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2014-2015
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CONCEITOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS E DIMENSIONAMENTO
Definição de Tensão
Admita-se uma estrutura reticulada articulada (barras sujeitas apenas a esforços normais),
coloca-se questão de saber se as barras correm ou não o risco de rotura (por tracção ou
compressão).
com a tensão resistente, que depende do material (determinada por ensaios, por exemplo).
Essa tensão corresponde a um valor médio (admite-se uma distribuição uniforme na secção).
Vejam-se os exemplos seguintes (secção circular e rectangular).
Distribuição uniforme de tensões normais: secção circular (esqª) e prismática (dirª). BEER, 4ª Edição.
2
Distribuição não uniforme de tensões normais. BEER, 4ª Edição.
Ou seja, o esforço normal numa determinada secção é a resultante das tensões normais na
mesma secção.
A tensão constitui assim uma medida alternativa dos esforços, correspondente à força por
unidade de superfície. A unidade de tensão no Sistema Internacional é o Pascal, ou seja, N/m2,
sendo comuns os seguintes múltiplos:
P: Considere-se uma barra tubular ( ext=60mm, int=50mm) de aço com uma tensão admissível
de 235 MPa, sujeita a um esforço normal de 150 kN (tracção). Verifique se esta sofre rotura.
Determine o esforço axial máximo a que essa barra pode estar sujeita.
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Valores típicos de tensão resistente:
Betão C12/15 8 MPa (c)/0.73 MPa(t) Betão C45/55 30 MPa (c) / 1.84 MPa(t)
De forma igual à estabelecida anteriormente (tensão normal versus esforço normal) pode
introduzir-se o conceito de tensão tangencial média, .
Por vezes esta componente do tensor das tensões1 (desenvolver) é referida por ou .
Também aqui se poderia fazer uma distinção entre o valor da tensão tangencial pontual.
1
O termos genérico desse tensor tem o significado de componente segundo a direcção n na faceta
elementar cuja normal é segundo m
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Conceito de Extensão
Considerando uma barra com uma secção A e comprimento (inicial) L0 constituída por um
determinado material, sujeita a um esforço normal de tracção N, esta barra sofre um
alongamento . Pode observar-se que se, porventura, a barra tivesse o dobro da secção (2A), o
mesmo comprimento inicial (L0) e estivesse sujeita ao dobro do esforço normal (2N), o
alongamento seria igual.
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Diagramas tensão-deformação
Estes ensaios são realizados sujeitando o corpo de prova (amostra ou provete) a uma história
incremental de tensões, até se observar a rotura.
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Características específicas do aço macio (baixo teor de carbono):
Regime elástico;
Cedência;
Patamar de cedência (escoamento);
Endurecimento (encruamento);
Resistência convencional máxima;
Rotura
Em alguns materiais existe uma gama de deformações para a qual as tensões são
proporcionais (regime elástico). O declive do diagrama tensão-deformação é constante e o seu
valor é designado de módulo de elasticidade (ou de Young) do material, sendo representado
por E. Valores típicos do módulo de elasticidade: betão 30 GPa (dependente da resistência à
compressão), aço 200 GPa (mais ou menos invariável).
No regime elástico
É curioso notar-se que embora os tratamentos térmicos, inclusão de ligas tenham e processo
de fabrico influenciem significativamente as características de resistência e ductilidade dos
aços, o seu módulo de elasticidade permanece praticamente inalterado (200-210 GPa).
Nota-se também que em alguns materiais (por exemplo o aço) as descargas e recargas se
realizam de forma elástica (lineares, com um declive - idêntico ao declive da fase elástica da
carga).
Ainda no caso dos aços, refere-se que os aços com elevado teor de carbono tendem a não
apresentar uma cedência nítida, razão pela qual se define o conceito (equivalente) de tensão
limite convencional de proporcionalidade a 0,2%.
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R:
Nota sobre as unidades: na expressão anterior que permite calcular o alongamento d sugere-
se a seguinte regra:
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Momentos de Inércia
Como visto anteriormente quando uma barra está apenas sujeita ao esforço normal, a
distribuições de tensões (normais) é uniforme na secção, sendo esta estaticamente
equivalente ao esforço normal, considerado aplicado no centróide da secção.
Considere-se agora o caso em que os esforços internos na secção são todos nulos, excepto o
momento flector Mx (simplificadamente identificado por M).
Mais à frente, no estudo da flexão, vai concluir-se que este momento flector origina uma
distribuição de tensões normais linear na secção (as tensões aumentam linearmente com a
distância y ao eixo de flexão x de acordo com uma constante, kx ou k, proporcional à
curvatura).
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Pode de novo estabelecer a equivalência estática entre o momento flector (M) e a distribuição
de tensões na secção, ou seja:
eo
Chama-se à atenção que essa nova característica da secção relaciona a constante proporcional
à curvatura com o momento flector, ou seja:
O que significa que quanto maior for o momento de inércia menor será a curvatura (para um
mesmo valor do momento flector).
te
AI de
A característica anterior também pode ser definida para a flexão em torno do eixo y, obtendo-
se o momento de inércia (e curvatura), relativamente a esse eixo.
R: ,
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Tabela de momentos de inércia de formas geométricas elementares
Note-se que as expressões anteriores se refere ao momento de inércia relativamente aos eixos
que contêm o centróide, não podendo ser aplicados relativamente a qualquer outro eixo.
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Flexão
Define-se barra ou peça linear como todo o corpo cujo material se confina à vizinhança de uma
linha do espaço a que se chama eixo. Segundo o Vocabulário de Teoria das Estruturas trata-se
dum corpo que se pode considerar gerado por uma figura plana, de forma e dimensões não
necessariamente constantes, cujo centro de gravidade se desloca ao longo de uma linha de
grande raio de curvatura à qual a figura se mantém perpendicular e cujo deslocamento é
largamente superior às dimensões da figura. O eixo da peça linear é pois a trajectória do
centro de gravidade da sua figura geradora, denominando-se fibra a trajectória percorrida por
qualquer ponto da figura. Por outro lado a secção resultante da intersecção da peça linear por
um plano normal ao seu eixo denomina-se secção transversal da peça linear.
BP
BP
Admitindo com válido o princípio da sobreposição dos efeitos pode calcular-se separadamente
o efeito de cada um dos esforços anteriores. Neste momento já concluímos o estudo das peças
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lineares sujeitas a esforços normais (tracção ou compressão), iniciando-se agora o estudo das
mesmas peças sujeitas a esforços de flexão.
São muitos os exemplos de peças lineares sujeitas a esforços de flexão. O mais comum a viga
é uma peça linear sujeita predominantemente a momento flector e esforço transverso.
Referem-se como exemplos as vigas que fazem parte da estrutura de piso dos edifícios, as
vigas que constituem (com as lajes) o tabuleiro das pontes, etc.
Vamos estudar inicialmente a designada flexão pura ou circular (flexão sem esforço
transverso). Embora seja relativamente pouco frequente encontrar casos deste tipo, os
resultados obtidos podem ser parcialmente utilizados no estudo da flexão simples (flexão com
esforço transverso).
Considere-se então o caso da flexão pura, exemplificado com um segmento finito de uma
barra sujeita a momentos (iguais) nas suas extremidades (eixo 2, eixo transversal
relativamente ao qual a secção é simétrica, eixo 1, eixo que define fibras que sofrem um
alongamento/encurtamento comum, e eixo 3, eixo da barra):
BP
A primeira observação é de que a viga flecte, transformando-se qualquer uma das suas fibras
(originalmente rectas) num arco de circunferência. Haverá fibras, do lado côncavo, cujo
comprimento diminui, assim como outras fibras, do lado convexo, cujo comprimento aumenta.
Entre estas existirão fibras (fibras neutras), cujo comprimento permanece inalterado. Pode
ainda introduzir-se o conceito de superfície neutra como sendo constituído por todas as fibras
cujo comprimento permanece inalterado.
Por conveniência considerou-se que o eixo x1 define a superfície neutra (ou seja, as fibras x2=0
não sofrem alongamento ou encurtamento).
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Analise-se agora a deformada de um segmento infinitesimal (comprimento dx3).
BP
Admita-se hipótese de Bernoulli (J. Bernoulli, 1705) que as secções planas se mantêm
planas, de tal forma que as secções AA´ e BB´ originalmente paralelas, se transformam nas
secções CC´ e DD´ (já não paralelas, fazendo entre si um ângulo d ).
Se considerarmos uma fibra genérica PP´ (à distância x2 da origem do referencial) esta irá
apresentar um comprimento final
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sendo nulas todas as restantes componentes de deformação ( ).
Quanto ao campo de tensões, este terá todos os termos nulos, com a excepção de 33.
Em que Sx1 é o momento estático da secção relativamente ao eixo x1, pelo que se conclui que o
eixo neutro (x1) contém o centróide da secção
não sofrem alongamento ou encurtamento. Dito de outra forma o eixo neutro da secção (eixo
x1) contém o centróide da mesma.
A equação anterior é conhecida por lei de Euler-Bernoulli e ao denominador (EI1) por rigidez de
flexão.
Pode ainda concluir-se que as tensões normais variam linearmente em relação ao eixo neutro,
sendo determinadas por:
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Representação das tensões normais numa secção sujeita à flexão [].
Em particular os valores extremos (mínimo e máximo) da tensão normal irão ocorrer nos
pontos mais afastados da linha neutra, ou seja:
Sendo W designado por módulo de flexão (da secção) e tem as dimensões [L3].
Módulo de flexão
Em que v designa a distância da fibra mais afastada do centróide (fibra na qual a tensão é
máxima) relativamente ao mesmo centróide.
Chama-se à atenção de que para secções não simétricas em relação à linha neutra (eixo x1,
contendo o centróide) há a considerar dois módulos de flexão distintos.
Sendo v+ e v- as distâncias a que situam a fibra mais afastada para baixo do centróide ou para
cima do centróide, respectivamente.
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Flexão Composta
Admitindo o princípio da sobreposição dos efeitos (válido no regime linear) ter-se-ia que a
distribuição de tensões normais na secção é descrita por:
A distribuição de tensões continua a ser linear na altura da secção (coordenada x2), mas a linha
neutra deixa de conter o centróide da secção. Neste caso a linha neutra situa-se na posição:
Por exemplo no caso de uma secção rectangular (bXh) ter-se-ia que a linha neutra está situada
à seguinte distância do centróide:
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ACÇÕES, COMBINAÇÕES DE ACÇÕES E VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA
Preâmbulo
Acções em Estruturas
Acções Permanentes (G) acções que apresentam reduzida variabilidade ao longo do período
de vida da estrutura (ex.: peso próprio dos elementos estruturais e não estruturais
permanentes, pré-esforço, pressão hidrostática em alguns casos, impulsos de terras, etc.).
Acções Variáveis (Q, W) acções que apresentam grande variabilidade ao longo do período de
vida da estrutura (ex.: sobrecarga de utilização, vento, variações térmicas, diárias ou sazonais,
neve, etc.).
Acções de Acidente (F) acções que apresentam uma probabilidade baixa de ocorrência (ex:
sismos, explosões, choque de veículos, incêndio, etc.).
Atendendo à sua distribuição probabilística as acções são geralmente quantificadas com o seu
valor característico Gk, Qk (ex: no RSA considerava-se o valor característico superior, com
uma probabilidade de excedência de apenas 5%). Quando combinadas com outras acções (ou
em verificações em que a duração do estado limite é relevante), definem-se os valores
reduzidos. Referem-se os seguintes valores reduzidos:
valor de combinação;
valor frequente (correspondentes a períodos relativamente longos, apresentando
uma probabilidade de ser excedido em apenas 1% do período de vida da estrutura);
valor quase permanente (correspondente a períodos muito longos, com a
probabilidade de ser excedido em 50% do período de vida da estrutura).
Verificação de Segurança
A verificação de segurança deve ser realizada em relação aos seguintes dois tipos de estados
limites:
Estados Limites Últimos Estados de cuja ocorrência resultam prejuízos severos (ex.:
rotura de elementos estruturais, perda de equilíbrio de estrutura, colapso progressivo,
instabilidade, etc.).
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Estados Limites de Utilização Estados de cuja ocorrência resultam prejuízos menos
severos (abertura de fendas, deformação excessiva, vibração, etc.).
Em que representa o designado valor de cálculo do efeito das acções e o valor de cálculo
resistente.
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