Aquilo que se configura como ação cultural libertadora no ensino superior está a
serviço de um projeto educacional maior e ampliado. Em suma e diferente da educação
básica, o currículo superior é objetivado na liberdade de ensino e direcionado para a ação
social transformadora do real.
Portanto e no âmbito do ensino superior é que se descobre e se produz uma
novíssima modalidade de ação cultural; problematizadora de si mesma em seu confronto
com o mundo. Também de forma geral, significa que é nessa modalidade de ensino que
surge um reconhecimento real e factual da identidade social dos sujeitos educados.
O celebre Paulo Freire destacou que os educadores devem assumir uma postura
revolucionária passando a conscientizar as pessoas das ideologias que gravitam em torno
da vida dos indivíduos, tendo como compromisso a libertação das classes e das mentes
humanas. Nesse sentido, os alunos da educação superior e a comunidade, devem
aprender a fazer junto, buscando instaurar a transformação da realidade que os
mediatiza.
O nobre autor ainda enfoca que os “opressores” precisam de uma teoria para
manter a ação dominadora. Por sua vez, os “oprimidos” precisam de uma outra, para
alcançar a liberdade e, essa novíssima teoria, deve ser produzida na universidade e com
o auxilio de um projeto educacional verdadeiramente livre e condicionado para a
transformação, diferente da educação básica.
Focalizar a articulação entre ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO tem sido uma
das maneiras de se discutir a prática pedagógica no ensino superior, que vem
enfrentando muitos desafios na sociedade atual.
Destarte e a partir desse desafio moderno, articular as duas ações didáticas de
ensinar e aprender, no contexto de sala de aula é, na perspectiva universitária, um
enorme desafio, pois nem sempre quem domina conhecimentos para sua atuação
profissional sabe transpô-los para uma situação de aprendizagem propriamente dita.
Entendo deste modo, dificilmente um professor consegue planejar, gerir e avaliar
situações didáticas e eficazes para o desenvolvimento da autonomia dos acadêmicos, se
não compreende os conteúdos próprios de sua área de atuação, que serão objeto tanto
de sua ação docente como de seu campo de pesquisa.
De forma geral, o artigo 10 da Declaração Mundial sobre Educação Superior no
Século XXI (1998, p.26) aponta para a necessidade de iniciativas na área do
desenvolvimento da prática docente universitária:
Devem ser tomadas providências adequadas para pesquisar,
atualizar e melhorar as habilidades pedagógicas, por meio de
programas apropriados de desenvolvimento de pessoal, estimulando
a inovação constante dos currículos e dos métodos de ensino e
aprendizagem.
1. O QUE É CIÊNCIA?
Quadro 01: Relação Temporal das Noções de Ciência
Fonte: Internet.
2. Tipos de Conhecimentos:
Conhecimento Teológico (Religioso):
Conhecimento adquirido a partir da aceitação de axiomas da fé teológica, é fruto
da revelação da divindade, por meio de indivíduos inspirados que apresentam respostas
aos mistérios que permeiam a mente humana. Em suma é a “lógica de Deus”, ou seja, é o
conhecimento que apoia-se na Origem Sobrenatural e na influência da construção moral
do ser humano (crença religiosa). Apoia-se nessa noção, por exemplo, a Teoria
Criacionista.
Conhecimento Filosófico (Metafísico):
É o conhecimento que se baseia no filosofar, na interrogação como instrumento
para decifrar elementos imperceptíveis aos sentidos, é uma busca partindo do material
para o universal, exige um método racional, diferente do método experimental (científico),
levando em conta os diferentes objetos de estudo. Emergente da experiência, “suas
hipóteses assim como seus postulados, não poderão ser submetidos ao decisivo teste da
observação”. O objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências
lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis
de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pelo
conhecimento científico.
Conhecimento Empírico (Prático):
Popular ou vulgar é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se
adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos, as informações são
assimiladas por tradição, experiências causais, ingênuas, é caracterizado pela aceitação
passiva, sendo mais sujeito ao erro nas deduções e prognósticos. “[…] é o saber que
preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado, sem aplicação de
método e sem se haver refletido sobre algo” (BABINI, 1957, p. 21). O homem, ciente de
suas ações e do seu contexto, apropria-se de experiências próprias e alheias acumuladas
no decorrer do tempo, obtendo conclusões sobre a “razão de ser das coisas”. É, portanto,
superficial, sensitivo, subjetivo, Assis temático e acrítico.
Conhecimento Científico (Razão Pura)
O conhecimento científico vai além da visão empírica, preocupa-se não só com os
efeitos, mas principalmente com as causas e leis que o motivaram, esta nova percepção
do conhecimento se deu de forma lenta e gradual, evoluindo de um conceito que era
entendido como um sistema de proposições rigorosamente demonstradas e imutáveis,
para um processo contínuo de construção, onde não existe o pronto e o definitivo, “é uma
busca constante de explicações e soluções e a reavaliação de seus resultados”. Este
conceito ganhou força a partir do século XVI com Copérnico, Bacon, Galileu, Descartes e
outros. No seu conceito teórico, é tratado como um saber ordenado e lógico que
possibilita a formação de ideias, num processo complexo de pesquisa, análise e síntese,
de maneira que as afirmações que não podem ser comprovadas são descartadas do
âmbito da ciência. Este conhecimento é privilégio de especialistas das diversas áreas das
ciências.
Assim com base na introdução acima, Gil (1999, p. 45), conceitua pesquisa como:
[...] procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos [...] a
pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos
disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros
procedimento científicos [...] ao longo de um processo que envolve
inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a
satisfatória apresentação dos resultados.
De forma geral, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem por objetivo mais
essencial despertar no aluno egresso do curso universitário a atividade de pesquisa de tal
forma que desenvolva habilidades de produção de conhecimento, através da organização
de um trabalho de pesquisa, fazendo uso dos métodos da pesquisa científica e das
normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Nesse sentido e para a produção do TCC é importante considerar os seguintes
requisitos e recomendações:
Produção de conhecimento novo: seu trabalho deve ser concebido e
realizado com base no conhecimento adquirido durante o curso, aprofundando-o na área
escolhida. Deve oferecer uma contribuição para a área específica; ao mesmo tempo deve
contemplar uma inquietação ou curiosidade pessoal, num balanço entre o que a
comunidade necessita e o que o autor deseja aprofundar.
Papel do aluno: o pleno envolvimento do aluno AUTOR (envolvimento que é
pessoal e intransferível) é indispensável em todas as fases do trabalho, desde a
concepção, o planejamento, até a execução e apresentação/publicação.
Papel do orientador: o orientador é o interlocutor, que orienta a produção
acadêmica do aluno. Para isso irá sugerir leituras, ajudar na melhor delimitação do
trabalho, na escolha de uma metodologia apropriada, oferecendo sugestões teóricas,
metodológicas e, principalmente, contribuindo para o bom desenvolvimento do trabalho.
Tal premissa é evidenciada, desde já, por contemplar honestamente aquilo que
qualquer estudo objetiva, ou seja, traçar um padrão metodológico que nos permita
compreender a gênese da transmissão de um saber escolar efetivo e promotor de um
sujeito verdadeiramente reflexivo. Ou não!
Assim, o empreendimento acadêmico deve construído através dos resultados de
observação, mas conceber-se principalmente nas vivências e nas opiniões bem
formuladas de docentes e discentes no âmbito das escolas pesquisadas. Não obstante,
mas marcadamente necessário para delinear a metodologia de qualquer pesquisa, as
nuanças devem conduzir o fazer ciência para uma dimensão qualitativa ou qualitativa de
análise.
Nesse sentido e de acordo com Straus & Corbin (2008) e Serapione (2000) a
abordagem qualitativa: