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PESQUISA

Avaliação do Programa de Hipertensão Arterial e


Diabetes Mellitus na visão dos usuários
Hypertension and Diabetes Mellitus Program evaluation on user’s view
Evaluación del Programa de Hipertensión Arterial y Diabetes Mellitus el la visión de los usuarios

Juliana Veiga Mottin da SilvaI, Maria de Fátima MantovaniI,


Luciana Puchalski KalinkeI, Elis Martins UlbrichI
I
Universidade Federal do Paraná, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Curitiba-PR, Brasil.

Como citar este artigo:


Silva JVM, Mantovani MF, Kalinke LP, Ulbrich EM. Hypertension and Diabetes Mellitus Program evaluation on user’s view.
Rev Bras Enferm. 2015;68(4):626-32. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2015680408i

Submissão: 20-12-2014 Aprovação: 15-05-2015

RESUMO
Objetivos: avaliar o programa proposto pelo Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus
na visão de seus usuários e descrever aspectos da trajetória dos usuários correlacionando com sua avaliação. Método: pesquisa
avaliativa, qualitativa, realizada em Unidades com Estratégia Saúde da Família da região metropolitana de Curitiba-PR, no
período de setembro a março de 2012. Foram entrevistados 30 adultos hipertensos e diabéticos. Os dados foram analisados
através da análise de conteúdo. Resultados: foram identificadas quatro categorias: descoberta da doença; motivos da busca pelo
programa; conhecimento do programa; avaliação do programa. Os usuários procuram o serviço desde a descoberta da doença
e se inserem no programa, devido aos benefícios que ele proporciona para a saúde. Conclusão: houve o reconhecimento das
orientações, do acompanhamento e das atividades desenvolvidas, com destaque para redução de custos para os usuários.
Descritores: Avaliação em Saúde; Doença Crônica; Enfermagem; Saúde do Adulto; Prática Profissional.

ABSTRACT
Objectives: to evaluate the program proposed by the Reorganization Care Plan for Hypertension and Diabetes Mellitus on user’s
view, and describe aspects of the trajectory of the participants correlating with the program’s evaluation. Method: evaluative
study with a qualitative approach conducted in health units with the Family Health Strategy, in a city of the metropolitan region
of Curitiba, in the period from September to March, 2012. A total of 30 adults with hypertension and/or Diabetes mellitus
were interviewed. Data were analyzed through content analysis. Results: Four categories were identified: Disease diagnosis;
Reasons for the program need; Knowledge of the program, and program evaluation. Conclusion: there was the recognition of
the orientations, and the monitoring of activities developed, with emphasis in cost reduction for users.
Key words: Health Evaluation; Chronic Disease; Nursing; Adult Health; Professional Practice.

RESUMEN
Objetivos: evaluar el programa propuesto por el Plan de Reorganización de la Atención de la Hipertensión y Diabetes mellitus
en vista de sus usuários; describir los aspectos de la trayectoria de los usuarios que participan en el programa junto con su
evaluación. Método: estudio de evaluación con un enfoque cualitativo realizado en dos centros de salud de la Estrategia de
Salud de la Familia, un municipio de la región metropolitana de Curitiba, en el período de septiembre a marzo de 2012. Los
participantes fueron 30 adultos con hipertensión arterial y/o diabetes mellitus. Resultados: los datos fueron recolectados através
de entrevistas semiestructuradas grabadas. El análisis resultó en las categorías: el descubrimiento de la enfermedad; razones de
busca por el programa; el conocimiento; la evaluación del programa. Conclusión: hubo el reconocimiento de las directrices, de
los seguimientos y de las actividades, con énfasis en el ahorro de costes a los usuarios.
Palabras clave: Evaluación de la Salud; Las Enfermedades Crónicas; Enfermería. Salud del Adulto; Práctica Profesional.

AUTOR CORRESPONDENTE Juliana Veiga Mottin da Silva E-mail: julianam.mottin6@gmail.com

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Avaliação do Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus na visão dos usuários

INTRODUÇÃO saúde que possuíam Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma


de grande porte e outra de pequeno porte.
A hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus com- A Unidade Básica de Saúde (UBS) de maior porte possui
põem a primeira causa de hospitalizações no sistema público quatro equipes ESF e uma população de 70 portadores de
de saúde e são os principais fatores de risco para as doenças DM, 750 portadores HA e 321 portadores de DM com HA.
cardiovasculares, dos quais cerca de 60 a 80% dos casos po- A UBS de menor porte possui duas equipes de ESF, 24 por-
dem ser tratados na rede pública básica(1). tadores de DM, 382 portadores de HA e 145 portadores de
Na tentativa de reduzir o número de hospitalizações e de DM com HA.
atingir o acompanhamento e o tratamento adequados na aten- Os critérios de inclusão dos participantes foram: adultos
ção básica, diversas estratégias e ações vêm sendo elaboradas com idade entre 18 e 59 anos, cadastrados e ativos no Pro-
e adotadas no Ministério da Saúde. Dentre essas ações, mere- grama de HA e DM das referidas UBS. Tendo em vista os cri-
ce destaque o Plano de Reorganização da Atenção à Hiperten- térios do Programa, entende-se por cadastro ativo do usuário
são Arterial (HA) e ao Diabetes Mellitus (DM)(2). frequentar a UBS pelo menos uma vez a cada seis meses para
O Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Ar- realização de consulta, aquisição de medicamentos ou parti-
terial e ao Diabetes Mellitus utiliza estratégias como reuni- cipação nas reuniões.
ões mensais com ações educativas, estímulo à realização de Participaram 30 usuários, sendo 10 da UBS de menor porte
atividades físicas, consultas médicas agendadas e entrega de e 20 da UBS de maior porte, conforme o método da amos-
medicamentos. Cada município possui uma programação lo- tragem por saturação. Neste, o pesquisador “fecha o grupo
cal de atividades para os usuários cadastrados no Programa quando, após as informações coletadas com certo número de
de HA e DM(2). sujeitos, novas entrevistas passam a apresentar uma quantida-
O cadastro e o acompanhamento dos usuários portadores de de repetições em seu conteúdo”(6).
de HA e ou DM são realizados por meio do Sistema de Ca- A coleta de dados foi realizada nas dependências das uni-
dastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos dades mediante entrevista semiestruturada gravada em áudio.
(HIPERDIA), criado em 2002. Este sistema gera as informa- A avaliação da qualidade do Programa de HA e DM sob a
ções para os profissionais e gestores das Secretarias Munici- ótica de seus usuários envolveu questões sobre processo, es-
pais, Estaduais e Ministério da Saúde(1). trutura e resultados(7), abordando os seguintes aspectos: uso
Para o alcance da melhoria dos efeitos dos serviços na saú- do serviço, conhecimento do programa, adesão às atividades
de da população é preciso prestar atenção à qualidade da as- propostas e avaliação do usuário.
sistência oferecida(3). Com esta finalidade, enfatiza-se a impor- A avaliação segundo o uso do serviço foi realizada por
tância da avaliação como uma forma de verificar as condições meio de questões que envolveram: tempo (em dias) decorrido
em que as ações de saúde são desenvolvidas. entre o diagnóstico médico da doença e o agendamento da
A avaliação da satisfação dos usuários pode fornecer ele- primeira consulta; avaliação do acesso ao serviço; satisfação
mentos para adoção de novas estratégias ou melhora das do usuário segundo a resolutividade para seu problema.
existentes para qualificar o resultado do cuidado. Portanto, o Com relação ao conhecimento que os usuários possuem
usuário pode ser um grande colaborador da organização do sobre o HIPERDIA e a adesão às atividades propostas pelo
serviço se a este for dada voz(4). Desta forma, ao avaliar as po- Programa, foram lançadas questões que abordaram: o que o
líticas públicas, é possível não somente produzir informações usuário sabe sobre o programa que frequenta; quando e por-
com vistas à melhoria da eficácia de uma prática social, como que começou a frequentá-lo e como isso aconteceu; se partici-
também transformar essa prática à luz dos interesses dos en- pa das atividades propostas; qual a contribuição do programa
volvidos considerando suas relações contextuais(5). para o cuidado com a sua saúde; que dificuldades o programa
A relevância do estudo encontra-se no fato de ter uma ava- possui; em que aspectos o programa poderia melhorar.
liação a partir do olhar de quem utiliza os serviços, possibili- Os dados foram tratados segundo a análise de conteúdo de
tando subsídios para os gestores no atendimento aos usuários. Bardin(8), que possibilitou a identificação de quatro categorias
Assim, ao valorizar as considerações e expectativas dos usu- temáticas: “A descoberta da doença”, “Motivos para a busca
ários do HIPERDIA, pode-se melhorar a sua participação no do programa”, “Conhecimento do programa” e “Avaliação do
Programa, bem como a maneira de realização das atividades. programa”. As categorias estavam previamente delimitadas
Nesse sentido, os objetivos desta pesquisa foram: avaliar o devido aos eixos temáticos do roteiro de entrevista, sendo
Programa proposto pelo Plano de Reorganização da Atenção confirmadas após análise dos dados.
à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus na visão dos O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em
usuários e descrever aspectos da trajetória dos usuários do Pesquisa com Seres Humanos do Setor de Ciências da Saúde,
programa correlacionando com sua avaliação. da Universidade Federal do Paraná (CAAE: 0136.0.091.000-
11), após a autorização da Secretaria de Saúde do Município
MÉTODO de Colombo. Foi respeitada a Resolução 196/96 do Conse-
lho Nacional de Saúde(9). O Termo de Consentimento Livre
Trata-se de uma pesquisa avaliativa com abordagem qua- e Esclarecido foi explícito individualmente aos usuários que
litativa. O estudo foi realizado no município de Colombo, foram identificados como E1 a E10 na UBS de menor porte, e
Região Metropolitana de Curitiba-PR, em duas unidades de de E11 a E30 na UBS de maior porte.

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RESULTADOS O conhecimento do programa foi identificado através de


seu funcionamento – reuniões mensais, entrega de medica-
Na primeira categoria “A descoberta da doença”, 25 usu- ção e agendamento de consultas. As atividades do programa
ários revelaram a trajetória de cuidado à saúde desde o mo- preferidas pelos participantes foram as reuniões mensais e a
mento do diagnóstico até a entrada no Programa de HA e DM, entrega de medicamentos, conforme a fala abaixo:
como ilustra a fala de E10:
Das reuniões mensais sempre participo, raramente eu falto
Descobri que eu era hipertenso quando eu estava na em- [...]. Eu acho as reuniões interessantes, bem esclarecedoras,
presa. Estourou um coágulo de sangue no meu olho e eu ajuda bastante, [...] amplia o conhecimento da gente [...].
achei que era um problema da vista. Fui no oculista e ele Da entrega de medicamentos eu acho excelente. (E11)
falou para eu procurar um cardiologista porque devia ser
hipertenso, e foi o que aconteceu. Eu tinha plano de saúde O agendamento de consulta foi relatado apenas na UBS
então eu fui, fiz o teste de esforço aquela “coisarada” toda de maior porte. Porém, nesta mesma unidade, alguns usuá-
e constatou que eu era hipertenso. (E10) rios declararam não possuir este agendamento, como ilustra
a seguinte fala:
A segunda categoria, “Motivos para a busca do programa”,
engloba a procura de orientação e tratamento para o cuidado A consulta médica não fica agendada, diz que para mim
com a saúde, conforme as falas abaixo: não pode porque eu não tenho 60 anos ainda. As pessoas
que tem 60 anos agendam, mas eu vou na fila. Na segunda-
[...] entrei porque estava preocupado com minha saúde, -feira mesmo cheguei na fila 4 horas da manhã. É ruim, mas
meu bem-estar [...] resolvi aderir ao programa porque preci- é o jeito. (E23)
sava de tratamento. (E3)

[...] para que a gente tenha um acompanhamento melhor,


A caminhada foi referida por alguns usuários, porém como
têm as consultas, eles agendam, não fica por conta da gente atividade à parte e não integrante do Programa de HA e DM.
ir lá, aí como eles agendam a gente fica mais alegre. (E16) Cinco usuários de ambas as unidades referiram não saber a
respeito da caminhada como indicação da Unidade de Saúde.
A aquisição de medicamentos e o cuidado com a saúde foi A quarta categoria foi a avaliação do programa pelos usuá-
outro motivo apontado pelos usuários para a busca do progra- rios, visualizadas para benefício próprio, como contribuição
ma, conforme E24: para sua saúde, com ênfase nas orientações, conforme ilustra
o discurso:
[...] Por causa do remédio e para participar de reunião, que
é muito bom, a gente aprende muita coisa, não é? Não O que ajuda cuidar da saúde é a orientação, por exemplo na
adianta a gente tomar o remédio e não cuidar, às vezes de alimentação [...] comecei a perder peso, porque só o medi-
alimento [...]. (E 24) camento não resolve porque você toma ali e por 3 a 4 horas
você ta bom, depois volta tudo aquela carga de novo. (E1)
O fator determinante da decisão pela busca do programa,
segundo os usuários, foi a equipe de saúde, conforme expli- A contribuição das orientações associadas ao acompanha-
cita a seguinte fala: mento realizado no programa foi citada por alguns usuários,
conforme segue:
A agente comunitária veio lá em casa falou que eu tinha direi-
to, [...] daí ela me convenceu a vir. Participei da reunião, gostei Sim, através da informação e de certa forma da cobrança
e fui para casa! Ela foi duas vezes lá em casa e eu disse, não, que se faz para que a gente tenha os cuidados devidos com
não precisa, o medicamento não é caro, mas ela disse que eu a alimentação e uma série de coisas [...]. Venho por causa
tinha direito que era para ir à reunião [...] e estou até hoje. (E22) do acompanhamento, não só pelo medicamento [...]. (E3)

Na terceira categoria, o conhecimento do programa foi Outros citaram como contribuição para a saúde a redução
identificado pela sua finalidade e funcionamento – reconhe- de custos, conforme exemplifica a fala abaixo:
cimento das orientações (espaço para aprendizado), contro-
le das doenças (acompanhamento) e entrega da medicação, Não acho que está bom nem ruim, mas acho que essa en-
conforme as falas a seguir: trega de remédio é importante, porque nós não vencemos
comprar todos os remédios, [...]. (E4)
Eu aprendi muitas coisas sobre pessoas hipertensas [...].
Esse programa serve para orientar a gente, em como deve A avaliação do programa também ocorreu com enfoque
se proceder, em todos os sentidos eles ensinam [...]. (E8) no serviço, que envolve processo, estrutura e resultados. Este
fato pôde ser identificado no relato sobre as dificuldades do
Serve para dar remédio e tem as palestras que ajudam mui-
to a gente. (E17)
serviço como mudança constante na equipe, citado apenas
pelos usuários da UBS de menor porte, marcação de consul-
Serve para gente não enfartar. Para não subir muito a pres- tas e medicação em outro local, que envolvem o processo,
são [...], para acompanhar [...]. (E27) conforme as falas a seguir:

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É difícil que hoje eles tão com um grupo, amanhã já têm querer-viver espontâneo(10). O discurso de E10 ilustra a ne-
outro, [...] a pessoa (o profissional) vem 2 a 3 vezes e depois cessidade encontrada no cotidiano, de buscar o tratamento
não vem mais, isso dificulta para gente. (E1) adequado para a patologia descoberta.
Os motivos para a busca do programa, segundo E3 e E16, fo-
A consulta médica as vezes demora para [...] agendar, 30 a ram acompanhamento, orientação e tratamento para o cuidado
40 dias; de 3 e 3 meses eu consulto para renovar as receitas
com a saúde. O portador de doença crônica tende a desenvolver
e eu acho que tinha que ser mais curto para poder acompa-
um conjunto de aprendizagens ou estratégias que lhe possibili-
nhar melhor. (E28)
tem conviver com a doença(11). Dessa forma, para os portadores
Acho que é difícil pegar o remédio em outro lugar, mas no
de HA e DM, a adesão ao programa ocorreu como auxílio para
mesmo instante eu não faço aquele protesto. Eu concordo. o enfrentamento de sua nova condição de vida, pois podem
Mas acho que poderia ter todos aqui [...]. (E19) contar com o acompanhamento e o suporte dos profissionais.
Outro motivo para participar do Programa foi para a aqui-
A estrutura física e medicação em outro local, que envolvem sição de medicamentos, que segundo E24, contribuem para
questões da estrutura, foram identificadas nas falas abaixo: a redução dos custos, bem como a orientação realizada nas
reuniões na tentativa de aderir aos cuidados e tratamentos in-
[...] o problema é o local, [...] falta espaço mesmo [...]. (E13) dicados. A entrega de medicamentos, preconizada pelo Plano
de Reorganização da Atenção à HA e DM, estimula a conti-
O lugar não está apropriado, porque têm algumas pessoas nuidade do tratamento, sendo que nas duas UBS esta ativida-
sentadas, outras em pé então têm que ter tudo certinho, de está associada à participação nas reuniões. Esta estratégia,
medicamentos [...]. (E29) enfatizada na fala de E15, vai ao encontro de um dos objetivos
do Plano, o de orientar e sistematizar medidas de prevenção,
A questão dos exames, que abrange os resultados, foi apon- detecção, controle e vinculação dos hipertensos e diabéticos
tada pelos usuários da UBS de maior porte, conforme exem- inseridos na atenção básica(2).
plifica a fala seguinte: Para qualquer doença crônica, a finalidade do tratamento está
relacionada ao controle desta. No caso dos níveis pressóricos e
[...] tem bastante dificuldade, por exemplo, exame. [...] Eu glicêmicos, é imprescindível a adesão ao tratamento medica-
fiz duas cirurgias, eu paguei todos esses exames. Se fosse
mentoso e não-medicamentoso, de modo a prevenir as compli-
pra eu esperar pelo SUS [...]. E eu não tinha condições, eu
cações, comorbidades e, sobretudo, a mortalidade precoce(12).
fiz financiado, sabe? Parcelado, passa o cartão lá, a mulher
ia lá, passava o cartão. (E19)
A fala de E22 ilustra a importância da equipe de saúde para
adesão e continuidade do tratamento. Este fato é citado em
um estudo que ressalta a regularidade do acompanhamento
Como sugestões para melhoria da qualidade do programa ao paciente pela equipe de saúde da família conforme uma
surgiram: agendamento de consultas, aumento do número ordem quanto à gravidade da patologia(13). Esta fala chama
de consultas médicas, médico fixo, arrecadação de doações atenção para o direito de informação.
de alimentos (serviço voluntário), mais uma unidade para o O conhecimento do programa, que constituiu a terceira ca-
atendimento da população (UBS de maior porte apenas), local tegoria, foi identificado pela sua finalidade e por seu funciona-
adequado e concentração de toda a medicação na unidade. mento. Em relação à finalidade, a fala de E8 demonstra que os
Quando questionados se gostariam de falar mais alguma usuários reconhecem o programa como um espaço de aprendi-
coisa em relação ao Programa do qual participam, os usuários zado para o cuidado de sua saúde. O usuário E17 reconhece a
fizeram elogios à equipe de saúde, identificaram melhoria no importância das orientações, além da entrega de medicamen-
atendimento de saúde se comparados há décadas atrás (acesso), tos. Por serem doenças multifatoriais, a HA e DM demandam
reforço da necessidade da entrega dos medicamentos e de pa- ações de intervenção como as de educação em saúde que de-
lestras em todas as reuniões, maiores informações sobre ativida- vem considerar aspectos individuais e coletivos(14).
des físicas indicadas pela equipe e dúvidas sobre o tratamento. O discurso do usuário E27 demonstra a importância do acom-
panhamento da doença e do tratamento. Assim, compreende-se
DISCUSSÃO que o paciente deve ser continuamente estimulado a adotar há-
bitos saudáveis de vida como manutenção de peso adequado,
A primeira categoria “A descoberta da doença” mostra que prática regular de atividade física, suspensão do hábito de fumar,
o diagnóstico significa um marco na vida de muitos doentes baixo consumo de gorduras saturadas e de bebidas alcoólicas(1).
crônicos. A fala de E10 ilustra o momento da descoberta do Com relação ao seu funcionamento, o conhecimento do
diagnóstico, o início de uma “jornada” na qual o doente crô- programa ocorreu através da identificação das reuniões men-
nico precisa assumir sua condição para iniciar mudanças na sais, entrega de medicação e agendamento de consultas. To-
vida que são determinantes do sucesso do controle da doença. dos os usuários referiram participar das reuniões mensais e
Os portadores de doenças crônicas vivenciam no cotidia- da entrega de medicamentos. Na fala de E11, por exemplo,
no um adoecimento, no qual os sentidos e significados são identifica-se a realização da prevenção primária juntamente
construídos. É nesse cenário também que são reconstruídas com a secundária preconizada no Plano de Reorganização da
formas de viver e gerenciar essa condição, permeadas por um Atenção à HA e ao DM(2).

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As equipes de saúde, em especial os enfermeiros, destacam- explícito na fala de E28, e conforme já constatado na terceira
-se na abordagem da prevenção secundária, visto que são estes categoria referente ao conhecimento do programa. Portan-
que desenvolvem as ações junto à população. A atenção aos in- to, a marcação de consultas não ocorre da mesma maneira
divíduos com as patologias crônicas já instaladas é essencial para para todos. Esta atividade faz parte do processo na avaliação
evitar complicações, que prejudicam a qualidade de vida dos qualitativa.
seus portadores, bem como das pessoas que convivem com eles. A mudança constante na equipe foi uma dificuldade per-
Com relação ao agendamento das consultas, houve dife- cebida pelos usuários da UBS de menor porte, conforme a
renças entre as unidades, sendo que na UBS de maior porte fala de E1. A proposta da ESF destaca experiências com foco
existe o agendamento, apesar de ser percebido e vivencia- na melhoria da qualidade e na humanização do atendimen-
do de maneiras diferenciadas entre os usuários. Na UBS de to que requerem novas concepções dos serviços, expressas
menor porte, o agendamento das consultas não é realizado. no acolhimento e vínculo(17). Portanto, a mudança constante
Esta diferença é caracterizada como parte do processo e, se de equipe pode dificultar a criação do vínculo da população
realizada de maneira padronizada, poderia contribuir para a com o serviço de saúde, bem como o estabelecimento de
melhoria da visão do usuário acerca do trabalho desenvolvido confiança para o sucesso do tratamento.
pela equipe e, assim, os resultados das ações de saúde. A estrutura e os resultados foram avaliados nas dificuldades
Na quarta categoria, os usuários avaliaram o programa em de espaço físico, medicamentos e exames pelos usuários de
relação ao benefício próprio que acarretou e ao serviço pres- saúde como fatores que dificultam o acompanhamento e o
tado pela equipe, identificando componentes do processo, da tratamento de saúde que buscam no serviço.
estrutura e dos resultados. Um estudo anterior identificou dificuldades para conseguir
A contribuição referida pelos usuários em relação ao bene- marcar consultas especializadas, serviços de apoio diagnósti-
fício próprio é percebida na fala de E1 com ênfase nas orien- co e terapêutico, na média e alta complexidade da atenção,
tações. O estímulo à percepção de que a adoção de hábitos longo tempo de espera, filas, demora no recebimento dos
saudáveis objetiva alcançar um estilo de vida saudável torna- exames, entre outros. Na busca da integralidade da atenção,
-se essencial por parte dos profissionais(15), pois assim podem com que se depara a implementação da equipe de saúde da
trabalhar, junto com os usuários, o alcance desta meta. família, essa situação recebeu forte crítica dos profissionais e,
O tratamento das doenças crônicas envolve constante vigi- principalmente, dos usuários como os principais prejudicados
lância e acompanhamento para adesão e possível minimização por esse funcionamento do sistema(18). Resultado semelhante
do aparecimento de complicações(16). A aferição da pressão arte- foi encontrado na atual pesquisa.
rial e da glicemia como acompanhamento individualizado, bem Em consonância com as dificuldades encontradas pelos
como a cobrança da manutenção do controle das patologias de- usuários, emergiram sugestões para melhoria do programa
monstra a atenção que os usuários necessitam para a percepção conforme exposto nos resultados. Foram elencadas sugestões
do cuidado da equipe com sua saúde. Na avaliação de saúde, que compõem o processo, a estrutura e os resultados no âmbi-
estes fatores constituem parte do processo. to da avaliação qualitativa. As solicitações relatadas pelos usu-
Com referência à redução de custos devido à entrega de ários encontram-se preconizadas no Plano de Reorganização
medicamentos avaliada pelos usuários, a fala de E4 contempla da Atenção à HA e DM, bem como nas diretrizes da ESF, que
a Portaria/GM/MS nº 371, de 04/03/02 que institui o Progra- determinam a criação de vínculo com a população atendida,
ma Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão acompanhamento de grupos de risco e utilização de recursos
Arterial e Diabetes Mellitus(2). para o atendimento da população(2).
A aquisição de medicamentos é considerada causa única Tendo em vista que questões referentes ao acesso dos ser-
da participação de alguns usuários ao Programa HIPERDIA. viços de saúde são contempladas nas falas dos usuários, se-
No entanto, a estratégia de vinculação da participação das melhantes resultados foram relatados em relação às consultas
reuniões a esta atividade acaba sendo uma forma que a equi- na unidade e aos encaminhamentos, pois os usuários citaram
pe de saúde encontrou para tentar captar e incentivar mudan- existir grande demanda para atendimento(18).
ças de hábitos de vida dos portadores de HA e DM. Os usuários sugeriram melhoria no serviço e no atendimen-
Com a realização desta atividade busca-se a percepção, por to conforme foi observado nas falas referentes às dificuldades
parte dos usuários, da importância das orientações associada à e às sugestões ao Programa. Em estudo anterior, os fatores
aquisição dos medicamentos no Programa, pois o tratamento referidos para melhoria do serviço foram: estrutura (21,8%);
medicamentoso, se exclusivo, acaba não atingindo os índices atendimento (14,6%), aumentar o número de consultas, ter a
pressóricos e glicêmicos adequados na maioria dos casos. Estas medicação disponível no serviço, bem como manter o forne-
duas medidas, em conjunto, constituem o processo associado à cimento regular das medicações, entre outros(19). Estes fatores
estrutura do serviço de saúde, avaliados pelos usuários. também foram citados em outro estudo(3), sendo contempla-
Em relação à avaliação dos usuários com enfoque no ser- dos nos resultados da atual pesquisa.
viço, houve diferenças entre as UBS de maior e menor porte. Em relação aos elogios feitos à equipe de saúde, pesquisa
A dificuldade relatada em ambas unidades foi a marcação de anterior corrobora os dados da atual, no que se refere às opi-
consulta. Na UBS de menor porte não há agendamento e na niões positivas dos usuários, dentre as quais destacaram-se:
UBS de maior porte existe o agendamento. Porém é viven- o bom atendimento (trato) da equipe; a qualidade; as ações
ciado de maneira diferenciada pelos usuários, segundo está educativas e a resolutividade(18).

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Avaliação do Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus na visão dos usuários

Embora os usuários não possuam conhecimento das diretri- Portanto, novos estudos avaliativos devem ser desenvolvidos
zes do Plano de Reorganização da Atenção à HA e ao DM(2), na envolvendo diferentes participantes, usuários, profissionais, ges-
avaliação realizada por eles emergiram aspectos que constam tores e comunidade em geral, para que diferentes visões possam
nestas diretrizes. A existência de uma relação profissional-usu- subsidiar a melhoria da qualidade do atendimento.
ário satisfatória e reconhecida pelos usuários pode demonstrar
responsabilidade da ESF para com a população. É essa relação CONSIDERAÇÕES FINAIS
de respeito, compreensão e escuta que faz diferença entre as
práticas das ações de saúde. Com a politização dos usuários, A avaliação realizada demonstra a percepção dos usuários
pode-se atingir um atendimento centrado na satisfação das ne- acerca da contribuição do Programa de HA e DM para o cui-
cessidades e na conscientização do gestor das suas obrigações, dado à sua saúde, independente da trajetória do adoecimento.
de prestar uma assistência digna e da melhor qualidade(3). O conhecimento do diagnóstico foi o marco inicial para a pro-
Esta pesquisa possui como limitação a coleta de dados, de- cura do programa, com ênfase para a redução dos custos na
vido às entrevistas terem sido realizadas no interior das unida- aquisição dos medicamentos. Aspectos referentes à estrutura
des de saúde, possivelmente influenciando a crítica dos usuá- física e ao atendimento de consultas com especialistas foram
rios a um serviço do qual eles dependem. Contudo, apesar do pontos destacados pelos usuários, bem como a falta de padro-
relato de dificuldades e sugestões preocuparam-se em elogiar nização do atendimento. Esta pesquisa possibilitou identificar
o serviço e o atendimento. os desafios a serem transpostos da avaliação qualitativa em
Deste modo, verificou-se que há necessidade de imple- saúde para a efetivação de melhorias na prática assistencial.
mentação efetiva da Estratégia de Saúde da Família, melhoria O manuscrito trata um tema importante para o SUS, para
na estrutura física do serviço e padronização do processo de os profissionais de saúde e para a população em geral, na
atendimento. Assim, a avaliação qualitativa em saúde contri- perspectiva de melhor conhecer esse problema para tentar di-
buiu para identificar os problemas que, muitas vezes, causam minuir as complicações. Para isso requer esforço concentrado
diferenças nos interesses entre quem os realiza (profissionais) das pessoas adoecidas, dos profissionais e dos gestores nos
e entre quem os vivencia (usuários). diferentes níveis de atenção à saúde no país.

REFERÊNCIAS

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