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Teste de avaliação – 10.º ano novembro 2022

Educação Literária

Grupo I (115 pontos)

A (92 pontos)

Lê atentamente o seguinte texto e consulta as notas apresentadas.

A
Amigas, que Deus vos valha, quando veer meu amigo,
falade sempr'ũas outras1 enquant'el falar comigo,
ca2 muitas cousas diremos
que ante vós nom diremos.

Sei eu que por falar migo chegará el mui coitado,


e vós ide-vos chegando lá todas per ess'estrado3,
ca muitas cousas diremos
que ante vós nom diremos.

João Garcia de Guilhade, https://cantigas.fcsh.unl.pt (consultado em 07.10.2022)

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Indica o tema desta composição poética, justificando.
2. Identifica as personagens intervenientes e explicita o tipo de relação que se estabelece
entre elas.
3. Caracteriza o cenário envolvente.
4. Classifica a estrutura externa do poema.

B (23 pontos)

5. Numa exposição (130-170 palavras), apresenta os principais aspetos em que o texto de


Fernão Lopes contribui para a afirmação da consciência coletiva, fazendo referência a
textos exemplificativos.
A tua exposição deve incluir:
 uma introdução ao tema;

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umas com as outras.
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porque.
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o estrado (uma zona ligeiramente mais elevada da sala, onde de colocavam almofadas) era o lugar
destinado às mulheres. Esta cantiga descreve, pois, um cenário doméstico.

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 um desenvolvimento no qual explicites os aspetos em que o texto lopeano


contribui para a afirmação da consciência coletiva, fundamentando as
características apresentadas em, pelo menos, um exemplo significativo;
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Grupo II (45 pontos)


Leitura | Gramática

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

A cantiga de amigo e de amor


O autor anónimo da arte de trovar apensa ao Cancioneiro da Biblioteca Nacional
estabelece entre cantiga de amor e cantiga de amigo uma distinção extremamente simples e
prática: é cantiga de amor, se fala “ele”; é cantiga de amigo, se fala “ela”.
Isto é, na cantiga de amor o “eu” que se exprime é masculino: o poeta, que como tal se
apresenta frequentemente, fala da amada ou do amor que lhe dedica. É um homem que produz
a mensagem lírica.
Na cantiga de amigo o “eu” que se exprime é feminino: uma rapariga, que nunca se
apresenta como poetisa (e só algumas vezes canta cantigas alheias) fala do seu amigo (na
linguagem dos trovadores esta palavra significa namorado) e do amor que lhe inspira ou sente
por ele. É uma mulher – donzela – que produz a mensagem lírica. (…)
Mas, para além desta diferença de perspetiva quanto ao caso amoroso (o ser visto por
ele ou por ela), outras diferenças mais complexas, decorrentes em geral da origem dos dois
géneros, cumpre reconhecer entre eles. (…)
O elenco de motivos de inspiração é reduzido, em parte devido à influência da “cansó”
de amor provençal, que impunha a obediência a um código estrito de serviço e vassalagem
amorosa. (…)
O trovador galego-português tem um modelo a que procura, em grau maior ou menor,
manter-se fiel, sobretudo no domínio da atitude perante a mulher e o amor.
O protesto de fidelidade incondicional à “senhor”; a preocupação com o bem da amada;
a glória pura que o poeta extrai do simples facto de amar, pela convicção de que o amor
enobrece quem o experimenta; o escrúpulo em manter o segredo quanto à identidade da
senhora; o louvor incansável das perfeições que a distinguem de todas as outras são alguns dos

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principais motivos que podemos diretamente filiar na poesia provençal e que reaparecem com
insistência na nossa cantiga de amor. (…)
Na “cansó” de amor provençal, o sentimento dominante é o júbilo de amor, uma espécie
de êxtase da alma e dos sentidos que transporta o poeta ao cantar a sua amada, mesmo quando
tudo é adverso à realização do amor. (…). Na cantiga de amor galego-portuguesa esta
luminosidade radiosa apagou-se. A palavra-chave já não é de júbilo – é “coita”, pena de amor,
a mágoa incurável incessantemente repetida e lamentada. (…). Aliás, o que o trovador faz, mais
do que cantar a amada, é chorar a privação dela a que está condenado, dirigindo-lhe muitas
vezes uma prece fervorosa. (…)
Quanto à técnica de versificação, a cantiga de amor galego-portuguesa fica sem dúvida
muito atrás da riqueza e exuberância das formas provençais, às vezes rebuscadamente
intrincadas.
A forma mais culta, influenciada pela lição dos trovadores, é a da composição chamada
cantiga de mestria: trata-se de um poema formado por várias estrofes, em geral três ou mais,
sem refrão, e rematada por uma finda, isto é, um verso ou vários versos isolados, em que se
corrobora o sentido de toda a composição.
Esther de Lemos, “A Literatura Medieval. A Poesia”, in História e Antologia da Literatura Portuguesa, Séculos
XIII-XV, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, pp. 38-40.

1. A finalidade do texto é a demonstração de que a lírica galego-portuguesa


(A) sofre a influência provençal, mas é inovadora.
(B) é uma cópia da poesia provençal.
(C) possui características mais exuberantes do que a provençal.
(D) copia essencialmente aspetos formais da poesia provençal.

2. A demonstração e a fundamentação das ideias sobre as cantigas medievais permitem


inserir o texto acabado de ler no género
(A) apreciação crítica.
(B) exposição sobre um tema.
(C) síntese.
(D) reportagem.

3. No contexto em que surge, a palavra “protesto” (l. 19) significa


(A) certificação.
(B) desaprovação.
(C) recusa.
(D) afirmação solene.

4. A frase “Na cantiga de amor galego-portuguesa esta luminosidade radiosa apagou-se.”


(ll. 27-28) significa que a cantiga de amor peninsular
(A) é mais alegre do que a provençal.
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(B) é mais exuberante do que a provençal.


(C) é mais triste do que a provençal.
(D) é mais explícita do que a provençal.

5. A oração “que se exprime é masculino” (l. 4) é


(A) subordinada adjetiva relativa restritiva.
(B) subordinada substantiva completiva.
(C) subordinada adverbial consecutiva.
(D) subordinada adjetiva relativa explicativa.

6. A oração “que impunha a obediência a um código estrito de serviço e vassalagem


amorosa.” (ll. 15-16) desempenha a função sintática de
(A) modificador do nome apositivo.
(B) modificador do grupo verbal.
(C) complemento oblíquo.
(D) modificador do nome restritivo.

7. Indica a classe gramatical de


a) “se” (l. 3).
b) “se” (l. 4).

Grupo III (40 pontos)


Escrita

Redige uma síntese do texto do Grupo II (70 a 90 palavras). Não te esqueças de planificar
previamente o teu texto e de o rever. Deves ter em conta as marcas específicas deste género
textual.

Bom trabalho!

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