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AFROPOEMAS

AfroEscola
Laboratório Urbano
Avenida Atlântica, 904
Valparaíso, Santo André, SP
CEP 09060 001

artedepia@gmail.com
www.facebook.com/oficinativa nov 2022
ESCREVER e REESCREVER constantemente nossas
Histórias e nossos sentimentos é uma prática que
auxilia a compreensão do que / quem fomos, do
que / quem somos e do que / quem podemos e
queremos ser. E já não nos privamos desse prazeroso
fazer, realizado com muita poética
e muita criatividade.
Odé
Texto da primeira publicação AfroPoemas, em novembro de 2011
(ainda atual):

“É crescente a necessidade de falar sobre temáticas sociais que ainda


hoje são nós pessoais e coletivos na constituição psicológica de nossa
nação. E se conseguimos fazê-lo por caminhos artísticos / poéticos,
acreditamos que tais debates e reflexões podem experimentar processos
e resultados impressionantes. Essa foi justamente a proposta do
concurso solidário AfroPoemas e agora apresentamos a publicação que
nos dá muito orgulho. E certamente vontade de fazer outras...”

11
- Aline Sales
- Iyá Vera
d'Osumaré
- Maria José Dias
- Odé

10 - Zé Brown
Mandingueiro

3
Urucubaca aqui?
Urucubaca não!
Traz logo o tutu, No orí de moleque mulambo
o tantã, odara o ilê de babá
o grigri, inhaca dos tempos do libambo
tudo que é 'bão' bamberê, axé de cazumbá

Eu quero Quizomba...

Odé Odé

4 9
Cadê seu afropoema? Eu sou
Está na pele, no cheiro, no ar… Negra, eu sou
Está na fumaça do meu cachimbo Negra abençoada, Negra avermelhada
Dentro do nosso Congá! Negra desbotada, Negra dourada
Mas o que é um AfroPoema Negra que sou
Senão alguém a lembrar Sinto bem assim Negritude
Que um dia uma linda alma Faço que posso, nem sempre o que quero
puxava as correntes no fundo do mar Mas eu vou, em frente
Mas é urgente o afropoema! Sigo a vida legal
Pois a alma ainda geme Eu sou Iyá Vera
E nos pede para lutar! Negra mulher
Negra feliz
d'Osumaré
A arte que te encanta
é a mesma que o faz enxergar Eu sou
Que o Afro é a raiz da vida, Negra é minha cor, minha raça
mas não ocupa o seu lugar! Poderosa, inteligente, magnânima,
Caminhos estão abertos Aline observadora, criativa, simples e educada
Para um futuro Negra eu sou, sou eu
Sales
8 AFROPOEMAR Negra sim
5
O mar que me leva Morada
O mar que me trouxe é o mesmo mar que vai me Sentimentos de raiva,
levar de volta para o lugar de onde não deveria ser
tirado. Sequer perguntaram se eu queria vir. Me tristeza, medo, amor, alegria,
trouxeram trancafiado, amarrado, para uma Terra
distante, desconhecida, separado de meus pares, afeto, liberdade
levados para trabalhar, acorrentados, chicoteados.
As marcas do sofrimento se misturam, hora tempo de espera
saudades, hora da dor de apanhar. Os cantos, são
para abafar os gritos daqueles que são levados para Caminhos que nos leva
o açoite. O mar que me trouxe é o mesmo que vai
me levar. Sei que um dia vou voltar para a minha
a percorrer lugares,
África, lugar de onde jamais deveria ser tirado. Lá
adentrar nossa primeira morada
eu era livre, corria, nadava, cantava, não de dor, e
sim de alegria, cantava para celebrar a vida, a Um banho de folhas para nos revitalizar
colheita, o nascimento e também a morte. O mar
que me leva é o mesmo que vai me levar. Daqui só num novo ânimo.
ouço o seu balançar, o que me acalenta e me
fortalece, pois um dia sei que vou voltar. Aqui não Rezo,
sou bem visto, um estranho fora do seu lugar, nem o
sol podemos admirar. Ah esse mar, que faz o barco faço uma prece a minha ancestralidade,
balançar, que reflete a luz do luar, com sua brisa faz
a gente acalmar, ah esse mar, o mesmo que me louvo a minha Senhora
trouxe e um dia vai me levar. No mar, no mar, no Maria
mar, mora a rainha do mar. que é dona do meu Ori!
Axé, Axé, Axé
José
Zé Brown Mandingueiro
6 Dias 7

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