Dificuldades e Distúrbios de
Aprendizagem - Leitura, Escrita e
Matemática
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INTRODUÇÃO
Também temos presenciado alguns educadores colocando que crianças de favelas são
incapazes de aprender, que seu aluno não aprende porque seu pai também era “burro” na
época em que estudou naquela escola, e que quando entram na sala de aula precisam,
infelizmente, baixar o nível de suas explicações, pois do contrário, os seus alunos não
aprendem. Estas e outras conversas absurdas são colocadas nas salas dos professores.
Perguntamos, então, por que não buscar soluções e trocar experiências com os colegas ao
invés de rotular os seus alunos? É fácil atribuir a uma criança uma deficiência cognitiva a
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partir de uma resposta imprópria que ela dá num teste, mas se o sujeito fosse um adulto
bem colocado socialmente, respondendo do mesmo jeito, a interpretação seria bem
diferente. Isso sem falar das crianças excepcionais e lesadas cerebrais, que para muitos
educadores parecem ser incapazes de aprender e que não passam de meros cascalhos. A
meu ver, na verdade, são pedras preciosas, que na sua simplicidade e alegria nos ensinam
a viver, e quando acreditamos no seu potencial e na sua capacidade cognitiva, elas
aprendem.
O que precisamos entender é que todas as pessoas possuem algum tipo de dificuldade
de aprendizagem por muitas razões e causas diferentes. Essas dificuldades aparecem em
função do que se tem para fazer, em maior ou menor grau. Um adulto tem dificuldade para
lidar com um computador, embora na universidade seja um respeitável cientista ou um
homem culto. Já o seu filho, utiliza-o sem maiores problemas. Partimos do princípio de que,
dificilmente, as crianças são iguais, que a diferença entre os indivíduos de um certo grupo é
fundamental, pois sem essa desigualdade não seria possível a troca e, consequentemente,
o alargamento das capacidades cognitivas pelo esforço partilhado na busca de soluções
comuns.
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Os Transtornos de Aprendizagem compreendem uma inabilidade específica, como
leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente
abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade
intelectual.
Em 1988, o National Joint Comittee on Learning Disabilities apresentou uma
conceituação muito bem aceita e aplicada sobre os problemas de aprendizagem:
"Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo
de transtornos manifestados por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta,
fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes transtornos são intrínsecos
ao indivíduo, supondo-se que são devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem
ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir junto com as dificuldades de aprendizagem,
problemas nas condutas de auto regulação, percepção social e interação social, mas não
constituem por si próprias, uma dificuldade de aprendizado. Ainda que as dificuldades de
aprendizado possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes
como, por exemplo, transtornos emocionais graves ou com influências extrínsecas (tais
como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são o resultado
dessas condições ou influências".
Atualmente, a descrição dos Transtornos de Aprendizagem é encontrada em manuais
internacionais de diagnóstico, tanto no CID-10, elaborado pela Organização Mundial de
Saúde (1992), como no DSM-V, organizado pela Associação Psiquiátrica Americana (2013).
Ambos os manuais reconhecem a falta de exatidão do termo "transtorno", justificando seu
emprego para evitar problemas ainda maiores, inerentes ao uso das expressões "doença"
ou "enfermidade"2.
No DSM-V
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A real etiologia dos Transtornos de Aprendizagem ainda não foi esclarecida pelos
cientistas, embora existam algumas hipóteses sobre suas causas. Sabe-se que sua etiologia
é multifatorial, porém ainda são necessárias pesquisas para melhor identificar e elucidar
essa questão. O CID-10 esclarece que a etiologia dos Transtornos de Aprendizagem não é
conhecida, mas que há "uma suposição de primazia de fatores biológicos, os quais
interagem com fatores não-biológicos". Ambos os manuais informam que os transtornos não
podem ser consequência de:
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podendo desenvolver na criança um grau de ansiedade que não permite um processo de
aprendizagem adequado.
1. Transtorno da Leitura
2. Transtorno da Matemática
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Transtorno da Matemática é encontrado em combinação com o Transtorno da Leitura ou
Transtorno da Expressão Escrita.
O Transtorno da Matemática, segundo o DSM-V, é caracterizado por:
• Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo (p. ex., entende
números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os dedos para
adicionar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas;
perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações).
• Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou
operações matemáticas para solucionar problemas quantitativos).
Tratamento
A maioria das crianças necessita de intervenção psicopedagógico e/ou fonoaudiologia
e continua participando das aulas convencionais oferecidas pela escola. Porém, existem
casos em que o grau do transtorno exige que a criança passe por programas educativos
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individuais e intensivos. Independentemente do caso, é importante que a criança continue a
assistir e a participar das atividades escolares normais.
Cabe ao profissional que acompanha a criança ou adolescente realizar contatos com a
escola a fim de estabelecer uma maior qualidade do processo de aprendizagem, através da
inter-relação dos aspectos exigidos pela escola e do que a criança é capaz de oferecer para
suprir tais necessidades.
Além de um melhor enquadramento da proposta educacional, outras variáveis que
implicam nos Transtornos de Aprendizagem deverão passar por um processo terapêutico.
Assim, é necessário que ao se fazer uma avaliação de um quadro de Transtorno de
Aprendizagem, o profissional esteja atento para identificar se existem fatores psicológicos
que contribuem para a manutenção do problema. Caso esta variável esteja presente, o
psicólogo é o profissional indicado para tratar dos problemas emocionais vinculados ao tipo
de Transtorno.
O tratamento farmacológico, associado ao atendimento psicopedagógico deve ser
dirigido por um psiquiatra ou neurologista, sendo indicado, por exemplo, em casos nos quais
as capacidades de atenção e concentração da criança encontram-se debilitadas.
Transtornos, dificuldades ou problemas de aprendizagem são desordens que
dificultam o ritmo de aprendizado de uma pessoa. Esses problemas podem ser detectados a
partir dos cinco anos de idade e necessitam de acompanhamento de psicopedagogos,
psicólogos e, em alguns casos, fonoaudiólogos. Existem tratamentos que diminuem o grau
dos transtornos de aprendizagem ao longo dos anos.
Importante ressaltar que as crianças podem apresentar certas dificuldades de
aprendizagem, que podem estar relacionadas a outros fatores, como problemas na família,
problemas de relacionamento com professores ou colegas, entre outros. Os transtornos de
aprendizagem se configuram como uma desordem acentuada que interfere no modo de
adquirir conhecimentos. Confira os tipos mais comuns de transtornos de aprendizagem:
Dislexia
A principal característica da dislexia é a dificuldade em ler e escrever. Pessoas com
dislexia apresentam atrasos para o aprendizado da leitura e da fala, problemas para
memorizar palavras, regras ortográficas e conceitos, dispersão e falta de atenção. A dislexia
é um problema crônico, com origem no cérebro, coluna vertebral e nervos (neurobiológica).
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Discalculia
Dificuldades para compreender e assimilar regras, conceitos e operações matemáticas.
Portadores desse transtorno possuem sérios problemas em realizar operações que
envolvam números, além da dificuldade em ler símbolos matemáticos, operar cálculos
numéricos e realizar operações mentais e escritas.
Disgrafia
A disgrafia é um distúrbio que dificulta a percepção e capacidade escrita dos
indivíduos, levando os portadores a frequentemente cometerem diferentes erros
ortográficos. De acordo com especialistas, o transtorno pode estar relacionado a problemas
psicomotores, levando as pessoas a apresentarem dificuldade em formar palavras,
reconhecer e diferenciar maiúsculas e minúsculas, espaçamento das palavras, entre outras.
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uma oportunidade é a pós-graduação em Neuroaprendizagem. Dessa forma, a união entre
família, escola e educadores proporciona a criança o ambiente e ferramentas necessárias
para conseguir desenvolver o seu aprendizado, mesmo com os problemas apresentados no
percurso.
Referências Bibliográficas
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