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FORMAÇÃO DE DONS PARA SERVOS As

Virtudes Teologais

Estando o ser humano elevado à ordem sobrenatural, as virtudes naturais por


si só não bastam, ainda que sejam necessárias; e Deus concede ao cristão as virtudes
teologais no momento do batismo, junto com a graça. As virtudes teologais são a fé, a
esperança e a caridade.

A fé é uma virtude sobrenatural pela qual - apoiados na autoridade de Deus -


cremos nas verdades que Deus revelou e a Igreja nos ensina.

(Hebreus 11,1) (1 Macabeus 2, 52 – 64) (Génesis, 12, 1-12)

A esperança é uma virtude sobrenatural pela qual confiamos em que Deus


nos dará a glória mediante sua graça e nossa correspondência a ela.

(Romanos 5, 5) (Salmo 51, 7-9) (I Cor 13,12)

A caridade é uma virtude sobrenatural pela qual amamos a Deus sobre todas
as coisas - por quem é - e ao próximo por amor a Deus.

(Oseias 11,14) (João 3,16) (Mateus 6,24-33)

Dons de Santificação

Os Dons de Santificação ou Dons do Espírito Santo são como hábitos ou


disposições sobrenaturais que nos conduzem a pensar, julgar e agir em todas as
circunstâncias como fariam Cristo Nosso Senhor ou Sua Santíssima Mãe, se
estivessem em nosso lugar. Com efeito, aqueles que se deixam conduzir com
docilidade pelo Espírito Santo comportam-se de um modo divino e, por isso mesmo,
santo.

“Doador dos sete dons” ou “septiforme nos teus dons” é como se chama o
Espírito Santo nos cânticos, ladainhas e hinos que lhe são dedicados. O texto bíblico
que lhe deu origem é Isaías 11, 1 – 3, em cujo original encontramos um elenco de
seis dons, sendo o último, o temor do Senhor, citado duas vezes:

“Um renovo sairá do tronco de Jessé,

e um rebento brotará de suas raízes.

Sobre ele repousará o Espírito do Senhor,

Espírito de sabedoria e de entendimento,

Espírito de prudência e de coragem,

Espírito de ciência e de temor ao Senhor.

(Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor).”


A esta lista de seis dons, a Vulgata Jerominiana e a Tradução Grega dos 70
(Septuaginta) acrescentaram a piedade, eliminando a dupla menção do temor de
Deus e obtendo assim o número de sete.

Dons do Espírito Santo - Carismáticos

Neste contexto dividimos os dons em: ordinários e os extraordinários, os


ordinários são os de natureza comum, como por exemplo, o dom musical, aquele que
tem facilidade no relacionamento com a música; e os extraordinários são aqueles
citados em 1 Co 12.8-10 – (1) Palavra da Sabedoria; (2) Palavra do Conhecimento;
(3) Fé; (4) Curas; (5) Operação de milagres; (6) Profecia; (7) Discernimento de
espíritos; (8) Variedade de línguas; (9) interpretação de línguas, portanto
sobrenatural, concedidos por Deus através do Espírito Santo. Teologicamente,
definiremos dom partindo de sua origem que se encontra no grego carisma, que
significa “donativo de caráter imaterial, dado de graça”, portanto, os dons são
capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo com o propósito de
edificar a Igreja, visto que os dons são dados à igreja para a sua própria edificação
(1Co 14.12), levando-a a manter e a desenvolver sua unidade no corpo de Cristo (Ef
4.4-6).

No Livro dos Atos dos Apóstolos e pelos escritos biográficos e reflexivos de


tantos Padres da Igreja dos séculos I ao VII, vemos que os carismas eram comuns no
início da Igreja. Muitos santos da igreja, a partir do século IV, já acreditavam que os
dons carismáticos sobrenaturais foram necessários apenas para a difusão no início
da igreja e já não eram mais necessários. Pode ser que era da vontade de Deus que
os dons carismáticos “se apagassem” por um período da história (de maneira
comum), porém na virada do século XIX para o XX, temos a certeza que o Senhor
começa a preparar novamente o coração da humanidade para “uma nova brisa”, com
a publicação da carta encíclica Divinum Illud Munus de Leão XIII. Começa a surgir
uma renovação e não uma inovação como muitos pensam. O movimento de
renovação carismática não traz, portanto, a novidade dos carismas, mas como seu
próprio nome sugere, veio renovar esta realidade carismática que se encontrava
“adormecida”, mas nunca apagada no seio da Mãe Igreja.

Portanto, os Grupos de Oração ou qualquer expressão carismática têm a


responsabilidade de evangelizar carismaticamente, ou seja, com o uso dos dons
sobrenaturais de serviço para a edificação da igreja de Cristo, uma vez que os
carismas devem nos conduzir sempre a Jesus, centro e Senhor de nossas vidas.
Dessa forma, os carismas não giram em torno de si mesmos, ou daqueles que o
usam, mas sim esta sempre a favor dos outros, para auxiliá-los no encontro pessoal
com Jesus.

São Paulo nos ensina acerca de nove carismas na I Carta aos Coríntios nos
Capítulos de 12 a 14. No entanto, a Igreja reconhece, hoje, mais de trezentos outros
carismas que, igualmente, ordenam-se à edificação do Reino de Deus e à missão
evangelizadora no mundo. Aqui, vamos refletir acerca dos nove Dons Carismáticos
elencados pelo Apóstolo Paulo (cf. I Cor. 12, 7-11) e que são os mais utilizados nas
denominações carismáticas. Para fins didáticos, podem ser divididos em Dons de
Revelação, de Inspiração e de Poder.

Dom da Profecia

Em suas cartas enviadas a Comunidade de Corinto, falando sobre os carismas,


Paulo, de uma forma particular chama a atenção aoCarisma da
Profecia dizendo: ”Aspirai [...] aos dons espirituais; mas, sobretudo, ao de
profecia” (ICor 14,1). E explica a importância desse dom: ”Aquele que profetiza, fala
aos homens para edificá-los, exortá-los e consolá-los” (v.3). Para o apóstolo, essas
três qualidades desse carisma ajudam a perceber o quão importante e necessário é
ele dentro da comunidade, pois, ele edifica os ouvintes, sejam eles fiéis ou infiéis.
Para melhor entender esse carisma, vamos abordar alguns tópicos importantes:

1. A Profecia como carisma


Podemos definir a profecia:
É o dom pelo qual Deus manifesta seus próprios pensamentos, de forma que tal
mensagem possa ser dada por um indivíduo, por um grupo de indivíduos ou por uma
comunidade.
A profecia é “uma graça carismática pela qual Deus usa certo homem (pessoa)
como instrumento para uma mensagem divina, destinada ao indivíduo ou à
coletividade. Mesmo sendo evidenciado na Bíblia, em muitas situações, a profecia
não se refere, necessariamente, ao futuro”.
Por meio dele Deus usa alguém para falar o que pensa sobre alguma situação
presente, ou qual é sua intenção para o futuro. O uso deste dom numa reunião de
oração, serve para atrair a atenção dos presentes a Deus e aprofundar o seno de
Sua presença. Assim, “o profeta transmite o pensamento de Deus para que se possa
agir segundo esse pensamento. E essa transmissão vem de Deus e não da mente
daquele que falar”.
A profecia é um dom do espírito, destinado a revelar o pensamento do Senhor, é
o que o Senhor deseja dizer ao Seu povo, agora.
Apesar de ser um fato raro, a profecia não deve ser a proclamação de
passagens bíblicas, mas quando isso ocorre, é porque Deus quer naquele momento
relembrar a sua Igreja esta ou aquela mensagem ou mesmo uma verdade de fé, que
esteja esquecida pelos presentes na assembléia. Pela nossa humanidade e por as
vezes ter preconceito com aquele que passa a mensagem, não damos atenção a
mensagem passada. Isto é um erro. No antigo Testamento Moisés nos dá um belo
exemplo de como agir nestas situações ao receber um pedido de Josué para impedir
Eldad e Medad de profetizar no acampamento, assim respondeu Moisés: “Prouvera a
Deus que todo o povo do Senhor profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu
Espírito” .(Nm 11-29)
Assim, a profecia é como que fruto do derramamento do Espírito Santo na Igreja
de Jesus. Os que têm o Espírito de Cristo poderão ser aptos instrumentos do Senhor
para transmitirem as mensagens proféticas às assembléias.
2. A Manifestação da Profecia
Geralmente, esse dom se manifesta na comunidade que ora e louva o Senhor,
ouvindo a Sua palavra com o coração dócil e atento. Nos encontros de oração, o
louvor inicial é fundamental para abertura do coração, pois o canto é um poderoso
meio de atrair pessoas a Deus e preparar seus corações para a comunicação de
Deus.
Após o louvor ora-se pela presença plena do Espírito Santo sobre todos. Ouve-
se a palavra de Deus escolhida pelo grupo de oração preparou para o encontro e
medita-se a palavra. A seguir, convida-se para o canto em línguas que se estenderá
por alguns minutos, faz-se um breve silêncio para que se possa ouvir a mensagem
divina em seu coração e para que esta seja proclamada.
O canto em línguas serve para deixar a mente limpa e aberta para a
comunicação da mensagem divina. Estas mensagens não são frutos da mente, mas
inspirações divinas e geralmente são proclamadas na primeira o segunda pessoa (do
singular ou plural). Exemplo “Eu te amo, povo Meu...”; “Tu és meu rebanho
escolhido...”; “Vós sois o povo de minha predileção”.

3. O ciclo carismático
O ciclo carismático se dá com o uso de três elementos: louvor, oração e
profecia. Quando aramos ao Senhor e dirigimos a Ele todo o nosso louvor, Deus nos
responde com as palavras proféticas, usando as mentes e vontades livres, que se
rendem a Ele para que a comunidade seja edificada, exortada e consolada.
Este dom é muito edificante para aquele que o usa, pois se sente mensageiro de
uma palavra que provém do coração do Pai celestial, transmitindo sua vontade, amor
e misericórdia a Seus filhos. Geralmente a profecia começa com uma simples palavra
inspirada na mente do profeta e esta vai se completando ao ponto de ser transmitida.
Apesar de não ser um hábito comum, é importante a pratica deste carisma, pois
assim ajuda no conhecimento da voz do Senhor ao ponto de não mais confundi-la
com pensamentos surgidos na própria mente.
É importante que a comunidade guarde, por escrito, as profecias; isso ajudará a
confirmá-las quando se tornarem realidade no grupo.

4. Pode existir falsa profecia


Quando acontece o anúncio de uma falsa profecia, logo a comunidade percebe
que se trata de algo que não tem fundamento, nem o respaldo das Escrituras ou dos
documentos da Igreja. Nestas situações o uso do dom do discernimento é
fundamental na averiguação da profecia.
A falsa profecia pode ser detectada pelos seus frutos: esta causa um mal-estar
na comunidade, e a sensação de que o que se ouve nada tem de verdadeiro. Deus
jamais inspirará uma profecia que contradiga o que Ele, anteriormente já inspirou (nas
Escrituras e documentos da Igreja).
Existem também as não-profecias e as psudoprofecias. As não-profecias, por
vezes, podem ser palavras ungidas, mas não são profecias. As pseudoprofecias
acontecem quando, alguém na tentativa de utilizar o dom, cede ao impulso de falar,
sem prévio discernimento. Os lideres percebendo o acontecimento das
pseudoprofecias por mais de uma vez, devem corrigir a pessoa.

5. Confirmação da profecia
Uma profecia pode ser inspirada por Deus em mais de uma pessoa, quando a
primeira profecia é proclamada, as outras pessoas, tendo-a recebido, de igual forma
poderão, por sua vez, acrescentar: “Eu confirmo esta profecia”. Após a profecia ser
proclamada, aconselha-se louvar ao Senhor e não aplaudir.
Muitas vezes, esperamos que outros tenham recebido e que alguém confirme
por nós antes que nos pronunciemos. Se agirmos sempre assim, não teremos
experiência com o carisma da profecia. Tal temor é até lógico, principalmente no
começo do uso do carisma na assembléia. Um fator muito importante é a entrega
para o uso do carisma, pois Deus nos usa na medida em que nos tornamos
disponíveis.

6. A unção da Profecia
Segundo o Pe DeGrandis, a profecia é precedida pela unção, que se
manifestam em sensações físicas, que com o tempo e prática do carisma tendem a
desaparecer. A unção que precede a profecia é:
Chave de percepção para saber que o Senhor vai nos falar; é um senso da
presença do Senhor e um impulso, um movimento no intimo do nosso espírito. Os
sinais físicos podem ser descritos assim:
- um formigamento nos dedos; um calor pelo corpo todo e batimento acelerado
do coração;
- sensação de paz ou senso de amor ao Senhor, com formigamento nas mãos.
É como se o Senhor falasse “Preste atenção, agora! Eu vou falar; ouça isto”! Não
se deve lutar contra o que ouviu, nem mesmo analisar; deve-se falar.
Sabemos, contudo, que nenhuma dessas sensações, por si mesmo, prova a
autenticidade de uma profecia. Tais sensações são acompanhadas pela ação do
Espírito Santo. Evite-se confusão: não se fique apenas nas sensações, aguardando
qualquer modificação física, para se pronunciar uma profecia.

7. Efeitos da profecia: edificação, consolação e exortação


Geralmente a profecia é dada dentro de um clima de oração, louvo, escuta da
palavra e dom em línguas. Quando a comunidade orante se reúne, o exercício desse
dom profético é mais facilmente praticado. No momento certo, pode-se pedir a
profecia para alguém em particular ou para a necessidade da comunidade como um
todo.
A profecia ela pode vir para confirmar o que já está sendo realizado na
comunidade, encorajando a todos a continuar, pois é a vontade do Senhor. Ela pode
vir para revelar uma missão para a comunidade, e até mesmo para confirmar nos
corações o amor de Deus e de seu poder ou um sentimento profundo da presença de
Deus na comunidade, ou na vida de da pessoa a qual foi pronunciada a profecia.
A profecia de edificação: esta fala da presença do Senhor junto ao Seu povo;
presença que inunda a comunidade dom um senso especial de Deus. A comunidade
percebe que o Senhor está com ela; o que lhe dá segurança na caminhada e a
certeza de continuar perseverante no amor do Senhor;
Profecia de exortação: o Senhor convida a comunidade a se deixar guiar por
Ele; convida ao cumprimento de Seus divinos mandamentos e deveres religiosos;
lembra a importância de se manterem unidos uns aos outros e, todos, ao Senhor.
Recorda, ainda, que Ele é o Pastor que conduz o Seu povo predileto, que é o seu
Deus, Senhor e Redentor;
Profecia de consolação: o Senhor quer derramar Seu amor sobre Seu povo e
curar-lhe as feridas; Ele é o Consolador do Seu povo, por excelência, e jamais o
abandonará; nEle está a paz verdadeira, a plenitude dos anseios do coração
humano. Nele podemos descansar o coração e a alma. Nele podemos confiar.

São Paulo nos diz: Todos podemos profetizar (ICor 14,31). Precisamos de profetas
que nos animem na caminhada de fé, que nos exortem nos momentos difíceis, que
nos instruam nas sendas do Senhor e de Seus mandamentos.

fonte: Os Carismas do Espírito Santo - Pe. Isac Isaías Valle

Dom da Variedade das Línguas

Para que serve? Como Recebê-lo?

Existe muita confusão na mente das pessoas a respeito do dom das línguas.
Muitos pensam que falar em línguas significa ter o dom de ensinar a palavra de Deus
em linguagem humana não aprendida anteriormente, como aconteceu em
Pentecostes (At 2). Outros tiram do contexto certos textos de São Paulo e afirmam
que Paulo desencoraja o uso deste dom. Embora provavelmente bem intencionadas,
estas pessoas se enganam, porque um estudo discernido da Escritura vai mostrar-
nos que há três aspectos no dom de línguas: em alguns casos é um sinal
(miraculoso), freqüentemente é uma mensagem normal de Deus à assembléia, e na
maioria dos casos é um belo dom de oração. Além disso, longe de menosprezar o
dom, Paulo o tinha em alta consideração por seus vários usos.

Uso público

A maioria dos conselhos de Paulo sobre as línguas, na 1a Carta aos Coríntios,


fala sobre o uso disciplinado das línguas nas reuniões públicas dos discípulos para
oração e partilha. Ao dar este conselho, Paulo estava indo ao encontro das
necessidades da Igreja de Corinto e respondendo às perguntas que lhe faziam (1Cor
7,1;11,18;12,1). Longe de desencorajar o uso das línguas, Paulo estava encorajando
a usá-las com propriedade, para beneficio comum. No contexto público, duas funções
possíveis eram preenchidas por este carisma: mensagem e sinal. Quando o dom é
usado para levar uma mensagem, o que é falado à assembléia em línguas, deve ser
inteligível. Dai Paulo aconselhar sobre a necessidade do carisma de interpretação
(1Cor 14,5 e 27). Interpretação não é tradução, pois quem interpreta não compreende
os sons estranhos pronunciados. Mas o intérprete é inspirado pelo Espírito a partilhar
na fé a intuição ou a idéia do que seja a mensagem; nisto, é semelhante à operação
da profecia. Paulo encoraja aquele que fala em línguas a pedir para si mesmo o
poder de interpretá-las (1Cor 14,13).

O dom pode, também, servir de sinal: os sons estranhos articulados são, às


vezes, inteligíveis por si mesmos, miraculosamente, sem a necessidade de
interpretação. Neste caso, a pessoa para quem, o sinal é dirigido (1Cor 14,22) poderá
compreender os sinais, porque eles são verdadeiramente linguagem humana de seu
conhecimento. Isto é o que parece ter acontecido no dia de Pentecostes e, talvez, na
conversão de Cornélio (At 2,4-12; At 10,45-46; ver também Mc 16,47). Vemos
também os exemplos atuais disto.

O uso na oração pessoal


"Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o
entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito... (1Cor 14,2). Se eu oro
em virtude do dom das línguas, o meu espírito ora, mas o meu entendimento fica sem
fruto. (Outra tradução: minha mente não contribui em nada) (1Cor 14,14)”.

"Outrossim, o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza, porque não sabemos o


que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós
com gemidos inefáveis." (Rm 8,26).

As línguas são uma ajuda à oração, feita para aqueles que em várias ocasiões
se sentem "enfraquecidos" e incapazes de orar bem da maneira comum. É uma
oração que não se baseia em conceitos. Daí, poder ajudar uma pessoa a orar a
qualquer hora, mesmo quando estiver distraída, cansada ou ocupada em trabalho
mecânico. Dá descanso à atividade frenética da mente, um valor apreciado pelos
mestres espirituais de todas as tradições.

Tem muita semelhança com a oração de Jesus e com a oração de silêncio que é
descrita no livro "The Cloud of Unknowing" (A Nuvem do Desconhecimento). Embora
não seja conceitualmente compreendida por quem a usa, Paulo nos afirma que Deus,
a quem a oração é dirigida, a compreende (Rm 8,27).

Podemos ver quão pura é esta oração. Em outras formas de oração, usamos
pensamentos e imagens como meios de chegar a Deus. Nesta oração, vamos além
deles, deixamos que eles fiquem para trás, à medida que nós chegamos ao próprio
Deus. É um ato de fé muito puro. Talvez, nesta oração, pela primeira vez nós
realmente agimos em "pura" fé. Muitas vezes nossa fé está apoiada em conceitos e
imagens da fé. Aqui vamos, além deles, ao objeto da fé, deixando todos os conceitos
e imagens para trás.

Também podemos notar quão cristã é esta oração. Pois realmente morremos
para nós mesmos, ao nosso ser mais superficial, ao nível dos pensamentos, imagens
e sentimentos, para podermos viver para Cristo. “Morremos” para os nossos
pensamentos e imaginações, não importa quão bonitos sejam ou quão úteis possam
ser. Deixamos que fiquem todos para trás, pois queremos um contato imediato com o
próprio Deus, e não um pensamento, uma imagem ou visão dele somente a
experiência de fé em Deus.

O dom é para uso no louvor a Deus, quando uma pessoa fica sem palavras ou
idéias, e na oração de intercessão. Quando não se sabe o que pedir ou para quem
orar, o Espírito está pronto para interceder através de nossos sons articulados (Rm
8,26).

A experiência dos que estão na Renovação Carismática diz que esta oração é
eficaz e frutífera.

O dom é também útil como um meio de entrar na oração de contemplação, como


têm testemunhado monges beneditinos e Trapistas, e também para combater
eficazmente na batalha espiritual (Ef 6,10-11 e 18). Paulo nos lembra que estamos
todos engajados na batalha espiritual. Nossa batalha continua não é com realidades
humanas, mas com forças sobre-humanas contra as quais somos incapazes por nós
mesmos. Daí nossa necessidade de usar toda a armadura de Deus e nos apoiar
totalmente em seus dons e em seu poder. Este poder atingimos pela fé.
A experiência de Paulo e a experiência atual dos que estão na Renovação
Carismática nos dizem que usar o dom das línguas é um bom meio de lutar contra o
inimigo efetivamente devastador, e de vencer suas tentações.

Não é para menos que tantas vezes sejamos tentados pelo mentiroso a
minimizar este dom e a deixar de usá-lo.

Uma Oração de Fé

Pelo fato de construir a nossa fé, o dom das línguas é, muitas vezes, chamado
de porta de entrada para os outros dons - "o carisma limiar".

Para receber e usar todos os carismas, como a profecia, a cura, a palavra de


ciência, e os demais, a pessoa precisa ter uma fé ativa e expressa.

Receber - entregar-se - ao dom das línguas dá à pessoa a experiência do que


isto significa. Desta forma é o limiar para os outros dons.

No entanto, entregar-se ao dom das línguas não é pré-requisito para receber os


outros dons. "Aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo... ora, desejo que
todos faleis em línguas" (1Cor 14,4-5). Edificar significa construir, fazer firme e forte.
Orar em línguas é um modo importante de construir nossa fé. Como exercitamos
nossa fé, usando-a, seu uso freqüente torna-a mais forte. Quanto mais regularmente
usamos o dom, rejeitando todas as tentações de dúvida e cansaço, mais nossa fé é
edificada e construída. Por isso Paulo, cuja fé era tremenda, podia proclamar
publicamente:

"Graças a Deus que possuo o dom de línguas, superior a todos vós" (1Cor
14,18).

Naturalmente, orar em línguas é apenas uma das muitas formas de oração. Os


que estão na Renovação Carismática também usam muito a oração litúrgica, a
Eucaristia, o oficio divino e outras formas tradicionais de devoção pública e particular.
Paulo encoraja isto também, dizendo:

"Orarei com o espírito, mas orarei também com o entendimento (1Cor 14,15)”.

A oração em línguas não pode ser julgada por si mesma. Porque vai além do
pensamento, além da imagem, nada fica pelo qual ela possa ser julgada. Na oração
ativa conceitual podemos fazer alguns julgamentos depois que oramos: "Tive umas
sensações boas", ou "Tive muitas distrações". Mas tudo isto é irrelevante a esta
oração. Portanto, nada fica pelo qual ela possa ser julgada.

Existe, porém, uma forma que permite ao que é bom nesta oração ser
confirmado para nós. Nosso Senhor disse: "Podeis julgar a árvore por seus frutos".
Se formos fiéis a esta forma de oração, tornando-a uma parte regular do nosso dia,
rapidamente iremos discernir o amadurecimento dos frutos do Espírito em nossas
vidas.

Experimentei isto em minha própria vida e vejo-o sempre na vida dos outros.

Como receber o Dom?


Este dom, em seus três aspectos, é um meio e uma oportunidade de nos
entregarmos totalmente mesmo o nosso intelecto! - ao senhorio de Jesus. "Se
alguém tiver sede, venha a mim e beba, quem crê em mim, como diz a Escritura:"Do
seu interior manarão rios de água viva" (Jo 7,37-38).

Se queremos receber este dom, devemos:

1. ANSIAR PELO DOM

Reflita sobre as Escrituras e esteja convencido, na mente e no coração, de que


este dom é de Deus, dado à Igreja hoje, e à disposição dos fiéis. Lembre-se das
palavras de Paulo: "Aspirai igualmente aos dons espirituais... desejo que todos faleis
em línguas... graças a Deus, que possuo o dom de línguas superior a todos vós...
aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus... aquele que fala em
línguas edifica-se a si mesmo... orarei com o espírito, mas orarei também com o
entendimento... orai o tempo todo no Espírito" (1Cor 14,15; Ef 6,18).

2. VIR A JESUS E PEDIR O DOM DA ORAÇÃO.

Conte-lhe o desejo de seu coração. Peça com amor e fé.

3. ACEITAR O DOM DE JESUS NA FÉ E COMEÇAR A USÁ-LO.

Saiba que Deus ouviu sua oração. (Lc 11,13)

Fale deliberadamente em sons ininteligíveis enquanto sua atenção se concentra


inteiramente em Deus.

Deve-se ter a intenção de que estes sons sejam para oração de louvor ou de
intercessão. Inicialmente o dom pode ser muito rudimentar - as mesmas duas ou três
silabas repetidas sempre. Mas o uso regular e persistente do dom - digamos uns
quinze minutos todos os dias - levará em poucos dias a uma língua mais
desenvolvida e satisfatória.

Nossa base para este método é a fé expectante tantas vezes ilustrada e


encorajada na Escritura; por exemplo, em Jo 2,7-1 O; Lc 17,12-16; Mt 14,22-31. Aqui,
as pessoas envolvidas tinham que dar o primeiro passo. Elas tinham que agir, sem
levar em consideração o risco de que nada pudesse acontecer, e apoiando-se
inteiramente na bondade de Deus e no desejo de agir. E porque acreditaram e agiram
nesta fé, descobriram, para sua felicidade, que haviam realmente sido abençoadas
"Tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado" (Mc
11,24).

4. CONTINUAR A CRER E USAR ESTE DOM PARA ORAÇÃO.

Não há provas humanas possíveis para encorajarnos a esta entrega ao dom. No


entanto, seremos convencidos pela evidência que se seguirá ao seu uso constante.
Por seus frutos em nossa vida, seremos capazes de julgar seu valor e sua
autenticidade.

Revista Jesus Vive e é o Senhor

Dom da Interpretação das Línguas


Não é uma tradução. Quando uma profecia é proclamada em línguas, ou seja,
com gemidos inefáveis, ininteligíveis, faz-se necessária a utilização do dom da
Interpretação das Línguas, em que uma ou mais pessoas, respeitando-se a ordem,
irá proclamar aquela mesma profecia em vernáculo, isto é, em linguagem inteligível,
no idioma do grupo. É imprescindível que haja quem interprete uma profecia
proclamada em línguas, sob pena de o povo não entender a mensagem divina a ele
dirigida. Veja o que Paulo nos ensina acerca da Interpretação das Línguas em I Cor.
14, 13. 27-28.

O que é a interpretação de Línguas?

Se a oração em línguas edifica a pessoa, a fala em línguas deve receber


interpretação, que é dom do Espírito Santo. A expressão falar em línguas sugere,
então, uma mensagem que chega para a comunidade ou para uma pessoa no dom
de línguas, e para que os ouvintes compreendam a mensagem, esta precisa ser
interpretada. Se na assembléia não tiver ninguém que a interprete, então, o
transmissor da mensagem deve silenciar-se.

O dom da interpretação de línguas não é um dom de tradução. Trata-se de uma


moção, uma unção do Espírito Santo para se tornar compreensível aos membros da
comunidade aquela mensagem do Senhor que chega pelo dom de Línguas.

A interpretação como um dom permanente

Assim, orar em línguas é um dom permanente, podendo-se dispor dele a


qualquer momento para a edificação pessoal; e o falar, emitir uma mensagem do
Senhor em línguas pode ser considerado uma carisma transitório (temporário), usado
em determinados momentos; contudo, são sempre dons de Deus e carismas
diferentes. Estes carismas podem se manifestar em qualquer membro da
comunidade, segundo a vontade de Deus com a unção do Espírito Santo para que
suas mensagens sejam passadas ao seu povo.

Na fala em Línguas, Deus pode nos dar uma Revelação, Profecia ou Palavra
de Ciência, Doutrina, ou discurso em línguas. E nesses casos deverá ter
interpretação. Quando se FALA em línguas, se pressupõe dom de línguas e o da
interpretação, para que assim, se torne conhecido o pensamento do Senhor. Paulo
diz: “Se não houver intérprete, fiquem calados na reunião” (v.28), por isso se indica
que esse dom pode ser considerado permanente.

Como a interpretação se manifesta

A interpretação consiste “numa inspiração especial do Espírito Santo pela qual o


agraciado é capacitado a dar sentido a uma mensagem vaga; este dom diz respeito
ao conteúdo espiritual de uma mensagem; e quando uma mensagem em línguas
recebe uma interpretação”.

Este dom se manifesta na mente da pessoa que recebe o significado da


mensagem, e esta é movida a repassar com palavras inteligíveis a todos os
presentes a mensagem que vem do Senhor. A mensagem em línguas pode ser curta
ou longa, porém a interpretação dever ser concisa e clara, para que todos entendam.
O Senhor não envia uma mensagem em partes, portanto, a interpretação deve trazer
a mensagem em sua totalidade e não dividida em partes. Mais de uma pessoa pode
receber a mesma interpretação de uma mensagem, nesse caso o comportamento
deve ser o mesmo do utilizado nas profecias e dizer: Eu confirmo!

Há unção para a interpretação?

Sim, assim como há unção nas profecias e nas mensagens em línguas, vemos
também, que há na interpretação. Podemos dizer que esta unção é uma espécie de
um impulso para a interpretação, e quanto mais o intérprete se habitua a essa unção,
mais fácil ficará de identificar o modo como o Senhor dita as palavras.

A interpretação deve ser correta e não contradizer as Escrituras, o magistério da


Igreja ou o sesus fidei do povo de Deus. Caso contrário, a interpretação deve ser
interrompida. O intérprete, ao proclamar uma mensagem, deve iniciar da seguinte
forma: Eis o que o Senhor diz! Pois é em nome do Senhor que ele proclama a
mensagem e não por si próprio.

Todo carisma, como o da interpretação, visa a edificação da Igreja; para isso


deve ser pedido com humildade, abrindo-se sempre mais a ação do Senhor.

Fonte: Os carismas do Espírito Santo


Autor: Pe Isac Isaías Valle – 2ª Edição

Dom da Fé

"Esta é uma arma que vence o mundo: a nossa fé" (1Jo 5,4)

O terceiro carismas das obras é a fé. Dom que o Espírito Santo colocou à nossa
disposição para que possamos usufruir da própria onipotência de Deus. A fé é a
nossa "energia atômica", capaz de aniquilar todas as forças infernais, é ela que nos
desperta para acreditarmos convictamente em algo que não se vê, geralmente, de
maneira natural.

Hoje, infelizmente o naturalismo e o ceticismo estão ganhando muito terreno.


Hoje, submersos no materialismo e orgulhosos pela própria auto-suficiência os
homens creêm que já não mais precisam crer. Creêm somente em si mesmos, nas
próprias capacidades, nos seus talentos, no dinheiro, nos seus próprios planos.

Não confiam nos chefes políticos e consequentemente nos chefes religiosos, e


ainda nos amigos e parentes, e lógicamente menos ainda nas coisas sobrenaturais.

Verdade é que na alma do povo ainda há um resíduo de fé, mas trata-se de uma
fé tradicional, vaga, confusa, subjetiva e superficial. Não conhece o verdadeiro
sentido dos dogmas e da doutrina católica.

A fé um dom de Deus; um raio de luz que parte de Deus para a alma humana,
que para vingar deve encontrar um terreno adequado, deve ser aceita de coração e
espírito aberto, pois o Espírito Santo não invade corações trancados. "A fé vem de
pregação e a pregação é feita por mandato de Cristo" (Rm 10,17).

A crise de fé se verifica no povo cristão e até mesmo entre os seus líderes e


pastores. Todas as crises morais, têm sua origem na crise da fé. O movimento de
renovação carismática pretende ser, principalmente, um movimento de renovação da
fé, encarando-a como virtude e como carisma.

A fé como virtude

Fé como virtude significa aderir às verdades reveladas por Deus, não pela
credibilidade intrínseca dessas verdades, mas pela confiança que depositamos
naquele qu no-las fez conhecer.

Nos grupos carismáticos vive-se da fé. Após o "batismo no Espírito", os artigos


do Credo tornam-se misteriosa e surpreendentemente claros, evidentes e sublimes.
Os próprios mistérios já não são comparáveis a muros resistentes contra os quais
seria inútil bater a cabeça, mas são como oceanos de luz nos quais se anseia imergir
com toda alegria.

Cristo torna-se, pela fé, o centro de sua vida, a alegria transbordante de cada
respiro e o objeto predileto dos seus incessantes louvores.

Em tempos que se caracterizam pela revolta e pelo individualismo


insubordinado, os carismáticos reafirmaram sua fé na igreja e a submissão
incondicional aos seus legítimos representantes. Os carismáticos quase que
instintivamente, encaram todos os acontecimentos, grandes e pequenos, alegres e
tristes, à luz de Deus, procurando julgá-los sempre sobre o prisma da fé. seja qual for
a circunstância, alegre ou dolorosa, as pessoas carismáticas só têm um comentário a
fazer e uma só exclamação a proferir: "Deus seja louvado".

A virtude da fé encerra ainda um outro aspecto que deve ser relevado. A fé não é
só adesão às promessas de Cristo. Em outros palavras, fé significa entrega total a
Deus e à sua providência. Deus, ao criar-nos preparou um plano relativo a cada um
de nós. Como seres conscientes precisamos descobrir o plano, aceitá-lo e colaborar
com todas as nossas forças para que ele seja levado a bom termo.

"O justo vive da fé", diz o Apóstolo (Rm 1,17). O que vale dizer que a fé é o
termômetro da nossa santidade.

Aquele que tem fé é uma pessoa que vive confiante na providência divina, não
se deixa abater pelas dificuldades em meio as necessidades, pois sabe que o Pai que
está no céus tudo providenciará e este como o Apóstolo poderá dizer: "sei em quem
depositei minha confiança" (2Tm 1,12). E mesmo que tudo se manifeste contrário ao
nosso ato de fé, continuamos a crer, sem indagar-nos como, por quais caminhos e
meios o Senhor virá ao nosso encontro.

A fé como carisma

A virtude da fé, comum a todos os cristãos, difere do dom da fé, mencionado por
Paulo: "a outro é dado o dom da fé" (1Cor 12,9). Este é realmente um dom
sobrenatural do Espírito Santo, conferido em circunstancias especiais para dar
cumprimento às obras de Deus. É Deus mesmo que, em determinada circunstâncias,
faz com que a pessoa aja da maneira que ele quer. Há determinadas situações em
que certas pessoas são revestidas de um poder sobrenatural, tornando-as capazes
de ver claramente que Deus revelará o seu poder e sua bondade através de um sinal
extraordinário. Em outras palavras o homem de fé percebe em si mesmo e com
absoluta certeza, que o Senhor deseja realizar um milagre por meio dele. Ora essa
revelação interna leva-o a agir com firmeza e a reagir contra as circunstâncias
contrárias, como se ele estivesse vendo agora o que ainda irá acontecer depois.

O homem de fé não crê simplesmente que Deus pode fazer tal prodígio, mas que
o fará de fato ou, antes, que ele já o fez. Essa foi, aliás, a atitude de profeta Elias ao
fazer descer o fogo sobre o Monte Carmelo. Essa foi também a atitude de Pedro que,
sem titubeios, disse ao coxo que se encontrava à porta do templo: "Em nome de
Jesus nazareno, levanta-te e anda" (At 3,6). Noutra ocasião, o próprio Pedro
ressuscitou o corpo de Tabita dizendo simplesmente: "levanta-te" (At 9,36). Paulo
também agiu da mesma maneira quando, colocando-se sobre o corpo de Êutico, o
abraçou e gritou para a multidão: "Não vos perturbeis, que ele está vivo".

Concluindo, podemos dizer que o dom da fé é um carisma relacionado com os


de mais. O dom da fé serve de preparação para usar ou outros, principalmente o dom
das curas e o dom dos milagres. Como os demais dons do Espírito, trata-se de um
carisma concedido gratuitamente, embora nada nos impeça de pedi-lo,
principalmente se a glória de Deus e o bem do corpo místico o exigirem.

fonte: adaptado e revisado pelo Portal Carismático do Livro O Despertas dos


Carisma de Serafino Falvo

Dom de operar Milagres

“Em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, podereis dizer
a este monte: – muda-te daqui para ali, – e ele mudar-se-á. E nada vos será
impossível” (Mt 17,20”

O dom dos milagres está intimamente relacionado com o dom das curas. Este se
restringe aos problemas da saúde do homem, ao passo que o primeiro se estende
também a eventos fora do homem e às leis da natureza. O dom dos milagres é
também um dom do Espírito Santo. São Paulo também o inclui por ele mencionados,
embora não o considere como o mais importante.

Hoje, será difícil encontrar alguém que creia na atualidade dos milagres, quase
todos temos até medo dos milagres. Compreende-se que os não-crentes tenham
medo dos milagres, pois esses são uma prova irrefutável da existência do
sobrenatural. Eles são como uma luz que cega, um acontecimento revolucionário,
uma força irresistível que obriga o homem a colocar-se de joelhos.

Não se compreende, todavia, que também os crentes tenham medo dos


milagres. Teoricamente os crentes admitem os milagres, mas na prática, eles os
julgam algo grande de mais para serem encarados pela mente humana, hoje tão
evoluída. Em geral, não há dificuldade em aceitar os milagres do Evangelho ou da
vida dos santos, mas quando se diz que aconteceu algum milagre nos nossos dias,
até mesmo bons católicos sentem-se embaraçadas.

Testemunho:
Alguns anos atrás, em Nassau nas Bahamas, ouvi uma conferência de Mel Tari,
jovem indonésio, sobre a atualidade dos milagres. Anteriormente eu já havia lido o
seu livro: Like a mighty Wind e, por isso, foi grande o meu interesse e também a
minha curiosidade em ouvir a conferência. Mel Tari narrou com simplicidade
evangélica os milagres acontecidos na ilha de Timor, no tempo em que ele e mais
alguns companheiros pregavam o Evangelho de aldeia em aldeia. Contou o
conferencista, com todos os detalhes, como eles conseguiram atravessar a pé enxuto
rios caudalosos, como multiplicaram o pão, como converteram a água em vinho e
como ressuscitaram uma pessoa, morta há dois dias. Quando perguntei qual havia
sido o segredo de tais prodígios, Tari me disse: as promessas de Jesus. Vocês
ocidentais acreditam que a Bíblia é a história que narra as grandezas de Deus. Nós
que a recebemos há seis anos, acreditamos que ela não é a história, mas que ela
manifesta ainda hoje as grandezas de Deus.

Os milagres são tão necessários hoje como outrora. Se ao nível da vida natural o
milagre pode parecer um acontecimento excepcional, no plano da salvação, de ordem
sobrenatural, ele se manifesta como elemento normal e essencial. Na verdade, toda a
história da salvação está cheia de milagres: a libertação do povo hebreu do Egito, a
viagem pelo deserto, a conquista da Palestina, são grandes eventos acompanhados
de milagres.

A vida de Cristo é repleta de milagres. Com o milagre em Caná da Galiléia,


“Jesus deu início aos seus milagres e manifestou a sua glória e os seus discípulos
creram nele” (Jo 2,11).

As promessas de Jesus são simplesmente infalíveis. “Em verdade, em verdade


vos digo: quem crê em mim fará também ele as obras que eu faço, antes, fará até
maiores, porque eu vou para o Pai” (Jo 14,12). “Nada vos será impossível” (Mt 17,20).
“Tudo é possível a quem crê” (Mc 9,23). “Tende fé em Deus. Em verdade vos digo: se
alguém disser a esse monte: – sai e lança-te ao mar – e não duvidar no seu coração,
mas crer que o que diz se cumprirá, ser-lhe-á concedido” (Mc 11,22-23). Jesus nos
garantiu que tais promessas são irreversíveis: “passarão o céu e a terra, mas as
minhas palavras não passarão” (Mt 24,35).

Os cristãos aceitam facilmente os “grandes milagres”, como os chama santo


Agostinho: a criação do mundo, o milagre da vida, mas relutam em admitir os
“milagres menores”, isto é, os acontecimentos que subvertem os leis da natureza,
graças à intervenção divina que se vale de leis superiores por Deus mesmo, para o
governo do mundo.

O movimento renovação carismática quer recordar aos que lêem o Evangelho


todos os dias que as promessas de Jesus são muito mais do que simples palavras.
Todo cristã pode ter o dom dos milagres, como também pode ser objeto de milagres.
Todo cristão é capaz de mover montanhas, não necessariamente de terra e pedras,
mas montanhas de obstáculos. Todo cristão é capaz de transformar situações que
para a lógica humana podem até parecer impossíveis.

Todo batizado, participa do poder de Cristo e, logicamente, poderá também fazer


as mesmas obras que Jesus fez. Todos os crentes podem ter o dom dos milagres e
não apenas alguns privilegiados. O dom dos milagres é cada para cada indivíduo ,
mas especialmente para a comunidade. O Espírito Santo prefere dá-lo mais à
comunidade do que a uma pessoa taumaturga.

fonte: adaptado e revisado pelo Portal Carismático do Livro O Despertas dos


Carisma de Serafino Falvo

Dom da Palavra de Ciência


"A um é concedida por meio do Espírito, a linguagem da ciência" (1Co 12.8).
O dom da palavra de ciência é a capacidade sobrenatural que propicia uma visão
além da esfera material. É a penetração na ciência de Deus (Ef 3.3). Mesmo que
muitos confundam a sabedoria e o conhecimento (ciência), há uma diferença entre as
duas: sabedoria – é o conhecimento em ação; ciência – é o conhecimento em si. Mas
de acordo com a Bíblia a sabedoria e a ciência devem andar juntas (Ef 1.17-19).
Também se difere do dom da profecia, pois este é uma mensagem expressa em
palavras na língua vernáculo ou em línguas desconhecidas, já a linguagem da
ciência tem como característica também uma mensagem, porém interior, inspirada
pelo Espírito Santo, revelando conhecimento à respeito de pessoas, de circunstâncias
ou de verdades bíblicas. Não se identifica também com o dom do discernimento dos
espíritos, visto que este se endereça a sujeitos determinados, ou seja, aos espíritos,
ao passo que a palavra de ciência toma qualquer direção.
Este carisma não diz respeito a bagagem cultural que adquirimos através do
estudo e onde aplicamos a nossa inteligência e a nossa vontade. Não se trata
também do conhecimento de Deus e das realidades divinas, adquirido mediante o
estudo da filosofia e da teologia. Este dom não se adquire através de especulações
intelectuais. O que, porém, é verdadeiro, é que ele alcança a inteligência, graças à
revelação por parte do Espírito Santo. São Paulo chama-o "linguagem" ou "palavra da
ciência". Em grego encontramos o vocábulo "logos", que não significa
necessariamente emissão de som ou fenômeno vocal mas, antes, pensamento. Por
linguagem da ciência entendemos, portanto, um conhecimento intelectual, mas não
necessariamente expresso por palavras. No nosso caso, este conhecimento alcançou
a nossa mente, não através das vias normais do raciocínio ou da percepção, mas
mediante uma revelação. Podemos, pois definir o dom da linguagem da ciência como
uma revelação sobrenatural relativa a situações, fatos, eventos passados, presentes,
ou futuros, não conhecidos por meios humanos. Podemos considerar este dom como
um fragmento da onisciência de Deus, revelado à nossa inteligência e concernente a
um fato determinado.
Poderíamos, ainda, chamá-lo de diagnóstico que Deus faz de um fato, de um
problema, de um estado de espírito, de uma situação e cujo resultado é comunicado
à nossa mente. Esse dom torna-nos capazes de compreender o profundo significado
sa Sagrada Escritura, através de uma iluminação sobrenatural sobre os pensamentos
de Deus, contidos nas palavras inspiradas. Esse dom faz com que a nossa
inteligência penetre nas verdades divinas sem que empreguemos o esforço do
raciocínio.
Podemos identificar esse dom, quando ao profeta Natan foi revelado o pecado
de Davi com Bersabéia e ao profeta Eliseu foi mostrado, através de uma visão, o
lugar onde se encontravam os inimigos, podendo assim salvar o povo de Deus.
Ananias também teve uma visão que lhe adiantou a conversão de Saulo.
Também Jesus exerceu esse dom. Revelou os pecados do paralítico e a vida
passada da mulher samaritana. Viu Natanael debaixo da figueira, a traição de Judas,
a negação de Pedro e a fuga dos apóstolos na hora da paixão.
Hoje, este dom está reaparecendo nos grupos carismáticos. Podemos ter o
testemunho pessoal ao ver curas serem reveladas, ou mesmo acontecimentos
passados, presentes ou futuros.

Dom da Palavra de Sabedoria

"A um é concedido por meio do Espírito, a linguagem da sabedoria" (1Cor 12,8)


A palavra de sabedoria é a manifestação sobrenatural da sabedoria de Deus.
Não se trata do resultado de qualquer esforço humano em se conhecer a sabedoria
divina (1Co 2.4,6), nem tão pouco de nosso crescimento espiritual. É um dom de
Deus. É senão a aplicação prática e o reto uso do dom de ciência. O dom da ciência
apresenta-nos um panorama da situação e com o dom da sabedoria o Senhor nos
revela qual deve ser o nosso comportamento em cada situação.

O dom da ciência é mera informação sobrenatural; o dom da sabedoria incentiva


o desenvolvimento prático que se deve seguir. Com o dom da ciência o Espírito Santo
nos faz ver, com o dom da sabedoria ele nos leva a agir.

É dom de Deus, não se trata portanto da sabedoria humana, fruto da inteligência


e da experiência. É manifestação do Espírito; por isso não é habilidade humana nem
sagacidade, esperteza ou diplomacia.

Notemos que existe também uma diferença entre o dom da linguagem da


sabedoria e o dom comum da sabedoria. Este último é o dom que nos faz encarar e
apreciar a deus da maneira mais objetiva possível, ou em outras palavras: faz
despertarem nós o gosto pelas coisas de Deus. A linguagem da sabedoria por sua
vez, é um dom de Espírito que nos mostra o modo de agir para mantermos em dia o
plano de Deus, conhecido mediante o dom da ciência.

É o dom que nos faz dar respostas acertadas em caso de sermos levados aos
tribunais. Em tais situações não devemos preocupar-nos com o que haveremos de
dizer porque o Espírito falará por nós (Mt 10,19). É este o dom que devemos usar
quando temos decisões difíceis para tomar e problemas árduos para resolver. O rei
Salomão foi agraciado com esse dom quando teve de julgar qual das mulheres era a
mãe da criança. É o dom negado aos soberbos e reservado aos humildes: "louvo-te e
agradeço-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos
sábios e entendidos e as revelastes aos simples" (Lc 10,21). "Arruinarei a sabedoria
dos sábios, e frustrareis a inteligência dos inteligentes (1Cor 1,19). Os soberbos
chefes do Sinédrio "não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que Estevão
falava"(At 6,8)

Os que receberam este dom não significa que são mais sábios que os outros.
Jesus prometeu aos seus discípulos: “boca e sabedoria a que não poderão resistir,
nem contradizer todos quantos se vos opuserem” (Lc 21.15). Esse dom vai além da
sabedoria e preparo humano. Mas é preciso salientar que a sabedoria se divide em
três tipos:

a) Sabedoria humana – Lc 14.28-33; 1Co 2.6


b) Sabedoria satânica – Tg 3.14-16

c) Sabedoria Divina – Tg 3.17; 1Co 2.7

Dom do Discernimento dos Espíritos

1 – o que é o Discernimento dos Espíritos?

O Discernimento é uma habilidade ou capacidade dada por Deus de se


reconhecer a identidade (e muitas vezes, a personalidade e a condição) dos
“espíritos” que estão por detrás de diferentes manifestações ou atividades. Este dom,
essencial à Igreja, é geralmente concedido aos pastores do rebanho de Deus e aos
que estão em posição de guardar e de guiar os Santos.

Como podemos ver na definição acima, esse dom de Deus nos ajuda, portanto, a
perceber a origem de uma intuição, de um pensamento, a causa de um
comportamento – especialmente quando este se nos apresenta de forma estranha. O
discernimento, assim, é um dom “protetor da comunidade e protetor de todos os
outros dons”.

Como dom do Espírito, não procede das capacidades simplesmente humanas,


nem das deduções científicas que possamos ter adquirido. “O discernimento é
intuição pela qual sabemos o que é, verdadeiramente, do Espírito Santo”.

O discernimento, ainda pode ser visto como uma espécie de visão ou


sensibilidade; é uma revelação espiritual da operação de diferentes tipos de espíritos
numa pessoa ou numa situação; é o meio pelo qual Deus faz os cristãos tomarem
consciência do que está acontecendo.

Após todas estas definições, podemos nos perguntar: Qual o benefício esse dom
nos traz, ao ser usado de forma adequada? Como usar esse dom?Como foi usado
por pessoas, quando viveram em situações complexas em suas vidas? Como
proceder a partir da orientação certa, segura que o discernimento lhes deu?

2 – O uso do dom do Discernimento

O Carisma em estudo, nos permite agir de forma correta em um fato ou situação


que temos em mãos, no momento. Nos permite identificar a causa dessa situação
especial, podendo, assim, nos levar à raiz, ao princípio que a move, que a origina,
encaminhando a situação acertada e feliz.

O uso do dom nos ajuda, portanto, a conhecer o espírito, isto é, o princípio


animador (anima = o que anima, move, movimenta etc). Com ele (dom), podemos
chegar, com facilidade, á origem de uma inspiração e confirmar de onde esta pode
vir:

- se provém de Deus (ou de Deus por meio de Seus anjos, os Seus


mensageiros);

- se origina da mente humana (a qual pode estar sã, doentia, desequilibrada ou


alterada);

- se provém dos espíritos maus (do demônio ou de influências espirituais


maléficas).

Para que o uso do dom de discernimento, seja utilizado com cada vez mais
eficiência e eficácia e como é um dom do Espírito, deve ser usado à luz da oração
(especialmente a oração em línguas, que facilita a nossa mente a perceber a
orientação de Deus), com sabedoria (dom, como dissemos, que acompanha o uso
de todos os outros dons espirituais), com jejum e em comunhão constante com o
Senhor.

O discernimento ajuda-nos, ainda, a distinguir o certo do errado, o verdadeiro do


falso, e orienta nossas vidas na fé e doutrina de Jesus Cristo.
3 – Jesus e o Discernimento

Jesus se deixou guiar pelo discernimento em diversas situações de Sua vida


pública e em Seu ministério e ao passo que tais situações aconteciam, ensinava aos
Seus discípulos a também se deixarem guiar pelo discernimento. Veja alguns
exemplos em que Jesus utiliza do discernimento:

Quando Seus oponentes (os escribas) atribuíam à Sua ação a presença de um


espírito imundo, afirmando q Ele agia por belzebu, expelindo os demônios, Jesus não
ia deixar essa afirmação passar assim no barato, e não deixou mesmo!!! E concluiu
com um belo discernimento doutrinal, que eles mesmos não tinham percebido. Ele
diz: “Como pode Satanás expulsar a Satanás? Pois, se um reino estiver dividido
contra si mesmo, não pode durar” e acrescentou “Mas, se é pelo Espírito de Deus
que expulso os demônios, então chegou para vós o reino de Deus”.

Na discussão sobre o cego de nascença, relatada em Jo 9,1ss, Jesus não culpa


ninguém pela cegueira, mas discerne como ocasião da manifestação da glória de
Deus e o cura.

Nas tentações do deserto, Jesus soube discernir como poderia vencer o maligno,
lançando mão do discernimento doutrinal da Palavra de Deus.

É vendo esses exemplos na vida de Jesus – e temos muitos outros -, que os


apóstolos e nós vamos aprendendo a usar o dom do discernimento, que nos auxilia
nas decisões práticas, nas atitudes concretas que podemos seguir.

Tendo os Apóstolos, vivido ao lado de Jesus por tantos momentos em que Ele
usou de discernimento e após o Pentecostes, também eles passaram a utilizar
frequentemente o dom. Esta é uma atitude que devemos ter em todos os momentos
de nossas vidas, devemos pedir incessantemente pelo dom do discernimento,
precisamos praticar o dom do discernimento e assim veremos que muitas situações
de nossas vidas serão simples e práticas de se resolver.

4 – A natureza do discernimento

Aponta-se diversas naturezas e tipos de Discernimento que são identificados da


seguinte forma:

- O discernimento comum ou bom-senso: este tipo é uma fonte de verdade,


por ele podemos chegar a importantes conclusões, com base no que a nossa
natureza nos faz intuir. O senso comum é uma fonte de informação de como devem
os nos comportar, pensar ou agir de forma adequada. Exemplo: Quando vou a Igreja,
sei o modo de me vestir. Não necessito da luz espiritual e interior para saber como
me devo vestir e portar num ambiente religioso.

- O discernimento científico: é aquele que provém das conclusões científicas e


plenamente certas. Quando estamos doentes, o médico nos auxilia, pelo
conhecimento científico que já adquiriu, quer pela ciência que estudou e testou, quer
por sua experiência no campo de sua atividade.

- O discernimento doutrinal: trata-se do discernimento que a Palavra de Deus, o


magistério da Igreja (em seus documentos), já me oferecem. Por esse conhecimento
e verdade, posso caminhar firme na fé, desviando-me do que não é correto segundo
Deus e a Igreja.
Por esse discernimento, somos levados a distinguir a voz de Deus de outras
vozes que nos queiram confundir.

- O discernimento, como carisma do Espírito Santo: esse carisma ajuda-nos a


avaliar as coisas de Deus e deixar de lado as que não provém dEle. Auxiliados por
esse dom, podemos emitir juízo sobre a natureza de nossos pensamentos, bem como
as atitudes práticas, vendo se estas estão em conformidade com a vontade de Deus.
Assim, posso discernir se algo é contrário a vontade de Deus e então evitar.

Até o zelo pelas coisas de Deus deve ser acompanhado pelo dom do
discernimento, assim como afirma São Paulo ao falar dos Judeus e suplicar por sua
salvação: “Eles têm um zelo por Deus, mas um zelo sem discernimento” . Se nosso
zelo espiritual ou doutrinal com as coisas de Deus, não forem acompanhados de
discernimento, muitas coisas poderá ser afirmada de forma inadequada ou falsificada.

Fonte: Os Carismas do Espírito Santo


Autor: Pe Isac Isaías Valle

Dons de Santificação

Os Dons de Santificação ou Dons do Espírito Santo são como hábitos ou


disposições sobrenaturais que nos conduzem a pensar, julgar e agir em todas as
circunstâncias como fariam Cristo Nosso Senhor ou Sua Santíssima Mãe, se
estivessem em nosso lugar. Com efeito, aqueles que se deixam conduzir com
docilidade pelo Espírito Santo comportam-se de um modo divino e, por isso mesmo,
santo.

“Doador dos sete dons” ou “septiforme nos teus dons” é como se chama o
Espírito Santo nos cânticos, ladainhas e hinos que lhe são dedicados. O texto bíblico
que lhe deu origem é Isaías 11, 1 – 3, em cujo original encontramos um elenco de
seis dons, sendo o último, o temor do Senhor, citado duas vezes:

“Um renovo sairá do tronco de Jessé,

e um rebento brotará de suas raízes.

Sobre ele repousará o Espírito do Senhor,

Espírito de sabedoria e de entendimento,

Espírito de prudência e de coragem,

Espírito de ciência e de temor ao Senhor.

(Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor).”

A esta lista de seis dons, a Vulgata Jerominiana e a Tradução Grega dos 70


(Septuaginta) acrescentaram a piedade, eliminando a dupla menção do temor de
Deus e obtendo assim o número de sete.

Dom da Fortaleza
O dom da fortaleza, também chamado "dom da coragem", imprime em nossa
alma um impulso que nos permite suportar as maiores dificuldades e tribulações, e
realizar, se necessário, atos sobrenaturalmente heróicos.
Quando falamos em virtudes heróicas, ninguém pense que só existe heroísmo
quando enfrentamos grandes causas. Você faz grandes heroísmos lá no interior da
sua casa, no dia-a-dia de sua vida. Veja bem que heroísmo imenso é o de uma mãe
que suporta o vício do álcool do marido ou do filho! Às vezes por 10, 20, 40 anos
enfrenta aquela dor, aquele sofrimento, por amor a Deus, por doação e caridade.
Essa mãe tem o Dom da Fortaleza. O Dom da Fortaleza não é só para os mártires, os
grandes confessores da fé. É para cada um de nós. Hoje vemos uma multidão caindo
nas tentações. Pode estar faltando o Dom da Fortaleza em muita gente. Saber não
cair na tentação, já é um sinal da força desse Dom.
Santa Teresinha nos fala do "heroísmo do pequeno". A fidelidade às pequenas
inspirações que Deus nos faz todo dia e toda hora é fruto do Dom da Fortaleza. Nós
deixamos passar ótimas oportunidades quando pequenas cruzes, pequenos
sofrimentos vão passando pela nossa vida e nós não os aproveitamos para uma
resposta fiel a Deus. Vem um aborrecimento, uma pessoa nos causa feridas porque
falou qualquer coisa contra nós. O que fazemos? Há duas respostas: Revidamos com
palavras amargas, com evidente menosprezo, com inimizades, etc., ou fazemos de
conta que nem ficamos sabendo, não nos importamos com aquilo, etc.. Como
funcionou o Dom da Fortaleza? É claro, naquela hora que suportamos a ofensa. O
heroísmo está aí. Aprendemos agora um dos caminhos que nos leva a santidade.
São poucas as pessoas que fazem por Deus e pelo próximo aquilo que poderiam
fazer mais. Porque, não temos coragem de nos empenharmos em grandes obras.
Imaginem o bem que poderíamos fazer se ainda não fôssemos tão comodistas.
Paulo afirma: "Tudo posso naquele que me fortalece". E nos diz mais: pode
suportar as maiores dificuldades e tribulações e praticar, se necessário, atos
heróicos. Não pelas suas qualidades pessoais, mas pelo dom da fortaleza que Deus
lhe concedeu". Carta aos coríntios, descrevendo as tribulações pelas quais passou
por amor ao Senhor e à Igreja:
"Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui
flagelado com varas. Uma vez apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia
passei no abismo. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de
salteadores, perigos da parte de meus concidadãos, perigos da parte dos pagãos,
perigos na cidade, perigo no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos!
Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e
nudez! Além de outras coisas, a minha preocupação quotidiana, a solicitude por todas
as Igrejas!" (II. Cor 11,24-28) .
Ao dom da Fortaleza se opõe a timidez, que é o temor desordenado, e também
aquele comodismo que impede de caminhar, de querer dar grandes passos.
Estacionamos numa espiritualidade medíocre, temos medo de tudo, de prejudicar a
amizade, de descontentar alguém e vamos comodamente parando no caminho da
perfeição.

Dom da Piedade

O dom da Piedade produz em nós uma afeição filial para com Deus, adorando-o
com amor sobrenatural e santo ardor, e uma terna afeição para com as pessoas e
coisas divinas.
Aprimora em nós a virtude da justiça, sob todas as suas formas, a da religião, a
da piedade e a da gratidão. Pela virtude da justiça, damos ao outro (a Deus ou ao
próximo) aquilo que lhe pertence. Pelo dom da piedade, damos ao outro tudo o que
podemos dar, sem medidas.

Deus nos trata com piedade. Dá-nos o que necessitamos, muito mais do que
aquilo que merecemos.

O dom da piedade é auxiliado por duas virtudes teologais: a virtude da


esperança e a virtude da caridade. Pela virtude da esperança participamos da
execução das promessas de Deus e, pela virtude da caridade, amamos a Deus e ao
próximo.

Nosso crescimento no dom da piedade efetua-se em quatro estágios:

1) Coloca em nossa alma uma ternura filial para com Deus nosso Pai: Deus é,
acima de tudo, nosso Pai.

2) A piedade nos coloca na alma um filial abandono nos braços do Pai celeste.

O dom da Piedade produz em nós uma afeição filial para com Deus, adorando-o
com amor sobrenatural e santo ardor, e uma terna afeição para com as pessoas e
coisas divinas.

Aprimora em nós a virtude da justiça, sob todas as suas formas, a da religião, a


da piedade e a da gratidão. Pela virtude da justiça, damos ao outro (a Deus ou ao
próximo) aquilo que lhe pertence. Pelo dom da piedade, damos ao outro tudo o que
podemos dar, sem medidas.

Deus nos trata com piedade. Dá-nos o que necessitamos, muito mais do que
aquilo que merecemos.

O dom da piedade é auxiliado por duas virtudes teologais: a virtude da


esperança e a virtude da caridade. Pela virtude da esperança participamos da
execução das promessas de Deus e, pela virtude da caridade, amamos a Deus e ao
próximo.

Nosso crescimento no dom da piedade efetua-se em quatro estágios:

1) Coloca em nossa alma uma ternura filial para com Deus nosso Pai: Deus é,
acima de tudo, nosso Pai.

2) A piedade nos coloca na alma um filial abandono nos braços do Pai celeste.

3) Faz-nos ver no próximo um filho de Deus e irmão de Jesus Cristo.

4) O dom da Piedade nos leva a devotar amor sincero a todas as pessoas e


coisas que estão de algum modo relacionadas com a paternidade de Deus e a
fraternidade cristãs.

Quero abordar agora a necessidade de sabedoria no uso dos dons, porque tem
lugar para tudo no nosso coração: cura física, cura interior, libertação... tem lugar
para tudo. De nossa parte, temos de ter a sabedoria de ir colhendo uma coisa depois
da outra.

Quando o Senhor nos dá uma palavra de profecia, de ciência, de discernimento


ou qualquer revelação, temos de procurar discernir se aquilo que recebemos deve ser
dito, quando deve ser dito e como deve ser dito. Porque alguns são afogueados.
Receberam um dom, uma palavra de profecia, e a pessoa é tão apressada que já
quer dizer. Mas você perguntou ao Senhor se essa palavra de profecia deve ser
comunicada? Muitas vezes, trata-se de uma palavra para ser comunicada aos líderes,
aos coordenadores, aos encarregados e não ao grupo.

Imaginem que eu chegue a uma cidade dizendo:

Preparem-se, porque dentro em breve um terrível terremoto acontecerá aqui, as


casas haverão de desabar; preparem-se, preparem o meu povo...

Vejam que confusão. E o povo com medo. Como se preparar?

Diante de uma palavra dessas, o que eu deveria fazer? Primeiro, Orar ao Senhor
para saber como e quando o Senhor quer que eu diga, e para quem o Senhor quer
que eu diga. Depois de eu ter certeza de ter recebido uma palavra de profecia, tenho
de perguntar ao Senhor e, de acordo com a resposta dele, ser dócil, mesmo que isso
signifique gestar nove meses essa palavra de profecia dentro de mim. Não quero ser
um farmacêutico apressado, não quero matar com os remédios do Senhor. Todos nós
temos de ter essa responsabilidade. Quando o Senhor me disser: "Você vai falar a
tais pessoas, desse jeito e nessa hora", aí eu falo. Falo, mesmo que falar me
arrebente.

Para que pedir ao Senhor sabedoria no uso dos dons? Para ministrar o remédio
certo a nosso povo, para que aquilo que o Senhor quer nos dar não se torne veneno.

O Senhor quer que nós vivamos a sabedoria. Vive-se a sabedoria com


humildade, com paciência, dando tempo ao tempo, perguntando ao Senhor como,
quando e a quem manifestar os seus dons.

Não adianta fazer as coisas que nós achamos boas: "Eu acho..." "Ah, eu
pensava...". O povo diz que de pensar morreu um burro. Não adianta esse "eu
pensava, eu achava". A sabedoria se faz a partir daquilo que o Senhor nos manda
fazer. Quando fazemos as coisas segundo nosso entendimento, perdemos a unção:
"Porque eu acho, porque eu penso, porque seria melhor, porque o povo me
pressionou".

Mais do que nunca, o Senhor, o Senhor quer nos ensinar a sabedoria. É como se
fossemos ovelhas. A ovelha é um animal que não tem sabedoria nenhuma. Os cães
tem faro, os gatos são espertíssimos, as aves conhecem as coisas... mas de todos os
animais, o mais desprovido de inteligência, sem tino, sem direção, é a ovelha. E a
nós, que somos ovelhas, o Senhor quer dar sabedoria. Às vezes pensamos que a
sabedoria do Senhor é assim: ele nos dá sabedoria, e ficamos sábios, sabemos tudo.
Já sabemos como nos conduzir. O que fazer, o que não fazer, que ordens dar, como
educar os filhos, como educar os filhos, como trabalhar, como trabalhar na paróquia,
como renovar as coisas na paróquia, como promover a Renovação, como fazer
palestras. A pessoa pensa que agora sabe de tudo: "Eu recebi sabedoria...", e fala
até grosso, "porque agora eu tenho sabedoria". E não é assim.
A sabedoria do Senhor é dada a quem for manso como as ovelhas. A ovelha
precisa continuamente da direção do pastor: "Agora é para cá, agora é para lá, agora
é mais pra lá, e agora é para cá".

Dom da Sabedoria

O dom da Sabedoria pode ser definido como uma disposição sobrenatural da


inteligência que leva a dar valor àquilo que diz respeito às coisas de Deus e à glória
de seu nome. "A sabedoria vale mais que as pérolas e jóia alguma a pode igualar"
(Prov 8, 11). O dom da sabedoria não se aprende nos livros mas é comunicado à
alma pelo próprio Deus, que ilumina e enche de amor a mente, o coração, a
inteligência e a vontade

Sabedoria Humana e Sabedoria Divina


A sabedoria humana é falha. A sabedoria divina é plena e perfeita. Unicamente
Deus tem a plenitude da sabedoria, e somente Ele nos pode dá-la, pelo dom da
sabedoria.

"Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus e


mais forte do que os homens. Vede, irmãos, o vosso grupo de eleitos: não há entre
vós muitos sábios, humanamente falando, nem muitos poderosos, nem muitos
nobres. O que é estulto no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que
é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes." - (I Cor 1,25-27).

O Dom da Sabedoria

O Espírito Santo nos dá o dom da sabedoria, que é um dom de santificação. Dá-


nos, também, o dom da palavra de sabedoria, que é um dom de serviço, ou seja, um
dom carismático. É um dom que nos faz melhor entender nossa vida sobrenatural e
nos faz saborear esse entendimento. O dom da sabedoria fortalece em nós as
virtudes infusas e todos os demais dons de santificação. Nossa fé se torna inabalável,
porque experimentamos as verdades reveladas. Nossa esperança é fortalecida, pois
saboreamos a presença amorosa de Deus, com a certeza de que iremos saboreá-la
com toda a intensidade na vida eterna. Nossa caridade se aperfeiçoa, pois agimos
pelo amor de Deus no nosso coração. Pelo dom da sabedoria, as virtudes cardeais
(prudência, justiça, fortaleza e temperança) são praticadas com deleite.

Nossa Senhora e o Dom da Sabedoria

Maria tinha todas as virtudes no mais alto grau. São Jerônimo nos aconselha:
"Tome Maria como exemplo de virtudes".

Maria teve também a plenitude dos dons. Edificou sua vida sobre os sete dons
de santificação. A virgem recebeu, mais do que qualquer outra pessoa, o dom da
sabedoria.

A sabedoria celeste a fez compreender e aceitar o plano de Deus para sua vida
e, ao mesmo tempo, a encheu do mais puro e intenso amor a Deus e ao próximo.
Assim a vemos na anunciação, na visita a Isabel, no nascimento de Jesus em Belém,
na apresentação do menino Jesus no Templo, na fuga para o Egito, no reencontro
com Jesus no Templo, nas bodas de Caná, aos pés da cruz e no Cenáculo.
Como nos Abrir a esse Dom

1. A sabedoria é um dom que Deus promete conceder a quem o pedir com fé (Tg
1,5).
2. Ler e meditar a oração de Salomão, pedindo a Deus o dom da sabedoria (Sb
9,1-18).
3. Procurar saborear tudo o que se relaciona com Deus

Dom do Conhecimento

Os dons do Espírito Santo nos conduz hoje a falar de outro dom, o dom do
Conhecimento pelo qual nos é concedido conhecer o verdadeiro valor das criaturas
em relação ao seu Criador.

Nós sabemos que o homem moderno, justamente por causa do desenvolvimento


das ciências, é exposto particularmente à tentação em dar uma interpretação
naturalista ao mundo. Diante da multiplicidade e da grandeza das coisas e de suas
complexidade, ele corre o risco do absolutismo e quase a divinização, a ponto de os
tornarem propósitos supremos de suas vidas. Isto acontece especialmente quando se
trata de riquezas, prazer e de poder, os quais realmente podem ser obtidas das
coisas materiais. Estes são os principais ídolos diante dos quais o mundo muito
freqüentemente se prostra.

A fim de resistir a tais sutis tentações e curar as conseqüências perniciosas para


as quais elas podem nos conduzir, o Espírito Santo socorre as pessoas com o dom
do Conhecimento. É este o dom que os ajudam a estimar as coisas corretamente na
essencial confiança no Criador. Graças a isto, S. Tomas escreve: que o homem não
estime as criaturas mais que elas merecem e não coloque nelas o propósito de sua
vida, mas em Deus (ct. " Summa Theol ". II-II, q. 9, um. 4).

Assim ele descobre o significado teológico da criação vendo as coisas como


verdadeiras e real, embora limitadas, manifestações da Verdade, Beleza, e do infinito
Amor que é Deus, e conseqüentemente ele se sente impelido em traduzir esta
descoberta em louvor, canção, oração, e ação de graças. Isto é o que o Livro de
Salmos sugere tão freqüentemente e de tantas maneiras. Quem não recorda de
alguns exemplos disto que nos eleva a alma a Deus? " Os céus estão contando a
glória de Deus; e o firmamento proclama sua obra" (Salmo 18 [19]:2; cf. Ps 8:2). "
Louve o Senhor dos céus, o louve nas alturas.... Louve o, sol e lua, louve as estrelas
(Salmo 148:1,3).

Iluminado pelo dom do Conhecimento, o homem descobre ao mesmo tempo a


distância infinita que separa as coisas do Criador, sua intrínseca limitação, o perigo
que elas podem apresentar, quando, pelo pecado, ele faz uso impróprio delas. É uma
descoberta que o conduz a perceber com remorso a sua miséria e o impele voltar
com maior impulso e confiança a ele que só pode satisfazer a necessidade do infinito
que completamente o assalta.

Esta foi a experiência dos santos; foi também, nós podemos dizer, que a
experiência dos cinco Bem Aventurados de quem tive a alegria de elevá-los a honras
dos altares hoje. Porém, de um modo muito especial esta foi a experiência de Nossa
Senhora que, pelo exemplo de sua jornada pessoal de fé nos ensina a viajar " entre
os acontecimentos do mundo tendo nossos corações fixos onde a verdadeira alegria
reside " (Oração dos Vinte-primeiros domingo em Tempo Comum).

*tradução feita pela equipe do www.cancaonova.com

Dom do Conselho

O dom do conselho, também chamado "dom da prudência", nos faz saber pronta
e seguramente o que convém dizer e o que convém fazer nas diversas circunstâncias
da vida. É um dom de santificação que nos faz viver sob a orientação do Espírito
Santo.
O dom do conselho nos orienta instantaneamente de forma perfeita. Por ele, o
Espírito Santo nos fala ao coração e nos faz compreender o que devemos fazer.
Agimos sem timidez ou incerteza. Pelo dom do conselho, falamos ou agimos com
toda confiança, com a audácia dos santos.
Jesus nos fala o que convém dizer, guiados pelo dom do conselho: "Quando
fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem
pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer.
Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós."
(Mat 10,19-20).
Há diversos graus de abertura ao dom do conselho:
No primeiro grau, consegue-se fazer com rapidez e segurança tudo o que é da
vontade de Deus nas coisas necessárias para a vida espiritual.
No segundo grau, o dom do conselho nos conduz também nas coisas que não
são obrigatórias, mas que são convenientes e úteis para nos levarem a Deus.
No terceiro grau, o dom do conselho nos faz caminhar com segurança, sem
tropeços ou timidez, pelos caminhos do Senhor.

Dom do Entendimento

O dom do entendimento, também chamado "dom da inteligência" ou "dom do


discernimento" (diferente do discernimento dos espíritos), nos dá uma compreensão
profunda das verdades reveladas, sem contudo nos revelar o seu mistério. Só
teremos plena compreensão do mistério quando estivermos face a face com Deus.
Faz-nos ver o que é divino sob a aparência do que é material. Por exemplo, crer
em Jesus vivo e real nas espécies eucarísticas, o pão e o vinho. É bem conhecido o
milagre de Lanciano ocorrido no século VIII. Um sacerdote, ao consagrar o pão e o
vinho, teve uma dúvida de fé: será que eles realmente se transubstanciariam no
corpo e no sangue de Cristo? Ocorreu, então, um milagre. O pão transformou-se em
carne e o vinho em sangue. Até os nossos dias podem-se ver, em Lanciano, a carne
e as gotas de sangue, sem deterioração, o que é uma confirmação de que Jesus está
vivo e ressuscitado! Pelo dom do entendimento constata-se a graça de Deus nos
sacramentos.
Torna-se claro que no visível oculta-se o invisível. No carpinteiro de Nazaré,
reconhecer Deus Salvador. Esse dom nos faz ver nos irmãos a pessoa de Jesus
Cristo. Paulo se chamava apóstolo abortivo, porque se considerava o menor dos
apóstolos e nem se achava digno de ser chamado apóstolo (I Cor 15,8-9). São
Francisco queria que os irmãos o pisoteassem. Santa Teresa se achava
extremamente pecadora.
Finalmente, através desse dom, passamos a nos conhecer profundamente e a
reconhecer a profundidade de nossa miséria.

Dom do Temor de Deus

Já aprendemos que os dons do Espírito Santo aperfeiçoam as virtudes. As


virtudes abandonadas a si mesma não podem chegar a grandes alturas. A nossa
razão, mesmo iluminada pela fé, é ainda imperfeita para perceber toda a realidade
espiritual. Só os dons do Espírito Santo elevam o homem às alturas da própria
dignidade.
O Dom do "Temor de Deus" aperfeiçoa a virtude da Esperança.
Há várias espécies de temores: o temor mundano, o temor servil a Deus e o
temor filial a Deus. Destes, só o último é o Temor de Deus.
1) O temor humano é o medo que se sente com relação a criaturas ou situações
mundanas. São temores humanos o medo de pessoas, como a mulher que teme o
marido ou o marido que teme a esposa, os filhos que temem o pai ou a mãe, os
alunos que temem os professores... São temores às situações mundanas, por
exemplo, o medo de andar de elevador, o medo do escuro, o medo de tempestades,
etc. Incluem-se ainda nesta classe os medos supersticiosos, como o medo de passar
embaixo de uma escada, o medo de ver um gato preto cruzar o caminho, o medo do
dia 13... Os temores ou medos mundanos originam-se de traumas. Podem
desaparecer pela oração de cura interior ou por tratamentos psicológicos adequados.
2) O temor servil é principalmente o medo de ser castigado por Deus, de ir para o
inferno. Esse temor é gerado pela idéia de um Deus que nos vigia constantemente,
pronto a nos castigar pelas nossas faltas. E isso nos inquieta, agita, deprime. O temor
servil pode afastar-nos do pecado, mas é um temor imperfeito, porque não se baseia
no amor de Deus.
3) O temor de Deus é filial. É o temor de nos afastar do Pai que nos criou e que
nos ama, de ofender a Deus que, por amor, sempre nos perdoa. O filho que ama o
pai não quer ficar longe dele nem fazer algo que o possa magoar. É um temor nobre
que brota do amor. Um temor filial, perfeito e amoroso.
O temor de Deus é um dom do Espírito Santo que nos inclina ao respeito filial a
Deus e nos afasta do pecado. Este compreende três atitudes principais:
1 - O vivo sentimento da grandeza de Deus e extremo horror a tudo o que ofenda
sua infinita majestade;
2 - Uma viva contrição das menores faltas cometidas, por haverem ofendido a
um Deus infinito e infinitamente bom, do que nasce um desejo ardente e sincero de
as reparar;
3 - Um cuidado constante para evitar ocasiões de pecado.

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