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Nascimento da filosofia

Contexto geral
Tempo, lugar e conteúdo
- Final do século VII a.C. e início do século VI a.C.;
- Nas colônias gregas da Ásia Menor (região da Jônia), cidade de
Mileto;
- Tales de Mileto foi o “primeiro” filósofo;
- Surge como uma cosmologia (cosmos, ordem e organização do
mundo; logia, pensamento racional): conhecimento racional da
ordem do mundo ou da natureza.
milagre ou cópia dos povos orientais?
Nem um nem outro. os gregos evoluíram qualitativamente conhecimentos de outros
povos:
a) humanizaram os mitos, que em outras culturas apresentavam formas e
comportamentos monstruosos;
b) transformaram conhecimentos práticos em matemática;
c) transformaram em astronomia práticas de adivinhação e previsão do futuro;
d) transformaram em medicina práticas de curas misteriosas de doenças;
e) criaram a política, separando o poder público do privado e religioso.
condições materiais, econômicas,
políticas e históricas:
Viagens marítimas: que permitiram aos gregos descobrir que os locais que os
mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados
por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam
habitados por monstros nem seres fabulosos não possuíam nem monstros nem
seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a
desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre a
origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
condições materiais, econômicas,
políticas e históricas:
invenção do calendário: que é uma forma de calcular o tempo
segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos
importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade
de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo
natural e não como um poder divino incompreensível;
condições materiais, econômicas,
políticas e históricas:

invenção da moeda: que permitiu uma forma de troca que não se


realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos
trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita
pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando,
portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
condições materiais, econômicas,
políticas e históricas:
surgimento da vida urbana: com predomínio do comércio e do artesanato, dando
desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das
famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos
foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que
precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio
da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez
com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e
aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a filosofia poderia surgir;
condições materiais, econômicas,
políticas e históricas:
invenção da escrita alfabética: que, como a do calendário e a da moeda, revela
o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a
escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas - como, por
exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses -, supõe
que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia
dela, o que dela se pensa e transcreve;
condições materiais, econômicas,
políticas e históricas:

invenção da política: que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da
filosofia:
1. A ideia de lei como expressão da vontade coletiva;
2. O surgimento do espaço público, onde todos os cidadãos têm direito à palavra;
3. A ideia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem
comunicar e transmitir.;
1. (UECE 2020) Leia a seguinte passagem, que relaciona o regramento democrático ao desenvolvimento de uma prática
social baseada na razão:

“A democracia representa exatamente a possibilidade de se resolverem, através do entendimento mútuo, e de leis iguais para
todos, as diferenças e divergências existentes em nome de um interesse comum. As decisões serão tomadas por consenso, o
que acarreta persuadir, convencer, justificar, explicar. Anteriormente, havia a imposição, a violência, a obediência. A
linguagem, o diálogo e a discussão rompem com a violência na medida em que todos os falantes têm, no diálogo, os mesmos
direitos: interrogar, questionar, contra argumentar. A razão se sobrepõe à força”. (MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da
Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar Ed.1998. Adaptado)

Considerando a passagem acima, analise as seguintes afirmações:

I. O surgimento de todas as formas de manifestação cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa histórica deve ser
entendido a partir do contexto social e histórico no qual determinada sociedade está imersa.

II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve como motivação o desenvolvimento de uma vida social democrática, mais
voltada à harmonia e conciliação de interesses diversos, o que requeria o uso do argumento racional.

III. O processo democrático na Grécia antiga inaugurou a obediência ao poder de todos e para todos e isso se refletiu no
surgimento de um pensamento racional que, embora fosse inovador, continuava prisioneiro de uma visão autoritária de
sociedade.
É correto o que se afirma em

a) I e III apenas.

b) I e II apenas.

c) II e III apenas.

d) I, II e III.
2. (Uece 2019) “É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A
experiência social só pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma reflexão positiva, porque se prestava, na
cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em
discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência,
aplicar-lhe a norma do número e da medida.” (VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro:
Bertrand do Brasil, 1989, p. 94)

Com base nessa citação, é correto afirmar que a filosofia nasce

a) após o declínio das ideias mitológicas, não havendo nenhuma linha de continuidade entre estas últimas e as
novas ciências gregas.

b) das representações religiosas míticas que se transpõem nas novas representações cosmológicas jônicas.

c) da experiência do espanto, a maravilha com um mundo ordenado e, portanto, belo.

d) da experiência política grega de debate, argumentação e contra-argumentação, que põe em crise as


representações míticas.

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