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Por que o segundo turno precisa de mais ideologia em

Porto Alegre
Confronto entre Manuela e Marchezan no terceiro bloco do debate mostrou a face
mais saudável de uma boa eleição
13/11/2020 - 14h32minAtualizada em 13/11/2020 - 14h32min
Paulo Germano
PAULO GERMANO André Ávila / Agencia RBS
O jornalista Daniel Scola mediou o debate drive-in

O confronto mais palpitante – e construtivo – do debate desta quinta-feira (12), na Rádio


Gaúcha, deu-se entre Manuela e Marchezan no terceiro bloco. Foi o único embate direto
entre os dois. O prefeito perguntou por que Manuela promete, caso eleita, interromper o
processo de terceirização dos postos de saúde do governo atual.

Deu gosto de ouvir. Ocorreu ali uma vibrante discussão de ideias. Um enfrentamento
genuinamente ideológico – que é o que se espera de uma boa discussão. São confrontos
assim que revelam, em detalhes, o conjunto de pensamentos, doutrinas e visões de mundo
de alguém. Ou seja, a ideologia de alguém.

Com a polarização irracional dos últimos anos, "ideologia" ganhou um sentido meio torto.
Quando uma pessoa discorda de outra, não raro ela aponta o dedo e diz:

– Suas motivações são ideológicas!

Ora, queria que fossem o quê? Gastronômicas? É óbvio que são ideológicas, e ideologia foi
justamente o que faltou nesta campanha. Candidatos insistiram, na propaganda eleitoral – e
também no debate desta quinta –, em abstrações bonitinhas que, por si só, não dizem
nada. Diálogo, por exemplo. Vão resolver tudo com diálogo. Educação? Diálogo! Transporte
público? Diálogo!

Isso não é uma ideia, não é uma proposta, não é uma discussão, não é nada. Quem pode
ser contra o diálogo? Aliás, outra questão: quem pode ser contra a retomada da economia?
Candidatos que se dizem "a favor" têm prometido, com impressionante convicção, abrir
todas as atividades econômicas com ou sem coronavírus. Isso não revela nada sobre o
pensamento de ninguém – revela só oportunismo, porque é impossível prever o futuro.

Tivemos, de um modo geral, uma campanha vazia e sonolenta neste primeiro turno.
Justamente pela falta de ideias, de consistência ideológica. Mas, no terceiro bloco do
debate, Manuela e Marchezan brindaram os ouvintes com ideologia: ela explicando por que,
na sua visão, o município deve administrar os postos de saúde; ele explicando por que, na
sua visão, insitituições privadas fazem melhor esse serviço.

Em três minutos de interação, o eleitor pôde compreender a visão de mundo desses dois
candidatos – e uma visão de mundo se aplica, claro, a qualquer outro assunto, da educação
à segurança. É disso que precisamos, seja quem forem os escolhidos. De um segundo
turno com ideologia

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