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1 Diagnóstico da disponibilidade hídrica futura na bacia hidrográfica do rio

2 Tubarão

3 Thauana Mendes Vieira(1) e Fabio Farias Pereira(1)

4 (1)
Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Florianópolis, Departamento de

5 Engenharia Sanitária e Ambiental, R. Eng. Agronômico Andrei Cristian Ferreira, s/n – CEP

6 88040-900, Trindade, Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: thauanamendes@gmail.com,

7 fabio.farias@ufsc.br

9 Resumo – O objetivo deste trabalho consistiu na avaliação da disponibilidade hídrica futura

10 na bacia hidrográfica do rio Tubarão – onde se desenvolvem importantes atividades agrícolas,

11 industriais e de mineração – considerando previsões de precipitação e cenários de uso e

12 ocupação do solo. Para essa finalidade, aplicou-se uma metodologia de regionalização de

13 vazões e associaram-se previsões de precipitação geradas pelo modelo regional Eta-CPTEC e

14 cenários de crescimento da atividade de rizicultura, que representa 70% do consumo de água

15 cadastrado na bacia. Os resultados apontaram para a necessidade de que se adotem medidas

16 de adaptação às mudanças climáticas pois, ainda que os volumes precipitados estejam

17 crescendo, a falta de água para atender à rizicultura se revelou inevitável nos próximos anos.

18 Além disso, mostrou-se imprescindível a revisão do planejamento do setor de rizicultura, a

19 fim de garantir a produtividade nessas situações de baixa pluviométrica. Concluiu-se que o

20 conhecimento sobre possíveis cenários climáticos-hidrológicos e o planejamento da ocupação

21 do solo constituem ferramentas úteis para estimar demandas de água no futuro e definir

22 políticas efetivas de uso e gerenciamento de água.

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23 Termos para indexação: regionalização de vazões, mudanças climáticas, modelos climáticos,

24 uso e ocupação do solo.

25 Diagnosis of future water availability in Tubarão river basin

26 Abstract – The objective of this paper consisted in determining water availability in Tubarão

27 river basin – where important agricultural, industrial and mining activities are developed –

28 considering precipitation forecasts and use land scenarios. The water availability was

29 estimated by using a methodology of flow regionalization and joining precipitation forecasts

30 generated by the regional climate model Eta-CPTEC and growing scenarios of rice planting,

31 which represents 70% of registered water use in the basin. The results showed the necessity of

32 management actions to adapt the use of water to climate change. Although there is a tendency

33 of increasing precipitation, inevitably it will not be sufficient to maintain this activity in the

34 next years. In addition, it is essential to review the rice sector planning to guarantee the

35 productivity in these critical situations. It was also found that knowledge of possible climate-

36 hydrological scenarios and its uncertainties, as well as the land use planning are useful tools

37 to estimate water demands in future and to define effective management policies for water

38 use.

39 Index terms: flow regionalization, climate changes, climate models, land use.

40 Introdução

41 O intenso processo de ocupação das bacias hidrográficas e o consequente aumento da

42 demanda pelo uso de água acarretaram no surgimento de demandas conflitantes, tornando

43 imprescindível o planejamento dessa ocupação e a determinação da disponibilidade hídrica

44 capaz de atender aos mais diversos usos pretendidos (BARBOSA et al., 2005).

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45 Dentre os principais fatores que condicionam a oferta de água em uma bacia hidrográfica

46 citam-se as condições físicas da superfície da terra, a variabilidade do clima e as atividades

47 antrópicas. Essas últimas merecem maior destaque, uma vez que seus efeitos se dão sobre a

48 quantidade e a qualidade da água, tendendo a comprometer a garantia de aproveitamento dos

49 recursos hídricos. Sabe-se que, especialmente as modificações na cobertura vegetal de uma

50 bacia têm impactos significativos nos processos hidrológicos e na qualidade de água dessa

51 bacia (VANZELA, HERNANDEZ, FRANCO, 2010). Por outro lado, ao afetarem os

52 processos hidrológicos em uma bacia hidrográfica, as mudanças climáticas também podem

53 induzir a riscos ambientais, econômicos e sociais, sendo os países mais pobres e aqueles em

54 desenvolvimento os mais vulneráveis (MELLO et al., 2008).

55 Um instrumento considerado de grande utilidade para a determinação da disponibilidade

56 hídrica é a regionalização de vazões, que pode ser realizada mediante o ajuste de um método

57 de regressão que considere as características físicas e/ou climáticas da bacia que exercem

58 maior influência em seu comportamento hidrológico (NOVAES, 2005; LUIZ, FERNANDES,

59 JÚNIOR, 2013; MOREIRA e SILVA, 2014). Entre os elementos físicos mais empregados na

60 regressão figuram área e densidade de drenagem, comprimento e declividade do curso d’água

61 principal (BARBOSA et al., 2005). Já no que se refere às variáveis climáticas, a precipitação

62 é a mais recorrente (NOVAES, 2005). Essa variável pode ser prevista através de modelos

63 climáticos.

64 Segundo Medeiros (2003), os modelos climáticos são ferramentas de projeção de futuras

65 mudanças climáticas que representam os processos físicos e dinâmicos responsáveis pelas

66 condições do clima que acontecem na atmosfera, oceano e superfície da terra. Podem ser de

67 escala global ou regional, sendo as principais diferenças entre eles, a resolução, a dimensão

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68 espacial, extensão, processos representados, ou nível em que parametrizações empíricas são

69 envolvidas (CHOU e NOBRE, 2015).

70 De um modo geral, segundo Chou et al. (2012), projeções de mudanças climáticas derivadas

71 de Modelos de Circulação Regional (MCR) possibilitam a melhoria da descrição da orografia

72 e de outras características da superfície da terra, ajudando a detalhar a estrutura dos sistemas

73 meteorológicos. Mello et al. (2008) acrescentam que estudos climáticos regionais não devem

74 ser realizados utilizando-se, unicamente, previsões de Modelos de Circulação Global (MCG),

75 dada sua capacidade de resolução bastante limitada. O Brasil tem se destacado na área de

76 estudos de mudanças climáticas através do desenvolvimento de modelos atmosféricos

77 regionais.

78 Apresentam-se, neste trabalho, os resultados de um estudo hidrológico aplicado à bacia

79 hidrográfica do rio Tubarão – situada na Região Hidrográfica Sul Catarinense - RH9,

80 utilizando uma metodologia de regionalização de vazões. O estudo proposto objetivou avaliar

81 a influência de mudanças no regime pluviométrico e no uso e ocupação do solo sobre

82 disponibilidade hídrica dessa bacia. Utilizaram-se, para esse fim, previsões do modelo

83 regional Eta-CPTEC/HadCM3, que fornece informações mais detalhadas sobre o clima da

84 América do Sul – e cenários de crescimento da atividade de rizicultura propostos pelo Plano

85 de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica do rio Tubarão.

86 Material e Métodos

87 Área de estudo

88 O objeto de estudo desse trabalho é a bacia hidrográfica do rio Tubarão (BHRT), localizada

89 no estado de Santa Catarina, na Região Hidrográfica Sul Catarinense – RH-9. Sua área

90 compreende 4.728 km² e seu principal rio, que a atravessa no sentido oeste-leste – rio

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91 Tubarão – se estende por 120 km desde a encosta da Serra Geral até desembocar na Lagoa de

92 Santo Antônio, extremo sudeste da bacia (SANTA CATARINA, 2002).

93 Conforme a Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Meio Ambiente – SDM, para melhor

94 caracterizar os recursos hídricos, no que tange à disponibilidade hídrica, a BHRT é dividida

95 em sub-bacias, reunindo os municípios pertencentes ao mesmo curso d’água principal e cujo

96 exutório constitui um ponto crítico de uso d’água, passível de conflitos pelo uso e/ou

97 deterioração de sua qualidade. As sub-bacias que compõem a BHRT são: SB do Rio Capivari,

98 SB do Rio Braço do Norte, SB dos Formadores do Rio Tubarão e SB do Baixo Tubarão

99 (SANTA CATARINA, 2002). Na Figura 1 apresenta-se o mapa de localização da BHRT (à

100 esquerda) e sua divisão em sub-bacias (à direita).

101 Sabe-se que a bacia hidrográfica do rio Tubarão apresenta uma intensa relação homem-meio,

102 devido à variedade de atividades econômicas ali desenvolvidas e sua implicação direta na

103 questão ambiental. Ao longo do seu processo de ocupação, surgiram inúmeros conflitos

104 ambientais que comprometem sua sustentabilidade, como a prática intensiva da rizicultura e,

105 em decorrência disso, a intensa utilização de agrotóxicos; a poluição hídrica, provocada pelo

106 beneficiamento do carvão e pelas atividades da usina termelétrica ali instalada; a intensa

107 atividade da suinocultura; entre outros.

108 Diante desses conflitos, observou-se uma gradativa alteração na cobertura vegetal original da

109 bacia e nos padrões de uso e ocupação do solo. Atualmente, ainda há na bacia considerável

110 área coberta por mata nativa (ainda que secundária); a zona urbana não representa porção

111 muito significativa da bacia; e, as áreas cultivadas com rizicultura somam uma parcela

112 proporcionalmente representativa da área total, especialmente na sub-bacia do Baixo Tubarão

113 (SANTA CATARINA, 2002).

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114 Em atendimento à Lei 9.433 de 1997, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e

115 Complexo Lagunar aprovou, em 2002, o Plano dessa bacia, que visa a fundamentar e orientar

116 a implantação da PNRH e ao adequado gerenciamento de seus recursos hídricos. De acordo

117 com esse Plano, as atividades econômicas desenvolvidas na BHRT estão concentradas no

118 setor primário, seguido pelo setor secundário em menor escala (SANTA CATARINA, 2002).

119 A rizicultura é a principal cultura agrícola em termos de área plantada, quantidade produzida e

120 valor da produção na BHRT. Por esse motivo, o uso da água para irrigação na bacia está

121 majoritariamente associado ao cultivo do arroz, sendo pouco expressivos os volumes

122 demandados para a irrigação de outras culturas. Estima-se que 70% do consumo de água

123 cadastrado na bacia seja para atender à rezicultura. Sendo assim, neste trabalho, enfocou-se na

124 atividade da rizicultura, devido a sua predominância dentro da atividade agrícola na BHRT e

125 aos conflitos que produz.

126 Levantamento de dados

127 As séries históricas de dados pluviométricos disponibilizadas online pelo Sistema de

128 Informações Hidrológicos da Agência Nacional de Águas (ANA), via plataforma HidroWeb,

129 relacionam 20 estações pluviométricas inseridas na BHRT, ou nas suas imediações – mas com

130 área de influência dentro da mesma – das quais 18 são de responsabilidade da ANA e

131 operadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

132 (EPAGRI). Neste trabalho, optou-se por utilizar apenas as estações de responsabilidade da

133 ANA, por compreenderem um maior período de observações e apresentarem dados

134 consistidos (Tabela 1).

135 As séries históricas de dados fluviométricos, também disponíveis na plataforma HidroWeb,

136 relacionam 17 estações fluviométricas dentro dos limites da BHRT, das quais 11 são de

137 responsabilidade da ANA e operadas pela EPAGRI. De mesmo modo que para as estações
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138 pluviométricas, optou-se por trabalhar apenas com as estações de responsabilidade da ANA

139 (Tabela 2).

140 No que se refere aos dados futuros de precipitação, utilizaram-se as previsões geradas pelo

141 modelo Eta-CPTEC/INPE que produz a regionalização do cenário A1B fornecido pelo

142 modelo global acoplado oceano-atmosfera HadCM3, em quatro versões de perturbação (sem

143 perturbação – cntrl; baixa sensibilidade – low; média sensibilidade – mid; alta sensibilidade –

144 high) (CHOU et al., 2012).

145 Esse cenário A1B é integrante do conjunto de cenários climáticos SRES (Special Report on

146 Emissions Scenarios) adotados pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) para

147 projeções de precipitação. Os cenários são baseados em quatro projeções diferentes de

148 emissões de gases de efeito estufa para o futuro, referentes à sensibilidade ao aquecimento,

149 representando a informação mais atual do que poderá vir a acontecer numa combinação de

150 desenvolvimento tecnológico, social, demográfico e de emissões de gases de efeito estufa. O

151 cenário A1B descreve um mundo futuro onde a globalização é dominante, há um rápido

152 crescimento econômico e de tecnologias mais eficientes, em oposição a um pequeno

153 crescimento populacional (ADAM e COLLISCHONN, 2013).

154 Segundo Marengo et al. (2012), o HadCM3 é um modelo numérico acoplado oceano-

155 atmosfera desenvolvido no Hadley Centre for Climate Prediction and Research (Inglaterra)

156 que se mostrou favorável para executar a simulação do clima do Brasil. Por esse motivo, o

157 modelo Eta-CPTEC/INPE produziu regionalização de fina escala (40 x 40 km) para a

158 América do Sul do cenário A1B fornecido pelo HadCM3, gerando cenários futuros em três

159 períodos de 30 anos (de 2011 a 2040, de 2041 a 2070, de 2071 a 2100) (CHOU et al., 2012;

160 PESQUERO et al., 2010).

161 Definição de série histórica representativa


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162 A primeira etapa do trabalho consistiu na definição de uma série histórica de dados capazes de

163 reproduzir o comportamento hidrológico da bacia hidrográfica do rio Tubarão, com vistas a

164 introduzi-los em uma regionalização de vazões. Criou-se um mapa de sub-bacias com

165 exutórios nas estações fluviométricas localizadas na BHRT, encontrou-se a área de cada sub-

166 bacia e definiram-se as estações pluviométricas contribuintes para compor suas médias de

167 precipitação. Utilizou-se, para isso, o programa de geoprocessamento ArcGIS versão 10.1.

168 De posse das séries históricas de precipitação observadas em cada uma das estações

169 pluviométricas, optou-se por utilizar dados consistidos de um intervalo de tempo

170 representativo comum para todas as estações selecionadas, sendo esse de 1987 a 2000. Em

171 seguida, calculou-se a precipitação média mensal para cada sub-bacia e produziu-se um

172 gráfico de precipitação média observada em cada mês, no período escolhido (Figura 2).

173 A partir desse gráfico, constatou-se a existência de um período caracterizado por maiores

174 valores de precipitação média, entre os meses de setembro a março. De acordo com o Plano

175 da Bacia, considera-se período crítico aquele compreendido entre novembro e março, por ser

176 quando a cultura de arroz é irrigada (SANTA CATARINA, 2002). Sendo assim, esse mesmo

177 período crítico foi adotado para este estudo.

178 Em seguida, calcularam-se as vazões médias e mínimas nesse período crítico, para cada sub-

179 bacia, a partir dos dados diários consistidos de vazão. Em Santa Catarina, a Portaria SDS nº

180 36/2008 estabelece que a análise da disponibilidade hídrica para captação ou derivação de

181 cursos d’água de domínio do Estado adotará como vazão de referência a Q 98%, que

182 correspondeu à vazão mínima calculada para o período crítico, obtida através da curva de

183 permanência.

184 Usualmente, a curva de permanência é construída utilizando-se todos os dados da série

185 histórica disponível, através do chamado método da “série toda”. De acordo com Tucci
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186 (2008), esse método não contempla os efeitos da sazonalidade ao longo de cada ano e,

187 tampouco, a variação interanual. Assim, neste trabalho, as curvas de permanência a partir das

188 quais obtiveram-se as vazões mínimas foram construídas considerando-se apenas dados de

189 vazão do período crítico. Esse método é chamado “ano a ano” e pressupõe que um ano

190 hidrológico pode ser analisado como uma realização estatística independente de uma série de

191 ocorrências anuais, permitindo a avaliação do comportamento hidrológico em anos secos e

192 úmidos e o tratamento estatístico da curva de permanência, tomando-se como variáveis

193 aleatórias cada permanência de vazão que se queira estudar.

194 Regionalização de vazões

195 A partir da definição da série de dados capaz de representar o comportamento hidrológico da

196 BHRT, determinaram-se a precipitação total no período crítico, em cada sub-bacia, a vazão

197 média e a Q98% observadas no mesmo período.

198 Aplicou-se, então, uma metodologia de regionalização de vazões que permitisse relacionar as

199 variáveis: vazão, área e precipitação, em cada sub-bacia. Para o objetivo deste trabalho,

200 diferentemente do habitual, a regionalização de vazões foi empregada para estimar vazões

201 médias e mínimas em tempos futuros e não em locais distintos com ausência de dados.

202 A metodologia clássica de regionalização de vazões selecionada, por melhor representar a

203 relação entre as variáveis, consistiu no emprego de regressão não linear múltipla sob a forma

204 da Equação 1.

205 Q = a x Ab x Pc (Equação 1)

206 Em que: Q é a Qméd (vazão média no período crítico em m 3.s-1) ou Qmín = Q98% (vazão de

207 referência no período crítico em m3.s-1); A é a área da sub-bacia em km 2; P é a precipitação

208 total no período crítico em mm; a, b e c são parâmetros da regressão.

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209 Procedeu-se, então, à regionalização com as 11 sub-bacias, utilizando o programa MATLAB

210 para resolver a regressão não linear. Uma vez encontrados os coeficientes das regressões,

211 esses foram substituídos na Equação 1, resultando nas seguintes equações de regionalização:

212 Qméd = 0,001118A1,104 x P0,4068

213 Qmín = 0,00008182A0,9385 x P0,6965

214 Cenários climáticos

215 Além das séries históricas de precipitação, este trabalho utilizou dados de previsão de

216 precipitação gerados a partir do modelo Eta para os anos de 2020, 2050 e 2080, sobre a

217 América do Sul. Esses dados, com resolução de 20 minutos, estão disponíveis em formato

218 ASCII grid, na plataforma CCAFS (Climate Change, Agriculture and Food Security) –

219 DOWNSCALED GCM DATA PORTAL e são resultado do downscaling dinâmico do modelo

220 HadCM3, em três cenários de emissões (high – alto, midi – médio e low – baixo), além de um

221 cenário controle (cntrl), pelo modelo regional Eta-CPTEC/INPE.

222 Com o objetivo de verificar se as previsões de precipitação seguem a tendência de

223 distribuição de chuvas observada no intervalo das séries históricas previamente selecionado –

224 de 1987 a 2000 – calculou-se a precipitação média nos meses que compõem o período crítico,

225 nesse intervalo, pelo método dos Polígonos de Thiessen.

226 Finalmente, com vistas a analisar a distribuição de chuva no período crítico como um todo,

227 sem distinção entre os meses, tomou-se o total precipitado no período crítico do ano de 1999,

228 além das já citadas previsões de chuva para os anos de 2020, 2050 e 2080.

229 Cenários de uso e ocupação do solo

230 De acordo com o exposto anteriormente, este trabalho deu ênfase ao consumo de água pela

231 atividade de plantio intensivo de arroz irrigado, pois essa atividade destaca-se como a maior

232 atividade consumidora de água na bacia.


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233 Na BHRT, considera-se um tempo de inundação dos campos de cinco meses, já que o período

234 de irrigação do arroz varia de meados de novembro até aproximadamente a primeira quinzena

235 de março, não havendo irrigação nos demais meses. A taxa de consumo de água para a

236 produção do arroz na bacia, adotada pelo Plano, é de 15.000 m 3.ha-1.safra-1, que coincide com

237 o sugerido pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos. A determinação da demanda de água

238 para a irrigação do arroz é estimada com base numa taxa de consumo por hectare devido à

239 inexistência de um controle mais preciso das captações (SANTA CATARINA, 2002).

240 Levantadas as demandas consuntivas na BHRT, o Plano realizou um prognóstico construindo

241 cenários de demanda ao longo do tempo, com vistas a estabelecer referenciais para a

242 avaliação sistemática das melhoras e dos agravamentos das relações entre os setores de uso e

243 os recursos hídricos. Os cenários futuros de avaliação, considerados sem qualquer nível de

244 intervenção estrutural de melhoria dos conflitos, são:

245  cenários tendenciais: admitidos como os mais prováveis observando-se as tendências

246 históricas identificadas. Taxa de crescimento de 2,3% a.a., igual à verificada no período de

247 1986 a 1997;

248  cenários desejáveis: cenário de desenvolvimento em que a taxa de crescimento representa

249 as taxas históricas (as mesmas do cenário tendencial), mas a demanda de água é 20%

250 menor, representando um aumento na eficiência produtiva. Taxa de crescimento de 1,84%

251 a.a., igual a do cenário tendencial menos 20%, considerando um aumento na eficiência

252 produtiva;

253  cenários críticos: configuram a situação mais desfavorável para os balanços hídricos,

254 tomando por base taxas de crescimento extremas e demandas extremas, verificadas

255 historicamente. Taxa de crescimento extrema de 4,2% a.a., verificada no período de 1997,

256 a 1999;
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257 Diagnóstico da disponibilidade hídrica na BHRT

258 A última etapa do trabalho consistiu em avaliar cenários futuros de demandas para irrigação

259 de arroz e de regimes pluviométricos, em termos de disponibilidade hídrica na BHRT. Para

260 esse propósito, aplicaram-se os dados de precipitação total no período crítico de 1999, 2020,

261 2050 e 2080, os três últimos nos três cenários de emissões), nas equações da regionalização de

262 vazões, obtendo-se dados de vazões médias e mínimas nesses períodos. O ano de 1999 foi

263 selecionado por ser um dos mais recentes da série histórica de precipitações e por

264 corresponder ao ano em que foi realizado o Censo Agropecuário pelo IBGE, havendo dados

265 disponíveis sobre área plantada de arroz irrigado.

266 Simultaneamente, considerando-se as áreas plantadas de arroz, registradas pelo Censo

267 Agropecuário do IBGE de 1999, calcularam-se as áreas plantadas de arroz para os anos de

268 2020, 2050 e 2080 nos três cenários de prognóstico definidos pelo Plano da Bacia, sendo eles:

269 tendencial, desejável e crítico.

270 Por fim, construíram-se gráficos comparando a vazão média e a vazão mínima observadas na

271 bacia nos anos de 1999, 2020, 2050 e 2080 e a vazão demandada para a irrigação de arroz nos

272 mesmos anos. Ressalta-se que a vazão mínima é aquela utilizada como referência para a

273 instrução de processos de outorga, sendo sua avaliação mais relevante em termos de

274 disponibilidade hídrica.

275 Resultados e Discussões

276 Cenários de precipitação

277 Para a determinação da precipitação média na BHRT, entre 1987 e 2000, utilizaram-se os

278 dados observados nos 18 postos pluviométricos apresentados. Com relação aos dados de

279 previsão de precipitação para 2020, 2050 e 2080 fornecidos pelo modelo regional Eta-

280 CPTEC/INPE, com resolução espacial de 20 minutos e grade gerada de, aproximadamente, 40
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281 x 40 km, há 6 pontos com influência dentro da BHRT a serem utilizados pelo método dos

282 Polígonos de Thiessen.

283 A partir da determinação da precipitação média na bacia, nos anos em análise, foi gerado o

284 gráfico em que estão representadas as precipitações médias em cada mês do período crítico

285 (Figura 3).

286 De acordo com esse gráfico, há uma significativa mudança na distribuição de chuvas

287 observada e prevista para os meses do período crítico. Nota-se uma inversão entre os meses

288 mais chuvosos e menos chuvosos previstos, com relação ao que se observou entre 1987 e

289 2000.

290 Entre 1987 e 2000, os maiores volumes precipitados concentravam-se nos meses de janeiro e

291 fevereiro, sendo muito superiores aos volumes registrados nos demais meses do período

292 crítico. Isso pode justificar o fato de o mês de janeiro se destacar como o de maior consumo

293 de água pela rizicultura, na BHRT. Já de acordo com as previsões do modelo, os meses mais

294 chuvosos devem ser novembro e dezembro, enquanto que os menores volumes serão

295 observados em janeiro e fevereiro. As exceções são os cenários 2050 – alto, em que o mês de

296 janeiro apresenta-se como o mais chuvoso; e 2080 médio e alto, quando os maiores volumes

297 são observados nos extremos do período crítico: novembro e março.

298 Além disso, nota-se que os menores volumes para novembro, dezembro e janeiro, são

299 previstos pelo cenário 2020 – alto, enquanto que os maiores são esperados no cenário 2080 –

300 baixo. Para fevereiro e março, os maiores volumes são previstos pelo cenário 2080 – alto, e os

301 menores, por 2020 e 2050, ambos em baixas condições de emissões.

302 Finalmente, percebe-se que os extremos de precipitação, mês a mês, variaram muito mais no

303 período observado, do que se espera para os demais anos analisados. Isso pode apontar para

304 uma deficiência do modelo ao representar eventos extremos.


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305 Para uma análise da distribuição de chuva no período crítico, sem distinção entre os meses,

306 tomou-se o total precipitado no período crítico do ano de 1999, bem como as previsões para

307 os anos de 2020, 2050 e 2080 (Figura 4).

308 Avaliando-se o período crítico como um todo, percebe-se que as tendências irregulares

309 observadas mês a mês são suavizadas. De acordo com o gráfico, no cenário médio de

310 emissões, haverá a menor variação pluviométrica ao longo do período em estudo, cerca de 4%

311 entre 2020 e 2080. No cenário alto, a precipitação esperada para 2020 é a que mais se

312 distancia da que se espera observar em 2080, sendo previsto um aumento de cerca de 15% ao

313 longo desses 60 anos, se mantido o mesmo cenário. Com relação ao cenário baixo de

314 emissões, nota-se que é previsto um volume de chuvas bastante estável entre 2020 e 2050,

315 havendo um aumento de 6% entre 2050 e 2080. No caso do período compreendido entre 1999

316 e 2020, nos cenários baixo e alto, observa-se um sutil crescimento nos volumes totais

317 precipitados no período crítico. Em contrapartida, no cenário alto, observa-se uma redução

318 desses volumes.

319 Cenários de uso e ocupação do solo

320 Aplicando-se as taxas de crescimento de área plantada de arroz irrigado nos três cenários de

321 crescimento e, considerando-se o consumo de água pela atividade da rizicultura (15.000

322 m3.ha-1.safra-1), calculou-se o volume de água necessário para atender à demanda em 2020,

323 2050 e 2080, em cada um dos cenários (Tabela 3).

324 Até o ano de 2020, aproximadamente, a demanda de água para a irrigação de arroz não difere

325 significativamente entre os três cenários estudados. Entretanto, a partir desse ano, a demanda

326 prevista pelo cenário crítico assume um crescimento exponencial bastante acentuado,

327 atingindo valores e elevados ao longo dos anos. O consumo estimado nesse cenário, em 2080,

328 chega a ser maior do que 10 vezes o previsto para o ano de 2020.
55 14

56
57

58

329 Comparando-se os valores esperados para o consumo nos cenários tendencial e desejável,

330 percebe-se que este último é quase equivalente ao primeiro até cerca de 2030, quando passa a

331 representar algo em torno de 1/3 do consumo tendencial, até o final do período de análise.

332 Ressalta-se que, justamente considerando o período atual de irrigação, as análises propostas

333 por este trabalho consideraram a disponibilidade e o consumo de água nesse período restrito

334 do ano, caracterizado por ser o mais chuvoso. Caso o planejamento do plantio seja feito de

335 modo a ampliar o tempo de irrigação, novas análises devem ser realizadas, para considerar

336 também os períodos mais secos do ano, de modo a evitar perdas nessas épocas.

337 Diagnóstico da disponibilidade hídrica futura na BHRT

338 Para determinação da disponibilidade hídrica na BHRT, associaram-se às previsões de

339 demanda de água para atender à rizicultura, as vazões resultantes das previsões de

340 precipitação no período crítico. Para obtenção dessas vazões, aplicaram-se os valores

341 previstos de chuva nas equações de regionalização de vazões determinadas. Além disso, para

342 efeito de comparação, incluiram-se dados observados no período crítico do ano de 1999

343 (Tabela 4).

344 A partir das informações anteriores, construiram-se gráficos que relacionam as previsões de

345 precipitação, em termos de vazão média e de referência, e a demanda de água necessária para

346 atender à rizicultura nos três cenários de emissões e de crescimento de área plantada,

347 respectivamente (Figuras 5 e 6).

348 O gráfico da Figura 5 apresenta a vazão média assumindo, basicamente, o mesmo

349 comportamento que a precipitação prevista para os anos de 2020, 2050 e 2080, nos três

350 cenários de emissões. Entretanto, as variações observadas são menores que aquelas estimadas

351 para a precipitação. Isso é explicado pelo fato de que a equação de regionalização inclui duas

352 variáveis independentes – área e precipitação – para predizer o valor assumido pela variável
59 15

60
61

62

353 dependente – vazão média – e o coeficiente atribuído à área é maior que àquele atribuído à

354 precipitação, o que indica que essa é a variável com maior peso na estimativa da vazão.

355 Comparando-se os valores assumidos pela vazão média aos valores previstos para o consumo,

356 nos três cenários, observa-se que o crescimento da demanda conforme prevê o cenário crítico

357 é tão acentuado que, por volta de 2060, ainda que toda a chuva transformada em vazão esteja

358 disponível para consumo pela rizicultura, haverá problemas de escassez de água para atender

359 a essa demanda.

360 No entanto, assumindo-se que nem toda a vazão média será disponibilizada para consumo,

361 dada a necessidade de manutenção de uma vazão remanescente que garanta a sustentabilidade

362 dos ecossistemas, a disponibilidade hídrica é melhor avaliada comparando-se a oferta da

363 vazão de referência, com a demanda. Além disso, essa vazão corresponde, justamente, àquela

364 utilizada como base para a concessão de outorgas de direito de uso. Desse modo, toma-se o

365 gráfico da Figura 6 para proceder a algumas análises.

366 De acordo com o gráfico que relaciona vazão de referência e consumo, caso as áreas

367 destinadas à plantação de arroz irrigado, e consequentemente o consumo, crescessem de

368 acordo com a taxa prevista pelo cenário crítico, a partir do ano de 2012 poderia haver

369 problemas de escassez de água para o desenvolvimento dessa atividade, o que demandaria um

370 novo planejamento do setor agrícola visando à adaptação a essa situação. Entretanto, apesar

371 de haver conflitos envolvendo a rizicultura na bacia, não identificou-se a necessidade, até os

372 dias atuais, de diminuição das áreas plantadas em virtude da falta de água. Isso aponta para o

373 fato de que, possivelmente, o crescimento das áreas destinadas à plantação de arroz não

374 seguiu taxas equivalentes às do cenário crítico.

375 Analisando-se a curva do consumo previsto pelo cenário tendencial, percebe-se que,

376 aproximadamente em 2020, a demanda deve ser maior que a vazão de referência. Finalmente,
63 16

64
65

66

377 conforme o cenário desejável de crescimento, em torno do ano de 2026, a demanda de água

378 para atender a rizicultura pode não ser suprida pela vazão disponível. É notório que,

379 imprescindivelmente, em um espaço de tempo da ordem de 10 anos, no máximo,

380 independente da taxa de crescimento seguida, haverá problemas relacionados à falta de água

381 para o desenvolvimento da rizicultura na BHRT. Logicamente, essa afirmativa é válida em

382 caso de não ser prevista nenhuma intervenção estrutural de melhoria dos conflitos, visto que

383 os cenários de crescimento foram estabelecidos a partir dessa mesma premissa.

384 Um ponto a ser observado é o valor de consumo de água atribuído à atividade de rizicultura.

385 Viu-se anteriormente que o Plano da Bacia adotou o valor de consumo igual a 15.000 m 3/ha-

386 1
.safra-1, dadas as divergências entre as diferentes fontes e diferentes tipos de plantio. No

387 entanto, sabe-se que o plantio de arroz na BHRT é, predominantemente, do tipo pré-

388 germinado, caracterizado por consumir menos água que o plantio pelo método tradicional e,

389 nesse caso, menos que o valor de consumo adotado pelo Plano e por este trabalho. Caso fosse

390 considerada nas análises a vazão demandada pelo plantio pré-germinado, certamente as

391 curvas de oferta e demanda se cruzariam em momentos posteriores.

392 Finalmente, cabe lembrar que este trabalho enfocou o consumo de água por uma única

393 atividade econômica – a rizicultura – visto que essa representa o maior uso consuntivo

394 cadastrado na região e impacta significativamente a bacia hidrográfica. Entretanto, as vazões

395 de referência aqui estimadas também servirão de base para a instrução de processos de

396 outorga para outros usos, o que poderia diminuir os limites destinados a atender a demanda

397 pela plantação de arroz, antecipando os problemas de escassez e os conflitos de uso.

398 Conclusões

399 Diversas causas explicam os problemas relacionados à escassez de recursos hídricos

400 enfrentados nos dias atuais. Por exemplo, há uma tendência cada vez mais evidente do
67 17

68
69

70

401 aumento de eventos hidrológicos extremos provocados por variações climáticas, verificada a

402 partir de análises de chuva ao longo dos últimos 50 anos (MARENGO, TOMASELLA e

403 NOBRE, 2010).

404 Além disso, o perfil inadequado de uso e ocupação do solo, que vem provocando o mau uso e

405 o desperdício desse recurso, também constitui um grave problema. Conceição et al. (2013)

406 analisaram o balanço hídrico no meio rural de Santa Catarina e concluiram que há déficit

407 hídrico em diversas bacias do estado, especialmente naquelas do litoral sul, onde há

408 predominância da atividade de rizicultura.

409 1. Esse trabalho mostra que há uma tendência de crescimento de volumes precipitados e,

410 consequentemente de vazões observadas, ao longo dos próximos anos, sobre a região de

411 estudo.

412 2. Essa tendência certamente provocará impactos na bacia hidrográfica do rio Tubarão

413 sendo eles positivos em termos de produção de arroz, visto que o aumento dos volumes

414 precipitados acarretará numa maior oferta de água para atender a esse uso.

415 3. Entretanto, considerando-se o âmbito social, evidencia-se a necessidade de adaptação

416 às mudanças climáticas, especialmente porque as áreas ocupadas pelas atividades agrícolas

417 são planícies bastante susceptíveis a inundações, deslizamentos de terras, etc.

418 4. Outros resultados apontam que, apesar da tendência de aumento de chuvas, a falta de

419 recursos hídricos para atender à rizicultura é inevitável dentro dos próximos anos, pois a taxa

420 em que se dará esse aumento é muito inferior às taxas dos cenários de crescimento de áreas

421 plantadas de arroz. Torna-se imperativa, então, a necessidade de que se reveja o planejamento

422 do setor de rizicultura.

423 5. Como a irrigação da cultura de arroz na BHRT acontece durante um período

424 determinado, correspondente aos meses mais chuvosos do ano – não sendo necessária a
71 18

72
73

74

425 retirada da água que mantém os corpos d’água – sugere-se que outros estudos considerem a

426 possibilidade de estender o período de irrigação para mais meses do ano, evitando o estresse

427 hídrico em um período único.

428 Agradecimentos

429

430 Referências

431 ADAM, K.N.; COLLISCHONN, W. Análise dos Impactos de Mudanças Climáticas nos

432 Regimes de Precipitação e Vazão na Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí. Revista Brasileira de

433 Recursos Hídricos, v.18, n.3-jul/set 2013, p.69-79, 2013.

434 BARBOSA, S.E.S.; JÚNIOR, A.R.B.; SILVA, G.Q.; CAMPOS, E.N.B.; RODRIGUES, V.C.

435 Geração de modelos de regionalização de vazões máximas, médias de longo período e

436 mínimas de sete dias para a bacia do rio do Carmo, Minas Gerais. Eng. Sanit. Ambient., Rio

437 de Janeiro, v.10, n.1-jan/mar 2005, p.64-71, 2005.

438 BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). HidroWeb: Sistemas de

439 Informações Hidrológicas. Disponível em: http://hidroweb.ana.gov.br/HidroWeb. Acesso

440 em: 20 jul. 2015.

441 CHOU, S.C.; MARENGO, J.A.; LYRA, A.A.; SUEIRO, G.; PESQUERO, J.F.; ALVES,

442 L.M.; KAY, G.; BETTS, R.; CHAGAS, D.J.; GOMES, J.L.; BUSTAMANTE, J.F.;

443 TAVARES, P. Downscaling of South America present climate driven by 4-member HadCM3

444 runs. Climate Dynamics, v.38, n.3-4, p.635-653, 2012.

445 CHOU, S.C.; NOBRE, P. Avaliação de Modelos Globais e Regionais Climáticos. In:

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447 Contribuição do Grupo de Trabalho 1 ao Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do

448 Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, 2015. p.322-363.


75 19

76
77

78

449 CONCEIÇÃO, G.; VIANNA, L.F.N.; BACIC, I.L.Z.; KOBIYAMA, M.; FILHO, P.B.

450 Análise Espacial do Balanço Hídrico no Meio Rural de Santa Catarina. Revista Brasileira de

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452 CRUZ, J.C.; TUCCI, C.E.M. Estimativa da Disponibilidade Hídrica Através da Curva de

453 Permanência. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.13, n.1-jan/mar, 2008, p.111-124,

454 2008.

455 LUIZ, S.F.; FERNANDES, W.S.; JÚNIOR, D.S.R. Regionalização Hidrológica de Vazões

456 Mínimas por meio dos Métodos OLS e WLS Aplicada à Bacia do Alto São Francisco.

457 Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.18, n.4-out/dez, 2013, p.231-241, 2013.

458 MARENGO, J.A.; CHOU, S.C.; KAY, G.; ALVES, L.M.; PESQUERO, J.F.; SOARES,

459 W.R.; SANTOS, D.C.; LYRA, A.A.; SUEIRO, G.; BETTS, R.; CHAGAS, D.J.; GOMES,

460 J.L.; BUSTAMANTE, J.F.; TAVARES, P. Development of regional future climate change

461 scenarios in South America using the Eta CPTEC/HadCM3 climate change projections:

462 climatology and regional analyses for the Amazon, São Francisco and the Paraná River

463 basins. Climate Dynamics, v.38, n.9-10, p.1829-1848, 2012.

464 MARENGO, J.A.; TOMASELLA, J.; NOBRE, C.A. Mudanças climáticas e recursos

465 hídricos. In: BICUDO, C.E.M.; TUNDISI, J.G.; SCHEUENSTUHL, M.C.B. (Ed.). Águas do

466 Brasil Análises Estratégicas. Academia Brasileira de Ciências São Paulo, Instituto de

467 Botânica, 2010. p.199-215.

468 MEDEIROS, Y.D.P. Análise dos Impactos das Mudanças Climáticas em Região Semi-árida.

469 Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.8, n.2-abr/jun, 2003, p.127-136, 2003.

470 MELLO, E.L.; OLIVEIRA, F.A.; PRUSKI, F.F.; FIGUEIREDO, J.C. Efeito das mudanças

471 climáticas na disponibilidade hídrica da bacia hidrográfica do Rio Paracatu. Engenharia

472 Agrícola, v.28, n.4-out/dez, 2008, p.635-644, 2008.


79 20

80
81

82

473 MOREIRA, M.C.; SILVA, D.D. Análise de Métodos para Estimativa das Vazões da Bacia do

474 Rio Paraopeba. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.19, n.2-abr/jun, 2014, p.313-

475 324, 2014.

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477 Paracatu. 2005. 115 p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

478 PESQUERO, J.F.; CHOU, S.C.; MARENGO, J.; BETTS, R.A. Climate downscaling over

479 South America for 1961–1970 using the Eta Model. Theoretical and Applied Climatology,

480 v.99, n.1-2, p.75-93, 2010.

481 SANTA CATARINA. Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio

482 Tubarão e Complexo Lagunar. SDM/DIMA/GEHID, 2002. 1097 p.

483 VANZELA, L.S.; HERNANDEZ, F.B.T.; FRANCO, R.A.M. Influência do uso e ocupação

484 do solo nos recursos hídricos do Córrego Três Barras, Marinópolis. Revista Brasileira de

485 Engenharia Agrícola e Ambiental, v.14, n.1, p.55-64, 2010.

486

83 21

84
85

86

487 Tabelas e figuras

488 Tabela 1. Estações pluviométricas de responsabilidade da ANA utilizadas no trabalho.

Operador
Código Nome Município Responsável Período
a

284902
Jaguaruna Jaguaruna ANA EPAGRI 1976 - 2006
0

284902
Tubarão Tubarão ANA EPAGRI 1987 - 2006
7

284902
Pedras Grandes Pedras Grandes ANA EPAGRI 1986 - 2006
8

284900
Rio do Pouso Tubarão ANA EPAGRI 1939 - 2006
0

284900
Orleans – montante Orleans ANA EPAGRI 1939 - 2006
1

284900
São Ludgero São Ludgero ANA EPAGRI 1939 - 2006
2

284800
Armazém Capivari Armazém ANA EPAGRI 1945 - 2006
0

284903
Braço do Norte - montante Braço do Norte ANA EPAGRI 1986 - 2006
0

284900
Rio Pequeno Grão Pará ANA EPAGRI 1945 - 2006
8

284800
São Martinho – jusante São Martinho ANA EPAGRI 1986 - 2006
9

284800
Vargem do Cedro São Martinho ANA EPAGRI 1976 - 2006
6

284903
Santa Rosa de Lima Santa Rosa de Lima ANA EPAGRI 1986 - 2006
1

274901
Divisa de Anitápolis Anitápolis ANA EPAGRI 1945 - 2006
2

274902
Anitápolis Anitápolis ANA EPAGRI 1972 - 2006
7

274801
São Bonifácio São Bonifácio ANA EPAGRI 1976 - 2006
8

284800
Imbituba Imbituba ANA EPAGRI 1976 - 2006
7

87 22

88
89

90

274902
Rancho Queimado Rancho Queimado ANA EPAGRI 1976 - 2006
0

284902
Serrinha Nova Veneza ANA EPAGRI 1986- 2006
9

489 Fonte: ANA, 2015.

490 Tabela 2. Estações fluviométricas de responsabilidade da ANA utilizadas no trabalho.

Operador
Código Nome Município Responsável Período
a

84580500 Tubarão Tubarão ANA EPAGRI 1991 - 2004

84300000 Pedras Grandes Pedras Grandes ANA EPAGRI 1986 - 2006

84580000 Rio do Pouso Tubarão ANA EPAGRI 1939 - 2004

84249998 Orleans – montante Orleans ANA EPAGRI 1983 - 2004

84560000 São Ludgero I São Ludgero ANA EPAGRI 1939 - 2006

84600000 Armazém Capivari Armazém ANA EPAGRI 1942 - 2002

84598002 São Martinho – jusante São Martinho ANA EPAGRI 1981 - 2007

84559800 Braço do Norte – montante Braço do Norte ANA EPAGRI 1986 - 2004

84551000 Rio Pequeno Grão Pará ANA EPAGRI 1942 - 2004

84520010 Santa Rosa de Lima Santa Rosa de Lima ANA EPAGRI 1986 - 2007

84520000 Divisa de Anitápolis Anitápolis ANA EPAGRI 1944 - 2007

491 Fonte: ANA, 2015.

492 Tabela 3. Vazões demandadas para a rizicultura em 1999, 2020, 2050 e 2080, em três

493 cenários de crescimento.

Cenários de crescimento

Ano tendencial desejável crítico

Q (m3.s-1)

1999 11,98 11,98 11,98

2020 19,31 17,56 28,41

2050 38,19 30,35 97,62

2080 75,55 52,44 335,42

91 23

92
93

94

494 Tabela 4. Vazões regionalizadas a partir da previsão de precipitação, na BHRT, em 1999,

495 2020, 2050 e 2080, em três cenários de emissões.

Cenários de emissões

Ano alto médio baixo

Qméd (m3.s-1) Qmín (m3.s-1) Qméd (m3.s-1) Qmín (m3.s-1) Qméd (m3.s-1) Qmín (m3.s-1)

1999 172,56 19,89 172,56 19,89 172,56 19,89

2020 170,56 19,50 175,76 20,52 179,56 21,29

2050 174,34 20,24 177,08 20,79 179,56 21,29

2080 182,15 21,82 178,67 21,11 183,91 22,18

496

497 Figura 1. Mapa de localização da BHRT.


49°30'W 49°20'W 49°10'W 49°W 48°50'W 48°40'W
27°40'S

Paraná
27°50'S

R-5 R-6

R-1 R-2
R-7
R-3
28°S

R-8
R-4

Rio Grande do Sul Sub-bacia


R-9 Sub-bacia do rio
28°10'S

do rio
Braço do Norte Capivari

R-10

Oceano Atlântico
28°20'S

±
Sub-bacia dos
formadores
0 25 50 100 150 200 do Tubarão
km
28°30'S

Legenda
Sub-bacia
Estados do Brasil do baixo
Tubarão
Estado de Santa Catarina
28°40'S

Regiões Hidrográficas de Santa Catarina


Região Hidrográfica Sul Catarinense R-9

±
Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão
Hidrografia Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão
28°50'S

0 5 10 20 30
Coordinate System: GCS WGS 1984 km

498
DATUM: WGS 1984

499 Figura 2. Precipitação média mensal observada em cada sub-bacia.

95 24

96
97

98

300

250

Precipitação média (mm)


200

150

100

50

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
Tubarão Pedras Grandes Rio do Pouso
Orleans - montante São Ludgero Armazém Capivari
São Martinho - jusante Braço do Norte - montante Rio Pequeno
Santa Rosa de Lima Divisa de Anitápolis
500

501 Figura 3. Previsão de precipitação média nos meses do período crítico, na BHRT, entre 1987-

502 2000 e em 2020, 2050 e 2080, em três cenários de emissões.

250
230
210
Precipitação média (mm)

190
170
150
130
110
90
70
nov dez jan fev mar
Meses
média 1987 - 2000 2020 - alto 2020 - médio
2020 - baixo 2050 - alto 2050 - médio
2050 - baixo 2080 - alto 2080 - médio
503 2080 - baixo

504 Figura 4. Previsão de precipitação total no período crítico, na BHRT, em 1999, 2020, 2050 e

505 2080, em três cenários de emissões.

99 25

100
101

102

750

Precipitação total no período crítico (mm)


700

650

600

550

500
1999 2020 2050 2080
Anos
cenário de emissões alto
cenário de emissões médio
506 cenário de emissões baixo

507 Figura 5. Previsão da disponibilidade hídrica na BHRT em 1999, 2020, 2050 e 2080,

508 considerando a vazão média disponível.

190

160

130
Q (m³.s-1)

100

70

40

10
1999 2020 Anos 2050 2080
cenário de emissões alto cenário de emissões médio
cenário de emissões baixo cenário de consumo tendencial
509 cenário de consumo desejável cenário de consumo crítico

510 Figura 6. Previsão da disponibilidade hídrica, na BHRT, em 1999, 2020, 2050 e 2080,

511 considerando a vazão mínima de referência.

30

26

22
Q (m³.s-1)

18

14

10
1999 2020 Anos 2050 2080
cenário de emissões alto cenário de emissões médio
cenário de emissões baixo cenário de consumo tendencial
512 cenário de consumo desejável cenário de consumo crítico

103 26

104

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