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appAAP: UMA FERRAMENTA DIGITAL PARA IDENTIFICAR

ESTRATÉGIAS, DÚVIDAS E IMPASSES ENFRENTADOS PELOS


ALUNOS DURANTE A RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA EM
MATEMÁTICA

Jaqueline Molon1

Resumo: Este trabalho é fruto da tese de doutorado da autora e tem por objetivo apresentar os
elementos que foram considerados no desenvolvimento do Aplicativo de Apoio à Ação Pedagógica
(appAAP), uma ferramenta digital concebida como um recurso para auxiliar professores a identificar
estratégias cognitivas elaboradas por estudantes durante a resolução de situações-problema voltadas ao
conhecimento algébrico. A investigação buscou por evidências de dificuldades, dúvidas e impasses
enfrentados pelos alunos no decorrer da resolução de situações-problema matemáticas relacionadas ao
pensamento algébrico para o desenvolvimento do modelo de avaliação implementado no appAAP. O
appAAP é constituído, basicamente, por um ambiente que contém essas situações-problema junto a
opções de ajuda, procedimentos e estratégias de resolução. O appAAP armazena esses elementos, que
constituem o modelo de avaliação da questão sendo que a lógica de julgamento armazenada na
aplicação corresponde ao método de identificação de evidências de estratégias cognitivas resultado da
pesquisa de doutorado da autora. Acredita-se que o uso de ferramentas digitais como o appAAP pode
contribuir de modo significativo para a efetivação de uma avaliação mais centrada no aluno, podendo o
professor utilizá-lo como recurso para pautar os encaminhamentos pedagógicos adequados às
necessidades dos estudantes.

Palavras-chave: avaliação formativa, ferramenta digital, aplicação web, estratégias cognitivas.

1. INTRODUÇÃO

O Aplicativo de Apoio à Ação Pedagógica (appAAP) é uma aplicação web concebida


como um recurso para auxiliar professores a identificar evidências de estratégias
cognitivas elaboradas por estudantes durante a resolução de situações-problema (até o
momento) voltadas ao conhecimento algébrico. O appAAP é um dos produtos da tese
de doutoramento da professora Jaqueline Molon do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas realizado no do
Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação (PGIE) da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), concluído em 2022. A pesquisa que culminou
no desenvolvimento da aplicação buscou responder ao seguinte problema: Como
identificar evidências de estratégias cognitivas elaboradas por estudantes durante a

1
Doutora em Informática na Educação; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul (IFRS) – Campus Canoas, Canoas, Rio Grande do Sul, Brasil.
jaqueline.molon@canoas.ifrs.edu.br.

*Este trabalho possui apoio e fomento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul (IFRS) – Campus Canoas.
resolução de situações-problema em matemática e de que forma obtê-las por meio de
uma ferramenta digital? (MOLON, 2022).
O presente trabalho tem o intuito de apresentar a aplicação web e os requisitos
técnicos e pedagógicos que foram considerados em sua concepção e desenvolvimento.
Além disso apresentam-se as funcionalidades e discute-se como a aplicação insere-se
no contexto da utilização de ferramentas digitais na avaliação do processo de
aprendizagem dos estudantes.

2. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: PROCESSO DE ACOMPANHAMENTO

A pesquisa que resultou na concepção do appAAP pautou no entendimento de que


é fundamental ao professor buscar compreender como auxiliar cada estudante a
desenvolver a sua própria capacidade de aprender e de resolver problemas variados,
numa concepção de avaliação formativa (PERRENOUD, 1999) ou mediadora
(HOFFMANN, 2018). Entende-se que a avaliação permeia o ensino e a aprendizagem e
ao professor direciona-se a responsabilidade pelo acompanhamento desses processos
com foco na (re)elaboração da sua práxis pedagógica a fim de poder proporcionar aos
alunos situações que os coloque em ação na busca ativa por soluções aos problemas
propostos. Dessa forma, é necessário que o professor tome conhecimento acerca de
elementos relacionados ao desenvolvimento cognitivo de seu aluno e busque
compreender “que tipo de raciocínio está construindo; como lida com as operações
lógicas; que características tem o seu pensamento: se é reversível, se é transitivo, se a
sua capacidade de representação está bem desenvolvida etc.” (FRANCO, 1995, p. 82).
A motivação para o estudo veio da inquietação docente diante das dificuldades de
aprendizagem em matemática que os estudantes demonstram possuir, tanto no ensino
médio quanto ao ingressar no ensino superior. Desde a educação básica, o
desenvolvimento do conhecimento matemático apresenta complexidades (conceituais,
simbólicas etc.) e, com o passar dos anos escolares, são introduzidas estruturas
teóricas para representar e explicitar essas situações (NUNES, BRYANT, 1997). No
entanto, nem sempre os estudantes conseguem transpor de uma forma de pensar a
outra, adaptando as representações anteriores a novas situações e, ainda, conseguindo
utilizá-las em contextos nos quais a necessidade do emprego de conhecimento
matemático está implícita. Prova disso é a obtenção, pelos estudantes da educação
básica, de resultados insatisfatórios em avaliações internas ou externas, que dão
indicativos de que o desempenho dos estudantes brasileiros da educação básica está
aquém do esperado. Essas avaliações estruturam-se por habilidades e competências,
logo percebe-se que existe uma dificuldade intrínseca na transposição do conhecimento
matemático da sala de aula para a resolução de situações-problema contextualizadas.
O apontamento de tal problemática faz emergir questionamentos por parte dos que
buscam alternativas para clarificar as causas e as possibilidades de atuação para a
reversão desse quadro insatisfatório. Por que os estudantes não conseguem
compreender determinados conceitos ou procedimentos? Que razões poderiam ser
considerados para a obtenção de resultados mais satisfatórios? Que competências
cognitivas são fundamentais para a compreensão da matemática escolar, dos conceitos
à sua transposição a situações contextualizadas? Que elementos podem ser
considerados indícios de possíveis lacunas cognitivas e de que forma identificá-los?

2
Que tipos de raciocínio são utilizados pelos estudantes na busca pela solução de
problemas diversos?
Esse descontentamento com o desempenho dos estudantes, especialmente no que
se refere à resolução de problemas relacionados à matemática, e as questões
apresentadas acima, evidenciava a existência de um campo de pesquisa a ser
explorado no que tange à possibilidade de promoção da aprendizagem em matemática.
Acredita-se que todo professor tem como tarefa desafiar seus estudantes propondo-
lhes atividades que lhes mobilizem a articular recursos (conhecimentos, habilidades
etc.) para buscar soluções e, assim, construírem seu próprio conhecimento. De acordo
com Becker (2012, p. 42), um ensino comprometido deve considerar, entre outros
aspectos, “sondar a capacidade cognitiva do sujeito da aprendizagem como condição
de qualquer prática docente e sondá-la por intermédio de práticas centradas na
atividade discente”.
Nesse sentido, identificar as estratégias cognitivas que cada aluno desenvolve
diante de um dado problema a resolver é um passo importante a ser dado na tentativa
de propor desafios mais adequados ao seu estado de conhecimento, bem como
oportunizar o desenvolvimento de habilidades e competências para lidar com
problemas cada vez mais complexos. Desse modo, a avaliação da aprendizagem
poderá fornecer indícios acerca dos aspectos que estão impossibilitando o estudante de
avançar em seu processo de aprendizagem, identificando evidências de percalços em
seus processos de construção de conhecimento, transformando-se, assim, em
oportunidade de aprendizagem, não como um fim, mas como processo de construção e
de ação pedagógica. A utilização de recursos tecnológicos como ferramenta de apoio
para esse fim, representa uma possibilidade.

3. O APLICATIVO DE APOIO À AÇÃO PEDAGÓGICA

O Aplicativo de Apoio à Ação Pedagógica (appAAP) é uma aplicação web concebida


como um recurso para auxiliar professores a identificar evidências de estratégias
cognitivas elaboradas por estudantes durante a resolução de situações problema (até o
momento) voltadas ao conhecimento algébrico, a partir da análise dos caminhos
percorridos por cada estudante, gerando relatórios que direcionem à identificação de
dificuldades específicas do aluno, podendo ser usado como instrumento de avaliação
mediadora. Para tanto, o appAAP também adquiriu uma segunda funcionalidade: servir
de espaço para que estudantes busquem auxílios direcionados às suas dúvidas durante
as tentativas de resolução de situações-problema, oferecendo também apoio à
aprendizagem durante o processo.
A metodologia de desenvolvimento da aplicação web englobou métodos da
Engenharia de Software e análise de requisitos, bem como procedimentos inerentes ao
design interativo para a concepção e validação das interfaces da aplicação. Em
resumo, o appAAP é uma API (Application Programming Interface) rest, baseada em
protocolos http – GET, POST, DELETE etc. – desenvolvida utilizando o framework
Spring do Java. O appAAP usa uma arquitetura onde o servidor fica completamente
separado da interface que o usuário acessa, separando as responsabilidades. Dessa
forma, o cliente (a parte que o usuário acessa) faz requisições ao servidor (que possui
ligação com o banco de dados etc.), sendo essas requisições feitas através da API.
Para o banco de dados, foi escolhido um do tipo relacional, no caso o PostgreSQL,
3
devido ao alto compartilhamento de informações entre as entidades. Optou-se, como
modelo de desenvolvimento, por uma arquitetura onde cliente e servidor estão
completamente separados. O cliente manda requisições em formato JSON (JavaScript
Object Notation) ao servidor, que processa essas informações e devolve uma resposta,
também em JSON. É com esses dados recebidos que o cliente monta a página.
Para o desenvolvimento da aplicação foi escolhida a linguagem JavaScript, por
permitir o desenvolvimento de diversas partes do sistema com a mesma sintaxe. Para a
aplicação web, foi utilizado o framework ReactJS por dois motivos: facilita o
reaproveitamento de código entre as páginas, devido ao conceito de componentização,
além deste código ser facilmente adaptado ao React Native, framework que poderá ser
utilizado futuramente para o desenvolvimento mobile, o qual também é baseado em
JavaScript. Em relação às linguagens, utilizou-se HTML, uma linguagem de marcação
interpretada pelo browser, largamente utilizada na construção de sites http; CSS
(cascade style-sheet), linguagem de marcação utilizada para estilizar componentes
html, ou seja, para o desenvolvimento do frontend; e Java, linguagem utilizada para a
construção do backend da aplicação.
Os principais requisitos técnicos e pedagógicos estabelecidos para o
desenvolvimento do appAAP foram: facilidade de manuseio e acesso para estudantes e
professores; dispensa de recursos de software específicos que podem impor restrições
de uso (dificuldades de download ou falta de memória disponível no aparelho etc.)
possibilitando o acesso à ferramenta através endereço Web sem a necessidade de
download de um aplicativo; possibilidade de utilização do módulo estudante
preferencialmente através de smartphones, dispensando a necessidade de
deslocamento a um laboratório de informática, otimizando, assim, o tempo de estudo
em sala de aula e o trabalho do professor em termos de preparação de um ambiente
específico para utilização da tecnologia em suas aulas; design responsivo de modo que
o appAAP possa adaptar-se à tela do dispositivo em que estiver sendo usado, seja ele
móvel ou não (tablet, smartphone, desktop etc.); acesso multiplataforma para uso a
partir de diferentes plataformas ou sistemas operacionais (Android, IOS, Windows etc.);
construção de dois módulos de usuários: módulo estudante e módulo docente;
definição de logins e recurso de recuperação de senha de usuários; registro dos logs de
navegação dos estudantes; cadastro de estudantes por turma; cadastro de situações-
problema e elementos necessários à identificação de evidências de estratégias
cognitivas no módulo docente para turmas específicas; extração de relatórios de uso do
appAAP no módulo docente.
Essa identificação dá-se pelo registro e análise dos logs de acesso dos estudantes
durante a utilização do aplicativo e armazenamento de informações associadas às
ajudas. A análise dos logs das ajudas consultadas conduz a uma lista de
procedimentos para análise de cada estudante e após cada um selecionar os
procedimentos efetivos, a lógica implementada no appAAP aponta a estratégia e a
indica ao estudante. Para tanto, o professor vincula as estratégias, procedimentos e
ajudas de cada situação-problema ao cadastrar uma questão no appAAP módulo
docente.
O appAAP é constituído, basicamente, por um ambiente que contém situações-
problema junto a opções de ajuda (DRi, PNi e QRi), procedimentos (Pi) e estratégias de
resolução. O appAAP armazena esses elementos, que constituem o modelo de
avaliação da questão, sendo que a lógica de julgamento armazenada na aplicação
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corresponde ao método de identificação de evidências de estratégias cognitivas
resultado da pesquisa de doutorado realizada.
Em resumo, o método de identificação via appAAP ocorre da seguinte forma:

• O docente cadastra e libera as situações-problema para a turma.


• Cada estudante, após registrar-se no appAAP, acessa a ferramenta e sua turma,
seleciona uma situação-problema e tenta resolvê-la podendo buscar dicas de
resolução.
• O sistema armazena a lista de ajudas (dicas) consultadas, armazena a lista de
procedimentos associados a cada ajuda (inclusive os repetidos), monta uma lista
dos procedimentos repetidos nas ajudas e a exibe ao aluno.
• Quando aluno não pede ajuda, o sistema mostra a lista padrão de procedimentos
de cada situação-problema que se constitui automaticamente com aqueles que
se vinculam a apenas uma estratégia (no momento do cadastro dos dados do
problema no sistema).
• Se o aluno solicitar ajudas e nessas não se identificarem procedimentos
repetidos é sinal de que o aluno buscou poucas ajudas ou as obteve de modo
aleatório, ou seja, uma busca exploratória da situação-problema, mas sem ter
ideia do que realmente estaria sendo exigido e, nesse caso, o sistema também
utilizará a lista padrão.
• O estudante seleciona entre os procedimentos da lista gerada pelo appAAP
aqueles que acredita ter realizado efetivamente.
• O sistema analisa o conjunto de procedimentos selecionados pelo aluno e
verifica, para cada procedimento efetivo, quais as estratégias que eles estão
associados, julga a estratégia desenvolvida pelo aluno considerando o grau de
complexidade informado no momento do cadastramento no appAAP e da
vinculação dos procedimentos pertinentes, exibe ao aluno a resposta esperada
para a situação-problema e a estratégia que identificou e solicita que ele avalie o
Grau de Similaridade (GS) entre à mostrada e a realizada por meio de uma
escala do tipo Likert de 5 pontos.
• O estudante pode enviar comentários sobre a resolução ou dúvidas adicionais
por meio de caixa de texto disponibilizada na aplicação.
• O estudante pode voltar à uma questão respondida, visualizá-la e ter acesso à
sua resposta e à estratégia apontada pelo appAAP.
• O sistema elabora relatório ao professor contendo mais informações; a lista de
ajudas consultadas fornece ao professor indicação de possíveis dificuldades de
cada estudante acerca dos conceitos e procedimentos tentados e da habilidade
de vincular o procedimento aos conceitos pertinentes e executá-los com
competência reconhecendo sua aplicação (ou não) diante da situação-problema.

Optou-se por não trazer imagens do appAAP ao longo deste texto e, sim, organizar
duas apresentações que agrupassem e apresentassem de modo mais fluído todas as
funcionalidades da aplicação para cada usuário estudante e professor, que podem ser
acessadas por meio dos QR Code da Figura 1.

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Figura 1 - QRCode para acesso à apresentação dos módulos do appAAP

Fonte: elaborada pela autora.

3.1. O módulo estudante do appAAP

O módulo estudante do appAAP é um espaço para que eles busquem auxílios


direcionados às suas dúvidas durante as tentativas de resolução de situações-
problema, oferecendo também apoio à aprendizagem durante o processo. Ao acessar o
link da aplicação (https://aapaap-teste.vercel.app), o estudante tem a opção de realizar
login ou cadastrar-se e a partir do cadastro, informa uma turma e tem acesso às
situações-problema contidas nela2. Antes disso, o usuário recebe orientações acerca de
como pode utilizar o appAAP e para começar escolhe a situação-problema que quer
resolver. Após ler o enunciado tem-se duas ações possíveis na ferramenta: clicar na
barra “Digite sua resposta aqui” para informar uma resposta ou clicar em “Dica de
resolução”. Destaca-se que são as ações dos estudantes durante o uso da aplicação
que fornecerão as informações necessárias para o método de identificação. O
estudante não irá realizar os passos de resolução da situação-problema em si dentro do
app, mas as ajudas que consultar e, posteriormente, os procedimentos que selecionará
são as evidências que o sistema concatenará para informar a estratégia possivelmente
elaborada por ele.

3.2. O módulo docente do appAAP

O módulo docente foi desenvolvido para que um professor, sem a necessidade de


conhecimentos acerca de códigos de programação pudesse cadastrar situações-
problema, vincular os elementos necessários à identificação de evidências de
estratégias cognitivas elaboradas por seus alunos usando o método desenvolvido na
tese supracitada. Através do módulo docente, é possível: criar usuários docentes; criar
turmas e deletar turmas; criar, deletar ou atualizar situações-problema vinculadas as
suas turmas; criar, deletar ou atualizar ajudas, procedimentos e estratégias e vincular
às situações-problema; e visualizar relatórios de suas turmas (por turma ou por
estudante que se cadastrar, respectivamente na turma).

2
Caso você deseje viver a experiência de uso do appAAP é possível acessar a aplicação e cadastrar-se
na turma “TESTE TESE” na qual estão disponibilizadas as situações-problema usadas na pesquisa.

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Para acessar o módulo docente (versão de teste usada na tese) é preciso acessar o
endereço https://aapaap-teste.vercel.app/professor e criar uma conta. É possível,
posteriormente, acessar com esse mesmo usuário o módulo estudante para ter a visão
de estudante do material inserido no appAAP, ou ainda, criar uma conta como
estudante para cada uma das turmas criadas no módulo docente, a qual deseja ter a
visão de estudante. Por enquanto, o e-mail usado no momento do cadastro não é
validado, podendo ser usados e-mails fictícios. Contudo, a recuperação de senha, no
caso de esquecimento só é possível através de e-mail válido.
Destaca-se que esse módulo foi testado apenas com as situações-problema aqui
propostas e por meio do cadastramento de informações realizado pela pesquisadora e
autora desse trabalho. Ainda cabe salientar que, para esse momento a exigência era
que as seguintes ações elencadas acima fossem viáveis. Assim, qualquer usuário que,
porventura, queira usar essa ferramenta com uma turma, pode desenvolver o modelo
de avaliação para uma situação-problema que desejar, organizando as informações
necessárias conforme o modelo de avaliação implementado no appAAP, criar seu login
docente e inserir as informações. A lógica de julgamento será aplicada
automaticamente a partir da inserção correta das informações e dos relacionamentos
pertinentes entre elas.
Dessa forma, no momento, o professor pode criar turmas genéricas ou específicas.
Se quiser usar uma única questão em uma aula com determinados estudantes, basta
ele criar uma turma, por exemplo denominada (Aula X do professor Y) e solicitar que os
alunos se cadastrem nela para acessar o problema no momento da aula.
Posteriormente, o professor acessa novamente o módulo docente, baixa os relatórios e
se assim desejar pode inclusive deletar a turma que criou apenas para aquele momento
específico. Obviamente, essa metodologia de uso precisa ser aperfeiçoada, bem como
outras situações de uso devem ser consideradas, como por exemplo, a separação de
alunos por turmas, sem a necessidade de cadastros distintos para cada turma.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O appAAP é uma aplicação web concebida como um recurso para auxiliar


professores a identificar evidências de estratégias cognitivas elaboradas por estudantes
durante a resolução de situações-problema (até o momento) voltadas ao conhecimento
algébrico. O appAAP, além das funcionalidades dos módulos docente e estudante
descritas ao longo deste texto, precisava atender a alguns critérios para que pudesse
ser de fato um recurso viável aos processos de ensino e de aprendizagem. A aplicação
precisava ser de fácil manuseio e acesso por alunos e professores, não depender de
recursos de software específicos que poderiam impor restrições de uso (dificuldades de
download ou falta de memória disponível no aparelho dos alunos, por exemplo).
Buscou-se pensar em responsividade da aplicação desde o princípio, de modo que o
appAAP devia adaptar-se à tela do dispositivo em que estiver sendo usado, bem como
ser multiplataforma a fim de favorecer a usabilidade.
Em termos de interatividade, as características descritas evidenciam que o aplicativo
em sua versão para o professor deveria possibilitar a utilização em
computadores/notebooks, embora seu acesso devesse ser possibilitado, também,
através de smartphones para algumas intervenções. Por outro lado, a interface do
aluno deveria ser voltada, de forma mais direcionada, para os dispositivos móveis,
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especialmente smartphones, uma vez que a interatividade de cada estudante com o
aplicativo ocorre a partir de escolhas e, apenas eventualmente, exigirá a digitação de
alguma justificativa ou texto curto.
Cabe destacar, por fim, o entendimento de que é fundamental ao professor buscar
compreender como auxiliar cada estudante a desenvolver a sua própria capacidade de
aprender e de resolver problemas, promovendo situações de aprendizagem que
possam conduzir os estudantes a desenvolver, eles próprios, suas competências
cognitivas. Desse modo, o aplicativo proposto será um recurso, de geração de
evidências das estratégias cognitivas utilizadas pelos estudantes ao resolver problemas
propostos e de suas estratégias, dúvidas e impasses ao longo do processo, a partir do
qual a ação docente poderá se sustentar. Por enquanto voltado ao pensamento
algébrico, mas com perspectiva de ampliação à outras áreas da matemática ou outras
disciplinas.

REFERÊNCIAS

BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. 2.ed. Porto Alegre:


Penso, 2012.

FRANCO, Sérgio Roberto Kieling. O construtivismo e a educação. 9ª ed. Porto


Alegre: Mediação, 1995.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-


escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2018.
Molon, J. (2022). Identificação de estratégias cognitivas elaboradas por estudantes
na resolução de situações-problema em matemática por meio de uma ferramenta
digital, Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro de
Estudos Interdisciplinares em Novas Tecnologias da Educação, Programa de Pós-
Graduação em Informática na Educação, Ori.: Franco, Sérgio Roberto Kieling, Porto
Alegre, BR-RS.

NUNES, Terezinha.; BRYANT, Peter. Crianças Fazendo Matemática. Tradução de:


COSTA, S. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Trad. Bruno


Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

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