1a edição
14-04853 CDD-248.32
Índices para catalogo sistemático:
1. Deus : Orações : Prática religiosa 248.32
ISBN 978-85-915291-2-4
Aos meus amigos e
companheiros de oração do
Culto da Mata
em sua celebração de 25 anos.
5
próprias orações, ou seja, não sabem orar
mesmo, mas se soubessem, com certeza orariam
mais e seriam mais felizes.
Percebi também que existem impedimentos
para que a oração seja aceita, que não é algo au-
tomático do tipo - você ora e Deus responde -
como muitos dizem, que basta orar, basta ter
uma necessidade, basta ter fé; e ainda percebi
que, muitas pessoas pedem oração porque não
querem mudar sua vida, querem a bênção sem
compromisso, querem o benefício sem envolvi-
mento, querem apenas a resposta de Deus.
Não há um segredo para Deus responder nos-
sas orações, mas, como vamos ver neste livro,
há condições, há princípios, há procedimentos e
há modelos - dentro da Revelação - que devem
orientar aquele que ora; e enquanto não apren-
dermos como orar, oração não é oração.
Talvez o que todos desejam ardentemente é
ter suas orações ouvidas, aceitas e atendidas,
que são estágios diferentes de uma mesma ora-
ção, e para isso, não existe uma receita de bolo,
como também não depende de um curso de
6
semanas ou meses, nem de um conhecimento
cativo de pessoas iluminadas.
A oração, sim, para ser atendida, é melhor par-
tir de um coração íntegro, humilde, sincero e
confiante em Deus; de um coração salvo e redi-
mido, mas o poder, a graça e a misericórdia de
Deus estão além disso.
A oração é um poder extraordinário colocado
à disposição de todo e qualquer ser humano que
precisa e acredita, independentemente de reli-
gião, casta ou profissão. Demonstração de que
Deus, que é Pai, não esqueceu de nenhum de
Seus filhos, e que está próximo o suficiente para
ouvir seus gemidos, súplicas e clamores.
Este livro pretende colocá-lo mais perto de
Deus, ajudá-lo a enfrentar as horas difíceis e so-
litárias da vida, as horas doloridas e trágicas das
noites, as horas de angústia e solidão dentro das
quais somos lançados sem opção ou culpa, mas
que daí precisamos sair, sem perder nada de
nossa fé, nem de nossa esperança no eterno po-
der de Deus, colocado à disposição daquele que
nEle crer.
7
Há muitos anos descobri que a oração é um
mistério fascinante e maravilhoso, pois nos co-
loca - seres finitos - em contato direto e pessoal
com o Rei do universo em um momento, sem
que seja necessário nenhum mediador, a não ser
Aquele que intercede por nós no santuário celes-
tial, a saber, Jesus Cristo (Hb 9:24).
A oração também é uma ferramenta extraor-
dinária e eficaz para movimentar os ferrolhos
das dificuldades, abrir as portas da oportuni-
dade, e trazer alívio nas horas difíceis. Mas
como se utilizar dessa ferramenta? Como chegar
a Deus nas horas em que mais preciso? Como
falar com Deus nas horas de desespero? Como
orar a Deus de verdade?
Ainda não sei orar como gostaria, estou apren-
dendo; e ainda não oro tanto quanto deveria, es-
tou tentando; porém, neste pequeno manual de
oração compartilho humildemente o melhor do
que aprendi como orar a Deus de verdade.
Este livro pretende ajudá-lo a orar de verdade.
Umberto Moura
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9
10
Índice
Apresentação ................................................. 05
Prefácio ......................................................... 13
Aprendendo a orar
Falando com Deus de verdade ........................... 17
I - As condições
Existem condições para Deus ouvir orações ........ 23
II - Os princípios
Oração tem ciência e princípios ......................... 33
III - O modelo
Orando como Jesus orou ................................... 43
IV - O poder
Orando no Espírito ........................................... 53
V-O preparo
Cuidados a serem tomados antes de orar ............ 59
VI - A oração
Agora vamos falar com Deus de verdade ............. 65
Conclusão...................................................... 73
11
12
Prefácio
A
leitura deste interessante livro, Pe-
queno Manual de Oração, escrito por
meu amigo, o Pastor Humberto Moura,
causou-me muita alegria. É um privilégio ser
convidado para prefaciar um livro assim.
Em primeiro lugar quero ressaltar que o Pas-
tor Moura é um homem de oração. Há cerca de
25 anos fundou o Culto da Mata, no UNASP,
São Paulo, atividade que acontece ininterrupta-
mente há décadas, todos os domingos de madru-
gada, reunindo centenas de fiéis a cada edição.
O ministério e a família do Pastor Moura dão
demonstrações inequívocas de tratar-se de um
homem que vive em comunhão com Deus.
Em segundo lugar quero falar sobre o livro.
Chamar de livro é pouco, é mais que isso. É um
13
manual simples e muito prático que ensina o A,
B, C, da comunhão com Deus através da oração.
Trata-se de um material bem elaborado, pro-
fundo, consistente e ao mesmo tempo muito
acessível.
Muito já se escreveu sobre oração, mas ne-
nhum livro trata tão claramente sobre aspectos
importantíssimos, que nem sempre considera-
mos, tais como: a necessidade de aprender a
orar, as condições essenciais, os princípios, bem
como os cuidados a serem tomados antes de
orar.
Em terceiro lugar quero falar sobre a impor-
tância da oração. Há frases lindíssimas que exal-
tam a oração. “É a respiração da alma”. “É o
abrir do coração a Deus, como a um amigo”.
Tudo isso é verdade, mas não podemos ficar
apenas no romantismo das afirmações. A oração
é uma prática. Eu diria que a oração é o instru-
mento da vida espiritual. Quanto mais prática,
melhor é a performance. Como é maravilhoso
passar tempo com Deus em oração. Há um
14
prazer espiritual que só experimentam aqueles
que passam tempo em comunhão com Deus.
E, por último quero desafiar você que é leitor,
ou leitora. Seja um homem de oração, uma mu-
lher de oração, seja um jovem de oração. Deus
disse que O acharemos quando O buscarmos de
todo o nosso coração (Jeremias 29:13). Não
basta apenas buscar ao Senhor de maneira apres-
sada. É necessário buscá-Lo de todo o coração.
Isto quer dizer, com inteireza de alma. Todo o
ser. Assim fazendo podemos perceber clara-
mente a presença de Deus que transforma nossa
vida. Jesus mesmo afirmou que se não quiser-
mos entrar em tentação, devemos vigiar e orar
(Mateus 26:41).
Que ao você navegar pelas páginas abençoa-
das deste livro, o Espírito Santo o impressione a
viver uma vida de íntima comunhão com Jesus
e que o Deus das promessas encontre você e
conceda as graças necessárias para esta vida e
também para a vida eterna.
Neumoel Stina
Pastor Sênior da IASD do UNASP-SP
15
16
Introdução
Aprendendo
a Orar
Falando com Deus de verdade
17
necessidade que determina a resposta de Deus às
orações.
Há muitas pessoas passando fome que oram a
Deus, mas continuam passando fome; há muitas
pessoas passando privações por falta de em-
prego, de salário, de dinheiro, oram a Deus, mas
continuam passando privações; há muitas pes-
soas doentes precisando de cura, oram a Deus,
mas continuam doentes; há muitas pessoas soli-
tárias, abandonadas que oram a Deus, mas con-
tinuam abandonadas.
Embora o papel da fé seja extremamente rele-
vante para se obter resposta às orações, ela tam-
bém não parece ser a causa una. A fé é impor-
tante e necessária, mas a fé, unicamente, não ga-
rante a resposta à oração.
Será que Moisés era um homem de fé? Certa-
mente, pois, ele orou a Deus, e Deus não respon-
deu (Dt 31:2). Será que o apóstolo Paulo era um
homem de fé? Certamente, pois ele orou a Deus,
e Deus não respondeu (2 Co 12:8-9). O homem
cujo filho estava doente era um homem de fé?
Ele mesmo confessou que não, mas ele orou a
18
Deus, e Deus respondeu (Mc 9:21-24). Lázaro
era um homem de fé? Provavelmente, mas agora
estava morto e suas irmãs não acreditavam na
ressurreição, nem pediram por isso, mas Jesus o
ressuscitou (Jo 11:38-44).
É verdade que Deus ouve as orações feitas
com sinceridade de propósito, apoiadas pela fé
simples, mas se fossem essas as únicas condi-
ções para Deus ouvir orações, poucos de nós se-
ríamos atendidos, por nos faltar tais condições e
preparo.
Então quer dizer que a oração não tem lógica,
não tem ciência, não tem princípio? Quer dizer
que a oração é imprevisível, acidental e aleató-
ria? Não é bem assim.
Deus não age por circunstâncias, mas acima
delas e, até mesmo, apesar delas. Ele não Se im-
pressiona com nossas palavras, nem com nosso
choro. Deus não responde nossas orações por-
que foi comovido por nossas lágrimas. Deus não
responde nossas orações porque foi convencido
por nossos motivos, palavras, emoções ou argu-
mentos. Então como é, ou por que, ou o que
19
motiva, ou justifica Deus responder nossas ora-
ções? Baseado em que Deus responde nossas
orações?
“As lições de Cristo referentes à oração de-
vem ser ponderadas cuidadosamente. Há uma
ciência divina na oração, e Sua ilustração apre-
senta-nos princípios que todos necessitam com-
preender. Mostra qual é o verdadeiro espírito
da oração, ensina a necessidade de perseve-
rança... e nos assegura Sua boa vontade de ouvir
as orações e a elas atender”.
Que interessante um profeta dizer que a ora-
ção é uma ciência que envolve princípios. Ora,
a ciência se baseia na observação e na experi-
mentação, e princípios também fazem parte da
ciência, pois são conceitos universais e perma-
nentes.
Então, pelo visto, as orações não são uma ati-
vidade religiosa-emocional, uma atividade alea-
tória para pessoas mental e emocionalmente fra-
cas, nem exclusivamente peculiar aos oportunis-
tas e falsos profetas (Mt 24:11 e 24), mas uma
20
atividade de fé baseada em princípios - uma ci-
ência. Uma ciência e um mistério.
Isso parece um novo e belo acorde, uma nova
canção, um novo sonho neste mundo de tantos
gritos de dor e desespero, uma janela para a vida,
uma porta para um novo horizonte de esperan-
ças, uma verdadeira “respiração da alma”.3
21
22
Capítulo 1
As Condições
Existem condições para
Deus ouvir orações
A
ntes de tratarmos da oração própria-
mente dita, precisamos saber, e conhe-
cer, se for o caso, se existem condições
para Deus ouvir e responder nossas orações.
Que Deus escuta toda e qualquer oração parece
razoável, visto que Ele ouve tudo, sabe tudo,
mas a Bíblia fala de orações abomináveis (Pv
28:9) e Ellen White fala de orações “que cansam
os anjos e desagradam a Deus”,4 sugerindo cla-
ramente que nem todas as orações alcançam a
graça de Deus, e recebem dEle uma resposta, in-
dependentemente do motivo e necessidade que
as originam, porque há “muita oração que não é
oração”.5 Em contrapartida, Jesus insiste em
que devemos orar. Contou duas parábolas
23
especificamente sobre o dever de orar com per-
severança (Lc 11:5-8; 18:1-7).
Teriam, então, condições para Deus ouvir ora-
ções? Ou Deus escuta mesmo toda e qual quer
oração, de quem quer que seja? E o que veremos
neste capítulo.
“Há certas condições sob as quais podemos
esperar que Deus ouça nossas orações e a elas
atenda”.6
1. Condições para não ouvir
Vamos ver antes as condições porque Deus
não ouve as orações.
“Há demasiado escarnecer do Senhor, muita
oração que não é oração e que cansam os anjos
e desagradam a Deus, muita petição vã, sem sig-
nificado”.7
a. Quando peço com mal propósito
“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para
esbanjares em vossos prazeres” (Tg 4:3).
24
“Somos tão falíveis e curtos de vistas que às
vezes pedimos coisas que não nos seriam uma
bênção”. 8
b. Quando estou em pecado consciente
“Eis que a mão do Senhor não está enco-
lhida.... mas as vossas iniquidades fazem sepa-
ração entre vós e Deus... Vossos pecados enco-
brem o seu rosto para que vos não ouça” (Is
59:1,2).
“Se entendemos ainda à iniquidade em nosso
coração, se nos apegarmos a algum pecado
consciente, o Senhor não nos ouvirá”.
c. Quando tenho ídolos
“Estes homens levantaram os seus ídolos den-
tro em seu coração... acaso permitirei que eles
me interroguem?” (Ez 14:3).
d. Quando ignoro meu próximo
“O que tapa o ouvido ao clamor do pobre tam-
bém clamará e não será ouvido” (Pv 21:13).
e. Quando tenho mágoas no coração
25
“E quando estiverdes orando, se tendes al-
guma coisa contra alguém, perdoai, para que
vosso Pai vos perdoe” (Mc 11:25).
f. Quando oro sem acreditar
“O que duvida é semelhante à onda do mar,
impelida e agitada pelo vento... não suponha
esse homem que alcançará do Senhor alguma
coisa” (Tg 1:5-7).
2. Condições para ouvir
Bom, mas se há condições para Deus não ou-
vir, quais são então as condições para Deus ou-
vir as nossas orações? São os princípios que va-
mos ver no próximo capítulo. Antes, porém, va-
mos ver alguns pontos óbvios sem os quais as
orações também não poderiam ser ouvidas.
Destaco três pontos dos que considero mais
importantes: o preparo, a entrega e a fala, ou o
pedido.
a. Preparo
Toda audiência requer algum planejamento,
um preparo, e tanto mais preparo precisa quanto
26
maior for a autoridade com quem pretendemos
nos entrevistar. Neste caso, vamos falar com
Deus.
O que fizeram, ou
o que pediu Deus
para fazer, aqueles
que estiveram em “Para entreter comu-
Sua presença? Que nhão com Deus, é
cuidados precisaram preciso que tenhamos
ter, que preparos ti- alguma coisa que Lhe
veram de fazer para dizer acerca de nossa
se encontrar com vida”
Deus, e que dife-
rença isto fez no en- CC, 93
contro e na vida de-
les?
- Moisés teve de tirar as sandálias dos pés
como sinal de reverência e respeito e seu rosto
brilhou (Ex 3:5).
- Jacó esteve na presença de Deus e sua vida
foi marcada para sempre. “E temeu, e disse:
Quão terrível é este lugar!” (Gn 28:17).
27
- Isaías esteve na presença do Senhor sua vida
foi tomada de reverência e santidade (Is 6:5).
- Os sacerdotes que entravam na presença de
Deus para interceder pelo povo, com o risco da
própria vida, precisavam tomar cuidados muito
especiais, apesar de sua atividade rotineira (Ex
28 e 29).
- Jesus, que era o Filho de Deus, não Se furtou
preparar-Se devidamente para estar na presença
de Seu Pai. Tal fora a comunhão entre Pai e Fi-
lho que, às vezes, o Céu se abria (Mt 3:16), ou-
tras vezes descia até Ele, envolvendo-o com luz
esplendorosa (Mt 17:5).
Quando entrarmos na presença de Deus, pre-
cisamos fazê-lo com solene respeito, santa reve-
rência e piedosa santidade, após o que, talvez,
por Sua misericórdia e graça, possamos vislum-
brar um pouco do que encantou os grandes ho-
mens e mulheres de Deus, quando estiveram em
Sua presença.
b. Entrega
28
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia
nele, e o mais ele fará” (Sl 37:3).
Entregar tudo a Deus é a nossa única parte; e
tudo o que podemos contribuir entregar. Quase
sempre achamos que já entregamos tudo a Deus,
para, às vezes, descobrir que não o fizemos.
A comunhão,
que se realiza ple-
“A oração é o abrir do namente na exul-
coração a Deus como a tação da Palavra e
um amigo” CC, 93 oração no Espí-
rito, dentro de um
ambiente físico,
social e espiritualmente compatível, em regime
de culto e adoração ao Deus supremo Criador,
começa no preparo, no cuidado, no sentimento
de que o Deus que virá para a ceia, já chegou, e
está preparando o nosso coração para a comu-
nhão plena de Sua presença.
Alguns estacionam, ou falham, no seu desen-
volvimento espiritual porque ficam no estágio
do preparo e não chegam à comunhão; outros,
29
porque anseiam a comunhão, mas negligenciam
o preparo.
Foi essa entrega, total e absoluta que permitiu
a Moisés ficar 80 dias na presença de Deus, sem
comer e sem beber (Ex 24:18; 34:28), e quando
desceu do monte, a pele do seu rosto trazia o bri-
lho da glória de Deus (Ex 34:30).
O próprio Cristo ficou 40 dias na presença do
Pai sem comer e sem beber (Mt 4:2), quando,
então, pôde dizer: “Nem só de pão viverá o ho-
mem, mas de toda a palavra que sai da boca de
Deus” (Lc 4:4); porque na presença de Deus
nossas necessidades são atendidas, nossa fome
satisfeita, nossa sede saciada, e nossa alma san-
tificada. E do que mais necessitamos? Nada
mais!
c. Pedido
“Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei
e abri-se-vos-á” (Mt 7:11).
“Nossa grande necessidade é ela mesma um
argumento, e intercede muito eloquente mente
em nosso favor”.10
30
“Deus não nos diz: Pedi uma vez, e dar-se-
vos-á. Requer que peçamos. Persistir incansa-
velmente em oração. A súplica persistente põe o
peticionário em atitude mais fervorosa, e dá-lhe
maior desejo de receber o que pede”.11
“A perseverança na oração é também uma
condição para ser ela atendida. Devemos orar
sempre, se quisermos crescer na fé e experiên-
cia. ‘Perseverai em oração, velando nela com
ação de graças’. Col. 4:2. ... ‘Mas vós, amados’,
diz Judas, ‘orando no Espírito Santo, conservai
a vós mesmos na caridade de Deus.’ Jud. 20 e
21. A oração incessante é a união ininterrupta da
alma com Deus, de maneira que a vida de Deus
flui para nossa vida; e de nossa vida refluem
para Deus a pureza e santidade”,12
“E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso
farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Fi-
lho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome,
eu o farei” (Jo 14:13-14).
“Na verdade, na verdade vos digo que tudo
quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele
vo-lo há de dar” Jo 16:23).
31
Como podemos observar, pedir neste contexto
é praticamente sinônimo de orar a Deus. O pe-
dido é a súplica, é o clamor, é o grito, é a voz da
oração. Precisamos pedir. Jesus foi muito insis-
tente neste quesito.
32
Capítulo 2
Os Princípios
Oração tem ciência e princípios
O
bserve que Ellen White, a partir da re-
velação de Deus em Sua Palavra, ora-
ção com “ciência divina”, “princípios”
e “espírito” de oração. No livro Parábolas de Je-
sus, no contexto do capítulo “Como Aumentar a
Fé e a Confiança”, que trata das parábolas de
oração narradas por Cristo (Lc 11:5-8; 18:1-7),
ela apresenta alguns princípios “que todos ne-
cessitam compreender” para que suas orações
sejam atendidas.13
A oração, portanto, não é uma prática aleató-
ria, baseada em sentimentos e necessidades, mas
uma prática espiritual que envolve ciência e
princípios. São estes que veremos a seguir:
1. Consagração
33
“E por eles me santifico a mim mesmo, para
que também eles sejam santificados na verdade”
(Jo 17:19).
Quando uma pessoa entende o que é consa-
gração, ela entende que não pertence a si
mesma. “Não sois de vós mesmos”, diz a Pala-
vra, “porque fostes comprados por preço.
Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”
(1 Co 6:19,20). E em outro lugar se diz: “Por que
se vivemos para Senhor vivemos, se morrermos
para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos
ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14:8).
“Соmо é de admirar, pois, que oremos tão
pouco!” CC, 93
A Bíblia diz também que somos “escravos” de
Deus (1 Co 9:19). Um escravo é aquele sobre
quem o seu senhor tem todos os direitos por tê-
lo comprado.
O termo “escravo” não é muito agradável,
mas todos os que temos experimentado a graça
do Senhor, conhecemos a doçura de sermos
Seus servos.
34
2. Obediência
“Se me amais, guardai os meus mandamen-
tos”. “Aquele que tem os meus mandamentos e
os guarda esse é o que me ama; e aquele que me
ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me
manifestarei a ele” (Jo 14:15, 21).
Obediência também não é uma palavra muito
simpática. Porém, não existe salvação sem obe-
diência. Gostamos da palavra perdão, mas não
gostamos da palavra obediência porque ela
mexe com nossos interesses e gostos, com nossa
liberdade e vontade. Queremos os benefícios,
mas não queremos o sacrifício.
Jesus pagou o preço da nossa desobediência
passada, inconsciente, mas espera e exige nossa
obediência presente como garantia para uma
nova vida. Sem obediência, nada feito.
Não importa quantas promessas você fez,
quantas juras você fez, quantos pedidos sinceros
de perdão você fez. Sem obediência não há
amor; e sem amor o relacionamento não se
35
sustenta. O Diabo quis o Céu sem obediência,
não conseguiu.
“Há condições para o cumprimento das pro-
messas de Deus, e a oração nunca pode substi-
tuir o dever. ‘Se Me amardes’, diz Cristo, ‘guar-
dareis os Meus mandamentos.’ João 14:15.
‘Aquele que tem os Meus mandamentos e os
guarda, este é o que Me ama; e aquele que Me
ama será amado de Meu Pai, e Eu o amarei e Me
manifestarei a ele.’ João 14:21. Aqueles que
apresentam suas petições a Deus, reivindicando
Sua promessa, enquanto não satisfazem as con-
dições, ofendem a Jeová. Apresentam o nome de
Cristo como autoridade para o cumprimento da
promessa, porém não fazem aquilo que demons-
traria fé em Cristo e amor a Ele.14
“Todas as dádivas são prometidas sob a con-
dição de obediência. Deus tem um Céu cheio de
bênçãos para aqueles que com Ele cooperarem.
Todos quantos Lhe são obedientes podem com
confiança pedir o cumprimento de Suas promes-
sas”.15
3. Fidelidade
36
“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida” (Ap 2:10).
A Bíblia garante que Deus é fiel. Jesus narrou
duas parábolas sobre a importância da fidelidade
(“Servo Fiel”, Mt 24:45-51; e “A Parábola dos
Talentos”, Mt 25:14-28) para ilustrar o valor da
fidelidade a Deus. O apóstolo Paulo diz que “re-
quer-se dos dispenseiros [isto é, dos cristãos]
que cada um seja fiel” (1 Co 4:2). Isso inclui ser
fiel nos dízimos e nas ofertas:
“Como Doador de todas as bênçãos, Deus re-
quer certa porção de tudo quanto possuímos.
Esta é uma providência para sustentar a prega-
ção do evangelho. Restituindo a Deus essa parte,
testemunharemos nosso apreço por Suas dádi-
vas. Como podemos, pois, reivindicar Suas bên-
çãos, se retemos o que Lhe pertence? Como po-
demos esperar que nos confie coisas celestiais,
se somos mordomos infiéis das terrenas? Pode
ser que isso esteja o segredo das orações não
atendidas”.16
4. Confiança/Fé em Deus
37
“Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se cre-
res, verás a glória de Deus?” (Jo 11:40).
“Por isso vos digo que tudo quanto em oração
pedirdes, crede que recebestes, e será assim con-
vosco” (Mc 11:24).
Deus quer ter conosco uma relação de pro-
funda confiança. A confiança é essencial para
qualquer amizade, relacionamento ou negócio.
Deus confia em nós, mas nós precisamos confiar
em Deus. Parece simples, mas não é. Quem obe-
dece pode confiar.
“Todos quantos Lhe são obedientes podem
com confiança pedir o cumprimento de Suas
promessas.
“Devemos, porém, mostrar firme e inabalável
confiança em Deus. Às vezes Ele tarda a respon-
der para provar-nos a fé ou experimentar a sin-
ceridade de nosso desejo”.17
5. Perseverança
38
“Por isso lhes digo: Peçam, e lhes será dado;
busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes
será aberta.
“Pois todo o que pede, recebe; o que busca,
encontra; e àquele que bate, a porta será aberta”
(Lc 11:9-10).
“A perseverança na oração é também uma
condição para ser ela atendida”.18
“Na parábola [do amigo importuno (LC 11:5-
8)], o suplicante foi repelido várias vezes; porém
não desistiu de sua intenção. Assim, nossas ora-
ções nem sempre parece serem atendidas imedi-
atamente; mas Cristo ensina que não devemos
cessar de orar. A oração não se destina a efetuar
qualquer mudança em Deus, deve elevar-nos a
harmonia com Ele. Ao Lhe fazermos alguma pe-
tição, pode ver que nos é necessário examinar o
coração e arrepender-nos do pecado. Por isso
nos faz passar por dificuldades, provações e hu-
milhações, para que vejamos o que impede em
nós a operação do Espírito Santo”.19
39
“Deus não nos diz: Pedi uma vez, e dar-se-
vos-á. Requer que peçamos. Persistir incansa-
velmente em oração. A súplica persistente põe o
peticionário em atitude mais fervorosa, e dá-lhe
maior desejo de receber o que pede. Junto ao tú-
mulo de Lázaro, Cristo disse a Marta: ‘Não te
hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?’
João 11:40”,20
6. Amar uns aos Outros
“Um novo mandamento lhes dou: Amem se
uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem
amar-se uns aos outros” (Jo 13:34).
“Um dos últimos mandamentos de Cristo aos
discípulos foi: ‘Que vos ameis uns aos outros;
como eu vos amei’. Obedecemos a este manda-
mento, ou cultivamos rudes traços de caráter di-
ferentes do de Cristo? Se causarmos de qualquer
maneira dores e tristezas a outros, é nosso dever
confessar nossa falta e procurar reconciliação.
Esta é uma preparação essencial para nos poder-
mos achegar pela fé a Deus para Lhe solicitar as
bênçãos”.21
40
7. De Acordo com a Vontade de Deus
“Seja feita a tua vontade, assim na terra como
no céu” (Mt 6:10).
“Esta é a confiança que temos para com ele,
que, se pedimos alguma coisa segundo a sua
vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5:14).
“Havendo nós pedido em harmonia com Sua
Palavra, devemos crer em Sua promessa, e insis-
tir em nossas petições com determinacão inaba-
lável”. 22
Houve casos na Bíblia em que Deus respon-
deu a orações, mas não foi o melhor. Deus não
queria colocar um rei sobre Israel, mas o povo
insistiu determinadamente e Deus o atendeu,
mas não foi bom. No final Deus disse: “Arre-
pendo-me de haver posto a Saul como rei; por-
quanto deixou de me seguir, e não cumpriu as
minhas palavras” (1 Sm 15:11).
Outro caso foi o de Ezequias (Is 39:1-8). Ele
orou a Deus e Deus ouviu a sua oração, mas tam-
bém não foi o melhor. “Não correspondeu
41
Ezequias ao benefício que se lhe fez, porque o
seu coração se exaltou” (II Cr 32:25).
42
Capítulo 3
O Modelo
Orando como Jesus orou
C
erto dia os discípulos viram Jesus
orando e foram surpreendidos pela ma-
neira como Ele orava. “Parecendo in-
consciente da presença deles, continuou orando
em voz alta. O coração dos discípulos foi mo-
vido profundamente. Ao cessar Ele de orar, ex-
clamaram: ‘Senhor, ensina-nos a orar, como
João ensinou aos discípulos dele’ (Lc 11:1)”.23
Antes, porém, de Jesus ensinar a orar, Ele
disse como não orar. Disse que havia um jeito
errado de orar. Se há um jeito errado de orar é
porque existe um jeito certo. Como Jesus ensi-
nou, vamos ver primeiro como não se deve orar.
43
Jeito errado:
- “Em pé nas sinagogas e nas esquinas a fim
de serem vistos” (Mt 6:5) - orar chamando a
atenção para si, usando frases estereotipa das, de
efeito, tentativas de aparecer.
- Falando muito (Mt 6:7) - longas e cansativas
orações.
“Não fiquem sempre repetindo a mesma
coisa” (Mt 6:7) - desenvolva uma oração cons-
ciente, planejada, progressiva.
Jesus deixou claro
“As trevas do ma- que orar não é rezar.
ligno envolvem os A diferença entre
que negligenciam a uma e outra é: ora-
oração” ção é falar com
Deus numa relação
CC, 94
dinâmica, racional e
emocional; reza é de
clamar ou falar palavras e trechos decorados e
repetitivos. Esse tipo de oração Jesus classificou
de “orar de si para si mesmo”. É a oração do fa-
riseu:
44
“O fariseu, estando pé, orava consigo desta
maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou
como os demais homens, roubadores, injustos e
adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo
duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo
quanto possuo” (Lc 18:11-12).
O fariseu orou, mas não foi justificado (Lc
18:14). Orar como o fariseu é um jeito errado de
orar, esse tipo de oração, que busca a justifica-
ção própria, Deus não responde.
Agora vamos ver o jeito certo de orar a Deus.
Jeito certo:
- “Vá para seu quarto” (Mt 6:6) - lugar priva-
tivo.
- “Feche a porta” (Mt 6:6) - sem interferên-
cias.
- “Ore a seu Pai que está em secreto” (Mt 6:6)
- em intimidade, de coração, sem segredos para
Deus, e sem omitir pecados que devem ser con-
fessados ao Pai. Falar o bastante e o suficiente,
45
não privado pela fórmula ou pelo tempo (Ver Mt
6:8).
A oração do “Pai Nosso” (Mt 6: 9-13) é uma
oração modelo deixada por Jesus para Seus se-
guidores. Podemos aprender a orar seguindo
este modelo de oração. Há muitas sugestões para
dividir a oração do Pai Nosso. Para este mo-
mento será dividida de acordo com a intenção
deste aprendizado.
1. Vocativo
“Pai nosso, que estás nos céus!” (Mt 6:9) - a
pessoa a quem se está dirigindo: Deus. Precisa-
mos deixar claro, desde o início da oração, com
Quem estamos falando, neste caso, Deus, o So-
berano do Universo - isto é vocativo.
É diante deste nome “que se dobre todo o jo-
elho dos que estão nos céus, e na terra, e de
baixo da terra” (Fp 2:10).
É diante deste nome que “todo joelho se do-
brará, toda língua confessará” “que Jesus Cristo
é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Rm 14:11;
Fp 2:11).
46
Tal poder, contido neste nome, não pode, e
nem deve, ser escondido, preterido ou dissimu-
lado, ao mesmo tempo que não deve ser usado
sem o devido cuidado, santa referência e respei-
toso temor.
2. Exaltação
“Santificado seja o teu nome” (Mt 6:9) - a
exaltação ao nome de Deus afasta os demônios
e traz vida e poder à comunhão. É como salmo-
diar a Deus, dizer pala-
vras de louvores que
“Quando Jesus exaltem o Seu santo
andou na Terra,
nome.
ensinou a Deus
discípulos como “Para santificarmos
deviam orar” o nome do Senhor é ne-
CC, 93 cessário que as pala-
vras em que falamos
do Ser Supremo sejam pronunciadas com reve-
rência. ‘Santo e tremendo é o Seu nome.’ Sal.
111:9. Não devemos nunca, de qualquer modo,
tratar com leviandade os títulos ou nomes da Di-
vindade. Ao orar, penetramos na sala de
47
audiência do Altíssimo, e devemos ir à Sua pre-
sença possuídos de santa reverência”.24
3. Entrega
“Venha o teu reino; seja feita a tua vontade,
assim na terra como no céu” (Mt 6:10) - ensina
a conformação com a vontade de Deus e Sua so-
berania. Insistir em oração por uma resposta de
Deus “sem conformar-se com Sua vontade, é um
erro”. 25
4. Pedidos e Intercessão
a. Material:
“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt
6:11) - é muito tranquilizador pensar que o
mundo pertence a Deus; a roupa, a comida, a be-
bida, o amanhã, tudo é de Deus (Mt 6:25-32), e
Deus é nosso Pai.
“E qual o pai cujo filho lhe pedir pão, lhe dará
uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe
dará por peixe uma serpente? Ou, também, se
lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?” (Lc
11:11-12). “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar
48
boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso
Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pe-
direm?” (Mt 7:11).
b. Espiritual:
1) Perdão – “Perdoa as nossas dívidas, as sim
como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt
6:12).
“Quando chegamos a pedir misericórdia e
bênçãos de Deus, devemos fazê-lo tendo no co-
ração um espírito de amor e perdão. Como po-
deremos orar: ‘Perdoa-nos as nossas dívidas, as-
sim como nós perdoamos aos nossos devedores’
(Mat. 6:12), e não obstante alimentar um espí-
rito de irreconciliação? Se esperamos que nossas
orações sejam atendidas, devemos perdoar aos
outros do mesmo modo e na mesma medida em
que esperamos ser perdoados”.26
2) Libertação – “E não nos deixes cair em ten-
tação; mas livra-nos do mal” (Mat. 6:13) - são
duas situações distintas: Deus tem o poder para
nos livrar do mal, mas não nos livra das tenta-
ções.
49
Deus “permite que enfrentemos obstáculos,
perseguições e vicissitudes, não como uma mal-
dição, mas como a maior bênção de nossa vida.
Toda tentação resistida, toda provação valorosa-
mente suportada, traz-nos uma nova experiên-
cia, levando-nos avante na obra da edificação do
caráter. A alma que, mediante o poder divino,
resiste à tentação, revela ao mundo e ao universo
celeste a eficácia da graça de Cristo”.7
3) Confissão – No item “Pedidos e Interces-
são”, também percebe-se a confissão e a hu-
milde aceitação das condições. Incluir a confis-
são na oração é muito importante. O vaso, antes
de ser enchido, precisa ser esvaziado e limpo.
“De sorte que, se alguém se purificar destas coi-
sas, será vaso para honra, santificado e idôneo
para uso do Senhor, e preparado para toda a boa
obra” (2 Tm 2:21).
5. Declaração
“Pois Teu é o reino, o poder e a glória para
sempre. Amém!” (Mt 6:13) - A oração do Pai
Nosso termina com uma linda declaração de
50
confiança no poder de Deus, uma entrega abso-
luta aos Seus cuidados e carinho de Pai.
51
52
Capítulo 4
O Poder
Orando no Espírito
O
poder da oração não está nas palavras,
o poder da oração está na vida de quem
ora. A vida que é vivida com oração é
uma vida poderosa. E vidas poderosas produ-
zem orações poderosas.
Muitos querem ter orações poderosas, mas
não querem ter uma vida poderosa; isto é, não
estão dispostos a viver nas condições de uma
vida poderosa.
Aqueles que tiveram orações poderosas foram
pessoas que viveram vidas poderosas. Aqueles
que podem ser chamados, ou que foram chama-
dos de homens e mulheres de oração, também
foram reconhecidos como homens e mulheres
53
de Deus. Viveram sob a égide do poder de Deus,
imersos na presença de Deus, andavam com
Deus.
É muito difícil, neste tempo de tanta correria,
de luta pela vida, de busca por realizações, de
imposições sociais, de direitos à satisfação pró-
pria, de sensualidade e hedonismo, ter-se cons-
ciência de que vivemos na presença de um Deus
santo “que não pode ver o mal” (Hb 1:13). Po-
rém, homens e mulheres de Deus vivem assim;
e quem quiser ter uma vida poderosa, para pro-
duzir orações poderosas, precisa viver como
eles viveram: com coerência, piedade e santi-
dade.
1. Coerência
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não,
não; porque o que passa disso é de procedência
cia maligna” (Mt 5:37).
Vivemos num mundo absolutamente carnal, e
neste mundo temos o desafio de ser pessoas pi-
edosas e espirituais. Temos o desafio de ser
54
coerentes com a verdade e os princípios que de-
fendemos.
Há muitos discursos bonitos, bem elaborados,
retóricos, efetivos, mas que não vêm acompa-
nhados de uma vida coerente. Sem coerência
não há vida poderosa, nem orações poderosas.
“Não podemos fazer... oração com sinceri-
dade, e ainda decidir trilhar qualquer senda de
nossa própria escolha”.28
2. Piedade
“Tendo aparência de piedade, mas negando a
eficácia dela. Destes afasta-te” (2 Tm 3:5).
Paulo preocupou-se com o jovem pastor Ti-
móteo a ensinar-lhe viver uma vida piedosa:
“Foge, outrossim, das paixões da mocidade”, e
para preencher um suposto vazio de suas rela-
ções sociais, completou: “e segue a justiça, a fé,
o amor e a paz com os que, de coração puro, in-
vocam o Senhor” (2 Tm 2:22).
A palavra piedade geralmente aparece com
outras virtudes cristãs, como a temperança, a
55
paciência, a mansidão, o amor fraternal e a cari-
dade (2 Pd 1:6-7; 1 Tm 6:11).
Piedade, neste sentido, significa amor e res-
peito às coisas de Deus, devoção. Uma vida pi-
edosa é uma vida repleta de atos de adoração, é
uma vida de adoração.
3. Santidade
Um homem é santo quando Deus tem exclu-
sividade em sua vida, quando sua vontade está
santificada e submetida à vontade de Deus,
quando ele anda no Espírito (GL 5:16). Vidas
poderosas, que produ-
zem orações poderosas,
são vidas santificadas. "Orai pedindo o
poder de Deus"
Deus é santo, e para
1 ME, 93
entrar em Sua presença é
necessário santificar-se
(Ex 19:22). “Devemos ser tão santos em nossa
esfera, como Deus é santo na Sua”.29
Pessoas santas são dirigidas pelo Espírito
Santo e não satisfazem as concupiscência da
carne, que são “adultério, fornicação, impureza,
56
lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias,
ciúmes, iras, pelejas, dissensões, heresias, inve-
jas, homicídios, bebedices, glutonarias... os que
cometem tais coisas não herdarão o reino de
Deus” (Gl 5:19-21).
Pessoas santas, ao contrário, produzem o fruto
do espírito, que é “amor, alegria, paz, longani-
midade, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança” (Gl 5:22).
Pessoas santas são pessoas poderosas, que vi-
vem uma vida poderosa, e que, portanto, produ-
zem orações poderosas, porque oram no Espí-
rito, que é uma marca apostólica (Jd 20).
Orar no Espírito não é uma oração supramen-
tal, estática ou sob êxtase (fora de si). Não existe
esse modelo de oração na Bíblia. A oração é
uma atividade mental-espiritual, e a oração em
comunhão é a atividade mais espiritual que um
ser humano pode participar e se envolver. Por-
tanto, não é possível orar de verdade se não orar
no Espírito.
57
É o Espírito Santo quem gera dentro de nós o
desejo de orar, é o Espírito Santo quem cria em
nós o motivo de orar, é o Espírito Santo quem
dá para nós o poder de orar. Somente assim po-
deremos orar a Deus, e essa oração, gerada, mo-
vida e orientada pelo Espírito, é a oração no Es-
pírito. “É orar segundo o sentimento e o espírito
de Jesus”.30
28. Ibidem.
29. White, E recebereis poder, 66.
30. White, Caminho a Cristo, 100.
58
Capítulo 5
O Preparo
Cuidados a serem tomados
antes de orar
A
oração, mesmo na intimidade de seu
quarto, mesmo sendo uma conversa
com Deus, necessita ser feita com res-
peito e reverência. Deus é Amigo, é Pai, mas não
é colega. Ele é o Deus Altíssimo, Santo, Criador
e Soberano do Universo.
Não devemos nos dirigir a Ele de qualquer
maneira, com qualquer palavra, sem qualquer
cuidado. O senso da presença de Deus é funda-
mental na oração. Sua presença e pessoa devem
inspirar um ambiente de santidade de e adora-
ção.
59
1. Ambiente e postura
Prepare o ambiente; vista-se ou cubra-se de-
centemente; prefira o silêncio; disponha de Bí-
blias e hinário; não tenha pressa.
“Supondo que houvesse ido a Seu lugar habi-
tual de retiro, o povo ali O seguiu”.31
“O alvorecer encontrava-O muitas vezes em
algum lugar retirado, meditando, examinam do
as Escrituras, ou em oração. Com cânticos sau-
dava a luz matinal. Com hinos de gratidão ale-
grava Suas horas de labor, e levava a alegria ce-
leste ao cansado e ao
abatido”.32
“A oração da alma
“A oração secreta
penitente e contrita
só deve ser ouvida
será sempre aceita”
por Ele - o Deus que
CC, 96 ouve as orações. Ne
nenhum ouvido curi-
oso deve partilhar
dessas petições em que a alma assim depõe o seu
fardo. Na oração secreta a alma está livre das in-
fluências do ambiente, livre da agitação.
60
Calmamente, mas com fervor, busca a Deus. Su-
ave e permanente será a influência que emana
dAquele que vê o secreto, e cujo ouvido está
aberto para ouvir a prece que vem do coração.
Pela fé calma e singela a alma entretém comu-
nhão com Deus e absorve raios de luz divina que
a devem fortalecer e suster no conflito contra
Satanás. Deus é nossa fortaleza”.33
2. Aproximação
O iniciar de uma oração não deve ser feito de
forma abrupta, apressada, agitada. Afinal, so-
mos criaturas nos aproximando do Criador, Sal-
vador e Pai.
Antes de iniciar a oração nosso espírito pre-
cisa estar calmo e, se possível, nossa pulsação
também. Se necessário, respirar fundo, tomar
um gole de água, você vai entrar na presença do
Eterno. Prepare-se.
“‘Ore a seu Pai que está em secreto’. Mat. 6:6.
Podemos, em nome de Jesus, chegar à presença
de Deus com confiança infantil. Homem algum
precisa servir de mediador.... Mediante Jesus, é-
61
nos dado abrir o coração a Deus como a alguém
que nos conhece e ama”.34
“Frequentemente advir-nos-á um senso agra-
dável e alegre da presença de Jesus. O coração
arderá muitas vezes em nós, quando Ele Se
achegar para comungar conosco, como o fazia
com Enoque".35
3. Abordagem
a. Reverente
“Quando se reuniam, depois da ascensão, es-
tavam ansiosos por apresentar as suas petições
ao Pai, em nome de Jesus. Com solene reverên-
cia se prostravam em oração, repetindo a pro-
messa: ‘Tudo quanto pedirdes a Meu Pai, em
Meu nome, Ele vos dará. Até agora, nada pedis-
tes em Meu nome; pedi e recebereis, para que a
vossa alegria se cumpra.’ João 16:23 e 24”.36
b. Humilde
“A consciência do poder e da sabedoria de
Deus, e de nossa incapacidade para Lhe compre-
ender a grandeza, deve inspirar-nos humildade,
62
e devemos abrir Sua
Palavra com reverên-
cia, como se entrásse- “Os que estão
mos a Sua presença, realmente
com santo temor. Ao buscando a
lermos a Bíblia, a ra- comunhão
zão deve reconhecer com Deus, se-
uma autoridade supe- rão vistos nas
rior a si própria, e o co- reuniões de
ração e a inteligência oração”
se devem curvar pe-
CC, 98
rante o grande EU
SOU”,37
c. Sincera
“O conhecimento de vossas promessas viola-
das e dos votos não cumpridos, enfraquece a
confiança em vossa própria sinceridade, le-
vando-vos a julgar que Deus não vos pode acei-
tar; mas não precisais desesperar”.38
d. Direta
“Irmãos e irmãs, quando vos reunis para o
culto de oração, crede que Jesus Se reúne
63
convosco; crede que está disposto a abençoar-
vos. Desviai os olhos do próprio eu; olhai a Je-
sus, falai de Seu incomparável amor. Contem-
plando-O, sereis transformados à Sua seme-
lhança. Quando orardes, sede breves, ide direta-
mente ao ponto. Não pregueis um sermão ao Se-
nhor em vossas longas orações. Pedi o pão da
vida como uma criança faminta pede pão a seu
pai terrestre. Deus nos concederá toda bênção de
que necessitamos, uma vez que Lhe peçamos em
simplicidade e fé”.39
31. Ellen White, A ciência do bom viver (Tatuí, SP: Casa Publi-
cadora Brasileira, 2007), 14.
32. Ibid., 13.
33. White, Caminho a Cristo, 98.
34. Ellen White, O maior discurso de Cristo (Tatuí: Casa Publi-
cadora Brasileira, 2010), 54.
35. White, Parábolas de Jesus, 129.
36. White, Caminho a Cristo, 74.
37. Ibid., 110.
38. Ibid., 47.
39. Ellen White, Testemunhos seletos, vol. 2 (Santo André. SP:
Casa Publicadora Brasileira, 1970), 60.
64
Capítulo 6
A Oração
Agora vamos falar com Deus,
de verdade
A
lém do modelo de oração baseado no
Pai Nosso, existem muitos modelos e
maneiras de orar a Deus, como, por
exemplo, a oração de intercessão, a oração em
dupla, a oração em grupos, a oração progressiva,
a oração de adoração, a oração peticionária, a
oração evangelística, etc.
Neste livro tratamos apenas da oração em se-
creto, que também chamamos de oração de co-
munhão. É a oração mais plena, mais sincera,
mais verdadeira e mais necessária.
“Não devemos negligenciar a oração secreta,
pois ela é a vida da alma. E impossível a alma
65
prosperar enquanto é negligenciada a oração. A
oração familiar e a oração pública não bastam.
Em solidão, abra-se a alma às vistas perscruta-
doras de Deus. A oração secreta só deve ser ou-
vida por Ele - o Deus que ouve as orações. Ne-
nhum ouvido curioso deve partilhar dessas peti-
ções em que a alma assim depõe o seu fardo. Na
oração secreta a alma está livre das influências
do ambiente, livre da agitação. Calmamente,
mas com fervor, busca a Deus”. 40
1. Ambiente interno
Bem, depois que você preparou seu ambiente,
buscou um lugar reservado, o mais silencioso
possível, está no intervalo de uma refeição ou
em jejum, procurou estar composto (mesmo em
casa, embora com rou-
pas simples, deve estar
bem vestido), colocou
sua Bíblia à mão, o hi- “A oração secreta...
nário, sua agenda de é a vida da alma”
oração, um rascunho e CC, 98
caneta para algumas
anotações de última
66
hora, agora comece a preparar o ambiente in-
terno de sua alma, afinal, você vai falar com o
Rei do Universo, o Santo Deus de Israel, o po-
deroso de Jacó, Aquele
“Oração e es- que habita em luz ina-
forço, esforço e cessível; comece a
oração, serão a exercer sua fé, acredi-
ocupação de tando que vai falar
vossa vida” com o Deus altíssimo
EF, 63 mesmo, que Ele vai in-
clinar Seu ouvido, vai
entender suas razões e motivos, vai compreen-
der sua insegurança, seus medos, suas emoções.
Tudo pronto? Então comece a fazer sua apro-
ximação:
2. Momentos prévios
Cante hinos - Comece cantando hinos que
exaltem o nome do Todo-poderoso, hinos que
exaltem o sacrifício de Cristo, nosso intercessor.
Declame Salmos - Intercale com leitura audí-
vel de alguns Salmos. E quando você se der
conta já está na presença de Deus.
67
Ao começar - Comece a falar calmamente,
conscientemente. Siga o roteiro do Pai Nosso.
3. A oração
a. Vocativo
Comece falando clara e firmemente o nome
de Deus, comece com um vocativo, por exem-
plo: Pai nosso que estais no Céu! Pai celestial!
Deus todo-poderoso! Querido Deus! Querido
Pai!
Atenção: algumas pessoas têm o hábito de
começar sua oração pelo nome de Jesus, por
exemplo: “Querido Jesus!” Não é que Deus não
ouvirá a oração por causa de um erro técnico ou
estrutural, mas o melhor é orar corretamente.
Por isso Jesus ensinou claramente que devería-
mos orar a Deus o Pai (Mt 6:9), em nome de
Deus o Filho (Jo 16:23), na virtude do Espírito
Santo (Jd 20).
Ao pronunciar o Santo nome de Deus, está
aberta a oração. Uma atmosfera de respeito, re-
verência e poder é imediatamente instalada, an-
jos de Deus são mobilizados para guardar o
68
nome do Altíssimo e aqueles que lhe pronunci-
aram com respeito e devoção.
b. Exaltação
O Santo nome de Deus aspira exaltação e dig-
nidade. É o passo a seguir. Passe a exaltar o Se-
nhor, Seu nome, Seu reino, Seus atributos, como
vemos nos Salmos. Quando assim fazemos, os
demônios fogem, a oração ganha poder e o ser
humano é elevado à presença do Pai do Céu.
c. Entrega
Diante de Sua grandeza e majestade, não cabe
outra atitude ao adorador em oração, a não ser
entregar-se de corpo, espírito e alma ao Senhor
da glória. Cabe nessa hora uma renovação de
seus votos de fidelidade e amor ao seu Deus e
Criador.
d. Pedidos e intercessão
Nessa hora você já está diante do trono do Rei
dos reis. Não existem mais segredos na sua alma
para Ele. Portanto, confesse seu pecado e peça
perdão, a fim de que Ele purifique sua vida. E
69
agradeça, agradeça por tanto e tudo que Ele lhe
fez, está fazendo e ainda o fará.
É nessa hora que o coração se derrama, as pa-
lavras fluem, a emoção pode chegar, e as lágri-
mas podem aparecer. Mas não deixe de ter orga-
nizados, na mente ou no papel, os seus pedidos,
os seus motivos, e os nomes das pessoas por
quem você quer interceder.
É nessa hora que o impossível vale menos que
a vontade de Deus. Se Deus quiser, tudo é pos-
sível. Sua oração não muda a decisão de Deus,
mas Deus sabe (e já sabia) que você O buscaria
e em que condição o faria. Portanto, a realidade,
não importa quão desesperadora possa ser, fica
submetida ao poder de Deus, é então que acon-
tecem os milagres.
Também devemos entender que vivemos num
mundo imperfeito, um mundo de probabilidades
ruins, um mundo de ganhos e perdas, onde so-
nhos são desfeitos e planos deixados por con-
cluir.
70
Nessas horas devemos ter fé para pedir, sere-
nidade para esperar e resignação para aceitar.
Em Deus, tudo tem um propósito.
e. Declaração
A declaração é o epílogo da oração, é a che-
gada ao seu destino, é a posse da bênção, é o re-
cebimento da promessa. Declare sua confiança
em Deus e em Seu poder e na decisão de Sua
soberana vontade, e descanse nela. Deus sabe o
que é melhor.
f. Conclusão
E, finalmente, não esqueça de seu Intercessor,
Jesus Cristo. Oramos a Deus, em nome de Jesus.
É Ele, por Sua pessoa, sacrifício e amor que
torna possível entrarmos à presença do Pai.
“Jesus disse: ‘Pedireis em Meu nome, e não
vos digo que Eu rogarei por vós ao Pai, pois o
mesmo Pai vos ama.’ João 16:26 e 27. ‘Eu vos
escolhi a vós... a fim de que tudo quanto em Meu
nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.’ João
15:16. Orar em nome de Jesus, porém, é mais do
que simplesmente mencionar-Lhe o nome no
71
começo e fim da oração. É orar segundo o sen-
timento e o espírito de Jesus, ao mesmo tempo
que Lhe cremos nas promessas, descansamos
em Sua graça, e fazemos Suas obras”.41
g. Pós-Conclusão
Quando acabamos de orar ainda não é o fim
da oração. Também é parte, e parte muito im-
portante da oração o silêncio pausal que se faz
após encerramos nossas palavras. É um tempo,
um momento no qual o Espírito Santo nos co-
munica a sensação da resposta de Deus. Sair de
uma oração de forma abrupta, introduzindo con-
versas e pensamentos alheios à oração é um des-
respeito a Deus, e uma grave irreverência à Sua
pessoa. Essa atitude anula o efeito e o poder da
oração.
72
Conclusão
E
nfim, a oração não depende de hora ou
lugar, não depende de ser pecador ou
santo, não depende de mérito pessoal ou
técnica refinada; para ser ouvido por Deus é ne-
cessário orar, e para aprender a orar é necessário
orar. Esta é a maior das regras, e o maior de to-
dos os princípios. É orando que se aprende a
orar.
Quando chegamos a Deus em oração, Ele não
questiona o motivo, ou as regras, ou as técnicas;
Ele apenas nos recebe. Antes de ser um Deus
todo-poderoso, Ele é um Pai amoroso.
A maior regra e princípio para a oração é orar
a Deus, em qualquer hora e lugar, em qualquer
momento e oportunidade, em qualquer situação
ou circunstância. A nossa necessidade marca a
73
hora, o nosso motivo marca o encontro, e a nossa
fé marca a intensidade.
“Não há tempo nem lugar impróprios para er-
guer a Deus uma prece. Nada há que nos possa
impedir de alçar o coração no espírito de oração
sincera. Entre as turbas de transeuntes na rua,
em meio de uma transação comercial, podemos
elevar a Deus um pedido, rogando a direção di-
vina, como fez Neemias quando apresentou seu
pedido perante o rei Artaxerxes. Onde quer que
nos encontremos podemos entreter comunhão
íntima com Deus. Devemos ter constantemente
aberta a porta do coração, erguendo sempre a Je-
sus o convite para vir habitar nossa alma, como
hóspede celestial”. 42
“Orai em vosso aposento particular; e en-
quanto seguis vossos afazeres diários, elevai
muitas vezes o coração a Deus. Era assim que
Enoque andava com Deus. Essas orações silen-
ciosas sobem para o trono da graça qual precioso
incenso. Satanás não pode vencer aquele cujo
coração deste modo se firma em Deus”.43
74
As orações podem ser classificadas de diver-
sas maneiras. Este livro preocupa-se mais com a
oração secreta ou de comunhão, ou seja, como
desenvolver uma oração poderosa, como chegar
à presença mesma do Pai celestial que é um
Deus infinito em poder, capaz de solucionar
todo e qualquer pro-
blema, sarar qualquer
"Ninguém, sem ferida do corpo ou da
oração, se encontra alma, curar qualquer
livre de perigo du- enfermidade da mente
rante um dia ou ou do coração.
uma hora que seja"
Este Deus também é
EF, 63 amigo, é amável, é ca-
rinhoso, é pai, e como
tal, também gostaria
de receber sua presença, seu abraço, suas pala-
vras de reconhecimento, de gratidão, de amor,
de filho. De um filho que voltou porque estava
distante, de um filho que voltou porque sentiu
saudades, de um filho que voltou para dizer: Pai,
eu te amo!
75
Problemas e dificuldades são convites disfar-
çados de Deus para nos aproximarmos dEle, e
quando próximos a Ele percebemos muito mais
claramente que Ele é nosso Pai. Afinal, o melhor
da oração não é pedido ou resposta, não são os
problemas soluciona-
dos e angústias resol- “Enquanto seguis
vidas, não. O melhor vossos afazeres di-
da oração é falarmos ários, elevai muitas
com Deus, de verdade. vezes o coração a
Quando estamos nos Deus"
braços do Pai celestial, CC, 99
somos apenas Pai e fi-
lhos, e nada, nem ninguém, pode evitar ou reti-
rar de nós este privilégio, esta bênção, esta feli-
cidade; nada, nem ninguém, pode retirar este
abraço, este encontro, esta comunhão entre Pai
e filho.
O mais importante de tudo, é vivermos em co-
munhão com Ele, vivermos uma vida de oração.
Não procurarmos nosso Pai celestial apenas
quando estivermos pressionados por
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dificuldade, tangidos por problemas, açoitados
pelo desespero, e ameaçados pela maldade.
Qual pai ficaria feliz se fosse procurado por
seus filhos queridos apenas para tratar de pro-
blemas, resolver dificuldades, ou receber re-
compensas? Qual pai ficaria feliz quando fosse
procurado por seus filhos queridos apenas por
interesse deles?
Nosso Pai celestial é uma pessoa, tem emo-
ções, tem sentimentos; como qualquer pessoa,
nosso Pai celestial tem amor para dar e gosta de
receber amor; assim que, quando procurado por
Seus filhos nosso Pai celestial sente alegria
como qualquer outro pai quando procurado pelo
seu.
Uma criança, conversando com seu pai, é um
lindo e comovente quadro, e que serve de mo-
delo para nossas orações. O filho de um operário
fala com seu pai da mesma forma que o filho do
presidente de uma multinacional fala com o seu.
O filho de um soldado fala com seu pai da
mesma forma que o filho de um general fala com
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o seu. Para a criança, o pai não tem hierarquia
ou patente - ele é o seu pai.
Uma fotografia de John-John Kenedy (1963),
aos pés de seu pai, no gabinete da presidência da
república dos Estados Unidos encantou o
mundo. Somente ele, John-John, poderia estar
naquelas condições, brincando em baixo da es-
crivaninha do presidente da maior potência do
mundo. Ele era o filho de John Kennedy. Para
todos, ele estava ali com o presidente dos Esta-
dos Unidos, mas para John-John ele estava ali
com o seu pai.
Quando conhecemos a Deus de verdade, nós
nos relacionamos com Ele como filhos dEle. Ele
é o que habita em luz inacessível, Rei do Uni-
verso, o Senhor de toda a glória, Jeová Jiré, Je-
ová Heleion, Jeová Tsebaoth... Mas nós, quando
estamos com Ele, em privado, em intimidade,
em secreto, em oração, somos apenas Pai e fi-
lhos.
Se você leu este livro até aqui é porque, pro-
vavelmente, gosta de oração, vive uma vida de
oração e está em dia com Deus; mas pode ser
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que não. Pode ser que este livro esteja agora nas
mãos de uma pessoa com outra história; alguém
que, apesar de amar a Deus, há tempos não fala
com Ele.
Não sei há quanto tempo você não ora a Deus,
de verdade; não sei há quanto tempo você tem
evitado a presença do Pai, talvez por vergonha,
talvez por orgulho, ou talvez por medo. Mas o
que você precisa saber é que, em todos esses
anos, o que Ele mais esperou foi seu retorno, seu
carinho, suas palavras, em oração. Não houve
um dia que Ele deixasse de sonhar com este re-
encontro. Tal é o amor que Ele tem por você.
Agora, chegou a hora do reencontro. Faça
uma oração ao Senhor dizendo:
“Pai celestial... (continue!).
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