Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mondzain Icone-Economia p117-128
Mondzain Icone-Economia p117-128
arte fissil
MARIE-JosE MONDZAIN
Imagem
icone, economia
As fontes bizantinas do
imaginário contemporâneo
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS
EDITORES DE LIVROS, RJ
M748i
Mondzain, Marie-José, 1944-
Imagem, ícone, economia as
: fontes bizantinas
contemporâneo /
1. ed. Marie-José Mondzain ; do
imaginário
-
Rio de tradução
Janeiro: Contraponto Museu de ArteVera Ribeiro.
320p. : il. ; 21cm :
do Rio, 2013.
(ArteFissil ; 8)
Tradução de:
Image, icône, économie: les
limaginaire contemporain sources
byzantines de
ISBN 978-85-7866-092-5
1, Ciencias sociais. 2.
bizantinos. I. Museu de Arte
nes
Arte doantropologia.
e
3. Arte sacra. 4.
Ico-
Rio (MAR). II.
13-04380, Título. III. Série.
CDD: 306.47
CDU: 316.74:7
reender que se trata, antes, de situar o que, numa
imaginal,sempre decorre, necessariamente, de umafundação do olhar
retirada e da vacuidade. problemática da
Tal é, sem dúvida, o segredo" da
imagem, ou
seja, o que ela se--
creta e o que esconde. Paulo o
enunciou na
formulação do enigma
especular. Que e um enigma: E a
entrega de um sentido em
nalavras, uma fala codificada que subitamente deixa meias
que até então era puro misterio.
a
descobertoo
Assim, enigma opõe-se ao mistério
o
não como sua negaçao, mas como
representação de sua manifesta-
cãocodificada. O icone não estâ no mistério
ma econômico. Nele, o Verbo
teológico, mas no enig-
desposa carne, a voz fecunda o cor
a
po. Quem compreende isso assume a
força do olhar e renuncia a
dizer, ingenuamente, que só acredita no que ve, ou
que só vê o que é
visível. Assim se instaura a primeira ideia do olhar
para o ícone como
primeira ideia doolhar invisível que
provém da própria imagem e é
concedido por ela. Os componentes do ícone convocam o
olhar e
rejeitam a visão, sem, no entanto, quererem enganá-la.
118
Marie-José Mondzain
com
Pai. que é pura intimidade essencial, e outra com a humanida
a e é uma relação de identidade relativa, por
submetida às estar
co
dicões visíveis e sensiveis de nOSso mundo. Se o Cristo carnal
ntinua a ser uma imagem do Pal-1ogo, uma imagem natural, no
pecado produzir
tas olhar enevoado pelo transitoria
assu-
carne
presente, a de
que, n o
perfeição, ainda mais dar à inspiraçao
d presente para se
divi-
imagens
parcialmente a tradição das produzidas pela
graça
modelo
milagrosamente
tas pela mão humana do iconógrafo ao
e
fidelidade
l a deu chance à mais alta
Subsistência própria.22
me
modelo, seu registro e
designa o
ato a 0 vocabulário que
em sua
referencia, uma dual
ele implique,
4 p l o , E, ainda que
ambiguidade.
E chamado
dade dutível, está longe de ter a mesma
tormal e não
substrato
mate-
reterente
Como sua impr Assim, a exigência
aristotélica
à boa
à dos[typos].
boo atr npressão correlatos é respeitada. Não são as essenclas
atrl-
que são correlativo, bem
V a s , mas apenas o
relativo e o
gem e o
original não existe nem em função da forma material da
imagem, nem com a natureza do original (...). A
nas formal, ideal, identidade é ape-
uma identidade relacional
ou o
pros ti). (segundo a skhésis
E isso que nos
permite falar de semelhança formal,
a homoiosis icônica em sua para traduzir
forma se inclua totalidade, mas desde que o conceito de
pria relação não completamente categoria da relação e que a pro-
na
designe dependencia, mas a
a
Nessa
perspectiva, o iícone
talvez orientação.
ao
processo abstrato. No seja melhor
a
introdução histórica
jetiva, bem próxima da ícone, a forma
tem uma realidade não ob-
Cuidar da forma advertência feita por Mondrian de "não mais
como forma". A
tao
grande quanto a que se
exerce
indiferença à realidade empirica
ficticia que em
relação a uma beleza ideal
na da
faça a
mimese entrar na o
ordem
admitirrepresentação.
da referência,
Por mais difícil eo lco
que ícone
o que isso possa
um quer
ausente. Cristo não representar, naparecer,
er, convem
nadoras. A carne
relações informadoras
e transformadora
transtigurada pelo icone
olhar que
se volta para ela. O icone entra em
ação; é
transfigura o
não
eficaz, não o
oobijeto de um fascinio
passivo. Convém
um
operador
entender assim
colato, incessantemente renovado, da
re emoção que estreita e aue
converte à visão do ícone. O problema das imagens
miraculosas não
pode ser evocado aquipor seu
angulo sociológico,
gico. Em termos de mimésis e de psicológico
kharis, é da força efetiva do cor
ou
tem
de eu turno, o olhar de Deus para a carne do contempla-
seu i
por
t o r n a - s e ,
descob
apanhado no circuito das relações informadoras
se
dor, que
formadoras. A carne transfigurada pelo icone transfigura o
ela. O cone entra em açao; é um
que se
volta para operador
olhar q
olhar objeto.de
objeto um fascinio passivo. onvém entender assim
não o
eficaz,
rolato, incessantemente renovado, da emoçao que estreita e que
o relato, incessante
perigraphe]
O que significa, em seus
princípios e suas consequências, a tigura-
ção de um rosto captado no espaço icônico e constituído por um
encaixamento de formas fechadas? Para iconófilo, a inscrição pic
o
tórica do corpo não é, em
absoluto, uma circunscrição que aprisio
ne e limite esse
corpo. O iconoclasta, por seu turno, declara emano
e bom som
que tal gesto encerra e limita a infinitude divina, o i
clausurável do Verbo.
E
preciso tomar cuidado para não considerar a mo
um peso
encarnaçao
corporal do Verbo que se houvesse enchido de carne Não
se pode encher o
infinito. O Verbo A carna
iluminou
ção, chamada sarkose, a partir dos textos paulinos tambemendesig
uma carne.
po