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Peixe de futuro
Edição 210 - Abr/03

Ele é rústico, esquisito, pouco estudado e vem chamando a atenção de


cientistas pela importância bioeconômica. Capaz de repovoar com matéria
orgânica um rio poluído, o cascudo (Hypostomus plecostomus) ainda é
pouco explorado comercialmente. Mas sua carne nutritiva ainda pode
conquistar o paladar do brasileiro, fazendo-o deixar sua condição de peixe
de aquário.

O cascudo pertence à família Loricariidae. Seu corpo delgado é revestido


por placas ósseas ao invés de escamas. Também chamados de acaris, são
peixes que vivem no fundo de rios rochosos de água doce e alimentam-se
de algas e lodo presentes em pedras e troncos de árvores. Para isso, usam
os lábios alargados em forma de ventosa e as maxilas com uma série de
dentículos adaptados a raspar os alimentos do substrato. O pouco
conhecimento sobre a distribuição destes peixes nos rios da América do Sul
e a falta de revisões mais recentes deste grupo são problemas que
dificultam a identificação de novas espécies.

Além disso, embora possua importância ambiental, atuando na fase de pré-


mineralização da matéria orgânica do lodo, não há estatísticas oficiais sobre a utilização deste peixe
em piscicultura no país. Sua carne branca e sem espinhos tem alto valor nutritivo, baixa taxa de
colesterol e é muito apreciada pelas populações ribeirinhas. Para fazer a criação de cascudos é
necessário dominar a técnica de desova induzida, que consiste em provocar o amadurecimento sexual
através de hormônios. Como o peixe é pouco conhecido, esta tecnologia não é fácil de ser aplicada,
pois não se tem certeza do comportamento das variadas espécies.

FAXINEIRO Em geral, são mais utilizados como peixes ornamentais porque o animal é um verdadeiro
'limpa vidros', alimentando-se do lodo que se acumula nas paredes do aquário. Quem quer tem um
cascudo de estimação, além de gastar, em média, entre 2 e 5 reais para comprá-lo, deve tomar uma
série de cuidados. O primeiro deles é não colocá-lo num aquário muito novo e com água limpa, pois o
animal precisa de um ambiente onde já ocorra a presença de algas e lodo necessários para a sua
alimentação. Outra dica é verificar o pH da água, que deve ser neutro. Há algumas espécies que
suportam águas um pouco mais ácidas. Além disso, a temperatura ideal dentro do aquário deve estar
em torno dos 24º centígrados.

Outro cuidado importante é não colocar dois cascudos dentro de um mesmo aquário para não causar
confusão. Embora sejam dóceis e convivam pacificamente com outros peixes, ficam agressivos entre
si. Isso porque, num ambiente pequeno, competem pelo mesmo espaço e alimento, podendo ocorrer
até canibalismo. Para tê-los em aquário, o ideal é comprar espécies que variam de seis a oito
centímetros e que podem chegar a 18 centímetros quando adultos. Tomando estas precauções, o
animal consegue viver de 6 a 15 anos, dependendo da espécie.

Classificação de espécies é confusa e imprecisa

Classificação: O cascudo pertence à família Loricariidae. O gênero mais comum


encontrado no Brasil é o Hypostomus. O número de espécies varia de estudo e
classificação taxionômica, mas pode chegar a mais de 400 espécies catalogadas em
toda a América do Sul. Há autores que admitem a existência de cerca de 600 espécies.
São encontrados em lagos e rios de pouca correnteza. Pode ser visto nos rios
Amazonas, Paraná, Mogi Guaçu e Tietê. Também são conhecidos por acari, cari, boi-
de-guará e uacari.

Descrição: O cascudo é um animal herbívoro que se alimenta de algas e lodo. Alguns


autores classificam o cascudo como peixe iliófago, isto é, que se nutre de crustáceos
e de suas larvas nos fundos lamacentos. Seu intestino longo otimiza a digestão.
São facilmente reconhecidos por possuírem boca inferior e maxilas providas de
dentículos, capazes de raspar o alimento das pedras e troncos de árvores. Possuem
corpo revestido por placas ósseas e abdômen sem escamas. Além de respirar pelas
brânquias, o cascudo também respira pelo estômago, cujas paredes são vascularizadas.

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Por isso, ele pode ficar fora d'água por bastante tempo. Por ser um peixe cilíndrico, o
cascudo tem muita carne. Há espécies que podem chegar a 50 centímetros de
comprimento. O tamanho médio do cascudo de rio é de 30 centímetros. Seus
predadores naturais são os peixes carnívoros, como o dourado.

Reprodução: A fêmea costuma depositar cerca de 3 mil ovos grandes que, em geral,
são vigiados pelos machos. É uma fecundidade baixa se comparada a outros peixes.
Uma piava, por exemplo, costuma depositar, em média, 150 mil ovos.

Consultores: Elmar Cardozo Campos e Geraldo Barbieri, pesquisadores


do Instituto de Pesca, SP; Marina Mlos, bióloga da Vidaquatica.

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