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Análise
Análise
● Assunto: ao ouvir a músicas, o sujeito poético recorda a sua infância, e, mesmo não tendo a
certeza se foi feliz, solta toda a sua nostalgia presente ao rememorar esse período da sua
vida.
● Estrutura interna
● Desenvolvimento do tema
• O sujeito poético é motivado por um estímulo sensorial auditivo que o emociona e
desperta a sua nostalgia, visto que a música suscita em si recordações da sua infância.
Embora seja um período feliz, traz ao «eu» uma grande tristeza e nostalgia, visto que
está associado a uma idade perdida que é irrecuperável.
• Esta temática – a nostalgia da infância – surge na poesia de Pessoa como uma fase da
vida feliz, pela inconsciência, pela inocência de nada saber ou pensar, pela
despreocupação, pela imaginação. No entanto, trata-se de um tempo impossível de
recuperar, daí ser considerado um paraíso perdido.
• A infância surge sempre em oposição ao presente, constituindo este um tempo negativo,
enquanto aquele é recuperado pela memória como uma época de felicidade perdida.
Assim, neste poema, os dois tempos – presente e passado da infância – estão em equação:
o sujeito poético, de olhar «parado» (no presente), chora quando ouve a música que
escutava outrora.
• A dupla adjetivação em posição pré-nominal do primeiro verso (“Pobre velha”) enfatiza
os sentimentos de angústia e a nostalgia do sujeito poético. Subjetivamente, estes
adjetivos mostram que a infância é um tempo longínquo e o «eu» lírico apresenta-se
nostálgico relativamente às vivências desse tempo. Note-se que, neste passo do poema,
está presente igualmente a personificação, visto que quem é «pobre» e «velho» é o
sujeito poético que habitualmente ouvia aquela música e que, agora, tem consciência de
que esse tempo nunca mais regressará. Daí o choro.
• De facto, a recordação dessa música, embora de um período feliz da sua vida, aporta-lhe,
no presente, grande tristeza, angústia, dor e nostalgia, pois está associada a uma época
perdida, a um paraíso perdido, que nunca mais regressará, que é irrecuperável. A música
é o elo de ligação entre o passado e o presente.
• A segunda estrofe abre, precisamente, com a recordação do passado. De facto, o «eu»
lembra-se de si enquanto criança que, supostamente, terá ouvido essa música, deixando
no ar a dúvida se realmente a ouviu ou simplesmente a música o faz, agora, recordar-se
da sua infância.
• O sujeito poético recorda, de facto, o passado, mas quem, na realidade, ouviu a música
foi ele, porém noutra idade, noutra fase da sua vida e com outros sentimentos. O
«outro» era o «eu» enquanto criança e ele recorda-se de si próprio nesse período a
escutá-la. Isto só vem confirmar a antítese passado / presente que percorre o texto.
• Na última estrofe, o sujeito poético revela um desejo desesperado (“ânsia tão raiva” – v.
9) de regressar ao passado (“Quero aquele outrora!”). Esses sentimentos de raiva e
angústia é acentuado pela exclamação. O sujeito poético afirma desconhecer se foi feliz
na infância, no entanto deseja veementemente viver de novo esse período da sua vida
(“Com que ânsia…”); todavia, reconhece que tal é impossível, o que gera a sua ira (“tão
raiva”).
• Daqui o sujeito poético projeta-se num plano temporal que é impossível concretizar: ser
criança e ser adulto, numa simbiose entre o passado e o presente. O «eu» lírico exprime
o desejo de regressar ao passado, conotado com a felicidade que enraíza no tempo
mítico de uma infância imaginada, mas questiona-se também se terá, efetivamente,
vivido esse tempo de alegria, ou se esta será apenas produto da sua imaginação.
• Ao longo de todo o poema, o sujeito poético revela grande dúvida e incerteza
acerca das razões da sua emoção (“Não sei por que agrado” – v. 2) e da
realidade / veracidade dessa felicidade na infância (“E eu era feliz? Não sei…”
– v. 11).
• O sujeito poético sente-se triste e irritado por a infância ser um tempo perdido e
irrecuperável (“Com que ânsia tão raiva / Quero aquele outrora!” – vv. 9-10).
• O sujeito poético, de «olhar parado», chora, cheio de dor, sendo as suas lágrimas
causadas pelo sentimento de perda inexorável e de infelicidade que o dominam
no presente.
• O sujeito poético sente saudade, angústia e nostalgia da infância, época que
deseja recuperar: quando ouve a música, lembra-se do passado em que também
a ouvia, e chora com saudades desse tempo.
• O «eu» lírico sente uma permanente incapacidade de ser feliz (“E eu era feliz?
Não sei”).
● Estrutura formal
• Estrofes: 3 quadras.
• Rima: