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ALAVANCAGEM FINANCEIRA

A medida correta de taxa de retorno de uma empresa é uma informação vital para uma
série de decisões que em certos casos extremos pode ser a mudança de ramo ou mesmo
a cessação das atividades.

Toda empresa utiliza recursos representados por capitais investidos, como também toda
empresa busca gerar lucro para remunerar esses capitais. Para medir a eficiência da
empresa em atender a este objetivo (gerar lucro), apura-se a chamada taxa de retorno
sobre investimentos através da divisão do lucro pelo investimento.

Taxa de retorno sobre LUCRO


investimento
INVESTIMENTO

Se uma empresa tem lucro de R$ 500.000 e capital investido de R$ 5.000.000, seu


retorno sobre investimento é de 0,10 ou 10%.

Em termos mais amplos, a moderna empresa utiliza diversos fatores, financeiros,


humanos, tecnológicos, administrativos, entre outros e procura gerar novos recursos
(rendimentos) com o objetivo de remunerar esses fatores. Os salários, por exemplo,
representam a remuneração da mão de obra, os honorários da administração,
corresponde a remuneração da capacidade administrativa, o lucro a remuneração do
capital investido. Quando se diz que toda empresa busca gerar lucro, não se está
querendo dizer que a empresa só procura gerar lucro e só remunera capitais, mas que
para remunerar os capitais ela busca gerar lucro.

O retorno sobre investimento pode também se chamado taxa de rentabilidade ou


rentabilidade.

O conceito de rentabilidade é apenas aparentemente simples, pois diversas dificuldades


surgem ao se tentar lucro e investimento, dificuldades essas de diferentes naturezas.

Lucro: qual o valor do lucro a tomar? lucro bruto, lucro operacional, lucro antes do
imposto de renda, lucro líquido.

Investimento: o que tomar como investimento? Ativo total, ativo operacional,


patrimônio líquido, os capitais de terceiros, as obrigações.
A Demonstração de Resultado do Exercício evidencia o produto das atividades da
empresa, nela são apresentadas receita bruta de vendas, receita líquida de vendas, lucro
bruto, lucro operacional, lucro antes do imposto de renda e lucro líquido. Antes de
iniciar qualquer cálculo da taxa de retorno é conveniente levar em conta que cada item
da demonstração de resultado só tem sentido quando relacionado com um item
específico de investimento ou financiamento.

O retorno do capital próprio de uma empresa depende tanto da rentabilidade do negócio


quanto da boa administração financeira.

A determinação da rentabilidade baseia-se em três índices, a saber:

NOME SÍMBOLO FÓRMULA SIGNIFICADO


Lucro antes das
Retorno RsA LADF = Quanto a empresa gera de
Despesas Financeiras %
s/Ativo A lucro p/ cada $ 100 investidos.
Ativo Operacional
Despesas Financeiras % Quanto a empresa paga de
Custo da DF =
CD Passivo gerador de juros / cada £ 100 tomados
Dívida PE
encargos junto a Instituição Financeira
Retorno s/
LL = Lucro Líquido % Quanto os acionistas ganham
Patrimônio RsPL
PL Patrimônio Líquido p/ cada $ 100 investidos.
Líquido

O primeiro índice – RSA – mostra qual é a rentabilidade do negócio. Quanto maior o


índice, maior a eficiência.

Pontos importantes a considerar:

• Quanto maior for este quociente, maior será a lucratividade obtida pela empresa em
relação aos Investimentos totais.

• Trabalhando com capitais de terceiros, a empresa, obviamente, precisará remunerar


esses capitais com os lucros apurados no desenvolvimento de suas atividades
operacionais normais. Quando isto for possível, a situação será favorável; se a
lucratividade obtida não for suficiente para remunerar os capitais de terceiros, será
preciso buscar outras fontes para gerar recursos, que normalmente representam a
captação de recursos emprestados de terceiros, fato que contribuirá com o aumento do
endividamento da empresa.

• O conhecimento do tempo necessário para que haja retorno dos capitais próprios e de
terceiros investidos na empresa pode ser obtido por meio dos seguintes procedimentos:
a. multiplica-se o quociente por 100 para se obter a resposta em porcentagem;

b. por meio de regra de três, conhece-se a quantidade de anos necessários para que haja
retorno do capital total investido.

A empresa utiliza capitais de terceiros que têm uma remuneração. O que a empresa paga
é o segundo índice, chamado custo da dívida - CD.

Se o custo da dívida é maior que o retorno sobre o Ativo, ou seja, se a empresa paga,
para cada real tomado, mais do que rende seu investimento no negócio, então os
acionistas "bancam" a diferença com sua parte de lucro (ou até com o próprio capital).
Se o custo da dívida é menor que o retorno sobre o Ativo, os acionistas ganham a
diferença.

A taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido então será maior que a taxa de retorno
sobre o Ativo.

No fim das contas, o que interessa mesmo para a empresa é o terceiro índice – RsPL –
Retorno sobre o Patrimônio Líquido. Os dois outros índices são informações gerenciais
de como a empresa atingiu o retorno sobre o Patrimônio líquido. São, entretanto,
fundamentais para a definição de estratégias empresariais.

Por exemplo, uma empresa pode obter 30% de retorno sobre o Patrimônio Líquido (que
é considerada uma boa taxa) a partir de uma modesta taxa de retorno de 8% sobre o
Ativo. Basta que pague aos credores a taxa inferior a essa e utilize determinada
proporção de capitais de terceiros.

Isso ocorre porque a taxa de retorno do Patrimônio Líquido depende daquelas duas
outras taxas e da proporção entre o Passivo gerador de encargos e o Patrimônio Líquido.

A curiosa conclusão é que a taxa de retorno do Patrimônio Líquido poderá ser


totalmente diversa da taxa de retorno do Ativo e, em certos casos, até oposta. Ou seja, a
empresa mostra taxa de retorno do Ativo positiva e taxa de retorno do Patrimônio
líquido negativa e vice-versa, tudo em decorrência do custo da dívida e de sua
proporção em relação ao Patrimônio Líquido. Daí se conclui que, às vezes mais vale
uma boa administração financeira que uma boa atividade operacional.

A expressão matemática que revela essa relação é a seguinte:


RsPL = % + (RsA - CD) x PE Passivo
RsA PL Gerador de
Encargos

Retorno sobre o Retorno sobre o Custo da Patrimônio


Patrimônio Líquido Ativo Dívida Líquido

Esta fórmula mostra o efeito que a estrutura de capitas e os juros pagos produzem nos
lucros finais, informando se essa estrutura está beneficiando ou não os acionistas.

A razão entre as taxas de retorno sobre o Patrimônio Líquido e de retorno sobre o Ativo
chama-se grau de alavancagem financeira – GAF.

GAF = RsA
RsA
A fórmula completa da alavancagem financeira é a seguinte:

GAF = RSA + (RsA - CD) x

RsA
Pontos importantes a considerar:

• Para que o resultado obtido na análise deste quociente seja mais eficiente, deve-se
considerar, para fins de cálculo, o valor médio do Patrimônio Líquido.

• Quanto maior for este quociente, maior será o grau de lucratividade apurado pela
empresa, em relação ao Capital Próprio investido.

• O tempo necessário para se obter o retorno do valor do Capital Próprio investido na


empresa pode ser calculado da mesma maneira que se calcula o tempo de retorno do
capital total, ou seja:

a. multiplica-se o quociente por 100 (cem) para se obter o resultado em porcentagem;

b. por meio de regra de três, conhece-se o tempo necessário para o retorno do capital
próprio investido.

• Outro aspecto que evidencia a validade deste quociente é que o proprietário ou os


acionistas poderão comparar o ganho obtido com o capital investido na empresa com o
ganho que obteriam se investissem esse capital no mercado financeiro ou no mercado de
capitais.
Para fazer esta comparação, confrontam-se a taxa de lucratividade obtida se investissem
o capital no mercado financeiro ou de capitais com a taxa de lucratividade obtida neste
quociente.

O estudo da alavancagem financeira relaciona as fontes de financiamento entre si e


procura medir se a estrutura de capital da empresa está beneficiando ou não os seus
acionistas. A empresa que utiliza recursos de terceiros tem nos seus custos financeiros
os encargos dessa opção, que representa uma substituição aos encargos que teria com os
proprietários pela remuneração do capital de risco. A capacidade que a empresa tem de
administrar os recursos, próprios e ou de terceiros, e com isso maximizar os lucros por
ação, é a administração da alavancagem financeira.

Pode-se, portanto, considerá-la como a consequência da relação de custo benefício,


proveniente da decisão de incorporar à estrutura da empresa um montante necessário de
recursos próprios e ou recursos de terceiros. Assim, busca-se a melhor dosagem entre
capital de terceiros e capital próprio e analisar o retorno sobre o Patrimônio Líquido
mediante variações na estrutura de capital.
Referências
MARTINS, Eliseu; MIRANDA, Gilberto José; DINIZ, Jose Dilton Alves. Análise
avançada das demonstrações contábeis: uma abordagem crítica. São Paulo: Atlas, 2014.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços. 7 ed. São Paulo:
Atlas, 2017.

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