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Universidade de Brasília

Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas


Departamento de Administração

Disciplina: Organização da Administração Pública Federal- OAPF


Professor: Rodolpho Vasconcellos

Tema: Análise dos fluxos de cooperação e a viabilização de políticas


públicas nacionais específicas em prol do controle do tabaco no Brasil e a
consequente responsabilização das grandes produtoras de tabaco

Viviane Cristina de Oliveira - 17/0158373


Luis Eduardo Ludgero G. Nunes - 14/0151575
José Evaldo Gomes Vilela - 18/0053400
Moisés Paes Landim Plácido - 14/0085785
Silas de Sousa Lima - 18/0130951

1 - Introdução:
Esse trabalho tem o objetivo de realçar as políticas públicas concernentes à saúde no
Brasil e entender a saúde como como acepção do direito que consta da declaração Universal
dos Direitos Humanos, a qual preconiza direitos básicos para a vida humana e foi adotada
pela ONU em 1948 devido ao grande abuso de direitos fundamentais durante a Segunda
Guerra Mundial. Entende-se, portanto, que a saúde é uma premissa fundamental para se
garantir o mínimo existencial de cada pessoa no mundo para que lhe seja assegurada
dignidade humana.
O foco principal do presente trabalho consiste em tecer comentários a respeito da
estrutura do SUS e adentrar especificamente nas políticas públicas relacionadas à regulação
do tabaco e em como o Estado se organiza por meio de políticas públicas para controlar esse
insumo no Brasil apontando, também, estatísticas de doenças e mortes causadas pelo uso do
tabaco e o que isso gera de prejuízos para o SUS, já que é esse Sistema quem deve arcar com
todo o custo gerado pela grande produção de tabaco no país. A questão proposta pelo trabalho
consiste, também, em observar a responsabilização das empresas produtoras do insumo e a
possibilidade de reparação ao SUS devido aos danos causados pela produção do ativo que é
altamente nocivo à saúde humana e gera muitos prejuízos para o sistema de saúde brasileiro.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 428 pessoas morrem
por dia no Brasil por causa do tabagismo e 12,6% de todas as mortes registradas no país são
atribuíveis ao tabaco. Ao todo, 156.216 mortes poderiam ser evitadas todos os anos caso o uso
do tabaco fosse eliminado. Os números mostram ainda que, no ano passado, 73.500 pessoas
foram diagnosticadas com câncer provocado pelo tabagismo. Segundo o Inca, R$ 56,9 bilhões
são perdidos a cada ano em função de despesas médicas e perda de produtividade (Dados
EBC - Publicado em 31/05/2018)
No Brasil, a saúde se concretiza pelo acesso universal e gratuito aos serviços de saúde

prestados pelo Estado, já que este possui a obrigatoriedade de agir positivamente em prol

desses direitos. Assim sendo, o sistema vigente – SUS: Sistema Único de Saúde - tem por

objetivo cuidar da saúde em todas as esferas federativas e dar acesso universal a esse direito.

O SUS é considerado uma das maiores políticas públicas já realizadas no país, pois envolve a

gratuidade de serviços públicos de saúde e fornece, de forma ampla, serviços como vacinação

integral contra várias doenças e transplantes de órgãos para aproximadamente 100 milhões de

habitantes no território. Diante disso, nota-se que o Estado é o maior propulsor de políticas

públicas para manter e garantir o acesso universal à saúde e a outros direitos, porém não
consegue, sozinho, amenizar todas as mazelas que envolvem a produção dessas substâncias

químicas pelas grandes produtoras de tabaco e, para que as externalidades provocadas sejam

amenizadas, é preciso que a iniciativa privada contribua de forma efetiva na reparação dos

danos causados pela produção desenfreada de todos os insumos químicos.

2 - Desenvolvimento:
2.1 - Estrutura e Criação do SUS:
A criação do Sistema Único de Saúde - SUS remonta à constituição de 1988 - a
chamada constituição cidadã e trata-se de uma política pública que busca oferecer à população
brasileira um atendimento amplo na área de saúde considerando os moldes das políticas de
bem-estar social praticadas em outros países, sobretudo na Europa. É inspirado no modelo
britânico de atendimento universal de saúde - o National Health Service(NHS), e tem por
objetivo ofertar serviços à população que abrangem desde o pré-natal, o ambulatorial, a
clínica cirúrgica e pós-cirúrgica à vacinação e tratamentos preventivos como saneamento
básico e assistência social. é uma política pública de grande realce social, pois dos países com
mais de 100 milhões de habitantes, o Brasil é o único a garantir assistência integral de saúde a
todos os seus habitantes, desde uma simples consulta médica até o mais complexo
procedimento cirúrgico, passando pelo fornecimento de medicamentos, do pós-operatório e
do acompanhamento psiquiátrico e psicológico, ou seja, a cadeia completa de tratamento de
saúde.
Entretanto, é importante entender alguns aspectos: 1. Como se deu a criação de tão
importante política pública? 2. Qual o contexto social que deu ensejo à propositura de um
programa tão abrangente como o SUS? Para que se chegue a uma resposta razoável se faz
necessário recuar aos tempos da pré-constituição de 1988, época em que todos os serviços
gratuitos de saúde e de assistência social eram prestados pelo Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social - INAMPS e pelo Instituto Nacional de Previdência
Social - INPS. Na época, quando um cidadão brasileiro necessitava de tratamento médico ou
acompanhamento na área de saúde tinha que enfrentar gigantescas filas para conseguir
agendar uma consulta que, na maioria das vezes, não se concretizava em atendimento de fato,
já que não havia a especialidade médica disponível ou não era possível ser atendido em
função da demanda gigantesca por médicos e outros profissionais de saúde na rede hospitalar,
a qual não era suficiente para atender a todas as demandas por saúde e assistência médica.
Então, é neste cenário de caos e desrespeito à cidadania brasileira que surge a emergência da
propositura de um programa de assistência médica e social das dimensões do Sistema Único
de Saúde - SUS.
De acordo com a professora Lígia Bahia, doutora em Saúde Pública e professora da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a criação do SUS foi resultado de duas
circunstâncias: “O acúmulo de discussões anteriores - sobre o sistema de saúde - e a atuação
de técnicos que realizaram uma reforma burocrática sem oposições”. Ou seja, era consenso
entre os agentes econômicos e os gestores públicos que se deveria criar uma política de
assistência para a grande massa de trabalhadores e que não onerasse as finanças das empresas
com despesas médicas e perda de produtividade com o absenteísmo causado em função de
faltas motivadas por doenças. Segundo Hêider Aurélio Pinto, médico sanitarista e mestre em
Saúde Coletiva, essa saúde “exclusiva” para os trabalhadores surgiu de uma pressão de
indústrias e grandes empresas do país para que seus funcionários não perdessem dias de
trabalho e que, caso doentes, pudessem retornar ao serviço com mais agilidade. Ou seja, era
uma política com viés econômico e não visava o bem-estar do cidadão, frisou o sanitarista.
Na opinião de pesquisadores do tema, “a saúde não era considerada um direito e sim
um problema individual”. Como não havia uma política consistente de atendimento à saúde,
o mais comum era que grandes parcelas da população não conseguiam atendimento médico,
recorrendo a “métodos alternativos” de tratamento, crendices populares, automedicação,
resultando em agravamento de quadros de saúde que em princípio eram de fácil tratamento,
mas que pioravam com a falta de intervenção médica preventiva, tornando-se doenças
crônicas e de custos elevados. Outro estudioso do tema é o Dr. Drauzio Varella, que se
notabilizou por estudar doenças epidemiológicas que afetavam grandes contingentes de
populações desassistidas, era o caso das epidemias de AIDS que se alastravam nos sistemas
penitenciários de todo o Brasil no início dos anos 1980. Por suas pesquisas e pela sua atuação
como médico dentro do sistema prisional de São Paulo, Drauzio Varella se notabilizou
sobretudo com a publicação de seu livro denúncia denominado “Estação Carandiru”. Varella
compôs este grupo de pesquisadores da saúde que no início se deu nos anos 70 e 80, quando
diversos grupos se engajaram nos movimentos sanitários, com o objetivo de pensar um
sistema público para solucionar os problemas encontrados no atendimento da população,
defendendo o direito universal à saúde. Foi esta “acumulou discussões anteriores” que
resultaram na criação do SUS. Ele afirma: “Com a criação do SUS, a saúde deixa de ser um
problema individual e se torna um bem público”.
O contexto caótico da saúde pública no Brasil remonta a tempos coloniais e atravessou
o império, a República Velha, a Nova República, a Era Vargas, o Estado Novo, o
desenvolvimentismo de JK, a Ditadura Militar, a redemocratização do Governo Sarney até
chegar à Constituição Federal de 1988. Em toda estas fases históricas do Brasil, nunca houve
uma iniciativa séria de atenuar o sofrimento do povo na área de saúde. Somente em 1977 com
a criação do INAMPS, autarquia ligada ao Ministério da Previdência e Assistência Social, é
que se passou a fornecer atendimento sistemático à população, com algumas ressalvas:
somente era atendida a população formada por aqueles que trabalhavam em empregos formais
e que contribuiam com a Previdência Social (ou, seja, aqueles que tinham a popular “carteira
assinada”). Pessoas que não estavam em empregos formais não tinham acesso a serviços de
saúde como se tem hoje.
Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego representava 7,1% da população
economicamente ativa em 1984, essa parcela era obrigada a recorrer ao sistema privado ou
aos poucos serviços municipais, estaduais e de instituições assistencialistas, como Santas
Casas de Misericórdia ou hospitais universitários e como houve um considerável crescimento
populacional nessa época, cada vez mais pessoas recorriam aos sistemas públicos de saúde
que, por sua vez, não conseguiam atender à essa demanda crescente. Os problemas nesta área
só se avolumavam e os governos das três esferas de atuação(federal, estadual e municipal) não
conseguiam equacionar o problema. Com a formalização do direito universal à saúde
garantido pela constituição, o trabalho agora passou a ser feito no sentido de regulamentar
este mandamento constitucional, para isto, em 1990 é instituído o Sistema Único de Saúde
(SUS) regulamentado pelas leis federais nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (BRASIL,
1990a) e 8.142, 28 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990b), que dispuseram sobre a
organização e o funcionamento de seus serviços, sobre as transferências intergovernamentais
de recursos de saúde e sobre a participação da comunidade que, na definição de Vasconcelos
e Pasche (2012), representa o arranjo organizacional do Estado brasileiro que dá suporte a
efetivação da política de saúde no Brasil, traduzindo em ação os princípios e diretrizes desta
política de saúde. Para C. Teixeira(2011), o SUS pode ser entendido como uma Política de
Estado, que, materializada na Constituição Federal de 1988, revela sua aproximação aos
princípios do Welfare State , ou Estado de Bem Estar Social. O Congresso Nacional, ao
aprovar a Lei Orgânica da Saúde, que detalha o funcionamento do sistema e instituiu os
preceitos que são seguidos até hoje: A partir daquele momento, a população brasileira passou
a ter direito à saúde universal e gratuita.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o SUS é estruturado para atender todos que
procuram suas unidades de saúde ou tem necessidade de atendimento de emergência. Por

exemplo, os atendimentos prestados pelo Samu em acidentes de trânsito são fornecidos pelo

SUS e garantidos a todos. É importante frisar que desde setembro de 2000, quando foi

aprovada a Emenda Constitucional 29 (EC-29), o SUS é administrado de forma tripartite, e

conta com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios. O Ministério da Saúde nos informa que o Programa Nacional de Imunização

(PNI), responsável por 98% do mercado de vacinas do país é coordenado pelo SUS, com isto

o Brasil garante à população acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), disponibilizando 17 vacinas para combater mais de

20 doenças, em diversas faixas etárias, na rede pública de todo o país. Há ainda outras 10

vacinas especiais para grupos em condições clínicas específicas, como portadores de HIV,

disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), também

coordenados pelo SUS.

Também é no SUS que ocorre o maior sistema público de transplantes de órgãos do

mundo. O programa cresceu 63,85% na última década, saltando de 14.175 procedimentos em

2004 para 23.226 em 2014. Também dá assistência integral e totalmente gratuita para a

população de portadores do HIV e doentes de Aids, renais crônicos, pacientes com câncer,

tuberculose e hanseníase. Para médicos e especialistas da área de saúde, a população do país

não pode depender apenas do SUS. eles recomendam boa alimentação, saneamento básico e

educação para melhorar as condições de saúde. Para estes profissionais a população também

pode colaborar para a consolidação do sistema, através dos impostos arrecadados e das

denúncias de irregularidades, que podem ser feitas nas Secretarias Municipais de Saúde ou na

Ouvidoria Nacional do SUS.

Os preceitos que regem o SUS são: A universalidade, pois atende a todos sem cobrar

nada, independente de raça ou condição social. A integralidade, pois trata a saúde como um

todo com ações que, ao mesmo tempo, pensam no indivíduo sem esquecer da comunidade. A

garantia de equidade, pois oferece os recursos de saúde de acordo com as necessidades de

cada um. O SUS é administrado de forma tripartite, ou seja, o financiamento é uma


responsabilidade comum dos três níveis de governo - federal, estadual e municipal.

2.2. Medidas da política Brasileira do controle de Tabaco.

No Brasil, desde a implementação do SUS, muitas medidas de controle do tabaco


foram implementadas, todas relacionadas à redução do seu consumo. Sendo uma das
principais medidas de ações contra o seu consumo o reajuste periódico dos principais
impostos sobre o cigarro e dos preços da venda dos produtos derivados no varejo. E com isso
temos ênfase em mudanças ocorridas em 2011 no que diz respeito ao recolhimento de
impostos sobre estes produtos industrializados e a implementação de um preço mínimo para a
venda de cigarros. Com isto, mesmo com todo o comércio ilícito de produtos do tabaco, é de
se esperar que com o aumento do dos impostos, um aumento de receita do governo.

Uma das medidas que demonstrou mais resultados de sucesso na política brasileira
foi proibir o fumo locais fechados. A partir do fim da década de 80 o fumo foi restringido e a
legislação nacional, estadual e municipal alavancou essa restrição por todo o país. E com isso
desde 2011 foi proibido fumar em ambientes fechados, privados ou públicos, salvo exceções.

Também contamos com as advertências sobre o mal que o tabagismo causa


explicitando em suas embalagens, adotado desde 1988 foram reformuladas com a adição de
imagens para a sensibilização dos usuários. Posteriormente a regulação destes produtos
passou a ser essencial e algo muito importante nesta política após a criação da Anvisa em
1999, com isso envolveu todo o controle de registro, embalagem e conteúdo dos produtos.
Também temos um laboratório de tabaco e derivados, é o sexto laboratório público no mundo
e o primeiro da América Latina exclusivo para análises de produtos derivados do tabaco.

Temos em vista datas comemorativas do controle do tabaco que são usadas como
formas de campanhas de conscientização da população. O Dia Nacional de Combate ao Fumo
29 de agosto tendo seu início em 1986, e o Dia Mundial Sem Tabaco 31 de maio tendo início
em 1987, mobilizando o governo em três esferas, disponibilizando a oportunidade de
atividades de prevenção ao tabagismo. Também como medida de prevenção foi restringida a
publicidade e propaganda dos produtos de tabaco em 1980 e também foram proibidas
mensagens que induz ao seu consumo com a Lei Federal nº 10.167/2000 foram proibidos os
patrocínios a eventos relacionados a cultura e ao esporte por marcas de cigarro e a sua
propaganda nos principais meios de comunicação, limitando assim sua publicidade apenas
aos locais de venda.
Temos como medida também desde 2004 o tratamento ofertado à fumantes para a
cessação do tabaco, o tratamento ofertado pelo SUS é acessado principalmente pelas unidades
básicas de saúde, e temos dados significativos em relação ao número de unidades que ofertam
o tratamento com o número de pessoas que deixaram de fumar, em 2013 1308 unidades
ofertaram atendimento à 154.207 fumantes, 71.327 destes deixaram de fumar.

Entre estas medidas o combate ao comércio ilícito do tabaco se destaca o combate ao


contrabando de cigarros e sua diversificação derivada do tabaco e as áreas plantadas com o
fumo diversificadas, e mesmo com todas as interferências das empresas produtoras de tabaco
para obstruir as medidas de redução do consumo, nos últimos 30 anos foi perceptível o
avanço na região Sul do país. Também foi implantado novas regras para o seu comércio tais
como o registro especial, onde começaram a usar selos de controle e o imposto de exportação.
O que vem facilitando ainda mais a atuação da receita federal e da polícia federal no combate
ao contrabando e falsificação de cigarros. Temos 2007 como destaque a criação do sistema de
controle e rastreamento da produção de cigarros, onde vem apresentando bons resultados em
relação ao combate do mercado ilegal de cigarros. Em 2016 R$ 581 milhões foi montante em
relação ao número de cigarros destruídos

2.3 - Como o Estado se organiza para controlar a produção de tabaco no país e quais
políticas públicas ele desenvolve.
2.3 - Da regulação Legal:
2.3.1 - Constituição Federal de 1988: O artigo 220, parágrafo 4º da Constituição
Federal de 1988, dispõe que a propaganda comercial de tabaco estará sujeita a restrições
legais (Estabelecimento de meios legais para garantir ao cidadão o direito de se defender
contra a propaganda de produtos, práticas ou serviços que possam ser nocivos à saúde. “Inciso
II Parágrafo 3º”)

2.3.2 - Organização Mundial da Saúde - OMS: Em maio de 1999, durante a 52ª


Assembleia Mundial da Saúde, a Organização mundial da Saúde firmou com 192 países a
elaboração de uma Convenção-Quadro para o controle do tabaco mundial, que foi muito
influente nas legislações relacionadas ao tema no Brasil. A posteriori, em 2003, o Brasil
assinou o tratado, que dois anos depois, foi aprovado pelo Congresso Nacional e ratificado
pelo governo. Essa convenção foi desenvolvida em resposta ao crescimento da epidemia do
tabaco entre a população. A propagação dessa epidemia foi exacerbada por fatores que
impactam o comércio global. Cita-se como exemplos: a liberalização do comércio, o
investimento estrangeiro direto, a comercialização global, a propaganda, a promoção e o
patrocínio transnacionais do tabaco e o contrabando e a falsificação internacional de cigarros.
2.3.3 - Alguns dispositivos centrais da OMS para a redução da demanda: medidas
fiscais, medidas relacionadas aos preços e medidas não-relacionadas aos preços, que incluem
proteção contra exposição à fumaça ambiental do tabaco; regulamentação das informações
sobre os produtos do tabaco; regulamentação do teor dos produtos derivados do tabaco;
propaganda, promoção e patrocínio do tabaco; embalagem e rotulação dos produtos do
tabaco; educação, comunicação, treinamento e conscientização pública;

2.3.4 - Alguns dispositivos centrais da OMS destinados à redução da oferta: reduzir


o comércio ilegal dos produtos derivados do tabaco; limitar as vendas a maiores de idade e
apoiar atividades alternativas que sejam benéficas aos jovens e à população em geral.

2.4 - O controle do tabaco no Brasil

O controle que o estado exerce sobre o tabaco, por se tratar de uma adicção que é um
problema de saúde pública, exige do estado uma junção de forças em várias partes de seu
efetivo, inclusive do SUS. Desde a instituição da constituição da federação brasileira, já havia
uma prescrição legal para o comércio do tabaco, que garante ao cidadão proteção contra a
propaganda incentivadora.
O legislativo vem, ao longo dos anos, criando leis a favor do movimento antitabagista,
que é uma corrente mundial. Em 1999, por meio da lei nº 9.782/1999, foi criada a ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que ficou responsável por regular, controlar e
fiscalizar cigarros e quaisquer produtos relacionados ao tabaco. Desde então, várias RDC
(Resolução de Diretoria Colegiada) entraram para regulamentar a produção, importação,
quantidades de substâncias, registros, além do controle de empresas, e do comércio; Além de
portarias do Ministério da Saúde.
Em 2003, quando assinou-se o Quadro-Convenção da OMS contra o tabagismo,
iniciou-se um esforço conjunto no brasil para aplicar as medidas do quadro, inclusive foi
criada a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do
Tabaco e de seus Protocolos. Então, iniciou-se a ação conjunta dos seguintes atores, e por
meio de decretos, Resoluções Colegiadas da Anvisa, Portarias do Ministério da Saúde, do
Ministério do Trabalho, da Receita Federal, e Interministeriais, Planejamentos e prospecções
do SUS, novas legislações e decretos, com o intuito de regular o Brasil de acordo com o
Quadro-Convenção da OMS, e o país foi o segundo a implementar as alterações em seu
regime.

2.5- Formas de regulamentação e histórico de Leis, decretos e Resoluções Brasileiras em


relação ao tabaco

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Cria a Agência Nacional de Vigilância


Lei 9 2 Sanitária (ANVISA), responsável pela
. 6 regulamentação, controle e fiscalização dos
7 / cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer
8 0 outro produto fumígeno, derivado ou não do
2 1 tabaco.
/
9
9

Divulga as novas advertências sobre os


Portaria do 6 0
males causados pelo consumo tabaco e de
Ministério da 9 1 seus derivados.
Saúde 5 /
0
6
/
9
9

Dá nova redação ao artigo 5º do Decreto


Decreto 3 2 2.018/96, dispondo que é permitido fumar
. 7 nos aviões e veículos coletivos, depois de
1 / transcorrida uma hora de viagem e desde
5 0 que haja área devidamente isolada e
7 8 destinada exclusivamente ao consumo de
/ tabaco,
9 separada por qualquer meio de recurso
9 eficiente que impeça a transposição da
fumaça.

Regulamenta o registro anual dos


Resolução da 3 2
produtos fumígenos, e exige a
ANVISA 2 1 apresentação de relatórios.
0 /
0
7
/
9
9

Altera dispositivos da Lei nº 9.294/96,


Lei 1 2 restringindo a publicidade de cigarros e de
0 7 outros produtos fumígenos à fixação de
. / pôsteres, painéis e cartazes na parte interna
1 1 dos locais de venda.
9 2
7 /
0
0

Portaria Proíbe o trabalho do menor de 18 anos na


6 0
do colheita, beneficiamento ou industrialização
Ministér 5 do fumo.
io do /
Trabalh 0
o e do 2
Empreg /
o 0
1

Estabelece os teores máximos permitidos de


Resolução da 4 2
alcatrão, nicotina e monóxido de carbono
ANVISA 6 8 presentes na corrente primária da fumaça,
/ para os cigarros comercializados no Brasil.
0
3
/
0
1

Veda a concessão de crédito público


Resolução do
2 2 relacionado com a produção de fumo, no
Banco
. 5 âmbito do Programa Nacional de
Central do
8 / Fortalecimento da Agricultura Familiar
Brasil
3 0 (PRONAF), em
3 4 regime de parceria ou integração com a
/ indústria do tabaco.
0
1

Altera dispositivos das Leis nº 9.782/99, que


Medida 2 2 define o Sistema Nacional de Vigilância
Provisória . 4 Sanitária e cria a ANVISA, e nº
1 / 6.437/77, que configura infrações à
legislação sanitária federal e
3 0
estabelece sanções respectivas, e dá
4 5
outras providências.
- /
3 0
0 1

Dispõe sobre a inserção de imagens nas


Resolução da 1 3
advertências constantes nas embalagens de
ANVISA 0 1 produtos fumígenos derivados do tabaco.
4 /
0
5
/
0
1

Dispõe sobre o cadastro de empresas


Resolução da 1 3 fabricantes nacionais, importadoras ou
exportadoras de produtos derivados do
ANVISA 0 1 tabaco, fumígenos ou não, e de todos os
5 / seus produtos.
0
5
/
0
1

Altera os dispositivos da Lei 9294/96,


Medida 2 2
determinando a inclusão de informações e
Provisória 1 3
fotografias sobre os riscos do tabagismo
9 /
em material de propaganda e embalagens
0 0
de
- 8
produtos destinados ao fumo, com exceção
3 / dos destinados à exportação
4 0
1

Instrução
9 2 Estabelece normas para os selos de controle
Normativa da
Secretaria da 5 8 a que estão sujeitos os cigarros.
Receita Federal /
1
1
/
0
1

● Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999 - Cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária


(ANVISA), responsável pela regulamentação, controle e fiscalização dos cigarros, cigarrilhas,
charutos e qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco.

● Portaria do MS 695, de 1º de junho de 1999 - Divulga as novas advertências sobre os males


causados pelo consumo do tabaco e de seus derivados.

● Decreto 3.157, de 27 de agosto de 1999 - Dá nova redação ao art. 5o do Decreto no 2.018, de


1o de outubro de 1996, que regulamenta a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe
sobre a restrição ao uso e à propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas,
medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição

● Resolução ANVISA nº 320, de 21 de julho de 1999 - Regulamenta o registro anual dos


produtos fumígenos e exige a apresentação de relatórios

● Lei 10.197, de 27 de dezembro de 2000 - Altera dispositivos da Lei nº 9.294/96, restringindo a


publicidade de cigarros e de outros produtos fumígenos à fixação de pôsteres, painéis e cartazes na
parte interna

● Portaria do MTE nº 06, de 28 de março de 2001 - Estabelece os teores máximos permitidos de


alcatrão, nicotina e monóxido de carbono presentes na corrente primária da fumaça, para os cigarros
comercializados no Brasil.

● Resolução ANVISA nº 46, de 28 de março de 2001 - Estabelece os teores máximos permitidos de


alcatrão, nicotina e monóxido de carbono presentes na corrente primária da fumaça, para os cigarros
comercializados no Brasil.

● Resolução do Banco Central nº 2.833, de 25 de abril de 2001 - Veda a concessão de crédito público
relacionado com a produção de fumo, no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF), em regime de parceria ou integração com a indústria do tabaco.

● Medida Provisória nº 2.134-30, de 24 de maio de 2001 - Altera dispositivos das Leis nº 9.782/99, que
define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a ANVISA, e nº 6.437/77, que configura
infrações à legislação sanitária federal e estabelece sanções respectivas, e dá outras providências.

● Resolução ANVISA nº 104 de 31 de maio de 2001 - Dispõe sobre a inserção de imagens nas
advertências constantes nas embalagens de produtos fumígenos derivados do tabaco.

● Resolução ANVISA nº 105 de 31 de maio de 2001- Dispõe sobre o cadastro de empresas


fabricantes nacionais, importadoras ou exportadoras de produtos derivados do tabaco, fumígenos ou
não, e de todos os seus produtos.

● Medida Provisória nº 2190-34, de 23 de agosto de 2001 - Altera os dispositivos da Lei 9294/96,


determinando a inclusão de informações e fotografias sobre os riscos do tabagismo em material de
propaganda e embalagens de produtos destinados ao fumo, com exceção dos destinados à
exportação

● Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 95 de 28 de novembro de 2001 - Estabelece


normas para os selos de controle a que estão sujeitos os cigarros

● Lei 9294, de 15 de julho de 1996 - Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de


produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos
termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal.

● Portaria Ministerial nº 06 de 5 de fevereiro de 2001 - do Trabalho e Emprego - Proíbe o


trabalho de menor de 18 anos na colheita, beneficiamento ou industrialização do fumo.

● Resolução ANVISA nº46 de 28 de março de 2001 - Estabelecer os teores máximos permitidos


de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono presentes na corrente primária da fumaça, para
os cigarros comercializados no Brasil.

2.6 - Do Programa Nacional de Controle do Tabagismo


Desde a década de 50 o consumo de tabaco tem sido diagnosticado como fator de risco
para uma série de doenças. Durante esse período, verificou-se que fumar era entendido como
um “hábito social”, muitas vezes estimulado em propagandas bancadas pelo setor de cigarros
e derivados.
Nesse sentido, surgiram diversos movimentos de controle do tabagismo. Esses
movimentos, em sua maioria, foram encampados por profissionais da área de saúde,
representados, principalmente pela Associação Médica Brasileira (AMB), .
Dentre as ações acima descritas, foi criado nos anos 80 o Programa Nacional de
Contra o Fumo, sob coordenação do AMB. Tal Programa, serviria de base para que o
Ministério da Saúde estrutura-se seu próprio programa, o qual foi convencionou-se chamar de
Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT).
As ações iniciais do PNTC visavam a atingir formadores de opinião, buscando o
desenvolvimento de uma massa crítica capaz de intervir na aceitação social do tabagismo,
priorizando ações em escolas, ambientes de trabalho e unidades de saúde.
Utilizando-se de um modelo em rede, o Programa Conseguiu mobilizar diversos
atores, dentre os quais podemos citar o Banco do Brasil, a Petrobrás, a Eletrobrás, a Infraero e
a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Permitiu, ainda, capacitar milhares de
profissionais da área de saúde na promoção de ambientes livres de fumo.
As diversas ações de combate ao uso do tabaco implementadas entre 1986 e 2008,
foram estudadas na Pesquisa Especial de Tabagismo, realizada em 2008, que trouxe os
seguinte números relativos a Prevalência do tabagismo entre adultos de 18 anos ou mais de
idade:
Fonte: Pesquisa especial de tabagismo – PETab: relatório Brasil / Instituto Nacional
de Câncer. Organização Pan-Americana da Saúde. – Rio de Janeiro: INCA, 2011

Consta na Mensagem Presidencial encaminhada ao Congresso neste ano, que o


tabagismo é o principal fator de risco para neoplasias e doenças respiratórias crônicas e
exerce um papel fundamental no desenvolvimento das doenças cardiovasculares e do
diabetes. Segue o texto afirmando que entre 2006 e 2017 houve uma redução de 35% na
prevalência do tabagismo entre adultos.
Atualmente as ações do Programa Nacional de Controle do Tabagismo são da
responsabilidade do Instituto Nacional do Câncer - INCA, vinculado ao Ministério da Saúde.
O INCA exerce, também, as atividades de Secretaria Executiva da Comissão Nacional para a
implementação da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controle do
Tabaco (Se-Conicq).
No que se refere ao investimentos, os recursos do INCA são oriundo do Fundo
Nacional da Saúde, sendo que a Lei Orçamentária Anual de 2019, alocou o valor de $ 965.562
de reais para Contribuição Voluntária à Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco
- CQCT FCTC (MS).
3 - CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou ao grupo a chance de perceber


como é a dimensão de uma política pública na prática. A tomada de decisões relacionada à
políticas públicas envolve a análise do contexto político e histórico, as demandas populares
vigentes à época e os efeitos que determinada política pública tem na sua prática atual e futura
da sociedade. Diante disso, analisar o SUS em sua criação, seu contexto histórico e seus
impasses diários fez com que o olhar para as políticas públicas se transformasse em efetivos
reais de mudança de valores e acepções…..

4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

…….Vamos colar nossas referências nesta parte em ordem alfabética

- https://www.abrasco.org.br/site/outras-noticias/opiniao/saude-so-para-ricos-no-brasil-
por-ligia-bahia/40880/;
- https://cee.fiocruz.br/?q=Ligia-Bahia-tempestade-perfeita-ameaca-saude-no-pais;
- http://www.blog.saude.gov.br/35647-sus-27-anos-transformando-a-historia-da-saude-
no-brasil.
- https://www.inca.gov.br/tabagismo/controle-tabaco-brasil acesso em 31/05/2019.
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_%C3%9Anico_de_Sa%C3%BAde.
- http://actbr.org.br/uploads/arquivo/202_controle-tabagismo-brasil-BM.pdf
- http://portal.anvisa.gov.br/documents/106510/106594/
A+Anvisa+e+o+Controle+dos+Produtos+Derivados+do+Tabaco/4af73983-9d76-
4af4-93c0-e35f153a18a7
- https://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/orca/orcamento/OR2019/
red_final/Volume_II.pdf

-
- https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_14.12.2017/art_220_.asp
- Bahia, Lígia e Scheffer, Mario. Planos e seguros de saúde; o que todos devem saber
sobre a assistência médica suplementar no Brasil. Editora unesp, 2010.
- Varela, Drauzio. Livro Estação Carandiru, Editora Companhia das Letras, 1999.
-
- Durante um congresso médico na Bahia, foi elaborada a “Carta de Salvador”. Além de
alertar para os malefícios do fumo, ao estimar a mortalidade causada pelo tabagismo
em cerca de 100 mil óbitos por ano, a proposta foi combatê-lo por meio
- Rafael Machado é jornalista, repórter de mídia social do Portal Drauzio Varella.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Organização Pan-Americana da


Saúde. Pesquisa especial de tabagismo – PETab: Relatório Brasil / Organização Pan-
Americana da Saúde. Rio de Janeiro: INCA, 2011.

BRASIL. Presidente (2019: Jair Messias Bolsonaro). Mensagem ao Congresso Nacional,


2019 [recurso eletrônico] : 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 56ª Legislatura. – Brasília :
Presidência da República, 2019. Dinponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2019/02/04/mensagem-presidencial

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