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PSS 2019

PREFEITURA MUNICIPAL DE UMUARAMA-PR

Específicos

GESTÃO ESCOLAR
A gestão escolar
A gestão escolar é um conceito recente. Ele é do fim da década de 80 e
engloba a gestão pedagógica como um dos seus principais pilares. Para
entender melhor essa relação, é necessário saber sobre o surgimento da
gestão escolar e seus principais objetivos.

Surgimento da gestão escolar

Desde a década de 20, os estudiosos da educação perceberam semelhanças


entre a administração de escolas e empresas da sociedade. Assim como donos
de empresas, os gestores de escolas precisam lidar com fluxo de caixa,
pagamento de funcionários, motivação de professores e colaboradores, entre
outros aspectos.

A partir dessa percepção, esses estudiosos e gestores começaram a importar


conceitos da administração de empresas para a administração das escolas.
Com isso, surgiu o que foi chamado de administração escolar.

Porém, da década de 20 até os dias de hoje, a sociedade — e com ela, as


escolas — sofreu diversas mudanças. Apesar das semelhanças em alguns
aspectos, a escola se diferencia muito de uma empresa tradicional. A educação
não é um produto, e o papel da escola vai além de apenas repassar conteúdos
para os seus alunos.

Desse modo, os conceitos da administração tradicional criavam um ambiente


centralizador e burocrático. E isso não condiz com o que a nova realidade
social espera desses novos cidadãos. Também não se adequavam totalmente
ao contexto educacional desse tipo de instituição.

Com isso, no final da década de 80, surgiu o conceito de gestão escolar. Assim
como a administração escolar, ele também traz para o contexto educacional
elementos da administração. Porém, de forma mais adequada à realidade
particular que uma escola vivencia. Seu objetivo final é a melhoria do ensino
por meio da promoção de condições adequadas para o avanço do processo
socioeducacional da escola.

Principais objetivos da gestão escolar

A gestão escolar busca atender às necessidades de todos os setores da escola


de forma integrativa, oferecendo suporte para os envolvidos na formação dos
alunos. Portanto, é uma prática que visa organizar os recursos (físicos,
financeiros e humanos) e as atividades realizadas no ambiente educacional da
melhor maneira possível, visando oferecer uma educação de qualidade.

Dessa forma, a gestão escolar promove a autonomia da escola na


administração dos seus recursos financeiros e pedagógicos e a otimização de
tempo e processos dentro do ambiente educacional. Isso aumenta a qualidade
do currículo e a motivação da equipe como um todo.
Para atingir seus objetivos, a gestão escolar tem seis pilares. São eles: gestão
pedagógica, gestão administrativa, gestão financeira, gestão de recursos
humanos, gestão de comunicação e gestão de tempo e eficiência dos
processos.

Cada um desses pilares tem focos específicos que devem ser integrados para
garantir a qualidade de ensino e eficiência dos processos educacionais. A
gestão administrativa está mais relacionada ao cuidado dos bens da escola,
incluindo compras e manutenção. Ela também se relaciona com a legislação
referente ao funcionamento de uma instituição educacional, assim como
cadastro e acompanhamento de matrículas e alunos.

A gestão financeira está ligada ao fluxo de caixa da escola e ao direcionamento


de recursos financeiros para os investimentos necessários. Além disso, é essa
área que se preocupa com o pagamento de contas e salários, assim como a
manutenção da saúde financeira da escola. A gestão financeira também é
quem faz a prestação de contas da escola perante familiares, funcionários e
órgãos do governo.

A gestão de recursos humanos está mais ligada à motivação de funcionários e


professores e seu engajamento com a instituição escolar. Também se
preocupa com a distribuição adequada de tarefas e o trabalho em equipe entre
todos os envolvidos com a escola.

Já a gestão da comunicação está ligada ao bom relacionamento entre todos os


envolvidos no processo educacional, bem como, o alinhamento de toda a
equipe docente com os objetivos da escola. Também é a responsável por
manter os pais e familiares informados sobre todas as questões referentes ao
ensino dos seus filhos.

A gestão de tempo e eficiência dos processos se preocupa com a otimização


de processos internos da escola, identificando pontos que mereçam atenção e
de melhoria. Ela visa a dinamização de todos os processos de forma a que se
consiga um funcionamento mais eficiente da instituição educacional.

A gestão pedagógica é o principal pilar da gestão educacional. Entenda agora


o que significa esse conceito.

A gestão pedagógica

A gestão pedagógica é considerada o pilar mais importante da gestão escolar.


Isso porque ela está ligada diretamente à atividade-fim da escola. Portanto, ela
atua diretamente na formação e no desenvolvimento de competências e
habilidades pessoais e profissionais nos alunos.

Essa área da gestão escolar tem foco na mobilização de recursos e


estruturação de processos da área educacional da escola. Ou seja, a gestão
pedagógica é a responsável pela organização e pelo planejamento da proposta
política e pedagógica de ensino da escola, assim como definição dos melhores
métodos de ensino e aprendizagem.
Além disso, ela é a responsável por estabelecer metas educacionais e avaliar o
alcance desses objetivos. Também é a área da gestão escolar responsável por
avaliar o desenvolvimento de professores e alunos, assim como criar um
ambiente estimulante e que proporcione a aprendizagem.

O diretor e o coordenador pedagógico são os principais responsáveis por essa


área da gestão escolar. E o coordenador pedagógico o principal responsável
pela gestão pedagógica.

É ele que deve integrar todas as informações e objetivos pedagógicos,


englobando-os no planejamento escolar anual da instituição. Ele também é o
responsável por engajar todos os envolvidos no processo educacional no
cumprimento desses objetivos e metas, incluindo professores, profissionais da
escola, alunos e seus familiares. E além do mais, avalia o trabalho exercido
pelos professores e transforma suas demandas e dificuldades em planos de
ação.

Para cumprir seus objetivos, a gestão pedagógica engloba quatro áreas. São
elas: gestão de currículo, gestão da ação docente, gestão do patrimônio e
gestão de resultados.

Gestão de currículo

Essa é a área da gestão pedagógica responsável por estabelecer as diretrizes


do currículo da escola, assim como os métodos e processos de aprendizagem.
Para isso, é necessária uma avaliação do perfil dos alunos, assim como das
competências dos professores que fazem parte do corpo docente da escola.

Com isso, é possível estabelecer objetivos educacionais e montar um projeto


político-pedagógico que cumpra esses objetivos. Dessa forma, o currículo e os
métodos de ensino escolhidos devem ser coerentes com os objetivos e as
capacidades dos alunos e professores de cumprirem com essas metas.

Gestão da ação docente

Essa é a área da gestão pedagógica responsável por motivar a participação


dos professores no cumprimento dos objetivos educacionais. Ela visa promover
a adesão do corpo docente às metas estabelecidas e motivar e engajar os
professores a cumprir o currículo e oferecer uma educação de qualidade para
os seus alunos.

Além disso, a gestão da ação docente atua no diagnóstico da necessidade de


treinamentos e capacitações para os professores. Dessa forma, ela
promove formação continuada, desenvolvendo no corpo docente as
competências essenciais para o cumprimento dos objetivos educacionais.

Gestão de patrimônio

A gestão de patrimônio é responsável por determinar as tecnologias e


equipamentos necessários para atingir os objetivos educacionais e o
cumprimento do currículo estabelecido. Ou seja, é ela que vai determinar quais
investimentos patrimoniais devem ser feitos para que a educação da escola
seja de qualidade.

Gestão de resultados

Por fim, a área de gestão de resultados é a responsável por avaliar o


desenvolvimento de professores e alunos. Bem como, o cumprimento dos
objetivos e metas educacionais estabelecidos pela escola. Para isso, é
necessário criar critérios que sirvam de base para determinar se as metas
foram ou não alcançadas.

Dessa forma, essa área da gestão pedagógica é capaz de diagnosticar


problemas e áreas de intervenção. Com isso, é possível criar planos de ação
para melhoria da qualidade de ensino oferecida aos alunos.

O planejamento escolar na gestão pedagógica

O planejamento escolar é um ponto central na gestão pedagógica de uma


escola. É ele que vai definir os objetivos pedagógicos da equipe e determinar
as estratégias que serão utilizadas no dia a dia da escola para atingir esses
objetivos.

Dessa forma, o coordenador pedagógico, responsável pela elaboração desse


planejamento, deve ter o cuidado de reunir com a equipe da escola todas as
informações relevantes para formulação desse planejamento. Além disso, deve
compartilhá-lo com o corpo docente e, com os professores, trabalhar no
amadurecimento dele.

A partir disso, o coordenador pedagógico está pronto para delegar as funções e


tarefas de forma a cumprir o planejamento e atingir as metas estabelecidas.
Também deve manter esse plano vivo ao longo do ano letivo, engajando toda a
equipe no seu cumprimento.

Importância da gestão pedagógica

Percebe-se que a gestão pedagógica é essencial para o bom funcionamento


da escola e a melhoria da qualidade do ensino oferecido. Em primeiro lugar, ela
atua estabelecendo diretrizes para que seus professores possam planejar as
suas aulas de acordo com o plano político-pedagógico da escola.

Com isso, o corpo docente atua em conjunto para atingir os objetivos


educacionais da sua escola, de forma a melhorar a comunicação entre si e
entre professores e coordenação.

Por deixar claras as diretrizes educacionais da escola, a gestão pedagógica


também melhora a comunicação entre todos os envolvidos no processo de
aprendizagem — incluindo alunos e seus familiares. Isso porque todos tomam
consciência de quais são os objetivos da sua escola e os critérios utilizados
para avaliar o atingimento desses objetivos.
Além do mais, o corpo discente e seus familiares têm mais consciência de seu
papel na aprendizagem e os motivos por trás do currículo planejado pela
escola. Também favorece o diálogo deles com professores, coordenadores e
diretores da instituição de ensino.

Por propiciar uma avaliação de desempenho e resultados, a gestão pedagógica


favorece a melhoria constante da qualidade de ensino da sua escola. Isso
porque criam-se critérios que indicam pontos críticos que devem ser
trabalhados no próximo ano. A avaliação tem como foco a capacitação
constante dos professores e funcionários da escola, visando sempre a melhoria
na qualidade de ensino e formação dos alunos.

Uma gestão pedagógica bem-feita tem o objetivo de buscar continuamente os


melhores métodos de ensino e aprendizagem para os alunos. Também atua de
forma a criar um ambiente propício, com toda a estrutura necessária para que
os alunos absorvam o conteúdo do programa político-pedagógico da escola.

A gestão pedagógica promove uma mobilização constante de recursos para a


formação de indivíduos prontos para atuar na sociedade e capacitados para o
mercado de trabalho. Portanto, é essencial buscar entender a melhor forma de
desenvolver a gestão pedagógica na sua escola e alavancar seus resultados.

Como desenvolver a gestão pedagógica

Não existe uma fórmula mágica para desenvolver a gestão pedagógica na sua
escola. Porém, alguns aspectos merecem a sua atenção na hora de
implementar esse foco da gestão escolar na sua instituição. Descubra agora
quais são eles!

Observe as demandas da sociedade

Como já dissemos antes, a escola não é apenas um local de transmissão de


conteúdo. Ela é uma instituição de socialização de indivíduos e formação
pessoal e profissional. Assim, para realizar uma boa gestão pedagógica, é
essencial que você observe quais são as demandas da sociedade em relação
aos seus alunos.

É necessário investir no estudo das mudanças sociais que estão ocorrendo


atualmente e na sociedade que está se formando para a próxima geração.
Com isso, você conseguirá criar um projeto político-pedagógico mais adequado
e coerente com a realidade que os seus alunos vão enfrentar no futuro.

Isso melhora a qualidade da educação oferecida pela sua escola e atrai a


atenção de estudantes e pais. Com isso, você cria um diferencial e aumenta a
procura pelo tipo de educação oferecido pela sua escola.

Promova a integração e a democratização do ambiente escolar


O modelo autoritário e centralizador das escolas do passado já caiu por terra
há alguns anos. Hoje em dia, a escola deve ser um espaço cada vez mais
democrático e aberto às opiniões e sugestões de todos os envolvidos.

Dessa forma, para implementar uma boa gestão pedagógica no seu ambiente
educacional, é essencial que você invista na integração de todos os setores
que fazem parte da sua escola. É importante ter uma visão global do
funcionamento da instituição e direcionar os recursos de forma a suprir as
necessidades de cada um deles.

Além disso, deve-se contar com a colaboração de todos os envolvidos no


processo educacional na hora de tomar decisões referentes ao funcionamento
da escola. É preciso levar em consideração as necessidades e a realidade dos
alunos e de seus familiares, assim como dos professores e funcionários da
escola.

Isso não significa tentar atender a todas as demandas geradas por esse grupo
de pessoas. Porém, tente atender à maioria delas, desde que mantendo-se fiel
aos objetivos educacionais estabelecidos em conjunto com essa comunidade.

Melhore a comunicação interna

Para uma boa gestão pedagógica, é essencial investir em uma boa


comunicação interna no ambiente educacional. É necessário que todas as
partes envolvidas no processo de formação dos alunos tenham consciência
dos objetivos da escola, assim como do currículo e das decisões tomadas.

Contudo, para melhoria constante, é importante investir em um ambiente que


favoreça feedback, tanto de professores, quanto de funcionários e alunos.
Todos devem se sentir confortáveis para emitir opiniões, compartilhar
dificuldades e dar sugestões de melhorias para a sua escola.

Você também deve favorecer a comunicação entre as áreas da escola. É


importante ter consciência de que, apesar de haver uma separação entre as
áreas para uma gestão mais eficiente, todas elas devem trabalhar em conjunto
e de forma interdependente para atingir os objetivos e metas educacionais
estabelecidos. Portanto, todos devem saber o seu papel e o dos seus colegas
para oferecer uma educação de qualidade aos alunos.

COMPLEMENTO;

O processo de construção de uma pedagogia que trate da Educação e cuidado

de crianças de até 5 anos e 11 meses em unidades de Educação Infantil está

mobilizando professores e pesquisadores a ampliar o conhecimento acumulado

sobre as formas como as crianças se desenvolvem. Fundamentado nesse


conhecimento, a preocupação com o fortalecimento de uma Educação Infantil

que assegure às crianças o direito a viver experiências significativas e

mediadoras do desenvolvimento tem chamado a atenção para a gestão das

unidades que oferecem esses segmentos visando fortalecer o projeto político-

pedagógico das mesmas - o que também tem sido objeto de pesquisa. Assim,

a organização dos ambientes para a Educação e cuidado na infância tem

orientado estudos empíricos voltados a avaliar o cotidiano das instituições de

Educação Infantil e apontado possibilidades de melhoria das condições nelas

existentes (Campos, Füllgraf e Wenders, 2006), de modo a garantir a qualidade

do atendimento (MEC, 2006).

Entende-se por gestão pedagógica o conjunto de esforços empreendidos pelos

educadores, incluindo as famílias, para coordenar os diferentes elementos que,

na unidade educacional, servem de mediadores das vivências e

aprendizagens. Esse conceito está longe de se limitar somente à organização

administrativa e burocrática. Antes, coloca as tarefas diárias dos gestores à

serviço de um projeto político-pedagógico continuamente construído.

Para atender as expectativas de aprendizagem definidas no projeto político-

pedagógico de cada unidade, a gestão pedagógica busca promover o melhor

uso de recursos humanos e materiais, evitar improvisos, diminuir o tempo de

espera das crianças entre as atividades diárias. O foco básico é estruturar

ambientes que assegurem o direito delas a ser educadas e cuidadas,

estimulando-as na aventura de significar a si mesmas e ao mundo em que

estão inseridas - o que inclui a possibilidade de elas se apropriarem e

transformarem bens culturais por meio de diferentes linguagens e usar formas

criativas de interagir com o meio. Para tanto, um ponto básico é garantir uma

perspectiva de trabalho pedagógico centrada nas características da criança

pequena. Além disso, é preciso considerar que os contextos coletivos de


Educação para crianças pequenas diferem do ambiente da família e requerem

organizações do cotidiano próprias.

Tomar providências que assegurem um ambiente relacional sensível e

promotor de saúde - propondo atividades inovadoras, multissensoriais e lúdicas

que possibilitem experiências variadas com o corpo, sons, formas, cores,

gestos e palavras - são algumas das iniciativas que tornam a gestão da

Educação Infantil o instrumento básico de concretização do projeto político-

pedagógico, ponto que atende ao disposto do Parecer CNE/CEB nº 20/09, que

trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

Alguns referenciais para a gestão pedagógica

Dados de pesquisa sobre o desenvolvimento infantil elaborados em nosso país

(Carvalho, Pedrosa e Rossetti-Ferreira, 2012, entre outros) reconhecem a

criança como um sujeito ativo, que nasce com condições para interagir com

parceiros mais experientes que lhe apresentam continuamente novas formas

de se relacionar com o mundo a fim de compreendê-lo e transformá-lo. Nas

interações que estabelece com adultos e com parceiros de idade, a criança

nomeia objetos, imita pessoas ou outros elementos observados, faz perguntas

e elabora respostas, significando o mundo a sua volta e a si mesmo,

influenciando o entorno e sendo influenciada por ele. Com isso, mobiliza e

modifica saberes e desenvolve a afetividade, a cognição, a motricidade e a

linguagem.

Em pesquisas realizadas sobre as brincadeiras (Oliveira, 2011), a influência do

arranjo espacial na interação de crianças (Campos-Carvalho e Bonagamba-

Rubiano, 1994; Horn, 2003), a estruturação do tempo (Barbosa, 2000) e a

adaptação de bebês na creche (Vitória e Rossetti-Ferreira, 1993), entre outras,


acumularam evidências para pensar a gestão pedagógica. Elas oferecem

pontos de referência sobre a maneira como determinadas organizações das

situações cotidianas ampliam as possibilidades de as crianças viverem a

infância e aprenderem a conviver e se envolver em projetos em grupo,

interagindo com diferentes pares em práticas socioculturais - tais como brincar

com os companheiros, investigar aspectos do ambiente que instigam a

curiosidade, cuidar de si, apreciar uma apresentação musical, desenhar,

participar da recontagem de contos de diferentes tradições, encenar uma

história e antecipar formas de escrita.

Pensando em como gerenciar essas situações, não podemos considerar o

espaço em que as atividades infantis acontecem como neutro, mas como

criador de possibilidades de boas vivências. Sua qualidade pedagógica é

resultado do formato e da organização funcional que ele apresenta e do efeito

estético que ele provoca. A presença de espelhos, transparências, tecidos

coloridos, elementos da natureza e objetos de múltiplas culturas instiga as

crianças a manipular, produzir, expor, organizar, guardar, imaginar, lembrar e

narrar. Assim, as estruturas físicas não só ampliam - ou restringem - as

possibilidades de as crianças interagirem como se tornam uma referência clara

das atividades que nelas podem ocorrer: são locais para desenhar, contar

história, jogar etc. Além disso, a configuração do ambiente é importante pelo

fato de as crianças o considerarem cenário de alegria ou de medo, inibição ou

descoberta, amizades ou rivalidades e de acolhimento das ações e desejos

infantis.

Também a organização do tempo é um aspecto fundamental a ser

considerado. Geralmente, o cotidiano de creches e pré-escolas é gerido pela

lógica da rotina imposta aos próprios adultos que nelas trabalham. Entender

como se estrutura a jornada diária das crianças dando-lhes o tempo que


necessitam para vivenciar as atividades, contribui para a construção - por elas

mesmas - da autonomia para agir nas diferentes situações.

Por sua vez, essa autonomia também é promovida pela presença de materiais

- tinta, massinha, panos, indumentárias, objetos para apertar, jogar, empilhar,

livros de história - que lhes sirvam de recurso para realizar as atividades

propostas por elas e pelo professor, apoiando-as na construção da memória,

da imaginação, dos propósitos etc.

Assim, a gestão do cotidiano envolve um trabalho coletivo de organização dos

tempos de realização das atividades, dos espaços internos e externos em que

elas acontecem, dos materiais disponibilizados e, em especial, de reflexão

sobre as maneiras de o professor exercer seu papel para responder às

necessidades e interesses das crianças (ouvindo-as, oferecendo-lhes

materiais, sugestões e apoio emocional, organizando o ambiente, respondendo

a elas de uma determinada maneira ou criando condições para a ocorrência de

valiosas interações e brincadeiras envolvendo-as na exploração que fazem do

mundo).

Tal gestão, para ser efetiva, necessita ser democrática para ouvir todos os

atores que nela atuam (professores, outros profissionais da unidade e também

os pais e as crianças), apesar das diferenças; ser compartilhada, como forma

de garantir o cumprimento do que foi decidido no coletivo da instituição; e ser

didática, gerando significativas aprendizagens por parte de todos os

envolvidos.

Cabe à equipe de educadores, com a participação das famílias, planejar as

experiências que serão exploradas no dia a dia em função de um projeto de

Educação construído coletivamente, avaliá-las com regularidade, realizar o


registro de todo o processo e refletir sobre ele e ficar sempre atenta ao

significado de decisões e ações, de acordo com o momento histórico.

Com base em uma observação criteriosa e ouvindo os diferentes atores, é

possível identificar prioridades e pesquisar, por exemplo, diferentes formas de

fazer a gestão dos ambientes no processo de adaptação das crianças na

unidade educacional, dos locais destinados ao cuidado e dos espaços em que

acontecem as brincadeiras. E olhar também para os projetos voltados à

apropriação de conhecimentos e para as experiências infantis com as

linguagens expressivas.

A avaliação do trabalho de gestão deve incidir sobre todo o ambiente de

aprendizagem: as atividades propostas e o modo como foram realizadas - os

locais, os momentos, os materiais, as instruções, os apoios e as modalidades

organizativas das atividades (sequência didática, atividade permanente ou

projeto). A partir daí, a equipe pode pesquisar os elementos que estão

contribuindo para a aprendizagem e para a efetivação do projeto político-

pedagógico - ou dificultando a execução de cada um deles. Essa análise vai

fortalecer ou modificar as propostas, a forma como o professor responde às

manifestações e às interações das crianças, os agrupamentos formados para a

execução de uma atividade, o espaço e o tempo necessários para realizá-la, o

material oferecido e os problemas de infraestrutura do prédio e de absenteísmo

de professores, entre outros.

A gestão pedagógica e o desenvolvimento profissional de toda a equipe

Na efetivação da gestão pedagógica da unidade de Educação Infantil, a

formação da equipe docente é um elemento fundamental de superação de

esquemas ritualizados de ação dos quais cada professor tem pouca

consciência em sua rotina diária, impedindo-os de perceber os sentidos que as


crianças vão dando às propostas apresentadas.

Conforme se dá o desenvolvimento profissional do professor de Educação

Infantil - que é um campo novo nos sistemas de ensino e nos cursos de

magistério -, a construção de olhares sensíveis tornam a prática pedagógica

mais reflexiva e promotora da autonomia de cada professor na construção de

uma Educação Infantil de qualidade - objetivo básico da gestão.

A formação inicial do docente deve garantir o estudo teórico-metodológico do

que seria uma Educação da Infância, possibilitando ao professor o domínio de

aspectos específicos do trabalho pedagógico com as crianças pequenas. Cabe

ainda à formação inicial promover a apropriação pelo professor de elementos

do conhecimento historicamente construído, de modo a possibilitar-lhe mediar

a curiosidade infantil e a construção, pelas crianças, de saberes sobre o mundo

social, das Ciências, da Arte, sobre o fantástico e sobre si mesmas. Nesse

processo, o aprendizado pelo professor de diferentes linguagens presentes em

sua cultura - a plástica, a musical, a teatral e também a linguagem verbal -

possibilita a ele mediar o desenvolvimento da criatividade e da imaginação

pelas crianças.

A formação continuada, foco básico de qualquer gestão, deve propiciar aos

professores possibilidades de trabalhar sua autoestima, dar-lhes oportunidade

de serem ouvidos e de atuarem como protagonistas de seu próprio processo

de mudança e garantir o exame das dimensões éticas da atuação docente. Ela

deve criar oportunidades para que os professores questionem suas crenças e

práticas institucionais e localizem suas resistências a mudanças, considerando-

os não como meros consumidores, mas como produtores de saberes.

O reconhecimento da singularidade de cada situação de ensino vai possibilitar


ao professor pensar sobre a prática e a retomada de situações concretas em

que desejos, projetos, receios e dinâmicas interpessoais norteiam as próprias

ações e as das crianças. Sem dispositivos que possibilitem a reflexão e

propiciem a ressignificação de crenças e concepções cristalizadas acerca do

processo de ensino-aprendizagem não há alteração significativa da prática

docente.

Por sua vez, a transformação coletiva do trabalho real dos professores e o

aprendizado de diferentes formas de agir é um meio de continuar a construir

novas capacidades profissionais, conforme cada um cria respostas apropriadas

e criativas nas situações de ensino em que há novas interações com as

crianças, embora possam parecer similares.

Essa posição em relação à formação docente difere da que considera que esta

se faz pela reprodução de formas consagradas de ensino, que deveriam ser

imitadas pelo professor, e remete à necessidade de privilegiar espaços de

discussão, criação e apropriação crítica das práticas pedagógicas adequadas

ao trabalho e de instrumentos que atuem na gestão pedagógica das unidades

na Educação Infantil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barbosa, M.C.S. Por Amor e Por Força: Rotinas na Educação Infantil. (Tese de

Doutoramento). Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas, 2000.

Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros

Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 2006.

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