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Diagnostico Sistémico

Farei o uso do FAST para avaliar a estrutura familiar através da coesão, que significa o
vínculo afectivo entre os membros da família, e da hierarquia, que significa o
poder/influência entre os membros da família. O teste é aplicado em três situações:
situação típica, situação ideal e situação de conflito.

O teste consiste em um tabuleiro quadrado com oitenta e um (81) quadradinhos de cinco


centímetros (5cm) cada, organizados em filas e colunas de 9x9 quadradinhos. É ainda
composto por peças de madeira, em representação dos membros da família de ambos os
sexos, bem como de blocos em formato cilíndrico, que representam três diferentes
alturas: 1,5 cm; 3 cm, e 4,5 cm, correspondendo a 1, 2 e 3 pontos, respectivamente.

Durante a aplicação do teste, o participante é solicitado a colocar as peças de ambos os


sexos nos quadradinhos do tabuleiro, em representação dos elementos da sua família, o
que é precedido de explicação completa do procedimento (Anexo A). Ao colocar as
peças o participante transmite a percepção da coesão (grau de aproximação) entre ele e
os restantes membros da família. Em seguida, pede-se ao participante para colocar cada
peça (membro da sua família) sobre um ou mais blocos cilíndricos, que representam a
hierarquia (poder).

O instrumento é acompanhado por uma folha de registo (Anexo B), na qual o


pesquisador anota as respostas. A utilização deste instrumento possibilita estudar a
estrutura familiar de forma quantitativa e qualitativa, podendo ser de aplicação
individual ou em família. Nesta pesquisa, optei por aplicar o FAST a Sandra com
depressão porque o teste pode indicar os níveis de coesão e hierarquia familiar,
conceitos básicos para compreensão do funcionamento da estrutura familiar.

Estrutura familiar

Por se tratar de um conceito-chave da presente pesquisa, segue-se a abordagem do


conceito de “Estrutura familiar”.

Segundo Minuchin (1982), por estrutura familiar entende-se um conjunto invisível de


exigências funcionais que organiza as maneiras pelas quais os membros da família
interagem e convivem. Uma família é um sistema que opera através de padrões
transacionais. As transações repetidas estabelecem padrões de como, quando e com
quem se relacionar, e estes padrões podem reforçar ou enfraquecer o sistema.
Na mesma perspectiva, Nichols & Schwartz (2007, p. 183), se referem à estrutura
familiar como um padrão organizado de relações em que os membros da família
interagem, pois as transações familiares se repetem e criam expectativas que
estabelecem padrões duradouros.

Para Whaley e Wong (1989, p. 21), a família assume uma estrutura característica, ou
seja, “uma forma de organização ou disposição de um número de componentes que se
inter-relacionam de maneira específica e recorrente”. Deste modo a estrutura familiar
compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em posições socialmente
reconhecidas e com uma interação regular e recorrente.

Em suma, a estrutura familiar refere-se ao modelo organizado de relações em que os


membros da família interagem e convivem. Normalmente, na família existe alguns
padrões de interacção que se manifestam através da coesão e hierarquia, que quando não
acontecem pode dar lugar a coalizão ou inversão de hierarquia.

Coesão e hierarquia na família

Segundo De Antoni (2005), a coesão é a proximidade afectiva que envolve relações de


amizade, união e de pertença a um grupo. A coesão está relacionada linearmente com o
desenvolvimento saudável e bem-estar psicossocial de crianças, do adolescente e de
famílias. O funcionamento familiar adequado é promovido pela relação próxima entre o
casal; entre pais e filhos, e entre irmãos. Ao contrário, famílias com conflitos,
freqüentemente demonstram baixa coesão entre seus membros e coalizões entre
gerações. Estas coalizões podem manifestar-se, por exemplo, através de uma maior
aproximação de um ou de ambos os conjuges aos seus filhos do que ao seu (sua)
companheiro(a).

A coalizão, segundo Miermont & Molina-Loza (1994), consiste na aliança de duas


pessoas contra uma terceira e também se caracteriza como uma propriedade específica
das tríades.

Ainda de acordo com De Antoni (2005), durante as sessões de terapia familiar, a coesão
pode ser analisada através da localização das figuras representadas no tabuleiro. A partir
disto, determina-se o escore de proximidade, que poderá ser baixo, médio ou alto. Na
análise qualitativa, para definir o escore de coesão, o pesquisador traça uma grade na
folha de registo do respondente onde representou maior número dos membros da
família. Esta grade envolve uma área de nove (9) quadradinhos, organizado em colunas
e filas de 3x3 quadradinhos. Assim, a coesão é considerada alta se todas as figuras
estiverem dentro desta grade e próximas entre si. A coesão é média quando os membros
forem representados dentro da grade, mas um ou mais não estão ao lado do outro. E, se
algum membro estiver localizado fora desta área, a coesão pode ser considerada baixa.

Por hierarquia, De Antoni (2005) refere estrutura de poder, que envolve influência,
controlo e adaptabilidade. Está relacionada ao controlo e poder decisório, seja nos
eventos quotidianos, como em situações adversas.

Na hierarquia, os respondentes do FAST colocam blocos cilíndricos sob as peças de


madeira, que representam seus familiares. Essa avaliação visa apurar as diferenças de
poder entre o subsistema parental (figuras dos pais) e o subsistema filial (figuras dos
filhos). Se as figuras não têm o mesmo valor no subsistema, a hierarquia é calculada
pela diferença entre o menos poderoso dos pais e o mais poderoso dos filhos. A
hierarquia é considerada alta na família quando a diferença entre o menos poderoso pai
e o mais poderoso dos filhos equivale a três ou mais pontos. A hierarquia média existe
quando a diferença entre o menos poderoso dos pais e o mais poderoso filho equivale a
um ou dois pontos. E, há baixa hierarquia quando não existe diferença na altura entre o
menos poderoso dos pais e o mais poderoso dos filhos ou quando há inversão
hierárquica – o filho adolescente tem mais poder em relação ao pai ou a mãe (Gehring,
1993). A relação entre coesão e hierarquia foi estudada por Gehring (1993), que sugere
um esquema que facilita o entendimento das estruturas familiares,

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