Você está na página 1de 15

ATENÇÃO A CRIANÇA E O ADOLESCENTE MIGRANTE NO ESTADO DE

RORAIMA: PROJETO INFÂNCIAS EM MOVIMENTO

Maria de Nazaré da Silva Nunes1


Natalia Silva Nunes2

[...] a Pedagogia Marista se propõe ao diálogo com a comunidade


educativa na consolidação de suas demandas oportunizando conquistas,
acesso, garantia, manutenção e a defesa de direitos humanos, pelo viés da
experiência e constante reflexão sobre esses valores. (Conviver marista,
2016, p.29).

INTRODUÇÃO

O estado de Roraima está localizado no extremo norte do Brasil e faz fronteira com a
República Cooperativa da Guiana, Venezuela, e os estados do Amazonas e Pará. O estado possui
quinze municípios, são eles: Alto Alegre, Amajari, Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Caroebe,
Iracema, Mucajaí, Normandia, Pacaraima, Rorainópolis, São João da Baliza, São Luiz e Uiramutã.
Sabendo que nos últimos anos houve um aumento de migrantes no território nacional, é
preciso considerar que há altos índices de venezuelanos, haitianos, bolivianos, espanhóis, franceses
e americanos. Assim, entendemos que o migrante é todo indivíduo que buscará endereço em outro
país, e o emigrante é aquele que residirá fora do Brasil.
De acordo com a Lei de Migração de 24 de maio de 2017, o migrante é denominado
imigrante (reside e se instala no país), emigrante (que reside no exterior), residente fronteiriço (que
geralmente reside no município fronteiriço), visitante visitas sem direito a residência e o apátrida
(não considerado nacional de nenhum Estado).
No Estado de Roraima, como resultado do aumento do fluxo migratório em 2015,
evidenciou o surgimento de organizações e projetos que visam atender prioritariamente os
migrantes venezuelanos em situação de vulnerabilidade social, entre eles o Projeto Infâncias em
Movimento.
1
Discente do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, da Universidade Federal de Roraima -UFRR, e-mail:
nazare.ufrr2018@yahoo.com.
2
Discente do Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Roraima- UFRR, e-mail:
nataliasilvanunes2017@gmail.com.
O Projeto “Infâncias em Movimento” integrava o Programa Direitos Humanos e Infâncias
em Movimento, sendo uma parceria entre a União Marista do Brasil (UMBRASIL), Instituto
Migração e Direitos Humanos (IMDH), Diocese de Roraima, Centro Marista de Defesa da Infância,
Associação do Voluntariado e da Solidariedade (AVESOL). Tinha por finalidade a promoção do
Direito ao Brincar, garantia e promoção da infância, resgate e respeito do território de cada sujeito
atendido, as atividades foram desenvolvidas entre junho/2019 a junho/2020. O projeto objetivou
responder os seguintes objetivos: atenção às infâncias com a comunidade, famílias, crianças,
educadores e voluntários de modo a assegurar a sustentabilidade e a adequação ao contexto local;
promoção do direito ao brincar e do desenvolvimento integral das crianças; Ressignificação do
espaço destinado para acolhida de crianças atendidas na Paróquia Consolata; e Reconhecimento das
práticas culturais das infâncias atendidas.
Neste sentido, o presente trabalho aqui apresentado tem por finalidade apresentar as ações
desenvolvidas ao longo do tempo de execução do “Projeto Infâncias em Movimento” no Município
de Boa Vista/RR com crianças e adolescentes no tocante de 2019 a 2020.

DESENVOLVIMENTO

Ao considerar o processo histórico de migração, fica claro que, de acordo com a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, todo ser humano tem o direito à liberdade de atravessar fronteiras.
Com o intuito de propor conhecimento sobre o fenômeno migratório, vê-se que é o grande marco no
processo de garantia do direito dos migrantes no Brasil dado pela Constituição Federal de 1988.
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 1.º Trata dos princípios fundamentais, logo o
inciso 3.º Dispõe sobre a dignidade humana, nesse sentido o imigrante deverá ser reconhecido
enquanto pessoa que precisa ter seus direitos assegurados e respeitados. No artigo 4.º Dispõe da
República Federativa do Brasil e suas relações internacionais, sendo preciso frisar que no inciso
segundo dispõe do refúgio ou asilo político ao migrante. No artigo 5.º Da Constituição Federal
dispõe que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL, 1988).
Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017, quando reza sobre a Situação Documental de
Migrantes e Visitantes, tratando de documentos, vistos, tipos de vistos, Registro e Identificação
Civil de Imigrantes e Portadores de Visto Diplomático, Oficial e de Cortesia. No Capítulo III, trata
da situação jurídica do migrante e do visitante, considerando a condição de Residente Fronteiriço, a
Proteção do Apátrida e a Redução da Apatridia, o Asilo, a Autorização de Residência, o
Reagrupamento Familiar, enquanto no Capítulo IV a Entrada e Saída do Território Nacional
considerando o processo de Inspeção Marítima, Aeroportuária e Fronteiriça, do Impedimento de
Entrada, enquanto no Capítulo V trata das medidas de retirada compulsória considerando o processo
de Repatriação, Deportação, Expulsão e a Proibições. No que se refere ao Capítulo VI, pondera-se
sobre a opção de nacionalidade ou naturalização, enquanto o Capítulo VII aborda sobre as políticas
públicas para migrantes e o direito do migrante no território brasileiro.
Em suma, de acordo com a legislação, será permitida a residência no território do país,
levando-se em conta o ensino ou expansão acadêmica no caso de estrangeiros que procuram o
Brasil para fins de estudo. Busque tratamento de saúde específico, acolhimento humanitário. Se o
voluntário participa de atividades religiosas. Nesse contexto, é necessário mencionar que os
venezuelanos em busca de país acabam por exigir asilo para regular sua residência no Brasil. Para
tanto, é necessário retirar documentos que permitam a realização de trabalho regulamentado e a
aquisição de bens e serviços previstos na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Imigração de
2017.
Ao perceber a migração no estado de Roraima, é notório que é um Estado que construindo a
partir do processo migratório, bem como as primeiras tentativas de colonização, Barros (1995)
relata que o segundo momento de suma importância no processo de colonização deu-se em 1800–
1890, momento qual a migração do povo nordestino para região norte. Nesse momento, a principal
fonte de economia era agropecuária e agronomia.
Conceição (2012) escreve que mediante a instauração da Constituição Federal de 1988
ocorreu o desmembramento do município de Boa Vista do Rio Branco do Estado do Amazonas,
esta passou a ser Unidade Federativa do Brasil, e entre as vantagens deste desmembramento pode-
se destacar a independência política e econômica. Percebe-se que devido a existências do garimpo
no estado de Roraima, iniciou-se um processo de migração, pois muitos dos garimpeiros sem
perspectivas de vida, passaram a voltar para seus estados de origem.
Nessa perspectiva é possível afirmar que a questão da migração para o Estado de Roraima
contribuiu com a criação dos municípios, entre os fatores que contribuíram com o processo
migratório para o Estado pode-se destacar o garimpo, o interesse pelas terras sem dono”. Conceição
(2012, p.16) destaca que “o estado apresenta uma população nativa de índios Macuxi, Taurepang,
Ingarikó, Wapixana, Ianomami, Waimiri-Atroari, Maiongong, além de uma população migrante
oriunda de todas as regiões do país”.
Souza (2012) comenta que o fluxo migratório para o estado de Roraima tem sua origem na
década de sessenta, motivadas pela proposta de novos empreendimentos, relações de produção na
região, questão do agronegócio, mineração e garimpo, programas de assentamento e colonização.
Vale (2007, p. 25–26) realça que:

Até os anos de 1970, Roraima era dividida em dois municípios: Boa Vista e Caracaraí; em
1882 os dois municípios foram desmembrados em oito: Boa Vista, Caracaraí, Alto Alegre,
Bonfim, Mucajaí, Normandia, São João da Baliza e São Luiz do Anauá; e, em 1996, passou
por mais um desmembramento com mais sete municípios; Amajari, Cantá, Caroebe,
Iracema, Pacaraima, Rorainópolis, Uiramutã), adentrando-se em reservas ambientais e áreas
indígenas.

Nesse sentido, é fundamental notar que a migração contribuiu para a criação de outros
municípios, pois até meados da década de 1970 havia apenas dois municípios no estado de
Roraima, que anos depois também se tornaram 15 municípios. O processo migratório, portanto, foi
de suma importância, pois devido aos migrantes vindos de outros estados, eles foram responsáveis
pelo desenvolvimento agrário e urbano.
Dessa forma, percebe-se que o processo histórico do Estado de Roraima está vinculado ao
processo migratório para a região, sabendo disso, é necessário citar o processo migratório ocorrido
em Roraima no ano de 2016.
A fim de propor proximidade com a temática serão feitas considerações sobre os países que
fazem fronteiras com o Estado de Roraima com enfoque na migração dos venezuelanos, no entanto,
é preciso contextualizar zonas fronteiriças, enquanto: “as zonas fronteiriças são zonas de
empréstimos e apropriações culturais por isso, um lugar privilegiado para a compreensão do
fenômeno migratório internacional” (RODRIGUES, 2006, p. 2).
Vale destacar o conceito de Rost (2007) sobre a migração Brasil-Venezuela quando diz que:

Na fronteira entre Brasil e Venezuela, cresce diariamente o fluxo de migração,


principalmente de brasileiros indo para o país vizinho, motivados pelo comércio e pelo
contrabando de combustível, que passou a ser uma forma de sobrevivência de muitas
famílias fronteiriças. Outro motivo, que atraí muitos brasileiros, para à cidade de Santa
Helena do Uairén, é o fato da atividade de garimpagem não ser ilegal o que faz com que
brasileiros e guianenses se direcionem para lá em busca de trabalho nessas minas. Já os
venezuelanos, recorrem à cidade de Boa vista, capital do estado de Roraima em busca de
serviços públicos, como o de saúde e educação. Porém, em ambas as fronteiras, não há a
devida fiscalização, o que acaba permitindo um grande número de pessoas transitando
ilegalmente em ambos os estados, crescendo assim, a quantidade de pessoas que vivem de
forma ilegal nessas localidades (ROST, 2007, p. 23).
Dessa forma, a travessia da fronteira entre Brasil e Venezuela, cresce contida, os brasileiros
vão para o país vizinho motivados pelo comércio, já que há relatos de contrabando de mercadorias
para o Brasil, como no caso do garimpo. Enquanto os venezuelanos buscam acesso a bens e
serviços oferecidos no país, como saúde e educação. Nota-se que muitos migrantes, por falta de
condições financeiras, são contratados em regime favorável à escravidão sem direitos trabalhistas
previstos na legislação. Percebe-se também que há alguns entre os venezuelanos que, por terem
mais educação, conseguem empregos com melhores salários e direitos trabalhistas.
Sabe ainda que “Considera-se como migração o movimento de entrada, com ânimo
permanente ou temporário e com a intenção de trabalho e/ou residência, de pessoas ou populações,
de um país para outro”. (JACINTO, LUZ, 2009, p.1). Conforme mencionado observa-se que
migração está relacionada ao ato de deslocamento de um local para o outro, podendo tem vários
motivos que contribuem para esse deslocamento.
É preciso entender o migrante como aquele que migra para o Brasil, com a finalidade de
residência física ou temporária. O que se observa no contexto atual do país é o aumento do fluxo
migratório de venezuelanos para o Brasil. Entre os fatores que contribuem para o deslocamento de
venezuelanos para o território nacional, podemos destacar a crise econômica e política que a
Venezuela.
Em suma, os venezuelanos buscam novas oportunidades no território brasileiro como
emprego, moradia, além de acesso a bens e serviços como educação e saúde. Há relatos de que
famílias inteiras cruzam a fronteira todos os dias, acreditando que no Brasil será possível subsidiar
os familiares uma vida digna. No entanto, o que se observa é um estado de vulnerabilidade social.
Fica claro que os fatores que propiciam o aumento de pessoas migrantes estão
correlacionados a fatores internos como guerras e perseguições, que podem ser motivados por
quebra de costumes, além de fatores externos serem decorrentes de vínculos laborais e familiares,
entre outros. De acordo, vê-se que as migrações podem ter deslocamentos temporários ou
definitivos, que podem ser coletivos ou mesmo internos ou internacionais. Em suma, o migrante
busca novas oportunidades, de trabalho, estudo, saúde. Dennis (2015), elenca os principais motivos
que contribuem para o fenômeno da migração, estes sendo:
 Migração Econômica: Quando a pessoa se muda para encontrar trabalho ou seguir uma carreira
específica;
 Migração Social: Quando a pessoa se muda para ter uma qualidade de vida melhor ou para estar
perto de familiares ou amigos;
 Migração Política: Quando a pessoa se muda para escapar de conflito ou perseguição política,
religiosa ou étnica;
 Migração Ambiental: Algumas causas deste tipo de migração são os desastres naturais, tais
como inundações ou secas.
Observa-se que os motivos listados estão relacionados às relações sociais, bem como à
questão ambiental. Diante desse contexto, observa-se que muitos dos migrantes buscam em outro
país a ausência de alguns desses fatores. Vale ressaltar que migração em síntese é o ato de migrar,
de uma região para outra, onde um indivíduo ou grupo é direcionado para um estado, município ou
até mesmo um bairro de sua nacionalidade.
Como mencionado acima, a Venezuela enfrenta uma grave crise econômica, política e
humanitária, com constante deslocamento de grande parte de sua população para outros países,
como o Brasil. Roraima se destaca como a principal porta de entrada do país. Alguns dos fatores
que levam os venezuelanos a deixar seu país de origem são a ausência de proteção do Estado, a
violação dos direitos humanos, a escassez de alimentos e medicamentos, e a dificuldade de acesso a
serviços básicos como a saúde. Além da hiperinflação e desvalorização da moeda, o que leva a uma
diminuição drástica do poder aquisitivo da população (MILESI, COURY e ROVERY, 2018).
Em decorrência do efeito da hiperinflação, o valor da cesta básica para uma família passou a
custar muitas vezes mais do que o valor do salário mínimo. Inviabilizando a compra de alimentos
básicos para grande parte da população. Assim, houve um aumento nos índices de violência nas
cidades venezuelanas, principalmente por parte da população faminta e desesperada. Existem várias
discussões sobre a violação dos direitos humanos na Venezuela.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem inclusive uma Missão dedicada a investigar
as violações de direitos humanos que ocorrem no país. Entre elas estão relatadas a ocorrência de
execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura, violência sexual e de gênero (ANISTIA
INTERNACIONAL, 2022). Portanto, ao buscar mudar-se para outros países, essa população
desesperada busca desfrutar de melhores condições de vida. E ter acesso e poder usufruir dos
direitos humanos básicos. O Brasil, por sua proximidade com a Venezuela, recebe diariamente um
grande fluxo migratório e a principal porta de entrada é o estado de Roraima.
O intenso fluxo migratório trouxe à tona as fragilidades de diversos setores da sociedade
brasileira, como saúde e segurança. Como, Niño (2020), menciona no fragmento a seguir:

Desse modo, a crise venezuelana tem redimensionado as migrações fronteiriças na América


do Sul, desbordando as capacidades de governos locais, ativando uma maior presença das
instituições estatais nessas regiões, evidenciando problemas prévios à chegada de
imigrantes em municípios fronteiriços e mudando a cotidianidade das populações de
fronteira. Ao chegarem no território brasileiro essa população castigada sofre com
problemas como a falta de empregos e xenofobia (NIÑO, 2020, p. 53).

Existem dois principais pontos de concentração do fluxo de migrantes venezuelanos no


estado de Roraima, são eles: o município de Pacaraima, que fica a 20 km de Santa Helena de
Uairén; E a capital do estado, o município de Boa Vista, que é a principal cidade de Roraima e que
concentra o maior número de migrantes. O fluxo migratório se intensificou a partir do ano de 2015
em direção a Boa Vista e Pacaraima. Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública
em 2020, Roraima teve o maior número de pedidos de refugiados, em torno de 42.512. Cabe
destacar que a maioria dos pedidos de refúgio no país são provenientes de venezuelanos, cerca de
17.385, o que representa 60,2% do total de pedidos de reconhecimento do status de refugiado em
2020 (SILVA et al, 2021).
Em decorrência desse intenso fluxo migratório, o estado de Roraima, principalmente os
municípios de Pacaraima e Boa Vista, sofrem com problemas estruturais para absorver essa
população. Os migrantes venezuelanos vivenciam em território brasileiro situações de xenofobia,
trabalho análogo ao escravo e infantil, exploração sexual, entre outras situações. Que caracterizam
esses indivíduos como parte da população vulnerável. Assim, diversas ações foram implementadas
ao longo dos anos para atender os anseios desses migrantes, como o Projeto Infância em
Movimentos.

METODOLOGIA

Para propor uma melhor compreensão do processo de pesquisa, é necessário esclarecer que:
“Pesquisa é um trabalho que envolve planejamento semelhante ao de um cozinheiro. Ao preparar
um prato, o cozinheiro precisa saber o que quer fazer, obter os ingredientes, certificar-se de que
possui os utensílios necessários e concluir as etapas necessárias no processo. “(SILVA, MENEZES
2005, p. 9,). Por meio do mencionado, entende-se que a pesquisa deve ser entendida como um
trabalho, porém para a efetividade ela deve ser planejada, considerando aspectos como tema e
objetivos. Uma vez que os objetivos nortearão a pesquisa. Como a pesquisa deve ser entendida
como um trabalho, para a execução ela deve ser planejada, considerando aspectos como tema e
objetivos. O estudo tem como objetivo apresentar as ações desenvolvidas no “Projeto Infâncias em
Movimento” no Município de Boa Vista/RR com crianças e adolescentes no período de 2019 a
2020.
Primeiramente, é preciso explicar a natureza da pesquisa, que será pura, segundo Gerhard e
Silveira (2009), permitirá a geração de novos conhecimentos. Portanto, este estudo proporcionará
novos conhecimentos sobre a imigração de Roraima. Segundo Gil (2010, p 27), a pesquisa básica
“reúne pesquisas destinadas a preencher lacunas de conhecimento”. Dessa forma, este estudo
proporcionará aos pesquisadores um relato sobre as questões levantadas sobre o tema. Portanto, este
estudo proporcionará novos conhecimentos sobre a imigração de Roraima. Esta pesquisa fornece
respostas às questões colocadas pelos temas discutidos. Indiscutivelmente, este estudo fornece uma
nova referência sobre o assunto, com foco em Roraima.
Segundo Cervo (2007) sobre o primeiro programa, ele contribuirá por meio de material que
será utilizado como fonte de conhecimento teórico. Porque através desses programas, documentos,
livros e guias podem ser utilizados no atendimento aos imigrantes. Em termos de pesquisa
bibliográfica, deve-se enfatizar o uso de artigos, leis, regulamentos internos e institucionais, etc.
Segundo Pereira (2010, p. 72.): "Quando processado a partir de material que não foi tratado
analiticamente". Ressalta-se que para obter respostas aos objetivos específicos deste estudo, serão
utilizadas leis e regulamentos relativos à imigração. De acordo com o primeiro procedimento,
contribuirá por meio de materiais que servirão como fonte de conhecimento teórico. No que se
refere à pesquisa documental, deve-se destacar que materiais como artigos, leis, regulamentos
internos e institucionais, inclusive será usado.
Com isso, será fazer o levantamento metodológico do trabalho, que se pauta no
levantamento de informações partir dos arquivos do Projeto Infâncias em referente aos
atendimentos realizados.

RESULTADOS

O Projeto Infâncias em Movimento, por meio das ações desenvolvidas, buscou promover o
Direito ao Brincar, garantia e promoção da infância, resgate e respeito do território de cada sujeito
atendido, entre junho/2019 à junho/2020. O projeto objetivou responder os seguintes objetivos:
atenção às infâncias com a comunidade, famílias, crianças, educadores e voluntários de modo a
assegurar a sustentabilidade e a adequação ao contexto local; promoção do direito ao brincar e do
desenvolvimento integral das crianças; Ressignificação do espaço destinado para acolhida de
crianças atendidas na Paróquia Consolata; e Reconhecimento das práticas culturais das infâncias
atendidas.
Projeto Direitos Humanos e Infâncias e Movimento tinha como parceiros UMBRASIL (na
articulação das organizações e execução do Programa e seus Projetos; mobilização do comitê gestor
do Programa; desenvolvimento do processo de captação de recursos.); Instituto Migrações e
Direitos Humanos – IMDH (na articulação das organizações parceiras em Boa Vista;
acompanhamento do comitê gestor.); Associação Paranaense de Cultura / Centro Marista de Defesa
da Infância – CMDI ( na elaboração e sistematização do programa e projetos, promovendo o
fortalecimento da Rede de Proteção local; integrante do Comitê Gestor; assessoramento da equipe
local, na formação dos colaboradores.); Diocese de Roraima - Paróquia Consolata (disponibilização
do espaço físico para desenvolvimento das atividades; acompanhamento do comitê gestor.);
Associação do Voluntariado E Da Solidariedade – AVESOL (formalização da documentação legal
junto aos voluntários); União Sul Brasileira de Educação e Ensino – USBEE - PMBSA
(coordenação do projeto do “Direitos Humanos e Infância em Movimento - DHIM” na cidade de
Boa Vista, Roraima, responsável pelos custos e sustentabilidade do projeto – pagamento da folha de
pagamento dos colaboradores, e pedagógicos e atividades educativas; e articulação das
organizações, encaminhamentos para rede de proteção.
Os atendimentos prestados tinham por finalidade atender os princípios do Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos, preconizado na Resolução n.º 109, de 11 de novembro
de 2009:

Serviço realizado em grupos, organizado a partir de percursos, de modo a garantir


aquisições progressivas aos seus usuários, de acordo com o seu ciclo de vida, a fim de
complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco
social. Forma de intervenção social planejada que cria situações desafiadoras, estimula e
orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e
coletivas, na família e no território. Organiza-se de modo a ampliar trocas culturais e de
vivências, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos
familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária. Possui caráter
preventivo e proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de
capacidades e potencialidades, com vistas ao alcance de alternativas emancipatórias para o
enfrentamento da vulnerabilidade social. (BRASIL, 2009, p.16).

As atividades desenvolvidas tinham por finalidade proporcionar aos atendidos, atividades,


que tinham por eixos o reconhecimento da identidade e do território, do direito a ser criança e
adolescer, bem como atuação nos encaminhamentos e acompanhamentos de casos a Rede de
Proteção local.
Logo:
Tem por foco a constituição de espaço de convivência, formação para a participação e
cidadania, desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças e adolescentes, a
partir dos interesses, demandas e potencialidades dessa faixa etária. As intervenções devem
ser pautadas em experiências lúdicas, culturais e esportivas como formas de expressão,
interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção social. Inclui crianças e adolescentes com
deficiência, retirados do trabalho infantil ou submetidos a outras violações, cujas atividades
contribuem para ressignificar vivências de isolamento e de violação de direitos, bem como
propiciar experiências favorecedoras do desenvolvimento de sociabilidades e na prevenção
de situações de risco social. . (BRASIL, 2009, p.16).

Neste sentindo, as atividades que deram início no dia 6 de junho de 2019, contou com a
participação inicialmente de mais de 50 (cinquenta) crianças e adolescentes, no período que
corresponde a segunda e terceira semana as atividades desenvolvidas estavam atreladas aos eixos
território e identidade, foi motivado a confecção de desenhos que demonstravam os sentimentos das
crianças a respeito da sua casa. Percebeu-se a necessidade conhecer e reconhecer os anseios das
crianças e os adolescentes, por meio dos desenhos percebemos que muitas dessas tinham saudades
da escola e utilizavam as cores da bandeira da Venezuela.
Quanto às atividades desenvolvidas em julho, visavam trabalhar os eixos de Direito,
Histórias e Projetos, como proposta para as atividades dinâmicas do espelho, eu com outro, uma
árvore arqueológica e uma foto do momento. Em relação às atividades realizadas em agosto de
2020, vale destacar que as atividades voltadas aos eixos de histórias, projetos e territórios foram
desenvolvidas por meio da árvore genealógica, desenvolvimento de jogos, confecção de porta-
retratos, histórico de citações, confecção de lápis. Em torno das atividades que aconteceram em
setembro, foram centradas na cultura, uma identidade de construção de pinos de boliche para
animais de estimação, cartazes de comidas típicas brasileiras e venezuelanas, citando histórias e
confeccionando bolsas. As atividades desenvolvidas em outubro se desenvolveram a partir dos
eixos território, cidadania, cultura, direito e identidade. A dinâmica do meu talento compartilhado
se destaca entre minhas atividades, criando jogos, criando cartilhas ECA, a dinâmica do design
colaborativo, causando infecções natalinas e decorando uma sala. Em dezembro, as aulas tiveram
como objetivo trabalhar o significado do Natal através das tradições do Brasil e da Venezuela.
Em relação às atividades desenvolvidas de janeiro a dezembro de 2020, observa-se que, no
mês de janeiro de 2020, o projeto recebeu dois grupos de voluntários maristas colaboradores das
instituições maristas do Rio Grande Sul, além de membros da fraternidade de leigos, as atividades
desenvolvidas junto as crianças tinham por finalidade trabalhar aspectos relacionados a Amazônia
brasileira e venezuelana. As atividades desenvolvidas em fevereiro tiveram como princípio
trabalhar o “Cuidado com o próximo” e a cultura por meio de atividades no Carnaval. As crianças
tiveram como atividade a criação de suas próprias fantasias, para serem usadas na festa de carnaval
com as crianças e adolescentes, e seus pais e responsáveis.
Em março, trabalharam na história (eixo), com destaque para o Documento Querida
Amazônia. Destacando quatro sonhos: sonho Social, Sonho Cultural, Sonho Ecológico e Sonho da
Igreja. As ações são baseadas nos quatro verbos do Papa Francisco: Promover, Integrar, Receber e
Proteger. Atividades recentes desenvolvidas em sala de aula, com crianças contra a pandemia.
Seguindo os protocolos de segurança do (Covid-19), em 18 de março de 2020, os
atendimentos presenciais foram suspensos. Nos meses de maio, abril e maio, foram realizadas
atividades remotas com a equipe de colaboradores e voluntários para treinamento. Um trabalho de
monitoramento remoto para crianças e adolescentes teve início em junho, com entrega de materiais
pedagógicos para realização das atividades propostas no grupo de WhatsApp, as ações atingem 13
famílias, com um total de 31 crianças e adolescentes em acompanhamento, permanecendo até o
final do contrato da equipe contratada. Em julho, o trabalho desenvolvido com as famílias passou a
ser realizado por meio das Pastorais Sociais de Roraima em parceria com o grupo de voluntários.

Gráfico 1: Crianças e Adolescentes Atendidas Pelo Projeto Infâncias Em Movimento


CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDAS PELO PROJETO INFÂNCIAS EM
MOVIMENTO 40
177
158 155 157
146

108
98
70

30

jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19 jan/20 fev/20 marc/20

Fonte: Elaborado a partir dos arquivos do Projeto Infâncias em Movimento

De acordo com os dados ilustrados, fica evidente que o projeto teve uma alta rotatividade
nos acompanhamentos realizados com crianças e adolescentes, fenômeno explicado pela
localização da sede do projeto, é possível perceber, pelos dados quantitativos, a assistência
específica e adequada às emergências que se apresentam e impõe condições diferenciadas para que
as crianças participem de uma situação humanitária. Diante do perfil de frequência do público-alvo
que demanda o planejamento de um processo educativo pensado para que as ações educativas sejam
de curta duração e não exijam participação continuada. Além de um processo de cadastro
simplificado para atender a demanda emergencial das famílias, que apresentam inúmeras
peculiaridades nas configurações e dificuldades de acompanhamento dos participantes.
Entre as atividades desenvolvidas estavam momentos de formação e captação de
voluntários além das atividades junto às crianças e adolescentes, e as famílias na intenção de
trabalhar o fortalecimento de vínculo previsto na Política Nacional de Assistência Social. Sabendo
que o “voluntário é o jovem, adulto ou idoso que, devido ao seu interesse pessoal e seu espírito
cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, às diversas formas de atividades de bem-estar
social ou outros campos” (Cf. Voluntariado da ONUBR — Nações Unidas no Brasil). Contudo, as
atividades desenvolvidas por meio do projeto, proporcionaram ao grupo de voluntários,
experiências significativas.
Este resumo representa algumas das perspectivas de análise e posicionamento ético e
político sobre a iniciativa. Diálogos de diferentes formas e por meio de diferentes estratégias entre
equipes geograficamente distantes, mas integradas na missão de oferecer conjuntamente, em rede,
uma alternativa de esperança para as crianças de Boa Vista são consideradas nesse caminho. Desta
forma, importa realçar as potencialidades e desafios vividos neste percurso, uma vez que não se
trata neste projeto, neste território, e neste relatório, de um projeto replicável em grande escala na
sua forma de operar o quotidiano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, as atividades desenvolvidas pelo projeto, eram destinadas a atender as crianças e os


adolescentes do entorno da Paróquia da Consolata e pelo IMDH em situações risco em decorrência
da crise humanitária, em processo de abandono de ambientes significativos, e precisam de
acolhimento e mediação para que o momento em que estejam presente no espaço é o lúdico, a
espiritualidade, o aprendizado e o compartilhamento — caminhos para a socialização. Para isso, é
necessário afirmar o funcionamento dos mecanismos de proteção de crianças e imigrantes, através
de alternativas que permitam o desenvolvimento de competências socioeducativas.
Desta forma, o projeto pretendeu contribuir para formas de acolhimento e socialização das
crianças e adolescentes migrantes: aumentar o interesse das crianças pelas diferentes línguas;
valorizar a cultura anterior e o conhecimento do mundo; criar diálogo com os elementos do novo
território; vivenciar situações da própria idade e conviver com os pares. Esses processos ampliam a
capacidade da criança de aprender sobre diferentes áreas do conhecimento, principalmente por meio
da alfabetização e do brincar. Nesse cenário, é fundamental que os espaços acolhedores se
transformem em ambientes lúdicos, buscando em cada lugar um sentimento de pertencimento, em
contraposição a uma visão adultocêntrica da constituição de territórios e territorialidades, que
desconsidera as culturas infantis.
O aprendizado compartilhado nesta jornada permitiu o reconhecimento do território, o
aprofundamento das situações humanitárias das crianças e adolescentes migrantes em Boa Vista e o
reconhecimento de profissionais que impactam nos projetos e na vida de muitas pessoas. As
questões de posicionamento e treinamento atravessam contextos e precisam privilegiar o objetivo
principal em resposta ao apelo observado.
REFERÊNCIAS

ANISTIA INTERNACIONAL. Venezuela: conselho de direitos humanos da ONU deve renovar


mandato de especialistas para averiguar violações, 2022. Disponível em:
https://anistia.org.br/informe/venezuela-conselho-de-direitos-humanos-da-onu-deve-renovar-
mandato-de-especialistas-para-averiguar-violacoes/. Acesso em 22 ago. 2022.

BRASIL. DECRETO Nº 41.721, DE 25 DE JUNHO DE 1957. Promulga as Convenções


Internacionais do Trabalho de nº11,12,13,14,19,26,29,81,88,89,95,99,100 e 101, firmadas pelo
Brasil e outros países em sessões da Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho.
Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D41721.htm. Acesso em: 04 de
julho de 2022.

CONCEIÇÃO, Cleudimar Araújo. O Surgimento do Bairro Asa Branca na Década de 1980, Em


Boa Vista/RR. Monografia apresentada como requisito para a obtenção do título de Graduação, no
Curso de Bacharel e Licenciatura em História da Universidade Federal de Roraima – UFRR. Boa
Vista-RR, 2012.

Declaração Universal dos Direitos Humanos. UNIC / Rio / 005 – ago. 2009. Disponível em:
http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf. Acesso em: 04 de julho de 2022.

DENNIS, Rebecca. O que é migração? 2015. Disponível em:


http://tilz.tearfund.org/pt-pt/resources/publications/footsteps/footsteps_71-80/footsteps_78/. Acesso
em: 03 de junho de 2022.

MARTINS, Ronei Ximenes. Metodologia de pesquisa: guia de estudos. – Lavras: UFLA, 2013.

MENEZES, Estera Muszkat SILVA, Edna Lúcia da. Metodologia da pesquisa e elaboração de
dissertação. 4. ed. rev. atual. – Florianópolis: UFSC, 2005.

MILESI, R.; COURY, P.; ROVERY, J. Migração Venezuelana ao Brasil: discurso político e
xenofobia no contexto atual. Revista do corpo discente do PPG- História da UFRGS. Porto
Alegre, v. 10, n. 22, p. 53-70, ago. 2018. Disponível em:
https://www.seer.ufrgs.br/index.php/aedos/article/view/83376/49791. Acesso em 22 de ago 2022.

ONG Repórter Brasil. Caderno temático Migração: O Brasil em Movimento (publicação do


programa Escravo, nem pensar.2012. Disponível:
http://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/02/10.-caderno_migracao_baixa.pdf. Acesso
em: 03 de junho de 2022.

ROCHA, José Antonio Meira da. Modelos de TCC conforme ABNT Normas ABNT Dicas »
Sobre este site » RSS Feed As etapas da pesquisa. 2010. Disponível:
http://meiradarocha.jor.br/news/tcc/2010/06/21/as-etapas-da-pesquisa/. Acesso em: 04 de junho de
2022.

RODRIGUES, Francilene. Migração transfronteiriça na Venezuela. Estud. av. vol.20 no.57 São


Paulo may/aug. 2006
ROST, Carla Regina. Fazendo Gênero na Fronteira: Migração de Venezuela nas e Guianenses
na Tríplice Fronteira Brasil- Venezuela –Guiana. 2006. Disponível em:
http://www.abant.org.br/conteudo/ANAIS/CD_Virtual_26_RBA/grupos_de_trabalho/trabalhos/GT
%2035/carla%20rost.pdf. Acesso: 20 de agosto de 2022.

SOUZA, Carla Monteiro de. BOA VISTA/RR E AS MIGRAÇÕES: MUDANÇAS,


PERMANÊNCIAS, MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS. REVISTA ACTA GEOGRÁFICA, ANO
III, N°5, JAN./JUN. DE 2009.

VALE, Ana Lia Farias. MIGRAÇÃO E TERRITORIALIZAÇÃO As Dimensões Territoriais


dos Nordestinos em Boa Vista / RR. Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau
de Doutor em Geografia, da Universidade Estadual Paulista. 2007. Disponível em:
http://www2.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/07/analiafariasvale.pdf. Acesso: 20 de agosto de 2022.

Você também pode gostar