espetaculos nacionais ¢ in- ternacionais, como também grandes reunides e festas nos seus ou- tros saldes, que sempre ficavam repletos de pessoas provenientes de todo 0 Brasil e também de outros paises, Os principais hotéis que surgiram nesse periodo foram: © Parque Balnedrio (Santos ~ SP); * Atlantico Hotel (Santos ~ SP); © Quitandinha Hotel (Petrépolis ~ R); 22 + ORGANIZAGAO DE EVENTOS © Icarai Hotel (Niterdi — R)); © Grande Hotel Campos do Jordao (Campos do Jordao ~ SP). Com 0 término da Guerra, a economia voltou a reaquecer, as in- diistrias retomaram a produgao, as pesquisas € os estudos até entao terrompidos foram reiniciados. Isso fez com que o ntimero de even- tos crescesse, ocasionando a construgao ou adaptagao de espacos destinados a reunides, feiras e outros tipos de eventos. Na década de 1950, foi inaugurado o Estadio Mario Filho, tam- bém conhecido por Estadio do Maracana, no Rio de Janeiro. A sua ‘auguracao coincidiu com um dos eventos esportivos mais famosos do mundo, a Copa do Mundo. inicialmente, tinha por objetivo sediar apenas eventos esportivos, mas foi se adaptando a outros tipos de evento, tornando-se hoje palco de grandes shows nacionais e inter- Apos esse importante acontecimento em nosso pais, que atraiu um grande ntimero de pessoas durante a sua realizagao, 0 Turismo foi se transformando em uma atividade cada vez mais organizada. Em 1953, criou-se no Rio de Janeiro a primeira Associagao Brasi ra de Agéncias de Viagens ~ ABAV, que visava zelar pelo bom desen- volvimento das atividades prestadas pelos agentes de viagens. Poste- riormente, outras ABAVs foram surgindo. O primeiro evento representative do segmento das agéncias de viagens, que marcou o inicio de uma série, foi o | Congresso Brasi- leiro de Agéncias de Viagens ~ ABAV. Esse evento aconteceu em Sao Paulo no final da década de 1950 e vem se repetindo desde entao. Atualmente é considerado 0 maior evento do setor de turismo nacio- nal ¢ recebe a cada ano milhares de participantes nacionais ¢ inter- nacionais. Cabe ressaltar que, quando Congresso Brasileiro de Agéncias de iagens foi criado em 1959, nao existiam centros de convengdes no pais. Contudo, devido a sua importancia econdmica e social, varias lo- calidades se empenharam para tornar-se sede do congresso construin- » espagos adequados para sua realizagao. Os eventos realizados nos 1979, 1986, 1987 e 1993 marcaram o inicio das atividades ades-sede, como também ser- anos, onvengdes das loca FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS F SOCIA DOS EVENTOS #23 gens 1974 | I Congreso Brasi ro de Agéncias de Via- gens 1975 | A Congresso Brasileiro de Agencias de Via- ens 1976 I IV Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | Bens 1977 ' V Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- ens 1978 | VI Congresso Brasileiro de Agéncias de Via gens 1979 VII Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | gens 1980 | VII Congresso Brasileiro de Agéncias de Via~ gens ~ Reciprocidade de Direitos e Obriga- oes 1981 | 1X Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- gens O Agente de Viagem perante a Econo: 7 mia Nacional 1982" X Congreso Brasileiro de Agéncias de Via- ___| gens ~ Turismo: Desafio do Crescimento 1983 XI Congresso Brasileiro de Agencias de Via- gens ~ A Hora da Verdade 1984 | XII Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- ‘gens — Participagao do Turismo na Economia Brasileira 1985. Xill Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | tens = Turismo: Refs e a0 1986 QUADRO 5 CONGRESSOS DA ABAV DE 1959 A 2000 ANO CONGRESSO/TEMA 1959 | 1 Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | LOCALIDADE Sao Paulo/SP | | Guaruja/sP Porto Alegre/RS Fortaleza/Ce | Recife/PE | Rio de Janeiro} | I 'Sa0 Paulo/SP Blumenaw/SC Salvador/BA Brasilia/DF Belo Horizonte/MG myPA 28 © ORGANIZAGAO DF EVENTOS 1992 1993 1994 1995 1996 197 1998, 1999 1987 | XV Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | Natal/RN gens - ABAV: Valorizacao Profissional do ‘Agente de Viagem XVI Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | S40 Paulo/SP gens ~ Crise, Economia e Sobrevivencia XVII Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | Fortaleza/Ce gens ~ Brasil Turistico: Realidade e Futuro XVIII Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- ‘gens ~ Turismo: A Maior Inddstria do Mundo. | E no Brasil? XIX Congresso Brasileiro de Agéncias de Via Salvador/BA ‘gens — Ecologia, Infra-estrutura e Desenvolvi- mento XX Congresso Brasileiro de Agencias de Via- | Rio de Janeiro/R} gens ~ Bem-Estar Social: Desenvolvimento Turistico : XXI Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- | Foz do Iguacu/PR ‘gens ~ Turismo: Uma Safda para a Retoma- da do Crescimento - XXII Congresso Brasileiro de Agencias de Via- | Recife/PE gens ~ Turismo: Um Bom Negécio no Brasil? XXill Congresso Brasileiro de Agéncias de | Brasilia/DF Viagens ~ Da Forca Econdmica para Priori- dade Politica XXIV Congresso Brasileiro de Agéncias de | Salvador/BA Viagens j XXV Congresso Brasileiro de Agéncias de Via- Porto Alegre/RS, iio de Janeiro/R} | gens - XXVI Congresso Brasileiro de Agéncias de | Recife/PE Viagens XXVII — Congreso Brasileiro de Agéncias de | Curitiba/PR Viagens ~ Agéncias de Viagens: Para Onde iro de Agéncias | Salvador/BA Nowo Espago para or Ager | (eR SSS eR AS FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS E SOCIAS DOS EVENTOS « 25 QUADRO 6 NUMERO DE CONGRESSISTAS E NUMERO TOTAL DE PARTICIPANTES NOS CONGRESSOS DA ABAV ANO | N® DE CONGRESSISTAS N° DE PARTICIPANTES 1992 2.648 9.128 1993 1.620 8716 1994 3.218 9.716 1995, 3.432, 12.644, 1996 4.954 12.586 1997 4.505 12.291 Fonte: ABAV ~ 1998, Os congressos da ABAV mostram 0 crescimento do Turismo de Eventos e do Turismo Nacional, apresentando a tendéncia de uma maior profissionalizacao, em que os agentes de viagens demonstram © interesse crescente por informagdes técnicas € novas possibilidades de acordos empresariais, para melhor atender seus clientes Uma mostra dese crescimento ocorreu no aumento de comer- cializacao de espaco para a feira de produtos turisticos que aconte~ ce paralelamente ao Congresso. QUADRO 7 ESPAGO COMERCIALIZADO NAS FEIRAS DOS CONGRESSOS DA ABAV ANO. ESPAGO (em m') 1992 8.500 1993 8.180 1994 7.912 195 12.022 1996 25 + ORGANIZAGAO DE EVENTOS Outro marco importante desse periodo foram as comemoracoes do IV Centenario da Fundagao de Sao Paulo (1954), que culminou com a inauguragao do Parque do Ibirapuera. O conjunto arquitetd- nico do Ibirapuera foi projetado por Oscar Niemayer e as dreas ver- des ficaram a cargo do paisagista Burle Marx. O seu conjunto era ‘composto por: pavilhao de feiras, varios museus, areas para espor- tes, lago e outros. No Pavilhao de Feiras do Ibirapuera é que aconteciam as gran- des feiras, como: Salao do Automével, Saléo da Crianga e outras. Com a inauguragao do Palacio das Convengdes do Anhembi, nos anos de 1970, estas foram se transferindo para |, conforme o espa- 0 da Bienal ia se tornando insuficiente Como no Brasil a atividade Eventos era ainda muito recente, em 1967, um ano apés a criagdo da Empresa Brasileira de Turismo — EM- BRATUR, é realizado o Encontro Nacional de Turismo, no Rio de Ja- neiro. Em 1970, acontece o Salao do Automével, em Sao Paulo, mar- cando 0 inicio das atividades do Pavilhao de Exposicdes do Palacio das Convengées do Anhembi, mas somente em 1972 é inaugurado 0 Palacio das Convengdes, com um Congreso de Dermatologia. Outro evento representative do segmento de turismo, que surgiu no final da década de 1970, foi o Encontro Nacional de Bacharéis ¢ Estudantes de Turismo — ENBETUR. O evento foi criado em virtude da necessidade que os Bacharéis e Estudantes de Turismo tinham de poder expressar suas idéias e discutir assuntos referentes & categoria. A primeira versdo do evento aconteceu em 1979, na cidade de Ni- terdi, no Estado do Rio de Janeiro. Apés esse evento, varios outros passaram a ser realizados. Em 1999, sua denominagio foi alterada para Congresso Brasileiro de Turismo. Atualmente, o Brasil realiza um grande ntimero de eventos, pos- suindo cidades que vivem praticamente do Turismo de Eventos. A ORGANIZAGAO E PROFISSIONALIZAGAO DO SEGMENTO DE EVENTOS DO DO TURISMO DE EVENTOS: ORGANISMOS E ENTIDADES FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS E SOCIAIS 00S EVENTOS + 27 QUADRO 8 ENBETUR DE 1979 A 2000 ANO. CONGRESSO/TEMA, __LOCALIDADE 1979 | ENBETUR— Mercado de Trabalho e Formacao Profissional Niterdi/R) 1980 Il ENBETUR ~ Mercado Profissional, Formacio Belém /PA Regulamentagao Profissional 1981 IIIENBETUR — Regulamentacao Profssional, Autonomia do | Porto Alegre/RS Curso de Turismo e Reformulacao Curricular 1983 |IV ENBETUR - Politica Nacional de Turismo Brasilia/DF 1985 |V ENBETUR ~ Turismo - Nova Reptblica, Nova| Belo Horizon- 'Mentalidade, Novas Perspectivas | teIMG 1 ENBETUR ~ Turismologos: Conscientizagao ¢ Or-. Sd0 PauloySP ‘ganizagao no Contexto Nacional 1987 VIL ENBETUR — Turismo, Politica e Desenvolvimen- BelénvPA to ~ no Brasil e na Amaz6nia 1988 Vill ENBETUR ~ Consciéncia e Conhecimento Téc- Curitiba/PR nico... Fm busca de um Equilibrio 1989. IX ENBETUR — Formagao e Capacitacao Profissional Rio de Janeiro/R) 1990 |X ENBETUR ~ Politica de Turismo: Qual o Espago do | Brasilia/DF Bacharel em Turismo? 1991 |X ENBETUR ~ A Criatividade no Produto Tu ‘Um Atrativo a Mais 1992 XII ENBETUR ~ Sociedade e Economia: Para Onde | Camborit/SC Caminha o Turismo? | 1986 ico: | Foz do Iguagu/PR 1993, Xill ENBETUR ~ Em Busca da Qualidade Total | B.HorizonteMG 1994 XIV ENBETUR — Turismo e Desenvolvimento Inte- OlindvPE | grado 1995 XV ENBETUR ~ Turismo: Que Negécio é Este? CuritibayPR 1996 XVI ENBETUR ~ Turismo: Presente e Futuro Sa0 Paulo/SP 1997 XVII ENBETUR ~ Interiorizagdo do Turismo: Um, Salvador/8A Mercado de Trabalho para Turismétoy 1998 XVIII ENBETUR — A Hora e a Vez do Profissional de| Guarapari/ES Turismo 1999 Congresso Bras iro de Turismo ~ O Turismo Ecol6-| Campo Grat Perspectivas para 0 Século XI de/MS rismo ~ Eventos: A Impor- lo 3° Mil 28 + ORGANIZAGAO DE EVENT dro do século XVIII que comecaram a surgir entidades e associacdes especializadas para planejar e organizar a atividade no século XIX. Nessa época, existiam por toda a Europa rotas historicas, deriva- das das atividades das associages comerciais, profissionais, frater- nais e religiosas. Esse tipo de acontecimento s6 chegaria a América do Norte na metade do século XIX. As atividades das associagdes cresceram na América e, para atender as necessidades de mais encontros entre os membros dessas associacdes, um grupo de homens de negocios de Detroit, em 1895, resolveu que esses integrantes precisavam ter um lugar especial em todas as cidades onde os encontros se realizassem. Esses homens de negécios reconheceram que tanto as organiza- Ges € Os encontros como as convengées e exposigdes teriam de ocupar lugar de destaque, para ter o apoio da comunidade. Valendo- se dessa idéia 6 que surgiu o primeiro escritério de convencies, co- nhecido hoje como Convention Bureau, com propésito de promo- ver a cidade e expandir seus negocios. Por volta de 1910, é fundada a Industria da Hospitalidade, pri- meira organizagao profissional na forma da The American Hotel Pro- tective Association, atualmente chamada de American Hotel and Motel Association. Nessa época, os escrit6rios de convencoes esta- vam se formando por toda a América do Norte. Mesmo com a estagnagao causada pela Primeira Guerra Mun- dial, a atividade Eventos, continuou se organizando e, em 1914, foi criada a International Association of Convention and Visitors Bureau ~IACVB, com a finalidade especifica de dar assistencia aos Conven- tion and Visitors Bureau para troca de informagées sobre solicitacdes de encontros e convencées. Conforme o segmento Eventos foi evoluindo, sua organizacao tonou-se motivo de preocupagao e, em 1925, é criada a Uniao de Feiras Internacionais — UFI, com os seguintes objetivos: coordenar os. interesses de todas as feiras no Ambito internacional, estabelecer os calendarios, criar facilidades aduaneiras e de transporte, facilitar a criagao de Feiras Especiais e proporcionar ajuda técnica as feiras dos Mondiale du Tourisme OMT. FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS E SOCIAS DOS EVENTOS + 29 Em 1927, foi formada a Hotel Management Association, dentro da Hotel Sales and Marketing Association International; ambas pre- cursoras de numerosas associagdes que projetaram o aperfeicoa- mento e profissionalizacao de pessoal e de corporacées. Em virtude da enorme taxa de crescimento apresentada pelos encontros, convengdes € exposicdes, assim como das associagées afins e da segmentada industria de hospitalidade, que, por volta de 1949, foi criado 0 Convention Liaison Council, para centralizar in- formagées claras relativas a indiistria de encontros, convengdes ¢ ex- posigdes. Cabe lembrar que, nessa época, os hotéis no eram projetados ara receber grupos e basicamente nao apresentavam nenhum interes- se em desempenhar papel ativo no dinamico segmento de Eventos. Isso durou até que cadeias hoteleiras, como Holiday Inn, Sheraton, Hilton, Marriot e Hyatt comecaram a reconhecer a im- portancia econdmica dos encontros, convengées e exposicdes para os hotéis. A partir dat, essas cadeias hoteleiras passaram a apresentar instalagdes funcionais para encontros. Apés 0 ano de 1950 criou-se 0 conceito de trabalhar com planejadores de even- tos ¢ associacdes de executivos. O conceito de diretor de servico de convengdes é atribuido a Jim Collins, um jovem homem de negécios da Chicago Conrad Hilton Hotel. Collins reconheceu que era preciso alguém para agir em favor de grupos de eventos e de suas necessidades, assim como alguém para trabalhar em conjunto com os planejadores de eventos, seus gru- Pos e associagdes executivas. Para dar sustentagao e organiza¢ao ao desenvolvimento do seg- mento Eventos e conseqiientemente ao Turismo de Eventos, surge, em 1958, a Association Internacionale des Palais de Congres ~ AIPC. com sede em Cannes, na Franga, que tem por missao: estabelecer contatos estreitos e permanentes entre as administragées de centros de convengoes ¢ os diferentes membros associados; facilitar o intercam- bio de experiéncias e estudar os problemas derivados da administra- ao e funcionamento dos centros de convencées; contribuir para as atividades tendentes ao desenvolvimento da técnica de organizagio de reu nternacion acionais os elementos 1 is © coloc + ORGANIZAGAO DE EVENTOS Ainda no ano de 1958 é criada a Professional Convention Man- agement Association - PCMA, com sede em Birmingham no estado do Alabama, nos Estados Unidos, com o propésito de aumentar a efi- cdcia dos eventos e convencoes médico-hospitalares. Em 1987, seus estatutos foram alterados para incluir, como sécios, gerentes de eventos de outras areas da ciéncia, engenharia e educacao. Enquanto a atividade Eventos evolui e constitui-se em uma im- portante atividade econémica, 0 setor procura cada vez mais se es- pecializar e se organizar e, em 1961, 6 criada a International Con- gress and Convention Association — ICCA, com sede em Amsterda, na Holanda, com 0 prepésito de contribuir no sentido mais amplo, de forma legal e por todos os meios legais, para 0 desenvolvimento em Ambito mundial de todos os tipos de evento internacional, tais como: congressos, conferéncias & convencées, assim como exposi- 60s € feiras. No Brasil, a atividade comega a dar mostras de profissionaliza- cdo por volta de 1967, ja que apresentava sinais de que seriam de grande importancia. Neste ano, foi fundada, em Sao Paulo, a Alcan- tara Machado Feiras e Promogées Ltda, primeira empresa brasileira especializada em organizagao de congressos e convencdes. A organizacao da atividade Eventos a cada dia tornava-se mais premente e, em 1977, foi criada a Associacao Brasileira de Eventos € Empresas Operadoras em Congressos e Convencdes ~ ABEOC, que posteriormente teve sua denomina¢ao alterada para Associacao Bra- leira das Empresas de Eventos, cuja meta prioritaria era a geragao de eventos, fundamentalmente os congressos ciclicos, visando ao desenvolvimento nacional Possuir oferta de espagos, empresas organizadoras e entidades de ses nao eram suficientes para dar sustentagao a atividade. Dian- te dessa constatacao, a cidade de Sao Paulo resolveu criar a primei- ra entidade brasileira de captacao de eventos. Em 1983, foi criada a Fundacao 25 de Janeiro, mais conhecida como Sao Paulo Convention and Visitors Bureau ~ SPCVB, uma or- ganizagao cfvica, sem fins lucrativos, mantida por colaboradores que representam as empresas privadas. A principal fungao do SPCVB 6 fazer a captagao de eventos para o Estado de Sao Paulo, por meio eventos, como FUNDAMENTOS ECONOMICOS, HISTORICOS E SOCIAIS DOS EVENTOS +31 Como a construgao de centros de convengées no pats apresen- tou crescimento considerdvel nos anos 80, surgiu nesse periodo, pre- cisamente em 1985, uma entidade com o objetivo principal de orien- tar tecnicamente a implantagao, construgao e reformas de centros de convengoes. Essa entidade é a Associagao Brasileira de Centros de Convengées, Exposiges e Feiras ~ ABRACCEF, que tem por finalida- de promover 0 desenvolvimento institucional de seus associados, preservando sua integridade e individualidade; e promover também a integracao e troca de informagées relativas aos sistemas de tecno- logia, marketing, planejamento, comunicagao social, gerenciamento de eventos nacionais ¢ internacionais. Atualmente, o Estado de Sa0 Paulo possui mais de uma centena de empresas organizadoras de eventos, e somente uma parte delas trabalha em parceria com as entidades representativas, desenvolven- do trabalho conjunto para a profissionalizacao e crescimento da ati- vidade Eventos e do Turismo de Eventos do Estado. Resumo Aatividade Eventos teve suas origens na Antigiiidade, com os Jo- gos Olimpicos de 776 a.C. Posteriormente, outros tipos de eventos fo- ram acontecendo e atravessaram diversos perfodos da historia da ci- a¢o humana, atingindo nossos dias. Nessa trajetéria, 0s eventos foram adquirindo caracteristicas econémicas, hist6ricas, sociais e po- fticas das sociedades representativas de cada época. A consolida¢a0 da atividade Eventos e do Turismo de Eventos ocorreu no século XVIL com 0 advento da Revolucao Industrial, que trouxe um novo estimu- lo para a atividade comercial existente desde a Idade Média, a “fei- ra". Mas, além das feiras, outros eventos, como as Exposicées Mun- diais, as Olimpfadas e a Copa do Mundo, tiveram importante papel nesse processo, solidificando cada vez mais as bases da atividade. No Brasil, 0 surgimento da atividade Eventos 6 anterior & chegada da Familia Real, segundo registros do Ministério da Indtistria e Comér cio. Isto 6, ocor imas feiras semelhantes ds da Idade Mé loc ates. armayam. barrac le as seus IRGANIZAGAO O primeiro evento no Brasil que aconteceu em um local desti~ nado & realizagao de eventos foi um Baile de Carnaval, em 1840. O Brasil, até essa época, nao tinha experiéncia na arte de organizar eventos, 0 que contribuiu para sua participacdo em varios eventos internacionais para adquirir conhecimentos técnicos e organizacio- nais no assunto, A atividade Eventos no Brasil somente tomou impulso apés a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente a partir da década de 1950, com a organizacao das classes profissionais e com o desen- volvimento industrial no pats. Todo esse proceso evolutive provocou a organizacao do Setor de Eventos, causando o surgimento de entidades e associagées espe- cializadas para planejar e criar mecanismos de sustentacao da ativi- dade no Brasil e no Mundo. Exercicios 1) Comente as origens dos eventos, enfocando as contribuigdes que ofereceram para os eventos atuais. 2) Quais foram os principais tipos de eventos representativos da Idade Média? 3) Por que ocorreram esses tipos de eventos na Idade Média? Obs.: Para responder a essa pergunta, deve-se utilizar a respos- ta da questao 2. 4) Por que a Revolucao Industrial foi um elementé importante para a consolidacao da atividade Eventos? 5) Como 0 Brasil procurou adquirir conhecimentos técnicos e organizacionais para tornar-se um organizador de eventos? 6) Quais sao 0s fatores principais que contribuiram para o de- senvolvimento da atividade Eventos no Brasil? 7) A organizacao e profissionalizacao do segmento Eventos é importante? Justifique sua resposta.

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