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MITOS
Muitos dos mitos sobre as línguas de sinais são frutos da falta de informação e até mesmo da repressão
feita a estas línguas em alguns momentos do passado. Nos dias de hoje, tais conhecimentos inverídicos
e sem fundamentos ainda circulam e prejudicam o desenvolvimento linguístico de alguns surdos,
desprestigiam a língua destes indivíduos e o trabalho dos professores e intérpretes. Neste artigo vamos
esclarecer os principais:
Libras é Mímica?
Muitos pensam que as línguas de sinais são mímicas, o que não é verdade. Mímica é a expressão do
pensamento por meio de gestos, expressões faciais e corporais, representando objetos e situações
através de imitações. A mímica teve origem no teatro grego e é muito utilizada no meio artístico. Alguns
sinais da Libras realmente representam a forma de um objeto (sinais icônicos), mas isto não se aplica a
todos, e nem sempre são iguais aos utilizados na mímica. Libras é uma língua, com estrutura gramatical
própria, natural e complexa, assim como as línguas orais.
Crianças brincando de mímica e o sinal específico para 'pulga' em Libras. Fonte: Blog Deise Vitória e Blog
Amanda Duda
Libras é limitada?
Alguns pensam que as línguas de sinais são limitadas a conversas simples. Na verdade, as línguas de
sinais podem expressar ideias abstratas, emoções, pensamentos, opiniões, fazer apresentações
acadêmicas, peças teatrais, criar poesias, músicas, contar e inventar histórias e piadas, por exemplo.
Libras é linguagem?
A Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que reconhece a Libras como meio legal de comunicação e
expressão, traz a seguinte denominação: Língua Brasileira de Sinais – Libras, e não Linguagem Brasileira
de Sinais. Da mesma forma que no idioma português, não pronunciamos linguagem portuguesa, mas
sim, língua portuguesa. Infelizmente é possível encontrar a escrita incorreta (linguagem) em livros,
portais de notícias e, incrivelmente, até em cursos de Libras.
Libras: saiba a diferença entre língua e linguagem. Fonte: Quebrando Barreiras OnixTv
Mais informações:
Muitos pensam que Libras é o português feito com as mãos e os sinais substituem cada palavra falada,
seguindo sempre a mesma estrutura da frase em português. Isto não é verdade, pois Libras possui uma
estrutura gramatical própria, muitas vezes diferente da língua portuguesa. Libras também não é uma
forma de abreviar o português.
Muitos pensam que a língua de sinais é igual para todos os surdos do mundo. Por exemplo, se uma
pessoa fluente em Libras viajar para os Estados Unidos, será perfeitamente compreendida pelo surdos
nativos de lá. Isso não ocorre, já que cada país tem a sua própria língua de sinais, no caso dos Estados
Unidos, a ASL - American Sign Language e na França, por exemplo, a LSF - Langue des Signes Française.
Em 2013, a Ethnologue (organização fundada nos Estados Unidos para estudo, desenvolvimento e a
documentação de línguas) listou 136 línguas de sinais diferentes em todo o mundo. Nessas línguas, há
imensa diversidade, assim como nas línguas faladas.
Língua de sinais é igual no mundo todo? DuoLibras com Manolo Torres. Fonte: DuoLibras
O Alfabeto Manual é uma forma de representação da ortografia da língua oral, utilizado somente em
situações específicas, como por exemplo, para soletrar o nome de pessoas, lugares ou palavras que
ainda não têm um sinal conhecido. No geral, cada palavra possui seu próprio sinal em Libras, isso
significa que a Libras vai muito além do alfabeto manual.
Mais informações:
Alfabeto Manual
Interpretar é uma profissão, e fazê-lo bem envolve mais do que simplesmente conhecer o idioma. Um
intérprete não qualificado pode levar a erros e a responsabilidade é muito grande, por exemplo, em um
ambiente médico.
Tomemos o exemplo de Helen Keller, cega e surda, portanto incapaz de aprender a falar através dos
métodos convencionais. Mas ela não era muda. Ela aprendeu a falar com a ajuda de sua professora,
Anne Sullivan.
Mais informações:
Helen Keller
A verdade é que nem todos os surdos se comunicam através da língua de sinais. Muitas pessoas surdas
optam por não utilizar a língua de sinais por vários motivos. Por exemplo, algumas pessoas perdem a
audição depois de aprenderem a língua falada. Eles podem preferir ler os lábios. Outros decidem usar
implante coclear, um dispositivo implantado cirurgicamente que fornece a percepção do som. Alguns
surdos não conhecem a língua de sinais pois não tiveram a oportunidade de aprender.
Nem todas as pessoas surdas optam por participar da cultura surda. A cultura requer uma língua
comum, valores, crenças, normas, comportamentos, etc... Nem todas as pessoas surdas usam a língua
de sinais. Algumas pessoas surdas preferem assimilar o máximo possível do mundo auditivo e não se
associar com outras pessoas surdas.
Todos os surdos fazem leitura labial?
A maioria das pessoas acredita que todos os surdos são capazes de fazer leitura labial, ou seja, ler os
lábios das pessoas enquanto falam. A verdade é que nem todos os surdos conseguem. É necessário
muito esforço para o surdo fazer a leitura labial, é difícil entender o que as pessoas dizem,
especialmente quando não articulam bem as palavras, usam bigodes, estão longe, ficam de lado, etc...
Exercícios?
Já leu o texto? Agora é hora de praticar! Responda corretamente as perguntas abaixo e ganhe pontos
para ficar entre os melhores do Ranking Libras.
Pergunta 1
Pergunta 2
Referências:
DEAF EDUCATION: GLOBAL PERSPECTIVES. Stereotypes and misconceptions about deaf people.
Disponível em: <http://deafeducationworldwide.weebly.com/stereotypes-and-misconceptions-about-
deaf-people.html>. Acesso em: 28 Jul. 2020
CAROLINA HESSEL SILVEIRA. Mitos sobre Língua de Sinais - Discussões com alunos de medicina e
fonoaudiologia. Disponível em:
<http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/3002/666>.
Acesso em: 31 Jul. 2020.
FRANCIE MANHARDT. The 4 biggest myths about sign languages. Disponível em:
<https://blog.donders.ru.nl/?p=6029&lang=en>. Acesso em: 28 Jul. 2020.
RENÊ FORSTER. Desfazendo Mitos e Mentiras Sobre Línguas de Sinais. Disponível em:
<http://www.pgletras.uerj.br/linguistica/textos/livro02/LTAA02_a19.pdf>. Acesso em: 31 Jul. 2020.
RONICE QUADROS, LODENIR KARNOPP. Língua de Sinais Brasileira: Estudos Lingüísticos. RS: Artmed,
2004.. Disponível em: <http://deafeducationworldwide.weebly.com/stereotypes-and-misconceptions-
about-deaf-people.html>. Acesso em: 28 Jul. 2020.
TALINE GALAN STELLE, ELIZIANE MANOSSO STRIEICHEN. Os principais mitos sobre os surdos e a Língua
de Sinais. Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2013/7380_4253.pdf>. Acesso em:
31 Jul. 2020.
TED BERGMAN. Why are Sign Languages Included in the Ethnologue?. Disponível em:
<https://www.ethnologue.com/ethnoblog/ted-bergman/why-are-sign-languages-included-ethnologue>.
Acesso em: 28 Jul. 2020.
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