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Treinamento de Supervisores

de Entrada em Espaço Confinado


40h
Treinamento de Supervisores
de Entrada em Espaço Confinado
40h

Macaé, RJ
Treinamento de Supervisores de Entrada em Espaço Confinado
Nome do Curso
40h

Nome do Arquivo 20180322_AP_EC40h_PT_REV02


ÍNDICE
1. LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO .................................... 12
2. DEFINIÇÃO ................................................................................................. 16
ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS ......................................................... 18
3. CONHECIMENTO SOBRE PRÁTICAS SEGURAS EM ESPAÇOS CONFINADOS .......... 19
ANÁLISE DE PERIGOS/RISCOS ................................................................... 20
RISCOS FÍSICOS ...................................................................................... 21
RISCOS QUÍMICOS ................................................................................... 22
RISCOS BIOLÓGICOS................................................................................ 23
RISCOS MECÂNICOS ................................................................................. 23
RISCOS ERGONÔMICOS ............................................................................ 24
ATMOSFERAS DEFICIENTES EM OXIGÊNIO .................................................. 25
ATMOSFERAS ENRIQUECIDAS DE OXIGÊNIO ............................................... 26
ATMOSFERAS EXPLOSIVAS ........................................................................ 26
ATMOSFERA COM POEIRA COMBUSTÍVEL................................................. 27
FONTES DE IGNIÇÃO ............................................................................ 27
GASES TÓXICOS................................................................................... 27
4. DETECÇÃO DE GASES .................................................................................. 30
MONITORAMENTO .................................................................................... 30
TIPOS DE GASES ...................................................................................... 32
PROPRIEDADES DOS GASES E VAPORES ..................................................... 33
TEMPERATURA DE AUTO-IGNIÇÃO .............................................................. 35
LIMITE DE EXPLOSIVIDADE .................................................................... 35
LIMITES DE TOLERÂNCIA........................................................................ 37
CARACTERÍSTICAS DOS GASES MAIS CONHECIDOS .................................. 39
5. CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO, SELEÇÃO E USO DE EQUIPAMENTOS PARA CONTROLE
DE RISCOS ......................................................................................................... 40
MONITORAMENTO INICIAL ........................................................................ 41
MONITORAMENTO DURANTE A ENTRADA..................................................... 41
EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES................................................... 42
6. VENTILAÇÃO EM ESPAÇOS CONFINADOS ....................................................... 50
TIPOS DE VENTILAÇÃO ............................................................................. 50
CRITÉRIOS PARA USO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA ....................................... 55
EQUIPAMENTO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA ................................................ 59
7. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL ................................. 60
EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES................................................... 60
EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA ............................................... 60
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ............................................ 60
EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS............................................. 60
EQUIPAMENTOS DE RESGATE .................................................................... 60
SISTEMA DE COMUNICAÇÕES .................................................................... 61
SISTEMA DE ILUMINAÇÃO ......................................................................... 62
CINTOS DE SEGURANÇA ........................................................................... 63
TRIPÉS .................................................................................................... 64
MONOPÉ ............................................................................................... 65
GUINCHOS E TRAVA-QUEDAS ................................................................. 65
SISTEMAS PRÉ MONTADOS ..................................................................... 66
8. PLANEJAMENTO DE TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO .................................. 67
CADASTRO DO ESPAÇO CONFINADO .......................................................... 67
ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL (ASO) ................................................ 68
CAPACITAÇÃO .......................................................................................... 68
PERMISSÃO DE ENTRADA PARA TRABALHO - PET ......................................... 69
EQUIPE DE TRABALHO .............................................................................. 72
PROCEDIMENTO DE PERMISSÃO DE ENTRADA E TRABALHO .......................... 76
DEMAIS MEDIDAS DE CONTROLE ............................................................... 76
ORGANIZAÇÃO DOS ACESSOS A LOCAIS CONFINADOS ............................... 79
EXECUÇÃO DE TRABALHOS COM VAPORES DE HIDROCARBONETOS ............... 79
DEFICIÊNCIA DE OXIGÊNIO .................................................................... 80
ABERTURA DE LINHAS E EQUIPAMENTOS ................................................. 80
USO DE FERRAMENTAS .......................................................................... 80
JATEAMENTO......................................................................................... 80
TRABALHOS A QUENTE EM ESPAÇOS CONFINADOS ................................... 80
REMOÇÃO DE BORRAS E SEDIMENTOS ..................................................... 81
SERVIÇOS DE PINTURA .......................................................................... 81
DESCARTE DE RESÍDUOS ....................................................................... 82
TÉRMINO DOS TRABALHOS ..................................................................... 82
9. PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA .......................................................................... 83
A COMPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA .................................................................. 84
O SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................ 84
A IMPORTÂNCIA DO SANGUE NA RESPIRAÇÃO ............................................. 86
CONSUMO DE OXIGÊNIO DURANTE REALIZAÇÃO DE ESFORÇOS FÍSICOS ....... 88
PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA - PPR .......................................... 88
PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS .............................................................. 89
FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DE UM EPR.................................. 89
CRITÉRIOS PARA LIMPEZA, HIGIENIZAÇÃO, INSPEÇÃO, MANUTENÇAÕ,
DESCARTE E GUARDA DE RESPIRADORES ........................................................... 90
IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ATMOSFÉRICOS............................................. 90
TIPOS DE EPR PARA ESPAÇOS CONFINADOS ............................................ 90
10. ÁREA CLASSIFICADA ................................................................................... 94
FONTES DE RISCO ................................................................................. 95
METODOLOGIA - ZONAS ......................................................................... 96
GRUPOS DE EXPLOSIVIDADE DOS EQUIPAMENTOS ................................... 98
CLASSIFICAÇÃO DE TEMPERATURAS ........................................................ 99
CÓDIGOS IP .......................................................................................... 99
TIPOS DE PROTEÇÃO PARA EQUIPAMENTOS .......................................... 100
MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS .............. 103
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E USO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS
CLASSIFICADAS ............................................................................................. 103
11. OPERAÇÕES DE SALVAMENTO .................................................................... 105
SERVIÇO DE EMERGÊNCIAS E RESGATES ............................................... 106
O RESGATISTA .................................................................................... 107
ANÁLISE DE RISCO x BENEFÍCIO ........................................................... 109
ANÁLISE INICIAL ................................................................................. 109
PLANEJAMENTO ................................................................................... 109
COMANDO DA EMERGÊNCIA.................................................................. 110
ETAPAS DE UMA OPERAÇÃO DE RESGATE ............................................... 112
PREPARAÇÃO ...................................................................................... 112
AVALIAÇÃO ......................................................................................... 114
PRÉ-ENTRADA ..................................................................................... 116
ENTRADA E RESGATE ........................................................................... 119
TÉRMINO DA OPERAÇÃO ...................................................................... 122
EQUIPAMENTOS DE RESGATE ............................................................... 123
12. OBJETIVO DOS PRIMEIROS SOCORROS EM ESPAÇOS CONFINADOS ................ 131
PRIMEIROS SOCORROS ........................................................................ 131
AVALIAÇÃO DA CENA ........................................................................... 131
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA .......................................................................... 132
PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR) ................................................... 132
RCP - RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR ........................................... 134
HEMORRAGIAS .................................................................................... 136
FRATURAS .......................................................................................... 138
13. SAÚDE OCUPACIONAL EM ESPAÇO CONFINADO ............................................ 139
GESTÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL ........................................................ 139
CONDIÇÕES DE SAÚDE FÍSICA DOS TRABALHADORES ............................ 140
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 142
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DIRETRIZES GERAIS DO CURSO


• Quanto à Estruturação do Curso
O candidato, no ato da matrícula, deverá apresentar à instituição que vai ministrar
o curso, cópia e o original (para verificação) ou cópia autenticada dos seguintes
comprovantes:
✓ Atestado de boas condições de saúde física e mental;
✓ RG e CPF originais.

• Quanto à Frequência às Aulas


A frequência às aulas e atividades práticas são obrigatórias.
O aluno deverá obter o mínimo de 90% de frequência no total das aulas
ministradas no curso. Para efeito das alíneas descritas acima, será considerada falta: o
não comparecimento às aulas, o atraso superior a 10 minutos em relação ao início de
qualquer atividade programada ou a saída não autorizada durante o seu
desenvolvimento.

• Quanto à Aprovação no Curso


Será considerado aprovado o aluno que:
✓ Obtiver nota igual ou superior a 6,0 (seis) em uma escala de 0 a 10
(zero a dez) na avaliação teórica, e alcançar o conceito satisfatório nas
atividades práticas.
✓ Tiver a frequência mínima exigida (90%).
Caso o aluno não cumpra as condições descritas nas alíneas acima, será
considerado reprovado.

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INTRODUÇÃO
A existência de espaços confinados, tanto em unidades industriais terrestres como
em unidades marítimas e demais embarcações, representa um risco potencial para as
empresas no que tange à segurança dos seus empregados envolvidos nas atividades
desenvolvidas no interior ou nas proximidades daqueles espaços. Estudos realizados pela
NIOSH - National lnstitute for Occupational Safety and Health demonstram que a cada
ano ocorrem aproximadamente 67 acidentes fatais em espaços confinados. Dados
estatísticos da OSHA - Occupational Safety and Health Administration revelam que
cerca de 85% dos acidentes decorrentes de trabalhos em espaços confinados poderiam
ser evitados se os trabalhadores estivessem adequadamente informados, preparados e
bem treinados a respeito dos riscos por ele enfrentados. No Brasil ainda não existem
quaisquer dados estatísticos oficiais de óbitos por acidentes em espaços confinados. Só
sabemos que, infelizmente, eles acontecem.
Milhares de técnicos empregados em instalações terrestres, instalações offshore
ou em embarcações da indústria de Petróleo & Gás desenvolvem suas atividades
laborais nos chamados espaços confinados, sejam essas atividades eventuais ou
permanentes. Estes devem estar conscientes dos riscos Já existentes e treinados para
desempenhar suas funções nesses espaços, sejam elas de planejamento, de assistência,
reparos, inspeções ou até mesmo de resgates. Quando nos deparamos com locais
classificados como espaços confinados, toda equipe envolvida nos processos
desenvolvidos no interior e nas adjacências daquele local deve estar atenta quanto aos
procedimentos de controle daquela entrada programada a serem aplicados visando à
segurança da integridade física do trabalhador e a preservação das instalações de
trabalho. O desafio é realizar uma entrada devidamente planejada e rigorosamente
controlada, em conformidade com os parâmetros estipulados pela NR-33: SEGURANÇA E
SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS, sem que as operações da unidade
(perfuração, exploração, produção, etc.) tenham a sua eficiência comprometida. Esse
cuidado deve-se à ocorrência de fatalidades ou de consequências irreversíveis aos
trabalhadores, causados por explosões, asfixias, intoxicações, choques elétricos, quedas,
estafa pelo calor excessivo e etc.

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OBJETIVO
Toda necessidade de entrada em espaços confinados representa uma situação
potencialmente perigosa, que requer planejamento, treinamento, trabalho em equipe,
experiência, perícia nos procedimentos corretos e equipamentos específicos. Portanto,
diante dos riscos envolvidos nesses trabalhos especiais, este curso apresenta os
seguintes objetivos:
1) Apresentar um conjunto de definições e procedimentos prévios e necessários
para o planejamento, preparação e habilitação dos profissionais indicados para execução
de trabalhos e resgates em espaço confinado;
2) Apresentar medidas de controle que possam ser empregadas visando à
melhoria ou a manutenção das condições ideais de trabalhos em espaços confinados, a
segurança dos trabalhadores autorizados, a integridade dos equipamentos e preservação
do meio ambiente;
3) Realizar o correto dimensionamento dos trabalhos e operações de resgates;
4) Apresentar a Normatização brasileira e internacional sobre os procedimentos
de segurança que devem ser seguidos para entradas em espaço confinados;

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LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Os cuidados com a gestão de trabalhos e medidas de administração de incidentes


e acidentes em espaços confinados têm produzido em todo mundo inúmeras normativas
e regulamentos técnicos, alguns deles obrigatórios, outros apenas recomendatórios. Isso
evidencia a importância que deveremos atribuir no planejamento e execução de
trabalhos em espaços confinados, não importando a dimensão da planta, o tipo de
espaço confinado encontrado, o serviço a ser executado, o tempo conferido e a
complexidade das operações. Se o compartimento é identificado como um espaço
confinado, trate-o com a máxima seriedade possível.

➢ Legislação Nacional:
• NR-18 – CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO
Publicada em 08 de junho de 1978, por meio da Portaria GM n.º 3.214, foi a
primeira Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho (NR) a tratar dos
espaços confinados, através da publicação da Portaria N° 04, de 04 de julho de 1995. O
item 18.20 (locais confinados) da NR-18 estabelece medidas especiais de proteção para
atividades da indústria da construção que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia,
explosão, intoxicação e doenças do trabalho.


NR-29 – NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO PORTUÁRIO e NR-30 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
AQUAVIÁRIO
Estas duas normas estabelecem medidas de segurança nos trabalhos de limpeza e
manutenção dos espaços confinados existentes nos portos e embarcações.

• NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS


CONFINADOS
Publicada no DOU de 27/12/2006, objetiva estabelecer os requisitos mínimos para
identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e
controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e
saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nesses espaços.

• ABNT NBR 16577:2017 DE 28 DE MARÇO DE 2017: ESPAÇO CONFINADO –


PREVENÇÃO DE ACIDENTES, PROCEDIMENTOS E MEDIDAS DE PROTEÇÃO
Esta norma estabelece os requisitos para identificar, caracterizar e reconhecer os
espaços confinados, bem como para implantar o sistema de gestão de forma a garantir,
permanentemente, a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem, direta ou
indiretamente, nesses espaços durante a realização de trabalhos no seu interior.

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• ABNT NBR 14.606 DE OUTUBRO DE 2000: POSTOS DE SERVIÇOS –


ENTRADA EM ESPAÇO CONFINADO .
Essa norma editada pela ABNT – Associação de Normas Técnicas, fórum nacional
de normalização, estabelece os procedimentos de segurança em entrada em espaço
confinados em postos de serviço. Hoje se encontra restrita apenas para entradas e
limpezas de tanques subterrâneos.

• PORTARIA n 202/2006 - NR-33: SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS


EM ESPAÇOS CONFINADOS.
Aprova a Norma Regulamentadora nº 33 (NR-33), que trata de Segurança e
Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados, na forma do disposto no Anexo a esta
Portaria.

• INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1, DE 11 DE ABRIL DE 1994.


Determina a adoção de um conjunto de medidas com a finalidade de adequar a
utilização dos equipamentos de proteção respiratória – EPR, quando necessário para
complementar as medidas de proteção coletiva implementadas, ou enquanto as mesmas
estiverem sendo implantadas, com a finalidade de garantir uma completa proteção ao
trabalhador contra os riscos existentes nos ambientes de trabalho e atribui a
obrigatoriedade da elaboração do Programa de Proteção Respiratória.

• PORTARIA Nº 38 DE 03 DE ABRIL DE 2006 INMETRO.


Este Regulamento estabelece os critérios para o Programa de Avaliação da
Conformidade para certificação dos equipamentos elétricos para atmosferas
potencialmente explosivas de gases e vapores inflamáveis, estabelecendo obrigações e
responsabilidades referentes aos fabricantes / importadores destes e aos Organismos de
Certificação de Produto, visando a segurança do usuário.

• GUIA TÉCNICO NR-33 - PORTARIA nº 202/2006 - NR-33: SEGURANÇA E


SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS.
Dada a limitada compreensão por parte dos empregadores, trabalhadores e
profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho, o que dificulta o adequado
reconhecimento dos riscos e a adoção de medidas que garantam a entrada e o trabalho
seguro nos espaços confinados, a Fundacentro – Fundação Jorge Durpat Figueiredo
elaborou esse guia visando facilitar o entendimento da NR citada, ajudando na
implementação da mesma.

• PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA.


Recomendações, seleção e uso de respiradores / Coordenador Técnico,
Maurício Torloni; Equipe Técnica, Antônio Vladimir Vieira, José Damásio de Aquino, Silvia
Helena de Araújo Nicolai e Eduardo Algranti. - 4. Ed. - São Paulo: Fundacentro, 2016.

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• ABNT NBR IEC 60079-0, ATMOSFERAS EXPLOSIVAS – PARTE 0:


EQUIPAMENTOS – REQUISITOS GERAIS.
Esta parte da ABNT NBR IEC 60079 especifica os requisitos gerais para
construção, ensaios e marcação de equipamentos elétricos e componentes Ex destinados
a utilização em atmosferas explosivas.

• ABNT NBR ISO/IEC 17025, REQUISITOS GERAIS PARA A COMPETÊNCIA DE


LABORATÓRIOS DE ENSAIO E CALIBRAÇÃO
Esta norma estabelece as diretrizes para que laboratórios implementem seus
sistemas de gestão da qualidade no foco da competência técnica e confiabilidade dos
resultados de ensaio e calibração.

➢ Legislação Internacional:
•OSHA29 CRF PARTES 1910.146, 1928 E 19,26: OCCUPATIONAL SAFETY
AND HEALTH STANDARDS-PERMIT-REQUIRED CONFINED SPACES
Esta norma trata dos requisites para práticas e procedimentos visando a proteção
do trabalhador nas indústrias em geral, agricultura, construção e estaleiros.

• OSHA29 CRF PARTE 1915: OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH


STANDARDS FOR SHIPYARD EMPLOYMENT
Esta norma também editada pela OSHA contém os requisitos para práticas e
procedimentos de proteção para os trabalhadores da indústria da construção naval
contra os riscos de entrada em espaços confinados.

• NIOSH N°8Q-.106: CRITERIA FOR A RECOMMENDED STANDARD-WORKNG


IN CONFINED SPACES
Esta publicação editada pela NIOSH – National lnstitute for Occupational Safety
and Health (Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional) do U.S Department
of Health, Education and Welfare (Departamento Americano de Saúde, Educação e
Previdência Social) também edita critérios recomendados para procedimentos de
trabalho em espaços confinados.

•ANSI, AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE Z117.1: SAFETY


REQUIREMENTS FOR CONFINED SPACES
Este instituto privado Americano editou a presente norma que provê requisitos
mínimos de segurança a serem seguidos durante entradas, saídas e trabalhos em
espaços confinados com atmosferas normais.

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• NFPA 1670: STANDARD ON OPERATIONS AND TRAINING FOR TECHICAL


RESCUE INCIDENTS
O propósito dessa Norma editada pela NFPA-National Fire Protection Association
(Associação Nacional de Proteção Contra Incêndio) é auxiliar a autoridade competente a
dimensionar um resgate técnico de risco dentro de uma área de resposta, identificar o
nível de capacitação e estabelecer critérios operacionais.

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DEFINIÇÃO
Diante das diversas normas apresentadas encontramos muitas definições para um
local ser reconhecido como espaço confinado.
A NR-33, no seu item 33.1.2, define espaço confinado como:
"qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que
possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para
remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de
oxigênio".

Quadro informativo elucidativo - Fonte: Guia técnico NR 33

A NBR 16.577 assim define os locais confinados:


"Qualquer área não projetada para ocupação humana contínua, a qual tem meios
limitados de entrada e saída ou uma configuração interna que possa causar
aprisionamento ou asfixia em um trabalhador e na qual a ventilação é inexistente ou
insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de
oxigênio que possam existir ou se desenvolver ou conter um material com potencial para
engolfar/afogar um trabalhador que entrar no espaço.";
Para a OSHA 1910.146 espaço confinado é definido como sendo "um espaço que:
“Não está projetado para ocupação humana contínua."
Embora não seja uma norma especificada para trabalhos nas embarcações e
instalações offshore em operações, a OSHA 1915, norma voltada para indústria de
reparos e construção naval, define que:
"O Termo "espaço confinado" significa um compartimento de dimensões limitadas
e acesso limitado tal como um tanque de fundo duplo, compartimento estanque, ou
outro espaço o qual, devido suas dimensões limitadas e natureza confinada possa
facilmente produzir ou agravar uma exposição a perigos".
Já a ANSI dispõe que um espaço confinado é:
" uma área fechada que possui as seguintes características:
Sua função primária é algo exceto a ocupação humana; Possui entradas e saídas
restritas; Pode conter riscos conhecidos ou potenciais".
A NIOSH prescreve que espaço confinado se "Refere a um espaço o qual pelo
projeto possui passagens limitadas para entrada e saída; ventilação natural desfavorável
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o qual poderá conter ou produzir contaminantes perigosos para o ar; e o qual não foi
tencionado para ocupação contínua de empregados. Espaços confinados incluem, mas
não se limitam a tanques de armazenamento, compartimentos de embarcações, vasos
de processamento, poços, silos, tonéis, degreasers, reatores, caldeiras, dutos de
ventilação e exaustão, esgotos, túneis, câmaras subterrâneas e oleodutos".
Sendo assim, diante das definições acima poderíamos resumir as características
de um espaço confinado da seguinte forma:
• Todo e qualquer local não projetado para ocupação humana contínua, mas
grande o suficiente para a permanência de trabalhadores durante a
execução de serviços;
• Possui acesso limitado tanto para entrada como para saída;
• Possui pouca ou nenhuma ventilação que assegure a remoção de
contaminantes ou garanta uma respiração normal;
• Apresenta uma atmosfera rica ou deficiente em oxigênio, contaminada ou
explosiva;
• Pode expor o trabalhador a algum tipo de risco.
A importância de conhecer precisamente as características e condições que torna
algum local um espaço confinado está na obrigação que a NR33 trouxe para as
empresas de, previamente, identificar os espaços confinados existentes na empresa ou
de sua responsabilidade e antecipar e reconhecer os riscos específicos em cada um
deles.

Portanto, diante das definições apontadas podemos propor uma relação, não
exaustiva, de exemplos de espaços confinados:
• Tanques de transporte;
• Vasos de pressão;
• Torres de destilação;
• Esferas;
• Colunas;
• Tubulações;
• Reatores;
• Tanques de carga; o Tanques de lastro; o Tanques de "slop"; o Fundo
duplo;
• Reatores; Caldeiras; Fornos.
• Dutos de ventilação;
• Poços de elevadores;
• "Pontoon";
• Silos;
• Poços;
• Degreasers;
• Túneis;
• Redes de esgoto;
• Câmaras subterrâneas
• Caixas de passagem.
A NBR 16.577 traz duas condições distintas para espaços confinados. A saber:

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ESPAÇO CONFINADO NÃO ESPAÇO CONFINADO PERTURBADO


PERTURBADO
Característica definida no cadastro com os
Característica da alteração ocasionada
riscos inerentes ao local, antes do pela(s) atividade(s) que será(ão)
trabalhador adentrar nesse espaço. As
executada(s) no interior do Espaço
medidas de controle de risco são norteadas
Confinado, sua dinâmica de evolução de
pela PET. riscos associada aos riscos presentes no
espaço confinado “Não perturbado”.
Nesse caso, as medidas de controle de
risco são baseadas na Análise Preliminar
de Risco
- Antes do Trabalhador Entrar; - Passa a ser denominado assim após a
- Riscos já presentes; intervenção da atividade a ser executada;
- Riscos já conhecidos no cadastro dos - Riscos adicionados pelas atividades;
espaços confinados; - Riscos identificados na APR;

Vejamos como funciona na prática:


Deverá ser feita uma inspeção visual da estrutura de um tanque onde é
armazenado um produto conhecido. Esse tanque possui em seu cadastro todos os dados
relativos aos potenciais riscos como Ficha de Informação de Segurança de Produtos
Químicos, Layout, dimensões entre outras. Foram implementadas medidas de controle
para os possíveis riscos. Também, nesse cenário, a atividade não irá acrescentar
quaisquer riscos aos já previamente existentes, uma vez que se trata de inspeção visual.
Este local é um Espaço Confinado Não Perturbado.
Ao término dessa mesma inspeção foi elaborado um relatório onde foi apontado a
necessidade de manutenção onde será empregado oxicorte, processos de solda e
tratamento de superfície. Agora, com a adição dos riscos pela atividade, esse mesmo
ambiente passa a ser um Espaço Confinado Perturbado.

ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS

Ação pela qual o trabalhador adentra um espaço confinado, que se inicia quando
qualquer parte do corpo ultrapassa o plano de uma abertura deste.

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CONHECIMENTO SOBRE PRÁTICAS SEGURAS EM ESPAÇOS


CONFINADOS
A execução de trabalhos que envolvam equipamentos, sistemas e locais que
contenham alguma substância perigosa ou a possibilidade de liberação de grandes
quantidades de energia, sempre estará sujeita à ocorrência de acidentes que poderão
resultar em danos aos trabalhadores, às instalações e ao meio ambiente. A atmosfera
deverá ser avaliada quanto a quanto à presença de gases ou vapores inflamáveis, gases
ou vapores tóxicos, concentração de oxigênio e presença de qualquer outro
contaminante do ar potencialmente tóxico a fim de evitar ocorrências indesejáveis em
espaços confinados.
Ao ser aceita a requisição da permissão de trabalho, e dado início a fase de
planejamento de uma entrada em espaço confinado, será necessária uma avaliação
daquele local sob a responsabilidade do Supervisor de Entrada.
A Análise de Perigos/Riscos busca identificar, antecipadamente, os perigos nos
equipamentos, sistemas e locais, quantificar os riscos associados aos trabalhadores, às
instalações e ao meio ambiente, para, ao seu final, propor medidas de controle.
Cabe aqui também, sem a necessidade de nos aprofundarmos no estudo,
resumirmos o que entendemos como perigo e risco.
Perigo é a propriedade ou condição inerente a uma substância ou atividade capaz
de causar danos às pessoas, as propriedades e ao meio ambiente.
Risco é o potencial de ocorrência de consequências indesejáveis decorrente da
realização de alguma atividade.
Resumindo, seus objetivos seriam:
• Identificar os perigos;
• Estimar o risco de cada perigo (probabilidade de ocorrência e gravidade);
• Avaliar se o risco é tolerável (se não for decidir quais serão as medidas de
controle).
A Análise Preliminar de Perigos/Riscos, a princípio, é uma metodologia aplicada
para identificar e gerenciar os riscos decorrentes da instalação de novas unidades
industriais, equipamentos e sistemas ou da operação dessas unidades, equipamentos e
sistemas já existentes.
As informações necessárias que servirão de base para a APR são:
• Local;
• Instalação (equipamentos ou sistemas);
• Substâncias presentes no espaço confinado;
• Riscos associados à atividade a ser realizada entre outras.

A NR33 apresenta 5 principais riscos


normalmente encontrados num espaço confinado:
físicos, químicos, biológicos, mecânicos e
ergonômicos. Adicionalmente citaremos os riscos
psicológicos.

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ANÁLISE DE PERIGOS/RISCOS

Nome Características Básicas Aplicações Principais Observações


APP – Análise Técnica básica e de Simplicidade permite
Preliminar de Perigo; Revisão dos principais perigos/riscos através primeiro ataque a uma uso geral e ampla
APR - Análise de um formato padrão considerado causas, situação. Serve de participação nos
Preliminar de Risco; efeitos, categorias de perigo/risco e medias revisão de segurança, grupos de estudo.
AST - Análise de preventivas e corretivas desde a fase inicial de Documento de fácil
Segurança da Tarefa, um novo projeto compreensão
Uso antes de tarefas
ATR - Autorização Mesma característica
não rotineiras, e que
para Trabalho em da APP/APR pode ser
existe potencial de
Risco, mais simples usando-
perigo/risco, que
PTE – Permissão para Variante da APP/APR/AST, considerado os se apenas a descrição
deverá ser analisado
Trabalhos Especiais passos de uma tarefa na análise dos passos da
antes de seu início
PTPR - Permissão de atividade, o
para liberação do
Trabalho com perigo/risco e medidas
trabalho e monitorado
Potencial de Risco preventivas
periodicamente
Análise dedicada à área de processamento
químico, busca analisar como o processo
pode se desviar das intenções do seu projeto. Processamento
Através de questionamento estruturado sobre químico e Técnica muito popular
HAZOP – Hazard seus parâmetros (pressão, temperatura, vazão, petroquímico, na engenharia de
and Operability etc.). instalações com processos. Deve ser
Studies (Estudo de Os desvios são aplicados com palavras – automação e controle. aplicada
Operabilidade de guias (mais, menos, nenhum) gerando uma Pode ser aplicada em sistematicamente e de
Risco) análise sobre causas, efeitos, respostas sistemas elétricos forma exaustiva,
capazes de reequilibrar e medidas de controle (fluxo por corrente exigindo disciplina.
em geral. São selecionados pontos-chaves elétrica, etc.)
para a observação dos parâmetros,
denominados nós ou nodos.
Os efeitos
Dispositivos, considerados incluem
FMEA – Failure mecanismos, a possibilidade de
Mode and Effects Análise que busca os principais modos de equipamentos em lesões ao pessoal,
Analysis falhas de um dispositivo, equipamento ou geral, sistemas de dano ambiental e
sistema verificando ainda os efeitos, modos controle de processos. problemas de
(AMFE - Análise de de detecção e ações de compensação a serem Útil na definição de continuidade
Modo de Falha e tomadas em cada caso. ações nas emergências operacional. Técnica
Efeito) operacionais oriundas detalhada, vai ao nível
de equipamentos. dos componentes do
sistema analisado.
Altamente eficiente
Procedimento de revisão dos perigos/riscos quando bem aplicado,
Uso geral em projetos
através de um questionamento livre porem pode ser exaustivo e
What if – (E Se) , procedimento,
estruturado, produz medidas objetivas de única ferramenta de
mudanças, etc.
prevenção e controle análise na grande parte
dos casos

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A avaliação dos riscos, antes da autorização de entrada, através de Análise


Preliminar de Riscos (APR) em espaços confinados é de fundamental importância para a
adoção das medidas de proteção necessárias para a entrada, realização da atividade e
saída do seu interior.
Essa avaliação, que estudará antecipadamente e detalhadamente todas as fases
do trabalho, definirá medidas de controle para os riscos existentes no local garantindo
níveis seguros para a execução da atividade .
Existem várias ferramentas gerenciais que auxiliarão na identificação adequada
dos riscos.
Veja a seguir, alguns dos principais riscos ocorridos durante o trabalho em espaço
confinado:
Aprisionamento
Condição de retenção do trabalhador no interior do espaço confinado, que impeça
a sua saída do local por meios normais de escape ou que possa proporcionar lesões ou a
morte.
Engolfamento
É o envolvimento e a captura de uma pessoa por líquidos ou sólidos finamente
divididos. Condição em que uma substância sólida ou liquida, finamente dividida e
flutuante na atmosfera, possa envolver uma pessoa e no processo de inalação, possa
causar inconsciência ou morte por asfixia.
Explosão/Incêndio
A presença de gás, vapores e pós inflamáveis em espaços confinados constituem
duas situações de risco: Explosão/Incêndio e a exposição do trabalhador a concentrações
perigosas.

RISCOS FÍSICOS

“Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos


existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador.” (NR 09).
Os riscos físicos estão relacionados com as características físicas existentes nos
espaços confinados que representam riscos potenciais de causarem algum desgaste à
integridade física, lesão ou morte do trabalhador. Possuem a qualidade de alterarem as
características ambientais do interior de um espaço confinado. Alguns riscos físicos
podem ser identificáveis pelo senso humano como, por exemplo, o calor de um
maquinário aquecido. A presença deles num espaço confinado representa um risco
ainda maior devido aos meios limitados de acesso, a proximidade ao perigo do qual o
trabalhador possa estar exposto e pela possível demora no resgate de vítimas. São
exemplos mais comuns de riscos físicos:
• Calor ou frio extremo;
• Ruídos;
• Vibração;
• Pressão anormal;

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• Iluminação;
• Radiações ionizantes ou não ionizantes.

RISCOS QUÍMICOS

“Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que


possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição,
possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.”
(NR 09)
São aqueles produzidos pelo contato com substâncias químicas perigosas ou
alterações provocadas nessas substâncias que poderão resultar em algum dano físico aos
trabalhadores. Também podemos afirmar que a falta de algumas substâncias essenciais
à vida humana também seria classificada como um risco químico, como por exemplo, a
falta de oxigênio em determinados ambientes confinados. Nas situações de trabalhos
em espaços confinados os agentes químicos (gases, vapores e aerodispersóides) estão,
geralmente, dispersos na atmosfera do local.
A OSHA estima que 90% de danos e mortes em espaços confinados acontecem
como resultado de uma atmosfera perigosa que possam expor os empregados a um risco
de morte, incapacitação, perda de habilidade para auto resgate, dano ou doença por
uma ou mais das seguintes causas:
• Deficiência ou enriquecimento de oxigênio;
• Presença de substâncias tóxicas em suspensão no ar;
• Atmosferas IPVS (Imediatamente Perigoso à Vida e à Saúde).

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS


A FISPQ é feita de acordo com a NBR14725 e contém uma série de informações
para quem vai trabalhar com produtos químicos, manuseá-los ou transportá-los.
A FISPQ foi criada para fornecer informações sobre vários aspectos dos produtos
químicos (substância ou preparados) quanto à proteção, à segurança, à saúde e meio
ambiente. Em alguns países, essa ficha é chamada Material Safety Data Sheet, MSDS.
CONTEÚDO DE INFORMAÇÃO DA FISQP
• Identificação do produto e da empresa
• Composição e informação sobre os ingredientes
• Identificação de perigos
• Medidas de primeiros-socorros
• Medidas de combate a incêndio
• Medidas de controle para derramamento ou vazamento
• Manuseio e armazenamento
• Controle de exposição e proteção individual
• Propriedades físico-químicas
• Estabilidade e reatividade
• Informações toxicológicas
• Informações ecológicas

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• Considerações sobre tratamento e disposição


• Informações sobre transporte
• Regulamentações
• Outras informações
O fornecedor deve tornar disponível ao receptor/usuário uma FISPQ completa, na
qual estão relatadas informações relevantes quanto à segurança, saúde e meio
ambiente. O fornecedor tem o dever de manter a FISPQ sempre atualizada e tornar
disponível ao usuário/receptor a edição mais recente.
O usuário da FISPQ é responsável por agir de acordo com uma avaliação de
riscos, tendo em vista as condições de uso do produto, por tomar as medidas de
precaução necessárias numa dada situação de trabalho e por manter os trabalhadores
informados quanto aos perigos relevantes no seu local individual de trabalho.

RISCOS BIOLÓGICOS

Ocorrem por meio de micro-organismos que, em contato com o homem, podem


provocar inúmeras doenças. Os agentes biológicos mais conhecidos são:
• Bactérias;
• Fungos;
• Bacilos;
• Parasitas;
• Protozoários;
• Vírus.

Podem ser encontrados em locais que contenham, por exemplo água


contaminada, animais, redes de descarga, tratamento ou direcionamento de esgoto,
entre outros.
O Anexo 14 da NR-15 trata de forma genérica sobre os agentes biológicos,
mas relacionando-se apenas às atividades que envolvam a sua presença e não com o
agente propriamente dito. A exposição aos agentes biológicos sem a devida proteção
poderá causar, desencadear ou agravar uma série de problemas de saúde. Os meios de
contaminação por agentes biológicos ocorrem através da respiração, contato ou
ingestão.

RISCOS MECÂNICOS

Os riscos mecânicos estão relacionados com o contato físico direto com a vítima
para produzir o mecanismo nocivo de lesão. Portanto, o trabalhador ao manusear uma
ferramenta ou ficar exposto a algum sistema não protegido poderá ser vítima de lesões
graves, incapacitantes ou que o leve até a morte. São exemplos de riscos mecânicos:
• Descarga de energia (Equipamentos energizados, aquecidos, pneumáticos
ou hidráulicos);
• Derramamento de líquidos;
• Materiais perfurantes ou cortantes;

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• Equipamentos ou materiais (cargas) em movimento;


• Quedas, escorregões ou tropeções;
• Engolfamento;
• Aprisionamento;
• Soterramento;
• Partes Móveis;
• Condições IPVS.

RISCOS ERGONÔMICOS

Os riscos ergonômicos são aqueles introduzidos nos ambientes de trabalho e


inadequados às limitações dos seus usuários. Sua atuação é caracterizada por atingirem
exclusivamente os trabalhadores. Provocam lesões crônicas que podem ser de natureza
psicofisiológica. São exemplos de riscos ergonômicos:
• Posturas inadequadas adotadas durante deslocamento;
• Esforço físico;
• Estafa mental;
• Controle rígido de produtividade;
• Situação de estresse;
• Trabalho em período noturno;
• Monotonia;
• Repetitividade.

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ATMOSFERAS DEFICIENTES EM OXIGÊNIO

Um espaço confinado se torna deficiente de oxigênio quando o oxigênio presente


na atmosfera é de modo idêntico, substituído, absorvido ou consumido.

➢ Consumo:
• Oxidação de metal;
• Combustão (soldas);
• Secagem de pinturas e revestimentos;
• Decomposição de material orgânico (fermentação);

➢ Substituição:
• Introdução de algum gás inerte (nitrogênio, dióxido de carbono, hélio, etc);

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• Os gases inertizantes são classificados como Asfixiantes Simples e deixam a


atmosfera com 0% de oxigênio;
• Substituição da atmosfera pela emissão de vapores de alguma substância
volátil;
• Carvão ativo no interior de câmaras ou reatores;

➢ Adsorção:
Considera uma atmosfera deficiente em oxigênio aquela contendo menos de
19,5% de oxigênio em volume. A NR15 define que o Limite de Tolerância do oxigênio é
de 18% por volume. A NR33 modernizou esse entendimento, adotando uma postura
mais conservadora ao definir uma atmosfera deficiente de oxigênio aquela que contenha
uma concentração de oxigênio inferior a 19,5% por volume. É praticamente impossível
assegurar que todos os trabalhadores sofrerão as mesmas reações de modo idêntico por
falta de oxigênio ou pela diminuição da pressão parcial do oxigênio.
Hoje é obrigação dos empregadores adotarem um programa de proteção
respiratória para espaços confinados. Porém, é comum nos preocuparmos com o
fornecimento de proteção respiratória em espaços confinados somente na execução
direta de trabalhos em atmosferas IPVS ou nas situações de resgates. A norma não
proíbe que trabalhos em espaços confinados não sejam realizados em atmosferas com
menos de 19,5% de oxigênio. Ela permite que sejam autorizados os trabalhos nessas
concentrações inferiores a 19,5% desde que seja oferecida a proteção respiratória
devida. Portanto, nesse caso, a norma se refere aos equipamentos de escape que
providenciariam o auto socorro dos trabalhadores autorizados quando forem alertados
por algum equipamento ou reconhecimento de alguma condição perigosa na atmosfera
de trabalho em que estão inseridos.

ATMOSFERAS ENRIQUECIDAS DE OXIGÊNIO

Materiais inflamáveis por ventura existentes nos espaços confinados poderão,


rapidamente, se inflamar em atmosferas enriquecidas de oxigênio, como por
exemplo, vazamento de um cilindro ou uma linha de ar, ou uma ventilação
inadequada do local. A NR33 define uma atmosfera rica em oxigênio aquela que
contém uma concentração acima de 23% por volume. A OSHA define uma atmosfera
enriquecida aquela que conter 23,5% de oxigênio.

ATMOSFERAS EXPLOSIVAS

O risco de explosão deve levar em consideração as condições da atmosfera no


interior do espaço confinado e a existência de resíduos (gases, vapores ou poeiras) que
possam estar presentes ou terem sido produzidos pelo trabalho que está sendo
executado. Altas concentrações de gases inflamáveis no interior de um espaço confinado
podem produzir uma atmosfera explosiva. Os resíduos podem representar um risco de
explosão quando estiverem sendo executados trabalhos a quente dentro do espaço
confinado ou em sua estrutura, por exemplo.

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Algumas das condições mais conhecidas que podem produzir uma atmosfera
explosiva ou um risco de incêndio durante trabalhos quentes são:

• Carga remanescente no interior do espaço confinado;


• Solda de corte ou vazamentos de gás;
• Escoamento de carga ou canalização de combustível;
• Revestimentos e preservantes de tanques;
• Vazamentos de materiais inflamáveis nas adjacências do espaço
confinado;
• Decomposição de material orgânico no interior do espaço confinado;
• Materiais existentes no interior do espaço confinado capazes de se inflamar
na presença de trabalhos quentes (trapos, madeira, papel, cordas, etc.).

ATMOSFERA COM POEIRA COMBUSTÍVEL

Chamamos a atenção para uma situação bastante complexa quando nos


deparamos com uma mistura de poeira combustível com o ar dentro de um espaço
confinado. Tal como gases ou vapores essas poeiras podem estar presentes nos espaços
confinados como sendo o próprio conteúdo ou podem ter sido introduzidas como
resultado de trabalhos executados, como por exemplo: solventes de limpeza, pintura
etc. Essas misturas somente sofrerão uma ignição se as suas concentrações estiverem
dentro de seus limites de explosividade definidos.
Deveremos ter o máximo de cuidado com o procedimento de ventilação do espaço
confinado. As camadas de poeira, ao contrário dos gases e vapores, não são diluídas
através dela. A ventilação poderá aumentar ainda mais o risco, pois serão criadas
nuvens de poeira que resultarão numa propagação maior. As partículas podem ser
agitadas, se espalharem ou incendiarem-se devido o atrito.

FONTES DE IGNIÇÃO

Quando existir uma atmosfera inflamável em um espaço confinado, poderemos


encontrar diversas fontes de ignição possíveis de se provocar um incêndio ou uma
explosão:
• Chamas abertas - soldas, aquecedores;
• Arcos elétricos - fios partidos, terminais, relês, chaves;
• Centelhas - ferramentas de aço em friccionando metal ou cimento;
• Energia estática – ocorre quando há a atrito entre materiais;
• Reações químicas - reações do próprio material ou reações do material em
contato com o oxigênio.

GASES TÓXICOS

Gases tóxicos podem causar problemas de saúde para os trabalhadores ou até


mesmo a sua morte. A presença de agentes contaminantes quase sempre é resultante

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da sobra de substâncias que outrora estavam armazenadas nos espaços confinados, ou


pelo uso de revestimentos, solventes ou preservantes nesses locais.
A decomposição de material orgânico não apenas substitui o oxigênio como
também pode produzir gases como o metano, o monóxido de carbono, o dióxido de
carbono e o sulfato de hidrogênio. Também é possível que gases tóxicos penetrem em
um espaço confinado durante uma entrada por causa de procedimentos de isolamento
incorretos.
Se o material usado para a execução dos serviços de reparo ou manutenção for
tóxico, é necessário o conhecimento de sua FISPQ-Ficha de Informações de Segurança
de Produtos Químicos. Baseado nas informações constantes na ficha o empregador é
obrigado a adotar os procedimentos adequados para assegurar a saúde e a segurança
de seus empregados. As fichas devem ser adotadas principalmente quando o
contaminante não é muito conhecido.
As informações sobre os perigos dos produtos tóxicos quanto a sua natureza e
seu o tempo de exposição e as demais condições de trabalho encontram-.se
definidos na NR15-Atividades e Operações Insalubres do Ministério do Trabalho. Na
ausência de qualquer recomendação ou na existência de recomendações mais restritivas
tanto a NBR16.577 como a NR9 dão o amparo para nos basearmos em outros padrões,
em especial a ACGIH-American Council of Governmental Industrial Hygienists, o mais
aplicado no Brasil e Europa.

Os gases tóxicos são classificados em irritantes, anestésicos e asfixiantes, a saber:

➢ Irritantes – Provocam lesões de natureza inflamatória, localizada na pele


ou na mucosa.
➢ Anestésicos – Provocam perda total ou parcial da sensibilidade agindo de
forma depressiva sobre o sistema nervoso central.
➢ Asfixiantes – É o estado mórbido resultante da falta de oxigênio no ar
respirado ou que produz grave ameaça à vida. Se subdivide em:
➢ Asfixiantes simples: Sua presença diminui a concentração de oxigênio no
ar, por isso são perigosos em concentrações muito elevadas. Exemplos:
N2, He,CO2, etc.
➢ Asfixiantes Químicos Impedem a chegada de O2 aos tecidos. Sua
atuação pode ocorrer de diferentes maneiras por exemplo: CO fixa-se na
hemoglobina no lugar do O2.

GÁS SULFÍDRICO - H2S


Considerada uma das substâncias mais agressivas ao ser humano. Sua presença
é resultado de algum processo bacteriológico no espaço confinado.
É um gás tóxico irritante, incolor, inodoro e em pequenas concentrações apresenta
cheiro de ovo podre, porém inibindo o olfato após alguns instantes. Em altas
concentrações inibe o olfato imediatamente após a exposição.
Os efeitos desse gás sobre o ser humano são diversos. Tudo vai depender da
presença de duas variáveis: o tempo de exposição e a concentração encontrada do

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agente. As literaturas de saúde ocupacional mais recorrentes identificaram as seguintes


reações:

EXPOSIÇÃO AO TEMPO EFEITO


< 30 ppm Odor de ovo podre
Queimação nos olhos, dor de cabeça, respiração
Entre 15 a 25 ppm
ofegante, perda do apetite, tonturas
8 ppm x 8 hrs Nenhum (LT)
50 ppm x 1 hr Conjuntivite aguda, dores, lacrimejamento, fotofobia
50 a 100 ppm x 1 hr Irritação moderada nos olhos e garganta
200 a 300 ppm x 1hr Forte irritação, câimbras, queda de pressão sanguínea
250 ppm exposição prolongada Edema pulmonar
500 a 700 ppm x 1,5hr Inconsciência e morte por parada respiratória
Coma após um simples respirar, inconsciência e morte
Acima de 1.000 ppm x minutos
por parada respiratória

MONÓXIDO DE CARBONO – CO

Sua presença em um espaço confinado é resultada da combustão, corrosão, solda,


ou proveniente de locais adjacentes ao espaço confinado. É um gás tóxico, asfixiante,
incolor e inodoro. Nosso organismo (pulmão) possui o comportamento de absorver o CO
até 300 vezes mais rápido do que o O2.
Não existe um antídoto específico para o monóxido de carbono. Nos casos de
severa contaminação o oxigênio hiperbárico pode ser benéfico. As principais reações
adversas identificadas são:

EXPOSIÇÃO AO TEMPO EFEITO


200 ppm x 3hrs Ligeira dor de cabeça e desconforto
600 ppm x 1hr Dor de cabeça
1.000 a 2.000 ppm x 30 min Palpitação leve
1.000 a 2.000 ppm x 1,5 hr Desorientação, tendência a tropeçar
1.000 a 2.000 ppm x 2 hrs Confusão
2.000 a 5.000 ppm Inconsciência
10.000 ppm Morte

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DETECÇÃO DE GASES

MONITORAMENTO
É impossível se determinar o percentual de oxigênio ou a existência de agentes
químicos presentes em determinada atmosfera utilizando somente nossos sentidos. Em
sua grande maioria gases e vapores tóxicos ou inflamáveis, não possuem cor ou odor,
onde jamais será recomendado que se confie somente em nossos sentidos para
determinar a qualidade do ar em um espaço confinado. A má qualidade do ar em locais
confinados representa sério risco à saúde humana, principalmente se, medidas de
proteção individual e/ou coletiva não forem aplicadas devidamente de acordo com a
necessidade imposta pelo tipo de serviço a ser executado.

O estudo sobre esses agentes químicos e sua ação sobre o corpo humano devido
ao exercício da atividade laboral dos profissionais do setor industrial é chamado de
Toxicologia Industrial. Mas por que nos referimos aos agentes químicos como venenos?
Em 1567, o controverso Paracelso (Theoperastus Bombastus Von Honhenheis), já
demonstrando sinais de um novo pensamento que se mais aproximava da ciência
química atual, proferiu durante os estudos sobre afecções provocadas nos mineiros da
região do Tirol, a célebre frase de sua autoria: "Todas as substâncias são venenos. É a
dosagem que os diferencia entre venenos e remédios".
Portanto, as substâncias químicas serão consideradas venenos nocivos aos seres
humanos, quando expostos em concentrações perigosas. A consideração importante para
uma análise ambiental de uma atmosfera de risco é relacionar a concentração existente
ou a sua dosagem mínima a partir da qual o produto se torna perigoso. Dos fatores
relacionados com a dosagem do produto que poderão causar alguns males à saúde do
trabalhador exposto, destacam-se os seguintes:
• Concentração ou quantidade do produto;
• Duração da exposição;
• Estado de dispersão (tamanho da partícula ou estado físico);
• Afinidade com o tecido do corpo humano;
• Solubilidade nos fluidos dos tecidos humanos;

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• Sensibilidade dos órgãos ou tecidos do corpo humano.


Na avaliação dos agentes químicos possíveis de existirem nos espaços confinados,
aqueles que realmente vão nos interessar são os gases, os vapores e os
aerodispersóides. Isso se deve à facilidade de se manter suspensos na atmosfera
contaminada de determinado ambiente, provocando desconforto aos trabalhadores lá
inseridos, diminuindo a eficiência e produtividade do serviço em execução, e,
principalmente, provocando alterações imediatas ou somáticas na saúde, podendo
resultar em doenças ocupacionais com incapacitação ou até mesmo a morte.
Gases são substâncias que em seu estado normal não são líquidas ou sólidas
dentro das condições normais de temperatura e pressão (ao nível do mar).
Vapores são produzidos por emanações de alguma substância, geralmente no
estado líquido. Essas emanações são provocadas pelas alterações na temperatura e
pressão do local. É possível que os vapores tenham odor dependendo da substância da
qual eles evaporaram.
Aerodispersóides são partículas de tamanho extremamente reduzido que ficam
suspensas no ar. São formadas por: poeira, névoas, neblinas, fumos, vapores e gases.

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A segurança industrial é o setor responsável pela condução dessas avaliações,


devendo os resultados serem registrados e comparados com os limites estabelecidos
pelas normas de segurança e saúde. Nos setores de óleo & gás, petroquímico e químico,
grandes quantidades de gases e líquidos inflamáveis, tóxicos ou asfixiantes devem ser
processadas de maneira segura.
Todavia, é quase impossível o controle absoluto de todas essas substâncias
envolvidas. Por isso, a detecção e medição dessas substâncias nos ambientes industriais,
como por exemplo, os espaços confinados, têm recebido cada vez maior importância na
análise de riscos.
A organização das avaliações é muito importante. O espaço deve ser testado
imediatamente antes de qualquer entrada e monitorado ao longo da entrada para os três
possíveis perigos a seguir (nesta ordem):

• Deficiência de Oxigênio ou Enriquecimento;


• Explosividade; e
• Atmosferas Tóxicas.

Qualquer preparação para uma entrada deverá seguir as três orientações:


• Primeiro - a atmosfera deve ser avaliada para se determinar se ela é
aceitável para a autorização de uma entrada;
• Segundo - a atmosfera deve ser avaliada durante a entrada para se
verificar se as condições ainda estão mantidas em um nível aceitável;
• Terceiro - em algumas situações, será necessário avaliar a exposição dos
trabalhadores aos contaminantes gerados possivelmente pelos processos
desenvolvidos durante a entrada.

TIPOS DE GASES

TIPO EXEMPLO EFEITO


Nitrogênio (N2)
Tomam o lugar do O2 tornando a atmosfera
ASFIXIANTES Dióxido de Carbono (CO2)
deficiente de oxigênio
Argônio (Ar)
Metano (CH4)
Hidrogênio (H2)
Quando expostos e misturados com o ar, ao
Butano (C4H10)
INFLAMÁVEIS receber uma fonte de calor adequada
Etano (C2H6)
poderá entrar em combustão
Hexano (C6H14)
Metanol (CH3OH)
Monóxido de Carbono (CO)
Extremamente prejudiciais à saúde
Gás Sulfídrico (H2S)
humana, podendo causar inúmeros efeitos
Amônia (NH3)
TÓXICOS reversíveis ou irreversíveis, ou até levar à
Gás Cianídrico (HCN)
morte, dependendo da concentração e do
Dióxido de Enxofre (SO2)
tempo de exposição.
Cloro (Cl)

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PROPRIEDADES DOS GASES E VAPORES

A detecção de gases, vapores e aerodispersóides em espaços confinados é uma


fase muito importante na análise de riscos para trabalhos em espaços confinados.
Dependendo do resultado e das medidas de controles disponíveis, a monitoração da
atmosfera onde se realizará o serviço deverá estar provida de um sistema de informação
contínuo da qualidade do ar daquele local. Também nem sempre é possível avaliar
minuciosamente todas as substâncias presentes no ambiente de trabalho. Portanto, de
acordo com o seu estado físico encontrado nos ambientes industriais, os agentes
químicos se apresentam da seguinte forma:

DENSIDADE
Quando falamos de densidade, a grosso modo estamos falando do peso dos gases
ou vapores. Mas os gases têm peso? A resposta é afirmativa, sendo matéria, os gases
consequentemente têm peso. A referência é o ar atmosférico e para ele atribuímos um
valor igual a 1. Imagine uma pequena área de 1 cm² no chão ao nível do mar. A coluna
de ar que se ergue sobre essa área e cuja altura é igual a da nossa atmosfera tem um
peso correspondente a 1 kg ao nível do mar.
Os gases com densidade maior do que 1 são mais pesados do que o ar, portanto
tendem a descer. São considerados os mais perigosos, por exemplo: Propano (1,56),
Butano (2,05). Os gases com densidade menor do que 1 são mais leves do que o ar,
portanto tendem a subir. São considerados menos perigosos, por exemplo: Amônia
(0,59) e Monóxido de carbono (0,97).
Esse é um importante critério para se determinar o posicionamento dos
dispositivos de detecção de gases para que se tenha uma análise qualitativa e
quantitativa precisa.

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PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Supondo que o corpo de uma pessoa adulta tenha cerca de 15.000 cm² de
superfície, o peso do ar que atua sobre a pessoa será de aproximadamente 15.000 kg. A
isso chamamos de pressão atmosférica, o peso da coluna de ar que se apoia sobre o
corpo do indivíduo. Essa pressão poderá variar, pois como vimos na definição de
densidade, o peso da coluna de gás que ergue é determinado em razão do nível de
altitude de que nós estamos em relação a nossa atmosfera. Portanto, em lugares mais
altos, a pressão é menor, e em lugares ao nível do mar é maior. Além da temperatura, a
pressão atmosférica também influi na mudança de estado. Quanto menor a pressão
exercida sobre a superfície de um líquido, mais fácil é a vaporização, pois as moléculas
do líquido encontram menor resistência para abandoná-lo e transformar em vapor.
Mas se a pressão que o ar exerce sobre todas as coisas é tão grande, porque esse
peso todo não esmaga as pessoas? Isto não ocorre porque o ar também penetra no
corpo e faz pressão de dentro para fora. Além disso, a pressão do sangue dentro dos
vasos sanguíneos (artérias e veias) também é proporcional à pressão exterior. Dessa
forma, a pressão interna fica "equilibrada" com a pressão externa. Uma coisa compensa
a outra. Enquanto as pressões de dentro para fora e de fora para dentro forem iguais
não ocorrerá o "esmagamento" de ninguém.

ELASTICIDADE
Os gases são elásticos, isto é, são compressíveis e extensíveis. Podem tanto ser
comprimidos, quanto podem ser estendidos quando é repuxado por uma força de tração.
Logo, entendemos que uma mesma quantidade de um gás pode ocupar um volume
pequeno ou grande. Resumindo, elasticidade é a propriedade que um gás tem de se
comprimir ou se distender de acordo com o espaço disponível e a pressão que sobre ele
atua.

EXPANSIBILIDADE
É a capacidade que tem um gás de se espalhar ou expandir pelo espaço, ocupando
um volume cada vez maior. Um detalhe importante aqui é o fato de quando um gás se
expande ocupando um espaço cada vez maior, a quantidade de suas moléculas não
aumenta. Elas apenas ficam cada vez mais afastadas umas das outras. Um exemplo
prático é aquele que ocorre com a amônia, por exemplo, quando ao abrirmos o
recipiente em que ela está acondicionada percebemos rapidamente a sua presença pelo
forte odor. Isto ocorre porque as partículas da amônia se expandem rapidamente pelo
espaço.

PONTO DE FULGOR
É a menor temperatura na qual um combustível libera vapores em quantidade
suficiente para formar uma mistura inflamável. Para efeitos de classificação são
identificados os líquidos inflamáveis que possuem ponto de fulgor < 60° C.
• Gasolina: -38°;
• Álcool: +22°;

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• Diesel: +43,3°.
Em geral, produtos que possuem um ponto de fulgor baixo têm um potencial para
gerar uma atmosfera explosiva com maior facilidade.

TEMPERATURA DE AUTO-IGNIÇÃO

É a menor temperatura em que os gases desprendidos de um corpo combustível


formam uma concentração de gás inflamável que explode ao entrar em contato com o
oxigênio existente no ar, independentemente da existência de fonte externa de calor.
• Metano: +595°;
• Querosene: +210°;
• Acetileno: +305°;
• Hidrogênio: +560°;
• Propano: +470°;
• Monóxido de Carbono: +605°.

LIMITE DE EXPLOSIVIDADE

Um gás ou o vapor inflamável desprendido de um combustível tem que se


misturar com o ar na proporção ideal para se transformar numa atmosfera explosiva.
Essa mistura diferente para cada tipo de gás é expressa pelo Limite de Explosividade ou
Faixa de Explosividade que mede a sua concentração mínima ou máxima ideal para criar
uma atmosfera explosiva.

A menor porcentagem que fará essa mistura se incendiar é chamada de LIE -


Limite Inferior de Explosividade. A NR33 classifica como uma atmosfera de risco com
uma mistura de gás I vapor ou névoa inflamável, as concentrações superiores a 10% do
seu LIE, ou poeira combustível viável em uma concentração que se encontre ou exceda o
LIE.
A porcentagem mais alta de gases e vapores que uma mistura encontra-se
concentrada, de modo que a quantidade de oxigênio é tão baixa que uma eventual

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ignição não consegue se propagar pelo espaço confinado é chamada de LSE - Limite
Superior de Explosividade.

Para que um incêndio ou uma explosão ocorra, três elementos devem estar
presentes nas proporções ideais: oxigênio, combustível e uma fonte de calor. Suprimindo
um desses elementos o risco de incêndio estará eliminado.
AOSHA e a NFPA exigem que a leitura de um gás inflamável esteja abaixo de
10% do LIE para entrada, mas o ideal é que se encontre uma leitura de gás inflamável
de 0% para permissões de entrada e trabalhos quentes em espaços confinados.

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LIMITES DE TOLERÂNCIA

O Anexo 11 da NR-15 define o LT - Limite de Tolerância como sendo a


concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo
de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua
vida laboral. Os índices estabelecidos são adaptações do Limite de Tolerância Valor Teto
- TLV da ACGHI. O grande problema enfrentado é que essas adaptações ocorreram em
1978, época em que a jornada de trabalho no Brasil era de 48h semanais. Os valores da
ACGHI se referem à jornada americana que é de 40h semanais. O impasse continua,
mesmo diante de nossa Constituição Federal de 1988, que alterou a jornada brasileira
para 40h semanais.

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Outra ideia equivocada que se extrai, às vezes, da definição do LT é de que um


trabalho realizado abaixo de qualquer valor estipulado não representaria risco à saúde.
Lembre-se que um grande número de substâncias químicas são extremamente
agressivas a ponto de, comprovadamente, serem causadoras de câncer. Essas situações
podem ser tão graves que basta apenas uma exposição para que seja atingida uma
única célula que desencadearia todo o processo cancerígeno pelo corpo do trabalhador.
Portanto, devemos ter um rigoroso respeito aos Limites de Tolerância fixados e às
condições em que eles devem ser aplicados, pois a sua criação foi somente proposta
para tornar possível a continuidade operacional dos serviços em execução, sob
determinadas medidas de controle imprescindíveis.
Ressalta-se que não devemos confundir o teor do Anexo 11 com o Anexo 13 da
NR-15. Esse último aplica-se somente para os casos que envolvam o emprego, a
manipulação e o manuseio de substâncias que não possuem LT listado pelo Anexo 11 e
que caracterizam o risco pelo fato de existir a possibilidade de contato direto da pele
com a substância. (Ex: hidrocarbonetos, arsênico, carvão, chumbo, cromo, mercúrio,
entre outros).
Valores definidos pela ACGIH como sendo as concentrações dos agentes químicos
ou físicos no ambiente de trabalho, sob as quais se acredita que a maioria dos
trabalhadores pode ficar continuamente exposta durante sua vida laboral sem sofrer
efeitos adversos à sua saúde.
Para um estudo um pouco mais aprofundado sobre o tema, para efeitos de
monitoramento e avaliação de exposição, ainda adotamos outros limites:

• LT-VT- Limite de Tolerância com Valor Teto - devido à alta toxidade de


algumas substâncias, estudos concluíram que o LT não seria suficiente para
assegurar a proteção adequada dos trabalhadores. Uma simples exposição
acima desses limites poderia acarretar um efeito prejudicial irreversível à
saúde. Logo se estabeleceu o LT-VT (TLV-Ceiling) para as substâncias que
possuem Valor Teto que não podem ter o LT ultrapassado em nenhum
momento durante a jornada de trabalho.

• TWA- Time Weight Average Concentration (Limite de Tolerância


Média Ponderada no Tempo (MPT)) - Caracteriza a exposição durante a
jornada diária de 8 horas, na qual o trabalhador pode ser exposto,
repetidamente, dia após dia, sem algum efeito adverso. Permite períodos de
exposição acima do LT, desde que sejam compensados adequadamente por
períodos de exposição abaixo do LT para reduzir a exposição total a níveis
aceitáveis.

• STEL- Short Term Exposure Limit (Limite de Exposição para Curta


Duração) - é a concentração a que os trabalhadores podem ficar expostos,
continuamente, por um curto período sem sofrer alterações orgânicas
significativas (irritação, lesão tissular crônica ou irreversível e narcose) com
as seguintes limitações:

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✓ Duração média de 15 minutos, no máximo quatro vezes ao dia, com


intervalo mínimo de uma hora entre as exposições;
✓ Não pode ser excedido em nenhum momento da jornada;
✓ Os efeitos toxicológicos devem ser conhecidos.

Muitos gases e vapores não possuem o TLV-STEL determinado pela ACGIH.


Não são limites de interpretação independentes, oferecem limite para uma
exposição aguda a um determinado contaminante cujo TLV foi baseado em exposições
crônicas ou de longo período. Portanto, sob hipótese nenhuma, não pode ser excedido
mesmo que a exposição por 8 horas esteja abaixo da média (TWA). São importantes,
pois servem de base para os Planos de Emergência nos procedimentos de abandono da
área em caso de acidente com vazamento de gases ou vapores tóxicos, quando é
conhecida a concentração da substância presente no ambiente.
• LTEL- Long Term Exposure Limit (Limite de Exposição Para Longa
Duração) - permite um longo período de exposição. Este período é de 8
horas.

CARACTERÍSTICAS DOS GASES MAIS CONHECIDOS


Para efeitos de um simples estudo, apresentamos a tabela da do TLV-TWA da
ACGHI para algumas substâncias conhecidas:

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CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO, SELEÇÃO E USO DE


EQUIPAMENTOS PARA CONTROLE DE RISCOS

Durante as avaliações de riscos e atmosféricas devem ser observados, no mínimo,


o seguinte:
• Seleção dos instrumentos apropriados segundo a exata necessidade do
usuário;
• Checar e testar os instrumentos quanto a sua leitura de dados;
• Utilizar os instrumentos de uma maneira que se assegure de que a
atmosfera tenha sido meticulosamente avaliada;
• Correta interpretação dos resultados medidos.
O que devemos levar em consideração ao selecionar um determinado
equipamento de detecção de gases durante uma análise de riscos:
• Por que estou realizando uma medição de gases?
• Quais são os gases que estou reconhecendo ou medindo e em que escala?
• Por quanto tempo pretendo fazer a medição?
• Em qual ambiente estarei fazendo as medições?
• Existem outros fatores relevantes?
• Existem riscos decorrentes à atividade a ser realizada?
• Existem riscos que são externos ao espaço confinado, mas pode afetar a
segurança interna?
Inicialmente, trataremos sobre equipamentos para avaliações atmosféricas e
posteriormente equipamentos auxiliares para controle de risco e prevenção de acidente.
Algumas razões para se realizar uma medição de gases são:
• Monitoramento e controle ambiental;
• Proteção coletiva dos trabalhadores;
• Indicação de Equipamento de Proteção Individual;
• Identificação de vazamentos de gases;
• Entradas em espaços confinados.
Já discutimos os tipos de gases que mais facilmente encontraremos nos espaços
confinados. A importância de sabermos, antecipadamente, quais substâncias estarão
sendo reconhecidas ou identificadas se justifica na seleção do melhor equipamento para
aquela determinada substância sob determinada concentração e condições atmosféricas.
O tempo de medição é importante devido à necessidade de se utilizar
equipamentos providos de baterias de longa duração ou recarregáveis, se o
monitoramento da atmosfera se estender por longos períodos.
O conhecimento do ambiente onde serão realizadas as medições é importante
para a seleção dos sensores indicados e pela necessidade de utilização de equipamentos
especialmente protegidos para o caso de áreas classificadas.
Outros fatores importantes que serão considerados na indicação de equipamentos
de detecção são:
• Custo do equipamento, seus acessórios e sua manutenção;
• Peso do equipamento;
• Facilidade de operação;
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• Equipamentos para áreas classificadas;


• Certificação do equipamento;
• Precisão do equipamento.

MONITORAMENTO INICIAL

Essa avaliação prévia leva em consideração a leitura inicial diretamente oferecida


pelo equipamento como amostra do nível do oxigênio, gases combustíveis e
contaminantes. O avaliador deve aguardar pelo tempo necessário para permitir que o
instrumento efetue a avaliação e forneça a resposta. Se forem encontradas condições
seguras, os resultados devem ser registrados na permissão de entrada para que a
mesma possa ser autorizada. O espaço confinado deve ser avaliado no topo, no meio e
no fundo, por causa da estratificação dos gases e vapores dada a diferença de densidade
dos que possam ocorrer no interior do espaço. É muito importante conhecermos a
densidade dos gases para podermos identificar o seu comportamento, ou seja, se ele, ao
vazar, vai subir ou vai se depositar nas camadas mais baixas do local.
Longos espaços confinados horizontais também devem ser completamente
avaliados por todo o seu comprimento. A OSHA determina que as leituras sejam
efetuadas no mínimo a cada 4 pés uma da outra.
Alguns locais confinados poderão ser avaliados adequadamente a partir da mesma
boca de visita utilizada para entrada. Se isso não for possível, será necessária a abertura
de outras bocas de visita, acesso ao local utilizando adequada proteção respiratória e/ou
utilização de sonda para amostragem remota.

MONITORAMENTO DURANTE A ENTRADA

Embora a avaliação prévia indique que atmosfera no interior do espaço confinado


esteja segura para autorizar a entrada, o mais importante é que o monitoramento seja
contínuo, pois as concentrações poderão se alterar a qualquer instante como resultado
das atividades que estão sendo executadas no interior, vazamentos, reações adversas
entre outras circunstâncias ou nas proximidades do local. Um enriquecimento ou
diminuição repentina do oxigênio ou um vazamento de gases inertes ou tóxicos para o
interior são motivos para um monitoramento contínuo enquanto durarem os trabalhos.
O equipamento de detecção de gases deverá ser fixado ao corpo do trabalhador
durante toda a atividade para que a avaliação possa determinar até mesmo a menor
variação ocorrida na atmosfera com maior rapidez. Os detectores de gás devem possuir
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sinais sonoros, visuais e vibração que, uma vez identificada alteração na atmosfera do
local do trabalho, informe ao trabalhador a necessidade de abandonar o local.
Poderá ser exigido a avaliação de substâncias específicas e prejudiciais à saúde do
trabalhador. Para tal a avaliação dessas substâncias por equipamentos ou a coleta de
amostras dessas deve ser realizada por pessoal treinado e protegido adequadamente
(roupas de proteção e proteção respiratória) conforme análise de risco.

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES

Existe uma variedade de modelos de equipamentos de identificação e medições de


gases e vapores. Podem ser fixos ou portáteis fornecendo dois tipos de leitura: direta e
indireta, cada qual com suas vantagens e desvantagens. Na detecção de gases para
espaços confinados utilizaremos equipamentos portáteis de leitura direta já que é
necessária a análise e interpretação completa por parte dos trabalhadores a fim de
responderem em caso de alteração das condições atmosféricas.

MULTIGÁS
Esses equipamentos de leitura direta são utilizados para a detecção de mais de
uma substância simultaneamente. A NR-33 obriga que esse detector seja
intrinsecamente seguro e, normalmente, é empregado para detectar no mínimo 4 gases.
Os mais aplicados são para oxigênio, monóxido de carbono, H2S e gases ou vapores
inflamáveis.

Os sensores eletroquímicos são sensores inteligentes (individual para cada


substância) onde um gás é difundido no interior do sensor e reage produzindo uma
corrente que resulta em informações da concentração indicada. São baratos, podem ser
substituídos e são intercambiáveis dependendo do modelo de equipamentos. São
indicados para a maioria dos agentes químicos, CO, H2S, O2, SO2, NH3, Cl2, HCN, HCI e
vapores orgânicos. As desvantagens desses sensores são: sensibilidade a alterações da
umidade e fácil descalibração em altas concentrações.

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Os sensores catalíticos são sensores que se utilizam do princípio da combustão


e, por isso, são indicados para gases ou vapores inflamáveis. Dentro do sensor existe
um filamento metálico embebido com um catalizador. A combustão ocorre quando o gás
passa por esse filamento que está energizado sob certa temperatura. A alteração nessa
temperatura provoca uma alteração na resistência. Essa alteração na corrente elétrica do
circuito se transforma em um sinal elétrico que é tratado de forma que seja feita a
medida de 0 a 100% do LIE. As desvantagens desse tipo de sensor são: facilidade de
envenenamento por algumas substâncias tóxicas, necessidade de existir oxigênio na
atmosfera para produzir combustão, satura em altíssimas concentrações de
hidrocarbonetos.

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Os sensores infravermelhos funcionam de forma a produzir uma luz


monocromática no infravermelho que mede a sua absorção pelo gás que está
analisando. É o sensor indicado para medir gases ou vapores combustíveis nas
atmosferas com pouco ou nenhum oxigênio. É imune aos compostos passíveis de
envenenamento e funciona bem em concentrações de alguns hidrocarbonetos pesados.
Também é o melhor sensor para se detectar o CO2. A principal desvantagem desse
sensor é o seu alto custo.

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O próprio instrumento coleta, analisa as substâncias e determina as características


atmosféricas do espaço confinado. Em espaços confinados um acessório importante é a
utilização de uma sonda de coleta da atmosfera. Um adaptador é instalado no
equipamento de forma que sua bomba automática proporcione a sucção de atmosfera
contaminada para o interior do equipamento a fim de se realizar a leitura dos gases. O
tamanho da sonda é relativo à potência da bomba do equipamento.
Podemos dizer que sua importância é vital para se classificar ou "desclassificar"
uma área de risco. É o instrumento pelo qual:
• Identifica a presença ou não de contaminantes ou gases/vapores
explosivos;
• Identifica a concentração de oxigênio;
• Determina as características atmosféricas do espaço confinado através
de uma leitura direta;
• Determina qual EPI a ser utilizado;
• Determina o equipamento a ser utilizado para áreas classificadas;
• Determina a possibilidade de uso de equipamentos não certificados;
• Determina pelo alarme a presença de algum gás ou vapor em
concentrações IPVS;
• Possibilidade de armazenamento de dados (memória interna);
• Rapidez na resposta das medições.

As desvantagens do multigás são:


• Variedade de sensores para substâncias específicas limitadas;
• Limitações de faixa para medições de altas concentrações ("range");
• Vida útil limitada de alguns sensores;
• Necessidade de calibrações constantes de alguns equipamentos;
• Rápida saturação ou contaminação de alguns sensores;
• Sensibilidade de alguns sensores (catalíticos) a emanações de rádio
frequência.

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CERTIFIÇÃO
A certificação do equipamento é obrigatória pela Portaria n°.83 de 03/04/2006 do
INMETRO. Deve ser certificado, testado quanto à sua performance por órgão responsável
e acompanhado de um Certificado de Conformidade.

TESTE DE RESPOSTA
O equipamento deve ter os seus sensores testados com um gás padrão que
assegure a sua resposta devido à presença daquele gás. É a única maneira segura de
garantir que os seus sensores estão funcionando perfeitamente.
Conforme determina a NR 33, o teste de resposta deverá ser feito antes de cada
uso do equipamento.1

Image Image
H 4 cm x W 7.6 H 4 cm x W 7.6
cm cm

CALIBRAÇÃO
Através da calibração o equipamento é testado quanto à precisão dos valores
medidos pelo leitor, e se os mesmos estão em conformidade com o informado pelo
fabricante. Normalmente os detectores multigás são preparados para a leitura quanto a
presença do Oxigênio, do gás Sulfídrico, do Monóxido de Carbono e de gases
combustíveis.

1
Item 33.3.2 “j”.
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GÁS LIMITE
10% do Limite Inferior de
INFLAMÁVEIS
Explosividade
OXIGÊNIO De 19,5% a 23% por Vol.

LT - 39 ppm (NR15)
MONÓXIDO DE
TLV - 25 ppm (ACGIH 2015)
CARBONO
IPVS - 1.200 ppm

LT - 8 ppm

GÁS SULFÍDRICO TLV - 5 ppm

IPVS - 100 ppm

DETECTORES PESSOAIS
Destinados para uso pessoal não devendo serem empregados para análise inicial
de gases. Como é uma obrigação que a atmosfera seja avaliada continuamente ao longo
da execução de trabalhos nos locais confinados, devido à possibilidade de se
desenvolverem produtos perigosos gerados pelo próprio serviço em execução, a
utilização desses dispositivos permite que os próprios trabalhadores possam receber
informações precisas e imediatas sobre as condições atmosféricas do ambiente em que
estão inseridos.
Existem modelos que variam de detecção para 1 gás até para 4 gases
simultâneos. Também existem equipamentos de vida útil limitada onde não é possível a
troca de sensores (descartáveis), e equipamentos sem limitação de vida útil onde é
possível a troca de sensores, sendo ainda necessário a sua calibração periódica.

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TUBOS COLORIMÉTRICOS - bomba manual de detecção pontual


São equipamentos de leitura indireta. No interior do tubo existe uma mistura de
substâncias reagentes que, em contato com uma atmosfera contaminada, se utilizam do
princípio da reação química que provoca uma mudança de cor para indicação precisa da
concentração do contaminante presente.
Os tubos colorimétricos se utilizam de uma bomba manual com fole, conhecida
como Bomba Accuro (Drager®) para a sucção de certa quantidade do ar contaminado
que passa pelo interior do tubo que, em contato com o reagente provocará a coloração
que indicará a concentração da substância presente no ambiente contaminado que se
pretende identificar.
As vantagens desse dispositivo são:
• Baixo custo;
• Grande faixa de medição (permite medições de alta concentrações);
• Maior número de substâncias possíveis de serem reconhecidas (mais de
500 substâncias diferentes);
• Isento de calibração.
As desvantagens desse equipamento são:
• Não é indicado para monitoramento contínuo de uma atmosfera;
• Tempo de resposta maior do que nos equipamentos eletrônicos;
• Necessidade de carregar vários tubos de diferentes substâncias para coleta
de amostras;
• Não é possível armazenar dados;
• Depende das condições ideais de temperatura e pressão para uma medição
precisa;
• Alguns tubos podem apresentar uma margem de erro de até 25% nas
medições.

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CMS (Drager®)
É um sistema de medição que representa uma evolução da Bomba Accuro. A
medição é feita através de um chip específico e um analisador eletrônico para quantificar
a medição e fornecer a indicação digitalmente. Normalmente, cada chip permite a
realização de várias medições sem ter que trocá-lo a cada amostra feita.
As vantagens desses equipamentos são:
• As mesmas da Bomba Accuro;
• Maior precisão e menor margem de erro do que a Bomba Accuro;
• Maior rapidez de leitura;
• Possibilidade de armazenamento de dados (memória interna).

As desvantagens desse equipamento são:


• Não é indicado para monitoramento contínuo de uma atmosfera;
• Alto custo;

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VENTILAÇÃO EM ESPAÇOS CONFINADOS


É o processo de movimentação contínua de ar com o objetivo de remover os
contaminantes do espaço confinado para suprir a inexistência ou deficiência da
ventilação.
Uma ventilação adequada deve atingir os seguintes objetivos:
• Substituir o ar contaminado pelo ar adequado a respiração;
• Eliminar a possibilidade de explosão através de inertização/ventilação ou
purga, mantendo a atmosfera sempre abaixo do LIE;
• Reduzir ou eliminar a toxidade do ambiente através da diminuição dos
contaminantes tóxicos;
• Prevenir a formação de atmosferas tóxicas ou explosiva, através da
ventilação contínua do ambiente durante a execução dos serviços;
• Aumentar as chances de sobrevivência de vítimas formando uma atmosfera
respirável;
• Resfriamento do espaço confinado.
Gases ou vapores inflamáveis ou tóxicos, por ventura existente em espaços
confinados, dependendo de suas características poderão ser diluídos até que sua
concentração fique abaixo do LIE e do LT, ou poderão ser removidos do local através de
uma exaustão. Portanto, as taxas adequadamente calculadas para o uso de um sistema
de ventilação poderão evitar a persistência de uma atmosfera de riscos durante a
execução de serviços nesses locais. Algumas empresas usam um procedimento de
ventilação de 24 horas com medição após esta ventilação, e em caso de atmosfera ainda
contaminada continuar ventilação por mais 24 horas até eliminar completamente os
contaminantes.

TIPOS DE VENTILAÇÃO
Existem dois tipos de ventilação conhecidas: a ventilação natural e a
Ventilação Mecânica. A ventilação natural utiliza o movimento natural das correntes de
ar para o interior dos espaços confinados, sem o auxílio de equipamentos.
A ventilação natural não apresenta resultado satisfatório devido às seguintes
características:
● intensa variação da vazão do ar;
● dificuldade de controle no direcionamento do ar;
● irregularidade do efeito dos ventos;
● deficiente circulação de ar pelo reduzido número e tamanho das aberturas
presentes na maioria dos espaços confinados;
● inadequada diferença de altura entre as entradas e saídas do ar do espaço
confinado.2
A ventilação mecânica utiliza-se de equipamentos mecânicos para introduzir e/ou
retirar o ar dos espaços confinados. Desta forma temos a Ventilação Geral Diluidora
(VGD) que consiste no processo de renovação do ar de um espaço confinado por meio
da insuflação e/ou exaustão de ar, cuja finalidade é de promover a renovação de ar,
redução da concentração de contaminantes e conforto térmico quando é introduzido ar
ao espaço confinado. E a Ventilação Local Exaustora (VLE) que tem a finalidade de

2
NBR 16577 item B1.
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exaurir o contaminante na fonte ou suas imediações para evitar que se espalhe no


interior do espaço confinado.
Alguns cuidados especiais deverão ser tomados quando for necessária a utilização
de Equipamentos de Ventilação Mecânica. Uma vez conhecidos e avaliados os riscos de
explosão, contaminação e concentração de oxigênio, deverá ser determinada a
necessidade de qual tipo de ventilação será adequada às condições presentes no espaço
confinado.
Se uma condição insegura persistir e sendo a ventilação o procedimento adequado
para estabilizar a situação, deveremos ventilar o espaço confinado. Depois de ventilado,
o local deverá ser novamente avaliado, a fim de determinarmos se as condições
inseguras ainda estão presentes, se a ventilação foi suficiente, se é preciso ventilar de
uma forma contínua, se é necessária a adoção de outro método de controle entre outros.
As causas que provocaram o surgimento de uma atmosfera perigosa ou a introdução de
novas fontes de produção de gases ou vapores inflamáveis ou contaminantes deverão
ser eliminadas no menor tempo possível. Quando se tratar de uma atmosfera explosiva,
ainda após a ventilação, devem ser evitadas as causas que eventualmente poderiam
provocar um incêndio.

SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA


A seleção do Equipamento de Ventilação Mecânica deve considerar a geometria,
volume, número e tamanho das aberturas do espaço confinado, interferências
estruturais e equipamentos existentes, bem como poluentes, suas propriedades
toxicológicas, temperatura, pressão, vazão e ponto de geração.
Variáveis, como a vazão e a pressão de ar necessária, em função do diâmetro e
comprimento dos mangotes, são importantíssimos para garantir uma adequada
ventilação do espaço confinado.
Características construtivas do Equipamento de Ventilação Mecânica, como peso,
mobilidade, alimentação, adequação ao risco e nível de pressão sonora também devem
ser consideradas na escolha do tipo e modelo adequado. Além do conjunto motor-
ventilador, o Equipamento de Ventilação Mecânica é composto por duto tipo mangote
flexível, conexões e eventualmente peças de transição para bocas de entrada e/ou saída.
O duto tipo mangote flexível mais comum é feito de material plástico, com espiral
interna de aço para sustentar a sua estrutura. Deve possuir dimensões, peso, mobilidade
e flexibilidade que possibilitem vazão e alcance adequados.
Para processos a quente, com
risco de incêndio, o mangote deve ser
isolado das fontes de ignição. As peças
de transição e conexões tem por
finalidade evitar a obstrução da entrada
e da saída dos espaços confinados e
reduzir as curvas dos mangotes,
diminuindo as perdas de carga e,
consequentemente, afetando menos a
vazão de ar. Ventiladores em áreas classificadas devem possuir marcação apropriada, de

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acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0 e a Portaria INMETRO nº 179/2010 bem como
serem protegidos contra descargas eletrostáticas, incluindo aterramento dos
equipamentos, conforme as subseções 12.14 e 12.15 da NR 12 – Segurança no Trabalho
em Máquinas e Equipamentos. 6

VENTILAÇÃO GERAL DILUIDORA (VGD) - INSULFLAÇÃO


A característica desta ventilação é que a entrada de ar possui maior vazão que a
saída ocorrendo assim uma ventilação de pressão positiva que introduz o ar para o
interior do espaço, forçando a expulsão do ar contaminado através de qualquer saída. É
o método mais comum de ventilação. É muito eficiente nos casos de sobrecarga térmica,
sendo utilizada para proporcionar um melhor conforto para os trabalhadores durante a
execução de serviços.
Nos casos de atmosferas contaminadas por vapores difundidos em todo o espaço,
o ar contaminado é diluído através da injeção de ar fresco, depois ele é expelido pela
exaustão já em concentrações menos tóxicas. Nem sempre será um método totalmente
eficiente no começo, pois quando for forçada a introdução do ar, ela vai agitar os
contaminantes e dispersá-los na atmosfera, sem que isso garanta a redução imediata da
quantidade total do contaminante existente no espaço, podendo até aumentar a
concentração de contaminante dirpersa na atmosfera logo no início da ventilação. Se o
agente químico não estiver em concentrações muito tóxicas poderá até funcionar.
Este método funciona melhor quando o risco principal é uma atmosfera deficiente
de oxigênio.
Uma das recomendações mais importantes sobre ventilação em espaços
confinados é a proibição do uso de oxigênio puro, seja com o propósito de fornecer uma
ventilação geral ao local, promover um conforto térmico aos trabalhadores ou de limpeza
de certas áreas. Além de facilitar o surgimento de uma atmosfera explosiva, o excesso
de oxigênio como já vimos anteriormente, também provoca lesões em nosso organismo.

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VENTILAÇÃO GERAL DILUIDORA (VGD) - EXAUSTÃO


Através desse método produzimos uma pressão negativa que é definida por
qualquer pressão abaixo da pressão atmosférica e o ar contaminado é puxado para fora
do espaço. O ar fresco que penetra naturalmente por uma abertura é arrastado pelo
interior do espaço através da pressão negativa. Esse método pode ser mais eficiente do
que a ventilação se for operada bem próximo de onde o contaminante está concentrado.
É considerado o melhor processo para ventilar atmosferas explosivas ou tóxicas
produzidas pelas atividades em operação no interior do espaço, devendo ser direcionada
para evitar a contaminação do ar nas proximidades do espaço quando estiver sendo
aplicada.
O ar contaminado que foi exaurido de um local confinado deverá sempre ser
descarregado a céu aberto e distante do local de coleta de ar fresco do mesmo sistema
instalado para aquele trabalho. Quando coletamos o próprio ar contaminado e
mandamos para o espaço confinado damos o nome desse evento de curto-circuito, outro
tipo de curto-circuito é o apresentado na figura abaixo. Devemos ter o cuidado para que
todo o ar reaproveitado esteja totalmente limpo e respirável. Do ponto de vista
ambiental, também é necessário que os contaminantes sejam tratados de forma a
reduzir seus efeitos quando forem lançados a céu aberto. Se os gases exauridos se
tratarem de gases inflamáveis, deveremos direcionar o seu descarregamento para áreas
livres de qualquer fonte de ignição.

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VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA (VLE)


Poderemos encontrar situações em que o contaminante está localizado em um ou
mais locais específicos. Nesse caso, um sistema de exaustão local especialmente
posicionado próximo do ponto de concentração, poderá capturar quase ou todos os
contaminantes, antes que eles sejam diluídos no interior do espaço. Recomenda-se que
o sistema induza ao tratamento dos contaminantes que poderá ser uma simples retenção
em malha de filtros manga, filtros adsorventes ou precipitador eletrostático.
É um excelente método para controlar materiais inflamáveis e tóxicos gerados
dentro do espaço. Este método mencionado é muito usado para trabalhos quentes,
operações de esmerilhamento ou limpeza com solventes.

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COMBINAÇÃO DE INSULFLAMENTO E EXAUSTÃO


A escolha do método a empregar dependerá das características do espaço
confinado, do tipo de trabalho a efetuar, das características dos contaminantes a exaurir,
das concentrações de gases ou vapores inflamáveis etc. Contudo, poderemos ainda
combinar os dois sistemas, ventilação e exaustão, para aumentar a eficiência do sistema
de controle utilizado. Nesse caso, primeiro o ar contaminado é diluído através da injeção
de ar fresco, depois ele é expelido pela exaustão já em concentrações menos tóxicas. O
problema desse método é que ele poderá exigir um número grande de ventiladores e
dutos que talvez não possam ser usados devido às limitações do espaço confinado.

CRITÉRIOS PARA USO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA

Uma das regras básicas mais cobradas para ventilação em espaços confinados é a
proibição do uso de oxigênio puro3 para uma ventilação geral (insuflamento) do espaço
confinado, devido à possibilidade de provocar distúrbios respiratórios nos trabalhadores
e pela possibilidade de se desenvolver uma atmosfera explosiva. Os fatores listados a
seguir devem ser considerados ao ventilar um espaço confinado.

3
Norma Regulamentadora 18 item 18.20
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TIPO DO LOCAL
A configuração interna de um local confinado terá influência na eficiência do tipo
de ventilação selecionado. Impedimentos, obstáculos (equipamentos, cavernas,
estreitamentos, etc.) poderão causar a redução na circulação do ar e possivelmente
algumas áreas não serão alcançadas. Com isso é necessário melhorar a configuração da
ventilação.

TIPO DA ATMOSFERA
Os gases ou vapores identificados na atmosfera determinarão qual o modelo de
equipamento a ser utilizado e o tipo de ventilação a ser aplicada, seja ventilação ou
exaustão. Se estiverem presentes mais de uma substância, é importante salientar que
elas possuem densidades diferentes com tendências variadas de se acumularem no teto,
no piso ou no meio.
Chamamos atenção mais uma vez ao comportamento dos gases e vapores. A sua
forma ou sua densidade poderão também sofrer alterações em razão da temperatura e
da pressão existente no local.

DURAÇÃO DA VENTILAÇÃO:

VETILAÇÃO PRÉ-ENTRADA
É calculada ao dividir o volume do espaço confinado pela vazão do equipamento
indicada pelo fabricante. Um padrão comum de ventilação industrial ao trabalhar em
atmosferas inflamáveis ou tóxicas é fazer no mínimo seis trocas de ar completas
podendo chegar até dez trocas antes da entrada. Contudo não é um padrão absoluto. Ao
término da ventilação se faz necessário medir novamente a atmosfera com o detector e
desta forma garantir ar adequado à respiração aos trabalhadores. Desta forma vamos
precisar do volume do espaço confinado e da vazão do equipamento, por exemplo:

O volume (V) do meu espaço confinado é de 800 m³;

A vazão de ar (Q) do meu equipamento é de 160 m³/h.

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Pela fórmula t=V/Q o tempo (t) para uma troca, nessas condições, é de 5 horas,
considerando que teremos no mínimo 6 trocas, sendo assim, o tempo total será de 30
horas. Para o cálculo do tempo só levamos em consideração a vazão da ventilação e não
da exaustão.

VENTILAÇÃO DURANTE O TRABALHO NO ESPAÇO CONFINADO (VOLUME


DE AR A SER CIRCULADO)
É determinada pelo tamanho do espaço confinado e pelo número de trocas
recomendadas na tabela a seguir. Os insufladores/exaustores terão papel fundamental,
pois precisarão atender esta demanda. Eles são classificados principalmente pela sua
vazão que pode ser medida em metros cúbicos por hora (m³/h). Ainda sobre os
insufladores/exaustores, a vazão é obtida por um determinado comprimento,
multiplicado pelo diâmetro do tubo e dividido pelo tempo, contudo a utilização de dutos
mais longos e/ou com mais curvaturas resultarão numa vazão mais reduzida. O volume
(m³) de ar a ser circulado por hora é calculado com base na seguinte fórmula:

Qec = n x V
Qec = Vazão (m³/h) de troca do espaço confinado (não é a vazão do
equipamento)
n = Numero de renovações por hora recomendado (ren/h)
V = Volume (m3)

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INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
Na instalação dos equipamentos (dutos), os meios de acesso devem ficar liberados
para o ingresso e a saída dos trabalhadores envolvidos. Portanto, a ventilação do espaço
confinado deve ser feita utilizando-se de outros acessos existentes. Se a ventilação
desejada não for obtida de forma satisfatória sem bloquear os acessos disponíveis para a
entrada da equipe de trabalho, os trabalhadores autorizados deverão estar protegidos
por equipamentos de proteção respiratória por linha de ar com cilindro de escape.

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VENTILAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SOLDA E CORTE EM ESPAÇOS


CONFINADOS
A OHSAS 18001 obriga que em todos os serviços que envolvam soldas e corte,
bem como a produção de calor, deve ser fornecida ventilação mecânica ao local, que
dependendo das substâncias metálicas envolvidas deverá ser providenciada na forma de
insuflamento e exaustão.
A ventilação aplicada deve ser dimensionada para produzir um número de trocas
suficientes para manter os fumos e demais gases produzidos dentro dos limites de
segurança. Se o serviço envolver o uso de metais pesados deverá ser utilizado o método
de exaustão com o fornecimento de respiradores de ar por linha com cilindro de escape o
CARLA (Conjunto Autônomo com Respirador por Linha de Ar). Normalmente, serviços de
soldas que não envolvam metais pesados ou substâncias que afetem a qualidade do ar
até poderiam ser realizados sem o fornecimento de ventilação e equipamento de
proteção respiratória. Todavia, devido às possíveis alterações nas características físicas
do ar ou acúmulo de substâncias não desejáveis desenvolvidas no serviço, justificam o
emprego de, pelo menos, uma ventilação geral (insuflamento) ou de equipamentos de
proteção respiratória.

EQUIPAMENTO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA

O equipamento utilizado para remover o ar contaminado ou


suprir de ar fresco os espaços confinados é o ventilador ou
insuflador/exaustor, ou seja, possui a dupla função dependendo de
qual extremidade estará conectado o duto de ventilação. As
diferenças entre os modelos do equipamento são medidas pelas
informações técnicas de cada um como potência, velocidade do ar,
dimensões, vazão, etc.
Os dutos flexíveis são utilizados para direcionar o fluxo de ar
do equipamento para o espaço confinado ou do espaço confinado para a atmosfera. Para
áreas classificadas, o modelo indicado deve ter motor com proteção Ex e os dutos não
poderão produzir nenhuma estática.
Conforme o ítem 6.3 da NBR16.577, os ventiladores em áreas classificadas
devem possuir marcação apropriada, de acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0 e a
Portaria INMETRO nº 179/2010 bem como serem protegidos contra descargas
eletrostáticas, incluindo aterramento dos equipamentos, conforme as subseções 12.14 e
12.15 da NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.

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EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL


Os equipamentos de proteção coletiva e individual devem ser adequados ao meio
ambiente de trabalho.4

EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO DE GASES

Estes equipamentos estão sendo tratados no item 5.3 desta apostila.

EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA

Estes equipamentos são tratados no item 6.3 desta apostila.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

Esses equipamentos serão tratados no item 9.10 desta apostila.

EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS

Esses equipamentos serão tratados no ítem 10.6 desta apostila.

EQUIPAMENTOS DE RESGATE

Equipamentos destinados às atividades de resgate serão tratados no ítem 11.13


desta apostila.

4
NBR 16577 item 6.5
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Para facilitar a retirada de pessoas do interior de espaços confinados, sem que a


equipe de resgate precise adentrar nestes, podem ser utilizados movimentadores
individuais de pessoas, atendendo aos princípios dos primeiros-socorros, desde que não
prejudiquem a vítima.5

SISTEMA DE COMUNICAÇÕES

O sistema de comunicação deve estar em perfeito estado de funcionamento,


propiciando um diálogo adequado e eficaz entre o supervisor de entrada e o vigia, o vigia
e o(s) trabalhador(es) e o vigia e a equipe de salvamento.

Sistemas de comunicação com a utilização de rádios ou dispositivos


elétricos/eletrônicos, em áreas classificadas, devem possuir marcação apropriada, de
acordo com a ABNT NBR IEC 60079-0 e Portaria INMETRO nº 179/2010.6

A comunicação em espaços confinados é uma ferramenta importantíssima.


Comunicações rápidas, claras e seguras são essenciais para a proteção dos
trabalhadores autorizados. Pode ser visual através de sinais, caso o trabalhador
permaneça constantemente sob o alcance visual do vigia, ou através de equipamentos
eletrônicos.

Os métodos de comunicações incluem:


• Comunicação Visual
Requer visão direta entre o vigia e o trabalhador. Para um sistema lógico de
sinais com as mãos é necessário que seja claro e entendido por toda a equipe.
Sinais visuais manuais são raramente práticos devido à visibilidade limitada, baixa luz e
obstruções.
• Comunicação Verbal
Direta também é rara em espaços confinados. Barulho, obstruções e distância
fazem do diálogo entre as equipes algo impossível e incerto.
• Sinais Táteis
Utiliza as cordas como meio de comunicação básico (puxões).
• Sistemas de Comunicação sem Fio
Possuem as vantagens de acomodar um número ilimitado de usuários e
permitirem liberdade de movimento. As desvantagens de um sistema de rádio sem fios
incluem: pontos mortos e comunicação intermitente; requer um ajuste fino; interferência
de frequência de rádio.
• Sistemas de Comunicação por Fio
Possui a desvantagem de restrições que os fios provocam, principalmente com
relação à locomoção e o acúmulo de fios. As vantagens do sistema de comunicação de
fio rígido incluem: clareza de comunicação; operação com mãos livres, comunicação
contínua, comunicação não afetada por interferências, sistema de comunicação privado,

5
NBR 16577 item 11.2
6
NBR 16577 item 6.4
P á g i n a | 61
Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

pode ser unida a uma linha de ar para criar um único cabo, baixa manutenção e baixo
preço.
Se durante a entrada ocorrer uma interrupção nas comunicações e não havendo
outra forma de comunicação ou contato visual, os trabalhadores deverão abandonar o
interior do espaço confinado imediatamente. O uso dos equipamentos de comunicação
poderá ser dispensado somente nos casos em que seja garantido o contato visual
constante entre o vigia e os trabalhadores no interior do espaço confinado.

SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

O sistema de iluminação deve estar em perfeito estado de funcionamento. Se


utilizado em áreas classificadas, o sistema deve possuir marcação apropriada, de acordo
com a ABNT NBR IEC 60079-0 e Portaria INMETRO nº 179/2010.7

7
NBR 16577 item 6.9
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Embora certos espaços confinados com uma configuração


pequena, que recebam uma boa iluminação natural, poderão
dispensar o uso de iluminação, sabemos que a maioria dos
espaços confinados localizados em áreas industrial possui
grandes dimensões e possui uma iluminação deficiente ou
inexistente. Por isso, deve ser sempre previsto o suporte de
uma iluminação artificial (por fio ou portátil) para facilitar o
desempenho das tarefas no interior do espaço confinado e para
oferecer uma facilidade no abandono do local ou numa
eventual situação de resgate. Tanto para os trabalhadores
como para os resgatistas também será necessária a adoção de
capacetes que possam receber a adaptação de uma lanterna
para oferecer uma iluminação auxiliar.

CINTOS DE SEGURANÇA

Em todas as entradas, o trabalhador deverá usar um cinto de segurança completo


tipo paraquedista conectado a uma linha de vida firmemente ancorada fora do espaço
confinado.
Os propósitos de usar este equipamento incluem:
• Realizar uma descida ou subida segura e com menor esforço possível;
• Realizar algum trabalho posicionado em certa altura;
• Ser a referência do caminho para a saída;
• Facilitar a recuperação da vítima através de uma não-entrada do
resgatismo;
• Localizar a vítima no espaço confinado;

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O cinto deve ser de um tipo paraquedista, certificado pelo Ministério do Trabalho


(CA). Devem ser inspecionados antes e depois de cada uso, e higienizados após o
trabalho, caso necessário, de acordo com as orientações dos fabricantes.
O cinto deve ser equipado com fitas, fivelas argolas e malhas rápidas, e construído
com material resistente ao tipo de risco ao qual ele foi projetado (fogo, eletricidade,
etc.). Cintos para entrada em espaço confinado são equipados com argolas hemisféricas
nos ombros, usadas para levantar o conjunto através de uma barra separadora.
Possuem uma argola fundida às correias e posicionada no dorso costal.

TRIPÉS

Tripés são livremente posicionados e possuem pernas encaixadas que podem ser
ajustadas para oferecer uma variação de alturas. São muito efetivos em decidas e
subidas, mas fica instável se a força lateral for muito acentuada. Isso acontece quando
os cabos são puxados para o lado, ou quando o responsável pela movimentação retira o
trabalhador para fora e tenta puxá-lo para um lado da abertura. Por isso devemos
redobrar nossa atenção para que o equipamento não tombe. A seguir, alguns cuidados
que devemos adotar ao selecionar o tripé para trabalho:
• Sempre siga as instruções do fabricante para inspeção, montagem e uso do tripé.
Você será responsável por seguir estas instruções durante as operações.
• Nunca coloque mais de uma pessoa por vez no tripé, a menos que você esteja
seguro de que o equipamento é aprovado para carga de duas pessoas.
• Sempre que for descer ou subir uma pessoa, utilize outro sistema de segurança
adicional (backup) além do sistema principal.
• Desenvolver técnicas de manuseio do equipamento e de posicionamento dos
indivíduos que estão sendo movimentados.

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MONOPÉ

Outro equipamento de movimentação, o popular


monopé. Existem muitos modelos disponíveis, alguns
permanentemente montados, outros são desmontáveis, uns
possuem posicionamento livre outros são fixados e imóveis,
o que demonstra sua versatilidade.
Uma vantagem fundamental do Braço Davit em
relação ao tripé é uma tendência reduzida a tombar. Os
cuidados que devem ser tomados ao selecioná-lo são os
mesmos indicados anteriormente para os tripés.

GUINCHOS E TRAVA-QUEDAS

Tripés e monopés são geralmente equipados com manivelas que contêm um cabo
de aço galvanizado de, aproximadamente, ¼ polegada de diâmetro, embora diâmetros
maiores e cabos de aço inoxidáveis também sejam utilizados. São usados para subir ou
descer pessoas onde escadas ou outros meios de acesso não estão disponíveis. Os
dispositivos de trava-quedas funcionam como sistema de proteção contra quedas em
caso de falhas no cabo principal ou possuem manivelas incorporadas tornando-se
resgatadores.

P á g i n a | 65
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SISTEMAS PRÉ MONTADOS

Os fabricantes também oferecem sistemas de corda pré-montados. Isso provê


uma redução de erros na construção de sistemas. Exemplos incluem o DBI SALA RPD-
1® e o ROLL-GLISS®. Estes sistemas oferecem facilidade de redução de esforço, mas
não podem ser convertidos em sistemas diferentes. Como qualquer sistema de
movimentação, um segundo dispositivo de segurança deve ser utilizado.
Alternativamente, poderão ser montados sistemas de cordas e polias para a
movimentação de trabalhadores. Contudo, tenhamos em mente que esses sistemas
estarão mais bem aplicados para as situações de emergência que requeiram um resgate.

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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

PLANEJAMENTO DE TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO


Numa instalação industrial os serviços de inspeção, manutenção, reparos,
montagem, desmontagem, modificações, limpeza ou preservação de equipamentos,
sistemas ou áreas específicas são rotinas diárias de trabalho muito comuns que, na
maioria das vezes, oferece algum tipo de risco de exposição do executante daquelas
tarefas a algum perigo inerente aos próprios equipamentos, sistemas ou áreas.
Ao ser reconhecido que a execução de algum serviço em determinada área de
risco seja inevitável, é necessário um planejamento que envolva a avaliação da
necessidade daquele trabalho, dos perigos inerentes e das condições ambientais
presentes naquela área, com a presença, no mínimo, do responsável pelo equipamento
ou área, do responsável pela execução do serviço e do pessoal da segurança industrial.
A partir desses pré-requisitos uma metodologia de trabalho será desenvolvida ao
longo do processo de entrada que se encontrará sistematizada nos procedimentos de
emissão de permissão de trabalho.
Independentemente do local interditado para execução de determinado serviço
estar identificado ou não como uma área classificada, o método mais seguro para se
executar aqueles serviços sem oferecer margem a acidentes que, principalmente,
coloquem a vida dos trabalhadores em perigo é, sem dúvida, o Sistema de Permissão de
Trabalho. Quando se tratar de trabalhos em espaços confinados, a PET - Permissão de
Entrada para Trabalho torna-se uma obrigação conforme assim exige a NR-33.
Comprovada a necessidade de realização de determinado trabalho num local que
não esteja liberado, outra ferramenta será aplicada antes de sua autorização: a APR -
Análise Preliminar de Riscos de exclusividade do pessoal da segurança industrial.

CADASTRO DO ESPAÇO CONFINADO

O Responsável Técnico deverá elaborar e manter cadastro dos espaços


confinados. Os espaços confiados desativados também devem possuir cadastro que
informe a data da sua desativação, isolamento, sinalização, bloqueios instalados e
medidas necessárias para abertura segura, quando da sua reativação.8
O cadastro dos espaços confinados deve conter ainda, plantas e/ou croquis bem
como as Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos dos produtos que por
ventura estiverem ou tenham sido armazenados no seu interior.
O cadastro de espaço confinado do tipo “não perturbado” deve conter no mínimo
as seguintes informações:
• Volume em metros cúbicos (m3);
• Número de entradas, acessos ou “bocas de visita”;
• Dimensão, geometria e forma de acessos;
• fatores de riscos;
• Medidas de controle desses riscos; e
• Plano de salvamento.

8
Item 33.3.3 “a” da NR 33.
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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

A análise preliminar de risco para espaço confinado do tipo “perturbado”, que


envolva utilização de produtos inflamáveis, deve ser cuidadosamente estudada devido ao
risco de incêndio/explosão, de acordo com as características dos produtos que serão
utilizados. Deve-se analisar a Ficha de Informação e Segurança de Produto Químico
(FISPQ) dos produtos químicos, observando-se as propriedades físico-químicas a seguir:
densidade, LIE ou LEL, ponto de fulgor e a temperatura de ignição.9

ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL (ASO)

”Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser


submetido a exames médicos específicos para a função que irá desempenhar, conforme
estabelecem as NR’s 7 e 31, incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão
do respectivo atestado de Saúde Ocupacional”10
Ao se avaliar trabalhadores que irão exercer atividades em espaços confinados, é
necessário que o médico atente para a existência de algumas patologias que podem
incapacitá-los para atividades em espaços confinados.
Deve ser dada atenção ao estado psicolócico do trabalhador uma vez que pode
colocar em risco a própria integridade física e a do grupo.
O guia técnico da NR-33 traz em sua página 41 uma série de patologias que, se
não impeditivas, devem ser consideradas como fator de risco para autorização do
trabalhador ingressar em espaços confinados.

CAPACITAÇÃO
A capacitação, a norma estabelece treinamento inicial, carga horária,
periodicidade e conteúdo programático conforme quadro abaixo:

9
Item 4.2 da NBR 16577.
10
Item 33.3.4.1 da NR 33.
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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

As situações que implicam em retreinamento são:


a) mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;
b) algum evento que indique a necessidade de novo treinamento; e
c) quando houver uma razão para acreditar que existam desvios na utilização ou
nos procedimentos de entrada nos espaços confinados ou que os conhecimentos não
sejam adequados.11

PERMISSÃO DE ENTRADA PARA TRABALHO - PET

Autorização escrita e documentada em três vias que é emitida pelo supervisor de


entrada, para permitir e controlar a entrada e atividades no espaço confinado, baseada
no procedimento de permissão.12
A norma atual modernizou esse formulário ao chamá-lo de Permissão de Entrada
e Trabalho - PET, que deverá estar de acordo com os procedimentos constantes no
programa de gestão de segurança e saúde próprios das empresas, tomando por base o
modelo constante na norma. É um documento padronizado de cada empresa, construído
de acordo com seus procedimentos gerais internos de execução de serviços, porém,
deve seguir os requisitos do modelo oriundo na norma. É uma autorização por escrito
para execução de qualquer trabalho a ser realizado nas áreas industriais, com o objetivo
de oferecer as mais seguras condições de trabalho naquele determinado local para os
trabalhadores e preservando as melhores condições dos equipamentos, sistemas ou
locais que sofrerão a intervenção, do meio ambiente e da continuidade das operações
principais da unidade.
As empresas estão obrigadas a garantir que o acesso ao espaço confinado
somente ocorra após a emissão, por escrito, da PET. 13 Ela deverá ser preenchida,
assinada e datada, em três vias, sendo uma cópia para o emitente (supervisor da
entrada), uma cópia para o vigia e uma cópia para os trabalhadores autorizados. Se a
entrada envolver colaboradores de outras empresas contratadas ou subcontratadas, a
empresa deverá disponibilizar os procedimentos de emissão da PET não só para os seus
próprios empregados, como também para os demais.
A PET será específica para apenas um determinado trabalho e restrita a um único
equipamento, sistema ou local, perfeitamente definido e limitado, identificando ainda o
trabalhador autorizado para execução do serviço.
As informações mínimas constantes na PET são:
• O espaço confinado a ser adentrado (características físicas);
• O objetivo da entrada;
• Data e duração da permissão;
• Relação dos trabalhadores autorizados vigia e equipe de resgate;
• Assinatura e identificação do supervisor que autorizou a entrada;
• Riscos no espaço confinado a ser adentrado;

11
Item 33.3.5.2 da NR 33.
12
NBR 16577 item 3.37.
13
Item 33.5.3 da NR 33
P á g i n a | 69
Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

•Medidas usadas para isolar, eliminar ou controlar os riscos antes da


entrada.
Certas ocorrências durante as entradas em espaços confinados podem nos revelar
algumas falhas existentes no procedimento de entrada e sistema de permissão. A NR-33
menciona as circunstâncias que obrigam a paralização da atividade e consequentemente
encerramento da PET, bem como revisão do procedimento, porém não se limitando a
estas:
• Entrada não autorizada num espaço confinado;
• Identificação de riscos não descritos na PET;
• Acidente, incidente ou condição não prevista durante a entrada;
• Qualquer mudança na atividade desenvolvida ou na configuração do espaço
confinado;
• Solicitação do SESMT ou da CIPA;
• Identificação de condição de trabalho mais segura.

PRAZO DE VALIDADE, CANCELAMENTO E ENCERRAMENTO DA PET


“A Permissão de Entrada e Trabalho é válida somente para cada entrada 14 ”.
Usualmente a PET tem a validade estimada de acordo com o período de trabalho do
Supervisor, porém, deveremos ficar atentos para a prerrogativa legal que diz “Quando
ocorrer a saída de todos os trabalhadores do espaço confinado, nas pausas para
descanso, nos intervalos para refeições ou em caso de interrupção da atividade, ainda
que programada, a Permissão de Entrada e Trabalho deve ser encerrada.
Nova Permissão de Entrada e Trabalho deve ser emitida quando houver reinício
das atividades. É proibido revalidar a Permissão de Entrada e Trabalho em espaços
confinados”.15
Outras situações que implicam na necessidade de encerramento da PET diz
respeito a:
a) Falta de monitoramento contínuo na atmosfera no interior do espaço
confinado;
b) Alarmes;
c) Ordem do Vigia;
d) Qualquer situação de risco à segurança dos trabalhadores.
Essas situações implicam no abandono imediato da área e consequentemente
encerramento da PET.
Fica cancelada a PET quando:
• As recomendações nela contidas não estiverem sendo atendidas;
• As condições do local de trabalho apresentam mudanças que oferecem
riscos;
• Ocorrer alguma emergência no local de trabalho.
Diante dessas ocorrências, as atividades deverão ser suspensas a fim de nova
avaliação ser realizada.

14
Item 33.3.3.1 da NR33.
15
Guia técnico da NR-33 Pag. 37.
P á g i n a | 70
Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

Quando for encerrado o trabalho, todos os trabalhadores devem ser checados


quanto à saída do local e integridade física, a PET deverá ser encerrada, as ferramentas
e equipamentos checados quanto ao perfeito funcionamento e será dado retorno ou
continuidade normal das operações.

MODELO DE PET
A NR 33 propõe um modelo de PET. Às empresas é permitido adaptar conforme
suas peculiaridades e a dos seus espaços confinados.
Abaixo modelo proposto pela NR:

P á g i n a | 71
Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

EQUIPE DE TRABALHO

Sabe-se que é vedada uma entrada de forma individual ou isolada em espaços


confinados. Mas qual é o tamanho ideal da equipe de trabalho? A NR-33 atribui à análise
de risco a quantificação da equipe ideal para execução de determinado serviço nas
condições ambientais e físicas existentes no local já liberado para trabalho e para os
possíveis riscos que poderão se desenvolver ao longo da execução dos serviços. O
tamanho de uma equipe que é estabelecido pela NR33 é de, no mínimo, dois
profissionais, sendo um o vigia e o outro o executante.16
Todavia, esse limite mínimo somente seria aceito se o trabalho fosse de uma
execução fácil, se o local para entrada fosse pequeno, se a condição de trabalho
encontrada permitisse um contato visual constante entre os dois membros e se os meios
de fuga estivessem facilmente acessíveis.
Caso seja necessário, deverá constar na PET o revezamento dos trabalhadores no
interior do espaço confinado, sem prejuízo das atividades e das condições estipuladas
para a entrada

RESPONSÁVEL TÉCNICO
Cabe ao empregador indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento
da NR 33.17

SUPERVISOR DE ENTRADA
Pessoa capacitada para autorizar a entrada em espaço confinado para a realização
de trabalho seguro, responsável por preencher e assinar a PET18
O Supervisor de Entrada deve desempenhar as seguintes funções:
a) emitir a Permissão de Entrada e Trabalho antes do início das atividades;
b) executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos contidos na
Permissão de Entrada e Trabalho;
c) assegurar que os serviços de emergência e salvamento estejam disponíveis e
que os meios para acioná-los estejam operantes;
d) cancelar os procedimentos de entrada e trabalho quando necessário; e
e) encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho após o término dos serviços.
O Supervisor de Entrada pode desempenhar a função de Vigia.19

16
Item 33.3.4.3 e 33.3.4.3 da NR 33
17
NR 33 ítem 33.2.1
18
NBR 16577/2017 item 10
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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

VIGIA
 O vigia deve conhecer os riscos e as medidas de prevenção que possam ser
enfrentados durante a entrada, incluindo informação sobre o modo, sinais
ou sintomas e consequências da exposição aos agentes;
 O vigia deve estar ciente dos riscos de exposição dos trabalhadores
autorizados;
 O vigia deve manter continuamente uma contagem precisa do número de
trabalhadores autorizados no espaço confinado e assegurar que os meios
usados para identificá-los sejam precisos;
 O vigia deve permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada e de
forma contínua, durante as atividades até que seja substituído por outro
vigia;
 O vigia deve acionar a equipe de salvamento, quando necessário;
 O vigia deve operar os movimentadores de pessoas em situações normais
ou de emergência.
 O vigia deve manter a comunicação com os trabalhadores para monitorar as
suas condições e para alertá-los quanto à necessidade de abandonar o
espaço confinado;
 O vigia não pode realizar qualquer outra tarefa que possa comprometer o
monitoramento e a proteção dos trabalhadores;
 As atividades de monitoração dentro e fora do espaço determinam se há
segurança para os trabalhadores permanecerem no interior do espaço;
 O vigia deve ordenar aos trabalhadores o abandono imediato do espaço
confinado sob quaisquer das seguintes condições:
a) detectar uma condição de perigo;
  b) detectar uma situação externa ao espaço que possa causar perigo aos
trabalhadores;
  c) se não puder desempenhar efetivamente e de forma segura todos os seus
deveres.

TRABALHADORES AUTORIZADOS
Profissional com capacitação para entrar no espaço confinado que recebe
autorização do empregador, ou seu preposto, ciente dos seus direitos e deveres e com
conhecimento dos riscos e das medidas de controle existentes20
O empregador, ou seu preposto, deve assegurar que todos os trabalhadores
autorizados:
 a) conheçam os riscos e as medidas de prevenção que possam encontrar durante
a entrada, incluindo informações sobre o modo, sinais ou sintomas e consequências da
exposição;
 b) usem adequadamente os equipamentos EPI e EPR;

19
NR 33 item 33.3.4.6/ NBR 16577/2017 item 10

20
NBR 16577/2017 item 10
P á g i n a | 73
Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

 c) saibam operar os recursos de comunicação para permitir que o vigia monitore
as suas atuações e os alerte da necessidade de abandonar o espaço confinado.
O trabalhador deve alertar o vigia sempre que:
 a) reconhecer algum sinal de perigo ou sintoma de exposição a uma situação
perigosa não prevista;
 b) detectar uma condição proibida.
A saída de um espaço confinado deve ser processada imediatamente nas
seguintes condições:
 a) se o vigia ou o supervisor de entrada ordenar abandono;
 b) se o trabalhador reconhecer algum sinal de perigo, risco ou sintoma de
exposição a uma situação perigosa;
 c) se o alarme de abandono for ativado.

SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA E SALVAMENTO


O empregador, ou seu preposto, deve assegurar que cada membro do serviço de
salvamento tenha equipamento de proteção individual (inclusive o de proteção
respiratória) e de salvamento necessários para adentrar os espaços confinados, bem
como detectores de gás próprio para áreas classificadas, com sensores de oxigênio,
gases inflamáveis e tóxicos potencialmente presentes nos espaços confinados e que
sejam treinados para o uso adequado destes equipamentos. Os seguintes requisitos se
aplicam aos empregadores que tenham trabalhadores que entrem em espaços
confinados para executar os serviços de salvamento:
 a) caso seja detectada uma atmosfera combustível/inflamável, a equipe deve
reverter a atmosfera com ventilação e medições comprobatórias, com detectores de
gases e equipamentos elétricos/ eletrônicos adequados para áreas classificadas, para,
então, prosseguir com o salvamento;
 b) cada membro do serviço de salvamento deve possuir aptidão física e mental
compatível com a atividade a ser desempenhada;  
c) cada membro do serviço de salvamento deve ser treinado para a execução de
trabalhos em espaços confinados (trabalhador autorizado), bem como para desempenhar
as tarefas de salvamento designadas;
 d) a capacitação da equipe de salvamento deve contemplar todos os possíveis
cenários de acidentes identificados na análise de risco;
 e) a equipe de salvamento está isenta da emissão da PET.

Prevenção de riscos em espaços confinados mediante o projeto


Durante a fase de projeto (design) de edificações em geral, unidades marítimas,
plantas industriais, máquinas, equipamentos e sistemas físicos, devem ser adotadas
medidas arquitetônicas e/ou tecnológicas que visem à completa eliminação dos espaços
confinados, de modo a evitar a exposição dos trabalhadores aos riscos intrínsecos deste
ambiente, bem como aqueles oriundos de sua eventual perturbação.
NOTA O termo prevention throug design (PTD) é usualmente utilizado e
corresponde à prevenção de riscos em espaços confinados mediante o projeto.

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Nos casos em que seja técnica ou economicamente inviável a completa eliminação


dos espaços confinados na fase de projeto, devem ser adotadas medidas que visem ao
menos à eliminação pontual de características que contribuam para que determinado
espaço seja classificado como confinado.
Sendo impossível a eliminação de quaisquer características contribuintes para a
classificação do espaço como confinado, recomenda-se a adoção, onde aplicável, dos
seguintes princípios e medidas mitigadoras, ainda na fase de projeto:
 a) assegurar entradas e saídas que facilitem o acesso dos trabalhadores e,
principalmente, ofereçam condições mínimas para realizar o salvamento de forma
segura, incluindo passagem de sistemas de imobilização (maca-envelope, prancha longa,
entre outros);
 b) dotar as estruturas de escadas convencionais para acesso, providas de
corrimão;
 c) prover o espaço confinado, quando aplicável, de múltiplas aberturas em
intervalos regulares, permitindo a ventilação e saídas adequadas;
 d) instalar sistema de ventilação para controle de qualidade do ar e temperatura
no interior do espaço confinado, quando viável;
NOTA A ventilação para trabalhos em espaços confinados é apresentada no Anexo
B.
 e) instalar iluminação fixa no espaço confinado, de acordo com os requisitos de
áreas classificadas;
 f) garantir proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos no interior do
espaço confinado, conforme preconiza a NR-12;
 g) instalar, externamente aos espaços confinados, os equipamentos que
necessitam de inspeções, revisões e leituras, como válvulas, medidores, entre outros;
 h) executar prolongamento de hastes de válvulas para que operações de abertura
e fechamento destas sejam feitos fora do espaço confinado;
 i) instalar, quando couber, extensões de tubos para lubrificação de componentes,
permitindo que a operação seja realizada externamente ao espaço confinado;
 j) selecionar equipamentos que possuam requisitos mínimos de serviços de
reparos e manutenção, diminuindo a necessidade de entrada em espaços confinados;
 k) prevenir o acúmulo de detritos orgânicos no interior do espaço confinado de
modo que, em caso de decomposição, possam vir a perturbar o espaço confinado;
 l) evitar a presença de umidade e a entrada de água, evitando a possibilidade de
oxidação e, consequentemente, a perturbação do espaço confinado;
 m) evitar que tubulações com produtos perigosos sejam instaladas dentro de
espaços confinados;
 n) instalar, sempre que possível, equipamentos com baixos níveis de ruído;
 o) garantir que todos os equipamentos elétricos estejam devidamente
dimensionados, conforme prescreve a NR-10;
 p) prever plataformas de acesso de tamanho e capacidade suficientes para o
acesso seguro ao espaço confinado em condições normais e em situações de
emergência, quando aplicável;

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 q) assegurar aberturas mínimas de 600 mm de diâmetro para acessos aos


espaços confinados;
 r) prever pontos de ancoragem para sistemas de salvamento e trabalhos em
altura, de acordo com o descrito na NR-35.

PROCEDIMENTO DE PERMISSÃO DE ENTRADA E TRABALHO

Programa geral elaborado pelo empregador por meio do responsável técnico (RT),
que contempla o reconhecimento, a avaliação e o controle de todos os riscos e plano de
emergência nas atividades realizadas em espaços confinados.21

DEMAIS MEDIDAS DE CONTROLE

Já falamos sobre as principais medidas de controle, a saber, detecção de gases,


ventilação e proteção respiratória. O fundamental é que a supervisão de entrada esteja
sempre atenta às práticas seguras de trabalho que no desenvolvimento das operações
poderão sofrer omissões ou desvios das medidas de segurança inicialmente previstas no
planejamento da entrada. Tomando como exemplo um serviço em tanques de navios, a
análise de riscos não deve ficar adstrita somente ao tanque que irá sofrer a intervenção.
Todos os tanques adjacentes e tubulações comuns também devem ser avaliados, pois as
atividades desenvolvidas naquele tanque liberado para entrada podem influenciar na
atmosfera daqueles locais adjacentes, ou as condições destes podem influenciar aquela
atmosfera outrora liberada para trabalho.
A supervisão deverá ter o maior conhecimento possível do espaço confinado onde
ocorrerá o trabalho, identificado os sistemas produtivos desenvolvidos nessa unidade
para combiná-lo com uma gestão que providencie a seleção adequada de medidas de
controle de riscos. Esses procedimentos não se limitam a um controle administrativo,
mas levarão em consideração as medidas adotadas pela engenharia, pela segurança
industrial, os instrumentos a serem utilizados e a seleção do EPI necessário para o
trabalhador aplicável à condição avaliada.
De forma geral diversos setores de trabalho deverão estar cientes de que uma
entrada programada está em andamento e que medidas de controle estão sendo
adotadas. Deverá constar no procedimento de trabalho em espaços confinados os

21
NBR 16577/2017 item 3.38
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setores que deverão ser informados a fim de que as mais diversas atividades não
venham a contribuir com riscos adicionais na atividade.
ISOLAMENTO E SINALIZAÇÃO
Separação física da área destinada às atividades de vigilância e entrada no
espaço confinado das outras áreas com a finalidade de manter afastados trabalhadores
não envolvidos na atividade.22

TRAVAMENTO E BLOQUEIO
O travamento é uma técnica aplicada para impedir uma descarga de energia
perigosa nos trabalhadores ou uma abertura de válvulas. Garante a manutenção dos
equipamentos impedindo o acesso ao local intencionalmente interditado, mesmo que
exista um descuido ou insistência no manuseio daquilo que foi isolado.

No caso de isolamento de tubulações devem ser utilizados flanges cegos ou


raquetes. Um plano de raqueteamento deve ser realizado considerando:
• A configuração do espaço confinado;
• Todas as tubulações;
• Os pontos a serem isolados e a identificação das raquetes.
É recomendada a utilização de desenho esquemático ou fluxograma de processo
como representação (planta) no plano de raqueteamento.

ETIQUETAGEM
É a colocação de etiquetas personalizadas fixadas junto
às travas dos equipamentos ou locais que tiveram seus
dispositivos de alimentação colocados na posição desejada
para a realização daquele trabalho específico em um espaço
confinado.

22
Item 3.31 da NBR 16577.
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Algumas empresas exigem que a interdição e a sinalização sejam utilizadas


conjuntamente, correspondendo a um dos métodos mais eficazes de controle. Enquanto
a interdição dificulta a entrada de alguma pessoa, ao mesmo tempo as travas impedem
o manuseio dos equipamentos e os avisos informam os trabalhadores envolvidos ou não
naquelas atividades sobre os propósitos daquelas medidas de segurança.

DESLIGAMENTO DOS EQUIPAMENTOS


Todos os equipamentos que por ventura venham a adicionar riscos às as
atividades em espaço confinados devem ter a possibilidade do desligamento considerado
na etapa de planejamento.
Dependendo do equipamento deverão ser seguidas todas as instruções fornecidas
pelas empresas em seus procedimentos e pelo fabricante para a parada do equipamento.

PURGA/DRENAGEM
É o processo de dispersar os gases e vapores
perigosos de um espaço confinado através da
injeção de vapores ou gases inertes. Um dos
métodos utiliza-se da pressurização de gases que
os leva à condensação, esse condensado é retirado
através de uma válvula específica para tal fim.
Quando a purga está sendo realizada para
reduzir os riscos associados à substância perigosa
existente no local, ela também poderá produzir
novos riscos, como por exemplo, a deficiência de oxigênio. Por essa razão, deve ser
seguida de uma ventilação.

VAPOR
Em alguns casos pode ser utilizado para purgar um espaço que contenha materiais
como solventes hidrocarbonetos de baixo ponto de fulgor, óleos de motores ou outros
produtos derivados do petróleo. Também ajuda soltar as crostas e os materiais viscosos
grudados nas paredes ou nas fendas do espaço. Contudo, muito cuidado deve ser
tomado no uso do vapor aquecido, pois ele irá se condensar tão rapidamente o quanto é
introduzido, não expulsando, assim, o contaminante do local. Isso poderá provocar um
aumento da temperatura e todo o cuidado será necessário para não deformar ou rachar
as anteparas ou provocar uma explosão.
Durante a purga as escotilhas localizadas no topo do espaço devem ficar abertas
para permitir que o ar quente escape enquanto o vapor é introduzido desde o fundo do
espaço, não deixando de considerar também o local para onde o vapor e os
contaminantes serão lançados.
Quando a purga for efetuada com vapor d'água, o sentido do fluxo deve ser do
ponto mais baixo do espaço confinado para o ponto mais alto. Após o término da injeção
e bloqueio, deve ser assegurada a injeção de ar atmosférico para se evitar a diferença de
pressões provocada pela condensação do vapor.

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INERTIZAÇÃO
A inertização é eficaz para controle de
atmosferas cujo a presença de gases inflamáveis
é contínua. É feita através da introdução de
algum gás inerte como, por exemplo, o dióxido de
carbono ou nitrogênio que irá expulsar do
ambiente o oxigênio, não permitindo assim
ocorrência de explosão.
Após a inertização, é importante que
sejam estabelecidas medidas que assegurem o isolamento do ambiente contra a
reintrodução de oxigênio.

ORGANIZAÇÃO DOS ACESSOS A LOCAIS CONFINADOS

Uma forma de acesso seguro ao interior de um espaço confinado deverá sempre


ser providenciada, seja através de escadas, polias ou andaimes, para que sejam evitados
escorregões ou quedas envolvendo os trabalhadores autorizados.
Mais de um local de acesso deverá ser providenciado para entradas seguras em
espaços confinados. Um sistema de ventilação montado não deverá atrapalhar a entrada
dos trabalhadores autorizados, por isso, recomenda-se a disponibilidade de mais de uma
entrada para o local.
A disponibilidade de mais de uma entrada possui também a finalidade de auxiliar
os trabalhadores num abandono de emergência quando uma atmosfera de riscos se
instalarem no local ou quando da necessidade de um acesso rápido às vítimas pela
equipe de resgate.
Uma prática recomendada para organização de trabalhos em espaço é uma boa
disposição de ferramentas, equipamentos e materiais na área de trabalho. Todas as
plataformas, passagens, escadas devem estar livres de obstáculos que ameacem a
integridade física dos trabalhadores ou atrapalhem o bom andamento dos serviços.

EXECUÇÃO DE TRABALHOS COM VAPORES DE HIDROCARBONETOS

Deveremos sempre considerar como inadequados, principalmente, devido à


ausência de sistemas de ventilação e exaustão, e suspeitar da existência desses vapores
em espaços confinados pelas seguintes razões:
• Em locais de exploração, produção e armazenamento podem ocorrer
vazamentos para o interior dos compartimentos;
• Resíduos poderão resistir mesmo após a limpeza e a ventilação;
• Borra e resíduos remanescentes em um tanque que tenha sido considerado
liberado, poderão desprender vapores se forem remexidos ou sujeitos ao
aumento de temperatura;
• Sistemas de ventilação comum que possam permitir a passagem livre de
vapores de um tanque para outro;

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DEFICIÊNCIA DE OXIGÊNIO

Deveremos sempre suspeitar da deficiência de oxigênio em espaços confinados


que continham água, apresentem sinais de corrosão, estavam sujeitos a vapor ou
umidade, continham gás inerte, possuam linhas de gases inertes no seu interior ou
estavam interligados com outros locais que continham gás inerte.

ABERTURA DE LINHAS E EQUIPAMENTOS

Sempre que bombas de carga, tubulações ou válvulas forem abertas para


execução de serviços, devem ser lavadas internamente. Ainda assim, recomenda-se todo
o cuidado, devido a possibilidade de que alguma quantidade de carga possa permanecer
e tomar-se uma nova fonte de vapores.

USO DE FERRAMENTAS

As ferramentas de trabalho devem ser corretamente levadas para o interior do


espaço confinado em bolsas de lona ou cestos evitando queda de objetos.
As ferramentas devem ser inspecionadas quanto integridade a fim de evitar
ocorrências decorrentes ao mau estado de conservação e funcionamento.
Quanto ao uso de ferramentas motorizadas, os trabalhos que envolvam o seu uso
devem se permitidos sob as seguintes condições:
• A área de trabalho não deve estar sujeita a liberação de gases ou a uma
concentração de vapor/gás combustível e deve estar liberada contra a
presença de material combustível;
• A área deve estar desgaseificada e o monitoramento atmosférico deve ser
extremamente rigoroso.

JATEAMENTO

Quando for utilizado o jateamento em locais confinados os trabalhadores deverão


adotar o máximo de cuidados com a aplicação do equipamento devido ao risco de
perfuração nas tubulações e nas estruturas. Alertamos também que o próprio
equipamento de jateamento (alimentador e o bico da mangueira) deve estar aterrado.
Nessas atividades um sistema de ventilação por exaustão também é indicado para
manter a concentração de pós e poeiras dentro de um limite mínimo permitido.
O fornecimento de proteção respiratória para os trabalhadores envolvidos nessas
atividades também é obrigatório. Nos serviços que envolvam substâncias abrasivas, o
equipamento de proteção de respiratória também deverá ser provido de capuzes.

TRABALHOS A QUENTE EM ESPAÇOS CONFINADOS

Um compartimento liberado para trabalho a quente requisitado deverá estar limpo


e ventilado até que a atmosfera seja mantida numa concentração que indique 20,9% de
oxigênio. Toda a operação que, no interior do espaço confinado ou nas adjacências da
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unidade, possibilitem a formação e a passagem de vapores/gases inflamáveis para o


local isolado para o trabalho a quente deve ser interrompida. Se algum local for
contaminado por líquidos ou vapores de hidrocarbonetos, o trabalho a quente deve
cessar imediatamente, as causas dessa contaminação devem ser identificadas, a PET
cancelada e as medidas de controle (limpeza, desgaseificação e medição) devem ser
adotadas até o retomo dos níveis de segurança admitidos para uma nova liberação.
A área de trabalho deve ser constantemente ventilada e a atmosfera deve ser
monitorada frequentemente. Equipamentos de combate a incêndios adequados devem
estar dispostos nas proximidades do trabalho a quente e prontos para o uso imediato.

REMOÇÃO DE BORRAS E SEDIMENTOS

Nesses serviços medições periódicas de gases devem ser adotadas e a ventilação


deverá ser mantida continuamente enquanto o espaço confinado estiver ocupado.
Poderá ocorrer um aumento das concentrações de gases, devido os movimentos
provocados pelos trabalhadores, portanto, é recomendado o emprego de detectores de
gases pessoais para os trabalhadores que estiverem engajados nos trabalhos.

SERVIÇOS DE PINTURA

Nos trabalhos de pintura e jato abrasivo, deve ser mantido o monitoramento


quanto à formação de atmosferas explosivas ou tóxicas. Compostos orgânicos voláteis,
como o benzeno, tolueno, xilenos, n-butanol e metilisobutilcetona são comumente
encontrados no ar durante o processo de pintura, provenientes da emissão de solventes
orgânicos da tinta fresca ou utilizados para dissolver ou dispersar tintas, resinas e
produtos de polimentos. Estas substâncias químicas atuam predominantemente sobre o
sistema nervoso central como depressoras que, dependendo da concentração e do
tempo de exposição, podem causar desde sonolência, tontura, fadiga até narcose e
finalmente a morte do trabalhador. O EPI dos trabalhadores autorizados deverão
proteger qualquer parte de seu corpo do contato com essas substâncias.
Nos serviços de pintura onde estão sendo aplicadas tintas, resinas ou solventes
que poderão emanar vapores tóxicos ou explosivos deve ser empregado um sistema de
ventilação por exaustão no local, de forma que as concentrações tóxicas permaneçam
sempre abaixo dos LT e que as concentrações de misturas inflamáveis estejam sempre
abaixo do LIE. A atmosfera deverá ser continuamente monitorada de forma a verificar a
eficiência da ventilação oferecida.
O uso de proteção respiratória deverá ser profundamente analisado para esses
serviços. Dependendo das medidas de controle (ventilação) e da volatilização das
substâncias o dispositivo de proteção respiratória poderá variar desde um respira dor por
filtro, até um sistema de ar de linha.

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DESCARTE DE RESÍDUOS

O descarte de escórias, demais resíduos sólidos e efluentes líquidos resultantes


dos serviços em execução no espaço confinado deve atender, no mínimo, ao
estabelecido na NR-25: Resíduos Industriais.
Os resíduos devem ser dispostos de forma a não interferir nos trabalhos ou
obstruir a passagem de pessoas. A NR-25 determina que:

'25.1.1. Os resíduos gasosos deverão ser eliminados dos locais de trabalho


através de método, equipamentos ou medidas adequadas, sendo proibido o lançamento
ou a liberação nos ambientes de trabalho de quaisquer contaminantes gasosos sob a
forma de matéria ou energia, direta ou indiretamente, de forma a serem ultrapassados
os limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora (NR -15)".

"25.2.1. Os resíduos sólidos ou líquidos produzidos por processos e operações


industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou retirados dos
limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores."
Quando for utilizado um local temporário para depósito dos resíduos inflamáveis
ou tóxicos deve ser observado o seu comportamento quanto a geração de vapores/gases
que poderão influenciar no funcionamento nos equipamentos de apoio, de resgate e na
própria atmosfera onde estão acondicionados.

TÉRMINO DOS TRABALHOS

Ao se dar o término das atividades, deverá ser assegurado que:


• Todos os trabalhadores saiam de forma segura do local:
• Sejam removidos todos os equipamentos, ferramentas sobras de materiais
e resíduos;
• Todos os equipamentos que controle (flanges, travas, cadeados, raquetes,
etc) estejam íntegros;
• Retorno da operação normal;
• Encerramento da PET;

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PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

Nas muitas atividades de trabalho desenvolvidas em espaços confinados sempre


existirá um potencial para surgimento de uma atmosfera deficiente em oxigênio e a
presença de inúmeros e minúsculos contaminantes suspensos no ar. Alterações na
temperatura e pressão também poderão ser perigosas. Esses riscos em um ambiente
de trabalho, muitas vezes, não são percebidos. A segurança industrial deverá inspecionar
previamente, periodicamente ou até permanentemente as condições atmosféricas de um
local confinado quanto à natureza dos riscos que poderão estar presentes para
proporcionar aos trabalhadores lá inseridos a proteção respiratória adequada.
Geralmente os riscos respiratórios estarão associados à falta de oxigênio e a
existência contaminantes.
A NR-33 exige que as empresas implementem um Programa de Proteção
Respiratória de acordo com a análise de risco, considerando o local, a complexidade e o
tipo de trabalho a ser desenvolvido. O mais indicado é adoção de um programa de
proteção respiratória com base nos procedimentos do programa da FUNDACENTRO para
usuários de respiradores, considerado obrigatório através da IN n°.1 da SSST do
Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em 11/04/1994. Esse programa deverá
conter, no mínimo:
• Administração do programa por um responsável indicado pela empresa;
• Responsabilidades de monitoramento dos riscos respiratórios, atualização
dos registros e realização de auditorias;
• Procedimentos operacionais escritos;
• Limitações físicas e psicológicas dos trabalhadores (avaliação médica para
determinar se uma pessoa possui condições médicas de utilizar um
respirador);
• Seleção do tipo de equipamento de proteção respiratória;
• Teste de vedação e funcionamento;
• Manutenção, inspeção e guarda;
• Treinamento

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A COMPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA

Como já vimos anteriormente, o ar respirável, é essa mistura de gases existente


em nossa atmosfera. Segundo a NBR 12.543, a composição do ar atmosférico apresenta
os seguintes gases:
• 78,10% de Nitrogênio;
• 20,93% de Oxigênio;
• 0,9325% de Argônio;
• 0,04% de Dióxido de Carbono;
• 0,01% de Hidrogênio;
• 0,0018% de Neônio;
• 0,0005% de Hélio;
• 0,0001% de Criptônio;
• 0,000009% de Xenônio.

Valores à parte, para nós o elemento mais importante dessa mistura é o oxigênio
na exata proporção indicada. Todavia, nos ambientes industriais nem sempre
conseguiremos assegurar a presença de uma atmosfera respirável de qualidade. Por
isso, uma das formas de proteger os trabalhadores contra distúrbios provocados em
nossa respiração por intoxicações ou asfixias é a utilização de equipamentos de proteção
respiratória reunidos em um programa específico. Porém, antes de nos aprofundarmos
no assunto sobre esse programa, vamos, uma vez mais, considerar alguns comentários
sobre a importância da respiração para a vida humana.
O ar respirável deve se caracterizar por:
• Conter no mínimo 19,5% e no máximo 23% em volume de oxigênio;
• Estar livre de produtos prejudiciais à saúde, que através da respiração
possam provocar distúrbios ao organismo ou seu envenenamento;
• Ter pressão e temperatura normal, que sob hipótese alguma, venha
provocar queimaduras ou congelamentos;
• Não conter qualquer substância que o torne desagradável, como, por
exemplo, odores.
A importância do oxigênio pode ser avaliada pela seguinte afirmação:
"O homem pode sobreviver, guardadas as devidas proporções, 30 dias sem se
alimentar, 3 dias sem beber e apenas 3 minutos sem Oxigênio."

O SISTEMA RESPIRATÓRIO
Quando falamos em respiração, estamos nos referindo às trocas gasosas que
absorvem o oxigênio do ar e devolvem com o gás carbônico. O oxigênio se toma
essencial, pois a energia de que nós precisamos é obtida pela queima de certos
nutrientes como a glicose com ajuda desse gás, ocorrida a nível celular. Mas antes de
nos aprofundarmos, cabe aqui uma diferenciação importante entre respiração pulmonar
e a respiração celular. Respiração pulmonar é aquela que se consiste em uma troca de
gases entre o pulmão e o ambiente.
Respiração celular é aquela que consiste na queima da glicose, com liberação de
energia que ocorre em nossas células. Ela é representada pela seguinte reação química:
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Glicose(C6H12O6) + 02 ____.C02 + H20 + Energia


Isto significa que a glicose e o oxigênio transportado pelo sangue até a célula,
combinam se dentro dela, transformando-se em gás carbônico e água e liberando
energia para as atividades celulares. Para isso ocorrer é necessário a participação de
nosso sistema circulatório.

MECANISMOS DE INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO


A entrada do ar, as reações de que ele participa e a sua saída não dependem da
ação muscular dos próprios pulmões. O caminho do ar tem a participação de inúmeras
partes que compõem o sistema respiratório.

NARIZ
A entrada do ar começa pelo nariz que, de início, já participa na filtragem do ar
contra pequenas impurezas existente. Ainda no nariz existe o septo nasal, uma
cavidade dividida em duas. A sensibilidade a odores também é uma das funções do
nariz que através do nervo olfativo leva ao cérebro informações que captamos sobre os
odores do ambiente.

FARINGE E LARINGE
Dela partem dois tubos separados: o esôfago, pelo qual passa os alimentos, e a
traqueia, que leva o ar aos pulmões.
Ligando a faringe à traqueia há um tubo curto, semelhante a uma pequena caixa,
chamado de laringe. O orifício superior da laringe é a glote. Quando engolimos, a
epiglote fecha a laringe, impedindo que o alimento penetre na traqueia e forçando-o a
descer pelo esôfago.

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TRAQUEIA
A traqueia é um tubo que leva o ar aos pulmões e apresenta anéis de cartilagem
que a mantém constantemente aberta, impedindo que as paredes se toquem. A face
interna da traqueia está permanente mente umedecida com muco, um líquido espesso
que tem função protetora. As pequenas partículas que existem no ar e que não foram
filtradas no nariz aderem a ao muco, sendo depois removidas pelo movimento dos
minúsculos cílios existentes na parede da traqueia. Dessa forma, o ar acaba sendo
filtrado uma vez mais.

BRÔNQUIOS, BRONQUÍLOS E ALVÉOLOS.


A traqueia, adiante, se divide em dois canais, os brônquios. Cada brônquio entra
num pul-mão, onde se ramifica em tubos cada vez menores, chamados bronquíolos, e
cujas paredes ficam cada vez mais finas.
Cada bronquíolo termina num conjunto de microscópicas estruturas em forma de
saco, chamadas de alvéolos pulmonares. Todas as trocas gasosas entre o sangue e os
pulmões acontecem na região dos alvéolos.

PULMÕES
São órgãos muitos leves e esponjosos devido à grande quantidade de sangue. A
quantidade de sangue se deve a grande quantidade de vasos sanguíneos. Esses vasos
que chegam aos pulmões trazem sangue pobre em oxigênio e rico em gás carbônico.
Os vasos que saem levam sangue rico em oxigênio e pobre em gás carbônico. Sua
leveza provém do fato de serem cheios de ar, que fica contido nos alvéolos. Para se ter
uma ideia, calcula-se que cada pulmão exista a quantidade de cerca de 700 milhões de
alvéolos. A superfície total dos alvéolos humanos é avaliada em, aproximadamente, 100
m². Essa área é quase 70 vezes maior que a superfície de toda a nossa pele. Isso torna
muito eficiente a troca gasosa a nível pulmonar. Os pulmões estão envolvidos por
membranas duplas muito finas chamadas pleuras. Entra as pleuras há uma pequena
quantidade de líquido lubrificante.

A IMPORTÂNCIA DO SANGUE NA RESPIRAÇÃO

O sangue transporta o oxigênio dos alvéolos aos tecidos e transporta o gás


carbônico dos tecidos aos alvéolos. O sangue é composto por uma parte líquida, o
plasma, na qual estão mergulhadas diversas células que representam a parte sólida.
Entre elas figuram as hemácias, ou glóbulos vermelhos, que são fundamentais no
transporte do oxigênio e, em menor escala, o gás carbônico. Os gases da respiração
também são transportados pelo plasma sanguíneo.

HEMOGLOBINA
Nas hemácias (células do sangue que transportam o oxigênio) existe uma
substância chamada hemoglobina. Essa substância possui grande afinidade do o
oxigênio, por isso se combinam quimicamente com facilidade. Essa reação química
ocorre nos alvéolos pulmonares. As hemácias que saem dos pulmões estão, portanto,

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carregadas de oxiemoglobina. Quando a oxiemoglobina chega aos tecidos do corpo, no


entanto, ocorre a reação inversa.
Quanto ao gás carbônico, somente uma pequena parte dele é carregada pela
hemoglobina. A maior parte é transportada pelo plasma.

TROCAS GASOSAS ENTRE O ALVÉOLO PULMONAR E O VASO CAPILAR


A parede do alvéolo é
exatamente fina, pois é formada por
uma única camada de células. Os
alvéolos são envolvidos por vasos
capilares, cujas paredes também são
muito finas. Isso facilita a difusão de
gases nos dois sentidos: dos alvéolos
para os capilares e vice- versa.
Como existe maior concentração
de oxigênio no ar do alvéolo do que no
sangue que provém das células, o
oxigênio passa do ar para o sangue. Já
o gás carbônico está mais concentrado
no sangue do que no ar do alvéolo,
assim, ele sai do sangue e se mistura
ao ar alveolar.
Em resumo, dizemos, então, que o sangue que chega ao alvéolo, também
chamado de sangue venoso, é rico em gás carbônico e pobre em oxigênio. O sangue que
sai do alvéolo, rico em oxigênio e pobre em gás carbônico, é denominado sangue
arterial.

TROCAS GASOSAS ENTRE O VASO CAPILAR E O TECIDO


O sangue arterial chega aos vasos capilares do tecido. O oxigênio que se encontra
em maior concentração no sangue, sai pela parede do capilar e penetra nas células do
tecido, através das membranas celulares. O gás carbônico em maior concentração no
tecido, entra no vaso capilar. Assim, o sangue arterial se transforma em sangue venoso,
que irá, mais tarde, para os pulmões, recomeçando todo o ciclo. Também nesse caso há
difusão de gases entre o sangue e os tecidos do corpo.

BULBO
Próximo ao nosso cérebro, existe uma região do sistema nervoso chamada bulbo,
que comanda o diafragma e os músculos intercostais. Do bulbo partem nervos, que vão
do diafragma aos músculos intercostais. São esses nervos que comandam o movimento
da respiração. Essa região é muito sensível à concentração de gás carbônico existente no
sangue. À medida que essa concentração aumenta, o bulbo “solicita” o oxigênio
existente no ar.

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CONSUMO DE OXIGÊNIO DURANTE REALIZAÇÃO DE ESFORÇOS FÍSICOS

A tabela abaixo pode servir como parâmetro para medirmos o consumo e a


duração do suprimento de ar durante a execução de trabalhos que requeiram esforço
físico.

PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA - PPR

O Programa de Proteção Respiratória (PPR) é um processo para seleção, uso e


manutenção dos respiradores com a finalidade de assegurar proteção adequada para o
usuário.
Antes de se utilizar um respirador, é essencial que seja estabelecido um PPR, por
escrito, com os procedimentos específicos para o local de trabalho. O programa deve ser
implantado, avaliado e atualizado sempre que necessário, de modo a refletir as
mudanças de condições do ambiente de trabalho que possam afetar o uso de respirador.
O PPR deve ser compreendido por todos os níveis hierárquicos da empresa.
Este programa deverá conter:
a) Política da empresa na área de proteção respiratória;
B) Abrangência;
C) Indicação do administrador do programa;
D) Regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos;
E) Avaliação dos riscos respiratórios;
F) Seleção do respirador;
G) Avaliação das condições físicas, psicológicas e médicas dos usuários;
H) Treinamento;
I) Ensaio de vedação;
J) Uso do respirador e política da barba;
K) Manutenção, inspeção, limpeza e higienização dos respiradores;
L) Guarda e estocagem;
M)Uso de respirador para fuga, emergências e resgates;

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N) Qualidade do ar/gás respirável;


O) Revisão do programa;
P) Arquivamento de registros.
A maioria desses elementos deve ser detalhada na forma de procedimentos
operacionais escritos.

O programa deverá indicar responsabilidades relativas ao Empregador objetivando


visando a estruturação do programa. Também deverá indicar responsabilidades a um
administrador, que será o responsável pela implementação do programa, bem como
responsabilidades relativas ao empregado e prestadores de serviços. 23

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Os procedimentos descrevem as ações tomadas pelas empresas e pelos


envolvidos no uso de EPR e visam atender a plena proteção do trabalhador.
Esses procedimentos devem ser escritos e incluir no mínimo:
a) seleção dos respiradores para cada operação em que seu uso seja considerado
necessário;
b) avaliação da condição médica dos usuários;
c) treinamento dos usuários;
d) ensaios de vedação adotados;
e) distribuição dos respiradores;
f) limpeza, higienização, inspeção, manutenção, descarte e guarda dos
respiradores;
g) monitoramento do uso;
h) monitoramento do risco.

Ainda que os procedimentos acima estejam estabelecidos, os mesmos se destinam


para usos de EPR em caráter rotineiro. Deve-se ainda ser elaborado procedimentos para
o uso em situações de emergência e salvamento.24

FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DE UM EPR

A seleção de um respirador exige o conhecimento de cada operação para


determinar os riscos que possam estar presentes e, assim, selecionar o tipo ou a classe
de respirador que proporcione proteção adequada. O processo de seleção deve ser
iniciado somente após a realização da avaliação dos perigos no ambiente, a qual deve
ser complementada com as avaliações dos fatores relativos à tarefa, ao usuário e ao
ambiente de trabalho.
Devem ser usados somente respiradores aprovados, isto é, com Certificado de
Aprovação emitido pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. Qualquer

23
Vide Publicação Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro (4ª edição), pág. 21 a 23
24
Vide Publicação Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro (4ª edição), pág. 20

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modificação no respirador feita pelo usuário, mesmo que pequena, pode afetar de modo
significativo o desempenho do respirador e invalida a sua aprovação.
Fatores como concentração de oxigênio, contaminante presente no espaço
confinado, limite de tolerância, adaptabilidade do uso por parte do trabalhador devem
ser fatores decisivos na escolha do equipamento para proteção respiratória, garantindo
assim limites seguros para a exposição do trabalhador.25

CRITÉRIOS PARA LIMPEZA, HIGIENIZAÇÃO, INSPEÇÃO, MANUTENÇAÕ,


DESCARTE E GUARDA DE RESPIRADORES

O PPR da empresa deve incluir, se aplicável, procedimentos escritos sobre:


• a) descontaminação dos respiradores;
• b) limpeza e higienização;
• c) inspeção;
• d) manutenção de rotina e reparos;
• e) descarte;
• f) guarda e estocagem.
Os pormenores desses procedimentos dependem da complexidade do
respirador em uso. Devem ser preparados por pessoa competente, de acordo
com as instruções do fabricante e as exigências legais.

IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ATMOSFÉRICOS

• Determinar quais os contaminantes presentes no ambiente de trabalho e


suas concentrações;
• Verificar os limites de tolerância existentes para os contaminantes
identificados;
• Verificar se o contaminante presente pode ser absorvido pela pele ou
irritante ou corrosivo a pele e aos olhos;
• Determinar o LIE do contaminante se for gás ou vapor inflamável;
• Verificar se existe normatização específica para os contaminantes
identificados.

TIPOS DE EPR PARA ESPAÇOS CONFINADOS

Existem três tipos de equipamentos para operações em espaço confinado:


• máscaras purificadoras ou filtro de ar (máscara semi-facial, capuz etc);
• equipamento de respiração por linha de ar comprimido com cilindro de
escape (sistema de cascata, compressor etc)
• equipamento autônomo de respiração (circuito aberto)

25
Vide Publicação Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro (4ª edição), pág.31 a 43
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MÁSCARA PURIFICADORA DE AR

Segundo a NBR 12.543 é o respirador no qual o ar ambiente, antes de ser inalado,


passa através de filtro para remoção dos contaminantes (gases, vapores ou
aerodispersóides).
É comum encontrarmos os filtros classificados por cor:
• Cinza: gás sulfídrico, cloro etc;
• Marrom: vapores orgânicos (aqueles que contêm carbono e hidrogênio em
sua composição. Ex: hidrocarbonetos);
• Verde: amônia
• Amarelo: ácido sulforoso, gás clorídrico, dióxido de enxofre.
A vida útil dos filtros depende de diversos fatores:
• Qualidade e quantidade do carvão ativo ou reagente contido no filtro. A vida
útil é diretamente proporcional a massa de carvão do filtro;
• Nível de esforço respiratório do usuário. A vida útil é inversamente
proporcional a vazão de ar que passa através do filtro;
• A natureza química e a concentração do contaminante;
• Afinidade química entre o contaminante e os componentes do filtro;
• Temperatura do ambiente;
• Umidade relativa do ar. Para atmosferas com umidade relativa acima de
85%, geralmente a vida útil do filtro cai pela metade.

Somente utilizadas quando:


• A atmosfera contém oxigênio suficiente;
• A concentração do contaminante é conhecida;
• Os níveis de concentração estão dentro das limitações dos filtros das
máscaras.

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EQUIPAMENTO DE RESPIRAÇÃO POR LINHA DE AR COMPRIMIDO

Segundo a NBR 12.543 é o respirador de adução de ar


na qual o ar respirável provém de um compressor ou de
cilindros (sistema de cascata). É constituído de cobertura
das vias aéreas interligada por meio de mangueira ao
sistema de fornecimento de ar respiratório e, ainda dotado
de cilindro reserva para escape.

Possui as seguintes características:


• independe da concentração do contaminante;
• Indicado também para ausência de oxigênio;
• Grande autonomia;
• Dotado de cilindro reserva para escape;
• Pressão positiva;
• Pouco peso;
• Limitações pelos tamanhos das mangueiras de ar;
• Reduz a mobilidade do usuário.

EQUIPAMENTO DE RESPIRAÇÃO AUTÔNOMO

Também é comum ser chamado simplesmente de máscara autônoma. É o


equipamento na qual o usuário transporta o próprio suprimento de ar respirável através
de um suporte anatômico, o qual é independente da atmosfera ambiente.
Possui as seguintes características:
• Independe da concentração do contaminante;
• Indicado também para ausência de oxigênio;
• Proporciona maior mobilidade ao usuário;
• Suprimento independente de compressores(falta de energia);
• Pressão positiva;
• Alarme sonoro;

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• Tempo limitado (cerca de 30 minutos);


• Peso incômodo.
Não tendo o conhecimento das causas que provocaram uma atmosfera com baixo
teor de oxigênio ou presença de gases tóxicos, e não sendo possível o seu controle, a
atmosfera daquele espaço confinado deverá ser considerada IPVS e, portanto,
obrigatório o uso de proteção respiratória.

RESPIRADOR DE FUGA

Solução para aqueles trabalhos com monitoramento contínuo da atmosfera no


qual foi permitida a permanência no espaço confinado sem o uso do equipamento de
proteção respiratória durante a execução dos serviços. Sendo detectado um vazamento
acidental, a presença de contaminantes ou a deficiência de oxigênio, os trabalhadores
inseridos naqueles locais terão à disposição equipamentos para escape dessa atmosfera
que se tornou IPVS.
A NBR 12543 define o respirador de fuga como o equipamento que protege o
usuário, durante o escape contra a inalação de ar contaminado ou de ar com deficiência
de oxigênio, em situações de emergência, com risco de vida ou à saúde. Pode ser de
pressão positiva (o ar somente é admitido para o interior da peça facial quando a
pressão positiva dentro dela é reduzida pela inalação) ou de fluxo constante (o ar é
admitido para o interior da peça facial através de um fluxo contínuo de ar respirável).

QUALIDADE DO AR PARA OS CILINDROS DE AR COMPRIMIDO


O ar comprimido utilizado nos equipamentos de adução de ar deve ser de alta
pureza e satisfazer, no mínimo, os requisitos indicados na NBR 12.543.

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ÁREA CLASSIFICADA
A NR-33 é objetiva ao simplesmente definir como uma "área potencialmente
explosiva ou com risco de explosão". A NBR 16.577 completa definindo como "atmosfera
explosiva, ou probabilidade de ocorrência desta, ocasionada pela presença de mistura de
ar com materiais inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, exigindo
precauções especiais para construção, instalação, manutenção, inspeção e utilização de
equipamentos, instrumentos e acessórios empregados em instalações elétricas".

A normalização brasileira sobre classificação de áreas está alinhada com as


normas europeias da série IEC - INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION.
Portanto a definição para área classificada (devido a atmosfera explosivas de gás) pela
ABNT NBR IEC 60079 parte 10-1 Classificação de área para gases e vapores, onde é
considerada a "área na qual uma atmosfera explosiva de gás está presente ou é
esperada estar presente em quantidades tais que precauções especiais para a
construção, instalação e utilização de equipamentos".
E o que é uma atmosfera explosiva? A mesma ABNT, NBR, IEC 60079 define como
"mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de
gás, vapor, névoa, fibras ou partículas suspensas, na qual, após a ignição, permite auto
sustentação de propagação". Para efeitos de classificação de áreas, a mesma norma
salienta que, embora uma mistura que esteja em uma concentração acima do seu limite
superior de explosividade seja considerada uma atmosfera não suscetível a uma
explosão de gás, dependendo das atividades desenvolvidas nas proximidades do local de
sua origem, ela poderá perfeitamente se transformar numa atmosfera explosiva.
Jamais poderemos achar que na maioria das plantas industriais onde são
utilizadas ou produzidas substâncias inflamáveis, nunca ocorrerá a presença de uma
atmosfera explosiva. A presença de substâncias inflamáveis é inerente às atividades
desenvolvidas na indústria de óleo & gás, tanto nos ambientes "offshore" quanto
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terrestres. Por isso, mesmo em condições normais de operações nos preocupamos com
a possibilidade de produção de gases ou vapores inflamáveis que, em contato com uma
fonte de ignição, principalmente sistemas elétricos, poderão provocar uma explosão
catastrófica. Portanto, a classificação de áreas é um método de análise e classificação
desses ambientes industriais onde possa haver a presença de uma atmosfera explosiva,
de modo a facilitar a seleção e instalação de equipamentos elétricos, eletrônicos e até
mesmo mecânicos que devem receber um tratamento especial para aumentar a
segurança para seus usuários e para a própria planta industrial quando estiverem em
uso.

FONTES DE RISCO

A análise de riscos da planta busca, inicialmente, identificar a fonte de riscos, isto


é, o ponto ou local no qual um gás, vapor, líquido inflamável, poeiras e fibras pode ser
liberado para a atmosfera.
Esse risco encontra-se dividido em três graus, em ordem decrescente em relação
à probabilidade e o tempo de formação de uma atmosfera explosiva:
• Grau Contínuo: Fonte de risco com liberação contínua ou que se espera que
ocorra frequentemente ou por longos períodos;
• Grau Primário: Fonte de risco com liberação que se espera que ocorra
periodicamente curtos períodos ou ocasionalmente durante a operação
normal;
• Grau Secundário: Fonte de risco com liberação que não se espera que
ocorra em operação normal(falha ou defeito), e se ocorrer, é somente de
forma pouco frequente e por curtos períodos.

Existe a probabilidade da presença de um uma atmosfera explosiva em uma


planta de processo, a análise das fontes de risco também avalia os fatores ambientais
como ventilação (natural ou artificial), velocidade do vento, temperatura e pressão.
Alguns exemplos de fontes de risco são:
• Superfície de um líquido inflamável em um tanque de teto fixo, com respiro
permanente para a atmosfera (grau contínuo);
• Superfície de um líquido inflamável em um tanque que esteja aberto para a
atmosfera, continuamente ou pó longos períodos, como por exemplo,
separadores de água/óleo (grau contínuo);
• Selos de bombas, compressores ou válvulas, se a liberação do material
inflamável for esperada de ocorrer durante a operação normal (grau
primário);
• Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas em que são previstos a
liberação de material inflamável para a atmosfera durante a operação
normal (grau primário);
• Pontos de drenagem de água em vasos que contêm líquidos inflamáveis,
que podem ser liberados para a atmosfera durante a drenagem da água em
operação normal (grau primário);

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• Flanges, conexões e acessórios de tubulação, onde a liberação do material


inflamável para a atmosfera não é prevista de acontecer em condições
normais de operação (grau secundário);
• Selos de bombas, compressores ou válvulas onde a liberação do material
inflamável para a atmosfera não é prevista de ocorrer durante a operação
normal (grau secundário);
• Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas onde a liberação de material
inflamável para a atmosfera não é prevista de ocorrer em condições
normais de operação (grau secundário);
• Pontos de coleta de amostras, onde a liberação de material inflamável para
a atmosfera não é prevista de ocorrer em condições normais de operação
(grau secundário);

Logo, resumindo, o primeiro passo, e talvez o principal, para uma eficiente


classificação de área é determinar o seguinte:
• Tipo de substâncias presentes no local;
• A probabilidade com que essas substâncias, sendo inflamáveis, podem
ocorrer;
• Volume de risco, que nada mais é a extensão daquela fonte de risco em
determinado local da planta.

METODOLOGIA - ZONAS

A importância da classificação de áreas é de oferecer níveis de segurança para


trabalhos que envolvam a utilização de equipamentos elétricos, eletrônicos ou a
manutenção de sistemas ou instalações elétricas em ambientes com a presença de
materiais inflamáveis ou com o potencial de desenvolver uma atmosfera inflamável.
Quanto à classificação da presença de uma atmosfera explosiva de gás, vapores,
nevoas, poeiras ou fibras, a normalização brasileira estabelece três tipos de zonas de
acordo com a frequência(tempo/condição) da ocorrência e duração, como a seguir:
• ZONA 0: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás, vapores e névoas
está presente continuamente ou por longos períodos;
• ZONA 20: Área na qual uma atmosfera explosiva de poeiras ou fibras está
presente continuamente ou por longos períodos.
• ZONA 1: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás, vapores e névoas é
provável de ocorrer em curtos períodos em condições normais de operação;
• ZONA 21: Área na qual uma atmosfera explosiva de poeiras ou fibras é
provável de ocorrer em curtos períodos em condições normais de operação;
• ZONA 2: Área na qual uma atmosfera explosiva de gás, vapores ou névoas
não é provável de ocorrer em condições normais de operação, mas, se
ocorrer, irá persistir somente por um curto período;
• ZONA 2: Área na qual uma atmosfera explosiva de poeiras ou fibras não é
provável de ocorrer em condições normais de operação, mas, se ocorrer, irá
persistir somente por um curto período.

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Habitualmente, uma fonte de risco contínuo leva a uma zona 0 / zona 20, uma
fonte de risco primário leva a uma zona 1 / zona 21 e uma fonte de risco secundário leva
a uma zona 2 / zona 22. Nas zonas criadas por fontes adjacentes que possuem
interseção e são de diferentes classificações, a maior classificação de risco prevalece na
área comum. Se as zonas forem de mesma classificação, deve ser adotada a
classificação normalmente.
A extensão das zonas dependerá da distância estimada ou calculada na qual uma
atmosfera explosiva até o ponto que é atingido o Limite Inferior de Inflamabilidade – LII
(LIE Limite Inferior de Explosividade substituídos pela edição 2.0 2017).
A Taxa de Liberação da substância inflamável também é outra informação
importantíssima. Essa taxa mede a quantidade de gás, vapor inflamável ou poeira
combustível emitida por quantidade de tempo pela fonte de risco em análise. Quanto
maior a taxa de liberação, maior é a extensão da área classificada. Não podemos deixar
de avaliar o ponto de fulgor dos gases, quanto menor maior a extensão da área
classificada.

Essa taxa depende dos seguintes parâmetros:


• Características físicas da fonte de risco;
• Velocidade de liberação (É medida pela pressão existente na linha de
processo que contém material inflamável. Quanto maior a pressão maior é a
taxa de liberação);
• Concentração (A taxa de liberação aumenta com a concentração de gás ou
vapor inflamável existente na mistura liberada);
• Volatilidade de um líquido inflamável (Relacionada à pressão de vapor e à
entalpia -"calor"- de vaporização)
• Ponto fulgor;
• Temperatura do líquido (Quanto maior a temperatura, maior a pressão e,
consequentemente, maior a taxa de liberação devido à evaporação).

Ao contrário do que se poderia imaginar, com o aumento da ventilação, a


extensão da zona é normalmente reduzida. A vantagem de uma ventilação eficiente é
medida pela sua capacidade de diluir rapidamente a concentração da mistura inflamável
liberada. Logo, seguindo esse raciocínio, obstáculos (instalações) que comprometam a
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eficiência da ventilação (natural ou mecânica), poderão aumentar a extensão da zona.


Na mesma lógica, a topografia da área da planta também é um dado importante na
verificação da eficiência da ventilação.
A densidade relativa dos gases e vapores também deve ser considerada para se
de terminar a extensão horizontal ou vertical da zona. Se o gás ou vapor for mais leve
do que o ar, a extensão horizontal da zona aumentará. Se o gás for mais pesado do que
o ar, a extensão horizontal da zona aumentará.

GRUPOS DE EXPLOSIVIDADE DOS EQUIPAMENTOS

No que tange aos equipamentos elétricos certificados para uso em áreas


classificadas que também poderão ser encontradas em espaços confinados, estes são
destinados para uso em áreas de risco onde as condições normais atmosféricas estão
presentes com temperaturas que variam de -20°C a +40°C. Segundo a classificação
brasileira, os equipamentos para atmosferas explosivas estão divididos em dois grupos:

• GRUPO I: Equipamentos elétricos para minas suscetíveis à presença de


grisu. O Grisu é um gás altamente inflamável facilmente encontrado nas
minas de carvão, formado pelo metano produzido pela natureza a partir da
decomposição de material orgânico de origem animal ou vegetal, em
ambientes com ausência de oxigênio
• GRUPO II: As substâncias inflamáveis na forma de gases e vapores são
classificadas de acordo com a IEC em 03 grupos: IIA, IIB e IIC de acordo
com a sua periculosidade. Esta classificação é feita de acordo com
procedimentos experimentais e baseados no MIC (Corrente Mínima de
Ignição) e no MESG (interstício máximo experimental seguro – Maximum
Experimental Safe Gap);
• GRUPO III: Os equipamentos elétricos para utilização em ambientes com
atmosferas explosivas de poeiras são subdivididos em: IIIA: Fibras
combustíveis; IIIB: Poeiras não condutivas e IIIC: Poeiras condutivas
• GRUPO II: Equipamentos elétricos para locais com atmosferas explosivas
(instalações industriais) e outras que não sejam as minas suscetíveis à
presença de grisu. O Grupo II é subdividido em três subgrupos:

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CLASSIFICAÇÃO DE TEMPERATURAS

Essa classificação tem como parâmetro a temperatura máxima de superfície


alcançada pelos equipamentos durante o seu funcionamento. Segundo a ABNT NBR IEC
60079-0 é a "maior temperatura alcançada em serviço, sob as condições mais adversas
(mas dentro das tolerâncias especificadas), por qualquer parte ou superfície de um
equipamento elétrico, a qual seria capaz de produzir uma ignição da atmosfera explosiva
circundante". Resumindo, é a mais alta temperatura que qualquer parte da superfície de
um equipamento elétrico ou eletrônico (detector de gás, insuflador, luminária, etc.)
poderá atingir quando em uso, sob as mais adversas condições, e que não seja capaz
de provocar a ignição em uma atmosfera inflamável. Por essa razão, é necessário
conhecer as propriedades e comportamento das substâncias inflamáveis quando
liberadas interna ou externamente ao espaço confinado.

A máxima temperatura superficial do equipamento não deverá exceder a mais


baixa temperatura de ignição da atmosfera explosiva presente.
Muito cuidado deve ser tomado onde as zonas de interseção estão relacionadas a
materiais inflamáveis pertencentes a grupos e/ou classes de temperatura diferentes.
Se uma determinada área é classificada como zona 1 IIA T3 se sobrepõe a uma
outra área classificada como zona 2 IIC T1, a área comum é zona 1 IIC T3. Nesse caso,
uma classificação como zona 1 IIA T3 ou zona IIC T1 não seria aceitável, portanto,
recomenda-se que o critério seja restritivo em excesso.
Mormente, a classificação de áreas deve ser registrada como zona 1 IIA T3 e
zona 2 IIC T1.

CÓDIGOS IP

O código IP é o índice de proteção do equipamento contra uma série de


exposições. Também é definido pela ABNT NBR IEC 60079-0 como a classificação

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numérica de acordo com a IEC 605529, precedida pelo símbolo IP, aplicada ao invólucro
do equipamento para proporcionar:
• Proteção dos usuários contra o contato ou aproximação a partes vivas ou
contato com partes móveis dentro do equipamento;
• Proteção do equipamento elétrico contra o ingresso de objetos sólidos
estranhos;
• Onde indicado pela classificação, proteção do equipamento elétrico contra a
penetração prejudicial de água.

Pela classificação de áreas poderemos selecionar o melhor equipamento aplicável


às condições encontradas naquela atmosfera monitorada em um espaço confinado. Essa
é a próxima fase nos critérios de seleção de equipamentos para trabalhos em locais
confinados também identificados como áreas classificadas. Devemos ter o maior cuidado
na seleção correta para que os equipamentos e seus acessórios não se constituam em
fontes de ignição.

PRIMEIRO DÍGITO SEGUNDO DIGITO


Proteção contra corpos sólidos IP Proteção contra corpos líquidos

Nenhuma Proteção 0 0 Nenhuma Proteção


Objetos maiores que 50 mm 1 1 Água jogada verticalmente
Objetos maiores que 12 mm 2 2 Água jogada em um ângulo de 15°
Objetos maiores que 2,5 mm 3 3 Protegido contra água aspergida
Objetos maiores que 1 mm 4 4 Água pulverizada
Proteção contra poeira 5 5 Jatos de água
Poeira fina 6 6 Jatos intensos de água
7 Imersão em água
8 Imersão indefinida

TIPOS DE PROTEÇÃO PARA EQUIPAMENTOS

A proteção especial que precisamos contar nos equipamentos em espaços


confinados é obtida com a incorporação de requisitos construtivos específicos para cada
tipo de equipamento que o tomam adequados para atmosferas potencialmente
explosivas. Esses requisitos estão especificados nas normas técnicas da ABNT baseadas
nas normativas europeias.
A certificação desse equipamento que atesta sua utilização em atmosfera
potencialmente explosiva é de caráter compulsório no Brasil através da Portaria nº.83 de
03/04/2006 do INMETRO. Levando-se em conta que durante a vida útil de operação da
unidade offshore, os equipamentos poderão estar sujeitos, devido ao ambiente inóspito
que o mar oferece a diversos tipos de agressão, como por exemplo: agentes químicos,
intempéries, envelhecimento, oxidação etc. Por isso, embora o equipamento tenha sido
projetado, construído e certificado torna-se ainda, necessária uma inspeção periódica do
seu estado para que o nível de segurança garantido pelo equipamento não seja afetado.
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PROTEÇÃO ABREVIAÇÃO UTILIZAÇÃO


À prova de Detectores, lâmpadas, insufladores.
Ex d
explosão
Pressurizado Ex p Sala de controle, gabinetes de equipamentos.

Imerso em óleo Ex o Transformadores (raramente usados)


Imerso em Transformadores, capacitores, blocos terminais
Ex q
areia para condutores eléctricos.
Imerso em Sensores e displays
Ex m
resina
Segurança Terminais e caixas de conexão
Ex e
aumentada
Não acendível Ex n Lanternas

Segurança Detectores, rádios


Ex i
intrínseca

EQUIPAMENTOS À PROVA DE EXPLOSÃO - EX d


São projetados de tal modo que seu invólucro proteja as partes do equipamento
que podem ignitar e seja capaz de suportar a pressão desenvolvida em seu interior
durante uma explosão interna de uma mistura explosiva e evitar a transmissão da
explosão para a atmosfera explosiva existente ao redor do invólucro. Os sistemas de
iluminação são a prova de explosão.

EQUIPAMENTOS DE INVÓLUCRO PRESSURIZADO - EX p


Equipamentos com invólucro dotado de sistema de sobre pressão interna superior
à pressão atmosférica, utilizando as técnicas de pressurização ou diluição contínua.
A técnica de pressurização consiste em evitar a penetração no interior de um
invólucro, da atmosfera externa que pode ser explosiva. Isso ocorre porque é mantido
no interior do invólucro um gás de proteção a uma pressão superior à da atmosfera
externa.
A técnica de diluição contínua consiste no fornecimento ao invólucro de um gás de
proteção em quantidade suficiente para que a concentração resultante desse gás ou
vapor inflamável liberado por fonte interna, fique bem abaixo do limite inferior de
explosividade.
Portanto, os equipamentos Ex p, em funcionamento normal, produzem faísca,
superfícies quentes, chamas suscetíveis de inflamar uma atmosfera explosiva ou liberam
gás ou vapor inflamável durante o seu funcionamento normal ou que pode ser liberando
em circunstâncias anormais, por exemplo, devido à falha do sistema contendo o gás. Os
requisitos que garantem a proteção do equipamento no caso de falha são: um sistema
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de desligamento da alimentação elétrica e o acionamento de um alarme (1ª categoria)


ou unicamente do acionamento de um alarme (2ª categoria).

EQUIPAMENTOS IMERSOS - EX o / EX q/ EX m
Equipamentos que possuem seus dispositivos internos imersos total ou
parcialmente em um meio isolante de se produzir centelha ou alta temperatura. A
atmosfera explosiva existente acima da superfície do meio isolante não é inflamada pelo
funcionamento do equipamento. Esse meio isolante pode ser: óleo, areia ou resina.

EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA AUMENTADA - EX e


Quando um equipamento é construído sob orientações de medidas de construção
adicionais aplicadas de modo a aumentar a segurança do próprio equipamento e de seus
dispositivos em regime normal de funcionamento ou anormal conforme especificação
contra a possibilidade de produzir arcos, centelhas ou altas temperaturas.

EQUIPAMENTOS NÃO ACENDÍVEIS - EX n


Equipamentos em que seus circuitos, dispositivos ou sistemas não é acendível
quando o mesmo não libera energia suficiente para inflamar uma atmosfera
potencialmente explosiva, sob condições normais de operação. Os requisitos aplicados
para esses equipamentos devem assegurar que uma falha capaz de causar uma ignição
não seja provável de acontecer.

EQUIPAMENTOS INTRINSECAMENTE SEGUROS - EX i


São projetados de tal maneira que no caso de alguma falha, a maior energia
(faíscas ou calor) produzida internamente dos equipamentos não será suficiente para
produzir uma ignição para as mais sensíveis concentrações inflamáveis de gases
específicos, vapores ou pó.
Restringe a energia elétrica produzida no interior do equipamento ou em circuitos
de interconexão expostos a uma atmosfera explosiva, a um nível abaixo daquele capaz
de causar ignição por centelhas ou por efeitos de aquecimento. Nesses equipamentos
todos os seus circuitos ou componentes são intrinsecamente seguros, ou seja, quando
em condições de ensaios prescritas pela NBR 8447, não é capaz de liberar energia
elétrica (faísca) ou térmica suficiente para, em condições normais (isto é, abrindo ou
fechando o circuito), ou anormais (por exemplo, curto circuito ou falta à terra), causar a
ignição de uma dada atmosfera explosiva.
Os equipamentos intrinsecamente seguros estão classificados em 2 categorias:
"ia" ou “ib”
• Equipamento Ex ia:
São incapazes de provocar ignição em operação normal, quer na condição
de um único defeito ou de qualquer combinação de dois defeitos. Esses
equipamentos projetados para as atividades do Grupo 11 não devem ter
quaisquer contatos faiscadores expostos continuamente ou por períodos
prolongados a uma atmosfera explosiva.
• Equipamentos Ex ib:

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São incapazes de provocar uma ignição em operação normal ou na condição


de um único defeito qualquer.
MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS CLASSIFICADAS

Os equipamentos elétricos ou mecânicos para áreas classificadas necessitam estar


sempre em perfeitas condições de operação ao longo de toda a sua vida útil. Nesse
contexto, torna-se uma obrigação a adoção de um Plano de Inspeção e Manutenção com
base na NBR IEC 60079- 17 definindo o seguinte:
• Periodicidade das inspeções;
• Programa de inspeções;
• Relação de componentes a serem inspecionados por tipo e modelo de
equipamento;
• Procedimentos para reparos quando constatada uma não conformidade no
funcionamento do equipamento.

Se for constatado algum defeito no equipamento, deverá ser providenciada sua
intervenção para reparo ou, dependendo do nível de intervenção, a sua readequação
conforme a sua construção. Os reparos serão feitos conforme a NBR IEC 60079-19, e
são divididos em dois grupos:

I. Interferências realizadas pelo fabricante, ou sob sua orientação, que não


afetem o tipo de proteção do produto original. Nessa hipótese o Certificado
de Conformidade do equipamento continua válido.
II. Interferências não enquadradas na hipótese anterior e aquelas que afetam
o tipo de proteção original, independente de quem tenha realizado o reparo.
Nessa hipótese, o equipamento deverá ser remetido para reavaliação por
um OCP (organismo Certificador de Produto) e receber nova marcação.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO E USO DE EQUIPAMENTOS PARA ÁREAS


CLASSIFICADAS

Uma seleção eficiente dos equipamentos inicia-se com uma correta classificação
de áreas da planta industrial sujeita aos riscos de explosão. Com base nessa
classificação, deveremos nos orientar pelo seguinte:

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• Aquisição de equipamentos adequados de acordo com a classificação da


área de operação do equipamento;
• Exigência do Certificado de Conformidade do equipamento;
• Instalação, operação e utilização dos equipamentos de forma correta
segundo orientações dos fabricantes, das normas técnicas vigentes e das
recomendações práticas existentes.

Para facilitar os critérios de seleção adequada dos equipamentos para áreas


classificadas oferecemos o seguinte quadro:

Exemplo de marcação de equipamentos segundo a normativa brasileira baseada


nos critérios da IEC.

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OPERAÇÕES DE SALVAMENTO
No Brasil não contamos com uma norma específica que estabeleça os requisitos
necessários para a preparação administração, qualificação e instrução de um Serviço de
Emergência & Resgate Técnico. A tendência natural dos segmentos da segurança
industrial é de seguir os padrões e protocolos de resgate das autoridades competentes
(Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Salvaero etc.) ou de outras entidades reconhecidas
como a já comentada NFPA.

Ainda que os trabalhos a serem executados nos espaços confinados estejam


obrigados a passarem por um prévio planejamento e gerenciamento de trabalhos em
execução, os fatores mais comuns de acidentes nesses locais ainda estão associados a:
• Falhas na identificação dos riscos
• Tendência a confiar nos sentidos
• Tentativas de resgate

ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES EM ESPAÇO CONFINADO


6,50% Acidentes decorrentes de problemas com a qualidade do ar

Acidentes que possuem como ponto em comum a falta de


100%
avaliação da atmosfera e a falta de ventilação forçada

29% Vítimas fatais que eram supervisores ou chefes de equipe

60% Trabalhadores que morreram ao resgatar uma vítima

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De acordo com a NIOSH a maior causa de fatalidades nos espaços confinados são
os riscos atmosféricos, geralmente na forma de uma atmosfera deficiente de oxigênio
(ou inerte), uma atmosfera tóxica ou uma atmosfera explosiva. Abaixo demonstramos o
percentual das ocorrências fatais em espaços confinados segundo aquela organização:

• 65% atmosferas perigosas;


• 13% engolfamento;
• 7% aprisionamento;
• 6% estresse por exposição ao calor;
• 5% eletrocussão; e
• 4% outros.

SERVIÇO DE EMERGÊNCIAS E RESGATES

Segundo a NR-33 o empregador deve elaborar e implementar procedimentos de


emergência e resgate adequados aos espaços confinados incluindo, no mínimo:
• descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos a partir da Análise de
Riscos;
• descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem
executadas em caso de emergência;
• seleção e técnicas de utilização dos equipamentos de comunicação,
iluminação de emergência, busca, resgate, primeiros socorros e transporte
de vítimas;
• acionamento de equipe responsável, pública ou privada, pela execução das
medidas de resgate e primeiros socorros para cada serviço a ser realizado;
• exercício simulado anual de salvamento nos possíveis cenários de acidentes
em espaços confinados.
Acreditamos que tais exigências sejam muito pouco quando se trata de trabalhos
sempre marcados pela multi-fatalidade. Por isso, faremos algumas referências às
normas norte americanas NFPA 1670 e NFPA 1006 são as que nos oferecem maiores
informações técnicas para o desenvolvimento de um programa de equipe de resgate, a
qualificação da equipe e o perfil do técnico em resgate.
A NFPA 1670 define o serviço de resgate como sendo aquela equipe montada pela
autoridade competente (setor público) ou pelas empresas (setor privado) para resgatar
vítimas dos interiores de espaços confinados. A mesma norma fixa os diferentes níveis
de capacidade operacional para as equipes que preparam diferentes níveis de resposta a
emergências em espaços confinados: Segurança, Operações e Técnico.
Para o setor industrial (offshore ou onshore), dependendo do tamanho e das
atividades desenvolvidas na planta, uma equipe de resgate deverá atender os níveis de
segurança e operações, respeitando ainda o perfil e o dimensionamento de sua equipe
própria.
Portanto, a equipe de resgate deverá estar apta a desempenhar o seguinte:

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• Planejar e implementar uma operação apropriada para resgate em espaço


confinado;
• Identificação dos deveres dos resgatistas, dos resgatistas de apoio, dos
atendentes (vigia, operadores de equipamentos, primeiros socorros,
transporte, etc.) e do chefe da equipe de resgate;
• Determinar os fatores que influenciaram a existência de condições
potencias;
• Estabelecer contato com as vítimas onde for possível;
• Reconhecer e identificar os perigos associados ao atendimento de uma
emergência sem uma entrada;
• Procedimentos para executar uma recuperação de vítimas sem uma
entrada;
• Procedimentos para implementar um sistema de resposta de emergência;
• Procedimentos para estabelecer um controle do local e um gerenciamento
do cenário;
• Procedimentos para proteger o pessoal de perigos dentro do espaço
confinado;
• Avaliar continuamente a existência de condições potenciais de riscos;
• Procedimentos que assegurem que os membros da equipe são capazes de
administrar os desafios físicos e psicológicos que afetam os resgatistas;
• Procedimentos para avaliar continuamente ou em intervalos frequentes, a
atmosfera em todas as partes do espaço a ser adentrado;
• Procedimentos para o uso seguro e efetivo dos equipamentos de
imobilização de vítimas que podem ser empregados no resgate;
• Transferência de vítima e primeiros socorros básicos; e
• Programa de treinamento da equipe de resgate em espaço confinado.

O RESGATISTA

As empresas deverão assegurar que os membros selecionados para suas equipes


de resgate tenham capacidade física, psicológica e médica para assumir
responsabilidades e desempenhar tarefas diante de acidentes ocorridos em espaços
confinados de acordo com os seus níveis próprios de exigência. Fisicamente devem
dispor de boa saúde, uma vez que deles será exigido um grande esforço tanto pelas

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dificuldades do resgate em si, quanto pelas condições do ambiente, do clima, do tempo e


do local, quase sempre adversas.
Os aspectos psicológicos de sua personalidade também são importantes devendo
incluir as seguintes qualidades:
• Sociabilidade: Linguajar educado e palavras corretas que transmita calma
e confiança para a própria equipe e para as vítimas;
• Espírito de equipe: Harmonizar com os companheiros de equipe. O
resgate não é uma operação individual;
• lmprovisador: Capacidade de superar situações adversas inesperadas. Ter
sempre um "plano B";
• Participativo: Capacidade de iniciativa e desembaraço na realização de
seus deveres sem depender do recebimento de ordens;
• Autocontrole: Estabilidade emocional para superar os fatos mais
desagradáveis ocorridos durante um resgate;
• Liderança: Realizar tudo o que for necessário (ou além) para organizar e
controlar uma operação para um resgate, estando, inclusive, preparado
para a ocorrência de condições imprevistas;
• Perceptivo: Capacidade de ouvir. Estar atento a comunicação entre a
equipe e ao depoimento de testemunhas.

Sendo assim, individualmente, o candidato a resgatista deverá estar apto a


desempenhar os seguintes procedimentos:
• Controlar o local da emergência;
• Promover, primeiro, a sua segurança, a segurança da sua equipe e depois a
da vítima;
• Avaliar o local da emergência;
• Utilizar corretamente seu EPI, EPR e demais dispositivos de resgate;
• Coletar o maior número possível de informações sobre a sequência dos
eventos;
• Acessar as vítimas por intermédio dos equipamentos de resgate e
transporte de vítimas;
• Determinar qual o problema que acondicionou na vítima, colhendo as
informações do local e dos mecanismos que provocaram as lesões;
• Estabilizar a vítima;
• Dar o seu máximo diante de um resgate respeitando o seu nível de
treinamento;
• Liberar a vítima, o mais depressa possível, dentro das técnicas e
equipamentos apropriados;
• Transportar com segurança a vítima, monitorando o seu estado durante o
trajeto;
• Passar para o serviço de atendimento médico todas as informações
relevantes que assegurem a continuidade do tratamento da vítima em prol
de sua recuperação total.

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ANÁLISE RISCO X BENEFÍCIO

O resgatista deverá possuir as habilidades mínimas para o desempenho de


atendimento às vítimas, inclusive quanto a capacidade de realizar uma RCP. O que
diferencia o resgatista dos demais profissionais que trabalham nas operações de
atendimento pré-hospitalar é que no seu campo de atuação, muitas vezes o cenário
levará o resgatista a tomar decisões que poderão alterar as prioridades e a sequência do
atendimento da vítima confrontando com sua própria segurança.
A NFPA 1670 define que a análise Risco x Beneficio tradicionalmente envolve a
avaliação das condições gerais da vítima de forma a aplicar a devida urgência para a
situação (Resgate de vítimas x Recuperação de corpos). Uma vítima ainda viva poderá
sugerir um resgate associado a um nível mais urgente de ação. Já uma vítima fatal
poderá sugerir uma operação de recuperação de corpo com um nível de urgência bem
menor.

ANÁLISE INICIAL

Em todos os tipos de acidentes em espaços confinados, existe um potencial de


situações extenuantes que exigirão uma habilidade além da capacidade normal da
organização para operar de uma forma segura. Exemplos dessas situações podem
incluir, mas não se limitando a: locais isolados ou profundos, perigos múltiplos (líquidos,
produtos químicos, alturas extremas no espaço, etc.), falhas nos equipamentos,
condições ambientais severas. Estas condições deverão ser avaliadas em análises
contínuas da operação.
Segundo a NFPA 1670, a análise do cenário deverá avaliar inicial e continuamente
o seguinte:
• Objetivo, tamanho e a natureza da emergência;
• Localização, número e condição das
vítimas;
• Análise Risco x Beneficio (Resgate de
vítimas x Recuperação de corpos);
• Acesso ao cenário;
• Fatores ambientais;
• Recursos necessários e disponíveis; e
• Estabelecer um perímetro de controle.

PLANEJAMENTO

Os procedimentos para atendimento de um socorro devem ser registrados em um


plano de resgate formal e escrito, sempre revisto e atualizado periodicamente. Cópias
do plano de resposta a acidentes em espaços confina- dos devem ser disponibilizadas
para os empregados da empresa com responsabilidades designadas pelo próprio plano,
setores importantes da unidade e para as organizações externas de suporte operacional.
Onde exista a necessidade de recursos externos para se alcançar um nível
desejado de capacidade operacional, é recomendado o registro de acordo de cooperação
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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

mútua com as demais organizações que assegurem o seu acionamento diante de uma
emergência, como por exemplo, hospitais especializados, transporte de vítimas, resgate
aéreo etc.

COMANDO DA EMERGÊNCIA

Comandar um resgate em espaços confinados requer a delegação de muitas


responsabilidades necessárias para o sucesso da operação. O sistema de comando do
incidente é uma estrutura criada para facilitar o gerenciamento de qualquer tipo de
emergência e que passe por todas as fases da operação. Contudo, ressalta-se que antes
de se implantar um sistema de comando, é necessário que todos os envolvidos tenham
um claro entendimento de aonde eles se encaixarão no momento em que se deflagrar o
acidente, com relação as responsabilidades que cada um assumirá. Uma pessoa com
muitas responsabilidades pode gerenciar um pequeno acidente, se ele também for
pequeno. Já um acidente maior, um grupo de pessoas assumirá muitas tarefas
delegadas. Um plano de emergência com um sistema de comando bem dimensionado é
capaz de se expandir à medida que a emergência adquire proporções cada vez maiores
e, assim, mantém o controle das operações com eficiência. À medida que a operação
cresce tornando-se mais complexa e outros voluntários chegam, o comando da operação
deverá atribuir as funções para cada novo componente, e assim estabilizar o Sistema de
Comando de Incidente.
O comando da emergência também deverá ficar atento quanto à participação de
outros serviços externos de resgate, como por exemplo, o Corpo de Bombeiros ou
resgate aéreo. O plano de emergência deve admitir em seus procedimentos a
possibilidade de ocorrência dessa situação, pois, embora a emergência esteja
ocorrendo em uma área industrial particular, a responsabilidade por algum dano às

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propriedades adjacentes, lesão aos empregados e terceiros e prejuízos ao meio


ambiente permanecem com o empregador
Uma composição ideal para uma equipe de resgate em espaço confinado poderia
ser:
➢ Comandante de Incidente - Responsável por todo o gerenciamento do
incidente.
➢ Segurança - Responsável por garantir a segurança da equipe e de todos os
procedimentos de resgate durante a operação e/ou antecipar riscos e
situações inseguras. Não deverá possuir nenhuma outra responsabilidade.
➢ Supervisor (Chefe) do Grupo de Resgate - Responsável pela
coordenação da parte operacional da emergência. É o responsável pelo
seguinte pessoal
➢ Observador (Vigia) - Possui praticamente as mesmas tarefas de uma
entrada para trabalho. Comunica-se com os resgatistas constantemente e
monitora a atmosfera.
➢ Responsável pelos equipamentos (logística) - Responsável pela
ventilação, fornecimento de proteção respiratória, pela descontaminação do
local, pelos sistemas de movimentação e remoção, cordas, polias e
demais dispositivos necessários.
➢ Resgatistas (Equipe de entrada) - Executam todas as tarefas dentro do
espaço confinado como reconhecimento, liberação da vítima, sua
imobilização e transporte.
➢ Resgatistas (Equipe de Apoio) - Resgatistas prontos para uma entrada
imediata caso a equipe de entrada precise de resgate
➢ Primeiros socorros - Atendimento inicial - estabilização
➢ Macas - Responsável pelo transporte e evacuação das vítimas.
A composição da equipe acima é apenas uma recomendação. Caberá a empresa
avaliar o nível de treinamento dos candidatos a resgatistas, os equipamentos que possui
e o quantitativo de pessoas capacitadas e disponíveis para compor a equipe.

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ETAPAS DE UMA OPERAÇÃO DE RESGATE

A seguir apresentaremos um modelo sugerido de gerenciamento de uma


emergência que envolva um resgate em espaços confinados dividido em 5 fases:
➢ Preparação;
➢ Avaliação;
➢ Pré-entrada;
➢ Entrada e resgate; e
➢ Término da operação.

PREPARAÇÃO

Uma questão deve ser obrigatoriamente levantada ao longo de qualquer


atendimento a emergências: "A equipe de resgate treinada capacitada e equipada para
desempenhar um resgate em espaços confinados?" Definitivamente, tal indagação não
quer ficar restrita em apenas disponibilizar cintos, cordas, macas, respiração autônoma e
demais equipamentos para os resgatistas se acharem preparados para enfrentar um
resgate em espaços confinados. O aspecto humano deve ser levado em conta.

Portanto a equipe de resgate deve estar preparada para responder as seguintes


perguntas:
• A equipe de resgate conhece os padrões e procedimentos exigidos?
• A equipe de resgate possui uma quantidade de pessoal suficientemente
treinado para manter uma operação de resgate em espaço confinado?
Talvez 4 ou 5 membros bem treinados não serão o suficiente para cumprir
com segurança um resgate.
• A equipe de resgate possui o equipamento apropriado para desempenhar
essa operação?
Resgates em espaços confinados exigem equipamentos especiais.

PREPARAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E DA EQUIPE DE RESGATE

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A seguir listamos o mínimo de equipamentos necessários que a equipe de resgate


deve dispor:
• Equipamento de ar mandado - um para cada resgatista, um para cada
membro da equipe de apoio e um para a vítima (se necessário);
• Sistema de cascata ou compressor;
• Equipamento de imobilização de vítimas compatível para espaços
confinados;
• Equipamentos de retirada - Tripés, monopés, guinchos, triway;
• Software - Cordas, cordins, fitas e cintas;
• Hardware - Freios, blocantes, ascensores, polias, mosquetões, ganchos;
• Cintos de segurança - modelo paraquedista;
• Detector de gases - 4 gases: O2, CO, H2S e Gases inflamáveis;
• Equipamento de ventilação - insufladores e exaustores à prova de explosão;
• Lanternas à prova de explosão;
• Equipamento de comunicação intrinsecamente seguro;
• EPI - Compatível para espaços confinados;
• Travas e sinalização de segurança;
• Treinamento da equipe de resgate.

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ANÁLISE INICIAL
Durante a fase inicial de preparação a equipe de resgate precisa levar em
consideração um planejamento prévio para enfrentar riscos específicos que possam
interferir em suas operações de resgate. Esse levantamento básico poderá providenciar
uma visão geral para os problemas e dificuldades que os resgatistas encontrarão nas
rotinas de resgates em espaços confinados.
• Se for necessário, consulte o plano de emergência e os controles de
descarga de energia;
• Consulte os responsáveis que trabalham nos locais para informações
adicionais;
• Requisite cópia das permissões de entrada;
• Identifique qualquer tipo de risco especial ou processos que são necessários
conhecê-los antes de qualquer resposta a emergências;
• Identifique qualquer dificuldade local específica tal como: localização,
acesso, suprimento de ar ou variações extremas nas avaliações.
Planejamento prévio é essencial para qualquer equipe de resgate séria e
preparada para enfrentar toda a sorte de imprevistos nos serviços de resgate em
espaços confinados. Não só permite ao comando da emergência e aos resgatistas
planejarem a tática mais eficaz para o resgate como também aumenta a segurança da
operação como um todo.

AVALIAÇÃO

É o início da execução do plano de resgate propriamente dito. Na verdade, é a


primeira fase operacional de um resgate em espaços confinados. Operações de resgate
bem sucedidas nas situações de emergências em espaços confinados ocorrem quando
dispomos de um processo perfeito de coleta de informações essenciais para uma
eventual entrada. Através da implantação de um planejamento coordenado e implantado
para colher, interpretar e disseminar as informações, muito provavelmente a operação
terminará com êxito.
A avaliação está dividida em duas áreas:

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➢ Avaliação do Cenário - Obter uma dimensão inicial da situação e para


identificar os riscos.
➢ Avaliação dos Recursos - Verifica o seu potencial humano (resgatista) e
seus equipamentos para executar a operação de resposta à uma
emergência.
Portanto o objetivo dessas avaliações é buscar um equilíbrio entre os recursos
disponíveis e a rapidez do tempo de resposta.

AVALIAÇÃO DO CENÁRIO
Uma vez presente no cenário, a equipe de resgate deverá levantar e examinar as
seguintes informações para o desenvolvimento de um plano de ação:
• Qual é o problema principal?
• Quantas pessoas estão em risco? Quantas estão feridas?
• Quantas pessoas estão perdidas? Aonde eles foram avistados por último?
• Qual o tipo de espaço confinado e sua utilização?
• Existem riscos na armazenagem dos produtos?
• Existem materiais viscosos ou aquecidos?
• Quais são os possíveis resíduos?
• Existe algum potencial de engolfamento?
• Demais perigos existentes no espaço confinado.
• Elétrico, mecânico ou energia acumulada?
• Quais são os pontos de entrada e de saída?
• Existem múltiplos pontos de entrada?
• Existem pontos de entrada acima ou abaixo do nível do chão?
• Existe alguma outra dificuldade de acesso?

Uma vez respondidas essas informações, o planejamento da operação poderá


iniciar.

AVALIAÇÃO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS


Após avaliar as informações recebidas da abordagem inicial e desenvolver um
plano de ação para o incidente, identifique os recursos existentes no local para
determinar se serão necessários recursos adicionais.

REGISTRO DOS PROCEDIMENTOS


Antes de prosseguir no resgate é essencial documentar todas as ações e
avaliações realizadas desde o início das operações. Esse registro deve se estender
continuamente ao longo de toda operação. Servirão de parâmetro para novas ações a
serem tomadas. Para isso existe um ditado: "Se não foi documentado, isso não
aconteceu."
É uma narrativa registrando todas as atividades envolvidas no resgate. A inclusão
da movimentação da equipe dentro e fora do espaço confinado também é válida.
Assegure-se, portanto, de não incluir apenas a duração e as ações, mas as razões por
usar, ou não usar, procedimentos ou recursos específicos. Isto então será arquivado para

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uma revisão posterior para avaliar o seu programa de resgate e para a investigação do
acidente ocorrido.

TAREFAS A SEREM EXECUTADAS DURANTE ESSA FASE


A Avaliação começa quando a notificação do início dos trabalhos e continua após a
chegada em cena da equipe de resgate.
• Estabelecer um posto de comando seguro
• Designar posições chave da equipe
• Localizar e manter uma pessoa responsável do local da entrada
• Pode ser familiarizado com os processos desenvolvidos pela operação e
isolamento daquele espaço confinado.
• Estabelecer o controle do local do resgate
• Permite apenas pessoal com EPI dentro de áreas que não estejam livres de
risco.
• Disponibilizar medidas de isolamento e controle de riscos.
• Monitoramento atmosférico dentro e fora do espaço confinado
• Avaliação de riscos físicos
• A PET é uma boa fonte de informação.
• Determinar a necessidade de equipamentos específicos
• Avaliar o perfil da operação (resgate de vítimas ou recuperação de corpos)

PRÉ-ENTRADA

A fase de Pré-Entrada é onde ocorrem os preparativos finais para a entrada no


espaço. É a definição da forma de abordagem da vítima de acordo com as informações
obtidas durante a avaliação do tipo de emergência. É o momento que a equipe se
aproxima de adentrar no local do acidente, portanto, o local onde se encontra a equipe
de resgate e onde pode se localizar as vítimas deverão estar sob as mais seguras
condições ao longo do atendimento.

RESPONSABILIDADES DURANTE A PRÉ-ENTRADA

Chefe da Equipe de Resgate


• Designar as posições necessárias para o cumprimento das tarefas
identificadas
• Sempre escolha "a dedo" o pessoal para trabalhos específicos. Leve em
consideração o tamanho do espaço e tamanho das pessoas que farão o
resgate.
• Execute os Procedimentos de travamento/sinalização.
• Precisa estar pronto antes de a entrada inicial começar. A equipe de resgate
fora do perímetro da área de resgate deverá assegurar que nenhuma
pessoa autorizada tente se aproximar do cenário ou operar equipamentos
indevidamente.
• A equipe de resgate sempre trabalha em dupla.

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• Ninguém deve entrar no espaço confinado sozinho.


• O espírito de equipe será crítico para o sucesso da operação.
• As exceções podem ocorrer:
✓ Quando estiver trabalhando em um espaço muito pequeno e apenas
um pode caber.
✓ Um pequeno atendimento como, por exemplo, prender o cabo de
retirada no cinto da vítima.
✓ Se um resgatista que entra ficar fora do contato visual do
observador, um segundo resgatista deve fazer a entrada, porém
mantendo o contato visual com o primeiro resgatista.
• Para cada equipe de resgate, deve haver uma equipe de apoio.
• A equipe de apoio deve estar equipada e preparada para entrar em caso de
emergência durante o resgate.
• Para cada equipe deverá estar designado a um único canal de comunicação.

Observador
• Estabelecer um sistema de rastreamento dos resgatistas;
• Monitoração da atmosfera.

Segurança
• Estabelecer uma ventilação adequada do espaço.
• O tipo de sistema de ventilação será determinado pelos riscos encontrados
durante a avaliação.

Equipe de Resgate
• Os resgatistas devem usar o EPI necessário para os riscos presentes ou
potenciais.
• A equipe de resgate inicial deve ter uma unidade adicional de ar mandado
para colocação na vítima

Equipe de Reserva
• Os resgatistas de apoio devem estar equipados com o mesmo EPI dos
demais.

Equipe de Movimentadores
• Identifica e prepara o sistema de remoção das vítimas.
• Nesta equipe poderíamos incluir o seguinte:
✓ Tripés;
✓ Sistemas de guincho e trava-quedas
✓ Sistema de cordas e polias;
✓ Equipamentos de imobilização e transporte da vítima;
Sistema a ser utilizado para remoção da vítima;

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• Se a operação estiver sendo desenvolvida numa atmosfera potencialmente


inflamável, assegure-se de que a equipe esteja utilizando equipamentos
antifaiscantes.

Equipe de Primeiros Socorros


• Escalada para o primeiro atendimento médico das vítimas.
• Proporciona a reabilitação e cuida da equipe de resgate;
• Executa o monitoramento médico da pré-entrada das equipes de entrada e
de apoio;
• Providencia a reidratação para a equipe de entrada.

Equipe de Apoio
• Transporte, assim que a vítima estiver sido removida do espaço.
• De acordo com a toxidez dos contaminantes presente deverá ser
providenciado a descontaminação da equipe, das vítimas e dos
equipamentos assim que saírem do espaço.
• Estabelecer o suprimento de ar para os equipamentos de proteção
respiratória selecionados e preparar para torná-los operacionais.

INSTRUÇÕES DE PRÉ-ENTRADA
Antes de entrar, cada resgatista deverá receber as últimas instruções do chefe da
equipe. As informações mínimas abaixo relacionadas serão abrangidas nessas
instruções:
• A equipe deverá ser informada exatamente sobre quais serão suas tarefas
durante a operação.
• Deve ser direto ao ponto: "Sua função nesta entrada é localizar a vítima,
reportar qualquer condição de aprisionamento e prover cuidados iniciais de
salvamento. Não remova a vítima a menos que seja rápido e fácil."
• A equipe envolvida na operação deve ser informada dos procedimentos de
emergência dentro do espaço, no caso de ocorrência de algum problema
com a equipe de resgate.
• Cada equipe deve providenciar um local de instruções.
• Pode ser executado através da consulta de plantas e mapas disponibilizados
durante a fase de avaliação ou através da criação do seu próprio mapa do
espaço.
• Todavia, antes de tudo, lembre-se de que, em alguns casos, você estará
entrando em um labirinto no qual não é familiar a você.
• Durante a entrada, a equipe deve estar ciente do ambiente ao seu redor e
estar preparada para relatar em detalhes quando saírem do espaço.
• Cada equipe deve estar avisada de qualquer limite de tempo imposto a eles.
Uma vez que estas informações são de conhecimento de todos, a equipe de
entrada poderá começar seus procedimentos de entrada.

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ENTRADA E RESGATE

Nesta fase as obrigações do resgatista poderão ser resumidas da seguinte forma:


LOCALIZAR X ACESSAR X ESTABILIZAR X TRANSPORTAR

Chefe da Equipe de Resgate


• Coordenar a operação e as ordens de liberação de entrada e saída da
equipe de resgate.
• Monitoramento atmosférico contínuo e registro das medidas.

Observador
• Avaliar as medições para assegurar se a ventilação está sendo efetiva.
• Registro do momento de entrada da equipe de resgate.
• Manter a comunicação constante com a equipe e o chefe da equipe de
resgate.

Equipe de Resgate
• Trabalhar em equipe e se comunicar constantemente com relação às ações,
táticas e procedimentos pré-definidos.

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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

• Uma ação coordenada reduz tempo, o estresse e aumenta sensivelmente


as chances de sobrevivência.
• Garantir uma comunicação adequada com o observador.
• Atenção com as condições de uso do EPR. Evitar se arrastar, bater com os
equipamentos ou cortar caminhos. Assim que estiver no interior, determinar
qual será sua rota de fuga. Combinar os movimentos com a equipe.
• Usar um cabo de segurança para Entrada/Saída.
• Consiste-se em uma corda para marcar o progresso e retorno da equipe. Se
estiver conectado a uma linha de ar esta servirá como cabo da vida.
• Estar alerta para desníveis no piso, obstáculos, quebra-canelas, etc.
• Estar alerta para os riscos mecânicos, elétricos e de engolfamento.
• Tudo dentro do espaço confinado deve ser considerado perigoso, apesar
dos procedimentos de isolamento, travamento e sinalização.
• Acima de tudo não se desviar do foco de sua missão inicial.

Uma vez localizada a vítima, comunicar ao vigia e removê-la rapidamente durante


as operações de entrada, de acordo com a complexidade da emergência pode ser
necessário que se façam várias entradas utilizando mais de uma equipe. Quando isso
ocorrer será primordial a troca de informações entre a equipe que está saindo com a
equipe que a substituirá na entrada com relação ao seguinte:
• Localização das vítimas e suas condições;
• Algum risco específico o qual se deve estar atento;
• Se a equipe de entrada conseguiu cumprir sua missão inicial;
• Atualização das condições do local, a medida que surgem novas
informações como novos obstáculos, novos riscos, localização das vítimas
etc.;

Uma vez que a vítima foi localizada:


• Coordenar todos os movimentos com a equipe de movimentadores,
informando todos os avanços, recuos ou problemas encontrados;
• Tomar o máximo de cuidado com a coluna cervical da vítima;
• Decidir se deve começar a remoção da vítima primeiro pela cabeça ou pelos
pés;
• Atentar para o uso de cintas nas vítimas que sofreram queimadura. A pele
pode ser puxada durante o processo de remoção;
• Ao passar a vítima por pequenas aberturas, assegurar, sempre que for
possível, que o pessoal de recebimento/remoção já esteja posicionado ao
lado da saída do espaço confinado. Sempre tentar evitar ser bloqueado pela
própria vítima durante os movimentos dentro do espaço. Se isso não for
possível, assegurar se dos seguintes procedimentos:
✓ A equipe de movimentadores deve estar preparada para essa
situação, coordenando suas atividades corretamente;

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✓ Quando iniciar a movimentação de macas, isso deve ser feito de


forma rápida e sutil, saindo do espaço confinado no menor tempo
possível;
✓ Evitar que a mangueira do ar de linha utilizada pela equipe de
resgate e pelas vítimas não esteja sendo apertada ou comprimida de
encontro com a borda da abertura, contando, assim, o fluxo normal
de ar respirável.

Equipe de Reserva
• Mantém-se fora do espaço, e preparados para uma entrada imediata caso a
primeira equipe de resgate também precise ser resgatada

Equipe de Movimentadores
• Auxiliar o máximo possível a equipe de resgate no espaço.
• Estar pronto para uma remoção de emergência da equipe de resgate.
• Providenciar todos os equipamentos requeridos pela equipe de resgate.
• Quando solicitado, operar os sistemas de recuperação para retirar a vítima
e a equipe

Equipe de Primeiros Socorros


• Deve estar posicionada e pronta para receber as vítimas para cuidados pré-
hospitalares.
• Se for exposta a alguma substância perigosa tóxica que requeira FISPQ
disponível da mesma, a ficha deve ser enviada ao hospital com a vítima.
• Descontaminar se for necessário, qualquer pessoa, assim que saírem do
espaço.
• Fornece a reidratação para o pessoal de entrada.

Equipe de Apoio
• Monitorar o sistema de ventilação para assegurar que é uma operação
contínua.
• Auxiliar no recebimento das vítimas e seu transporte.

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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

• Limpeza, se necessário, de qualquer equipamento, assim que forem


retirados do espaço.
• Monitorar continuamente o suprimento de ar respirável.
• Trocar os cilindros de ar respirável se for preciso.
• Requerer o reabastecimento dos cilindros se for preciso.

TÉRMINO DA OPERAÇÃO

Uma vez que a vítima e a equipe de resgate já tenham saído do espaço, registre o
tempo de saída da equipe e demais observações de toda equipe em um relatório.

A equipe que participou da operação deve reportar, pelo menos, o seguinte:


• Localização e posição da(s) vítima(s).
• Condição em que a vítima foi encontrada.
✓ Estava sem proteção respiratória? Havia evidência de queda?
Tudo isso pode ser essencial para uma investigação ou para um futuro
questionamento judicial.
• O máximo de informação adicional relacionada à planta do espaço confinado
para registro e inspeções posteriores.
Quaisquer situações específicas ou estranhas encontradas no local relacionadas a
deslocamentos, interferências, riscos, atmosfera etc o comandante da emergência e o
chefe do grupo de resgate deve se reunir para discutir quaisquer problemas
encontrados e, assim, após uma conclusão sobre todo o desenvolvimento da operação,
elaborar novas táticas e procedimentos que julgarem necessários para uma revisão do
seu sistema de resgate.
Esta última análise deverá incluir:
• Avaliação médica e psicológica da equipe que participou da operação;
• Inventário de todos os equipamentos utilizados.
• Avaliação dos equipamentos danificados.
• Limpeza, manutenção, registro, e acondicionamento apropriado dos
equipamentos.
• Marcar e etiquetar qualquer equipamento danificado ou inoperante.
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• Fazer com que os responsáveis pelo local sinistrado mantenham o


isolamento e com os pontos de entrada protegidos até o final da
investigação do acidente.

EQUIPAMENTOS DE RESGATE

O EPI básico dos resgatistas é:


• Cinto de segurança;
• Capacetes com viseiras e lanternas Ex;
• Botas;
• Luvas;
• Macacão; e
• EPR.

CAPACETE E ILUMINAÇÃO
O ideal são os capacetes para trabalhos em altura
especialmente desenhados para também atenderem situações
de resgate em espaços confinados. A iluminação é indispensável
já que sabemos que a maioria dos espaços confinados em áreas
industriais possui grandes dimensões e iluminação deficiente ou
inexistente. As lanternas devem ser apropriadas para uso em áreas potencialmente
explosivas.

CINTO DE SEGURANÇA
Nas operações de resgate o técnico em resgate deverá estar
usando um cinto de segurança completo tipo paraquedista conectado a
um cabo ou corda seguramente ancorada fora do espaço confinado.
O cinto deve ser de um tipo certificado (CA) pela autoridade
competente. Devem ser inspecionados antes e depois de cada uso, e
higienizados após o trabalho. Segundo a NFPA 1670 o cinto deverá ser
um do tipo Classe III ou Classe II, denominações essas criadas pela

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norma NFPA 1983. Deve ser resistente o suficiente para aguentar o peso de duas
pessoas.
O cinto deve ser equipado com fitas, fivelas argolas e malhas rápidas, e construído
com material resistente ao tipo de risco ao qual ele foi projetado (fogo, eletricidade,
etc.). Cintos para resgate Classe III são aqueles fabricados com material antichamas
(Kevlar ou Aramida) são equipados com argolas hemisféricas na altura do ventre e do
peito usadas para movimentar ou posicionar o resgatista ou, ainda, para a equipagem de
outros equipamentos. Possuem também uma argola fundida as correias e posicionada
no dorso.

SISTEMAS DE POLIAS
Alternativamente, durante um resgate
poderão ser montados sistemas de cordas e polias
para a movimentação de trabalhadores. A NFPA
1006 define um sistema de vantagem mecânica
como sendo uma força criada através de meios
mecânicos incluindo, mas não se limitando a um
sistema de alavancas, engrenagens, cordas e polias,
geralmente criando uma produção de força maior do
que a energia aplicada, expresso em termos de uma
relação entra a energia aplicada e a força produzida.
São utilizados o 3:1 (3 roldanas para 1 corda) e o
4:1 (4 roldanas para 1 corda). Isso significa que
cada sistema tem seu alcance relativo a quantidade de polias instaladas e o tamanho da
corda.
Atenção ao utilizar o sistema de vantagem mecânica, pois você não só estará
reduzindo o esforço, como também estará dividindo o tamanho da sua corda pelo
número de polias.

SOFTWARE (MATERIAL MACIO)


É o material mole, ou seja, as cordas sejam elas cordas de trabalho, de
segurança, cordim ou fitas. Para os padrões de operações de resgate da NFPA as cordas
devem ser do tipo certificadas, e atender os requisitos constantes da norma NFPA 1983.
Os cordins e as fitas não precisam ser do tipo certificadas. As cordas devem ser do tipo
"Kernmantle", uma alma de fibra sintética envolvida por uma capa também de material
sintético.

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Os requisitos de performance das cordas são:


➢ Resistência a temperatura
• O ponto de fusão das furas utilizadas para construção das cordas não
pode ser inferior a 204°C, e a do Nylon é de 245°C.
➢ Alongamento
• Mínimo - menos de 1% de 10% de sua carga de ruptura I
• Máximo- não pode ser superior a 10% do valor correspondente a
10% de sua carga de ruptura.
➢ Carga de ruptura
• Não pode ser inferior a 20 KN (1KN = 102 Kgf) e para corda de
trabalho não pode ser inferior a 40 KN;
➢ Diâmetro
• Para corda de segurança pode ser de 9,5 mm a não mais do que
12,5 mm
• Para corda de trabalho deve ser de 12,5 mm a não mais do que 16
mm.

INSPEÇÃO
Antes de reutilizar cordas, elas deverão ser avaliadas para as seguintes
condições:
• Danos não visíveis;
• Não foi exposta a calor ou ao contato direto de chamas;
• Não foi sujeita a abrasão;
• Não foi sujeita a nenhum impacto;
• Não foi sujeita a exposição de líquidos, gases, sólidos, poeiras,
vapores de quaisquer substâncias químicas que possam deteriorar o
material;
• Aprovada por pessoal qualificado seguindo as orientações do
fabricante.

CRITÉRIOS DE INSPEÇÃO
• Abrasão
✓ A alma começa a ficar exposta ou mais da metade da capa começa a
ficar desgastada;
• Puimento
✓ Indica um pedaço partido da capa;
• Endurecimento
✓ Causado por exposição ao calor;
• Descoloração
✓ Mudança na cor original indica exposição a alguma substância
química;
• Exposição da alma
✓ Indica possíveis danos na alma ou danos severos na capa;
• Perda de uniformidade

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✓ No diâmetro ou tamanho da corda indica danos na alma.


• Inconsistência
✓ Partes muito macia ou endurecida podem indicar danos na alma;
• Idade/Tempo de uso
✓ A corda deve ser simplesmente retirada de uso. A maioria dos
fabricantes recomenda-se que as cordas devem ser retiradas de uso
após dez anos de uso, desde que estiveram em condições ideais de
uso e acondicionamento;
• Perda de confiança
✓ Se você não sentir mais confiança no material, não insista. Se você
suspeitar de algo, confie no seu bom senso: RETIRE A CORDA DE
USO!

CUIDADOS E MANUTENÇÃO
• Lavagem
✓ Use sabão neutro, lave com as mãos e seque à sombra;
• Acondicionamento
✓ Ensacada. Deve ser guardada de uma maneira que evite o seu
desgaste pelo ambiente (contaminantes, calor, ácidos, luz solar,
fumos, etc.).
• Diário da corda
✓ Histórico de uso da corda para o seu controle.

HARDWARE (MATERIAL DURO)


É o equipamento metálico aplicado no sistema de polias ou de acesso por cordas.

MOSQUETÕES
Construídos de aço, alumínio ou composite. Para operações de resgate os
mosquetões devem ser de aço. Os mosquetões para sistemas de segurança devem ter
uma carga de ruptura de no mínimo 27 KN. Os mosquetões para sistemas de trabalho
devem ter uma carga de ruptura de no mínimo 40 KN.

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DESCENSORES
São dispositivos de controle de descida. Para sistemas de segurança devem
suportar um teste de carga de no mínimo 13,5 KN sem falhar. Para sistemas de trabalho
deve suportar um teste de carga de no mínimo 22 KN.
O Freio 8 é um dos descensores mais comuns.
Contudo, o seu uso é limitado para cargas de apenas uma pessoa ou para
descidas curtas. Um descensor mais seguro é o grigri por ser auto-blocante.

ASCENSORES
São dispositivos desenvolvidos para servirem de assessórios para os sistemas de
cordas de ascensão ou de bloqueio. Como equipamento auxiliar de ascensão deve
suportar um teste de carga de no mínimo 5KN. Se for utilizado como bloqueador, deve
suportar um teste de carga de, no mínimo, 11 KN.

POLIAS
Dispositivos utilizados nos sistemas de vantagem mecânica (redução de esforço).
Para sistemas de segurança deve possuir uma carga de tensão de, no mínimo, 22 KN
sem falhas.
Para sistemas de trabalho deve possuir uma carga de tensão de, no mínimo, 36
KN, sem falhas.

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DESTORCEDORES
Dispositivos utilizados nos sistemas ancorados, para que os mesmos não fiquem
embolados e atrapalhem o seu manuseio.

PLACAS DE ANCORAGEM
Dispositivos desenvolvidos para multiplicar os pontos de ancoragens para os
sistemas quando os equipamentos apropriados ou o local do incidente apresenta
limitações de pontos seguros para ancoragem.

MACAS /IMOBILIZADORES
São os equipamentos para transporte de vítimas imobilizadas.
MACA SKED (MACA ENVELOPE)
Feita de resina e muito útil em espaços confinados com acessos limitados para
entrada e saída. Também chamada de maca envelope, devido a sua tendência de
"envelopar" a vítima.

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MACA RÍGIDA
Construída de aço de liga leve e com fundo de polietileno, oferece limitações
para o seu uso em locais com acessos limitados para entrada e saída.

TRIÂNGULO DE RESGATE (FRALDÃO)


Utilizado para resgate de vítimas desprovidas de cintos de segurança e que não
necessitam de imobilizações especiais.

KED OU COLETE IMOBILIZADOR CERVICAL


Dispositivo criado para imobilizar as vítimas com suspeita de fratura na coluna
cervical.

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COLAR CERVICAL E TALAS


Dispositivos auxiliares para imobilização do pescoço (suspeita de lesões na
coluna cervical) e imobilizações dos membros superiores e inferiores quando há uma
suspeita de fraturas.

RESSUSCITADORES DESFIBRILADOR
Dispositivo eletrônico de ressuscitação.

BOLSA VENTILATÓRIA
Dispositivo manual de ressuscitação para uso nas vias aéreas.

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OBJETIVO DOS PRIMEIROS SOCORROS EM ESPAÇOS


CONFINADOS

PRIMEIROS SOCORROS

Mesmo que se trate de uma entrada para trabalho é importante que o trabalhador
autorizado e os demais membros da equipe de trabalho estejam capacitados a prestar o
atendimento inicial, ainda que restrito, e caso de acidente.
Entende-se por primeiros socorros a ajuda imediata prestada por uma pessoa a
um acidentado, doente, ou vítima de mal súbito, com a finalidade de mantê-lo com vida,
até a chegada do médico. Seus objetivos principais são:
 Manter a vida;
 Evitar o agravamento da lesão;
 Servir como elo entre o momento do acidente e a chegada de ajuda
profissional.

Em situações de emergência, todo executante de trabalhos nos interiores de


espaços confinados devem, inicialmente, garantir a sua segurança para um auto socorro.
Existindo vítimas no local, os trabalhadores autorizados deverão, pelo menos, seguir as
seguintes orientações:
 O que aconteceu?/ quais são os requerimentos:
a) Observe;
b) Use os sentidos (sinais, sangue, convulsões, etc.);
c) Tente obter um diagnóstico;
d) O máximo de informações possíveis (lesão, deformidades, mecanismos da
lesão, etc.);
e) Solicite o resgate imediato e apropriado.

 Chame a assistência médica


a) A exata localização do acidente;
b) Uma indicação do tipo e seriedade do acidente;
c) O número de feridos.

AVALIAÇÃO DA CENA

A avaliação da cena para prestação de primeiros socorros visa garantir condições


mínimas de segurança para a equipe de resgate e assim poder prestar o atendimento
pré-hospitalar à vítima.
São passos importantes para serem observados durante essa etapa;

• Segurança da cena;
• Mecanismo do trauma;
• Número de vítimas;
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• Biossegurança;
• Triagem;
• Apoio;

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

Na abordagem primária o socorrista deverá avaliar a consciência da vítima. Caso a


vítima esteja irresponsiva o mesmo deverá seguir a sequência:

• Iniciar a desobstrução da via aérea;


• Verificar se a vítima respira;
• Círculação (ficar atendo a temperatura da pele, a coloração).

Caso a vítima não responda e não respire, a mesma se encontra em parada


cardiorrespiratória, e imediatamente deve-se iniciar as manobras de reanimação
cardiopulmonar.

PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR)

Consiste na ausência de batimentos cardíacos e respiratórios de um indivíduo, ou


seja, é a interrupção da circulação sanguínea, decorrente da suspensão súbita e
inesperada, não diferente da situação de um indivíduo vítima de algum trauma.
É uma situação dramática, responsável por morbimortalidade elevada, mesmo em
situações de atendimento ideal. Na PCR, o tempo é variável importante, estimando-se
que, a cada minuto que o indivíduo permaneça em PCR, 10% de probabilidade de
sobrevida sejam perdidos.
A parada cardiorrespiratória (PCR) é diferente de
uma constatação de morte biológica irreversível,
caracterizada por deterioração irreversível dos órgãos
e sistemas, que se segue à PCR, quando não são
instituídas as manobras de circulação e oxigenação e
de morte encefálica, que é caracterizada pela necrose
do tronco e do córtex cerebral pela falta de oxigenação
por mais de 5 minutos.
Sendo assim, a constatação da morte de uma
vítima está associada com a presença de um médico e
pela realização de exames específicos.
A constatação imediata da PCR, assim como o
reconhecimento da gravidade da situação, é de
fundamental importância, pois permite iniciar
prontamente as manobras de reanimação, antes mesmo da chegada de outras pessoas e
de equipamento adequado. Evita-se, dessa forma, uma maior deterioração do sistema
nervoso central (SNC) e de outros órgãos nobres.
Se uma pessoa permanecer de 4 a 6 minutos sem oxigênio, as células cerebrais
morrem rapidamente.
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A parada cardiorrespiratória pode ocorrer sem aviso e requer primeiros socorros


rápidos. O diagnóstico da PCR deve ser feito com a maior rapidez e pode ser identificada
por sinais e sintomas que precedem a PCR e por sinais clínicos de uma PCR.
Sinais Clínicos de uma PCR:
Inconsciência;
Ausência de movimentos respiratórios, ou respiração tipo gasping;
Ausência de pulsos em grandes artérias (femoral e carótidas) ou ausência de
sinais de circulação;
Pele pálida (esbranquiçada) e fria;
Cianose (cor arroxeada nos lábios e unhas).

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RCP - RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)


Após a realização da avaliação do nível de consciência, constatar que a vítima está
inconsciente, checar a ausência da respiração e os sinais que foram mencionados na
parada cardiorrespiratória, devemos iniciar rapidamente o protocolo de suporte básico de
vida – RCP – cujo conjunto de ações é determinado pelas letras do, são elas: C-A-B
(Compressão, abrir via aérea e Boa ventilação).
A ressuscitação cardiopulmonar, reanimação cardiopulmonar (RCP) ou ainda
reanimação cardiorrespiratória (RCR) é um conjunto de manobras destinadas a garantir
a oxigenação dos órgãos quando a circulação do sanguínea para subitamente (parada
cardiorrespiratória). Nesta situação, se o sangue não é bombeado para os órgãos vitais,
como o cérebro e o coração, esses órgãos acabam por entrar em falência, pondo em
risco a vida da pessoa.
Os procedimentos básicos da RCP:
• Coloque a vítima deitada de costas sobre superfície dura;
• Coloque suas mãos sobrepostas no meio do esterno com os braços
estendidos;
• Os dedos devem ficar abertos e não tocam a parede do tórax;
• Faça a seguir uma pressão, com bastante vigor, para que se abaixe o
esterno comprimindo o coração de encontro à coluna vertebral;
• Descomprima em seguida;
• Desobstrua as vias aéreas
(com cautela, pois pode
haver danos na cervical);
• Afrouxe as roupas da vítima,
principalmente em volta do
pescoço, peito e cintura;
• Verifique se há qualquer
coisa ou objeto obstruindo a
boca ou garganta da vítima;
• Inicie a respiração de socorro
tão logo tenha a vítima sido
colocada na posição correta.
Cada segundo é precioso.

As Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE enfatizam, mais uma vez, a
necessidade de uma RCP de alta qualidade, incluindo:
• Frequência de compressão cardíaca: de 100 a 120/minutos;
• Profundidade de compressão externa: de 5 a 6 cm em adultos, e de um
terço do diâmetro anteroposterior do tórax, em bebes e crianças (4 cm em
bebes e 5 cm em crianças).
• Retorno total do tórax após cada compressão.
• Minimização das interrupções nas compressões torácicas.
• Evitar excesso de ventilação.
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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

Outro fator importante é o posicionamento apropriado da vítima e do socorrista.


Para uma boa realização a vítima deve ser deitada de costas sobre uma superfície firme
e estável. Se for preciso movê-la para colocá-la de costas, considere primeiro, a
possibilidade de trauma cervical.
A interrupção da RCP somente poderá ocorrer após ordem médica ou por cansaço
extremo do socorrista, que impossibilite o prosseguimento das manobras. Obviamente,
caso seja restabelecida a função cardíaca, deve-se cessar a massagem.

COMPRESSÃO
Localize o ponto correto para colocar o “calcanhar” da mão (base da mão) no
centro do tórax da vítima (no meio de esterno – quatro dedos acima do processo xifóide,
ou na junção de duas linhas imaginária, uma na altura dos mamilos e a outra do nariz ao
umbigo) e de joelhos, mantenha o corpo firme (sem fletir os cotovelos com o seu tronco
alinhado sobre a vítima) mantendo os braços completamente esticados.
Agora cruze as mãos entrelaçando os dedos, e comprima o tórax pelo menos 5
(cinco) cm – para adultos.

ABERTURA DE VIAS AÉREAS


Primeiro abra a boca colocando uma de suas mãos na testa da vítima com os
dedos polegar e indicador em forma de C e a outra mão posicione abaixo do queixo com
os dedos indicador e médio fazendo uma pequena força, empurrando a cabeça da vítima
para traz realizando uma leve hiperextensão do pescoço (lembre-se que ao fazer essa
manobra você deve abrir a via aérea e não fechar a boca da vítima) e logo em seguida,
visualizar o interior da boca observando se há algum corpo estranho obstruindo a
passagem de ar.
Observação: Havendo indícios de trauma providencie a estabilização da coluna
cervical utilizando as mãos ou o equipamento adequado (Colar Cervical).
A escolha e a colocação do Colar Cervical são de extrema importância, pois o seu
uso incorreto pode não causar o efeito desejado ou até causar danos irreversíveis.

BOA VENTILAÇÃO
Procure utilizar os equipamentos necessários para tal. São eles; Bolsa Ventilatória
(BMV – bolsa-máscara-ventilatória) e Pocket Mask. Realize 2 (duas) ventilações rápidas
– 1 (um) segundo para cada ventilação – permitindo que o ar entre, seja “inspirado”.
Neste momento você já deve estar posicionado ao lado da vítima na direção da cabeça e
de frente para o outro socorrista. A mascarilha deve ficar bem vedada na face da vítima
evitando a perda de ar.

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HEMORRAGIAS

A seriedade da hemorragia depende de:


 Tipo de vaso sanguíneo envolvido;
 Quantidade de sangue perdido;
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 Velocidade da perda de sangue; e/ou


 Local do sangramento.

QUANTO AO TIPO DO VASO ROMPIDO

HEMORRAGIA ARTERIAL
O sangramento acontece em jatos intermitentes, no mesmo ritmo das contrações
cardíacas. Sua coloração é um vermelho vivo. A pressão arterial torna este tipo de
hemorragia mais grave que um sangramento venoso devido à velocidade da perda
sanguínea, bem como a qualidade do sangue perdido, visto que o sangue arterial é rico
em O2.

HEMORRAGIA VENOSA
Sangramento contínuo, de coloração vermelha escura. Esse sangue é pobre em
oxigênio e rico em gás carbônico.

HEMORRAGIA CAPILAR
Sangramento contínuo com fluxo lento como visto em arranhões e cortes
superficiais da pele. Considerando que as artérias estão localizadas mais profundamente
na estrutura do corpo, as hemorragias venosa e capilar são mais comuns do que a do
tipo arterial.

TÉCNICAS DE CONTENÇÃO DE HEMORRAGIA

COMPRESSÃO DIRETA OU LOCAL


Este é o método mais rápido e mais efetivo para
controlar uma hemorragia. Hemorragias externas, na
maioria das vezes, são controladas por uma compressão
diretamente sobre o ferimento com o uso de um curativo
estéril ou pano limpo. Esta compressão não deve ser
interrompida até a coagulação, o que pode ocorrer de 6 a
8 minutos nas hemorragias mais intensas. Caso seja
interrompida precocemente, poderá ocorrer a remoção do
coágulo semi-formado iniciando novamente a hemorragia.
As compressas encharcadas de sangue devem ser mantidas no local, caso necessário,
deve-se sobrepor novas compressas secas. Se possível, deve-se fixar as compressas
sobre o ferimento com bandagens próprias. Ao realizar uma compressão direta, fazer o
uso de luvas de procedimentos, evitando assim o contato direto com o sangue da vítima.
Atente para o pulso distal para que a compressão não venha comprometer a circulação
dos tecidos adjacentes. Caso isto ocorra, a compressão exercida deverá ser diminuída.

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ELEVAÇÃO DE MEMBROS
Pode ser combinada com a compressão direta em hemorragias nos membros,
desde que, não haja suspeita de fraturas. Os efeitos da gravidade diminuem a pressão
sanguínea na área afetada, reduzindo assim a intensidade do sangramento.
O ferimento deve ficar acima do nível do coração para que os efeitos desejados
sejam alcançados.

TORNIQUETE
A real necessidade do uso deste método deve ser considerada por se tratar de um
procedimento extremo e de último recurso para controlar uma hemorragia grave, pelos
riscos que o cercam. Muitas vezes um curativo compressivo é a melhor opção.
Em uma situação onde ocorra uma amputação traumática, o sangramento pode
ser pequeno, ao contrário do que se espera, pois, a artéria envolvida entra em constrição
pela ação reflexa dos nervos simpáticos.
Tal fato justifica o uso da compressão direta ao invés de um torniquete.
Sendo inevitável o uso deste procedimento, ou seja, após todos os métodos
citados anteriormente falharem, o socorrista deverá estar atento aos cuidados que
envolvem esta técnica, pois, quando mal realizada, poderá induzir a uma eventual perda
do membro afetado, quando não se tratar de amputação total.

FRATURAS

É quando ocorre a quebra de algum osso. Pode ser do tipo fechado (quando a
pele permanece íntegra) ou aberta (quando há lesão na pele, mesmo que seja um
pequeno furo).
Toda lesão que houver muita reclamação de dor e formação de hematoma e
edema , deve ser tratado como uma fratura em potencial.

FRATURA INTERNA
➢ Sintomas
✓ Dor; Inchaço;
✓ Perda de movimento normal;
✓ Em alguns casos apresenta deformidade; e/ou
➢ Objetivo dos Primeiros Socorros
✓ Evitar que a lesão se agrave e aliviar a dor.
➢ Ação
✓ Imobilizar a articulação acima e outra abaixo do membro fraturado;

FRATURA ABERTA
➢ Objetivos Dos Primeiros Socorros
✓ Evitar que a lesão se agrave, infecção e aliviar a dor.
➢ Ação
✓ Imobilizar a fratura;
✓ Dar conforto a vítima;
✓ Se o ferimento for visível, deve ser coberto com curativo
(bandagem); e providenciar transporte para o hospital.

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SAÚDE OCUPACIONAL EM ESPAÇO CONFINADO


GESTÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL

A NR-.33 é clara o suficiente ao determinar que as empresas deverão


redimensionar seus exames do seu programa de saúde ocupacional relacionados aos
profissionais que possuem rotinas de trabalho nos locais identificados como espaços
confinados, de acordo com as funções que serão desempenhadas por cada um e o tipo
de serviço a ser executado. Existem vários motivos para nos preocuparmos com a
saúde dos trabalhadores nesses tipos de atividades. Muitos casos de exposições ou
acidentes com lesões que poderão levar ao desenvolvimento de alguma doença
ocupacional são provocados por falhas nas medidas de controle, tais como: má
ventilação, iluminação insuficiente, posturas incorretas, EPI inadequado, falta de higiene
do EPI, contato com substâncias contaminantes etc.
O objetivo é ajustar a abordagem da relação entre a saúde e as condições de
trabalho inerentes aos espaços confinados. As particularidades dos riscos, físicos,
mecânicos, químicos, biológicos e ergonômicos inerentes às atividades nesses locais
servirão de subsidio para um monitoramento individual de cada trabalhador que possa
ficar exposto ao desenvolvimento de doenças ocupacionais. Deve-se oferecer uma
especial atenção às condições físicas e mentais dos trabalhadores que adentram em
espaços confinados, pois em algumas situações, será necessário não apenas avaliar a
exposição dos trabalhadores aos contaminantes agressivos à saúde gerados durante o
desenvolvimento dos serviços, como também avaliar se o trabalhador também se
encontra num estado emocional equilibrado para uma entrada segura.
O setor médico ou de enfermagem do trabalho nas empresas possui um papel
importante na coleta de dados que auxiliam na preparação dos programas de saúde
ocupacional para o monitoramento da saúde das equipes de trabalho em espaço
confinado. Na verdade, não participam diretamente da execução dos serviços. Mas
indiretamente possui uma importante função de suporte. São deveres do enfermeiro ou
técnico de enfermagem:
• Assegurar que todos os trabalhadores envolvidos no trabalho a ser
executado estejam em perfeito estado de saúde física e mental;
• Verificar a pressão arterial de todos os funcionários envolvidos no trabalho
antes de iniciar as atividades;
• Coibir a entrada de trabalhadores que apresentem qualquer problema de
saúde;
• Manter o registro médico dos empregados envolvidos em trabalhos em
espaço confinado, garantindo a rastreabilidade dos mesmos.

O PCMSO é vital devido ao seu caráter preventivo, investigativo e de diagnóstico


precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. Ele se interage com as demais
NR's, principalmente a já comentada NR15 e a NR9, que oferece uma avaliação
individual de cada trabalhador que for exposto a algum agente físico, químico ou
biológico.

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CONDIÇÕES DE SAÚDE FÍSICA DOS TRABALHADORES

Até o resultado de exame médico específico que


ateste o contrário, todo trabalhador devidamente
capacitado conforme a NR e que não apresente
transtorno ou doença aparente que não possa ser
agravada ou desencadeada durante a execução de
serviços em locais confinados, pode ser considerado
apto para o desenvolvimento desse tipo de atividades
sendo essa informação consignada em ASO.
O preparo físico do profissional escalado para trabalhos em espaços também
tem a sua importância. Normalmente, o acesso ao local é difícil e o peso das
ferramentas utilizadas, equipamentos pessoais e EPI acabam se tornando dificuldades
que somente serão superadas por pessoas que gozam de boa disposição física.

FATORES PSICOSSOCIAIS
No final da década de 1970, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou um
fórum interdisciplinar em Estocolmo, com o objetivo de discutir a influência dos fatores
psicossociais na saúde, formular medidas e propor políticas de saúde inclusivas baseadas
nesses fatores. Nos idos de 1980, a Organização Internacional do Trabalho e a OMS
publicaram documento em que chamavam a atenção dos efeitos adversos dos fatores
psicossociais relacionados ao trabalho (International Labour Organization26 1986).
Segundo esse documento, ambas as organizações internacionais concordavam
que... “o crescimento e progresso econômico não dependiam apenas da produção, mas
também das condições de vida e trabalho, saúde e bem-estar dos trabalhadores e seus
familiares”. O documento citava que não apenas os riscos físicos, químicos e biológicos
tinham importância na saúde do trabalhador, mas vários fatores psicossociais presentes
no trabalho.
Os fatores psicossociais do trabalho referem-se às interações entre meio
ambiente e condições de trabalho, condições organizacionais, funções e conteúdo do
trabalho, esforços, características individuais e familiares dos trabalhadores Portanto, a
natureza dos fatores psicossociais é complexa, abrangendo questões associadas aos
trabalhadores, meio ambiente geral e do trabalho.
Desde aquela época até os dias atuais, houve significativo avanço no
conhecimento científico sobre a influência das interações entre esses elementos e os
efeitos na saúde. As demandas psicológicas e suas associações com o controle no
trabalho são variáveis de natureza psicossocial e têm sido intensamente investigadas.
Mais recentemente, na década de 1990, uma variável conhecida como “desequilíbrio
esforço-recompensa”, que expressa a percepção dos trabalhadores quanto à relação
entre os esforços empreendidos e os retornos obtidos em seu trabalho, foi também

26
International Labour Organisation. Psychosocial factors at work: recognition and control. Report of the Joint ILO/ WHO
Committee on Occupational Health. Ninth Session, Geneva, 18-24 September, 1984. Geneva; 1986. (Occupational Safety
and Health Series, 56.
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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

reconhecida como outro fator psicossocial com importante associação na saúde dos
trabalhadores
Não menos importantes na anamnese ocupacional para trabalhos em espaços
confinados, os fatores psicossociais também serão levados em consideração. Ter boa
condição física não é o suficiente. Como ficaria o equilíbrio psicológico dos trabalhadores
que poderão desenvolver algum estresse de fundo emocional desencadeado em locais
enclausurados ou escuros?

FATORES PSICOLÓGICOS
São fatores de fundo comportamental no que se refere aos aspectos emocionais
individuais motivados por algum desequilíbrio psíquico ou de saúde. São aspectos
subjetivos, ou seja, "todos têm um limite!".
Claustrofobia, fadiga são algumas das situações que podem influenciar no
emocional as quais o trabalhador ou resgatista poderá estar exposto durante entradas de
longa duração em espaços confinados.

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Treinamento de Supervisores para Entrada em Espaço Confinado – 40h

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABNT/NBR 16577/2017.

2. GUIA TÉCNICO NR 33: FUNDACENTRO.

3. NR-33: MINISTÉRIO DO TRABALHO .

4. ABNT NBR IEC 60079-0.

5. ABNT NBR ISO/IEC 17025.

6. ABNT/NBR-14606:2013.

7. MTE/NR-18.

8. OSHA 29 CRF Parte 1910.146

9. OSHA 29 CRF 1915

10. ANSI - AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE Z117.1.

11. NFPA 1670.

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