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SEÇÃO EXTRA

Soluções Anestésicas
Os anestésicos locais se ligam aos canais de sódio dos axônios periféricos,
evitando a despolarização da membrana, e consequente liberação de
neurotransmissores. Bloqueiam incialmente a transmissão nociceptiva, por
possuírem fibras nervosas de pequeno diâmetro. Os neurônios motores sendo
maiores em diâmetro são relativamente resistentes.

INTOXICAÇÃO POR ANESTÉSICO LOCAL

Os efeitos adversos dos anestésicos resultam principalmente do escape para


o meio intravascular. São eles:

 Formigamento dos lábios e língua


 Zumbidos
 Distúrbios visuais
 Abalos musculares
 Convulsões
 Parada respiratória
 Coma
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VASOCONSTRICTORES

Os vasoconstrictores agem nos receptores alfa-adrenérgicos, promovendo


contração dos músculos da parede vascular.

Os vasoconstrictores diminuem os efeitos adversos dos anestésicos e


aumentam o tempo de ação anestésica local. As moléculas que vem
associadas aos anestésicos são: adrenalina, norepinefrina e fenilefrina.

Devem ser utilizados quando não houver contraindicação. As contraindicações


citadas são angina instável, IAM recente, AVE recente, arritmias refratárias,
ICC não-controlada, hipertensão grave, hipertireoidismo não controlado e
feocromocitoma.

QUAIS AS SOLUÇÕES ANESTÉSICAS?

Abaixo segue os principais anestésicos e vasoconstrictores utilizados para a


preparação de soluções anestésicas:

Lidocaína

 Apresentação: 1% (10 mg/ml) ou 2% (20 mg/ml)


 Início de ação: 2 minutos
 Tempo de ação: 90 minutos
 Metabolismo: hepático
 Excreção: renal
 Dose máxima: 10 mg/kg (com adrenalina) e 7 mg/kg
(sem adrenalina) sendo 500 mg a dose máxima recomendada.
 É o anestésico mais indicado para gestantes
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Bupivacaína

 Apresentação: 0.25, 0.5 e 0.75%


 Início de ação: 6 minutos
 Tempo de ação: 5-9 horas
 Dose máxima: não está bem estabelecida, porém recomenda-
se 2 mg/kg (sem adrenalina) e 3 mg/kg (com adrenalina),
sendo 200 mg a dose máxima recomendada.
 É 4x mais potente que a lidocaína
 É mais cardiotóxica.

Adrenalina (Epinefrina)

 Apresentação: 1 mg/ml (1:1.000)


 Início de ação: 6-15 minutos
 Tempo de ação: 1 hora

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COMO PREPARAR SOLUÇÕES ANESTÉSICAS?

Abaixo segue as fórmulas de como preparar as concentrações das soluções


de anestésico com vasoconstrictor mais utilizadas nas cirurgias
otorrinolaringológicas:

Soluções anestésicas em ORL

Solução 1 : 200.000
20 ml anestésico + 0,1 ml adrenalina

Solução 1 : 100.000
20 ml anestésico + 0,2 ml adrenalina

Solução 1 : 80.000
20 ml anestésico + 0,25 ml adrenalina
20 ml anestésico + 20 ml de SF + 0,5 ml adrenalina

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SEÇÃO EXTRA

Traqueostomia
INDICAÇÕES

 Insuficiência respiratória aguda


 Proteção de via aérea
 Suporte ventilatório

DESTAQUES ANATÔMICOS

 A traqueia se estende da cricoide até os brônquios principais.


 É constituída por cerca de 15 a 20 cartilagens hialinas, que possuem o
formato semicircular.
 Na sua superfície superior (anéis 2-4) está localizado o istmo da tireoide.
 Os nervos laríngeos recorrentes estão localizados posterolateralmente
à traqueia, no sulco traqueoesofágico.
 Lateralmente, estão localizados a artéria carótida comum e a veia
jugular interna.
 De superficial para profundo temos:
 Pele e subcutâneo
 Platisma
 Fáscia cervical
 Veias jugulares anteriores
 Músculos infrahioideos
 Fáscia pré traqueal
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 Traqueia

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ANESTESIA

 Anestesia local (urgência)


 Anestesia geral com intubação orotraqueal (eletiva)
 Membros superiores ao longo
 Coxim sobre os ombros
 Rodilha

POSIÇÃO DA EQUIPE

 Cirurgião: no lado direito do paciente


 Auxiliar: no lado esquerdo
 Instrumentador: na cabeceira

MATERIAIS CIRÚRGICOS ESPECIAIS

 Afastador Farabeuf
 Pinça Allis
 Pinça dente de rato
 Pinça dissecção
 Pinça hemostática curva
 Tesoura Metzenbaum
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TÉCNICA CIRÚRGICA

 Paciente em DDH com hiperextensão cervical


 Assepsia e antissepsia
 Marcação da pele para incisão 5 cm na horizontal entre a incisura
esternal e a cricoide
 Infiltração da pele com anestésico com vasoconstrictor 1:200.000
 Incisão da pele, subcutâneo e platisma com lâmina 10
 Dissecção do plano subplastismal
 Cauterização (ou afastamento) das veias jugulares anteriores
 Exposição e afastamento (ou secção) do istmo da tireoide
 Abertura da traqueia entre o 2º e 4º anel traqueal
 Tração do tubo orotraqueal e aspiração da traqueia
 Inserção da cânula de traqueostomia e insuflação do cuff
 Conexão com o sistema de ventilação
 Sutura do flap traqueal na pele com prolene 2.0
 Sutura frouxa do músculo e subcutâneo com vycril 3.0 (opcional)
 Fixação das asas da cânula com cadarços envoltos no pescoço
 Curativo externo com gaze
 Fim do procedimento

Se o procedimento for realizado com anestesia local, deve-se infiltrar a


parede traqueal assim que a traqueia for visível.

Na traqueostomia de urgência, a incisão pode ser realizada no sentido


vertical, pois apesar do pior resultado estético, melhora o campo e diminui o
sangramento intraoperatório.
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PRESCRIÇÃO PÓS OPERATÓRIA

 Dipirona 1 g EV 6/6h
 Cefazolina 1 g EV 6/6h
 Nebulização com soro fisiológico contínua
 Aspiração traqueal 1/1h
 Fisioterapia respiratória
 Monitorização com oximetria
 Troca da cânula plástica pra metálica em 48-72h

ORIENTAÇÕES PÓS OPERATÓRIAS

 Dormir com cabeceira elevada


 Limpeza da pele ao redor com gaze umedecida em água potável ou soro.
 Utilizar chuveirinho durante o banho para não entrar água na cânula
 O mandril deve ser limpo com água e detergente neutro
 Proteger a traqueostomia com lenço

COMPLICAÇÕES

 Sangramento: lesão da veia jugular anterior; hemostasia inadequada na


musculatura ou istmo da tireoide; lesão dos grandes vasos
 Laceração da traqueia e esôfago: associado a incisões profundas na
traqueia atingindo a parede posterior e esôfago
 Falso trajeto: colocação do tubo numa posição extraluminal
 Paralisa da praga vocal: lesão do nervo laríngeo recorrente
 Pneumotórax: lesão do ápice pulmonar
 Estenose traqueal: complicação tardia pela traqueostomia prolongada
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