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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ – IFPA

CAMPUS BELÉM
TÉCNICO EM METALURGIA

EDMILSON CHAVES DOS SANTOS

ERLANDSON AUGUSTO SOUSA DA SILVA

REAPROVEITAMENTO E RECICLAGEM

BELÉM

2022
EDMILSON CHAVES DOS SANTOS

ERLANDSON AUGUSTO SOUSA DA SILVA

REAPROVEITAMENTO E RECICLAGEM

Trabalho avaliativo da disciplina de Controle e


Gestão Ambiental no curso Técnico em Metalurgia,
no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará – IFPA Campus Belém como
requisito para obtenção de nota para AV1.

Orientador: Prof. Flankiney Ramos Viana.

BELÉM

2022
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1. INTRODUÇÃO
Reaproveitamento e reciclagem são termos que a princípio possuem conceitos
semelhantes e por vezes até se complementam, no entanto, são ações completamente diferentes.
Mesmos diferente, ambos processos são igualmente importantes e ajudam a manter o planeta
mais saudável e sustentável e têm como principais objetivos uma melhor gestão de resíduos,
além de combater o desperdício de materiais e contribuir para a diminuição de passivos nos
aterros e da exploração de recursos naturais.

O reaproveitamento significa utilizar novamente um produto, algumas vezes


modificando suas propriedades físicas, mas mantendo a mesma composição química. Conforme
o estudo de Fonseca (2017) a reciclagem é um processo em que determinados tipos de materiais,
que no cotidiano são reconhecidos como lixos são reutilizados como matéria-prima para a
criação e/ou fabricação de novos produtos. Além de se apresentarem com propriedades físicas
diferentes, estes também possuem uma nova composição química – fator principal que difere o
reaproveitamento da reciclagem, conceitos esses muitas vezes confundidos

A gestão sustentável dos resíduos sólidos pressupõe uma abordagem que tenha como
referência o princípio dos 3R´s, apresentado na Agenda 21: redução (do uso de matérias-
primas e energia e do desperdício nas fontes geradoras), reutilização direta dos produtos, e
reciclagem de materiais (ECO-UNIFESP, 2017).

• Reduzir – Evitar a produção de resíduos, com a revisão de seus hábitos de consumo.


Ex.: preferir os produtos que tenham refil.
• Reutilizar – Reaproveitar o material em outra função. Ex.: usar os potes de vidro com
tampa para guardar miudezas (botões, pregos, etc.).
• Reciclar – Transformar materiais já usados, por meio de processo artesanal ou
industrial, em novos produtos. Ex.: transformar embalagens PET em tecido de moletom.

Os benefícios do gerenciamento de resíduos, visando sua reciclagem ou


reaproveitamento vão muito além de ganhos ambientais e sociais, que podem ser facilmente
mensuráveis. Ademais, podem ser vistos como fator de diferenciação, competitividade,
aumento de eficiência e economia, além de evitar ônus por meio de regulamentação
compulsória no âmbito da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), e de outras
legislações ambientais (BRASIL, 2010).
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1Reaproveitamento

A Política Nacional de Resíduos Sólidos institui o art. 3º da Lei 12.305, inciso XVIII,
“Reutilizar: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica,
física ou físico-química. Deve ser observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos
órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa. […]”, desta forma, o
reaproveitamento e/ou reutilização de um material não implica nenhuma alteração estrutural do
objeto, ou seja, sem ocorrer nenhum subsequente processo, no máximo algum tipo de reparo;
geralmente esse material vai ser utilizado em uma aplicação menos nobre em relação à
aplicação original.
Uma das primeiras formas de classificar as medidas destinadas ao controle da
degradação ambiental seria separá-las em medidas preventivas e medidas corretivas
(BRAGA,2002):
• As preventivas devem antecipar-se e impedir ou minorar a ocorrência dos fatores de
degradação.
• As corretivas são em geral onerosas e muitas vezes de implementação difícil. Dependem
não só da sociedade reservar os recursos necessários para implantá-las, como também
da sua capacidade de acessar e aplicar técnicas e tecnologias nem sempre triviais e sob
seu efetivo domínio.

Entre as técnicas corretivas de controle da poluição, no que se refere aos resíduos


sólidos, tem-se o reaproveitamento. Que também pode ser classificado em medida de controle
de poluição não estrutural, por não envolver execução de obras (BRAGA,2002). Para Pereira
(1997), a alternativa de redução ou eliminação de resíduo na fonte geradora consiste no
desenvolvimento de ações que promovam a diminuição do desperdício, conservação dos
recursos naturais, redução dos resíduos gerados por processos ou produtos e consequentemente,
limitar a quantidade de poluentes lançados na água, no ar e no solo.

2.1.1 Importância do reaproveitamento


Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, a geração saiu de
66,7 milhões de toneladas em 2010 para 79,1 milhões em 2019, uma diferença de 12,4 milhões
de toneladas. O mesmo estudo diz ainda que cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo
por ano, o que corresponde a mais de 1 kg por dia (AGÊNCIA SENADO,2021). É notório que
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que a gestão de resíduos no Brasil não apresenta indicadores satisfatórios e resultados negativos
levam a uma série de impactos que influenciam a vida na sociedade.
A necessidade de reduzir os impactos ambientais na sociedade vem permitindo ao setor
industrial intensificar o reaproveitamento dos resíduos gerados nos processos produtivos. Além
da redução de custos com o descarte, a reutilização destes materiais pode resultar em benefícios
consideráveis para as empresas, transformando o que iria para o lixo em lucro (CPMRS-RMB,
2021).
Atualmente, os resíduos industriais são considerados um grande problema ambiental
devido aos grandes volumes gerados, à presença de substâncias nocivas ao meio ambiente, à
saúde pública e às dificuldades de encontrar locais para disposição. Portanto, torna-se muito
importante que toda indústria entenda os resíduos que gera, principalmente quanto aos seus
perigos, armazenamento adequado e, principalmente, a possibilidade de reaproveitamento dos
resíduos. Essas atitudes, além de conscientizar a sociedade, podem reduzir o nível de poluição
e o impacto desses lixões.
O consórcio público de manejo de resíduos sólidos (2021) afirma que, para a reutilização
de resíduos, a fabricação de produtos deve possuir características que permitam a reutilização
desses. A reutilização de resíduos tem como fim prolongar a vida útil de um produto no
mercado. Produtos desta categoria devem possuir uma indicação de quantos ciclos de produção
podem passar sem afetar suas características principais. E, com um suporte especializado, torna-
se possível determinar estes ciclos sem que haja perda de qualidade e de produtos por
inexperiência no assunto.
A importância da prática de reaproveitamento traz benefícios econômicos e sociais,
sendo estes:
• Preservação do meio ambiente (reaproveitamento de resíduos industriais) – Com
o reaproveitamento, há uma diminuição de dejetos que é destinado ao ecossistema,
diminuindo, assim, os danos por poluição atmosférica, de rios e do solo, que também
acarreta em menos danos causados a animais que têm o habitat poluído. Além disso, o
reaproveitamento de rejeitos elimina as práticas nocivas a saúde.
• Geração de retorno financeiro – Diferentemente do tratamento, que necessita de
gastos para sua realização, seguido do descarte, o reaproveitamento dos dejetos pode
ser visto como um investimento. Uma vez que, a grande variedade de resíduos pode
gerar inúmeras formas de reutilização.
• Investimento (Marketing Verde) – A preocupação das industrias com a preservação
do meio ambiente, Tais preocupações se caracterizam pela urgente necessidade de
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diminuirmos os danos da sociedade ao ecossistema. Com isso, indústrias que investem


em iniciativas como o reaproveitamento de seus resíduos, possuem uma credibilidade
consideravelmente maior, ganhando prioridade de escolha para a maioria das pessoas.

2.2Reciclagem
A reciclagem é o processo no qual, resíduos de produtos que já foram consumidos e
objetos que seriam descartados no meio ambiente, por serem considerados inutilizáveis; são
reinseridos no ciclo produtivo através da sua utilização como matéria-prima para a fabricação
de novos produtos.
Diante dos impactos causados ao meio ambiente pela ação do ser humano, e da noção
da finitude dos recursos naturais, a reciclagem foi uma das alternativas encontradas na busca
por um equilíbrio entre captação, produção e consumo. Tem, portanto, o objetivo de harmonizar
a relação entre homem e natureza através da utilização consciente e sustentável dos recursos, e
do reaproveitamento dos resíduos gerados (LOMASSO,2015).
No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente também gera
riquezas, os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta
reciclagem contribui para a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar.
Muitas indústrias estão reciclando materiais como uma forma de reduzir os custos de produção
(FONSECA,2017).

2.2.1 Importância da reciclagem

Para Lacerda (2013), o meio ambiente é o mais precioso patrimônio da humanidade. É


nele que se vive, e é dele que se retiram recursos naturais, para os mais diversos fins. Porém,
mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico, ainda são causados terríveis problemas
ambientais, devido, principalmente à exploração excessiva de recursos e ao descarte
inadequado de resíduos sólidos.
Assim, o processo de reciclagem surgiu como solução para amenizar os impactos
negativos gerados pelo o homem, com a reciclagem é possível reduzir a extração de recursos
naturais para atender à crescente demanda por matéria prima das indústrias, reduzir a
quantidade de resíduos gerados, a diminuição da contaminação do solo, da água, do ar e de
alimentos; a economia de energia e matérias-primas; a melhoria da qualidade de vida e da
limpeza nas cidades; a geração de novas fontes de renda/empregos. e entre outros.
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A reciclagem pode gerar uma série de importantes benefícios sociais. Em primeiro


lugar, trata-se de um comportamento que aumenta a consciência ecológica na com unidade
despertando os cidadãos para mudanças de atitudes em prol do meio ambiente (PINTO-
COELHO,2009).
2.2.2 Tipos de reciclagem
A reciclagem pode ser feita a partir de diversos tipos de materiais, e para cada tipo de
material há um diferente tipo de processos ou técnicas que podem ser aplicadas para o material
reaproveitado. É importante saber se o material é ou não reciclável, como visto na figura 1.
Figura 1 – Materiais recicláveis e não recicláveis

Fonte: SAMAE,2020.

Abaixo serão descritos os principais tipos de reciclagem, segundo a pesquisa de


(LOMASSO,2015), (FONSECA, 2017):

• Papel: A reciclagem do papel pode se dar por processo industrial ou em ambiente


doméstico. Em ambos os casos, ela é de suma importância, pois contribui para a
diminuição da exploração de recursos naturais (madeira e água), para a redução dos
níveis de poluição ambiental, para a geração de novos empregos, além de criar novos
tipos de papel, que podem ser utilizados com as mais diversas finalidades.

• Plástico: Plásticos são polímeros de origem natural ou sintética, obtidos geralmente


através do petróleo e caracterizados, principalmente, pela capacidade de serem
moldados. Dividem-se em dois grandes grupos, de acordo com sua capacidade de fusão:
os termoplásticos (podem ser moldados mais de uma vez) e os termofixos (podem ser
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moldados apenas uma vez). Através da reciclagem dos resíduos plásticos, é gerada
matéria-prima a ser utilizada, tanto nas indústrias, quanto na confecção artesanal dos
mais diversos produtos.
• Vidro: O vidro é um composto inorgânico, sólido e sem forma determinada, originado
pela fusão e posterior resfriamento de óxidos ou derivados, até a obtenção de condição
rígida, sem cristalização. Sua utilização é extremamente ampla, abrangendo garrafas,
pratos, copos, peças de decoração, frascos para produtos farmacêuticos, janelas, partes
de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, etc. A reciclagem de vidro significa enviar ao
produtor de embalagens o vidro usado para que este seja reutilizado como matéria-prima
para a produção de novas embalagens. O vidro é 100% reciclável, não ocorrendo perda
de material durante o processo de fusão. Para cada tonelada de caco de vidro limpo,
obtém-se uma tonelada de vidro novo. Além disso, cerca de 1,2 tonelada de matéria-
prima deixa de ser consumida. Além da redução do consumo de matérias-primas
retiradas da natureza, a adição do caco à mistura reduz o tempo de fusão na fabricação
do vidro, tendo como consequência uma redução significativa no consumo energético
de produção. Também proporciona a redução de custos de limpeza urbana e diminuição
do volume do lixo em aterros sanitários.
• Metais: Os metais são materiais de elevada durabilidade, resistência mecânica e
facilidade de conformação, sendo muito utilizados em equipamentos, estruturas e
embalagens em geral. Os metais são utilizados nas indústrias para a fabricação de
inúmeros itens, desde latas e embalagens até móveis, instrumentos musicais e peças
automotivas. A grande vantagem da reciclagem de metais é evitar as despesas da fase
de redução do minério a metal. Essa fase envolve um alto consumo de energia, e requer
transporte de grandes volumes de minério e instalações caras, destinadas à produção em
grande escala. A principal matéria prima da reciclagem de metais são as sucatas e
embora seja maior o interesse na reciclagem de metais não ferrosos, devido ao maior
valor de usa sucata, é muito grande a procura pela sucata de ferro e de aço, inclusive
pelas usinas siderúrgicas e fundições.
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3. CONCLUSÃO
Atualmente, o desequilíbrio nos ecossistemas causados pela intervenção humana se
tornou mais frequentes, um dos principais problemas é a elevação da produção de resíduos e
seu descarte. Deste modo, a sociedade e o governo têm cobrado que as empresas adotem
práticas mais sustentáveis. Com praticas mais sustentáveis, há o gerenciamento de resíduos que
envolvem diversas praticas tais como reciclagem e reaproveitamento.

Enquanto o reaproveitamento garante que materiais que são descartados por algumas
indústrias sejam beneficiados e reutilizados, a reciclagem consiste na transformação do resíduo
em algo novo. Seja por meio do reaproveitamento ou da reciclagem, com o tratamento adequado
de diferentes tipos de resíduos, é importante enfatizar que a realização desses processos
minimiza a exploração do meio ambiente, além de gerar maiores lucros para diversos setores –
seja por meio da utilização do material coletado por cooperativas, como para a venda para outras
empresas que necessitam destes insumos.
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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA SENADO. Aumento da produção de lixo no Brasil requer ação coordenada


entre governos e cooperativas de catadores. Disponível
em:<https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/06/aumento-da-producao-de-
lixo -no-brasil-requer-acao-coordenada-entre-governos-e-cooperativas-de-catadores>

BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall,
2002.

BRASIL. Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 17
nov. 2022.

CPMRS-RMB. Como e por que reaproveitar seus resíduos? Disponível em:


<https://cpmrsrmb.ce.gov.br/informa/46/como-e-por-que-reaproveitar-seus-residuos>. Acesso
em: 17 nov. 2022.
ECO-UNIFESP. Princípios dos 3R’s. Disponível em:
<https://dgi.unifesp.br/ecounifesp/index.php?option=com_content&view=article&id=10&Ite
mid=8>. Acesso em: 17 nov. 2022.
FONSECA, L. H. A. Reciclagem: o primeiro passo para a preservação ambiental. Centro
Universitário Barra Mansa: [s.n.].2017.
LACERDA, Cristiane S. Na caverna atual. In: Revista Ecológico, Belo Horizonte, n.57, p.32,
mai. 2013.

LOMASSO, A. L. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 3, n. 2, jan. 2015.


BENEFÍCIOS E DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA RECICLAGEM: UM
ESTUDO DE CASO NO CENTRO MINEIRO DE REFERÊNCIA EM RESÍDUOS
(CMRR). [s.l: s.n.].

SAMAE. Saiba mais sobre o que pode e o que não pode ser reciclado. Disponível em:
<https://www.samaetga.com.br/Noticias/Saiba-mais-sobre-o-que-pode-e-o-que-nao-pode-ser-
reciclado--35/>. Acesso em: 18 nov. 2022.

PEREIRA, C G. Análise preliminar de indústrias do setor coureiro do Vale do Rio dos


Sinos em relação ao gerenciamento ambiental: Estudo de casos em indústrias
exportadoras. 1997. 128f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Escola de
Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997.

PINTO-COELHO, Ricardo M. Reciclagem e desenvolvimento sustentável no Brasil. Belo


Horizonte: Recóleo, 2009, 340p.

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