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UNIBRASIL - CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

JÉSSICA LAURA SUCHOMEL RIBEIRO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA ÁREA DE


PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

CURITIBA

2022
INTRODUÇÃO

O relatório a seguir é referente ao estudo de caso proposto para a conclusão da matéria


“Prática de Ensino em Psicopedagogia Hospitalar”. Para essa finalidade, foi confeccionado um
jogo psicopedagógico. O material montado será entregue para a professora responsável pela
rática, que em seguida, fornecerá ao Complexo Hospitalar Pequeno Cotolengo.
É importante salientarmos que independente do local de atuação do Psicopedagogo, o
profissional auxiliará no processo de aprendizagem, mas, além disso, terá acesso a questões
emocionais (como a ansiedade, a baixa autoestima e a depressão) que podem vir a dificultar a
aprendizagem.
Há de se saber que a emoção (e aqui podemos citar a afetividade, a inteligência
emocional, a cognição social, a motivação, o temperamento e a personalidade do indivíduo),
pode interferir no comportamento, afetando e influenciando o processo de aprendizagem.
Segundo Antonacopoulou e Gabriel (2001), o aprendizado é um processo profundamente
emocional – conduzido e guiado por diferentes emoções, incluindo medo e esperança,
excitamento e desespero, curiosidade e ansiedade. Logo, há uma relação entre emoção e
aprendizagem.
Sabendo dessa relação, precisamos analisar como que a aprendizagem acontece em um
ambiente hospitalar, já que o ambiente em si é visto como um lugar causador de receio, agonia ,
dor e amargura.
Chiapeta (1988), afirma que quando uma criança é internada, todo o cotidiano da
criança muda. A doença, além de causar dores, causa o afastamento do ambiente rotineiro, onde
ocorria o desenvolvimento social, afetivo, cognitivo e motor, e passa a ser rodeada de
enfermeiros, médicos, medicações e confinamento em um quarto de hospital.
O fato da criança não conseguir frequentar o ambiente escolar quando está internado,
faz com que pensemos numa possibilidade do mesmo, continuar aprendendo, mesmo estando
longe da sala de aula. Tal aprendizado pode ser formal ou informal. Independente do tipo de
aprendizagem o psicopedagogo irá trabalhar com o objetivo de tornar o momento da internação
menos desagradável. Fornecendo ensinamentos, acolhendo e distraindo a criança em alguns
momentos.
1. REALIDADE INSTITUCIONAL

I. Identificação

Nome da Instituição: Complexo Hospitalar Pequeno Cotolengo


Endereço: Rua: José Gonçalves Júnior, nº 140 – Bairro: Campo Comprido.
Telefone: (41) 3314-1900
E-mail: contato@pequenocotolengo.org.br
Diretor: Renaldo Amauri Lopes

II. Caracterização da Instituição


Entidade mantenedora: Organização não Governamental

Breve histórico:

Fundado por São Luís Orione, na Itália, o Pequeno Cotolengo chegou à Capital
Paranaense em 25 de março de 1965. Com o objetivo de criar um lugar onde os menores,
necessitados e abandonados pudessem se sentir respeitados, protegidos e amados.
Hoje o Pequeno Cotolengo acolhe pessoas com deficiências múltiplas (físicas e
intelectuais) de todas as idades e de qualquer região do estado do Paraná, que foram
abandonadas por suas famílias, sofreram maus tratos ou viviam em situação de risco. São
assistidas cerca de 230 pessoas que recebem acolhimento, educação e saúde. Tudo feito com
muito carinho para oferecer qualidade de vida a cada um deles.
Todo atendimento realizado na instituição é gratuito para os moradores, e a instituição
se matem com o apoio de algumas empresas (como Copel, Havan, Ademicon e Compagas) e de
toda a sociedade.

Missão: Cuidar das pessoas e transformar vidas.

Visão: Solidificar-se como Complexo de Saúde, sendo referência no atendimento


humanizado e gratuito promovendo acolhimento, saúde e educação.

Valores: Fé, Amor, Caridade, Promoção Humana, Compromisso e Transparência.


Formas de atendimento:

Acolhimento
O Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo possui uma Unidade Hospitalar, quatro
Grandes Lares e oito Casas Lares, que abrigam os Assistidos de acordo com as necessidades e
capacidade de autonomia de cada um. Em todos os lares, é proporcionado um clima familiar
para que eles se sintam acolhidos de forma completa.

Saúde
O Centro de Reabilitação oferece 18 especialidades na área da saúde, como:

- Clínica Geral; - Enfermagem;

- Neurologia; - Fonoaudiologia;

- Infectologia; - Serviço Social;

- Pneumologia; - Nutrição;

- Psiquiatria - Farmácia;

- Oftalmologia; - Terapia Ocupacional;

- Odontologia; - Musicoterapia;

- Psicologia; - Equoterapia;

- Fisioterapia; - Pedagogia Clínica.

Educação

A Escola Pequeno Cotolengo é uma escola especial na modalidade da educação básica,


e atende exclusivamente as pessoas que são assistidas. O calendário escolar abrange atividades
culturais, de artesanato, de estímulos sensoriais, passeios e atividades de integração com a
comunidade.
Atualmente, a instituição proporciona o Projeto Coro Cênico ( teatro e música), onde os
assistidos atuam nas peças teatrais.

Período de funcionamento: Segunda a Domingo – 07h00min as 19h00min

Clientela: Pessoas com deficiências múltiplas (físicas e intelectuais) de todas as idades que
foram abandonadas por suas famílias, sofreram maus tratos ou viviam em situação de
vulnerabilidade social, além de fazer a reabilitação para os egressos do Sistema Único de Saúde
(SUS).
PARECER PSICOPEDAGÓGICO

I – DADOS PESSOAIS:
Nome: Bento
Idade: 8 anos
Série: 3º ano do Ensino Fundamental.

II – MOTIVO DA AVALIAÇÃO
B. é um menino de 8 anos que atualmente está matriculado no 3º ano do Ensino
Fundamental I e, de acordo com a sua mãe, tem um desenvolvimento cognitivo considerado
normal para a sua idade. Entretanto, o menino foi diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda
(LLA), um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos ocasionando alguns sintomas como o
aumento de gânglios linfáticos, hematomas, febre, dor óssea, sangramento da gengiva e
infecções frequentes.
Com tal diagnóstico, B. se encontra internado recebendo o devido tratamento. Sendo
assim, o menino se encontra afastado do ambiente escolar, e foi pedido para que o
psicopedagogo avaliasse B. para poder auxiliá-lo na adaptação do ambiente hospitalar e
conseguir aprender de uma forma lúdica.

III- INSTRUMENTOS UTILIZADOS


O referencial teórico-científico que norteou todo o processo de avaliação se baseou em
estudo aprofundado e integrado dos resultados, coletados a partir dos seguintes instrumentos e
técnicas da avaliação psicopedagógica:
 Anamnese com o responsável.
 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA).
 Provas Projetivas Psicopedagógicas: “Faz de conta”.
 Sondagem Pedagógica de Leitura e Escrita.
 Sondagem Pedagógica de Matemática.
 Provas Piagetianas.

IV- ANALISE DOS RESULTADOS


A avaliação teve como objetivo compreender as potencialidades de B. e como ocorre a
construção do conhecimento nas dimensões cognitiva, funcional, afetiva e social.
Após realizada a avaliação, podemos afirmar que B. se encontra no estágio Operatório
Concreto, onde a característica desse estágio é a compreensão do mundo através do pensamento
lógico e categorias.

VII- RECOMENDAÇÕES E INDICAÇÕES

Com o intuito de trabalhar o emocional e proporcionar um ambiente satisfatório para a


aprendizagem, sugere-se que B. tenha acompanhamento psicológico e psicopedagógico.
Com o objetivo de propiciar um momento acolhedor e tranquilo para B., em um
ambiente considerado hostil para qualquer criança, foi confeccionado o jogo das emoções.
Podemos utilizar tal jogo como uma ferramenta para a criação de vínculo entre o profissional –
paciente/aluno.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Nome do Jogo: Tabuleiro das emoções

Idade dos participantes: 6 a 12 anos


Número de participantes: de 2 a 4 participantes
Material: Tabuleiro impresso plastificado; 4 tampinhas encapadas com bexigas de diferentes
cores para representar os peões; e 1 dado.

Justificativa: O jogo foi escolhido com o intuito de criar vínculo entre a pessoa hospitalizada e
o profissional que estiver atendendo.
Objetivo:
- Fazer com que a criança perceba e verbalize a maneira como se sente;
- Desenvolver habilidades cognitivas, motoras e afetivas;
- Trabalhar a atenção, a memoria, o processamento visual e a criatividade.
Regras:
COMO JOGAR:
1- Colocar as tampinhas no “Início”
2- Lance o dado. Irá começar o jogo quem tirar o maior número.
3- Cada jogador deverá jogar o dado na sua vez e andar o número de casas correspondentes.
4- Ao cair na casa, deverá ser falado o que se pede.
Ganha o jogo quem chegar primeiro na linha de chegada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste trabalho, vimos que há uma relação intrínseca entre a aprendizagem e
a emoção. Para que ocorra uma aprendizagem de qualidade e efetiva, há a necessidade de se
estar num ambiente estável e se sentir bem.
Seguindo está lógica, o profissional de Psicopedagogia hospitalar vai ter como foco a
aprendizagem e a emoção do aprendente. Para isso, é de extrema importância que o profissional
que acompanhe o paciente-aluno seja empático e acolha o sofrimento de quem está sendo
atendido.
Uma das ferramentas que temos para se trabalhar com o objetivo de se ter uma
aprendizagem mais dinâmica e presente no nosso cotidiano é a utilização do lúdico. Pois, de
acordo com Oliveira (1989), quando a criança brinca, ela aprende a se expressar no mundo. E,
além disso, aprende a criar ou recriar novas situações, simulando novas experiências e
aquisições.

REFERÊNCIAS
ANTANACOPOULOU, Elena. Desenvolvendo gerentes aprendizes dentro de
organizações de aprendizagem. In: EASTERBY-SMITH, Mark; BURGOYONE,
John; ARAUJO, Luis. Aprendizagem organizacional e organização de aprendizagem.
São Paulo: Atlas, 2001.

______.; GABRIEL, Y. Emotion, learning and organizational change. Journal of


Organizational Change Management, v.14, n.5, p.435-451, 2001.

CHIAPETA, SMS V. Contribuição da educação física para a formação do


autoconceito da criança. Rio de Janeiro,1988.

KOLB, David. Experiential Learning. Englewood Clitfs, New Jersey: Prentice Hall,
1984.

MATOS, E. Pedagogia hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 3.


ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

OLIVEIRA, Paulo de Salles. O que é brinquedo. São Paulo: Brasiliense, 1989.

SILVA, G. C. Aspectos pedagógicos da brinquedoteca hospitalar: jogos educativos


na brincadeira. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, 13.,
2015, Curitiba. Curitiba: PUC-PR, 2015.

VIEGAS, D. Brinquedoteca hospitalar: isto é humanização. 2. ed. Rio de Janeiro:


Wak, 2000.

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