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D I S C I P L I N A Calor e Termodinâmica

Descrição macroscópica de um gás ideal

Autores

Rui Tertuliano de Medeiros

Ciclamio Leite Barreto

aula

04
Material APROVADO ((conteúdo e imagens)
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Nome:______________________________________
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VERSÃO DO PROFESSOR

Apresentação

N
esta aula, você vai continuar estudando sobre as grandezas termodinâmicas do
ponto de vista macroscópico, descrevendo-as para um gás ideal. Você verá uma
descrição das variáveis termodinâmicas que permite formular a equação de estado
de um gás ideal, apresentando a constante universal dos gases. Você vai estudar ainda as
diversas transformações aplicadas a esse gás ideal, como também resolverá problemas que
envolvem as variáveis termodinâmicas em diversas transformações.

Objetivos
Entender os conceitos de pressão, volume e temperatura
1 de um gás ideal.

Compreender e interpretar macroscopicamente a


2 equação de estado de um gás ideal.

Analisar os diversos processos envolvendo mudanças


3 de estado de equilíbrio do gás ideal.

Aula 04 Calor e Termodinâmica 1


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Considerações iniciais
As propriedades dos gases são muito importantes numa série de processos térmicos.
O nosso clima diário é um dos exemplos dos tipos de processos que dependem do
comportamento dos gases.

Se introduzirmos um gás em um recipiente, ele se expandirá para encher uniformemente o


recipiente. Portanto, podemos dizer que o gás não possui volume próprio ou uma pressão fixa.
Seu volume é do recipiente que ele está contido e a sua pressão depende do tamanho
do recipiente.

Para discutir as propriedades de um gás, é necessário saber como as grandezas,


pressão (p), temperatura (T) e volume (V ) estão relacionadas. A equação que relaciona
essas grandezas é denominada equação de estado de um gás. Nesse momento trataremos
uma equação mais simples, conhecida como a equação de estado de um gás ideal.

Vamos identificar a presença dos gases ao nosso redor e ao mesmo tempo discutir
como relacionar as grandezas termodinâmicas com esse gás.

Podemos vivenciar o conceito de pressão quando falamos sobre a evaporação da água.


Observe o nível de um reservatório d’água, por exemplo, um pequeno açude, onde se coloca
uma régua para medir a espessura da lâmina d’água. Após algumas semanas de observação,
você começará a perceber que o nível desse reservatório baixou. Essa percepção fica mais
evidente na região do semi-árido, principalmente nos meses sem chuva. Além de uma
incidência solar mais prolongada e intensa, os ventos ajudam a aumentar esse processo
de evaporação da água. Além disso, os pequenos açudes são construídos em terrenos com
baixa capacidade de infiltração. Isso significa que a água passou do estado líquido para um
estado de vapor.

Aplicação 1
Para tornar mais real a constatação de que a água passa do estado líquido
para o de vapor, vejamos a seguinte experiência: usando um recipiente com
escala volumétrica, com divisões de 100 ml, colocamos, por exemplo, 2 litros
de água em uma cuba, conforme a da Figura 1, e deixamos exposta ao sol
por dois dias. Em seguida, retornamos a água para o recipiente com a escala
volumétrica e verificamos a quantidade de água restante.

Repetimos a experiência colocando os 2 litros d’água numa garrafa de


refrigerante descartável sem a tampa. Deixamos passar o mesmo tempo e
verificamos a quantidade de água evaporada. Fizemos isso tentando estabelecer
uma relação entre a superfície de contato da água com o sol e a quantidade de
água evaporada nas duas experiências.

2 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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Atividade 1
A partir da relação mostrado na aplicação 1, defina como deve ser o formato
dos reservatórios para armazenamento d’água no sertão nordestino.
Caso seja necessário, repita a experiência que fizemos.

Na transformação da água do estado líquido para o estado de vapor, através da


evaporação a água não necessariamente atingiu a temperatura de 100 oC (ponto de ebulição).
A água encontra-se assim no estado gasoso (vapor d’água). Você poderá pensar: para
que o vapor d’água escape da superfície líquida, as moléculas devem ter uma determinada
velocidade, caso contrário elas retornariam ao recipiente. Você pode compreender dessa
forma: se essas moléculas escapam do líquido na forma de calor, elas necessitam de
uma energia suficiente maior que a energia para manter as moléculas no estado líquido.
Posteriormente, na aula 5, Teoria cinética dos gases I, que tratará da teoria cinética dos
gases, você compreenderá que algumas moléculas terão temperaturas de 100 oC.

a b

Figura 1 – (a) Ilustração de uma cuba com água antes de ser colocada ao sol;
(b) cuba com água depois de receber a radiação solar por algum tempo.

Tendo então movimento, pensemos o que aconteceria caso fosse colocado um


obstáculo à frente dessas moléculas?

Elas iriam colidir com o obstáculo exercendo uma certa força sobre o mesmo.

Na disciplina Movimento e Mecânica Clássica, você deve ter discutido o problema da colisão
de uma partícula com um alvo, o qual pode ser outra partícula idêntica. O alvo pode ser uma
parede. Você percebe que quando se joga uma bola sobre uma parede ela inverte o sentido do
seu movimento. Nessa discussão, ficou entendido que a variação da quantidade de movimento
da partícula por unidade de tempo (tempo de contato entre a partícula e o alvo) é igual à força
que a partícula exerce sobre o alvo. Em analogia a essa discussão, pensemos como se cada

Aula 04 Calor e Termodinâmica 3


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molécula fosse uma partícula e que um grupo de moléculas colide instantaneamente com uma
determinada área do obstáculo. Nesse caso, diremos que a força exercida por todas as moléculas
sobre o obstáculo por unidade de área é denominada de pressão.
F
Definiremos literalmente a pressão p como sendo p = , onde F é a força e A é área
A
de colisão das moléculas com o obstáculo.

Se essas moléculas do gás fossem então colocadas em um recipiente fechado, elas iriam
colidir com todas as paredes do recipiente, levando ao entendimento de que as moléculas
estão ocupando todo o volume interno do recipiente.

Para confirmar o movimento das moléculas, faça a seguinte atividade na cozinha


de sua casa.

Aplicação 2
Pega-se uma panela de alumínio com tampa (material leve) de modo
que a tampa encaixe na panela, mas não fique muito justa. Colocamos água
até a metade e levamos ao fogo. Outra forma de fazer esse experimento seria
utilizando fogo ecologicamente correto, obtido diretamente da radiação solar
concentrada em espelhos parabólicos côncavos denominados fogão solar,
conforme Figura 2, já comentada na aula 7 (Teoria cinética dos gases) da
disciplina Física e Meio Ambiente.

A panela que aparece na figura é colocada no ponto focal do espelho e


atinge uma temperatura no foco entre 300 e 350 oC, dependendo do material
refletor utilizado.

Figura 2 – Fogão solar

Quando a água começar a entrar em ebulição (temperatura de 100 oC),


passado algum tempo, percebe-se a tampa da panela vibrando como se
estivesse sendo empurrada de dentro para fora, ou seja, as moléculas do vapor
d’água estão colidindo com a tampa exercendo pressão sobre a mesma.

4 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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Como vocês também devem ter estudado na disciplina Movimento e


Mecânica Clássica, a camada de ar da atmosfera terrestre exerce uma pressão
sobre um determinado objeto sendo dada pela razão entre o peso do ar e a
área de contato do corpo com o ar. No nível do mar, essa pressão é de 1 atm.
Como nossa experiência foi feita ao nível do mar, a tampa da panela sofre uma
pressão externa de 1 atm. Então, quando você perceber a tampa sendo erguida
um pouco, a pressão interna feita pelo gás sobre a tampa é maior que a pressão
externa exercida sobre a tampa. Como conseqüência, escapa um pouco de
vapor d’água e a pressão interna fica menor, voltando a tampa para o seu lugar.
Instantes depois, mais água entra em ebulição, daí mais vapor presente na parte
interna da panela e o processo se repete, podendo-se observar o movimento de
sobe e desce da tampa.

Vamos pensar mais um pouco sobre pressão:


como funciona uma panela de pressão?

Já vimos que na pressão de 1 atm a água ferve a 100 ºC, estando em recipiente aberto.
É fato concreto que se a pressão for menor do que 1 atm a água também irá ferver a uma
temperatura menor.

Importante dizer que a temperatura não se altera enquanto a água entra em ebulição. Isso
significa que tanto faz a chama do fogo está alta ou baixa, a água permanecerá na temperatura,
estando você desperdiçando gás. O que estiver dentro da água levará o mesmo tempo para
cozinhar. O excesso de calor produzirá apenas a evaporação mais rápida da água.

Atividade 2
Caso você tenha a sua disposição um termômetro no laboratório do seu pólo,
faça a experiência para saber a que temperatura a água ferve na sua cidade.
Compare com o resultado encontrado por alunos de outras cidades. Você
consegue observar uma relação entre temperatura e altitude?

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Aplicação 3
Se comparamos a região do pólo de Nova Cruz-RN com o de Garanhuns-
PE, iremos perceber que existe uma diferença acentuada de altitude em relação
ao nível do mar.

Podemos, portanto, elevar a temperatura da água no estado líquido a um


valor maior que 100º C. Essa água propiciaria um café daqueles de queimar a
língua. Para isso, bastaríamos aumentar a pressão sobre a água. Isso pode ser
conseguido com o auxílio de uma panela de pressão. Sendo ela um recipiente
fechado, o volume permanece constante, aumentando a pressão à medida
que a temperatura aumenta. Veja que você pode aqui estabelecer uma relação
direta entre o aumento de pressão com o aumento de temperatura. Nessas
circunstâncias, a água irá a 120º C ao invés dos 100º C. Com isso, o cozimento
de carne, batata e feijão, ou qualquer outro alimento, é bem mais rápido que
numa panela convencional. Como o vapor exerce uma pressão considerável,
as panelas possuem válvulas de segurança que funcionam quando a pressão
atingir um valor considerado perigoso.

A Figura 3 mostra a esquematização de uma panela de pressão: ela tem


uma tampa vedada com uma argola de borracha; no centro da tampa, há uma
válvula, que é mantida fechada por um pino relativamente pesado, mas que
pode movimentar-se para cima, permitindo a abertura da válvula; há também
uma válvula de segurança, que só abre em situações extremas, quando a válvula
central estiver entupida e houver perigo de explosão.

O alimento é colocado na panela, com certa quantidade de água, ela é


fechada e levada ao fogo. O calor da chama aquece toda a panela, elevando
a temperatura da água até que ela ferva. Como é totalmente fechada, o vapor
d’água que vai se formando não pode dispersar e a pressão interna da panela
aumenta: torna-se maior que a pressão atmosférica.

O aumento da pressão faz com que a água no interior da panela entre


em ebulição, a uma temperatura acima de 100º C. A pressão do vapor d’água,
porém, aumenta até certo limite. Superado esse limite, torna-se suficientemente
elevada para que o vapor levante o pino da válvula central e comece a sair da
panela. A partir desse momento, a pressão do vapor se estabiliza porque é
controlada pelo escapamento do vapor através da válvula. Em conseqüência, a
temperatura no interior da panela também não aumenta mais.

6 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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Válvula de Válvula do pino


segurança

Vapor

Água

Alimentos

Figura 3 – Representação esquemática de uma panela de pressão

A panela de pressão foi inventada pelo físico francês Denis Papin, que
publicou em 1861 uma descrição do equipamento, denominando-o
digestor. Numa reunião de cientistas da Royal Society, Papin demonstrou
que o seu invento era capaz de reduzir ossos a gelatina comestível.
Atualmente, esse recipiente é empregado não só nas tarefas domésticas,
mas também nos hospitais (para esterilizar material cirúrgico), na indústria
de papel (como digestor para cozer polpa de madeira) e nas fábricas de
conservas alimentícias.
No cozimento da polpa de madeira, por exemplo, a pressão obtida Madeira
por um digestor possibilita reduzir as lascas até que as fibras
Celulose para
se soltem o suficiente para fabricar o papel. Nos hospitais, as fabricação de papel.
altas temperaturas permitem uma esterilização mais segura. Nas
fábricas de conservas, o cozimento sob pressão garante melhor
preservação dos alimentos, eliminando maior número de bactérias.
(YAHOO..., 2008, extraído da Internet).

Atividade 3
a) Depois que o alimento é cozido numa panela de pressão, é importante
resfriar o recipiente com água fria antes de remover a tampa da panela.
Explique por que isso ocorre.

b) Comente a seguinte afirmação: A cidade de La Paz, na Bolívia, está a 3600


metros de altitude em relação ao nível do mar. Chegando lá, além de sentir
o efeito da altitude, não conseguia fazer aquele café bem quente como
aqui, na minha cidade, que fica ao nível do mar. Como explicar esse fato?

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Gás ideal

J
á falamos que do ponto de vista macroscópico um gás ideal é um conjunto de átomos
ou moléculas que se movem aleatoriamente, não exercendo forças de longo alcance
uma sobre as outras. Além disso, o volume ocupado pelas moléculas é insignificante
em relação ao volume de seu recipiente.

Podemos também associar um gás ideal com aquele que se encontre a baixa pressão e
a uma temperatura afastada do seu ponto de condensação.

O gás é constituído de um número muito grande de moléculas. Lembremos que num


volume de 22,4 litros, nas condições normais (temperatura ambiente e pressão atmosférica),
existem 6,02 x 1023 moléculas.

Para tratar de um número de moléculas tão grande, é conveniente expressar em uma


medida fracional de massa, a qual denominamos de moles do gás. Dizemos então que o
número de moles de um gás ou de uma substância é definido pela razão entra a massa da
substância e a massa molecular. 1 mol de qualquer substância é a massa dessa substância
que contém o Número de Avogrado, NA = 6,022 x 1023 de moléculas.

Definimos o número de moles n em uma massa de gás como sendo:

mT
n= Eq. 01
M

onde mT é massa total do gás e M a sua massa atômica ou molecular expressa em grama.

A massa molecular é precisamente a massa de NA expressa em gramas do referido gás.

Atividade 4
A massa molecular da molécula de oxigênio (O2) é 32 g/mol. Calcule a massa
de uma molécula.

8 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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Característica de um gás ideal


As variáveis que caracterizam o estado de um determinado gás são:

a) volume (V) – como já vimos os gases não tem volume e nem forma próprios. Por
definição, o volume de um gás é o volume do recipiente que o contém;

b) pressão (p) – a pressão de um gás deve-se aos choques das moléculas contra as
paredes do recipiente;

c) temperatura (T) – é o estado de agitação das partículas do gás. No estudo dos gases,
usa-se a temperatura absoluta em Kelvin (K).

Equação de estado para um gás ideal


Consideremos, em função das hipóteses apresentadas, que um gás ideal é todo aquele
que obedece a uma relação fundamental entre a pressão p, o volume V e a temperatura T do
gás. Essa relação fundamental nos fornece sempre um valor constante e a denominamos de
equação de estado para um gás ideal.

Expressamos literalmente essa equação na seguinte forma:

pV
=C Eq. 02
T

Essa equação foi estabelecida a partir dos enunciados das leis de Boyle-Mariotte,
1627-1691 e 1620-1694, e de Jacques Alexandre César Charles e Gay Lussac, 1746-1823 e
1778 1858.

A Lei de Boyle-Mariotte é enunciada da seguinte forma: o volume de uma quantidade


fixa de um gás, mantendo a temperatura constante, é inversamente proporcional à
pressão do gás.

1
Ou seja, p∝
V

A Lei de Charles e Gay Lussac é enunciada da seguinte forma:

a) a volume constante, a pressão de uma massa fixa de gás é diretamente proporcional


à temperatura absoluta do gás;

b) a pressão constante, o volume de uma massa fixa de gás é diretamente proporcional


à temperatura absoluta do gás.

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Essas duas leis foram verificadas experimentalmente, resultando na unificação e
formalização da equação de estado para um gás ideal, mostrando uma relação única entre a
pressão, o volume e a temperatura do referido gás. A relação fornecida é a seguinte:

pV
= constante Eq. 03
T
No sistema internacional de medidas, a pressão é dada em Newton por metro quadrado,
o volume em metros cúbicos e a temperatura em Kelvin. A constante foi determinada como
sendo dada pelo produto

constante = nR Eq. 04
,

onde n é o número de moles do gás e a constante R é denominada de constante


universal dos gases. O valor de R em unidades SI é 8,31 Joules/mol K.

Igualando-se então as equações 3 e 4, obtemos a expressão que representa a equação


de estado do gás ideal:

pV
= nR Eq. 05
T

Podemos obter o valor de R a partir da Lei de Avogrado, que diz o seguinte:

um mol de qualquer gás nas condições normais de temperatura e pressão


(CNTP) ocupa sempre o mesmo volume.

Ou seja, para n = 1, a uma pressão p = 1 atm e temperatura T = 273,15 K,


o volume ocupado por qualquer gás é V = 22,415 litros.

Exemplo 1
Usando então a equação para n = 1, temos:

pV
=R
T

Usando

p = 1, 013 × 105 n/m2 , T = 273, 15 K, V = 0, 0224 m3


,

obtemos R = 8,31 Joules/mol K.

10 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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Atividade 5
Se 1 mol do gás ocupar um volume de 2,4 m3, qual é a
1 pressão exercida por esse gás estando à temperatura de
273,15 K. Expresse o valor em atm para comparar com a
pressão anterior.

Um cilindro de Gás Natural Veicular (GNV) tem capacidade


2 de 17 m3 à pressão máxima permitida de 220 atm numa
hora em que a temperatura é de 33 oC. Quantos moles de
gás há no cilindro?

Um reservatório de um frigorífico, cujo volume é 0,15 m3,


3 contém 480g de O2 à pressão de 2,0 x 105 N/m2.

a) Quantos moles de O2 existem no reservatório sabendo que o peso molecular


do O2 é 32 g/mol.

b) Se na equação de estado do gás ideal a pressão p está expressa em N/m2 e o


volume V em m3, como a constante universal do gases R deve está expressa?

c) A que temperatura Kelvin se encontra o O2?

Uma pessoa deseja colocar 0,5 mol de um gás ideal em


4 um botijão de 15 L, de modo que quando o gás entrar em
equilíbrio térmico com a temperatura local, de 27 o C, ele esteja
a uma pressão de 1,5 atm. É possível alcançar as condições
desejadas pela pessoa? Explique.

Podemos obter a equação 5 em termos do número de moléculas do gás. Essa


relação é obtida da determinação da constante de Boltzmann, que é obtida pela razão
entre R e NA, ou seja,

kB = R/NA Eq. 06
,

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onde NA é denominado o número de Avogrado, que representa a quantidade de moléculas
em um mol de um gás nas condições de temperatura e pressão citadas anteriormente num
volume de 22,4 litros. Então,

NA= 6,02 x 1023 mol-1

−38
A constante vale kB = 1, 38 × 10 J/K.

Substituindo R = kB NA na equação 5, temos pV = nNA kB . Como o produto


T
nNA = N, onde N representa o número de moléculas do gás, então

pV
= N kB Eq. 07
T

Procedimento experimental para verificação da


lei de Boyle-Mariotte
Material:

1- tubo de vidro em U (manômetro);

2- tubo em L;

3- garrafa de vidro (ou plástico) dotada de torneira;

4- pedaço de borracha;

5- rolha de borracha;

6- corante.

O procedimento básico consiste em analisar através de uma tabela o


produto pV. Para isso, podemos escolher o procedimento à temperatura
constante (processo isotérmico). Se o frasco é cilíndrico, torna-se
fácil medir V (volume do ar) através da medição de H. A pressão p
(pressão efetiva do ar interno) é lida no manômetro, pelo desnível h, em
“centímetro de água”. A pressão do ar é dada por par + ρgh = patm .

Para pressões pequenas, pode-se constatar experimentalmente que


pV = constante.

12 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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No processo isotérmico, a construção do gráfico de p em função de V,


denominado de diagrama pV, é representado por uma curva como da Figura 4.

ISOTERMA

Figura 4 – Diagrama da pressão versus o volume para um processo isotérmico

Procedimento experimental para


verificação da lei de Charles

O
aparato para a verificação da lei de Charles pode ser feito com o termômetro de gás
a volume constante, como esquematizado na Figura 6, o qual foi apresentado na
aula 2 (Temperatura a lei zero da termodinâmica) desta disciplina.

Quando o bulbo de gás (amarelo) é colocado em contato com o líquido (azul) em


função da diferença de temperatura, o gás sofre expansão e tende a empurrar o mercúrio
(vermelho), o que faz com que a coluna esquerda do tubo em U aumente. Então, a parte com
o tubo flexível deve ser erguida para que nesse caso o nível do mercúrio volte ao nível zero
da escala. Com isso, a altura h aumentará à medida que a temperatura T também aumentar.
Fazendo-se uma leitura de h e T, verifica-se uma relação de linearidade entre a pressão e
a temperatura, uma vez que a pressão p varia também linearmente com a altura de acordo
com a expressão:

p = patm + ρgh , Eq. 08

onde p atm é a pressão atmosférica e ρ é a densidade volumétrica do mercúrio.

Aula 04 Calor e Termodinâmica 13


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Capilar Escala

Sistema Reservatório

Bulbo Tubo
com gás flexível

Figura 5 – Termômetro de gás a volume constante

Podemos representar a equação de estado do gás ideal em termos da densidade


volumétrica do gás, partindo da equação de estado do gás:

pV = nRT Eq. 09

Expressamos o número de moles pela razão entre a massa do gás Mg e o peso molecular
M, ou seja,

Mg
n= Eq. 10
M

Substituindo a equação 10 na equação 9, obtemos:

Mg
p= RT Eq. 11
VM

A razão Mg /V que aparece na equação 10 é a definição da densidade volumétrica do


gás simbolizada pela letra grega (ρ), então,

ρ
p= RT Eq. 12
M

A partir da equação de estado de um gás ideal, podemos avaliar pressão, volume


e temperatura de um gás, quando o mesmo sofre um processo termodinâmico.
Podemos representar essa transformação através de digramas (gráficos) dos pares
(pressão, volume - p,V) (pressão, temperatura - p,T) e (temperatura, volume -T,V).

Exemplo 2
Calcule a pressão que se encontra submetida a uma amostra contendo 5 moles de um
gás ideal a 20oC, ocupando um volume de 15L.

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Solução
Para expressar a pressão em N/m2, a constante universal R deve está expressa em
Joule/mol./kelvin, a temperatura em Kelvin e o volume V em m3.

5 × 8, 31 J/mol.K × 293 K
Portanto, p= = 8, 12 × 105 N/m2
15 × 10−3 m−3

Como 1 atm = 1,013 x 105 N/m2, essa pressão anterior corresponde a p = 7,88 atm.

A lei de Dalton

A
lei de Dalton está relacionada com os gases. Apesar de não utilizar essa propriedade do
momento, é importante que você saiba o seguinte: muitos sistemas gasosos são misturas
de vários gases. Por exemplo, o ar que respiramos é uma mistura gasosa homogênea.
Por isso, temos:

“Em uma mistura gasosa, a pressão de cada componente é independente


da pressão dos demais, a pressão total ( p ) é igual à soma das pressões
parciais dos componentes”.

Com base nisso, temos que a lei de Dalton baseia-se na seguinte regra:

p = p1 + p2 + . . . + pN Eq.13

onde N é o número de componentes gasosos da mistura.

Se misturarmos volumes iguais de dois gases, como o Argônio (Ar) e o Hélio


(He), que estiverem mantidos na mesma temperatura, chegaremos à Lei de Dalton,
segundo a qual a soma das pressões que os componentes exercem é a pressão total do
sistema correspondente:

p = pHe + pAr Eq. 14


.

Essa relação também é conhecida como lei de Dalton das pressões parciais.

Aula 04 Calor e Termodinâmica 15


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Exemplo 3
a) O diagrama da Figura 5 é o gráfico da pressão de um gás ideal em função do volume
quando o mesmo é submetido a uma transformação à temperatura constante
(transformação isotérmica). Como representar então um gráfico para um diagrama
p,T e T,V, respectivamente?

Solução
De acordo com a equação do gás ideal para a temperatura constante, a
representação gráfica num diagrama p,T é mostrada na Figura 7(a) e no diagrama T,V
é mostrada na Figura 7 (b).

p T

a b

T V

Figura 7 – (a) Representação gráfica num diagrama p,T;


(b) representação gráfica num diagrama T,V para um gás ideal numa transformação isotérmica.

b) Outro exemplo é percebermos quando o gás ideal é submetido a uma transformação


a volume constante. Da equação de estado, verificamos que se há uma mudança de p
o diagrama p,V obedece a configuração da figura seguinte:

Como serão os diagramas p,T e T,V na mesma situação?

16 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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Solução
nRT
De acordo com a equação de estado do gás ideal, p = e sendo V constante,
V
então, p varia linearmente com T. O diagrama p,T é representado na figura (a) seguinte. Para
o diagrama T,V, como V é constante, o digrama T,V é uma reta vertical como representado
na figura (b) seguinte:

p T

a b

T V

Atividade 6
O diagrama p,V, quando o gás é submetido a uma transformação à
pressão constante, é mostrado na figura seguinte:

Como serão os diagramas p,T e T,V na mesma situação?

Resumo
Nesta aula, você compreendeu como relacionar a pressão de um gás pela
força por unidade de área exercida pelas moléculas do gás contra as paredes
do recipiente que ele está contido. Você aprendeu também a relacionar as
grandezas macroscópicas, pressão, volume e temperatura, estabelecendo
a equação do gás ideal. Compreendeu como analisar graficamente diversos
processos envolvendo mudanças de estado de equilíbrio do gás ideal, através
do digrama pressão versus volume.

Aula 04 Calor e Termodinâmica 17


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Autoavaliação
O comportamento de um gás real aproxima-se do comportamento de gás
1 ideal quando submetido a:

a) baixas temperaturas e baixas pressões.

b) altas temperaturas e altas pressões.

c) baixas temperaturas independentemente da pressão.

d) altas temperaturas e baixas pressões.

e) baixas temperaturas e altas pressões.

Se a pressão de um gás confinado é duplicada à temperatura constante, a grandeza


2 do gás que duplicará será:

a) a massa

b) a massa específica

c) o volume

d) o peso

e) a energia cinética

Se a pressão de um gás confinado é duplicada à temperatura constante, a grandeza


3 do gás que diminuirá pela metade será:

a) a massa

b) a massa específica

c) o volume

d) o peso

e) a energia cinética

18 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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As grandezas que definem completamente o estado de um gás são:
4
a) somente pressão e volume

b) apenas o volume e a temperatura

c) massa e volume

d) temperatura, pressão e volume

e) massa, pressão, volume e temperatura

4,0 moles de oxigênio estão num balão de gás. Há um vazamento e escapam


5 8,0 x 1012 moléculas de oxigênio. Considerando que o número de Avogadro é
6,02 x 1023, a ordem de grandeza do número de moléculas que restam no balão é:

a) 1010

b) 1011

c) 1012

d) 1024

e) 1025

Um recipiente cujo volume é 8,2 L contém 20g de uma certa substância gasosa à
6 temperatura de 47 oC e à pressão de 2,0 atm. Após encontrar o peso molecular da
substância, identifique qual dessas poderia está contida no recipiente?

a) H2 b) CO2 c) O2 d) NH3 e) N2

Certa massa de um gás ideal sofre uma transformação na qual a sua temperatura
7 em graus celsius é duplicada, a sua pressão é triplicada e seu volume é reduzido à
metade. A temperatura do gás no seu estado inicial era de:

a) 127K

b) 227K

c) 273K

d) 546K

e) 818K

Aula 04 Calor e Termodinâmica 19


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Um gás ideal é mantido em um cilindro fechado por um pistão. Em um estado A,
8 as suas variáveis são: pA= 2,0 atm; VA= 0,90 litros; qA= 27°C. Em outro estado
B, a temperatura é qB= 127°C e a pressão é pB = 1,5 atm. Nessas condições, o
volume VB, em litros, deve ser:

a) 0,90

b) 1,2

c) 1,6

d) 2,0

e) 2,4

Num determinado recipiente, temos 5,0 moles de moléculas de um gás ideal a


9 27 °C e sob pressão de 5,0 atm. Determine o volume ocupado por esse gás.
É dada a constante universal dos gases perfeitos R = 0,082 atm.L/mol.K ou
ainda R = 8,31 Joules/mol.K.

Têm-se 24,6 litros de oxigênio (molécula-grama de 16g) a uma temperatura de


10 -123 °C, sob pressão de 4,0 atm. Determine para esse gás:

a) o número de moles;

b) a massa;

c) o volume molar do oxigênio nessas condições.

Um gás perfeito sofre um processo no qual sua pressão triplica e sua temperatura
11 passa de 0 °C para 136,5 °C. Nessas condições, seu volume é:

a) reduzido à metade

b) duplicado

c) reduzido para um terço do inicial

d) triplicado

e) mantido constante

20 Aula 04 Calor e Termodinâmica


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Referências
HEWITT, Paulo G. Física conceitual. Tradução de Maria Helena Ricci e Trieste Ricci. 9. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.

MÁXIMO, Antonio; ALVARENGA, Beatriz. Curso de física. São Paulo: Scipinone, 2005.
(Aluno, v. 2).

NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de física básica: fluidos, oscilações, ondas e calor. 4. ed.
São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2002. v 2.

SERWAY, R. A.; JEWETT JR, J. W. Princípios de física. São Paulo: Editora Thomson,
2004. v 2.

YAHOO respostas. Disponível em: <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060


728205136AAGbCWG>. Acesso em: 24 nov. 2008.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas: Sears & Zemansky. 10.
ed. São Paulo: Addison - Wesley, 2003.

Anotações

Aula 04 Calor e Termodinâmica 21


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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Calor e Termodinâmica – FÍSICA

EMENTA

AUTORES

> Rui Tertuliano de Medeiros

> Ciclamio Leite Barreto

AULAS

01 Energia interna

02 Temperatura e lei zero da termodinâmica

03 Expansão térmica

04 Descrição macroscópica de gás ideal

05 Teoria cinética dos gases I

06 Teoria cinética dos gases II

07 Calor, troca e propagação

08 Primeira lei da termodinâmica

09 Máquinas térmicas e processos termodinâmicos


Impresso por: Gráfica Texform

10 Máquinas térmicas, entropia e a segunda lei da termodinâmica

11 Termodinâmica estatística

12 O Sol e a atmosfera da Terra

13
1º Semestre de 2009

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15

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